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Carlo Ginzburg
EMANUELLE GARCIA GOMES*
Resumo
Esse trabalho teve como intuito primeiro estudar o paradigma de um saber
indiciário proposto por Carlo Ginzburg em sua obra de título Mitos, emblemas
e sinais onde propõe articular um método de conhecimento cuja força está na
observação do pormenor que pode ser revelado, mais do que apenas uma
dedução sobre algum aspecto investigativo, para experimentar a metodologia
usada pelo autor em um exercício de comparação do símbolo dos olhos como
signo de representatividade e significado em duas mitologias de sociedades
antigas, a egípcia e a nórdica, e uma literatura do século XX, a obra do inglês J.
R. R. Tolkien, “O Senhor dos Anéis”.
Palavras chave: Símbolos; Paradigma Indiciário; Sinais; Mitologia.
Abstract
This work was first intended to study the paradigm of knowledge evidentiary
proposed by Carlo Ginzburg in his book title Myths, emblems and clues
proposing articulate a method of knowledge whose strength is in the
observation of detail that can be revealed, more than just a deduction on some
investigative aspect, to experience the methodology used by the author about
the eyes symbols in comparison exercise as a sign of representation and
meaning in two mythologies of ancient societies, Egyptian and Norse, and also
in a literature of the twentieth century, the english work of J. R. R. Tolkien's
"The Lord of the Rings."
Key words: Symbols; Evidential Paradigm; Signs; Mythology.
*
EMANUELLE GARCIA GOMES é graduada em História pela Universidade Federal de
Uberlândia (UFU) e mestranda pela mesma instituição.
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Baseamos esse artigo no paradigma de têm algo em comum: Morelli, Doyle e
um saber indiciário proposto por Carlo Freud tiveram formação em medicina e
Ginzburg em sua obra de título Mitos, para os três momentos citados, usaram
emblemas e sinais. Nele, o autor propõe da semiótica médica.
articular um método de conhecimento
cuja força está na observação do O objetivo dessa apresentação de
pormenor que pode ser revelado, mais Ginzburg é o do percorrer um caminho
do que apenas uma dedução sobre e pelos rastros chegar a alguma
algum aspecto investigativo. A constatação sobre algum contexto já
proposta é experimentar a metodologia ocorrido. O primeiro personagem que o
usada por Ginzburg a fim de fazer um autor aponta como uma espécie de
exercício de comparação do símbolo narrador de uma história é o caçador,
dos olhos como signo de que seguia as pistas para encontrar o
representatividade e significado em paradeiro do animal que perseguia.
duas mitologias de sociedades antigas e Além deste, também aponta o que
uma literatura do século XX. chama de paradigma divinatório: por
meio de adivinhações, sonhos ou sinais,
Partindo do pressuposto discutido no mesmo que fossem de cunho religioso,
texto Sinais. Raízes de um paradigma buscava-se chegar a interpretações de
indiciário (GINZBURG, 1989, p. 143 – uma determinada realidade. Os rastros
179) um dos capítulos do livro Mitos, que eram seguidos eram voltados para o
emblemas e Sinais, Ginzburg aplica o passado, mas o adivinhar sempre era
que ele chama de “paradigma projetado, com perspectiva ao futuro.
indiciário”, mostrando-o como mais que Indícios não deixam certeza, mas estes
um conceito, tratando do seu sinais seriam o ponto de partida, por
surgimento em um modelo assim dizer, de que poderiam apresentar
epistemológico de análise para a as possibilidades.
História.
O autor parte de uma abordagem muito Disso, pode-se concluir que sua
interessante, apontando três sujeitos de premissa é analisar pela física de
diferentes áreas: primeiramente um Galileu, algo que um contemporâneo do
artigo de Morelli, que articula a mesmo, Mancini, também divulgava:
identificação de originalidade das obras ele propunha saber o que os pacientes
de arte a partir de traços que são tinham apenas pela observação de seus
observados como característicos de um olhos. Mas é a partir de Galileu que o
quadro, e que passariam despercebidos indiciário perde o posto: não valeria
de um falsificador; Arthur Conan Doyle mais apresentar apenas as
e seu personagem Sherlock Holmes, sob possibilidades. Com o ápice das
a perspectiva do método investigativo ciências exatas, com os cálculos, as
de indícios imperceptíveis para estatísticas e as experiências em
solucionar casos de crime abordado por laboratório, as possibilidades menos
meio da literatura; e Sigmund Freud que regulares, eram descartadas. E não só
antes de ao método de investigação nas ciências exatas, mas também na
psicanalítica, teve como um dos literatura; as experiências tomam lugar
primeiros momentos de nos romances, em autores como Edgar
desenvolvimento da questão a leitura do Allan Poe, e principalmente nos
artigo de Morelli. Esses três autores não romances criminais, como os de Arthur
são citados a esmo por Ginzburg. Eles Conan Doyle.
