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MÓDULO 4 - COMPRESSÃO SIMPLES

(Resumo da apostila “Concreto Armado: Projeto Estrutural de


Edifícios”, do Prof.Dr. José Samuel Giongo, da EESC-USP)

1. Introdução: Dimensionamento à Compressão Simples

 Situação utópica, pois, na prática, sempre vai haver uma excentricidade, por menor que seja.
 Encurtamento de ruptura do concreto = 0,2%

 Distribuição uniforme das tensões no concreto com valor de 0,85 f cd

A tensão  sd na armadura corresponde à deformação  sd  0,2% , não devendo ser maior


do que o valor de cálculo da tensão de escoamento ( f yd ). Para E s  210.000 MPa e

 sd  0,2% , tem-se:

420 M Pa (= E .  )

sd 2   f yk
f 
 yd 
 s
 P/ distribuição qualquer de armadura:

Nd  Rc  Rs (1), onde: Nd  valor de cálculo da força normal atuante

Rc  resultante de compressão no concreto

Rs  resultante de compressão no aço


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Portanto:

 R c  0,85  f cd  A cc , onde:

fcd  fck  c (2)

A cc  área de concreto comprimido

A cc  A c  A s (3)

As  área da armadura longitudinal

Ac área da total da seção

 Rs  sd2 . As (4)

onde sd 2  tensão de cálculo na armadura, p/ def. de 0,2%

Substituindo-se as expressões (2) a (4) na (1), tem-se:

Nd  0,85 . f cd . Ac  As   sd2 . As


Nd  0,85 . f cd . Ac  sd2  0,85 . f cd . As  (5)

A taxa geométrica de armadura longitudinal é definida por:


  As Ac (6)

Portanto, dividindo-se a equação (5) por A c e colocando-a em função de , tem-se:


id  0,85 . f cd  sd2  0,85 . f cd .   (7)

Nd
Onde  id  (tensão ideal de compressão) (8)
Ac
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2. Pré-dimensionamento de Pilares
(Processo das áreas de influência)

2.1. DEFINIÇÃO DA ÁREA DE INFLUÊNCIA

Considerando-se a planta do andar-tipo, o posicionamento dos pilares em geral tem seu início
nos cantos; depois para áreas comuns (elevadores, escadas) e depois na cobertura (casa de
máquinas, reservatório superior). Em seguida, são posicionados os pilares de extremidade e
internos.
Observações:
 os pilares devem preferencialmente estar alinhados e com uma distância entre eixos de 4 m a
6 m;
 após o posicionamento no andar-tipo, deve-se verificar a interferência nos demais pavimentos..

A determinação preliminar das seções transversais dos pilares pode ser feita através do cálculo
da força normal solicitante, proveniente das cargas verticais nos pisos. Este cálculo pode ser feito
pelo processo das áreas de influência, que divide a área total do pavimento em áreas de influência,
relativas a cada pilar e, a partir daí, estimar a carga que eles irão absorver.
A área de influência de cada pilar é obtida dividindo-se as distâncias entre seus eixos (ou
distância entre os eixos das paredes) em intervalos que variam entre 0,45 e 0,55, dependendo da
posição do pilar na estrutura, conforme o seguinte critério (ver Figura 1):

 0,45: pilar de extremidade e de canto, na direção da sua menor dimensão; pilar interno quando,
na direção considerada, o vão consecutivo ou a carregamento nele atuante supera em mais de
20% o valor correspondente ao do vão em questão;

 0,55: complementos dos vãos do caso anterior;

 0,50: pilar de extremidade e de canto, na direção da sua maior dimensão; pilar interno quando,
na direção considerada, o vão consecutivo ou a carregamento nele atuante não supera em mais de
20% o valor correspondente ao do vão em questão.
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No caso de edifícios com balanço, considera-se a área do balanço acrescida das respectivas
áreas das lajes adjacentes, tomando-se, na direção do balanço, largura igual a 0,50, sendo  o vão
adjacente ao balanço. Quanto maior for a uniformidade no alinhamento dos pilares e na distribuição
dos vãos e das cargas, maior será a precisão dos resultados obtidos. Salienta-se que, em alguns
casos, este processo pode levar a resultados muito imprecisos.

