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O símbolo dos olhos através do “paradigma indiciário” de

Carlo Ginzburg
EMANUELLE GARCIA GOMES*

Resumo
Esse trabalho teve como intuito primeiro estudar o paradigma de um saber
indiciário proposto por Carlo Ginzburg em sua obra de título Mitos, emblemas
e sinais onde propõe articular um método de conhecimento cuja força está na
observação do pormenor que pode ser revelado, mais do que apenas uma
dedução sobre algum aspecto investigativo, para experimentar a metodologia
usada pelo autor em um exercício de comparação do símbolo dos olhos como
signo de representatividade e significado em duas mitologias de sociedades
antigas, a egípcia e a nórdica, e uma literatura do século XX, a obra do inglês J.
R. R. Tolkien, “O Senhor dos Anéis”.
Palavras chave: Símbolos; Paradigma Indiciário; Sinais; Mitologia.
Abstract
This work was first intended to study the paradigm of knowledge evidentiary
proposed by Carlo Ginzburg in his book title Myths, emblems and clues
proposing articulate a method of knowledge whose strength is in the
observation of detail that can be revealed, more than just a deduction on some
investigative aspect, to experience the methodology used by the author about
the eyes symbols in comparison exercise as a sign of representation and
meaning in two mythologies of ancient societies, Egyptian and Norse, and also
in a literature of the twentieth century, the english work of J. R. R. Tolkien's
"The Lord of the Rings."
Key words: Symbols; Evidential Paradigm; Signs; Mythology.

