Você está na página 1de 30
REVISTA BRASILEIRA DE CIENCIAS CRIMINAIS Ano 27 vol. 156 ® jun. / 2019, Instituto Bra de Ciéncias Criminais REVISTA DOS TRIBUNAIS” THOMSON REUTERS Eitoriae p Alegre Para atém 00 BARD: uma critica A CRESCENTE ADOCAO DO STANDARD DE PROVA “PARA ALEM DE TODA A DUVIDA RAZOAVEL" NO PROCESO PENAL BRASILEIRO EVALUATION OF THE ADOPT BLE DOUBT OF PROOF IN BRAZILIAN CRIMI TICE SYSTEM ‘AS THE STANI tora em Direto ersitat de Girona, Espana. Meste © 6 < amento de Teoria do Diteta da FNDIUF ie Sou- D 1octitco de Direito da OABIR).Co-lder do Grupo ais (OREAT, da FNDIUFR). Professors convidada de Lean 580 Penal e Garant ANTONI Vieiwa sana. Professor de Processo io Salvador (BA), Membro Fundadore ex-pesidente do IBADPP idado dos cursos de especilizagdo em Diritae Processo Penal da ABDCONS tba eProcesso Penal e Garantias Fundamentais da ABDCONST - Rio de Janeiro. antonio @vieraadvcom b Autores convidados, Aaeas v0 Dinero: Pro Resuwo: presente artigo Asstacr: This paper presents 3 critical analy lise erica 4 on the adoption of the US standard of nse coninecido known as "beyond a reasonable doubt sve by the Brazilian justice sytem, Contrary to t practice of Breziian operators and its js prudence, including that of judges, p attorneys, the BARD is nat perce fequate solution to reducing legal i Pravnas-cuaves Processo peral ~ Stondor aos: Criminal procedure ~ prove - Prova alr de toda divida razodvel - ~ Proaf bey reasonable Subjetvisme = lracional sm ~ lrationalty ~ Rational theory of clonal da pr Evidentia legal reasoning Sunda: 1. 2. al). 3. Sobre standards de pro ncias do contexta pro 4.0 BARI "I 4.1.0 BARD e seu tratamento pelos tibunas brasle- 42. 0 BARD & 5 8, Referencias bibiografeas 1. Intropugio a tem sido, nos tiltimos anos, cada vez mais comum quando se discorre sobre temas probatérios, no ambito do direito processual brasileiro. De fato, tanto na doutrina como na praxis forense, cada v A referéncia ao term standard de prov Iais autores e operadores juridicos recorrem a expressao para designar critérios de suficiencia probatéria, os quais, no campo do processo penal, permitiriam sa- ber quando ha prova suficiente para proferir uma decisto condenatsria e quan- sbsolver o réu por nao haver do, pelo contrario, estaria 0 magistrado obrigado a alcancado um minimo probatério necessario para a desfecho de condena¢ito. No entanto, a despeito desse aumento no numero de referencia s, parece nao haver pleno dominio ~ quer pelos doutrinadores, quer por magistrados, membros do ministério publico, defensores etc. — do que seja efetivamente um standard probatério e, principalmente, qual funcao ele cumpre (ou deve- ria cumprir) no campo do processo judicial. Dai vir chamando atengao 0 mo- do como tem ganhado forca, no Brasil de hoje, 0 standard de prova classico do processo penal estadunide! ra em adiante, BARD); 0 qt a duvida razoavel Independentemente des sar 0 “para além de toda a certo modismo, ist debatido, em termos deraci cos, Em certa medida, é con 6, jé garantisse racionalida subjetivismos e dos caprich Evidentemente, nao €b istencia de prova traz consigo qualquer garan ¢ valoracao racional duivida razodvel nao assegu tenha atendido um standan sos penais. O fato € que, no Brasil, ¢ em parte da doutrina e dos de origem anglo-saxa umae 0s problemas que as discuss em relagao ao BARD tem feit nologi pouco ou quase ng epistemélogos, filésofos ju Assi im, enquanto em ow torno do desafio de elabora ao entre elaboracao, compr juridico interno, mais uma acritico de institutos caracte As meng6es ao BARD cot gio do processo de american 1. A expressio foi usada por a década de 1970, em rela hechos. 2. ed. Madrid: Trou 2. Comoexplica Langer, desd daGuerra Fria, osistemale, Dovran processo penal estadunidense de raemadiant ominado beyond a reasonable doubt (de ago- BARD); o que entre nés foi traduzido como “para além de toda fo oot oe a divida razodve E reasons to call Independentemente de que se esteja em dia com o significado da expressao, “para al n de toda a duivida razoavel”, em tempos atuais, soa como um certo modismo, isto é, uma maneira de parecer up to date! com o que vem sendo debatido, em termos de raciocinio probatorio, em outros paisese sistemas juridi- cos. Em certa medida, € como se a mera presenca discursiv 6, jf garantisse racionalidade a decisao, sendo cap: subjetivismos e dos caprichos judiciais, context of ada expressio, por si le livra-la dos perigos dos Evidentemente, nio é bem assim qui coisas funcionam. A simples refe lém da diivida razoavel em uma sentenga nao pro- além da sla prova que com suliciéncia ete, como deve ocorrer nos proces- isténcia de Tova pa traz consigo qualquer garantia de quea decisio tenha sido tomada apos u cesso de valoragao racional da prova. A men clo a existencia de prov diivida razoavel nao assegura que realmente e tenha atendido um standard de prova exig. sos penais, O fato é que, no Brasil, 0 BAI em parte da doutrina e do de ori RD vem produzindo um certo “encantamento operadores juridicos, que aparenta ver no standard n anglo-saxa uma espécie de panaceia, com aptidao para resolver todos os problemas que as discussées probatorias suscitem, O entusiasmo exagerado em relacao ao BARD tem feito com que, espeito da crescente circulagao termi- noldgica, pouco ou quase nada se discuta em rela¢ ’o as criticas que importantes epistemologos, filésofos ¢ juristas, mundo a fora, tem dirigido a0 BARD. desenvolver torno do desafio de elaboragéo de um standard de prova inos, cada vez 3 do direito nse, cada vez Assim, enquanto em outros sistemas juridico: e debates em objetivo, dada distin- }o eaplicagao de standards de prova, no cenario Juridico interno, mais uma vez, o que observamos so os perigos do transplante acritico de institutos caracteristicos de outras matrizes juridi cao entre elaboragao, compreensai jgnar critérios irmitiriam sa- ico-culturais, storia ¢ quan- As mengdes ao BARD correm 0 risco de significarem apenas outra manifest sao do processo de americanizacdo? do nosso sistema jurfdico, proces or nao haver este que inclenacao. Incias, parece imagistrados, 1. Aexpressao foi usada por Taruffo para tratar do fendu 1 década de 1970, em relacdo ao bayesianismo (TARUTF Trott, 2005. p. 194-195} semelhante, ocorrido ap Michele. La prueba de los lefetivamente re (ou deve- 1¢40 0 mo 2. Comocxplica anger, desde final da Segunda Guerrae, principal wente,apartirdofim stados Unidosse tornouo maisinfluentedo mundo, a clissico do daGuerra ria, osistema egal do contribu para que institutos e categorias jurtdicas tipicas dos EUA sejam impor- tadas a realidade brasileira sem a devida cautela ou sem a necessaria traducao. A consequéncia indesejavel de tudo isso & que o BARD acabe sendo utiliz: do no sistema de justica criminal brasileiro para cumprir papel diametralmente ‘oposto daquele que seria o esperavel. O perigo para o qual queremos sinalizai que o BARD termine do aservir como um elemento puramente retorico de justificat juncionando como um “anti-standard” de prova, 10 das decisoes, em nada diminuindo os espacos de subjetivismo, de discricionar ou mes ‘mo de arbitrariedade que precisamente se quer evitar a partir da adocao de um modelo racionalista de prova (o qual recorte a um standard justamente por reco- yentaro controle intersubjetivo da nhecer-Ihe como instrumento capaz de incre decisdes judiciais) Motivados por essa eocupagdes, 0 presente artigo preten anilisecriticado BARD eda forma como esse standard vem sendo aplicad: Bra sil, Para tanto, no item 2 apresentaremos a definigao e a funcao dos standards, de modoa esclarecer seus tracos caracteristicos bem como as situacdes paraas quais es reservam a formulagao de stan 08 responséveis pelo desenho das instituicé dards. A continu: Nele, o leitor encontraré a justificagao subjacente a imp dards probatérios mais conhecidos (entre eles, do BARD). F oferece um relato do estado de coisas referente ao BARD no cenatio brasile ro, Ficars claro ao leitor que, a despeito de sua crescente notoriedade, a simples mengao a “prova além de toda duivida razoavel” nao tem contribuido para um cenatio de avangos no que se refere as garantias dos jurisdicionados. No item 5. item 3 concentra-se nos standards em matéria probatéria, mentacao dos stan almente, o item 4 apresentaremos a nossa conclusao, 2. Do CONCEITO E DA FUNCAO ESPERADA DE UM STANDARD (EM GERAL) Se nos vollamos as estratégias normativas presentes nos mais diversos siste- mas juridicos, sera possivel detectar a presenca de normas ora formuladas me os—estas iltimascom bordas diante termos mais precisos, ora em termos mais vag le aplicacdo mais indefinidas e que requerem mais trabalho para determinar se 0 passando a inspirar, de diversas maneiras, 0s sistemas juridic fenomeno dew luy (LANGER, Maximo. From legal transplants to ining and the americanization thesis in criminal procedure. Harvard Interna Journal. 