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Substitutivo Integral ao Projeto de lei nº 154/2013 - ya48wbv0

Estado de Mato Grosso


Assembleia Legislativa

Despacho

Autor: Dep. Hermínio J. Barreto

DISPÕE SOBRE O MÉTODO DE


COMPENSAÇÃO DE ÁREAS VERDES EM
NOVOS LOTEAMENTOS URBANOS A SEREM
IMPLANTADOS NOS MUNICÍPIOS DE MATO
GROSSO.

A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO, tendo em vista o que dispõe o Art.
42 da Constituição Estadual, aprova e o Governador do Estado sanciona a seguinte lei:

Art. 1º Fica estabelecido que em loteamentos urbanos novos nos municípios de Mato Grosso que não
contiverem dentro dos limites da área a lotear; áreas com vegetação nativa ou implantada de porte
arbóreo já adultas, deverão compensar parte de suas áreas verdes em locais fora do perímetro deste
loteamento.

Parágrafo Único – Em loteamentos antigos, para efeito de licenciamento ambiental e regularização


fundiária, onde não há possibilidade da existência de área verde no seu interior, será aceita a
compensação de 100% de área verde externa a eles, desde que esteja dentro do Perímetro Urbano,
conforme critérios estabelecidos nesta lei.

Art. 2º Esta lei é válida para loteamentos urbanos (residenciais, industriais, comerciais e loteamentos
fechados, bem como em condomínios, quando houver esta necessidade) nos municípios de Mato Grosso.

Art. 3º O total de área a ser compensada fora do loteamento será de no máximo 7% do total da área a
lotear.

§ 1º - Uma parcela de no mínimo 3% da área total a lotear será destinada como Reserva Municipal - Área
Verde dentro da área a lotear e será escolhida pela Prefeitura Municipal, após parecer da Secretaria
Municipal de Meio Ambiente – SEMMA, como base no laudo de cobertura vegetal, a ser apresentado pelo
loteador à SEMMA, a qual levará em consideração a existência de vegetação significativa a ser
preservada, entre outros fatores técnicos.

§ 2º - Caberá ao loteador, dotar de infraestrutura urbana, toda área Verde, interna ao loteamento, de
modo a propiciar o uso público da mesma, tais como aterramento, nivelamento, plantio de grama e
árvores.

Art. 5º A área total de loteamento com área externa de compensação, será a soma das áreas do
loteamento e das áreas externas de compensação.

Art. 6º A área externa ao loteamento que servirá para compensação de área verde do loteamento será
escolhida seguindo-se os seguintes critérios.

I – Critérios obrigatórios:

a. Estar localizada em zona urbana


b. estejam localizadas em uma ZUC – Zona de Unidade de Conservação, conforme normatizado em Lei
Complementar Municipal e ilustradas no mapa de Macrozoneamento Urbano e Ambiental do Município;
c. estejam localizadas a no máximo 2.000 metros de qualquer bairro já implantado na zona urbana da
cidade;
d. a área deverá ser de pessoa física ou jurídica, não pertencendo anteriormente a nenhum loteamento já
existente, mesmo que não esteja implantado;
e. estar efetivamente coberta com vegetação nativa ou implantada de porte arbóreo em estágio adulto,
podendo ter no máximo 5% desta área sem a vegetação citada acima, ou com vegetação degradada, em
estágio de sucessão secundária ou com pastagens naturais ou implantadas.
f. A área não poderá ter nenhuma edificação.

II – Critérios Opcionais:

a. Seja limítrofe a outra área verde, de compensação de qualquer outro loteamento, qualquer área verde
pública ou privada ou parque municipal ou estadual;
b. Estar localizada junto à Área de Preservação Permanente de córregos e rios.

Art. 7º As Áreas de Preservação Permanente, denominadas de ZPA, definidas em Lei Complementar


Municipal, não poderão ser destinadas como Reserva Municipal – Área Verde, seja ela externa ou interna
aos limites do loteamento.

