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Editora Religare Revista Comotal

Expediente
COMOTAL - REVISTA MAÇÔNICA DIGITAL
Publicação Mensal
ANO 1 – N° 04 – SETEMBRO/2020

EDITOR e REVISOR
Cláudio Nogueira

DIAGR AMADOR
Vítor Sousa

ARTE
Angeluz Corps

Revista gratuita. Publicidade gratuita. Finalidade e


circulação Maçônica. Textos de responsabilidade
única dos autores. Campanhas de solidariedade de
responsabilidade das entidades. Entre em contato para
colaborar com as publicações.

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Editora Religare Revista Comotal

Índice
Editorial 4
Cláudio Nogueira

Simbologia
Mistérios Iniciáticos
Cláudio Nogueira 8

História
Franco-Maçonaria Inglesa: um Bloco
Monolítico sem Fissuras 23
Hélio P. Leite

Filosofia
Redes Intolerantes 30
Emerson Fernando Almeida

Comportamento
A Maçonaria Dispõe Realmente de Pessoas
para Enfrentar os Problemas Atuais? 38
Washington Farias de Cerqueira

Campanha de Solidariedade
Hospital Aristides Maltez 49
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Editorial
À GL∴ DO G∴A∴D∴U∴

Há alguns séculos a Maçonaria vem atuando


como benfeitora da humanidade. São inúmeros
os projetos sociais em que a nossa Ordem é
engajada. A construção de hospitais, escolas,
bibliotecas, apoio a entidades, socorro em
tragédias e tantas outras benemerências que são
de número imensurável. Permanecemos ativos
nessa caminhada. Todavia, há um outro benefício
que a Maçonaria traz para a sociedade que muitas
vezes é esquecido: as Academias Maçônicas.
As Academias Maçônicas de Letras, Artes
e Ciências são instituições sem fins lucrativos
que tem objetivo congregar Maçons dedicados
as áreas supracitadas no intuito de promover
o conhecimento tanto Maçônico quanto
Profano. Em geral essas Academias promovem
cursos, revistas, palestras, eventos, editam
livros e homenageiam personalidades das áreas
estudadas. São formadas por Mestres Maçons
que são convidados e eleitos para ocupar cadeiras
com nomes de dignitários da sociedade.
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O modelo dessas Academias seguem o
espelho das Academias Profanas. Estas têm
origem no modelo da Grécia Antiga dos
filósofos Clássicos. Platão (428 a. C. - 347 a. C.)
foi o fundador da primeira e deu o nome de
Academus. Nela congregava-se os pensadores da
época e estudava-se essencialmente aritmética,
geometria, astronomia e filosofia.
Entre os séculos XVII e XVIII houve uma
espécie de movimento de criação de Academias
Literárias por toda a Europa e consequentemente
entre meados do século XVIII e principalmente
no século XIX o mesmo veio a acontecer no
Brasil. A primeira de todas foi a “Academia dos
Esquecidos” fundada em 1724, em Salvador,
Bahia. A mais antiga em atividade é a Academia
Cearense de Letras, fundada no dia 15 de agosto
de 1894, porém sendo a mais conhecida e de
maior prestígio nacional a Academia Brasileira
de Letras, fundada em 1897 e em atividade até
hoje.
A primeira Academia Maçônica criada
no Brasil foi a Academia Maçônica de Letras.
Fundada em 21 de abril de 1972 na cidade do Rio
de Janeiro. Sendo que com abrangência nacional a
primeira Academia Brasileira Maçônica de Artes,
Ciências e Letras foi fundada em 27 de janeiro de

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1996 sob a presidência do célebre escritor Ir∴ José
Castellani. Hoje, a Maçonaria conta com dezenas
de Academias espalhadas por todo o território
nacional.
As Academias Maçônicas no Brasil seguem
com toda força e vigor. De tempos em tempos
surgem novas. Umas representam regiões, outras
estados, outras Potências, outras o próprio Brasil e
algumas delas são ligadas a segmentos específicos
como as Academias de Direito.
É fundamental que as Potências Maçônicas
apoiem essa iniciativas, bem como os Irmãos
interessados congreguem-se com essas entidades.
Fomentar a ciência, a cultura, o conhecimento e a
atividade artística é imperioso para o crescimento
da sociedade, especialmente em tempos como
os de hoje que essas atividades estão jogadas a
segundo plano.
A Bateria incessante de hoje vai para os
Confrades da cultura e da ciência. Vida longa aos
Acadêmicos Maçônicos. Ad immortalitatem!!!

Ir∴ Cláudio Nogueira

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Mistérios Iniciáticos
Por Cláudio Nogueira

O ato iniciático não é exclusivo da Maçonaria


e nem tão pouco inventado por nossa Ordem.
Data de tempos imemoriáveis quando o homem
no alvorecer das civilizações separou, testou e
iniciou outros em novos patamares existenciais.
O ato de iniciar consiste em um passo evolutivo
em si, seja material, psicológico ou espiritual.
Em todas as civilizações antigas temos
provas de atos iniciáticos. Desde as mais antigas
civilizações em África aos ameríndios. Hoje
diversas sociedades contemporâneas utilizam
o ato iniciático como forma de inserir um
novo membro. Vide a iniciação científica dos
acadêmicos, como exemplo. Contudo é preciso
notabilizar que nem sempre um ato iniciático
consiste em um ato de Iniciação aos moldes
antigos, pois a Iniciação das sociedades antigas
consistia em se adentrar aos conhecimentos dos
Mistérios.