45,1. 1, 2004. p. 1) uum processo que costuma ser denominado de america > ent sob exame cai d até o limite de velocidade goes distintas (muito embo: seja reconduzivel a preocug estd presente nas regras jur tea formulagao dos chamad mentagao do propésito deg As regras sio estratégias €liberar os agentes do peso ximo permitido, a regra de de uma série de considerage comportame que a regra tem um modo ¢ pre maa ele. No exemplo da te cende implementar algu limite de velocidade é sulic) podendo o aplicador, em «i riscos efetivamente causad notoria habilidade para dir) berd a multa por ter dirigid de risco concreto a integrid valorda regra é que, em lon, serve ao propésito de s regra g que prejudicial a persecuga re alguns resultados 3. SULLIVAN, K.M.; AMAR ¥.106, 1992. p, 63: "Rules zing the elaborate, time-c ples to facts Como argumento a favor aggregate, even if that requ makers think is the right likea lawyer: anew introde Press, 2009, p, 212), 5, Isso éoque Schauer denon incidéncia quando compa mentar; ¢ subinclusiva qua aval de prova revta Brsiorade Cer pjam impor: traducao, indo utiliza: petralmente ova, passan: jas decisoes, lade oun Jocao de um te por reco: psubjetivoda pferecer uma ficado no Bra- standards, de $para as quais jacio de stan- ja probatéria. a0 dos stan nie, o item + pari brasilei- pce, a simples judo para um ps. No item 5, p ceRAl) iversos siste- rmuladas m tros paises. Esse obalization of eS caso entdo sob exame cai dentro ou fora da area de incidencia da norma. Dirigir ‘até o limite de velocidade de 80 kth” e “d rigir prudentemente” s4o formula. (es distintas (muito embora possamos reconhecer que o fundamento de ambas seja reconduzivel a preocupagao com a seguranga das pessoas). A primeira delas esti presente nas regras juridicas, enquanto que a segunda se expressa median tea formulacao dos chamados standards, Sto estratégias diferentes para a imple- mentagao do propésito de garantira seguranga das pessoas. As regras so estrat ias pensadas pa 8 a situacdes nas quais 0 que se pretende €liberar osagentes do peso da reflextio n decisoes futuras®, Ao estipular o ma ximo permitido, a regra de transito, por exemplo, livra seus futuros aplic: deuma série de consideragoes. Paraa suaaplicacao, ésuficiente a verificacao da ocorrencia do comportamento presente em seu predicado fatico. E € assim por- que a regra tem um modo caracteristico de implementar seu propésito: a regra pretende implementar algum propésito, mas, para isso, reconhece-se aut maa ele, No exemplo da regra de transito, a verificagao de conducao acima do limite de velocidade € suliciente para aplicacao da consequé ia juridica, nao podendo o aplicador, em cada caso individual, colocar-se a refletir acerca dos riscos efetivamente causados por cada motorista. Um piloto de Formula 1 com notoria habilidade para dirigit com seguranca mesmo em alta velocidade rece- be or ter dirigido acima do limite permitido. Pouco importa falta de risco concreto a integridade fisica que a conduta dele tenha representado. O valor da regra é que, em longo prazo e na consideravel maior parte dos casos, ela serve ao propdsito de se gatantir a integridade fisica das pessoas. Mesmo que a regra gerealguns resultados injustos, no cémputo tot mule p a regra € mais benéfica’ que prejudicial & persecugao de determinado propésito®, Ad nais, nao se pode SULLIVAN, K.M.; AMAR, A, R. The Supreme Court, 1991 Term. Harvand Law Review ¥: 106, 1992. p. 63: “Rules promote economies forthe legal decisionmaker by minima: 2ing the elaborate, time-consuming, and repetitive application of background princi ples to facts #. Como argumento a favor das regras, elas serve a realizar “the greatest good in the aggregate, even if that requires giving up the aspiration to do what particular de ‘makers think is the right thing in particular cases" (SCHAUER, Frederick. Thinking likea lawyer: a new introduction to legal reasoning, Massachussets: Harvard University Press, 2009. p.212) 5. Isso ¢o que Schauer denomina de subotimidad das regras. Toda regr potencialmente iusiva:¢ sobreinclusiva quando inchui mais do que deveria em sua area de incidéncia quando comparamos esta ultima ao propdsito que a regra pretend ‘mentat;€ subinclusiva quando incl n sobre e subi 226 Revista Brass Nous Cannas 2019 # RBCCRid 156 esquecer a consideravel vantagem de previsibilidade® quanto aos resultados fu- dado que o standard preteng ne das especificidades dos caso turos que a regra apres sobre os casos futuros*, Por sua vez, o standard representa um tipo de estratégia normativa di te, Ao fa mais div rem uso de termos vagos na formulacao normativa, os arquitetos dos sos sistemas juridicos objetivam garantir espaco a discricionariedade 3. SOBRE STANDARDS DE | dos aplicadores. A vagueza faz com que a area de incidéncia do standard seja me- CONTEMPORANEO nos definida do que a area de incidencia da regra. E, assim, o standard tem capacidade de ser mais sensivel em cada caso em que sua aplicacao seja posta A partir dessas considera gra pretende garantir determinado proposito desco: 0 da formulacao de stand je fundamento ao dos sistemas juridicos cont em questéo. Enquanto a ragdes politico-morais que Ihe serviram Jando-se das consi¢ sua formulacao, o standard representa um convite permanente are. compatibilizar a valoracao k sget. Nao por outra razio, cionalidade das decisoes ju momento flexes sobre a realizacao do proposito que ele visa prot excluir da punigao o piloto de Férmu- garantir ao julgador liberda a 1 que no nosso & 0 km/h. Verificando a habilida: plica anuencia ao subjetivis de do piloto de conduzir com seguranga mesmo em alta velocidade, 0 aplicador preocupacao em nos distane interpreta 0 caso individual com da multa, Fica claro que o standard representa uma porta aberta a0 exercicio in- telectual do aplicador sobre quais comportamentos, nos casos individuais, re- presentam ameaca ao propésito que visa protege estratégia mais justa para os casos concretos, pois sempre resguarda ao agente como alternativa critica a irn discricionariedade para analisar 0 caso individual e suas especificidades tendo o to, nao ha defesa racional po ral eabstrato, as provas. Parg o standard “dirija prudentemente” pod mplo conduzia a mais de conforme ao standard e, por isso mesmo, livre das provas tarifadas, mas na nides intimas dos juizes. No do por dois movimentos cor O standard pretende ser uma Num primeiro momento propésito parao qual foicriado’. Como desvantagem quando comparadoa re mesmo fato nem torna taisal ridoo fato narrado; que uma namente correspondente a determinacao dos fatos indi decisdes injustase irraciona ficar no exemplo da regra de transito: ¢ sob formula 1 mesmo que ele nao tenha colocado em risco a integrid cidadaos, a0 mesmo tempo em que ¢ subinclusiva 20 deixar de punir alguém que dirt- (oes esputrias* de acordo con ge centro do limite de velocidade mas olha para os outdoors dispostos no caminho. A dade,a declaracao de duas pt respeito da sobre e subinclusividade das regras, ver SCHAUER, F Playing by the rules: a contrastassea decane Philosophical examination of rule-based decision-making in law and in life. Claredon trastasseadeclaragaiay Press, 1991. p.31-34;p. 1495 vesse explicacto