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Se até aqui Ginzburg delimita o campo realidades interiores” (DAVIDSON,
da investigação histórica, na segunda 2004, p.7). Com essa afirmação,
parte ele fundamenta melhor esse podemos pensar então que as mitologias
processo, aplicando o paradigma não correspondem apenas ao campo da
indiciário. Ressalta os nomes, religião de um povo, mas podem dizer a
assinaturas e a distinção de respeito também das organizações
componentes nos sujeitos, a fim de sociais e da dimensão psicológica do
diferenciá-los entre si e para identificá- homem, sendo historicamente
los perante o Estado. Cita alguns elaboradas pelas sociedades ao longo do
autores que trabalharam para o tempo.
aprimoramento dessas formas de
diferenciação, como procedimentos As escolhas a serem analisadas aqui
minuciosos de medição do corpo – estão pautadas na simbologia dos olhos
como padrões de nariz que eram e se fundamentam em noções
catalogados e que legitimou o semelhantes em diferentes registros: os
preconceito perante a diferenciação dois primeiros, mitos de sociedades
biológica para identificar criminosos – antigas, assim como tem como intenção
até chegar em Galton, que apresentou a no exemplo, o outro buscado na
diferenciação que não seria mais literatura contemporânea de Tolkien. O
contestada: a impressão digital. Legendarium, termo que Tolkien usa
Com esse exercício de apontamento dos para designar o seu conjunto literário
indícios ele fecha sua análise lançando que foi elaborado, em sua maior parte,
luz sobre o modo como o paradigma no começo do século XX, propõe um
indiciário que acabou modelando as mundo fictício, com base na fantasia e
ciências humanas a partir da ideia de no mítico. O Legendarium é o termo
investigação dos pormenores. que assinala as obras que se iniciaram
por volta de 1910 e estendeu-se até
A tentativa então é de fazer um
1973, ano da morte do autor. O fruto de
exercício semelhante ao de Ginzburg,
seu trabalho literário de quase 7 décadas
no caso, baseando no paradigma
começou a ser explorado por leitores em
indiciário para pensar e comparar três
O Hobbit (1937), depois com O Senhor
noções diferentes que estão relacionadas
dos Anéis (1954-1955), As Aventuras de
à simbologia e o significado da
Tom Bombadil e outros versos do Livro
representação do “olho” em duas
Vermelho (1962), e os póstumos O
mitologias e uma literatura: primeiro
Silmarillion (1977), Contos Inacabados
caso escolhido da mitologia egípcia, o
de Númenor e da Terra-Média (1980),
outro da mitologia nórdica e, por fim,
12 volumes de The History of Middle-
um caso na literatura do autor inglês J.
Earth (1983-1996) e por fim, Os Filhos
R. R. Tolkien.
de Húrin (2007). O Legendarium faz
Para Hilda Davidson, estudiosa dos referência ao conteúdo e as temáticas
mitos escandinavos, a mitologia pode dos textos que estes livros compõem.
ser compreendida como “o comentário Em latim medieval, o termo designava o
de homens de uma era ou civilização conjunto de lendas especialmente
específica sobre os mistérios da relacionadas à vida dos santos. Portanto,
existência e da mente humanas, seu Tolkien tinha a intenção de indicar sua
modelo para um comportamento social literatura como um conjunto de lendas e
e a tentativa de definir, em histórias de mitos, no caso, de Arda, especialmente
deuses e demônios, sua percepção das a Terra-Média, buscando assemelhar-se
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com o proposto das mitologias antigas poder e proteção, e como amuleto era
abordadas nesse artigo, ainda que um dos mais importantes do Egito
mantendo-se no âmbito ficcional. Antigo para atrair força, vigor,
segurança e saúde. Hórus é o deus
Posto isto às claras, é possível partir
egípcio do sol nascente, representado
para a análise das três simbologias de
com uma cabeça de falcão. Essa forma
olhos escolhidas.
era a personificação da luz que
O Olho de Hórus rivalizava com o deus Seth, o deus da
A representação simbólica do olho na desordem e da violência. O “Olho de
mitologia egípcia, conhecido como Hórus” representa a integridade ou a
“Olho de Hórus” ou “udyat” significa totalidade.