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Um Mistério, no sentido que os antigos
entendiam, trata-se de um conhecimento
somente reservado àqueles escolhidos que
provavam valor para obtê-lo. A palavra Mistério
- mistêrion – deriva primitivamente de um,
significando silêncio. No sânscrito – muka, mudo,
e ainda muni silencioso (eremita). Inúmera
sociedades antigas utilizaram desse método
para guardar conhecimentos fundamentais para
a cultura, a espiritualidade e a ciência de suas
civilizações.
Não é o nosso objetivo aqui traçar um
histórico das sociedades Iniciática antigas,
sobretudo pela escassez de provas cientificas,
mas podemos elencar algumas das principais e,
que para o nosso interesse maior, influenciaram
indiretamente a Maçonaria.
Índia - Ásia
A civilização que habita a região conhecida
como Vale do Indo surgiu provavelmente em
3.200 a.C. e teve sua maturação a partir de 2.500
a.C. Sendo uma das culturas organizadas mais
antigas que se tem notícia, o povo védico tem
como base um sistema de castas.

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A casta sacerdotal era a que recebia os
conhecimentos Iniciáticos e adentravam aos
Mistérios da cultura indiana. Os chamados
Brâmanes existem até os dias de hoje e fazem
parte da primeira do Varnasrama dharma, a
divisão tradicional de quatro castas da sociedade
Hindu. Brâmane significa “aquele que é versado
no conhecimento de Brâman, a alma cósmica”.
Basicamente, esses Mistérios que os
sacerdotes tinham acesso eram de cunho
teogônico, ou seja, versavam sobre a origem
dos deuses e destes a gênese da humanidade.
Essas narrativas, hoje de acesso profano, estão
nos Vedam e no Shastal, livros sagrados dos
Brâmanes, escritos originalmente em sânscrito
clássico. Neles conta-se que Para-Brahma ou
Deus, criou Brahma e este criou o mundo. Ele
também criou Vishnu (conservador) e Shiva
(destruidor).
Importante dizer que os chamados Vedas são
os textos escritos mais antigos de língua oriunda
do tronco indo-europeu que se tem notícia. Veda
significa conhecimento.

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Hoje o ato de escrever parece banal, mas nessa
época pouquíssimos eram os escolhidos para
adentrar ao Mistério de grafar os conhecimentos
e, sobretudo, os de gênese sacra.
Esses sacerdotes, a princípio eram eleitos
e passavam por provas que envolviam duros
testes ao candidato, depois essas provas
tornaram-se mais suaves e os novos brâmanes
recebiam hereditariamente o título dando
origem a um sistema de castas privilegiadas.
Seus princípios fundamentais eram que um
brâmane deveria ensinar os Vedas, se sacrificar,
receber deveres da alma e reverenciar os
deuses. O Código de Manu - legislação que
estabelece o sistema de castas na sociedade
Hindu - revela os Graus ou etapas que a vida
de um brâmanes era dividida. Os chamados
ashramas:
Brahmacharya é a fase da educação religiosa.
Aos 6 anos de idade os meninos passam por um
ritual de Iniciação, chamado upanayana.
Grihasthya é o segundo Grau, o estágio do
chefe de família. Ele se casa, tem filhos e cumpre
sua obrigações de acordo com a sua casta social.
É a fase da satisfação dos desejos, dharma.
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Vanaprastha é o terceiro estágio da vida dos
homens, já velho, com seu filhos casados ele pode
decidir por ficar com a sua família, ou ir para a
floresta e viver como um eremita, dedicado ao
estudo espiritual. Sua esposa pode optar em ficar
morando com os filhos ou ir com o marido.
Sannyasa ou renúncia é o quarto e último
Grau da vida do homem, no qual a vida material
não mais interessa e sim apenas a libertação
espiritual ou moksha. Vive a vagar e de alimentos
dados por outros. Sua vida é dedicada à realidade
absoluta, Krishna (Bhagavan), sem interesse em
nada mais.
Egito - África
A civilização mais promissora da antiguidade
se formou provavelmente em torno de 3100
a.C. com a unificação política do Alto e Baixo
Egito, sob o primeiro faraó Narmer, e teve o
seu auge no Império Novo (1550-1069 a.C.).
Diferentemente da civilização indiana, os seus
Mistérios envolviam para além da religião a
ciência. Desta temos mais registros das provas
Iniciáticas e suas características.