diversa pag 6. Sobre a previsibilidade produzida pela regra, ver SULLIVAN, KM, Amar, A. R. The Supreme Court, 1991 Term, Harvard Law Review, v. 108, 19 [J rules affor —_ —- ertainty and predictabilityte actors, enabling them to order their affairs productively ssubstantivelyalike. [J Th Sobee os argumentos comumente apresentados a favor dos standards, ver SULLIVAN, altar of ules, notwithstand K.M.; Amar, A. R. The Supreme Court, 1991 Term, Harvard Law Review, v. 106, 1992, 8. As panicularidades relevar p. 66; “If fairness consists of treating like cases alike, then there is na argument that clo contrario, seria wma reg standards ate fairer than rules. Rule-based decisionmaking suppresses relevant simi o. A expressio € de Schauer ( Fs to treat like cases that are Ty iva Tid BARD a cite jtados fu- bdiferen: 10s dos pariedade fsejame- ard tem a jcja posta to desco: mento ao jenteare- E Formu- fhabilida. aplicador smo, livre : pricio in- Hluais, re- bo agente bs tendoo Boa regra, penta. Para piloto de Bes deat pn que dit minho. A Claredon 3. The es aor ptuctively LLIVAN jament th ps tha ae Down 227 dado que o standard pretende oferecer uma pluralidade de respostas as especificidades d ender ertezase imprevisibilidade ‘casos individuais,é fonte sobre os casos futuros 3. SoBre sTanpaR CONTEMPORANEO DE PROV AS EXIGENCIAS DO CONTEXTO PROBATORIO A partir dessas consideracdes conceituais, ¢ possivel compreender a justifica- da formulacao de standards probat6rios para o contexto da decisio judicial dos sistemas juridicos contemporaneos. Trata-se de uma estratégia que busca compatibilizar a valoracao livre das provas com a necessidade de controlar a ra- lidade das decisoes judiciais. Se atualmente se entende que ¢ importante garantir ao julg dor liberdade no que tange a valoragao probatoria, isso nao in plica anuencia ao subjetivismo. Dizer que a valoragao deve ser livre expressa a preocupacao em nos distanciarmos dasamarras normativas entéo catacterfsticas das provas tarifadas, mas nao significa concordancia acritica aos caprichos e opi- rides intimas dos juizes. No nosso entender, oestado atual de cois: do por dois movimentos complementares. Vejamos. é conform: Num primeiro momento, o modelo designado como livre valoracao surgiu como altetnativa critica airracionalidade do antigo sister la prova legal. De f m vincular previamente valores, de modo ge- ral eabstrato, as provas. Para citaralguns exemplos: que duas pessoas alirmem o to, nao ha defesa racional posstv ‘mesmo fato nem torna taisalegacdes verdadeiras em si mestnas, nem torna ocor- rido o fato narrado; que t nacusado “confesse” nao faz do fato confessado genui amente correspondente realidade, Colocar tanto peso as regras juridicas na determinagae dos \s individuals foi uma estratégia que no passado produzi decisdes injustas ¢ irracionais. As provas tarifadas descansavam em general ‘Ges espuirias® de acordo com as quais as confissées sempre tinham valor de ver dade,a declaragao de duas pessoas semp contrastassea declaragdo de uma s6 pessoa, eassim por diante. Comoe nao hou- iaa verdade quando seu contetido vesse explicacio diversa para a confissao do acusado que nao 0 compromisso de substantively alike. |... They [standards] spare individuals from being sacrificed on the tar of rules, novwithstanding the good that rule-boundedness brings to 8. As particularidades relevantes de cada caso nfo esto predeterminadas pelo standard do contravio, seria un regra 9. A expressio & de Schauer (SCHAUER, Frederick. Profiles, probabilities and stereotypes. Massachussets, Harvard University Press, 2008) Tara alem ao BAR lem ge tage a wii 228 evista BRASILIA 0 dizer a verdade (por ex. tortur: nao houvesse outra razao para que duas testemunhas prestassem declaracao com mesmo contenido (por ex.:a deli berada vontade de prejudicar o acusado; oma sugestibilidade que a comunicagao entre duas ou mais testemunhas pode produzir na construgao ca memsriacolet vade um evento"). Foi como alternativaa esses absurdos que valoracio livre da prova surgiu, Uma confianga nas capacidades cognitivas do julgador foi oposta prova to, quea livre valoragao também mostrou seus defeitos. em substituicao a antiga aposta nas capacidades estruturais das regras d legal. Evidente, no enta faloragao acabou reconduzin- da nto, Como recordado por alguns professores'*, a liv do as decisbes aos resultados irracionais que tanto se queria evitar. No luge irracionalid a irracionalidade judicial; esta ultima possibilitada pela compreensao da valor Gao livre como “livre de qualquer tegra” ~ndo apenas livre de regras juridicas de o proprio raciocinio oriunda da prova tarifada, passamos, em um segundo mor prova legal como também livres das regras provenientes l6gico™. Tal interpretagdo da livre valoracao estendeu guarida a achismos ea g neralizaces apressadas, como se representassem um contato privilegiado entre ‘o magistrado eo inefavel. Amparadas em uma simples referencia a conviccao in- tima, as decisées passaram a refletir o deturpado entendimento segundo o qual, valorar as provas com base se 0 julgador € livre, isso incluiria a sua liberdade tia quando em contato com elas! no que 10, Sobre o fendmeno da conformidacle da meméria, ver THORLEY, C. Memory confor- rity and suggestibilty. Psychology, Crime & Lav, 2013. p. 365-375. eltran entre cles. Veja-se TARUFFO, Michele. La prueba de los heches. 2. ed. Madrid: Trotta, 2005; TARUFFO, Michele, A prova, Trad. Joto Gabriel Couto. Sao Paulo: Marcial Pons, 2014, TARUFFO, Michele LL, Michele Taruffo, Marina Gascén, Jordi Ferrer Uma simples verdade: 0 juiz ea constructo dos fatos. Trad. Vitor de Paula Ramos. Sa Paulo: Marcial Pons, 2012; GASCON ABELLAN, Marina, Los hechas en el derecho: bases argumentalesde la prueba. 2.ed., Madrid: Marcial Pons, 2004; FERRER BELTRAN, Jor di. Lavaloracion racional dela prueba, Madrid: Marcial Pons, 2007, FERRER BELTRAN, Jordi, Pruebay verdad en el derecho. 2. ed. Madd: Marcial Pons, 2005, entre outros. 12, Contra a interpretacao irracional da livre convieg8o, Jordi Ferrer afirma: *[..] a libre valoracion de la prueba es libre solo en el sentido de que no esta sujeta a normas juricli- ‘esa valoracion” (FERRER BELTRAN, Jordi. La cas que predeterminen el resultado vvaloracton,cit.,p. 45). Nomesmo sentido criticoa livre conviecao entendida como livre de quaisquer regras inclusive da ldgica, GASCON ABELLAN, Marina. Los hechos, cit p.3435, 3. Sobre a relagdo entre 0 modo irracional de compreendler a livre conviegdo ¢0 prinetpio dda imediagao, ver ANDRES IBANEZ, Perfecto. Sobre el valor de la inmediacion (una aptoximacién critica). En torno a la jurisdiceién, Buenos Aires, Editores del Puerto, Em meio ao cenatio de) labilidade da racionalidade ganhou especial atencao, s suficiente para que uma hi probat6rio uma hiptese pi rae, na sequencia, seja incl Nos casos individuais, a di camente relevante é condi € essa é precisamente a fu standards mais conhecidos preponderance the eviden evidence (de agora em diant tendem refletir uma graday para que determinada hips respectivamente, dam trés standards, o PoE é 0 me te. Ao CCE sobraa posigao | do que o PoE. babi quentemente utilizado por Aatribuigao de p tratamiento delas prueb inracionalista de concebir| ‘como forma de captacion del imputado y delostestig forma que hace imposible deobt clon de conocimn Sobrea necessidade de just veja-se WROBLEWSKY, J Rech 33, 19 15. Dataafirmacao de Geraldo processo =o fato juridico relevancia conereta porque Justificar a condena¢io de da em respeito aos que legitimimarsa Geraldo, Prova penal e sist das provas obtidas por mét Bo para que rex.:adeli- smunicacao poria coleti pedo livre da foiproposta fas de prova : bis efeitos : jeconduzin- No lugar da p momento, : jo da valora- : jiuridicas de p raciocinio mos ea gé peiado entr pnviccao pndo o qual, fas com base FS, Michele, ro. Michele BELTRAN To PERBELTRAN, [od la ibre RAN Jord a os hecho, ty Em meio ao cenatio de criticas labilidade ganhou especial atencao, Sua funcao consiste em fixar o grau de corroboracéo suficiente para