1 2

0,45   1 0,55   1 0,55   2 0,45   2

3
P1
A1 P2 A3 P3
A2
0,5   4
4
0,5   4
P4
A4 P5 A6 P6
A5 0,5   5
5
A8 0,5   5
A7 A9
P7
P8 P9
Figura 1 - Áreas de influência dos pilares

2.2. DEFINIÇÃO DA AÇÃO POR ANDAR

Para efeito de pré-dimensionamento, em edifícios residenciais, considera-se uma ação

uniformemente distribuída que pode variar em torno de 10 kN/m2 a 12 kN/m2.


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2.3. DEFINIÇÃO DA AÇÃO TOTAL NOS PILARES

A ação total avaliada para cada pilar pode ser feita pela expressão:

Nki* = ( n + 0,7 ) . (g+q) . Ai ; onde:

Ai: Área de influência para o pilar

g + q: Ação que atua na área de influência

n: nro. de andares acima do tramo de pilar para o qual se quer fazer o pré-
dimensionamento;
Obs. O termo 0,7 leva em conta que as ações devidas à cobertura podem ser
estimadas em 70% da ação considerada oara o andar tipo.

(* : serve para lembrar que são ações usadas apenas para o pré-dimensionamento)

Os pilares que fizerem parte da estrutura resistente da casa de máquinas dos elevadores e
das caixas de água elevadas devem ter essas ações consideradas no seu pré-dimensionamento.

Simplificação: considera-se o pilar submetido a uma compressão simples, majorando-se o


valor da ação que nele atua:

Nd* =  . Nki* ; onde  é dado pela Tabela 1.

(* : serve para lembrar que são ações usadas apenas para o pré-dimensionamento)

Tabela 1 – Valores de 
Posição dos pilares Internos Extremidade Canto
Coeficiente  1,8 2,2 2,5
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2.4. CÁLCULO DA SEÇÃO TRANSVERSAL

Ac = Nd* / id ; onde: Ac = área da seção transversal;

Nd* = força normal centrada (majorada) que atua no pilar


id = tensão ideal de cálculo.

id = 0,85 fcd +  ( sd2 – 0,85 fcd ) onde:

fcd = resistência de cálculo do concreto ( = fck / 1,4)

sd2 = tensão que atua na armadura do pilar, para uma deformação de 0,2%

 = taxa de armadura na seção transversal. Adotam-se valores entre 2% e 2,5%.

Com a área da seção transversal, pode-se determinar as dimensões do pilar.


Exemplo: Ac = a . b  Pode-se adotar o valor de a igual ao valor mínimo e
calcular o valor de b ( b = Ac / a )

2.5. ORGANIZAÇÃO DOS CÁLCULOS

A organização dos cálculos pode ser feita através de tabelas.

Pilar  Ai Nki* = Acrés- Nd* = Ac = Dimensões do pilar b


(m2) =(n+0,7).(g+q).Ai cimos .(Nki*+Acrésc.) =Nd*/id a . b (cm . cm) adotado
(kN) (kN) (kN) (cm2) a = 20cm b =Ac/a

Observações:
 n = nro. de andares acima do tramo no qual se quer dimensionar a seção do pilar (a cobertura não entra como
“andar”, mas sim através do coeficiente 0,7)
 g + q = 12 kN / m2
id (tensão ideal) = 0,85 fcd + s ( sd2 – 0,85 fcd ); com s = 2,5% e sd2 calculado em função do aço.
Dimensão mínima da seção transversal do pilar: 20 cm (obs.:a NBR 6118:2003 permite um valor mínimo de 19 cm)
Acréscimos: Caixas d‘água, etc.

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