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A base do culto egípcio era politeísta e
acreditava na metempsicose - da transmigração
da alma, de um corpo para outro, ser vivo ou
não – seu principal mito residia na trindade dos
deuses Osíris (sol), Ísis (lua) e Hórus (falcão).
Os seus rituais eram em parte exotéricos
(abertos) e esotéricos (fechados). Eram divididos
em dois Graus. O primeiro Grau era exotérico
e os hieróglifos eram expostos na porta do
templo e os sacerdotes explicavam ao povo. O
segundo era esotérico, consagrado à moral, à
religião e às ciências. Este era dividido em sete
partes, somente para os escolhidos a Iniciar e
eram neles que eram partilhados os Mistérios,
contudo somente aos que sobreviviam às provas.
A primeira prova era a da Terra. Consistia
em o neófito entrar num subterrâneo em
trevas portando apenas uma tocha. A
distância a se percorrer era longuíssima
e conta-se que havia lugares tão rentes ao
chão que era preciso se arrastar. Ao chegar
em determinado local dava-se de frente com
um precipício de fundura absurda da qual
chamava de poço misterioso.

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A segunda prova envolvia passar por uma
alameda de árvores em chamas. Eis a prova do
fogo.
A terceira era a da água, na qual o candidato
ao passar por um estreito de uma galeria se via
de repente inundado por todos os lados por água
vinda do rio Nilo e deveria nadar para salvar a
sua vida e ainda tendo que manter a tocha acessa
e segura, pois tudo era feito em pleno breu.
A quarta, era a do ar, consistia em um
momento em que o candidato era pego de
surpresa ao passar por uma ponte levadiça
que de repente levantava e o colocava numa
altura estonteante enquanto um forte vento o
desequilibrava e apagava a sua tocha. Abaixo
dele um precipício sem sinal de fundo.
Fico imaginando aqui com os meus botões...
já vi Candidato querer fugir de Câmara de
Reflexões do tipo gourmet. Imagine numa
situação dessas...
Os demais Graus vão até a sétima prova e
já envolvem rituais semelhantes e com ligações
com Altos Graus do REAA, por isso vamos nos
manter nesses que todos Iniciados já tiveram
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contato. O fato é que a maior parte das civilizações
Iniciáticas que vieram depois beberam dessa
fonte direta ou indiretamente.

Grécia – Europa
A civilização tida como berço do Ocidente
teve início no que chamamos de Período
Homérico próximo aos séculos XII a IX a.C. e
teve seu declínio com as conquistas romanas em
146 a.C.
Haviam vários ritos iniciáticos na Grécia
Antiga. Dentre eles os Mistérios da Samotrácia,
os Mistérios de Ísis, os Mistérios de Orfeu e
os Mistérios de Elêusis. Todos eles foram
bastante influenciados pela cultura egípcia.
Eram divididos em Pequenos Mistérios
e Grandes Mistérios. Os primeiros eram
referentes à teogonia e os segundos à filosofia
e à ciência. Acredito que destes os de Elêusis
nos traga verossimilhanças interessantes com
determinado Grau Maçônico que envolve a
plenitude e a espiritualidade pós-morte.

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Os Mistérios de Elêusis eram ritos iniciáticos
que envolviam o culto das deusas agrícolas
Deméter e Perséfone que se celebravam na
cidade de Elêusis. Eram tidos como os de maior
importância entre todos na antiguidade grega.
As provas Iniciáticas físicas eram duríssimas.
Os adeptos ingeriam uma bebida de
nome ciceona como agente psicodélico o que
contribuía deveras para alucinações e inspirações
espirituais. Haviam também dramatizações do
rapto de Perséfone e um ato fechado no templo
comandado por um Hierofonte (sacerdote que
conduzia a Iniciação). Uma das características
fundamentais era o veemente e enfático pacto
de segredo que deveria se guardar do que
acontecia nessas cerimônias, de modo que um
Iniciado que traísse esse juramento era banido
da sociedade, sendo proibido se falar ou olhar
para esse indivíduo, coabitar e aqueles que
escutassem os segredos teriam uma pena igual.
Nesse caso o pau que dava no perjúrio, dava no
Goteira.

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Conta-nos o mito:
...raptada por Hades (Plutão), rei do Mundo
Inferior, quando colhia flores com suas
amigas, as Oceânides, no vale de Nisa.
Deméter, ao tomar conhecimento do rapto,
ficou tão amargurada que deixou de cuidar
das plantações dos homens aos quais havia
ensinado a agricultura. Os homens morriam
de fome, até que Zeus (Júpiter), que havia
permitido a seu irmão Hades raptar Perséfone,
resolveu encontrar uma forma de reparar o
mal cometido. Decidiu, então, que Perséfone
deveria voltar à Terra durante seis meses para
visitar sua mãe e outros seis meses passaria
com Hades.
(O que era o culto grego secreto, os Mistérios
de Elêusis? Mundo Estranho)

A base do ritual era a celebração do retorno


de Perséfone do reino do Hades. Era em si um
rito agrícola e simbolizava o triunfo da vida após
a morte.
Os Essênios – Oriente Médio
A palavra essênio é derivada aparentemente
a partir da Síria (essaya ou essenoí) e este do
aramaico (chasajja = “piedoso”). Eram povos

