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Filosofia

Obs: Assistam ao vídeo é muito interessante e gostoso de assistir!

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Atividade:

Após a leitura comente, qual conhecimento conseguiu obter com a


leitura deste artigo?

Exemplos práticos de que a filosofia serve para a vida


cotidiana
Não sabe que fazer com esses 10 reais?

Schopenhauer
A disciplina de filosofia deixou de ser considerada uma "área
prioritária" e tem sido questionada por sua natureza pouco
prática. Mas, como lembrava a filósofa Marina Garcés, "a
filosofia não é útil ou inútil. É necessária". Trata-se de uma
"linguagem fundamental" para aprender a pensar de forma
crítica.
De qualquer forma, neste momento haverá leitores dizendo algo
como: "Ok, tudo bem. A filosofia é bonita. Pode ser um hobby,
como jogar xadrez ou fazer palavras cruzadas. Mas não se traduz
em nada que possa me servir. Nunca me verei na situação de
duvidar se o mundo existe, como Descartes".
Mas a reflexão e a análise de questões fundamentais têm muito
mais consequências práticas do que parece. A filosofia não só nos
ajuda a ver o mundo de maneira diferente, mas também pode
mudar a forma como interagimos com ele. De como podemos
ajudar os outros até como enfrentar a morte, ou se devemos tuitar
com raiva. O pensamento crítico e as ferramentas que a filosofia
nos proporciona nos ajudam a tomar decisões conscientes.
1. Como posso ajudar mais pessoas?
Suponhamos que você queira doar 10 reais para uma ONG. Qual
deveria escolher? Uma sobre a qual já ouviu falar? Alguma que
esteja trabalhando em catástrofes? Ou talvez outra que atue em
sua cidade?
Os filósofos que defendem a corrente do "altruísmo eficaz"
acreditam que as doações, por menores que sejam, podem ajudar
muito mais do que imaginamos. Em entrevista ao EL PAÍS, o
filósofo australiano Peter Singer destacou que pessoas de países
em situação de extrema pobreza "vivem com menos de 700
dólares (cerca de 2.600 reais) por ano e, muitas vezes, não têm
acesso à água potável, saneamento básico e educação para seus
filhos". Ou seja, esses 10 reais podem valer muito mais em um
desses países com uma situação econômica pior.
Além disso, nem todas as iniciativas funcionam da mesma
maneira. Em seu livro Doing Good Better (fazendo o bem
melhor), o filósofo William MacAskill, da Universidade de
Oxford, nos aconselha a fazer perguntas como as seguintes:
estamos ajudando uma área que está esquecida e, portanto,
carente de recursos? Ou doamos quando ocorre uma catástrofe e,
portanto, já existem muitas pessoas dando uma mãozinha?
MacAskill também defende levar em consideração se há provas
do alcance das ações da ONG. Por exemplo, e embora pareça
paradoxal, os programas de eliminação de vermes intestinais são
mais úteis para reduzir o absenteísmo escolar no Quênia do que
comprar livros didáticos.
Muito trabalho para 10 reais? Sim, é. Mas existem organizações
que fornecem essas informações, como a Give Well, que analisa
o impacto das ONGs recomendadas, e a The Life You Can
Change, do próprio Singer, que inclui até uma calculadora que
permite saber como cada doação será usada.
2. Devo participar da polêmica do dia no Twitter?
Bem, você já doou os 10 reais. Agora, pega o celular para dar
uma olhada no Twitter. Como geralmente acontece nesses casos,
depois de alguns segundos já está morrendo de raiva de alguém
que falou uma barbaridade e tem vontade de dizer-lhe umas
poucas e boas.
Embora talvez não seja uma boa ideia. Os psicólogos Paul Bloom
e Matthew Jordan se perguntavam no The New York Times há
algumas semanas se somos todos "torturadores inofensivos", por
causa das redes sociais. Esse termo se refere a um experimento
mental proposto por Derek Parfit no livro Razões e Pessoas,
publicado em 1986. O filósofo, que morreu em 2017, imagina
torturadores que, durante anos e individualmente, tinham de
causar o máximo de dor possível a uma pessoa, mas agora têm
um sistema que os isenta de responsabilidade. A única coisa que
precisam fazer é apertar um botão que aumente em um milésimo
a dor sentida por cada um dos 1.000 prisioneiros.
Ou seja, os torturadores podem alegar que não causaram muita
diferença no sofrimento dessas pessoas. "Se eu tivesse parado de
apertar o botão, sua dor teria passado de 1.000 para 999, então,
por que arriscaria ser demitido?" Ou, no caso do Twitter, se 280
caracteres não vão fazer muita diferença, por que eu deveria ficar
sem meus retuítes, mesmo à custa de humilhar ou insultar
alguém?
Mas, claro, na verdade não agimos sozinhos. Uma pessoa não faz
muita diferença, mas cada um dos torturadores continua sendo
responsável pelos danos causados. Especialmente se levarmos em
conta que, provavelmente, apenas aperte o botão porque acredita
que os outros 999 também o apertarão.
3. Em quem posso votar?
Um dos exemplos de que normalmente não agimos sozinhos são
as eleições. Um voto pode ajudar a fazer diferença, por isso é
preciso tomar essa decisão com certa responsabilidade. Por
exemplo, queremos ajudar a criar uma sociedade mais justa ou
preferimos aumentar a liberdade individual?
O filósofo norte-americano John Rawls sugeria em Uma Teoria
da Justiça (1971) que nos imaginássemos todos reunidos para
escolher os princípios fundamentais da sociedade. Há um porém:
não sabemos qual será nossa posição nesta sociedade. Pode ser
que sejamos ricos ou pobres, saudáveis ou doentes, inteligentes
ou simplesmente justos. Não saberemos sequer se nasceremos na
Espanha ou na Somália. Estamos sob o "véu da ignorância", o
qual Rawls chama de "posição original".
Nestas circunstâncias e, segundo Rawls, todos imaginaremos que
corremos o risco de estar em uma posição mais desfavorável, por
isso optaremos por uma sociedade que nos proteja, chegando a
dois princípios básicos:
1. O primeiro garante liberdades básicas e iguais para todos os
cidadãos, como a liberdade de expressão e de religião.
2. O segundo se refere à igualdade social e econômica. As
desigualdades só serão permitidas se beneficiarem os membros
da sociedade em pior situação. Segundo Rawls, para saber se uma
sociedade é justa, não precisamos olhar para a riqueza total ou
como é distribuída. Basta examinar a situação daqueles que estão
em pior situação.
Mas nem todos concordam com os resultados dessa abordagem.
Se Rawls lançou as bases do pensamento social-democrata
contemporâneo, Robert Nozick fez o mesmo para o liberalismo
moderno com sua obra Anarquia, Estado e Utopia, de 1974.
Para Nozick, o termo "justiça redistributiva" não é adequado. Em
sua opinião, a riqueza não é algo que já exista e só precise ser
distribuída: a riqueza deve ser criada. Quando as pessoas tomam
decisões livres sobre questões econômicas, algumas acabam com
mais dinheiro e outras, com menos. Sempre que houver uma
troca livre, o resultado é justo.

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