Filho de Isis e Osíris, conta-se que o teria arrancado o olho direito de Hórus,
olho esquerdo de Hórus foi arrancado o qual foi substituído por um amuleto,
quando ele lutou contra seu tio Seth no que não lhe dava visão total, colocando
intuito de vingar-se da morte do pai, então também uma serpente sobre sua
Osíris. O olho foi lançado ao céu e cabeça. Depois da sua recuperação,
passou a ser a Lua. Troth – o deus da Hórus pôde organizar novos combates
cura – restituiu o olho ferido, cujo que o levaram à vitória decisiva sobre
processo levou 29 dias; justamente o Seth. 1
número de dias que levam as quatro as
Nos dias de hoje, o símbolo do olho de
fases da Lua. Desta forma, na lua nova
Hórus tornou-se um amuleto de
o olho está “mais machucado”,
proteção muitas vezes contra inveja ou
passando à minguante até a crescente, mau-olhado, assim como o olho grego –
quando ele está curado, voltando a ser
que é um talismã ao qual se atribui o
inteiro na lua cheia. Esses poderes poder de absorver as energias negativas
restauradores são revelados no mito de e o de proteção contra a inveja (usado
Osíris, e Hórus quando recebe seu olho há muito tempo em rituais islâmicos,
curado, oferece ao pai morto e pelo seu também foi adotado por católicos).
poder, ajuda a trazer Osíris de volta à
vida (MALLON, 2009, p. 12).
1
Segundo outra lenda, o olho esquerdo O Olho de Hórus. In: Fascínio Egito.
de Hórus simbolizava a Lua e o direito, Disponível em:
http://www.fascinioegito.sh06.com/olho.htm
o Sol. Durante uma luta, o deus Seth (Acesso em junho de 2015).
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Diversificado inclusive não como só Para obter a grande sabedoria que o
como amuleto, o olho de Hórus como tornou famoso, Odin foi pedir a
hieróglifo – o ankh –, simboliza a vida e Mimir, o guardião da fonte (que
é popular também como tatuagem. detinha todo o conhecimento do
passado e a definição do futuro)
O Olho de Odin para tomar um gole da mágica água
da sua fonte. Porém, Mimir se
Saindo da perspectiva de amuletos, do
recusou, a não ser que Odin fizesse
primeiro exemplo, passamos ao um sacrifício, ofertando um dos
seguinte de comparação, advindo da seus olhos. Odin não hesitou. Tanto
mitologia nórdica. Odin – também ele prezava o conhecimento que
conhecido como Wotan ou Woden –, o arrancou sem titubear-se seu olho,
Pai de Todos, considerado o deus que foi colocado por Mimir na
principal do panteão nórdico. Sua fonte, de onde continuou brilhando
natureza é por um tanto paradoxal e com um reflexo prateado. Como
complexa, pois seu papel é amplo; é simbolismo, o olho da fonte pode
considerado o deus da guerra, da ser considerado a lua, enquanto o
sabedoria e da morte e em menor escala, outro que restou, o sol, metáfora
que explica a ativação do poder
da magia, da vitória e da caça, bem
cognitivo e racional de Odinpor ele
como, deus da profecia. É também ter aberto mão da sensibilidade e
paradoxal, pois ele é o Senhor dos percepção lunar (FAUR, 2010, p.
juramentos e da traição, da 149).