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ascetas, apocalípticos e messiânicos. Pertenciam
a uma facção que se separou do judaísmo antigo
por contestar as suas práticas e que se agruparam
provavelmente em meados de 200 a. C. Foram
dizimados no ano 68 na sua comunidade em
Qumran muito provavelmente por exércitos
romanos.
Essa seita foi contemporânea ao Cristo,
anunciou a sua chegada, porém não é citada
na Bíblia. Todavia entre os anos de 1947 e 1960
foram descobertos pergaminhos que atestaram
a sua existência, apesar que já havia outros
autores antigos que os mencionavam, mas não se
estabelecia provas contundentes. Esses autores
que o citaram, como Filon, Josefo e Plínio,
contam-nos que eles tinham uma fé inabalável
em Deus e costumes muito rígidos.
A questão moral era fundamental para
poder adentrar e serem aprovados em seu meio.
Os postulantes eram testados durante três anos
antes de serem admitido na comunidade. Um
ano fora da casa e dois anos dentro. Dentre os
principais Mistérios aprendidos com esse povo

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tem-se: A cura por milagre e benção por meio da
mãos; O uso de ervas para a cura; a alimentação
vegetariana, inclusive atos de purificação da
comida; a higiene antes das refeições; Eram
Nazireus, ou seja, faziam o voto de pureza e
separação das coisas profanas, dentre elas o uso
de vinho e como marca de seu voto não cortavam
o cabelo.
O principal ato Iniciático desse povo era o
ritual de purificação nas águas. Ele simbolizava
a morte de uma vida profana para ressureição
em uma nova vida dedicada à espiritualidade.
Esse ato ficou conhecido tempos depois por
Batismo. Seria João um essênio? E o Cristo? Os
anos de hiato que a bíblia não mostra, dos 12
aos 30, teria sido aprendendo com esse povo?
Fica a dúvida e a reflexão.
Inúmeros são os povos que eram iniciáticos,
que testavam seus futuros adeptos, que
ensinavam conhecimento misteriosos para a
suas épocas. Aqui, pincelamos apenas alguns
que de forma indireta, séculos depois, iriam
influenciar conceitos esotéricos que a Maçonaria

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iria preservar. O ato Iniciático é mais do que
um ritual dramático de aceitação num grupo
social, ele enceta a um compromisso pessoal
de transformação, um novo passo íntimo, um
Mistério interior e individual. O maior Mistério
que a Maçonaria nos passa não de ordem
filosófica, mas de ordem espiritual e que vem do
âmago de cada um. É uma conversa entre você e
o Grande Arquiteto do Universo. Mistério...

Cláudio Nogueira é M∴M∴ e 1° Vigilante da


A∴R∴L∴S∴ 2 de Julho, n° 1421 G OB /B A , Grau
16 no R∴E∴A∴A∴, professor, editor da R eligare
Livros , produtor de conteúdos em diversas mídias
e propr ietár io do site de ar tigos maçônicos:

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Franco-Maçonaria Inglesa:
Um Bloco Monolítico e Sem Fissuras
por Hélio Pereira Leite

“Act Of Union”
No fim do século XVIII, existiam duas Lojas
rivais na Inglaterra, a Grande Loja, dita dos
“Moderns” (Modernos), fundada em 1717, e a
dita dos “Antients” (Antigos), fundada em 1751.
A despeito das declarações recíprocas de
irregularidade, não eram raras as “intervisitas”
e até as trocas de Obediência e, gradualmente,
as novas gerações perdiam de vista as querelas
ancestrais. Assim, o desejo de aproximação
acabou por se tornar realidade. Aconteceu,
após uma longa preparação, por obra do Act
of Union de 1813, carta da atual Grande Loja
Unida da Inglaterra (United Grand Lodge of
England). A história humana, e não somente a
história Maçônica, é composta de rivalidades
e de divisões, mas pode-se dizer que um mal
ainda pior é o das conciliações prematuras,

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mal estudadas, e que por isso se revelam, pela
experiência, reconciliações efêmeras.
A história do A ct of Union merecia
ser mais bem conhecida, mesmo fora da
Franco-Maçonaria, pois foi um modelo,
em sua longa fase preparatória, de
inteligência e, fato ainda mais raro, de
diplomacia leal. O seu êxito foi facilitado
pelo pragmatismo britânico, pela sua
aversão sábia por toda a fraseologia vazia,
assim como pelo prestígio dos dois Grão-
Mestres, ambos membros da família real,
a qual revelou, mais uma vez, ter uma
admirável virtude arbitral e federativa.
Assim se explica que essa obra se tenha
revelado durável. A história confirmou
sua excelência. A unidade Maçônica não
seria mais colocada em questão, e hoje
em dia, ainda mais do que em 1813, a
Franco-Maçonaria inglesa aparece como
um bloco monolítico e sem fissuras.
Do lado dos “Moderns”, os dois Grão-Mestres
que foram os primeiros a dar ouvidos às críticas
dos “Antients” foram Lord Blayney, e depois
Thomas Dunckerley. O primeiro era soldado de
ofício, iniciado em uma Loja Militar, e portanto,
de tendência “Antient”.
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Abordava a sua Grão-Mestria em condições
favoráveis. Teve mais tarde por Grão-Mestre
Deputado o famoso Wiliam Preston (1742-1818),
cujo papel seria essencial, já que foi o primeiro
Grão-Mestre “Modern” a adotar oficialmente
o Royal Arch. O segundo era um filho natural
do rei Jorge II, dotado de viva inteligência, e
que compreendeu que a boa tática consistia
em permitir que os “Antients” que aderissem
à sua Obediência conservassem os seus Ritos,
contanto que considerassem esta como a única
legítima...
Em 1794, a ideia de uma reconciliação tinha
evoluído tanto que, quando de seu retorno do
Canadá, o príncipe Eduardo, futuro Duque de
Kent, recebeu uma mensagem assinada por
dois Grão-Mestres rivais que pediam que um
grande trabalho unificador fosse realizado
com a sua arbitragem. Contudo, somente em
1809, os “Moderns” constituíram uma Loja de
Promulgação, encarregada de estudar o problema.
Ela aderiu, após um estudo objetivamente
conduzido, à concepção dos “Antients” para o
Ritual.

