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Pressupostos da Avaliação
Curso: Matemática
Disciplina: Didáctica de Matemática
Ano de frequência: 2
dr. Jovêncio Armando Fostão
Recomendações de melhorias
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Folha de Feedback
Classificação
Categorias Indicadores Padrões
Pontuação Nota do Subtotal
máxima tutor
Capa 0.5
Aspectos
Estrutura organizacionais Índice 0.5
Introdução 0.5
Discussão 0.5
Conclusão 0.5
Bibliografia 0.5
Contextualização (Indicação
clara do problema 1.0
Introdução
Descrição dos objectivos 1.0
Metodologia adequada ao 2.0
objecto do trabalho
Articulação e domínio do
Conteúdo
discurso académico 2.0
(expressão escrita cuidada,
Análise coerência / coesão textual)
e discussão Revisão bibliográfica
nacional e internacionais 2.
relevantes na área de
estudo
Exploração dos dados 2.0
Conclusão Contributos teóricos 2.0
práticos
Aspectos Paginação, tipo e tamanho
gerais Formatação de letra, paragrafo, 1.0
espaçamento entre linhas
Índice
1. Introdução............................................................................................................................5
iv
2. Conceitos.............................................................................................................................6
Pressupostos da Avaliação........................................................................................................12
4. Conclusão..........................................................................................................................16
5. Referências bibliográficas.................................................................................................17
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1. Introdução
A avaliação em Educação tem vindo, frequentemente, nas últimas décadas, a ser apontada em
Portugal como solução para os males da Escola. Muitas vezes, tais apelos associam a
avaliação à construção de instrumentos de recolha de informação para uma medição. Esta é,
contudo, em nosso entender, uma visão muito redutora da avaliação. Embora avaliar suponha
sempre um acto de juízo de valor, não basta recolher informação. É indispensável, entre
outras, interpretar essa informação no contexto onde ocorre, desenvolver uma atitude crítica e
compreensiva sobre ela, delinear alternativas, atribuir visões não simplificadas da realidade e
prever intervenções sustentadas na interpretação e análise da informação recolhida. Por outras
palavras, avaliar significa desenvolver uma cultura avaliativa que procure a criação de
conhecimento para um agir futuro. A investigação em avaliação é certamente um meio
privilegiado para o desenvolvimento de tal cultura. O seu surgimento de uma forma mais
efectiva e continuada começa a ser uma realidade nos dias de hoje, muito em particular na
área da Educação Matemática. Os objectos de estudo onde recai a investigação em avaliação
podem ser diversos. Eles fazem parte de múltiplos campos, tais como os sistemas educativos,
a aprendizagem dos alunos e o desenvolvimento profissional dos professores. A gestão da
qualidade da Educação é certamente uma prioridade das políticas educativas. É, contudo, de
fazer notar que a avaliação dos sistemas educativos, e da Educação em Matemática em
particular, não pode reduzir-se à aplicação de provas que testem o desempenho escolar dos
alunos.
2. Conceitos
A avaliação educacional é uma tarefa didática necessária e permanente no trabalho
do professor, ela deve acompanhar todos os passos do processo de ensino e aprendizagem. É
através dela que vão sendo comparados os resultados obtidos no decorrer do trabalho conjunto
do professor e dos alunos, conforme os objetivos propostos, a fim de verificar progressos,
dificuldades e orientar o trabalho para as correções necessárias. A avaliação insere-se não só
nas funções didáticas, mas também na própria dinâmica e estrutura do Processo de Ensino e
Aprendizagem (PEA).
Tal colocação pode-se ser vista através de Chueiri (2008, p. 54), onde a autora afirma que “
[...] na China, três mil anos antes de Cristo, já se usavam os exames para selecionar homens
para o exército”.
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Assim, percebe-se que tal critério também é adotado no ambiente escolar, pois ao
padronizarmos nossas políticas educacionais através de práticas com valores e normas,
fazendo com que esta esteja ligada diretamente, em uma forma implícita ou explícita, à
prática pedagógica adotada pela instituição e, deste modo, caracterizando-se uma prática
educacional formalizada e organizacional (CHUEIRI, 2008, p. 53), vemos uma prática
exposta de critérios avaliativos.