que uma hip6tese seja considerada verdadei probatorio arbitrariedades judiciais, a falta de contro. racionalidade de suas decisoes, € que a nogao de standard de prova Quanto suporte uma hipdtese precisa apresentar para que seja considerada verdadei- rae, nasequéncia, seja incluida como premissa menor do raciocinio decis6rio? Nos casos individuais, a determinacao suficiente da ocorréncia do fato juridi camente relevante é condicao inafastavel da justificada condenacao de alguém € essa € precisamente a funcao que um standard de prova deve cumprir”, Os standards mais conhec idos sio originarios da cultura ju preponderance of the evidence (de agora em diante, POE), 0 evidence (de agora em d estadunidense: 0 sar and convincing onable doubt (BARD) pre- cendem refletir uma gradacéo quanto a exigéncia de corroboracdo probatoria gtadacao vai, respectivamente, da menor a maior exigéncia de corroboracao. Ou seja: entre os ards, o PoE € o menos exigente enquanto que o BARD € 0 mais exigen- te, Ao CCE sobra a posigao intermediaria de exigir menos do que o BARD e mais do que o PoE. ante, CCE) ¢ 0 beyond any re. para que determinada hipotese seja considerada verdadeira. E Aatribuicao de probabilidades matematicasa cada um deles € um recurso fre quentemente uti ado por parte dos autores de modo a esclarecer as diferentes prictica dela inmediacion en el ‘talamiento de las pruebas personales hasido peligrosamente contaminada por el modo inracionalista de concebir el principio de la libre conviceisn. En efecto, entendido como forma de captacién emocional o intuitiva de lo expresado py la prueba, como tuna suerte de contacto con lo inefable, la audicion y valoracion de rmanifestaciones del imputado y de os testigos solo podrian producirse en ese ambitodeap forma que hace imposible cualquier pretension de racional lizar w objetivar tal proceso de obtencion de conocimiemto y lajustficacién de los resultad 4. Sobrea necessidade de justficagao da premissa menor (Fatica) veja-se WROBLEWSKY, Jerzy Rechistheorie33, 1974 15. Daiaafirmacao de o racioeinio decisotio, egal syllogism and rationality of judicial decision. 5 ido Prado: “A indiscutivel centralidade da questao de mérito do -acao penal atributdo ao acusado processo ~0 fat juridico definido como int adquire relevineia concreta porque no lugar da alegacao do crime e da condigao de criminoso justificar a condenagao de alguém (direito penal do autor), sera a prova deste lato, Pproduzida em respeito aos mencionados standards probatorios ( fortes ras orientadoras a punicéo conforme o caso (‘diteito penal do fato')” (PRADO, Geraldo, Prova penal e sistema de controle epistémicos: a quebra da cadeia de eustédia {das provas obtidas por métodos ocultos, Sao Paulo: Marcial Pons, 2014. p. 40} que legitim 229 230 Resta Beasivena o€ CINCH ainais 2019 # RBCCRas 1 exigencias dos standards", As probabilidades matematicas indicadas como re- presentativas de cada um deles sao as seguintes: BARD de 95%, CCE€ de 75% e do PoE € de 50%+1 (qualquer ponto acima de 50%). Signilica que, para que uma hipétese seja considerada verdadeira segundo o BARD ela tem de alcancar uma probabilidade (de ser verdadeira) de 95% ou mais; j& para que seja considerada verdadeira segundo o CCE ela tem de alcangar uma probabilidade em torno de nte se atingir qual: 75%, e, por ailtimo, caso estejamos diante do PoE, sera sulic quer probabilidade superior a 50% de chance de ser verdadeira, Ou seja: Uma mesma hipétese x pode ser considerada verdadeira quando se Ihe aplique o PoE ladeira (ou, em termos menos precisos, falsa) quando seja o BARD 0 enao standard aplicavel. Isso acontece porque 0 mesmo conjunto probatsrio pode ser verdadeira suficiente para alcangar o patamar de 50%+1 de probabilidade de ilidade de ser verdad fo de distintos standards de provas serv ¢ insuficiente para alcangar o patamar de 95% de proba ra. Log dificultar (ou facilitar, a depender de qual perspectiva se assume) determinadas .€certo concluir quea impo dlecisses sobre 0s fatos. Nao é por outra razdo que 0 BARD ¢ aplicavel originalmente no ambito da Justica criminal e impoe a exigéncia de 95% de probabilidade a hipdtese da acu. sagao. Enquanto isso, na Jurisdicao civil atuam standands de prova menos exi- gentes, 05 quais produzem assimetrias menos profundas entre os resultados 0 ambito da Justica crim mente pior condenar um inocente do que absolver possiveis. Desde Blackstone", recor nal, é mani m culpado. A formulacao do BARD teria em sua origem a pretensao de dificultar a condena- ao de inocentes. Como? Dificultando as condenagdes em geral. Seo sistema cri- ‘minal passa a exigit robustamente mais da hipotese de condenagao para que seja 16. Como exemplos deste recurso numérico, Schauer ¢ Laudan. SCHAUER, Frederick, Thinking tke « assigna rough numerical ‘obability... Wecan thus startwith the p hat the prosecution must pro stich that the jury to conviet, must be 95 percent certain of the defendant’ guilt, LAUDAN, Larry. Verdad, error y proceso pe epistemologia juridica. Trad. Carmen Vazquez ¢ Edgar Aguilera, Madrid: Marcial Pons, 2013, p.95:°Si obabilisticos, la cual va de ceto a uno, Bajo esta interpretacién, BARD probablemente se ubicarfa en payer, cit, p. 220: “I..J For purposes of simplicity and desea, podemos explicarnos esta escala en términos algiin punto entre 0.9 0.95 o incluso en puntos nasaltos. Porsu parte, PCCse ubicaria cerca del 0.75, Por ultimo, PoD seria todo aquello arriba de 0.5 (y menor BLACKSTONE, William. Commen ‘or the law holds, that itis better that ren guilty persons escape, than that one innocent sulfer”. 24,1769; of England. Livro IV, considerada verda também as condenagdes de leira (9 vigdes de culpadosse vem robabilidades al em um standard de prova ta da perdedora para dar lug atinjam Jano ambito civil, dado consequéncia tdo gravosa distribuiro risco dos dois ti injustas) sime perior a 50% sera julgada x icamente, que merecia a tutela juris ciaa um pedido que em rea Jo pelos d para esses casos, um stand prejutzo prod aplicavel a Jurisdicao civil sideradas mais gravosas qu decisdes que declaram insa A logica, como se ve, él sas sejam as consequéncias dos sistemas juridicos ente) outra (CCE), ou manifesta Ho uso de standards mais ¢ deram equilibrados os risec 18. Sobre a outra cara da moi cit, p. 220: 90 percent, but only 90 p its job properly, then allt the prosecution have me defendant guilty. But beca of those acquitted defend inspite of which they ares 19, “Cua pecial wenteun tipo deen aumacostade elevarel rie verdadera). Se tratadeun parcialmente en torno al estandar de | n tension ¢ peuma fderada no de ir qual @ Uma bo PoE JARD o jode ser fade dadei- das ito da da acu- pos exi- pcrimi- ulpado. bade! Ema cri- fue seja Federick iy let us ea b+. 1760. = = Doureina considerada verdadeira (95%), entao, dificulta-se as condenagdes e, com isso. também as condenacoes de inocentes. O outro lado dessa moeda é que as absol vigdes de culpadosse vem facilitadas (pen € que as hipoteses acusatérias que atinjam probabilidades altas como 80, 90% teriam de ser descartadas com base em um standard! de prova tao exigente. A hipétese mais provavel seria considera- da perdedora para dar lu ara uma hipdtese menos provavel)" Ja no ambito civil, dado que o tisco da decis4o equivocada nao envolve uma consequencia tao gravosa como a perda da liberdade, a estratégia consiste em distribuir o risco dos dois tipos de erros (improcedéncias injustas vs. procedéncias injustas) simetricamente, A hipétese fatica confirmada em qualquer ponto su perior a % sera julgada vencedora. Deixar de dar a procedéncia a um pedido que merecia a tutela jurisdicional é considerado tio ruim quanto dar proceden- cia.a um pedido que em realidade nao mereciaa tutela jurisdicional. O equanime prejuizo produzido pelos dois tipos de erros conduz o sistema juridico a adotar, para esses casos, um standard de prova menos assimétrico. Finalmente, ainda aplicavel a Juris leradas mais gravosas quando comparadas a rotin 0 civil, o CCE serve a dificultar de erminadas decisoes con. de