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Em 1813, o Grão-Mestre dos “Moderns” era
o duque de Sussex e o dos “Antients”, o duque de
Kent. A família real assumira a grande causa. O
duque de Sussex teve a habilidade de nomear o
duque de Kent para seu Grão-Mestre Deputado,
e assim, em novembro de 1813, foram assinados
os 31 artigos da União pelos dois Grão-Mestres,
imediatamente ratificados pelas suas respectivas
Grandes Lojas. Ali foi colocado em princípio
que a fraternidade seria dali por diante una sob
o nome de Grande Loja Unida da Inglaterra.
O duque de Kent propôs então que o seu
irmão, o duque de Sussex fosse o primeiro
Grão-Mestre eleito, e, enfim, uma Loja “mista”,
dita de Reconciliação arrematou a fusão,
harmonizando os Rituais. Efetuou-se esse
trabalho oralmente, respeitando a proibição
de escrever o Segredo Maçônico. Nenhuma ata
foi redigida e foi proibido até se tomar notas.
Esse é o motivo pelo qual, mesmo atualmente,
a Grande Loja Unida da Inglaterra não dispõe
de nenhum Ritual oficial escrito. O resultado
foram inevitáveis variantes, como sobrevivência
de diversidades locais, mas a constância do
Ritual de Emulação foi assegurada graças à

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instituição das Lojas de Instrução, dentre as
quais a mais importante seria a Emulation
Lodge of Improvement, fundada em 1823, e
mais viva hoje do que nunca.
O Act of Union teve, enfim, o mérito de
resolver definitivamente o irritante problema
do Royal Arch.

Hélio Pereira Leite. Past Grão-Mestre do Grande


Oriente do Distrito Federal - GOB, gestão 2003/2007.
Grande Representante da Grande Loja de Porto Rico
junto ao Grande Oriente do Brasil. Ex-Conselheiro
Federal do GOB. Autor dos livros: Banquete Maçônico
(vol. I, II). Das coletâneas: 100 Peças de Arquitetura e
O GOB comemora 195 anos de Fundação.

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Redes Intolerantes
Por Emerson Fernando Almeida

“As potências deveriam normatizar o


uso das ‘redes’ quando o tema é a Ordem.”
– disse-me, recentemente, um caríssimo Ir∴.
Reagi favoravelmente: “Também acho. Mas
aí surgirá a velha – fundamental, diga-se de
passagem – discussão sobre a liberdade de
expressão.” “Submetamos nossas vontades!”
– ele bradou com certa veemência. “Este é o
problema.” – lamentei.
O diálogo que travei com o indignado Ir∴
é apenas uma minúscula parte do problema.
O que se vê constantemente – esta é a verdade
– é um espetáculo de horrores; no qual alguns
poucos IIr∴ (mais barulhentos) despem-se de
suas condições de homens “Aceitos” e fazem das
chamadas redes sociais palco para a exposição
de suas paixões. Vassalos das mesmas, quando
confrontados – às vezes nem isso – partem
cegamente para a defesa arrebatada de vossas
musas, filhas legítimas da irracionalidade.

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O resultado, quase sempre, é o descrédito
pessoal e, é claro, a Ordem atingida. Não se trata
aqui – evidentemente – de questionar qualquer
gosto pessoal de quem quer que seja. Pelo
contrário: o que se questiona é o trato com o
outro, Ir∴ ou não, em qualquer ambiente. Esse é
o cerne da questão. Porém, o que se percebe é que
a pluralidade de pensamento está sendo posta
em risco (acho que neste país sempre esteve) por
“pseudopadrões” de conduta que supostamente
devem ser seguidos. O problema é que – não
raro – tais padrões camuflam verdades secretas
incômodas a alguns de seus disseminadores
(sem generalizações, é claro). Sabemos: há
aqueles que têm dificuldade em aceitar as
intempéries mundanas e, vez ou outra, partem
para o confronto. Isso – admitamos – faz parte
da natureza humana. Bom mesmo é a certeza
que há muitos que exercitam constantemente
a tolerância para que as suas existências não
sejam eivadas de ódio. E é dessa forma que nós
IIr∴ devemos sempre agir nas “redes” ou fora
delas. É incabível não fazermos de nossa labuta,
parâmetro realmente norteador para todas
as nossas ações. Foi o que afiançamos, não é