*
EMANUELLE GARCIA GOMES é graduada em História pela Universidade Federal de
Uberlândia (UFU) e mestranda pela mesma instituição.
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Baseamos esse artigo no paradigma de têm algo em comum: Morelli, Doyle e
um saber indiciário proposto por Carlo Freud tiveram formação em medicina e
Ginzburg em sua obra de título Mitos, para os três momentos citados, usaram
emblemas e sinais. Nele, o autor propõe da semiótica médica.
articular um método de conhecimento
cuja força está na observação do O objetivo dessa apresentação de
pormenor que pode ser revelado, mais Ginzburg é o do percorrer um caminho
do que apenas uma dedução sobre e pelos rastros chegar a alguma
algum aspecto investigativo. A constatação sobre algum contexto já
proposta é experimentar a metodologia ocorrido. O primeiro personagem que o
usada por Ginzburg a fim de fazer um autor aponta como uma espécie de
exercício de comparação do símbolo narrador de uma história é o caçador,
dos olhos como signo de que seguia as pistas para encontrar o
representatividade e significado em paradeiro do animal que perseguia.
duas mitologias de sociedades antigas e Além deste, também aponta o que
uma literatura do século XX. chama de paradigma divinatório: por
meio de adivinhações, sonhos ou sinais,
Partindo do pressuposto discutido no mesmo que fossem de cunho religioso,
texto Sinais. Raízes de um paradigma buscava-se chegar a interpretações de
indiciário (GINZBURG, 1989, p. 143 – uma determinada realidade. Os rastros
179) um dos capítulos do livro Mitos, que eram seguidos eram voltados para o
emblemas e Sinais, Ginzburg aplica o passado, mas o adivinhar sempre era
que ele chama de “paradigma projetado, com perspectiva ao futuro.
indiciário”, mostrando-o como mais que Indícios não deixam certeza, mas estes
um conceito, tratando do seu sinais seriam o ponto de partida, por
surgimento em um modelo assim dizer, de que poderiam apresentar
epistemológico de análise para a as possibilidades.
História.
O autor parte de uma abordagem muito Disso, pode-se concluir que sua
interessante, apontando três sujeitos de premissa é analisar pela física de
diferentes áreas: primeiramente um Galileu, algo que um contemporâneo do
artigo de Morelli, que articula a mesmo, Mancini, também divulgava:
identificação de originalidade das obras ele propunha saber o que os pacientes
de arte a partir de traços que são tinham apenas pela observação de seus
observados como característicos de um olhos. Mas é a partir de Galileu que o
quadro, e que passariam despercebidos indiciário perde o posto: não valeria
de um falsificador; Arthur Conan Doyle mais apresentar apenas as
e seu personagem Sherlock Holmes, sob possibilidades. Com o ápice das
a perspectiva do método investigativo ciências exatas, com os cálculos, as
de indícios imperceptíveis para estatísticas e as experiências em
solucionar casos de crime abordado por laboratório, as possibilidades menos
meio da literatura; e Sigmund Freud que regulares, eram descartadas. E não só
antes de ao método de investigação nas ciências exatas, mas também na
psicanalítica, teve como um dos literatura; as experiências tomam lugar
primeiros momentos de nos romances, em autores como Edgar
desenvolvimento da questão a leitura do Allan Poe, e principalmente nos
artigo de Morelli. Esses três autores não romances criminais, como os de Arthur
são citados a esmo por Ginzburg. Eles Conan Doyle.
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Se até aqui Ginzburg delimita o campo realidades interiores” (DAVIDSON,
da investigação histórica, na segunda 2004, p.7). Com essa afirmação,
parte ele fundamenta melhor esse podemos pensar então que as mitologias
processo, aplicando o paradigma não correspondem apenas ao campo da
indiciário. Ressalta os nomes, religião de um povo, mas podem dizer a
assinaturas e a distinção de respeito também das organizações
componentes nos sujeitos, a fim de sociais e da dimensão psicológica do
diferenciá-los entre si e para identificá- homem, sendo historicamente
los perante o Estado. Cita alguns elaboradas pelas sociedades ao longo do
autores que trabalharam para o tempo.
aprimoramento dessas formas de
diferenciação, como procedimentos As escolhas a serem analisadas aqui
minuciosos de medição do corpo – estão pautadas na simbologia dos olhos
como padrões de nariz que eram e se fundamentam em noções
catalogados e que legitimou o semelhantes em diferentes registros: os
preconceito perante a diferenciação dois primeiros, mitos de sociedades
biológica para identificar criminosos – antigas, assim como tem como intenção
até chegar em Galton, que apresentou a no exemplo, o outro buscado na
diferenciação que não seria mais literatura contemporânea de Tolkien. O
contestada: a impressão digital. Legendarium, termo que Tolkien usa
Com esse exercício de apontamento dos para designar o seu conjunto literário
indícios ele fecha sua análise lançando que foi elaborado, em sua maior parte,
luz sobre o modo como o paradigma no começo do século XX, propõe um
indiciário que acabou modelando as mundo fictício, com base na fantasia e
ciências humanas a partir da ideia de no mítico. O Legendarium é o termo
investigação dos pormenores. que assinala as obras que se iniciaram
por volta de 1910 e estendeu-se até
A tentativa então é de fazer um
1973, ano da morte do autor. O fruto de
exercício semelhante ao de Ginzburg,
seu trabalho literário de quase 7 décadas
no caso, baseando no paradigma
começou a ser explorado por leitores em
indiciário para pensar e comparar três
O Hobbit (1937), depois com O Senhor
noções diferentes que estão relacionadas
dos Anéis (1954-1955), As Aventuras de
à simbologia e o significado da
Tom Bombadil e outros versos do Livro
representação do “olho” em duas
Vermelho (1962), e os póstumos O
mitologias e uma literatura: primeiro
Silmarillion (1977), Contos Inacabados
caso escolhido da mitologia egípcia, o
de Númenor e da Terra-Média (1980),
outro da mitologia nórdica e, por fim,
12 volumes de The History of Middle-
um caso na literatura do autor inglês J.
Earth (1983-1996) e por fim, Os Filhos
R. R. Tolkien.
de Húrin (2007). O Legendarium faz
Para Hilda Davidson, estudiosa dos referência ao conteúdo e as temáticas
mitos escandinavos, a mitologia pode dos textos que estes livros compõem.
ser compreendida como “o comentário Em latim medieval, o termo designava o
de homens de uma era ou civilização conjunto de lendas especialmente
específica sobre os mistérios da relacionadas à vida dos santos. Portanto,
existência e da mente humanas, seu Tolkien tinha a intenção de indicar sua
modelo para um comportamento social literatura como um conjunto de lendas e
e a tentativa de definir, em histórias de mitos, no caso, de Arda, especialmente
deuses e demônios, sua percepção das a Terra-Média, buscando assemelhar-se
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com o proposto das mitologias antigas poder e proteção, e como amuleto era
abordadas nesse artigo, ainda que um dos mais importantes do Egito
mantendo-se no âmbito ficcional. Antigo para atrair força, vigor,
segurança e saúde. Hórus é o deus
Posto isto às claras, é possível partir
egípcio do sol nascente, representado
para a análise das três simbologias de
com uma cabeça de falcão. Essa forma
olhos escolhidas.
era a personificação da luz que
O Olho de Hórus rivalizava com o deus Seth, o deus da
A representação simbólica do olho na desordem e da violência. O “Olho de
mitologia egípcia, conhecido como Hórus” representa a integridade ou a
“Olho de Hórus” ou “udyat” significa totalidade.