Sabe-se que a avaliação não constitui-se somente a um conceito teórico ou que esteja ligada
diretamente aos processos educacionais, mas sim ser pertencente à processos de formações, a
concepção de educação, de sociedade, onde é citado por Caldeira (2000, p. 122) como “um
meio e não um fim em si mesma; está delimitada por uma determinada teoria e por uma
determinada prática pedagógica” (apud CHUEIRI, 2008, p. 51) e, também, explicitado por
Raphael:
A qualidade técnica de um processo avaliativo reside, essencialmente, no
aprimoramento dos instrumentos utilizados. Estes instrumentos têm o objetivo
de obter dados de medida que formarão um conjunto ao qual será atribuído o
juízo de valor. Estes dados que servirão ao julgamento necessitam ter
qualidades técnicas para que o juízo seja aceitável. Devem ainda ser coerentes
com a totalidade do processo, pois nesta fase são decididas questões como:
para que servem os dados? Que informações são necessárias? Como serão
obtidas as informações? A quem caberá esta tarefa? (1994, p. 34)
Deste modo percebemos que a avaliação não ocorre apenas em um momento específico, e sim
que está presente em todo o processo educacional, tornando-se um instrumento que se
concebe desde o início até a finalização do trabalho do professor.
Ainda como uma prática pedagógica, o professor não deve se abster de seu papel como
avaliador no processo de ensino e de aprendizagem, de forma que este instrumento torne-se
um elemento presente em seu cotidiano, assim como afirma Chueiri:
Em seu primeiro conceito, a autora defende que ainda nos dias de hoje, as escolas
mantem a prática de exames como medida de avaliação de seus alunos, ocasionando
assim a sistematização do classificar, reconhecer o certo e o errado sem a análise do
contexto em que o aluno propôs aquela resposta, sendo assim, denominada de
“examinar para avaliar” o desempenho do educando (CHUEIRI, 2008, p. 54).
Este tipo de “pedagogia” também nos trouxe regras específicas, do qual Luckesi (2000) nos
cita:
[...] lá está normalizado que no momento das provas, os alunos não poderão solicitar
nada que necessitem nem aos seus colegas nem àquele que toma conta da prova; não
deverão sentar-se em carteiras conjugadas, porém se isso ocorrer, dever-se-á prestar
muita atenção nos dois alunos que estiverem sentados juntos, pois que caso as
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respostas às questões dos dois sejam iguais, não se saberá quem respondeu e quem
copiou; o tempo da prova deverá ser estabelecido previamente e não se deverá permitir
acréscimos de tempo, tendo em vista algum aluno terminar de responder a sua prova
pessoal; etc... (p. 1)
Pudemos perceber, então, que o conceito de exame está diretamente ligado à prática de
educadores ainda nos dias de hoje, visto que, para muitos, esta forma de avaliação torna-se
necessária para um desenvolvimento de critérios que são observados em uma outra percepção
dos nossos conceitos acerca desta ferramenta, apontado por Luckesi (2000):
Tal conceito foi fortificado no período do ensino tecnicista, do qual sempre esteve disposto da
avaliação como uma forma de quantificar a aprendizagem de seu aluno e, assim, torna-lo apto
para exercitar determinada função, como afirmado por Caldeira (1997, p. 53):
Vemos que tal conceito encontra-se fortemente ligado a concepção de avaliação adotada por
escolas e, também, por aqueles que as aplicam, ou seja, os professores. Consideremos, então,
que este sujeito impõe forte interferência em resultados, visto que é imposto uma
subjetividade que possa ou não intervir ao resultado final (do qual estaremos ampliando
melhor nos capítulos seguintes).