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verdade? Agir de forma contrária, não é fazer a
humanidade mais feliz.
É fato: as paixões embaçam a razão e nos
levam a viver mal; porque tudo o que transita
fora da razão está fadado ao desacerto e presta
sinceras homenagens às superstições, ao
exclusivismo (são poucos os querem trancar
nossa “Obra” no passado?), aos preconceitos,
aos pensamentos censuráveis e muito mais!
Se o que aprendemos dentro de nossos
Canteiros deve ser levado ao mundo dos “de
fora” através de nossos exemplos, mundo esse
que também vivemos e que devemos melhorar,
porque nos prestarmos ao desserviço de nos
digladiarmos em guerras inférteis no afã de
defendermos nossas predileções mundanas?
Insisto: À luz de nossas cartilhas, tais guerras
nas “redes” não passam de afrontas aos
Juramentos que firmamos perante a todos os
IIr∴ do Globo Terrestre. Compromissos que
caracterizam privilégios incomensuráveis
quando bem compreendidos. Mas tais
compreensões estão atreladas ao que o Ir∴
André Otávio Assis Muniz, em seu livro Novo

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Manual do Rito Moderno – Grau de Aprendiz,
pontua sobre a importância da fraternidade:
“Fazer imperar a fraternidade é tentar estender
a toda a raça humana os nobres ideais de
fraternidade existentes dentro da Maçonaria.
E é óbvio que, para isso, é necessário que nós
consigamos viver VERDADEIRAMENTE a
fraternidade dentro da Ordem.”
Pergunto-lhes: Estamos? Quero estar
totalmente equivocado, mas ouso afirmar
que não. Nossa obrigação maior, a Tolerância,
coitada, vive sendo empurrada – muitas vezes
conscientemente – para fora de nossas “redes”.
O suposto erro do outro precisa mesmo ser
elevado à enésima potência a ponto de que
até mesmo um Ir∴ seja tratado como um
estranho e atacado – não raro – com violência
descomunal?
O modo de vida do outro, que em nada
fira a legalidade constituída em nosso
país, deve mesmo ser censurado porque o
mesmo supostamente não coaduna com
o que consideramos certo ou errado? A
resposta, mais uma vez é simplicíssima:
não. Cabe-nos, isto sim, advogarmos a favor

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da liberdade de todos, porque só assim
seremos VERDADEIRAMENTE iguais, e,
consequentemente, teremos um mundo mais
fraterno. Difícil? Certamente. Mas a Maçonaria
será sempre uma obra em constante construção.
Portanto, é nosso dever aplicarmos nossos
ensinamentos em qualquer ambiente seja ele
real ou virtual.
São também minhas as indignações do Ir∴
mencionado no primeiro parágrafo. Felizmente!
Sinto-me confortável assim. A minoria, que
não consegue se sentir assim, acaba desistindo
de nossa labuta; que deve ser essencialmente
interna, e retorna para as trevas dos embates
estéreis que tanto lhes agrada. Evidentemente
que não tenho a intenção aqui de ser modelo
para absolutamente nada. Quem nunca se viu
tentado a adentrar esse coliseu virtual que são
as “redes sociais” e digladiar contra aquilo que
abomina naquele momento?
O que pretendo com tais palavras aqui
expostas é jogar mais um pouquinho de luz
sobre o tema que, sabe-se lá o porquê, parece
estar sempre envolto de silêncios inexplicáveis.
Também não há aqui qualquer ojeriza ao mundo
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virtual. Pelo contrário: a nefasta e presente
pandemia mostrou o quão útil esse mundo nos é.
A Maçonaria, evolutiva, faz bom uso dele. Porém,
o Ir∴ André Otávio Assis Muniz faz mais uma
pertinente observação em seu livro mencionado
no parágrafo anterior: “(...) maçom virtual vê a
Maçonaria como um clube que presta serviços
e que lhe confere um certo status social.” Esta
consideração casa com todas as considerações
pontuadas aqui.
Afirmação dura? Duríssima! Mas é
importante, Ir∴ leitor, insisto com o fato de
que não estou aqui julgando ninguém, muito
menos fazendo generalizações pueris. Apelo:
se tais raciocínios não se escoram em verdades,
peço-lhe as devidas escusas e melhores
orientações sobre o tema. Quero saber onde
está a razão e o amor ao próximo quando se
quer derrubá-lo da “rede”.

Emerson Fernando Almeida. Reside em Boninal –BA. É


professor há mais de vinte anos e lançou o livro de poesias
Sem anos de Solidão (1998). Em 2016, foi iniciado na
Maçonaria na A∴R∴L∴S∴ Sabedoria, Luz e União no 2561
- Grande Oriente do Brasil - Or∴ de Feira de Santana.
Atualmente ocupa o cargo de Secretário da A∴R∴L∴S∴
Nelson Teixeira Leite no 4553 –GOB, Or∴ Seabra – BA.

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Coleção Rumos

Adiquira Seus Exemplares:


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A Maçonaria Dispõe Realmente de


Pessoas Para Enfrentar os Problemas
Atuais?
Por Washington Farias de Cerqueira

“Ninguém é perfeito: todos têm seus defeitos.