Figura 1: O olho, Udyat


Fonte: DAHL, Jeff, 2007

Filho de Isis e Osíris, conta-se que o teria arrancado o olho direito de Hórus,
olho esquerdo de Hórus foi arrancado o qual foi substituído por um amuleto,
quando ele lutou contra seu tio Seth no que não lhe dava visão total, colocando
intuito de vingar-se da morte do pai, então também uma serpente sobre sua
Osíris. O olho foi lançado ao céu e cabeça. Depois da sua recuperação,
passou a ser a Lua. Troth – o deus da Hórus pôde organizar novos combates
cura – restituiu o olho ferido, cujo que o levaram à vitória decisiva sobre
processo levou 29 dias; justamente o Seth. 1
número de dias que levam as quatro as
Nos dias de hoje, o símbolo do olho de
fases da Lua. Desta forma, na lua nova
Hórus tornou-se um amuleto de
o olho está “mais machucado”,
proteção muitas vezes contra inveja ou
passando à minguante até a crescente, mau-olhado, assim como o olho grego –
quando ele está curado, voltando a ser
que é um talismã ao qual se atribui o
inteiro na lua cheia. Esses poderes poder de absorver as energias negativas
restauradores são revelados no mito de e o de proteção contra a inveja (usado
Osíris, e Hórus quando recebe seu olho há muito tempo em rituais islâmicos,
curado, oferece ao pai morto e pelo seu também foi adotado por católicos).
poder, ajuda a trazer Osíris de volta à
vida (MALLON, 2009, p. 12).
1
Segundo outra lenda, o olho esquerdo O Olho de Hórus. In: Fascínio Egito.
de Hórus simbolizava a Lua e o direito, Disponível em:
http://www.fascinioegito.sh06.com/olho.htm
o Sol. Durante uma luta, o deus Seth (Acesso em junho de 2015).
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Diversificado inclusive não como só Para obter a grande sabedoria que o
como amuleto, o olho de Hórus como tornou famoso, Odin foi pedir a
hieróglifo – o ankh –, simboliza a vida e Mimir, o guardião da fonte (que
é popular também como tatuagem. detinha todo o conhecimento do
passado e a definição do futuro)
O Olho de Odin para tomar um gole da mágica água
da sua fonte. Porém, Mimir se
Saindo da perspectiva de amuletos, do
recusou, a não ser que Odin fizesse
primeiro exemplo, passamos ao um sacrifício, ofertando um dos
seguinte de comparação, advindo da seus olhos. Odin não hesitou. Tanto
mitologia nórdica. Odin – também ele prezava o conhecimento que
conhecido como Wotan ou Woden –, o arrancou sem titubear-se seu olho,
Pai de Todos, considerado o deus que foi colocado por Mimir na
principal do panteão nórdico. Sua fonte, de onde continuou brilhando
natureza é por um tanto paradoxal e com um reflexo prateado. Como
complexa, pois seu papel é amplo; é simbolismo, o olho da fonte pode
considerado o deus da guerra, da ser considerado a lua, enquanto o
sabedoria e da morte e em menor escala, outro que restou, o sol, metáfora
que explica a ativação do poder
da magia, da vitória e da caça, bem
cognitivo e racional de Odinpor ele
como, deus da profecia. É também ter aberto mão da sensibilidade e
paradoxal, pois ele é o Senhor dos percepção lunar (FAUR, 2010, p.
juramentos e da traição, da 149).
invencibilidade e da morte, tanto das
certezas quanto é das dúvidas. Era um Assim, o sacrifício do ato levou Odin a
deus cultuado ao mesmo tempo, temido. alcançar o que mais almejava e se
tornaria uma de suas características
A principal característica de Odin é a principais de culto e admiração, a
sabedoria, mas ele não é retratado com sabedoria. Diferentemente do contexto
serenidade ou desprovido de inquietude, do olho de Hórus – que foi perdido em
pois tinha uma busca contínua de conflito com Seth – ele teve mais uma
conhecimento, em plena ascensão e dimensão de cura que de sacrifício. Mas
diversificação. Ele sacrifica a si mesmo em semelhante análise, ambos
para buscar o conhecimento das runas, comungam da simbologia da Lua; udyat
os rituais e a leitura que envolve as foi lançado aos céus e restituído por
mesmas. Ele pendurou-se durante nove Troth, tomou uma representação das
dias e nove noites na árvore Yggdrasill, fases da Lua. Em mesma instância, o
o freixo do mundo, visando iniciar-se na olho sacrificado de Odin foi colocado
sabedoria das runas. Além disso, abre na fonte, tomando a forma simbólica da
mão de um de seus olhos para poder Lua e o que havia restado, o Sol. Assim
beber da fonte de Mimir e percorre os ele o fez e dessa forma entende-se que
mundos para poder descobrir outros com isso ele tornou-se um ser capaz de
horizontes e habilidades adquirindo ver o mundo exterior com o olho
sabedoria ancestral do reino dos mortos. normal e compreender o mundo interior
Nosso foco é no mito da fonte de com seu olho removido.
Mimir:

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Figura 2: Odin sem seu olho esquerdo
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Manuscript_Odinn.jpg 2