decisdes civis, como as declaram insanidade ou a perda de direitos sucessérios. A légica, como se vé, é de exigir mais das hipéteses fiticas quanto mais gravo- sas sejam as consequéncias delas extraidas. Em situagdes nas quais 0s arquitetos dos sistemas juridicos entendam que uma das partes tm mai aperder do que a outra (CCE), ou manifestamente mais a perder do que a outra (BARD), eles fa do uso de standards mais exigentes®, Para as outras situagdes nas quais consi deram equilibrados 0s riscos de erros, farao uso de standards menos exigentes e 18. Sobre a outra cara da moeda do BARD, SCHAUER, Frederick, Thinking like a lawyer cit, p. 220: *Supose we have ten defendants, and suppose further that each of them is 90 percent, but only 90 percent, likely to have commited a crime. Ifthe jury is doing its job properly then all en defendants will go free, because in the prosecution have met the requisite burden of proof of 8: defendant guilty. But because each of the ten has been charged, we can expet that nine f those acquitted defendants will actually be guilty of that for which they are on tral, inspite of which they are now going free’ ione of these cases will mat confidence in the 19, “Cuando seadopta un estindar de prueba mas exigente, lo que esta en juego esevitares recialimente un tipo de error, el falso positivo (declarar probada una proposicidn falsa ‘una costa de elevar el riesgo de falsos negativos (declararno probada una proposicion. verdadera). Se ratade un find parcialmente en tension con este steal de la puraaveriguacion de laverdad y que esta .CCATINO, Daniela. Certeza, du en torno al estindar de la prueba penal. Revista de Derecho XXXVI, p y propuestas 88). Nesse 231 rias entre as hipoteses fatica produtores de menores assim resumo,a pluralidade de standands pretende expressar a ideia de s0s positivos” mais gravosos do que outros: a condenacao de um inocente é mais sgravosa, do ponto de vista social, do quea procedéncia injusta de um pedido Feitas essas consideracoes, sera mesmo que o BARD cumpre a sua funcao de aedes de inocentes?”! Embora dificultar as condenagdes e, com elas, as conde! 10 é que as e convergéncia entre diversas propostas te6: autores de consideravel peso da epistemologia juridica sejam otimist idard em materia probatéria, ¢ peito a funcionalidade de algum sta exiticas ao BARD s40 um ponto ricas®, Se por um lado defend outro, esto de acordo no que tangea inadequagao do BARD a satish BARD deveriam pro- 1 distintas propostas de s prova, por sdes racionais sobre os fatos, Ora, criticas tao ferrenhas duzir cautela no cendrio brasileiro. Adotar um standard de prova nao € algo que jauum bom caminho de decisao se deva fazer a partir de meras intuigées do qué judicial, sentidas de forma isolada pelos operadores, © contexto adequado pa a uma deciso dessa relevancia politica ¢ o das deliberacdes coletivas, nas quais 08 prs e contras das opcdes em jogo. seja possivel debater conjuntamente sobr Nao ha razoes para conferir ao BARD o protagonismo em matéria probatoria que ‘comparagao entre vem ocupando no nosso sistema processual penal. Alias, um: BARD ea intima conviceao ilumina semelhancas dificeis de serem ignoradas e 5, pois, da mes- ‘que nos ajudam a concluir que o BARD nao traz vantagens reais" ma maneira que ocorre com a intima conviegao (ou convencimento), 0 BARD lia dele de que os standanis servem para ponto, aautors acompanha Larry Laudan’ o entre os ert0s de alsos positives e negativos. distribuir de distintos modosa propa entenda-se declarar provaca uma hip6t calidade false Por falso ps por falso negativo, entenda-se declarar nao-provado uma hip rerdadeira) 21, SCHAUER, se ao BARD) - and there is scant reason (o believe that itis notin most criminal cases La 22. Entre ees, Jordi Ferrere Larry Laudan, como sera possivel ver mais adiante 23, Para Ferrer, tanto “laintima c formulagbes insatisfactorias por distintasrazdes, mas que ‘comp el recurs tes, de sorte que se tra cen duda su propio eardcter de estandar de prueba” (FERRER BELTRAN, Jordi tandares de prueba en el proceso penal espanol. Cuad Derecho, x. 13,2007). rnvicetsn” como o “mas alla de toda duda razonable” sie n de standards subjetivos “al extremo de que puede ponerse també moa intima conviecao poe napresenta uma for da decisao (certeza moral sublinha a relevancia da pi e2,f subjetivistas, absolutamen mente atribuidas a inti Se € certo afirmar que o ce i cer que essa ameaca & Dem tralizada pelo BARD. facao™. Isso, por sua poder é favorecido pela 4. 0 BARD no cenari 4.1. OBARD e seu tra Ao menos desde meade: julgamentos do Supremo T do standard “para além det ocritério de suficiencia pro os registros da presenga da decisto do STF encontra-se Min. Celso de Mello e foi ju associada a ideia de que ace Emoutro trabalho, umda zidos pela excessiva conf nos casos de condenagde disposto pelo art. 226 da incompativeis com a alia juizese o abandono da pr Vil Seminario Nacional do Taruffo € um dos autores mente aplicado pelas core processo penal italiano. 0 lado, nao € possivel sabere resultado”. Veja E). Em gcertos fal enteé mais pedido. Hfungao de ! Embora gs com res- ko € que as postas ted- riam pro- Je algo que pquado pa. p nas quais Bs em jogo batoria que Bacio entre gnoradase is, da mes ). 0 BARD be negatives lidade falsa br realidade fiminal cases ; Fonable” sto Exiraordin mstifcan- Bale ponerse rd Los es- losofia del ibém apresenta uma forte referéns cia 20 aspecto psicologico; tanto o BARD co- moa intima conviegao poem énfase no que o ju da deciséo (certeza moral ¢ ausé leve terem menteao momento ‘oaveis), mas nenhum deles lusivo caminho para a sua satis- a objecao quanto ao tis jetivistas, absolutamente livre ncia de duividas r sublinhaa relevancia da prova como tinico ¢e facao*,1s50, por sua vez, faz que co de viabilizar decisoes 'sde qualquer controle de racionalidade—origi- ibuidas a intima conviccao — também sejam atribuiveis ao BARD” certo afirmar que 0 cendrio de auséncia de controle sobre os poder é favorecido pela intima conviegao, , também é certo que temos de cer que essa ameaca a Democracia e a0 Estado de Diteito esta longe de ser neu- twalizada pelo BARD. 4. 0 BARD no cENARio uripico BRASILEIRO 4.1. OBARDe seu tratamento pelos tr rasileiros Ao menos desde meados da década de 1990, julgamentos do Supremo Tribunal F do standard “par «4 noticia do uso, no ambito dos ‘ederal brasileiro (de agora em diante, STF), ‘a além de toda a divida razoavel” com o objetivo de determinar ocritétio de suficiencia probatoria wtilizado em suas decisdes, Um dos mais anti. ‘além de qualquer davida razoavel” numa decisao do STF encontra-se no Acérdao do HC 73.338/R], que teve como relator 0 Min. Celso de Mello e foi ju *Turma da Corte ainda em 1996. Embora associada a ideia de quea condenacao exigia “prov os registros da presenca da expressao ado pe ‘a inequivoca”, a invocagao do 24. Emoutto trabalho, um dos coautor, idos pel deste artigo tratou dos problemas que sio prod. excessiva confianea que os magistrados brasileiros possuiem em si mesmos de condenacdes fundadas em reconhecimento pessoal sem observancin do disposto pelo art. 226 do CPP Tra le decisdes absolutamente incompati 10 de que foram decidida de prova racional. Ver, MATIDA, Janaina. Standards julzes e oabandono d VII Seminario Nacion as com base em algum standard ova: a mod: conviegdo. Arquivos da Resistencia ¢ IBADPP, Florianopolis: Tirant Lo Blanch, 2019 Anais d P.93-110, s que destinam criticas ao BARD, “Trata-se do critério geral- tes estadunidenses, que foi recentemente ‘impor 25. Tarulfo € um dos autor ‘mente aplicado pelas proceso penal lado, ndo € possi ado! para 0 no. O significado exato mo esse€efetivamente aplicado pelos jirisestadunidenses, ereditos; por outto lado, adefinicao de ‘vida ra menos clara, eas tentativas de dar a essa uma quantificacao nao produsir ado”. Veja-seT que ndo motivam s sivel'€ tudo ram qualquer FFO, Michele. Uma simples verdade, p. 253, s,especialme BARD, nos anos que se em julgamentos que tinham o jé citado Ministro como relator. No voto que