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José Régio
“Vem por aqui” – dizem-me alguns com olhos doces, Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Estendendo-me os braços, e seguros Todos tiveram pai, todos tiveram mãe.
De que seria bom que eu os ouvisse Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Quando me dizem: “vem por aqui”! Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos meus olhos, ironias e cansaços) Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
E cruzo os braços, Ninguém me peça definições!
E nunca vou por ali... Ninguém me diga: “vem por aqui”!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
A minha glória é esta: É uma onda que se alevantou.
Criar desumanidade! É um átomo a mais que se animou...
Não acompanhar ninguém. Não sei por onde vou,
– Que eu vivo com o mesmo sem-vontade Não sei para onde vou,
Com que rasguei o ventre a minha Mãe. – Sei que não vou por aí!