2
Manuscrito islandês do século 18 sob os cuidados de Árni Magnússon no Instituto da Islândia.
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O Olho Maligno de Sauron Os chamados Anéis do Poder se
dividem em quatro tipos; e cada raça é
Por fim, no terceiro caso, trata-se de
contemplada com um conjunto de anéis.
uma obra literária contemporânea,
O primeiro conjunto, constituindo o
considerada uma das mais importantes
primeiro tipo, são Sete Anéis
do século XX, a obra máxima do
designados às sete Casas dos Anões.
Legendarium de J. R. R. Tolkien, O
Presume-se que cada casa recebeu um
Senhor dos Anéis.
anel, mas pouco se afirma sobre isso.
O Senhor dos Anéis foi escrito entre os Os Anões os usavam para aumentar
1937 e 1949 e publicado em três seus tesouros, e os anéis tornavam mais
volumes, A Sociedade do Anel, As Duas ricos aqueles que os possuíam. Pouco se
Torres e O Retorno do Rei nos anos sabe da procedência destes anéis,
1954 e 1955. O livro se ambienta em aparentemente perdidos. Acredita-se
um espaço imaginário, projetado por que quatro deles tinham sido destruídos
Tolkien, a Terra-Média como uma por dragões, um estaria perdido em
Europa mitológica, povoada por elfos, Moria e os dois remanescentes teriam
humanos, hobbits, anões e orcs. A sido tomados por Sauron. Estes objetos
história narra o conflito contra o mal, o atribuídos aos Anões não lhes davam
Senhor do Escuro, Sauron, estaria nenhum poder peculiar, como controlar
ressurgindo, promulgando que as raças suas mentes, nem mesmo os tornava
desse mundo lutem contra os seus invisíveis, nem estendiam a vida dos
aliados, especialmente, os orcs para possuidores, devido a traços
evitarem que o “Anel do Poder” volte às característicos dos Anões. Isso frustrava
mãos de seu criador. Sauron, mas certamente os Sete Anéis
Sauron era discípulo de Melkor, uma poderiam incitar a raiva e a ganância
espécie de anjo caído que tentou deles. Outro tipo de anel compõe o
rivalizar Eru Illúvatar – o deus da conjunto de Nove Anéis dados aos
mitologia criada por Tolkien – na homens. Estes fariam deles invisíveis
música de criação do mundo de Arda. quando usassem e, além disso,
Após muitos atos rebeldes, e com a sua prolongavam a vida dos possuidores.
queda, Sauron que era um mago Mais tarde, esse seria o triunfo de
corrompido pelo mal, tomou forma de controle de Sauron para com os Nove
espírito maligno e viveu muito tempo homens. Corrompidos pelo poder dos
no exílio. Incapaz de se tornar bom, aos Anéis eles se tornariam os Nâzgul,
poucos com intenções de prosperidade e Espectros do Anel, servidores mais
recuperação da Terra-Média, Sauron temidos de Sauron. O que se sabe destes
passou a espalhar sua influência pelas homens é que eram os grandes senhores
regiões da Terra-Média, a fim de de Númenor e nenhum nome deles é
conseguir um domínio supremo. Sob a especificado a não ser o líder o Rei-
forma de Annatar, o Senhor das Bruxo de Angmar.
Dádivas e dos Presentes, se aproximou
dos Noldor e amistosamente oferece Celebrimbor fez os Nove e os Sete
amizade e conselhos a esse povo élfico. Anéis com a ajuda direta de Sauron,
À Celebrimbor concede o conhecimento mas os Três Anéis élficos são os únicos
de forjar Anéis do Poder e em segredo, feitos apenas por Celebrimbor sozinho.
na terra de Mordor, ele cria o chamado Eles também são os únicos que possuem
“Um Anel” que dominaria e controlaria nomes, sendo estes o terceiro tipo de
os demais. anéis a que referimos: Narya, o Anel de
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Fogo – que ostentava uma pedra de Vilya e Narya ao elfo Gil-galad e Nenya
rubi; Nenya, o Anel da Água – feito de à Galadriel. Antes de morrer, Gil-galad
Mithril (um metal de máxima entregou Narya para Círdan e Vilya à
resistência) e ornado com uma pedra Elrond. Mais tarde, quando os Maiar (os
branca (possivelmente um diamante); e magos) “desceram” a Terra-Média,
Vilya, o Anel do Ar – o mais poderoso Círdan deu Narya a Gandalf que o
dentre os Três, feito de ouro com uma portou até o fim da Terceira Era.
pedra de safira. Celebrimbor concedeu

Figura 3: Olho de Sauron no topo da torre de Barad-dur


Fonte: LEE, Alan.

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Tudo isso para chegarmos ao quarto portões de Mordor. No fim do cerco,
tipo de anel, o Um Anel, forjado em houve um embate do próprio Sauron
Mordor no fogo da Montanha da que promulgou na luta do mesmo com
Perdição. O Um era apenas um anel de Elendil e depois com Isildur, que com
ouro com marcas escritas na língua os fragmentos da espada do pai
negra e em caligrafia élfica o arrancou o Um Anel da mão de Sauron
equivalente às frases: “Um Anel para a – que enfraquecido abandonou o corpo
todos governar, Um Anel para encontrá- e seu espírito fugiu. Isildur pegou o Um
los, Um Anel para a todos trazer, e na Anel e, corrompido, não o destruiu,
escuridão aprisioná-los”. Com ele, levando à suas terras, em Gondor.
Sauron governaria toda a Terra-Média, Numa emboscada, o Anel o traiu e se
como uma arma de manipulação e perdeu no fundo de um rio, sendo mais
subjugo. Sauron não toleraria liberdade tarde encontrado por dois hobbits, e um
que não fosse sua, persuadiria qualquer deles se tornaria a criatura Gollum –
um para dominar e manipular, corrompido pelo poder contido no Anel,
espalhando sombra e servidão. Sméagol se afeiçoou ao objeto levando
Conta-se que algum tempo depois elfos, uma subvida. Em O Hobbit, Tolkien
homens e anões fizeram uma última conta como outro hobbit – Bilbo
aliança para por fim nas investidas Bolseiro – encontra o Anel, perdido na
violentas de Sauron e marcharam até os caverna onde Gollum vivia.