con- duziu o julgamento do HC 80.084/PE, 0 Ministro Celso de Mello anotou: “Ne nhuma acusagao penal se presume provada. Nao compete, ao réu, demonstrar a .guiram, foi repetida varias outra sua inocéncia. Cabe, ao contratio, ao Ministério Publico, comprovar, de forma el, aculpabilidade do acusado’ inequivoca, para além de qualquer dtivida r Parece, contudo, ter sido mesmo com o julgamento do famoso caso Mensalao (Acao Penal 470, julgada pelo STF entre 2012 e 2014) que o BARD passoua ser utilizado com mais recorréncia, inclusive com sua mencao nos votos de outros Ministros da Corte, No mais lon dos 11 Mi disseminada do BARD produzica pelo Mensalio, seguiu-se a sua conso deral do Parand, em 2014). De fato, com a Lava Jato, o BARD ganhou “fama” ¢ *notori > julgamento da hist6ria do STF, ao menos seis istros® fizeram referéncia ao BARD em seus votos. A essa adogao mais o Lava Jato (iniciada sob a jurisdi¢ao da Justica por meio da operac dade": até a atengao da imprensa foi desperta seus arrazoados, o Ministério Publico Federal passou a sustentar que o BARD era jue existe”, do outro, nas sentengas do Juiz Sérgio aparaot “o melhor standard de prova Moro, a indicagdo da existéncia de prova ‘acima de qualquer diivida razoavel era utilizada de forma recorrente, como um forte argumento retorico, empregado para lastrear aco uficientes. denacao na suposta presenga de prov uso do BARD na Lava Jato, contudo, ndo ficou restrito & primeira instancia, Também no TRF da 4* Regido, o “para alem de tod a diivida razoavel” passou a 26. Joaquim Barbosa, Celso de Mello, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Luiz Fux e Rosa Weber CARVALHO, Lu anglo-americano, O Es faklouf. “Prova de 5.Paulo, 26.01.2018. Dispontvel em: {hutps/polit estadao.com.br/noticias/geral,analise-prova-acima-dequalquer- €, de processos psicologicos internos do julgador)®. Em lugar d uma consi ar disso, como encia da garantia do devido processo", é preciso passara uma con. racional dos seja baseada a crenga de quem quer que se} todo de corrobor: \cao da hipdtese, en ido que se de- iadeta- -cisdo adotada (motivagao esta que nao basta ico em sentido estrito), nao importando tte o levou a tomar a decisio, suas crengas ou prejul- que justficam a sua decisao s elementos de prova dispontveis no proce mndicaral investigador o aquel que se esta cuesto rizadoa consideraralgo como probado, esto es indo cuando esta auto. cuando la relacion entre la prueba las remisas justifica la aceptacion de la conclusion como probada para os propésitos pre didos. En el derecho penal, por el contrario, esta cuestion es ignorada ent 0 sorteada descaradamente mediante algunos trucos deconhianz de especificar que el nivel del jurado respecto dela eulpabilida edepender del ofrecimiento de una prueba firme, el derecho pet hace que cl EdP sea parasitario delnivel de confianza dor (esto esel jurado) tiene respecto dela culpabilidad del acusado, Te- nos una prueba, dice la ley con tal que los urados estén totalmente perstiadidos de la cculpabilidad del acusado con tal que ellos easignen wna probabildad mayor que X.en donde X es el EdP probabilistico. En cualquier caso, cuando el jurado haya llegadoa tr algo grado de confianza, eendremos una prueba, Esto es poner las revés" (LAUDAN, Larry. Por qué un estindar de pruc estindar. DOXA. Cuadernos de Filosofia del Derecho FERRER BELTRAN, Jordi, La valoracién racio 2007. p. 64 BELTRAN, Jordi Fer Revus,n.33, 2017, p. 10 FERRER BELTRAN, Jordi, La valoracia FERRER BELTRAN, Jordi, La a subjetivo y ambiguo no es un nal de ia prueba, Madrid: Marcial Pons, El control dell valor de la prueba en segunda instancia, racional, cit. p. 65. 2 em do BARD- ma 242 As Cans 156 Obviamente, nao se pode ter sucesso nesse propésito se nao existir um stan- subjetividade, e que possa dard (ou varios standards) de prova que seja intersubjetivamente controlavel sivel, sobre quando se pod (para o professor de Girona, a existéncia de standards intersubjetivamente con- determinado caso concret troliveis é uma condigao de operatividade da presuncao de inocéncia, enquanto Dat por que Jordi Ferre garantia processual)". De acordo com Ferrer, “determinar cuando la prueba de proposicso de tim stand cargo es suficiente para justificarla condena es precisamente la funci6n de un es ial, bem como vers SSE tindar de prueba”, mas se, em contrapartida, “no se dispone de un esténdar de dards de prova (de maior’ prueba que establezca cudndo la prueba es suficiente, la mera apelacién ala suf penal”. Em sume, con ciencia no aporta garantfa alguna al ciudadano dificil de ser definido e mai De fato, ainda com Ferrer, a estrutura do raciocinio probatorio exige mostrar gueza e imprecisio, o quel 10 de um que se superou determinado nivel de corrobora: justificar que ela sejaaceita como provada, mas para isso é fundamental conhecer hipotese fatiea para que recorrer a ideia de cert sivel justificara tomada de decisio sobre os fatos"”.F justamente nisso que reside 69. As liminagbes de cores © perigo do BARD: o seu grau de indeterminagao faz com que ele nao ajude em bre tems, mas € clog nada na tarefa de exigir do julgador uma valoragao racional da prova (baseada demonstrar como deve s na contrastacdo das hipdteses e sem perder de vista a necessidade de um contro- método de formulagao qu portanto, reside fessor de Girona, standan possibilitar uma condenai sera consiclerada como pr le criterioso das inferencias probatorias® utiliza em estabelecer um standard que, diferentemente do BARD, esteja livre de tanta seguintes condigses =a hi cegrando-0s de forma coe 64. FERRER BELTRAN, Jordi. Una concepcidn minimalista y garantista de la presuncion formular devem ter sido de inocencia, Revista de la Maestria en Derecho Procesal, (S.J, v. 4,9. 1, apr. 2010. hipoteses plaustveis expli Disponivel em: [hup://www.evistas.pucp.edu.pe/index. php/derechoprocesal/article/ inocencia do acustdo, exa view/2393/2341]. Acesso em: 11.03.2019, Ainda de acordo com Ferrer, “solo avanzan: Lavatoracion racional, cit doen|a formulacion de estindares de pruebaque (aunque no sean igualesal propuesto) 70. FERRER BELTRAN, Jord) reiinan caracteristicas queno los ha ocertezas subjetivas, podra a" (FERRER BELTRAN, Jor Girona, 2018. Palestrareal 07.06.2018. dotarsede sentido un derecho a la uadernos Elect di, Los est proceso penal espaol P penal esp: 71. Para Ferrer, ha necessidadl rem utilizados em diferent ambien los respectivos Filosofia del Derecho, v 65. FERRERBELTRAN, Jord 66, FERRERBELTRAN, Jordi Los estandates de prueba cit Una concepcioh Juco suficientes para abri 67. FERRER BELTRAN, Jordi, Las estandares de prueba cit preventiva y también, ya 68, MATIDA,Janaina R; HERDY, Rachel. Asinferencis probatorias: compromissos eps tiene que tener las mismnas rlcos, notmatives¢ interpretativos. In: CUNHA, José Eduardo (Org). Epistemologias ori. Los estndares de pra entticasdodireito, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2018. p. 209, Reerindo-sea importancla 72. MELGACOREIS, Andre¥ do controle da qualidade das inferéncias probatoriss, Geraldo Prado pontua: “Nem dle provaacima da dividar todas as inleréncias probatdrias sio epistémicas, ou seja, sem todas compartilham uma duzira¢ base empirica como fundamento. Muitas delas resultam de preconceitos que tema fun: penal (guilty beyond any n (fo de normatizar nossas crencas” (PRADO, Geraldo. Preficio. GALVAO, Danye} rogatorio por videaconferéncia, Sao Paulo: LiberAts, 2012) ser acusado’ 1eza pessoal (c criminoso praticado: im stan. urolivel quanto tueba de jeunes- indar de ala sufi- mostrar fea para brhecer impos. jereside jude em baseada contro preside He tanta Bsuncin pr. 2010. Warticley bvanzan- EAN, Jor Binicos de ; | | ; Beni = subjetivida eque possa fomeceralguma defini¢ao, o mais objetivamente sivel, sobre quando se pod determinado caso concret rd considerar haver prova suficiente para que, n uma hipotese possa ser dada como provada Dai por que Jordi Ferrer dedicou a parte final do seu mais conhecido livro A roposicao de wm standard de prova (exigente e objetivo)” para o