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Aula 10.01.2011
OBS1: A prova de SP geralmente cobra lei seca.
OBS2: O examinador (Xavier de Aquino) tem um livro Manual de Processo Penal,
livraria RT. O professor acha que em uma primeira fase o examinador não vai perguntar a
posição dele. Mas, o professor Madeira no seu blog vai fazer a análise dos posicionamentos do
examinador.
Dicas de Preparação:
1 – Matéria dada, matéria estudada – Códigos/Caderno;
2 – Fazer testes;
3 – Sábados e Domingos estudar ou coisas que você nunca viu, ou coisas que você
tem dificuldade;
INQUÉRITO POLICIAL
1-Noção
É uma forma de investigação preliminar voltada para a apuração do fato e de sua
autoria.
ATENÇÃO: Valor probante do Inquérito policial: O STF reafirmou recentemente
o que já havia sido fixado na reforma do CPP (art. 155), no HC 96.356/RS 1, no sentido de que
não pode haver condenação com base exclusivamente em prova colhida no IP.
2 – Características do IP
- Obrigatório. Ele é obrigatório para o Delegado, que tem o dever funcional de
instaurar o IP;
-Dispensável para a ação penal; Ex: Promotor pode oferecer denúncia com base
em relatório de CPI;
-Inquisitivo, ou seja, não há contraditório. Mas, cuidado com o art. 14 do CPP. Ex:
Caso Nardoni, durante o IP o advogado de defesa pediu que fossem ouvidas testemunhas e o
Delegado ouviu, com base no art. 14. Advogado de defesa pode pedir qualquer diligência, e o
Delegado decide se realizará essa diligencia ou não;
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INQUÉRITO - ELEMENTOS - CONDENAÇÃO. Surge insubsistente pronunciamento condenatório baseado,
unicamente, em elementos coligidos na fase de inquérito. (HC 96356, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira
Turma, julgado em 24/08/2010, DJe-179 DIVULG 23-09-2010 PUBLIC 24-09-2010 EMENT VOL-02416-02 PP-
00355)
-Sigiloso. O STF (Min. Peluso) determinou que no IP de competência originária só
conste as iniciais do nome do indiciado com o objetivo de preservar a identidade.
Esse sigilo não abrange o advogado.
Súmula Vinculante 14:
É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já
documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam
respeito ao exercício do direito de defesa.
3 – Início do IP
Para os casos de APP Incondicionada (art. 5º do CPP, incisos I e II), o IP pode ser
instaurado:
-de ofício pelo Delegado;
-pelo auto de APF;
-mediante requisição do juiz ou do promotor; Delegado pode deixar de cumprir a
requisição do juiz? Regra geral, o delegado é obrigado a atender a ordem dada na requisição,
mas, quando a ordem for manifestamente ilegal o Delegado pode deixar de cumprir.
-requerimento do ofendido; O Delegado pode indeferir esse requerimento do
ofendido, e se ele indeferir cabe recurso para o Chefe de Polícia. O Mirabete dizia que o Chefe
de Polícia era o Secretário de Segurança Pública, e o Nucci diz que é o Delegado Geral de
Polícia.
Atenção1: Termo circunstanciado não inicia IP, porque é incompatível com o IP,
ele substitui o IP no Jecrim.
Atenção2: Denúncia anônima pode instaurar IP? O Informativo 610 do STF (HC
99490/SP) diz não haver vício no IP iniciado com denúncia anônima, desde que a autoridade
policial tome diligências para investigação.
Nos casos de APP Condicionada e AP Privada, é preciso a manifestação do
ofendido, conforme art. 5º, p. 5º, do CPP.
4 - Desenvolvimento do IP
4.a - Conduta da autoridade:
A conduta da autoridade em si está no art. 6º. Decorar o inciso IX desse artigo.
Competência x Atribuição do art. 4º: Delegado não tem atribuição, competência
quem tem é o juiz, por isso o parágrafo único do art. 4º não é técnico.
4.b – Identificação Criminal (também é conhecida como legitimação):
Art. 5º, inciso LVIII da CF, Lei 9.034/95 (art. 5º), Lei 10.054/00 revogada, e Lei
12.037/2009.
A CF diz que o civilmente identificado não será submetido à identificação
criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei.
A Lei 9.034/95 no art. 5º determina que seja sempre feita a identificação criminal
de pessoas envolvidas em organizações criminosas. Essa lei trouxe uma grande polêmica.
Depois veio a Lei 10.054 que regulamentou por inteiro a matéria. Aí surgiu a
discussão se essa lei teria revogado a lei do crime organizado. O STJ diz que houve revogação
do art. 5º da Lei 9.034 pela Lei 10.054. Mas, para a Magistratura Estadual a maior probabilidade
é ignorar esses 02 acórdãos que decidiram pela revogação do art. 5º da Lei 9.034 no STJ.