Porém, nota-se uma ineficiência do processo de certificação, como apontado por Perrenoud
(1999, p. 13), onde declara que:
que apresenta ser diferenciado, porém, seu fim se mantém em outras concepções, como
apontado por Esteban (2001, p. 122):
[...] Muitas vezes observamos, tanto na sala de aula quanto nas propostas que chegam
à escola, a manutenção da prática de avaliação fundamentada na lógica classificatória
e excludente, ainda que a prática adquira uma aparência inovadora e que o conceito de
avaliação escolar associado à quantificação do rendimento do/a aluno/a seja objeto de
inúmeras e profundas críticas. (apud CHUEIRI, 2008, p. 60)
Notemos então a necessidade de abordar a avaliação num conceito qualitativo, ou seja,
compreender este processo como um ato reflexivo, uma ferramenta de trabalho para
desenvolver o educando e não ocasionar uma classificação e, automaticamente, uma exclusão.
Onde, para tal, utilizemos o próximo capítulo para aprofundarmos este conceito e esta prática
avaliativa.
4. Pressupostos da Avaliação
Através do capítulo anterior pudemos notar que a prática da avaliação não é somente uma
parte do processo educacional onde chega-se a uma conclusão de saberes, de aprendizados e
de comportamentos, ou seja, este modo de utilização do recurso da avaliação não é um fim.
Partindo desta concepção de que o procedimento avaliativo permeia todo o período dos
processos de ensino e de aprendizagem, tornando-se um meio, foram-se introduzindo novas
formas de se avaliar, mas que ainda utilizam-se, como apontado por Hoffmann (1994), “o
paradigma de transmitir-verificar-registrar”.
Deste modo, qualificando melhor a definição do que seria a avaliação reflexiva ou mediadora,
Roffmann (1991, p. 67) nos introduz:
O que pretendo introduzir neste texto é a perspectiva da ação avaliativa como uma das
mediações pela qual se encorajaria a reorganização do saber. Ação, movimento,
provocação, na tentativa de reciprocidade intelectual entre os elementos da ação
educativa. Professor e aluno buscando coordenar seus pontos de vista, trocando
ideias, reorganizando-as. (apud ROFFMANN, 1994, p. 51, grifo do autor)
A isto será preciso acrescentar que nem todas as crianças de uma mesma geração
seguem o ensino pré-obrigatório, enquanto algumas, posteriormente ao reprovarem no
ensino primário ou secundário são submetidas duas vezes ao mesmo programa.
(PERRENOUD, 1986, p. 32)
Nota-se, então, que para a realização de uma avaliação qualitativa e reflexiva, necessita-se
compreender muito mais do que o contexto escolar daquela criança, o professor precisa
compreender que existe uma história por trás de suas dificuldades, acessibilidades, incentivos,
desenvolvimento e, até mesmo, em relacionamentos dentro do âmbito escolar, seja este entre
os colegas ou mesmo com o docente.
Percebemos que avaliar o educando de uma forma qualitativa torna-se um trabalho minucioso
para que possamos desenvolver em sala de aula e, assim, fortalece-se as práticas comumente
aplicadas nas escolas, ocasionando o desenvolvimento de julgamentos sobre os alunos através
de ideais partidos do professor (HOFFMANN, 1991, p. 51).
Tal ação torna-se compreensível visto o nível de dificuldade entre as práticas apresentadas,
mas é importante que não tomemos nossa posição como atores principais no sistema
educacional, pois nossa prática resultará no futuro de nossos alunos, como apontado por
Perrenoud:
Ainda neste sentido, Hoffmann (1994) nos aponta alguns outros fatores que resultam a opção
de educadores por um processo avaliativo menos eficaz em seus educandos, como a
especialização dos docentes em determinada área, dificultando a troca de informações com
outros docentes, a falta de acompanhamento do desenvolvimento dos alunos em séries
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Além de todo este quadro, Hoffman ainda nos apresenta um processo espelhado que alguns
educadores levam de sua vida escolar para sua prática pedagógica, como descrito abaixo:
Tomando ainda mais grave a postura conservadora dos professores, observamos que a
avaliação é um fenômeno com características seriamente reprodutivistas, ou seja, a
prática que se instala nos cursos de Magistério e Licenciatura é o modelo que vem a
ser seguido no 1° e 2° Graus. Muito mais forte do que qualquer influência teórica que
o aluno desses cursos possa sofrer, a prática vivida por ele enquanto estudante passa a
ser modelo seguido quando professor. O que tal fenômeno provoca é, muitas vazes, a
reprodução de práticas avaliativas ora permissivas (a partir de cursos de formação que
raramente reprovam os estudantes), ora reprovativas (a partir de cursos, como os de
Matemática, que apresentam abusivos índices de reprovação nas disciplinas).