invencibilidade e da morte, tanto das
certezas quanto é das dúvidas. Era um Assim, o sacrifício do ato levou Odin a
deus cultuado ao mesmo tempo, temido. alcançar o que mais almejava e se
tornaria uma de suas características
A principal característica de Odin é a principais de culto e admiração, a
sabedoria, mas ele não é retratado com sabedoria. Diferentemente do contexto
serenidade ou desprovido de inquietude, do olho de Hórus – que foi perdido em
pois tinha uma busca contínua de conflito com Seth – ele teve mais uma
conhecimento, em plena ascensão e dimensão de cura que de sacrifício. Mas
diversificação. Ele sacrifica a si mesmo em semelhante análise, ambos
para buscar o conhecimento das runas, comungam da simbologia da Lua; udyat
os rituais e a leitura que envolve as foi lançado aos céus e restituído por
mesmas. Ele pendurou-se durante nove Troth, tomou uma representação das
dias e nove noites na árvore Yggdrasill, fases da Lua. Em mesma instância, o
o freixo do mundo, visando iniciar-se na olho sacrificado de Odin foi colocado
sabedoria das runas. Além disso, abre na fonte, tomando a forma simbólica da
mão de um de seus olhos para poder Lua e o que havia restado, o Sol. Assim
beber da fonte de Mimir e percorre os ele o fez e dessa forma entende-se que
mundos para poder descobrir outros com isso ele tornou-se um ser capaz de
horizontes e habilidades adquirindo ver o mundo exterior com o olho
sabedoria ancestral do reino dos mortos. normal e compreender o mundo interior
Nosso foco é no mito da fonte de com seu olho removido.
Mimir:
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Figura 2: Odin sem seu olho esquerdo
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Manuscript_Odinn.jpg 2
2
Manuscrito islandês do século 18 sob os cuidados de Árni Magnússon no Instituto da Islândia.
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O Olho Maligno de Sauron Os chamados Anéis do Poder se
dividem em quatro tipos; e cada raça é
Por fim, no terceiro caso, trata-se de
contemplada com um conjunto de anéis.
uma obra literária contemporânea,
O primeiro conjunto, constituindo o
considerada uma das mais importantes
primeiro tipo, são Sete Anéis
do século XX, a obra máxima do
designados às sete Casas dos Anões.
Legendarium de J. R. R. Tolkien, O
Presume-se que cada casa recebeu um
Senhor dos Anéis.
anel, mas pouco se afirma sobre isso.
O Senhor dos Anéis foi escrito entre os Os Anões os usavam para aumentar
1937 e 1949 e publicado em três seus tesouros, e os anéis tornavam mais
volumes, A Sociedade do Anel, As Duas ricos aqueles que os possuíam. Pouco se
Torres e O Retorno do Rei nos anos sabe da procedência destes anéis,
1954 e 1955. O livro se ambienta em aparentemente perdidos. Acredita-se
um espaço imaginário, projetado por que quatro deles tinham sido destruídos
Tolkien, a Terra-Média como uma por dragões, um estaria perdido em
Europa mitológica, povoada por elfos, Moria e os dois remanescentes teriam
humanos, hobbits, anões e orcs. A sido tomados por Sauron. Estes objetos
história narra o conflito contra o mal, o atribuídos aos Anões não lhes davam
Senhor do Escuro, Sauron, estaria nenhum poder peculiar, como controlar
ressurgindo, promulgando que as raças suas mentes, nem mesmo os tornava
desse mundo lutem contra os seus invisíveis, nem estendiam a vida dos
aliados, especialmente, os orcs para possuidores, devido a traços
evitarem que o “Anel do Poder” volte às característicos dos Anões. Isso frustrava
mãos de seu criador. Sauron, mas certamente os Sete Anéis
Sauron era discípulo de Melkor, uma poderiam incitar a raiva e a ganância
espécie de anjo caído que tentou deles. Outro tipo de anel compõe o
rivalizar Eru Illúvatar – o deus da conjunto de Nove Anéis dados aos
mitologia criada por Tolkien – na homens. Estes fariam deles invisíveis
música de criação do mundo de Arda. quando usassem e, além disso,
Após muitos atos rebeldes, e com a sua prolongavam a vida dos possuidores.
queda, Sauron que era um mago Mais tarde, esse seria o triunfo de
corrompido pelo mal, tomou forma de controle de Sauron para com os Nove
espírito maligno e viveu muito tempo homens. Corrompidos pelo poder dos
no exílio. Incapaz de se tornar bom, aos Anéis eles se tornariam os Nâzgul,
poucos com intenções de prosperidade e Espectros do Anel, servidores mais
recuperação da Terra-Média, Sauron temidos de Sauron. O que se sabe destes
passou a espalhar sua influência pelas homens é que eram os grandes senhores
regiões da Terra-Média, a fim de de Númenor e nenhum nome deles é
conseguir um domínio supremo. Sob a especificado a não ser o líder o Rei-
forma de Annatar, o Senhor das Bruxo de Angmar.