Cada homem pesa sobre os outros, e é somente
o amor que torna este peso leve. Se não puderes
suportar seus irmãos, como poderão seus irmãos
suportar-te?”
H.F.R. Lamennais (1782-1854)

Essa pergunta é feita diariamente por


milhares de pessoas espalhadas pelos quatro
cantos do mundo, quer sejam Maçons, ou não.
Para obtermos uma resposta contundente, é
inevitável remontarmos às origens da Maçonaria
que se perdem na origem da história ocidental.
O grande marco conhecido, que formatou a
Maçonaria como ela é hoje, foi o humanismo
Francês. Nos primórdios da humanidade
o conhecimento era restrito a grupos de
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Editora Religare Revista Comotal
pessoas que dominavam as artes, as técnicas
construtivas, a escrita, as leis humanas e divinas.
Essas pessoas, com o intuito de aprimorar e
compartilhar seus conhecimentos, se agruparam
em torno de corporações voltadas para a arte da
construção. Na antiguidade os Maçons foram
os CONSTRUTORES DO MUNDO. A partir
do iluminismo Francês e em contraponto ao
obscurantismo da Idade Média, com o objetivo
de manter vivo e efervescente o conhecimento,
os filósofos e pensadores se aproveitaram das
corporações de construtores para criar o que
denominaram de Maçonaria Especulativa.
Seriam os construtores não mais de obras,
mas sim do homem e, por conseguinte, da
humanidade.
O iluminismo foi um movimento intelectual
que ocorreu na Europa no século XVIII e teve
sua maior expressão na França, palco de grande
desenvolvimento da Ciência e da Filosofia.
Obteve grande influência a nível cultural,
social, político e espiritual. Sendo um período
de transformação na estrutura social da Europa,
cujos temas giravam em torno da liberdade,
do progresso e do homem. Contribuiu para
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Editora Religare Revista Comotal
um processo desenvolvido para corrigir as
desigualdades da sociedade e garantir os direitos
individuais como a liberdade e a livre posse de
bens. Os Iluministas acreditavam que Deus
estava presente na natureza e também no próprio
indivíduo, sendo possível descobri-lo por meio
da razão.
A Maçonaria é uma sociedade discreta, na
qual as suas ações são reservadas e interessa
apenas àqueles que dela participam; também
é uma sociedade Universal, cujos membros
cultivam os princípios da liberdade, democracia,
igualdade, fraternidade e aperfeiçoamento
intelectual; a Maçonaria admite todo homem
que é livre e possui bons costumes, não fazem
distinção de raça, religião ideário político ou
posição social; não comunga com a corrupção;
não aceita a violação às leis contidas na
Constituição Nacional; o desrespeito à família.
Suas exigências são que o Candidato possua um
espirito filantrópico, tenha crença no S.A.D.U. e
que busque sempre a Perfeição.
Os acontecimentos recentes da transformação
mundial após a chegada do Vírus, nos dá à
nítida certeza que muitos dos princípios por nos
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Editora Religare Revista Comotal
estudados devem ser de forma urgente aplicados,
na mesma velocidade que se reproduz o Vírus, e
diferente dele, não silenciosamente, digo que em
um tom que possa chamar à atenção de todos.
Ações que promovam o que defendemos: O Bem
da Humanidade.
O recolhimento que nos é exigido pelo
silencioso Covid-19, um microscópio Vírus,
contraria até à Constituição Federal, fere o
direito de ir e vir do cidadão. Ele também nos
“humilha”, quando demostra ter aliados que têm
acesso amplo ao poder corrompido do nosso
país através dos corruptores governantes. Na
miséria dos povos é vista a oportunidade de
saques ao erário público, desmandos de toda
ordem em nome da manutenção do poder,
com raríssimas exceções.
É necessário que estejamos atentos para
impedir que esses “desavisados” continuem
acreditando que não estão sendo observados.
Precisam saber que existe a Ordem Maçônica,
que é contrária aos maus costumes, a elementos
que têm esses propósitos como forma de vida.
Oferecem aos carentes uma esmola em troca
de uma fortuna em seu próprio bem. Devemos
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demonstrar que a Maçonaria defende os
princípios da LIBERDADE, IGUALDADE E
FR ATERNIDADE de forma intransigente, para
todos os povos.
Temos registo em nossa história de lutas
que nos autorizam a tomarmos posições
contrárias ao que estamos apenas observando.
Devemos honrar, tomar o exemplo dos nossos
antecessores, e cumprir o nosso papel na história
contemporânea.
Esse é o nosso dever e oportunidade.
Sempre estivemos ao lado da humanidade.
Maiores foram às ameaças e batalhas.
Vencemos todas. Não vamos nos intimidar
com um vírus, parasitado por oportunistas
de plantão. Se pensam que esta oportunidade
é deles, façamos verificar que existimos e
somos muito mais fortes. Que a nossa luta
não é de bater em retirada e sim de recuperar
a dignidade humana.
Neste momento não estou fazendo apologia
à tomada dos poderes, estou sim, querendo que
o respeito e a dignidade sejam verificados e que
sejam adequados aos nossos princípios. Não