Figura 4: Olho de Sauron


Fonte: HOWE, John, 2004.

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O Um Anel prolonga a vida de quem o metáfora do anel além de poder e
usa, e O Senhor dos Anéis parte daí, controle é interessante; o objeto recorre
com o 111º aniversário de Bilbo e a a meios difusos, seduz os seres de
herança que ele deixa ao sobrinho “bem” e os abandona ou os trai como se
Frodo: o Um Anel. Frodo parte do tivesse uma forma de personalidade e
Condado em missão de destruição antes por ter como senhor e feitos, Sauron o
que Sauron o encontre e então acontece, Um Anel obedece exclusivamente a ele.
entrementes, a Guerra do Anel. A

Figura 5: Olho de Sauron nos filmes dirigidos por Peter Jackson


Fonte: http://www.theonering.net/

O triunfo de Sauron era então a Ficou frio. (...) Ao norte, em meio


criação desse objeto controlador. aos seus buracos fétidos jaziam os
Mas, ao mesmo tempo em que era primeiros grandes outeiros e
sua glória, o Anel seria também a amontoados de escória, rocha
sua falha. Com ele, dominaria todos quebrada e terra arruinada, o
os povos livres da Terra-Média, vômito dos vermes que habitavam
tornar-se-ia o governante de tudo e Mordor; mas ao sul, agora já
todos. Assim era o plano do O próxima, assomava a grande
Senhor dos Anéis, mas sua queda se fortaleza de Cirith Gorgor, com o
daria exatamente pela destruição do Portão Negro no meio, tendo ao
mesmo. Sem ele, dizimava todas as lado as duas Torres dos Dentes,
possibilidades de recuperar sua altas e escuras. (...)
força física. Sem o Anel ele vagava
As duas enormes portas de ferro do
em espírito, sem forças, nutrido
Portão Negro sob seu arco sinistro
pela ainda existência do seu bem
estavam muito bem fechadas. Sobre
mais precioso. E aí, sem esta forma
a ameia nada se via. Estava tudo
– quando o Anel se separa dele – é
quieto, mas persistia a sensação de
que chegamos à metáfora do Olho
vigilância (...) (TOLKIEN, 2001, p.
de Sauron:
939).
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Esta vigilância constante refere-se além vigiado durante todo o tempo, sem que
dos seres malignos que rondavam veja o seu observador, nem saiba que
Mordor, também ao Olho Maligno de está a ser vigiado. Desta forma, se tem o
Sauron. Tolkien tratara essa metáfora controle e a disciplina.
como um olho onisciente, que tudo sabe
Se a máquina fosse de tal forma que
e vê. Esse Olho de Sauron também é
alguém estivesse fora dela ou só
apelidado de Grande Olho, Olho tivesse a responsabilidade de sua
Flamejante ou Olho Sem Pálpebra. Na gestão, o poder se identificaria a um
terceira especificamente, durante a homem e se voltaria a um poder de
Guerra do Anel, a presença de Sauron tipo monárquico. No panopticon,
era retratada como um grande olho cada um, de acordo com seu lugar,
vigilante. Sob essa perspectiva temos é vigiado por todos ou por alguns
várias razões de comparar essa metáfora outros; trata-se de um aparelho de
com as outras mitologias já comentadas desconfiança total e circulante, pois
e não só elas, também à teorias. Por não existe ponto absoluto. A
exemplo, o Panóptico, de Jeremy perfeição da vigilância é uma soma
de malevolência (FOUCAULT,
Bentham, que é um mecanismo de
1984, p. 220-221).
arquitetura, utilizado para o domínio da
distribuição de corpos em diversificadas Essa vigilância pode ser associada à
superfícies como prisões, manicômios, ideia de sacrifício presente nos mitos
escolas, fábricas. antigos, assim como “entregar” a vida
ao poder disciplinar seria uma espécie
O Panóptico era um edifício circular, no de sacrifício dos tempos modernos,
meio do qual havia um pátio com uma conforme veremos adiante.
torre no centro. Este anel dividia-se em Na literatura, a vigilância constante de
pequenas celas que davam tanto para a Sauron pelo grande olho se torna uma
área interior quanto para a exterior. Em ideia de domínio malévolo durante a
cada uma dessas pequenas celas, havia, busca de seu objeto de poder, o Um
segundo o objetivo da instituição seja Anel, assim delimitando suas armas.
ela qual fosse, uma criança aprendendo Não que ele tomasse a forma única de
a escrever, um operário a trabalhar, um um grande olho postado no alto de uma
prisioneiro a ser disciplinado, um louco torre. No livro, as indicações são
tentando tratar-se de sua loucura, etc. metafóricas mesmo, como destacamos