E é então que deparamo-nos com a seguinte questão: como superar estas barreiras para que
possamos avaliar de uma forma qualitativa?
Para respondermos tal questão, Hoffman (1994, p. 54-55) nos aponta que o primeiro passo é
que os professores deixem de lado seu posicionamento em que o aluno é inteiramente
responsável pelo seu fracasso escolar, e que assim, assuma sua posição participante neste
resultado e também que sua postura autoritária não contribui de forma positiva na formação
de seus educandos, sendo necessário trilhar um caminho voltado ao diálogo e ao
acompanhamento.
De forma a ficar mais claro esta forma de concepção, a autora nos traz o conceito de ambos os
termos:
possíveis, para observar passo a passo seus resultados individuais. (HOFFMAN, 1994,
p. 55, grifo do autor)
Assim, o educador deve buscar estar o mais próximo de seus educandos de forma a
acompanhar seu desenvolvimento durante todo o processo, não somente caracterizando sua
aprendizagem nos momentos considerados avaliativos e, para isto, utilizar-se do diálogo
provocativo, encorajador, que ajude o aluno a buscar novas informações de forma que o
aprendizado ali lhe proporcione novos significados, novos saberes, tornando a prática do
diálogo um processo de ação-reflexão-ação (HOFFMANN, 1994, p. 56).
Percebe-se que o meio dialógico entre professor-aluno altere que o erro de um momento
avaliativo torne-o uma metodologia de incentivo à busca por novos conhecimentos, de
pesquisa e da produção de saberes.
5. Conclusão
Conclui-se que a utilização desta metodologia avaliativa tem preceitos próprios, no sentido de
reprodução daquilo que foi vivido, e até mesmo no processo de formação de novos
educadores, onde não se há uma abordagem necessária do que é, para que serve e como deve
ser realizada a avaliação num contexto de reflexão.
Nota-se que o modelo de avaliação adotado por um educador, parte do seu modo de
compreender o que é educação, ou seja, se um educador considera que ele é o centro do
conhecimento e que possui total destreza para denotar o que é certo e errado, logo seu
processo avaliativo será permeado pelo medir e classificar.
Por fim, no último capítulo, pode-se compreender que a avaliação, além de seu processo
formal em trabalhos, questionários, apresentações, entre outros, também possui seu processo
informal, sendo este permeado por todo o trabalho desenvolvido pelo educador.
Compreende-se que o educador alimenta em seu próprio consentimento aqueles que irão bem
no desempenho escolar e aqueles que não estarão no patamar desejado somente pelos
primeiros contatos.
Com isto, podem se ocasionar processos exclusivos dentro de seu ambiente e, assim,
caracteriza-se como somente mais um processo de avaliação classificatório dentro de seu
próprio espaço.
Conclui-se o trabalho com a resposta do projeto de pesquisa, do qual compreende-se, por fim,
que por mais que o processo educacional venha numa linha evolutiva, o processo avaliativo
continuou estagnado.
Para isto, considera-se necessária uma pesquisa afunda sobre uma metodologia qualitativa de
avaliação, um novo pensar num processo que, até então, é tomado como um fim e não como
um método que transpõe todo o período de ensino e aprendizagem.
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6. Referências bibliográficas
Chueiri, M. S. (2008). Concepções sobre a Avaliação Escolar. Estudos em Avaliação
Educacional., v. 19: p. 49-64.
Allal, L. (et al). (1986). Avaliação formativa num ensino diferenciado. Coimbra: Livraria
Almedina,. Páginas 27- 69.