processo pe- nal, bem como ver trabalhando, mais recentemente coma sugestao de 6 stan- hor exigencia) para serem utilizados no processo penal’, Em suma, como vém advertindo esses autores, o BARD é um standard dificil de ser definido e mais ainda de a e imprecisio, dards de prova (de maior a me! r compreendido, dada a sua carga de va que faz com que, nao raramente, para explicé-lo, se tenha que recorrera ideia de certeza moral, eaté mesmo “pesso: al” do julgador”,o que 69. As limitacoes 1¢0 deste texto ndo nos permitem tum maior aprofundamento s. bre o tema, mas ¢ relevante anotar que a pretensito de Ferrer ca demonstrar como deve ser construido urn standart metodo de formulacao que privilegie a ideia de contrast fessor ¢ nha no sentido de prova objetivo, caleado num hipéteses, Para o pr neia para o processo penal (suliciente par inclusive) seria o seguinte: uma hipstese sobre os lato serd considerada como provada em im processo quando se de guintes condicdes ~a hipétese deve ona, standard de maior exigi possibilitar uma condenaci conjuntamente, as + capaz de explicar os dados dispontvets, in orma coerente, e as predigdes de noves tegrando-os d Iados que a hipotese permita formular devem ter sido conlirmadas; e devem ter sido refutadas todas as demais hipsteses plausiveis explicativas desses mesmios dados, que scjam compativeis com a nocencia do acusado, excluidas as meras hipdteses ad hoc (FERRER BELTRAN, Jord Lavaloracion racional, cit, p. 147) FERRER BELTRAN, Jordi. Prolegémenos para una teoria sobre los estdndares de prueba Girona, 2018, Palestra reatizada no Congreso Mundial sobre Raa 07.06.2018. onamiento Probatori, ade de se formular com mais de um standard rem utilizados em diferent también los respect rova para se etapas out momentos do processo: “Habria que formular estandares de prueba para considerar que hay elementos de juicio suficientes para abr juici preventivay tambien, yaenlafase de sentencia, parala hipotesis dela inocencia (que tiene qu neias que la de la culpabilidad)” (FERRER BELTRAN, Jordi. Los estandares de prucba, cit 72. MELGACOREIS oral, para aplicar medidas cautelares como lap Wagner, Standard de prova, cit: “*Enfim,aadogao do standard de provaacima a duvida razoavel traduz o alto grau de probabilidade necessatioa pro- duzira certeza pessoal ‘icglo) que se exige para fins de condenagao no prot penal (guilty beyon ‘easonable doubt), alinal, havendo provas suficientes do fato frise-se, prova plena, cabal eabsoluta ~deve o condenado seracusado’ i Brasiea oe Citncias Crit otaclo no Brasil, nao haja dife- mostra que, ao menos da forma como tem sido renca em falar em condenagao baseada ém de uma duividar denar ou absolver fica relacionada com umestado mental do julgad existencia de prova par sivel paraa intima conviegao”, E dizer, no limite,adecisio sobre con- repleto de Diteito subjetividade, que antagoniza com a pretensio de que, no Estado ¢ mente e que, aclemais, sejam passi- decisdes judiciais sejam justificadas racio: veis de revisdo ou controle, por intermédio de instancias recursais. Daf que o BARD, no contexto de um processo penal ainda regido por uma cul turae por um Cédigo inquisitorial, acaba cumprindo fungao oposta daquela que seria desejavel de um standard (ou seja, atua verdadeiramente como um anti-s is ope tandard de prova, tal como s6 ocorrer no caso do in dubio pro societate) ra como uma espécie de gatilho retorico, que faz crer que a decisao ¢ 0 raciocinio nicias de fundamentacao e racio mpriram as exis probatério nelaempregado: nalidade, quando, em verdade, nao se fez nada disso. 5. Conctusio O presente trabalho foi movido pela nossa preocupacao quanto a crescente adocao BARD no Brasil. Desde magistrados da primeira instancia & mais alta cor- te, promotores e parcela da doutrina, 0 standard probatsrio originario da ndards de prova”. A jus- juridica estadunidense reina como “o melhor dos st tificativa, segundo seus defensores, estaria no fato de que seria ele, 0 BARD, 0 responsével pelo reconhecimento geral de que nao ha que se falar na busca por sentido, sobre as condenagbes nao pairaria a exigen verdades absolutas e, nes: format er doses necessérias dle ceticismno aos aplicador ciadeplenacert por inequivoca prova ou coisa que o valha.O BARD ide de tra juri- teria a capac dicos, que, pelo emprego deste standard probatério, chegariama decisoes menos -s racionais, Ora, sem- subjetivas e mais conformes ao dever de proferir decis pre que haja chivida razodvel, o Juizo estaria obrigado a solver; do contrario, a aras condenagdes. ‘mera existencia de diividas nao seria bastante para desautor Simples e indolor. Por que, entao, terfamos demorado tanto para solucionar 0 problema da falta de controlabilidade da racionalidade das decisoes? Se para isso erasuficiente realizarafirmagdes to sonoras como “ha provaalém de toda davi- da razoavel para a condenagao”, por que nao importamos muito ant 73. FERRERBELTRAN, Jordi. Los estandares de prucba, cit E forcoso reconhecer ¢ 0 de seu elevado ape senta qualquer avango de decisdes menos subjet estritamente com base na assim que, como sublinha batorios por parte do juiz recursal foi capaz de gerar casos, [rise-se, de nove, 11 tivessem sido confirmadat standard que Ihe faz referés julgadores Alids, essa constatagao tigo, sendo que resultantet assumidas por uma um co) logia juridica, Neste artigo ticas 20 BARD desenvolvi potente critica a formulag tema juridico para o qual t dede m standard de prova controlaveis, o que s6 sera vida raz vel” ~ sejam elis jecdes, fazem com que tan do BARD. Mas nao paramos por a funcionar para outros siste do exame de casos expressi d 5 lidade de se poder confiars Longe de representaravang pelosistema de justica crim confiarmos dosefeitase tengdo da excessivacy Em outras palavras, 0 sentig turpado, pois, a conviecao j tendida como fonte de prov fonte da conviceao. Precisai viegao deve se formar atrayi je um que sugira o contrat bdife- puma bcon- pode fo, as Dass! Bcul- Bque nti-s lope. Bcio- F forcoso reconhecer que o BARD vem Fazao de seu elevado apelo retér nta qualquer ganhando espaco precisamente em ico € persuasivo, mas esse standard nao ret avango genuino concernent fa implementacdo de um cenario e decisoes menos subje has quando as comparamos as decisdes proferidas Se na livre ou {ntima conviccéo dos magistrados, como sublinhado no item 4.1, 0 batorios por parte do ju estritamente com ba: assim que xame de idénticos conjuntos pro- iz de primeira ins incia pelos magistrados do érgao Fecursal foi capaz ce gerar resultados opostos condenacao e absolvicao - em casos, frise-se, de nov 11615 anos de penaa ser cumprida, se adas. Como nao esta fer 0 0 que é “duivida razoavel”, 0 cia nao € capaz de oferecer um: tivessem sido confirm, standard que Ihe faz rel julgadores, 1 diretiva precisa aos Allis, essa constatacao nao € compartithada apenas pelos autores deste Ugo, sendo que resultante da combin: assumidas por uma um co; 'acao de uma série de empreitadas njunto expressivo de autores d debrucamo-nos m: icados a epistemo- logia juridica. Nesteantg ticas 20 BARD desenvoivid Potente critica & formulacao e aplicagao do BARD mesime tema juridico para o qual tal dedeum stan ais especificamente sobre a las por Jordi Ferrer e Larry Laudan. E de Laudan a considerando o sis. Ja Ferrer, acentuaa necessida judiciais intersubjetivamente Amedidaem que termos vagos—como “di. nados de sua formulacao, Esss standard foi criado. lard de prova que torne as decisoes controlaveis, o que s6 sera possivel vida razoavel” ~ sejam elim as, entre outras ob. Jecdes, fazem com que tanto Ferrer quanto Laudan ecomendem o do BARD. Mas nao paramo: abandono ' por af. Com independéncia do funcionar para outros sistemas de ustica, neste trabal do exame de casos expressivos, demonstray one ou deixe de ho procuramos, através ve também temos boa sequéncias daacaodo BARD n iar na “davida razoavel 20es para 0 Brasil. A tranqui: nosso ver, € apenas aparente. ancosemdirecao.a decisdes tacionais, aadogao do BARD belosistems de ustica criminal brasileiro apenas consinng em mais uma forma de manute neg ePetigosa relerénciaao estado psicoldgico do julgadon Em outras palavras, 0 sentido da relagao entre conviceao e prova permanece de. turpado, pois, Fonte de a udicial (ou aausenciade divida razoavel) éque en. tendida como fonte de prova, em lugar de oue as provas sejam entendidas como im standard que enfati desconfiarmos dosefeitose co, lidade de se poder confi Lon, le repre: fonte da conviegao. P; cisamos de deve se formar através tinic de um ques € 0 fato de que acon- © exclusivamente do exame de provas, e nag igita o contratio, Nao temos duivida razoai vel sobre isso, 246 Resta Bi 6. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ACCATINO, Daniela. Certeza, Dudas y propuestas en torno al estindar de lap eba penal. Revista de Derecho XXXVI ANDRES IBANEZ, Perfecto. Sobre el valorde la inmediacion (tana ap critica). En torno ala jurisdiccién. Buenos Aites, Editores del Puerto, BLACKSTONE, William, Commentaries on the laws of En 1769. CARVALHO, Luiz faklouf, “Prova acima de qualquer diivida razoavel” € do de $.Paulo, 26.01.2018, Disponivel em: equal: ieano, O Esta [https:/politica.estadao.com,br/noticias/geral,analise-prova-acima quer-duvidarazoavel-e-do-direito-anglo-americano, 70002167155] DALLAGNOL, Deltan Martinazzo. As logicas das provas no processo: prova direta indicios e presungdes, Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2015. razdo: teoria do garantismo penal. Sto Paulo: Ri RRAJOLL, Luigi. Dire dos Tribunais, 2002, FERRER BELTRAN, jordi, Detecho a la prueba y racionalidad de las decisiones udiciales, Jueces para la democracia, n.41,p. 27-34, 2003 1 FERRER BELTRAN, Jordi, Prucba y verdad en el derecho. 2. ed., Madrid: Marcial FERRER BELTRAN, Jordi. Lo ‘ons, 2007. svacton racional de la prueba, Madrid: Marcial FERRER BELTRAN, Jordi. Los estandares de prucba en de Filosofia del Derecho, v. 15, 2007. FERRER BELTRAN, cion de inocencia, Revista garantista dela presun- SL].v 4 pucp.edu,pelindex,php/derechopro 50 em: 11.03.2019. GASCON ABELLAN, Ma: concep. la Maestria en Derecho Proces apr. 2010. Disponivel em: [ww 4 cesaV/article/view/2: Marina, Los hechose rid; Marcial Pons, 2004. penal no Brasil: I GONZALEZ POSTIGO, Leonel. Bases da reforma processu ccbes a partir da experiencia na América Latina. In: GONZALEZ POSTIGO. L. Ed.) Desafiando a inquisicao: ideias e propostas para a reforma processual penal no Brasil. Santiago: CEJA, 2017) AUDAN, Larry. Is reasonable doubt reasonable? Legal Theory, v.9,m. 4, p. 295: 331, 2003, LAUDAN, Larry. Por qué un estandar de pracha subjetivo y ambiguo no es un estandar. DOXA: Cuadernos de Filosofia del Derecho, n. 28, p.95-113, 200! AUDAN, Larry: Is it fi 2. April 19) Disponivel em: (hts LAUDAN, Larry, Verdc ridica. Trad, Carme LANGER, Maximo, F of plea bargaining a vard International La pasture MATIDA, Janaina, Stan lono da prova por ¢ Seminario Nac MATIDA, Janaina Re Hl Epistemologias criti MELGACOREIS, Ande beyonda reasonabled ago-1 4/andre-melgae 15.09.2018 MORO, Sergio Ferr ta CE}, 12,n.41,p PRADO, Geraldo. Prefa PRADO, Geraldo, Prov le custédia das prov 2014. SCHAUER, Frederick, P based decision-male SCHAUER, Frederick, P vvard University Press SCHAUER, Frederick. T ning, Massachusse STRECK, Lento Luiz. 0 nade 11 anos!. Dispot em: 07.03.2019, SULLIVAN, K.M,; Amar, view, v. 106, 1992, TARUFFO, Michele, Lap TARUFFO, Michele, Um Vitor de Paula Ramos pla pru 007. cap. 24, jvel em: Klequal- pRevista Fisiones pMarcial Marcial Boos. LAUDAN, Larry. Is 1 finally time to put “proo pasture?, April 19, 2011. U of as Law. Public Law Research acte1815321] LAUDAN, Larry, Verdad, error y proceso penal: un ensayo sobre epistemotogia ju izquez e Edgar Aguilera, Madrid; Marcial Pons, 2013. Disponivel em: [hutpsifssrn.comvabs idica, Trad. Carmen V LANGER, Maximo, rom legal transplants to legal translations: the globalization of plea bargaining and the americanization thesis in criminal procedure. Har- vard international Law Journal, v.45, 1, 2004 MATIDA, Janaina. Standards de prova: a modéstia necessétia a juizes ¢ o aban. dono da prova por convicedo. Arquivos da Resistencia: ensaios ¢ Anais do VII Seminario Nacional do IBADPP, Florianopolis: Tirant Lo Blan MATIDA, Janaina R.; HERDY, Rachel. As infer epistémicos, normativ Encias probatorias: compromissos einterpretativos, In: CUNHA, José Eduardo (Org), : odireito. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2016, MELGAGO REIS, André Wagner. Standard de prov. : : Epistemologias crt alémdadivida razodvel (pr beyonda reasonabledoube). Disponivel em: [https:/Avww.conjur.com.br/2018- ago-|#/andre-melgaco-reis-standard-prova-alem-duvida-razoavel). Acesso em: 15.09.2018, MORO, Sergio Fernando, Autonomia do crimede lavagem prova indieidvia. Revis. WCE}, v.12, n.41,p. 1-14, 2008, PRADO, Geraldo, Preficio, In: GALVAO, Danyelle da Silva, Interrogatério por iddeoconferencia. Sao Paulo: Liberrs, 2012. PRADO, Geraldo. Provaper lecontroles epistemicas:a quebrada cadeia de custodia das provas obtidas por métodos ocultos. Sao Paulo: Marcial Pons, 2014, SCHAUER, Frederick, Playing by the rules: a philosophical examination of rule- based decision-making in law and in life. Claredon Press, 1991 SCHAUER, Frederick. Profiles, Probabilities and stereotypes. Massachussets, Har 2006, vard University Pres SCHAUER, Frederick. Thinking like a lawyer: a new introduction to legal reaso- ning. Massachussets, Harvard University STRECK, Lenio Luiz. O que¢ prova robusta? Moro e TRE-A di nade 11 anos! Disponivel em: [https:/www.co1 ss, 2009, gem! Em jogo, pe- jur.com.br/2019-mai usta-moro-trf-divergem-jogo-pena-11-anos]. Acesso so-Incomum-prova-r 03.2019, SULLIVAN, KM, Amar, A. R, view, v. 106, 1992, TARUFFO, Michele. La prueba de los hechos. 2, ed. Madrid: Trotta, 2005. TARUFFO, Michele. Uma simples vendade: 0 juiz e a construcao dos fatos. Trad. Vitor de Paula Ramos. Sao Paulo: Marcial Pons, 2012. hhe Supreme Court, 1991 Term, Harvard Law Re- 248 Ceewcis Cannas 2019 * RBC al Pons, TARUFEO, Michele, A prova. Trad. Joao Gabriel Couto. Sto Paulo: Mar 2014. TH DRLEY, C. Memory conformity and suggestibilty. Psychology, Crime & Law p.565-575, 2013, VIALE DE GIL, Paula. ga prueba es suficiente cuando es sul cid a la construccién de la decision de suficiencia de la p penal. Revista Pensar en Derecho, 2014. WROBLEWSKY, Jerzy. Legal sy Rechtsthearie 33, ogism and rationality of judicial decision. 5 Pesauisas 00 EpitoRiAL Veja também Doutrinas Jjoloso na 30 penal Inago Cabral ~ Fi © A falta disciplinar por pratica de fato definida como cr Um enfoque sob a dtica dos stondards probatérios, de Thiago 960/145- 0 © Ambito cognitive da revisio criminal, quando fund 0 CPP, de Maria Alice Silva Moraes ~ RBCCrim 37 Penal §) 1061-1078 (DTR\2002\537), fg no art. 621, |, segunda hipotese, 136 e Doutrinas Essencias P 1254893 JRP{2015413860, InTeRROGAT Pouce ‘Areas bo Disco: Penal; Process Resuwo: O presente artigo rmantém 2 aria de obsessio pal a principal Sobre a qual gravitam os 6 prov. Reid’, adatado peas polcas p baseado em q confrmatérios, decorentes de ulpa ja de reve Ar INTERROGATORIO POLICIAL, CONFISSOES FORCADAS E HIPGTESE DE CULPA POLICE INTERROGA AND HYPO} TON, FORCED Leonaroo Auausto Mario Maraues Doutor em Dirito pela UFMG. Professor de Dirito Processual Pel na Faculdade de Diteto da UFM, Advogade, lconardo@leonardamarinho.combr Jamia Montero Sarkis Mestre em Direit pela UEMG. vada em Direito cela UFMG. Advogada, jamilla sarkis@araiicom ecetds em: 03012019 ‘Anexs 00 Dieso: Penal; Processul Resuwo: 0 presente artigo tem coma objet vo demonstiar que 0 interrogatéio poicia, da forma como vem sendo fea sitria de os sil, mantémn a teadigd0 ing sto pela confissto, co forma de revelar @ confession, sidered the main way of revealing ‘around, This realty i rev {qual gravtam os dem firmatory questions, due to ith the main ions, using coe vo principal ti hniques such as psychological pressure para tan petsuasion and manipulation, In Reid" method will be exp is work, the 1, $0 ts incompa posigdes acerca

Você também pode gostar