Art. 8º Os proprietários de terrenos que tiverem áreas caracterizadas em Lei Complementar Municipal
como ZPA e áreas de ZUC limítrofes, quando venderem seus imóveis ou parte deles para servir como
compensação de áreas verdes de loteamentos, doarão em comum acordo as áreas classificadas como
ZPA à municipalidade, mesmo que as mesmas estejam degradadas sem nenhum ônus à Prefeitura. Além
disso, a Prefeitura poderá exigir a doação de uma área linear, entre a ZPA e a ZUC, para implantação
futura rua ou avenida, conforme constar em Lei Complementar Municipal, sendo que esta área não
poderá ser computada como área verde.

Art. 9º – As possíveis áreas de compensação serão indicadas pelo proprietário em pré-projeto a ser
apresentado à Prefeitura Municipal envolvida por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente –
SEMMA, antes de sua aquisição.

§ 1º Poderá o proprietário indicar até três áreas diferentes para compensação. O processo deverá ser
instruído com mapas de localização (não será necessário o levantamento topográfico prévio das áreas) e
fotos das áreas, bem como um laudo de cobertura vegetal.

§ 2º A SEMMA analisará as áreas do ponto de vista de seu valor para a preservação, analisando os
critérios acima e encaminhará seu parecer favorável ou não relativo a cada área sugerida pelo loteador,
para a deliberação do CONSEMMA – Conselho Municipal de Meio Ambiente do Município envolvido.

§ 3º O CONSEMMA irá deliberar sobre a escolha das áreas para compensação, podendo concordar ou
discordar do laudo emitido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente – SEMMA, e escolherá a área
mais viável para compensação.

§ 4º A manifestação do CONSEMMA será enviada ao loteador para as providencias necessárias, ou seja,


a continuidade do processo de loteamento caso tenha sido aprovada ou para a escolha de novas áreas
caso todas tenham sido recusadas.

§ 5º Os laudos de cobertura vegetal deverão ser elaborados por profissional da área afim.

Art. 10 Caberá à Prefeitura Municipal, dotar de infraestrutura urbana, toda área Verde, externa ao
loteamento, de modo a propiciar o uso público da mesma. Não será de responsabilidade o loteador a
abertura de vias ou a implantação de qualquer outra infraestrutura na área de compensação.

Art. 11 Caberá ao loteador entregar a área verde de compensação já matriculada em nome da Prefeitura
Municipal, com a averbação de área verde referenciando-a ao seu loteamento.

Art. 12 Nos loteamentos ou conjuntos habitacionais de iniciativa pública municipal, poderá ser oferecida
área verde externa ao loteamento em áreas já destinadas a Parques Municipais, mesmo que os mesmos
não possuam efetivamente vegetação nativa. Poderá também a administração publica optar por manter
áreas destinadas a formação de futuras áreas verdes dentro das áreas de seus loteamentos.

Art. 13 Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Plenário das Deliberações “Deputado Renê Barbour” em 10 de Julho de 2013

Hermínio J. Barreto
Deputado Estadual
JUSTIFICATIVA

Os municípios de Mato Grosso passam por grande expansão urbana e nos últimos anos foram aprovados
dezenas de loteamentos e conjuntos habitacionais espalhados por toda a malha urbana de municípios
matogrossenses. A expansão dos assentamentos urbanos no território municipal traduz o desenvolvimento
da cidade, que se aproveita do volume de recursos públicos disponíveis para tal.

Mesmo que os Municípios possuam um Plano Diretor Participativo de Desenvolvimento Urbano e Ambiental,
Normatizados por Leis Complementares, são cada vez maiores as pressões para o avanço de loteamentos
e outras atividades urbanas sobre áreas que deveriam ser protegidas por terem relevância do ponto de
vista ambiental e possibilidade de uso imediado e futuro pela sociedade.

O valor socioambiental de uma mata ou bosque, por menor que seja, é inestimável. Florestas “em pé”
dentro da zona urbana de uma cidade é um bem que não se pode prescindir. Todas as grandes cidades do
mundo preservam suas áreas verdes com muito rigor, pois entendem que sua presença é benéfica ao
ambiente à sociedade e às futuras gerações.

A Carta Magna brasileira em seu artigo 225, preconiza que é obrigação do poder público e da sociedade
zelar pela preservação do ambiente e pensar nas gerações presentes e futuras, ou seja, reflorestar custa
muito mais caro do que preservar.