A Lei 12.037/09 regula a identificação criminal e fotográfica nas hipóteses do art.
3º.
“Art. 3º Embora apresentado documento de identificação, poderá ocorrer identificação criminal
quando:
III – o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre si;
Parágrafo único. As cópias dos documentos apresentados deverão ser juntadas aos autos do
inquérito, ou outra forma de investigação, ainda que consideradas insuficientes para identificar o indiciado.
OBS: O IP do preso nunca pode ser prorrogado, salvo no caso da Justiça Federal e
no Tráfico de Drogas.
5 – Final do IP
-Ação penal privada: um relatório do IP é encaminhado ao Fórum e lá aguarda-se a
manifestação do ofendido.
-Ação Penal Pública: existe um relatório da autoridade policial, encaminha para o
Fórum que manda para o MP. O MP pode oferecer denúncia, requerer diligências
imprescindíveis ao oferecimento da denúncia, propor arquivamento (art. 16 do CPP).
A tipificação que o Delegado dá no relatório não vincula nem o Promotor nem o
juiz.
Em São Paulo o IP passa pelo juiz, mas, há Justiças em que isto não ocorre como é
o caso da Justiça Federal.
No caso do promotor pedir diligências imprescindíveis, o juiz não pode indeferir o
pedido do MP. E se indeferir em alguns casos, como é o caso de SP, cabe correição parcial. Para
os Estados que não tem previsão de correição parcial na lei de organização judicial cabe MS.
Arquivamento:
O MP propõe o arquivamento e ele vai para o juiz, se o juiz concorda o IP é
arquivado. Se o juiz discorda ele aplica o art. 28 do CPP e envia os autos para o Procurador
Geral, que pode ele mesmo denunciar, insistir no arquivamento, ou pode, ainda, designar outro
promotor para oferecer denúncia. Este outro promotor não pode recusar de se oferecer denúncia,
ele deve denunciar porque ele representa o Procurador Geral.
*Regra geral, da decisão de arquivamento não cabe recurso. Exceção: crime contra
economia popular cabe recurso de ofício; jogo do bicho; aposta em corrida de cavalos fora do
hipódromo. Nos dois últimos casos cabe RESE.
Atenção: Arquivamento implícito (não manifestação da acusação em relação a um
dos investigados). Se um IP é instaurado em face de A e B. O MP denuncia A e não faz nada em
relação a B. Ocorre o arquivamento do IP em relação a B? Não, o STF definiu isso de novo em
outubro do ano passado. Para o STF não existe arquivamento implícito (Informativo 605, HC
104356/RJ).
Arquivamento de IP e Coisa Julgada:
Regra geral não faz coisa julgada a decisão de arquivamento, podendo desarquivar
se houver provas substancialmente novas (art. 18 do CPP e a súmula 524 do STF).
Se o fundamento foi a atipicidade da conduta, tem coisa julgada. Nesse caso não é
possível o desarquivamento.
E se o fundamento do arquivamento for causa excludente de ilicitude? Antes o
STF entendia que fazia coisa julgada. Mas, o STF está mudando de opinião e está para definir a
questão no HC 87395/PR. O HC está com vista para o Ministro Carlos Ayres, e pode ser que até
o dia da prova já tenha sido julgado.
AÇÃO PENAL
1-Condições da Ação
Legitimidade ad causam: é a pertinência subjetiva para a ação. Exemplos de
ilegitimidade: MP promovendo ação privada, e réu menor de 18 anos ao tempo do crime.
Atenção: qual a conseqüência da ilegitimidade ad causam para a ação penal? O
CPP não segue a sistemática do CPC, a conseqüência é a nulidade do processo, nos termos do
art. 564, inciso II, do CPP, ou a rejeição da denúncia nos termos do art. 395 do CPP.
Possibilidade jurídica do pedido: significa a tipicidade da conduta. A conseqüência
do pedido juridicamente impossível é a rejeição da denúncia, absolvição sumária art. 395, ou
absolvição do art. 386 no final do processo.
Interesse de agir: significa a formulação de pretensão adequada. A conseqüência é
a rejeição da denúncia (art. 395).
Justa causa: é a existência de indícios mínimos para a propositura da AP, é a
existência de um suporte probatório mínimo para a AP. A justa causa foi positivada na reforma
no art. 395 e a ausência de justa causa é causa de rejeição da denúncia.
*O Examinador da prova de SP entende que justa causa não é condição da ação,
mesmo com a reforma do art. 395.