Nesta torre haveria um vigilante. Como nos trechos a seguir. No primeiro caso,
cada cela dava ao mesmo tempo para o quando Frodo foge da cobiça pelo Anel,
interior e para o exterior, o olhar do de Boromir:
vigilante podia atravessar toda a cela;
não havia nenhum ponto de sombra e, (...) o Anel agia sobre ele. (...)
então, tudo o que o indivíduo fazia muralhas e mais muralhas,
estava exposto a certo olhar de um parapeito sobre parapeito, negra,
vigilante que observava através de incomensuravelmente forte,
montanha de ferro, portão de aço,
persianas, de locais semiabertos de
torre de diamante, ele a viu: Barad-
modo a poder ver tudo sem que
dûr, a Fortaleza de Sauron. (...) E,
ninguém ao contrário pudesse vê-lo. O de repente, sentiu o Olho. Havia um
Panóptico corresponde à observação olho na Torre Escura que nunca
total, uma investida integral por parte dormia. Frodo sabia que ele tinha
do poder disciplinador na vida de um percebido seu olhar. Uma
indivíduo. Este indivíduo passa a ser determinação feroz e ávida estava
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nele. Saltou na direção de Frodo, perspectivas que se assemelham. Tanto
que quase como um dedo o sentiu, o “Olho de Hórus” como o “Olho de
procurando-o (TOLKIEN, 2001, p. Odin” possuem lendas, em ambos o
418-419.). olho “perdido” ou “sacrificado” é o olho
Abaixo, quando Sam observa Frodo a esquerdo, passa a representar a Lua,
caminho da Montanha da Perdição: enquanto o que permanece com os
personagens, torna-se representativo de
Sam notara como a mão esquerda Sol. Se em um caso – o udyat – o olho
do mestre sempre se levantava, perdido em conflitos toma perspectiva
como se para desviar de um golpe,
de cura, e amuleto, o de Odin também
ou para proteger seus olhos do
terrível Olho que procurava
torna-se um amuleto, na simbologia e
penetrá-los (TOLKIEN, 2001, p. na atribuição de sacrifício por um bem
991). maior. Um bem maior: no caso de
Hórus, o retorno do pai, Osíris, à vida;
E por fim, quando Sam e Frodo ainda para Odin, o sacrifício em nome da
caminhavam na trilha da entrada na sabedoria.
Montanha:
(...) então ele viu, erguendo-se Numa perspectiva mais espiritual,
negros, mais negros e escuros que simbólica e de certa forma, também de
as vastas sombras em meio às quais sacrifício, é a metáfora do “Olho de
estavam, os cruéis pináculos e a Sauron” onisciente: Após sua queda,
coroa de ferro mais alta de Barad- Sauron perde seu bem mais precioso,
Dûr. Durante um momento fugaz, grande objeto que contém boa parte – se
como se emitida de alguma grande não o todo – do poder contido em si. A
janela incomensuravelmente alta,
destruição do Um Anel levaria a sua
cortou o céu ao norte uma chama
vermelha, o faiscar de um olho plena derrota e ele jamais retornaria.
penetrante; depois as sobras se Fraco, o olho procurava
adensaram de novo e a terrível incansavelmente e clamava pelo retorno
visão foi removida. O Olho não do objeto – era o sacrifício a ser feito,
estava voltado para eles: olhava ser reduzido a um elemento quase sem
para o norte, onde os Capitães do vida, apenas um olho vigilante (que no
Oeste estavam encurralados, e para filme, toma forma no topo de uma torre)
lá voltava agora toda a sua maldade para a procura de seu bem mais
(...) mas Frodo, diante daquela precioso.
rápida visão, sentiu-se como
alguém golpeado mortalmente.
(TOLKIEN, 2001, p. 998) Na literatura de Tolkien isso soa poético
e até sutil. Nos filmes - de 2001, 2002 e
A persistente sensação de observação, 2003, dirigidos por Peter Jackson - um
do Olho sem Pálpebras que estava à grande olho avermelhado no topo da
procura daquilo que reuniria as forças torre principal de Mordor, trás a nós um
para que Sauron deixasse de ser uma melhor vislumbre da vigilância que ele
sombra fraca e vagante: o Um Anel. executa. O Um Anel tem poderes
mágicos, fazendo com quem o usa
Análise comparativa dos três
desaparecer aos olhos dos presentes,
exemplos
ficarem invisíveis. Quando o colocava,
Comparativamente, essas três Frodo entra na escuridão do poder deste
representações de olhos têm muito a Anel, e vê e escuta Sauron clamando
dizer, uma vez que possuem por ele, que tenta o persuadir para que o
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Anel chegue até ele, fazendo-o A presença desses amuletos, como o
recuperar as forças e a forma humana. olho de Hórus, de Odin em pingentes e