Uma vez que, todo novo loteamento urbano, para sua aprovação, precisa ter 10% de sua área total, doada
à Prefeitura Municipal. A isto se chama de Reserva Municipal – Área Verde. A legislação Federal, Estadual
e Municipal requer que 10% da área total de um loteamento seja reservada para uso como “área verde”.
Sendo àquela onde poderá ser construída uma praça pública, jardins, bosques ou pistas de caminhada
(como o Horto Florestal, por exemplo), locais onde a população possa usufruir do contato com a Natureza,
descansar, relaxar e socializar.

A Maioria dos loteamentos existentes nos municípios de Mato Grosso são implantados em áreas, com
pouca ou nenhuma presença de vegetação nativa. Estes loteamentos, em geral, ficam sem “áreas verdes”
consolidadas (implantadas), uma vez que não há lei específica sobre esta obrigatoriedade. Reserva-se a
área, mas esta é totalmente desprovida de vegetação. Restando então para a municipalidade no futuro os
custos de implementar nestes loteamentos alguma vegetação para formar no mínimo uma praça de uso
público. O reflorestamento de uma área pode levar até mais de dez anos para estar em porte adulto, e
exige muita mão de obra e investimento neste meio tempo.

Ademais, as áreas prioritárias para se tornarem áreas verdes de loteamentos deveriam ser àquelas que
ainda contém vegetação remanescente (matas nativas ou plantadas com árvores de porte adulto). Esta
área seria destinada no futuro loteamento ou conjunto habitacional, a ser transformada em área de lazer e
de preservação da vegetação nativa, possibilitando que a população possa conviver e beneficiar-se de sua
presença. Benefícios tais como a redução das temperaturas locais, o efeito do sombreamento, a presença
de pássaros e outros animais silvestres, o aumento da umidade, redução de ruídos urbanos, redução de
poluentes, aumento do valor venal dos imóveis, aumento da infiltração de água no lençol freático, evitando
enchentes entre outros.

Por outro lado, existem diversas áreas nas cidades de Mato Grosso, provavelmente, já demarcadas no
mapa de Macrozoneamento Urbano, que possuem estas áreas de mata nativa ainda preservadas, que
podem (embora existam restrições legais) de uma maneira ou de outra, vir a ser desmatadas total ou em
partes. Seus proprietários, de certa forma estão prejudicados no uso destas áreas, pois as restrições legais
torna difícil sua utilização. Após a provável indicação destas áreas no Mapa de Macrozoneamento, Não
houve nenhuma normatização específica de uso destas áreas, exceto as legislações genéricas sobre o
assunto.

Para evitar isso, busca-se aqui a possibilidade de que os proprietários de áreas com vegetação nativa,
possam vender total ou em parte sua propriedade para que sirvam como compensação da área verde que
outros loteadores não tem em suas terras. Assim, aumenta-se a eficiência das infraestruturas implantadas
no loteamento, pois atenderão um número maior de pessoas e por outro lado preservam-se áreas de mata
nativa para futuro uso da sociedade, área esta que representa efetivamente uma Área Verde, pois
encontra-se totalmente intacta sua vegetação nativa.

Em resumo, a proposta de lei que aqui se apresenta, tornará possível que ao planejar novos loteamentos, o
empreendedor, que não tiver na área a lotear local adequado para implementação de Área Verde, deverá
adquirir até 7% (sete por cento) da área total projetada para seu loteamento, em outro local, desde que este
local esteja com vegetação nativa de porte arbóreo preservada, localizado dentro da zona urbana da cidade
e que esteja distante menos de dois quilômetros de qualquer bairro já existente e devidamente descrito
como Zona de Unidade de Conservação - ZUC no mapa de macrozoneamento ambiental da cidade.

Com a aprovação deste projeto espera-se proteger e preservar as reservas de vegetação nativas ainda
existentes dentro da zona urbana de cada município matogrossense, evitando que sejam dizimadas.

Plenário das Deliberações “Deputado Renê Barbour” em 10 de Julho de 2013

Hermínio J. Barreto
Deputado Estadual

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