Dádivas e dos Presentes, se aproximou
dos Noldor e amistosamente oferece Celebrimbor fez os Nove e os Sete
amizade e conselhos a esse povo élfico. Anéis com a ajuda direta de Sauron,
À Celebrimbor concede o conhecimento mas os Três Anéis élficos são os únicos
de forjar Anéis do Poder e em segredo, feitos apenas por Celebrimbor sozinho.
na terra de Mordor, ele cria o chamado Eles também são os únicos que possuem
“Um Anel” que dominaria e controlaria nomes, sendo estes o terceiro tipo de
os demais. anéis a que referimos: Narya, o Anel de
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Fogo – que ostentava uma pedra de Vilya e Narya ao elfo Gil-galad e Nenya
rubi; Nenya, o Anel da Água – feito de à Galadriel. Antes de morrer, Gil-galad
Mithril (um metal de máxima entregou Narya para Círdan e Vilya à
resistência) e ornado com uma pedra Elrond. Mais tarde, quando os Maiar (os
branca (possivelmente um diamante); e magos) “desceram” a Terra-Média,
Vilya, o Anel do Ar – o mais poderoso Círdan deu Narya a Gandalf que o
dentre os Três, feito de ouro com uma portou até o fim da Terceira Era.
pedra de safira. Celebrimbor concedeu
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Tudo isso para chegarmos ao quarto portões de Mordor. No fim do cerco,
tipo de anel, o Um Anel, forjado em houve um embate do próprio Sauron
Mordor no fogo da Montanha da que promulgou na luta do mesmo com
Perdição. O Um era apenas um anel de Elendil e depois com Isildur, que com
ouro com marcas escritas na língua os fragmentos da espada do pai
negra e em caligrafia élfica o arrancou o Um Anel da mão de Sauron
equivalente às frases: “Um Anel para a – que enfraquecido abandonou o corpo
todos governar, Um Anel para encontrá- e seu espírito fugiu. Isildur pegou o Um
los, Um Anel para a todos trazer, e na Anel e, corrompido, não o destruiu,
escuridão aprisioná-los”. Com ele, levando à suas terras, em Gondor.
Sauron governaria toda a Terra-Média, Numa emboscada, o Anel o traiu e se
como uma arma de manipulação e perdeu no fundo de um rio, sendo mais
subjugo. Sauron não toleraria liberdade tarde encontrado por dois hobbits, e um
que não fosse sua, persuadiria qualquer deles se tornaria a criatura Gollum –
um para dominar e manipular, corrompido pelo poder contido no Anel,
espalhando sombra e servidão. Sméagol se afeiçoou ao objeto levando
Conta-se que algum tempo depois elfos, uma subvida. Em O Hobbit, Tolkien
homens e anões fizeram uma última conta como outro hobbit – Bilbo
aliança para por fim nas investidas Bolseiro – encontra o Anel, perdido na
violentas de Sauron e marcharam até os caverna onde Gollum vivia.
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O Um Anel prolonga a vida de quem o metáfora do anel além de poder e
usa, e O Senhor dos Anéis parte daí, controle é interessante; o objeto recorre
com o 111º aniversário de Bilbo e a a meios difusos, seduz os seres de
herança que ele deixa ao sobrinho “bem” e os abandona ou os trai como se
Frodo: o Um Anel. Frodo parte do tivesse uma forma de personalidade e
Condado em missão de destruição antes por ter como senhor e feitos, Sauron o
que Sauron o encontre e então acontece, Um Anel obedece exclusivamente a ele.
entrementes, a Guerra do Anel. A
CAMPBELL, Joseph. As Máscaras de Deus, O Olho de Hórus. In: Fascínio Egito. Disponível
Vol.4: Mitologia Criativa. São Paulo: Palas em:
Athena, 2010. http://www.fascinioegito.sh06.com/olho.htm .
Acesso em: 15 jun. 2015.
CAMPBELL, Joseph. O poder do mito. Trad. de
Carlos Felipe Moisés. São Paulo: Palas Athena, TOLKIEN, J. R. R. O Senhor dos Anéis.
1990. Tradução: Lenita Maria Rímoli Esteves, Almiro
Pisetta. 1. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
DAVIDSON, H. Ellis. Deuses e mitos do Norte
da Europa. Trad. De Marcos Malvezzi Leal.
São Paulo: Madras, 2004. Recebido em 2016-09-02
ELIADE, Mircea. Mito e Realidade. 6ªed. Trad. Publicado em 2017-06-07
de Pola Civelli. São Paulo: Ed. Perspectivas,
1972.
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