tatuados nos corpos das pessoas são o
Para esse aspecto, J. R. R. Tolkien,
indicativo dessa ainda presente crença
apresenta em seu ensaio – cujo título é
nesses mitos, ou mesmo de um
Sobre Histórias de Fadas – uma tese
resignificado do símbolo, mesmo
sobre mitologia e literatura como
estando em tempos cuja ciência é
conceitos que vão contra a noção de
fortemente parâmetro crível para os
alegoria e estão muito mais próximas à
mistérios da vida. A literatura seria um
noção de símbolo, ou seja, uma
meio privilegiado para se perceber isso
proximidade à interpretação da
também, assim como, por exemplo, “a
mitologia e das histórias de fadas como
paixão moderna pelos romances trai o
uma interpretação estética. Se Tolkien
desejo de ouvir o maior número
vai contra essa noção de alegoria e se
possível de ‘histórias mitológicas’
próxima da de símbolo, podemos
dessacralizadas ou simplesmente
associá-la à maneira como alguns
camufladas sob formas ‘profanas’”
autores entendem as mitologias das
(ELIADE, 1972, p. 133). Já para Joseph
sociedades antigas – aqui presentes, a
Campbell, famoso mitólogo, “o artista é
egípcia e a nórdica.
aquele que transmite os mitos hoje”
Considerações finais (CAMPBELL, 1990, p. 105). De acordo
com ele, é possível que novos conjuntos
A partir do texto Sinais. Raízes de um
de mitologias sejam elaborados, por
paradigma indiciário de Carlo
meio da literatura, mas por ela, como
Ginzburg, pudemos analisar os indícios
também por meio das artes em geral.
simbólicos dos olhos nessas vertentes e
Seria isso então uma particularidade de
fazer uma comparação com e entre elas.
nosso momento histórico, onde, apesar
Nos dois mitos, egípcio e nórdico, as
do desencantamento do mundo, a
semelhanças das lendas perpassam e
necessidade do mito persistiria, e assim,
entrelaçam, sem que, no entanto,
a arte assumiria uma função mitológica.
existam fontes que comprovem o
Portanto, surgem, “não uma, ou mesmo
contato de uma com a outra, ou mesmo,
duas ou três, mas uma galáxia de
uma influência dentre elas.
mitologias – tantas, poderia se dizer,
Para Mircea Eliade, os domínios do quanto a multidão de seu gênios”
mito e do sagrado são instâncias (CAMPBELL, 2010, p. 19). Essa forma
ontológicas do homem, de modo que na qual o mito “reaparece” é definida
mesmo que as sociedades ocidentais por ele como mitologia criativa:
tenham se anunciado laicas e muito
intelectualizadas, ainda é possível No contexto de uma mitologia
identificar nelas alguns traços de mitos tradicional os símbolos apresentam-
e lendas: se em ritos socialmente preservados
[...] No que chamo “mitologia
Alguns ‘comportamentos míticos’
criativa”, por outro lado, essa
ainda sobrevivem sob os nossos
ordem se inverte: o indivíduo tem
olhos. Não que se trate de
uma experiência própria – de
‘sobrevivências’ de uma
ordem, horror, beleza, ou até de
mentalidade arcaica. Mas alguns
mera alegria – que procura
aspectos e funções do pensamento
transmitir mediante sinais; e se sua
mítico são constituintes do ser
vivência teve alguma profundidade
humano. (ELIADE, 1972, p. 127)
e significado, sua comunicação terá
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o valor e a força de um mito vivo asas dos querubins e dos serafins
(CAMPBELL, 2010, p. 20). indicam a força de penetração de
seus conhecimentos. Sempre se
Uma característica do símbolo é que o atribuiu Às representações de olhos
mesmo contém sempre muitos um efeito mágico e protetor
significados e pelos indícios que foi (LEXIKON, 1978, p. 148).
analisado neste trabalho, a busca foi –
por meio da comparação entre elas – Uma reflexão que cabe entre os três
mostrar as semelhanças de usos do olho exemplos é a ligação entre eles: o
em diferentes meios, que os tornaram “sacrifício” nos três mitos é uma
um símbolo, guardados de suas “característica” que os perpassa.
especificações, mas como conceitos que Inclusive a questão do indício, que o
postos lado a lado, se tornam únicos. presente artigo sugere ser um mote é o
Prova disso é pesquisa sobre estes encontro dos três com essa permanência
signos, apurando o que exatamente “o do sentido de sacrificar-se por algo:
olho” significa em um dicionário de Udyat, o olho de Hórus foi arrancado
símbolos: em luta por vingança da morte do pai e
é transformado na Lua. Após tê-lo
Por ser o órgão principal da restaurado, o olho é oferecido ao pai,