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Editora Religare Revista Comotal
é necessário pegarmos em armas, é suficiente
nos posicionarmos com a bagagem histórica, o
presente e o futuro que temos a oferecer. Somos
homens e mulheres, Maçons ou não, núcleo de
famílias em número e com capacidade suficiente
para promover a PAZ, necessária a todos.
O Vírus em discursão em determinado
momento não é uma ameaça, ele é uma
oportunidade que dispomos para cumprir o
nosso papel na sociedade em que vivemos. Não
podemos ficar no isolamento dos Templos.
Temos que intensificar as nossas práticas, aplicar
os nossos conhecimento de:
Aprendizes; Companheiros; Mestres;
Mestres da Discrição; Mestres da Lealdade;
Mestres da Franqueza; Mestres da
Verdade; Mestres da Coragem; Mestres da
Justiça; Mestres da Tolerância; Mestres da
Prudência; Mestres da Temperança; Mestres
da Probidade; Mestres da Perseverança;
Cavaleiros da Liberdade; Cavaleiros da
Igualdade; Cavaleiros da Fraternidade;
Cavaleiros Rosa-Cruz ou da Perfeição;
Missionários da Agricultura e da Pecuária;

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Missionários da Industria e Comercio;
Missionários do Trabalho; Missionários
da Economia; Missionários da Educação;
Missionários da Organização Social;
Missionários da Justiça Social; Missionários
da Paz; Missionários da Arte; Missionários
da Ciência; Missionários da Religião;
Missionários da Filosofia. Guardiões do
Bem Público; Guardiões do Civismo; e por
fim: Servidores da Ordem, da Pátria e da
Humanidade.
Percebam que temos um logo caminho nas
diversas áreas do conhecimento. Ao Maçom cabe
o exercício hierárquico em cada situação que se
encontre. Não e obrigatório que todos estejam
no Grau 33, Servidores da Ordem, da Pátria e
da Humanidade. Não podemos esquecer-nos
dos estudos pelos quais passam Aprendizes e
Companheiros até a Maestria.
Estamos recolhidos em casa, com mais tempo
para família até com algumas dificuldades pela
mudança da rotina. Felizmente dispomos da
tecnológica por onde podemos nos comunicar
com o mundo.

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Editora Religare Revista Comotal
O Maçom aplicado, estudioso, deve estar
recorrendo aos ensinamentos que lhe foram
ministrados para que sejam aplicados de forma
a atingirem e influenciarem a todos.
Não sei nesse momento precisar o autor deste
pensamento: “Se todas as pessoas varressem a
metade da sujeira da frente das suas casas, não
haveria sujeira no mundo”.
Diante do que aqui estou expressando,
pergunto: o que estamos fazendo é suficiente?
Estamos cuidando da nossa casa e da metade da
sujeira da nossa porta também?
Se tudo isso que você está cuidando: casa,
porta, familiares... É para você o suficiente?
Espere os resultados. Certamente serão os
melhores. Se não forem, arregacem as mangar e
verifiquem que: ao saírem em suas portas existe
uma infinidade de pessoas que não tiveram a
oportunidade de participar da Sublime Ordem.
Não tendo participado, não são obrigadas a
implementarem conhecimentos que não lhes
foram ministrados.
É necessário discutirmos uma proposta,
uma ação da Maçonaria, no intuito de formar
uma nova e necessária consciência dos ricos em
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relação aos pobres, quer como país, quer como
indivíduos.
Tenho a convicção de que não se trata
apenas de um problema dos governantes, mas
sim daqueles que detêm os conhecimentos,
as fórmulas econômicas e tecnológicas, para
aplicá-los e distribuí-los a todo o planeta.
Em suma é um problema de toda a sociedade
organizada. É um problema nosso.
Hoje já podemos, dentro do seio da
Maçonaria, falar em organização da
sociedade, de interesse público, em parcerias
público-privadas, em organizações não
governamentais como uma clara vontade dos
cidadãos em auxiliar ao Estado numa tarefa
que transpõe suas fronteiras e sua capacidade
administrativa. Se nós Maçons, privilegiados
que somos, nos furtarmos de tal empreitada,
com certeza estaríamos traindo nossos
princípios basilares.
“O poder ou a riqueza não nos satisfaz na
plenitude. São as pessoas com seu carinho, sua

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Editora Religare Revista Comotal
ternura, seus gestos simples, traduzindo amizade,
ternura, afeição que nos conferem forças para
aguentar a dor e para espantar a solidão.”
Digo mais a todos: Se não formos capazes
de AMAR aos outros, com certeza nem a nós
mesmos o seremos. Portanto AMEM com
intensidade.

Washington Far ias de Cerqueira . Presidente da


AMALC AR G – Academia Maçônica de Letras
Ciências e Ar tes da R egião Grapiúna; Secretár io
Estadual de R itualística para o R ito Brasileiro; Grau
33 do R ito Brasileiro; Membro Fundador da AGR AL
– Academia Grapiúna de Letras de Itabuna; Mestre
Instalado pela A∴R∴L∴S∴ 28 de Julho no 1.840 –
G.O.B . - Or iente de Itabuna-B a; Deputado Federal
Licenciado pela A∴R∴L∴S∴ União e Liberdade
Or iente de Ur uçuca- B a .

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Instituição filantrópica sem
fins lucrativos especializada
no tratamento do câncer há
68 anos e principal unidade
de atendimento oncológico à
população carente no estado
da Bahia.

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