percepção, o olho está estritamente que volta à vida. O Olho de Odin foi
li gado ao simbolismo da luz, do
concedido à Mimir em troca de um gole
Sol e do espírito. Simboliza a visão
espiritual, mas é também – como da fonte do conhecimento. O olho é
“espelho da alma” – instrumento da atirado na fonte e passa a ser também a
expressão psicoespiritual. O olho Lua, enquanto o que restou, é o Sol.
direito foi associado muitas vezes à Metaforicamente falando, os olhos
atividade, ao futuro e ao Sol; o representam os poderes cognitivo e
esquerdo, à passividade, ao passado racional alcançados por Odin, no
e à Lua. O budismo vê o terceiro sacrifício. Enquanto na literatura de
olho como um símbolo de visão Tolkien, a situação se dá de uma forma
interior. Na Antiguidade, ele é um tanto diversa: Sauron perde o Anel e
encontrado frequentemente na o poder que ele carrega para se tornar o
qualidade de símbolo da divindade
ser que subjuga todos os seres da Terra-
solar. Um amuleto muito difundido
no Egito era assim o chamado olho Média. Quando Isildur corta o anel de
Udjat, o olho de falcão Horo, o sua mão, Sauron perde as forças,
deus celeste que aparece apoiado deixando a forma humana, passando a
em um cetro semelhante a um ser um espírito que se protege e se
bastão curvo; o olho simboliza a refugia em suas terras maléficas. Mas lá
visão ampla e a onisciência; o cetro ainda permanece um grande olho que
o soberano, e o amuleto inteiro tudo vê e sabe que – nutrido pelo desejo
concedia a invulnerabilidade e a de retomar o poder e a posse do objeto –
fecundidade eterna. Na Bíblia, o se mantém vigilante até encontrar sinais
olho aparece como o símbolo de de seu paradeiro.
onisciência, vigilância e
onipresença protetora de Deus. Na
iconografia cristã, um olho
A proposta de cruzar as informações
envolvido pelos raios de sol simbólicas da mitologia egípcia e
significa Deus; um olho na mão de nórdica, mais a referência na literatura
Deus, a sabedoria divina e criadora; de Tolkien – ainda que superficial –
um olho no triângulo, Deus-Pai na além ser possível como fontes – mesmo
Santíssima Trindade. Os olhos nas que tenha um caráter de incompleto –
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são informações das quais se encaixam FAUR, Mirella. Ragnarök: O Crepúsculo dos
nos indícios que propõe Ginzburg e Deuses. Uma Introdução à Mitologia Nórdica.
São Paulo: Cultrix, 2010.
podem servir como exercício para
cruzamentos de outras fontes, mais FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder.
Organização e tradução: Roberto Machado. Rio
amplas e com propósito mais densos.
de Janeiro: Edições Graal, 4ª ed., 1984.
No caso aqui apresentado, as
semelhanças encontradas e colocadas GINZBURG, Carlo. Mitos, emblemas, sinais:
morfologia e história. Tradução: Federico
lado a lado, podem conferir Carotti. São Paulo: Companhia das Letras,
sobrevivências quase atemporais, das 1989.
quais seria impossível encontrar
JUNG, Carl. G. O espírito na arte e na ciência.
“provas”, quanto mais em um breve Trad. de Maria de Moraes Barros.
artigo. Mas, uma vez encontrada as Petrópolis:Vozes, 1985.
diferenças entre elas, trazem ao
LEXIKON. Herder. Dicionário de Símbolos.
pensamento mais elementos sobre a Tradução de Erlon José Paschoal. Editora
especificidade de cada uma, que podem Cultrix, São Paulo: 1978.
levar à autores como meio de diálogo e MALLON, Brenda. Os Símbolos Místicos. Um
reflexão. guia completo dos símbolos e sinais mágicos e
sagrados. Símbolos de Antigas Civilizações e
Religiosos. 1º Edição, V.I, São Paulo: Larousse,
Referências 2009.

CAMPBELL, Joseph. As Máscaras de Deus, O Olho de Hórus. In: Fascínio Egito. Disponível
Vol.4: Mitologia Criativa. São Paulo: Palas em:
Athena, 2010. http://www.fascinioegito.sh06.com/olho.htm .
Acesso em: 15 jun. 2015.
CAMPBELL, Joseph. O poder do mito. Trad. de
Carlos Felipe Moisés. São Paulo: Palas Athena, TOLKIEN, J. R. R. O Senhor dos Anéis.
1990. Tradução: Lenita Maria Rímoli Esteves, Almiro
Pisetta. 1. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
DAVIDSON, H. Ellis. Deuses e mitos do Norte
da Europa. Trad. De Marcos Malvezzi Leal.
São Paulo: Madras, 2004. Recebido em 2016-09-02
ELIADE, Mircea. Mito e Realidade. 6ªed. Trad. Publicado em 2017-06-07
de Pola Civelli. São Paulo: Ed. Perspectivas,
1972.

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