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16/09/21, 08:13 GERENCIAMENTO DE CRISE E INCIDENTES CRÍTICOS

GERENCIAMENTO DE CRISE E INCIDENTES CRÍTICOS

Site: AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM PMRO Impresso por: AL SGT PM CLOVES REIS DE SOUZA
Curso: CFS PM 2021 - 2ª FASE Data: quinta, 16 set 2021, 08:14
Livro: GERENCIAMENTO DE CRISE E INCIDENTES CRÍTICOS

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Descrição

O presente livro é destinado aos discentes do Curso de Sargentos da Polícia Militar do Estado de Rondônia 2021.

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Índice

1. INTRODUÇÃO

2. CAPÍTULO I
2.1. A história
2.2. Attica Nova York - 1971
2.3. 1972: Atentado na Vila Olímpica em Munique
2.4. Cerco da Embaixada do Irã -1980 (Operação NIMROD)
2.5. Brasil década 90
2.6. RONDÔNIA

3. CAPÍTULO II
3.1. Definição e Característica de crise
3.2. Ger. Crise o que é, objetivo e critérios
3.3. Grau de Risco e Níveis de Resposta.
3.4. Estudo de caso e exercícios resolvidos.

4. CAPÍTULO III
4.1. Conceitos e definições de GC
4.2. Os principais tipos de CEC
4.3. Tipologia das situações críticas policiais
4.4. Estudo de caso e exercícios resolvidos.

5. CAPÍTULO IV
5.1. Elementos Operacionais essenciais
5.2. As fases do gerenciamento de Crise
5.3. Perímetros Táticos

6. CAPÍTULO V
6.1. Alternativas Táticas

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1. INTRODUÇÃO

Aprendemos que para valorizar algo é preciso primeiramente conhecer aquilo que merece nossa atenção, quer seja pelo seu valor ou por sua
importância.

 Nesta senda nosso livro terá como objetivo ampliar o conhecimento do discente sobre o gerenciamento de crise que está inserido dentro do
gerenciamento de incidentes) para os futuros sargentos da Polícia Militar.

Realizaremos um mergulho na história, relembraremos algumas teorias, dividiremos o conhecimento e ao final sairemos com um novo olhar
para essa sensível tarefa de gerenciar uma crise.

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2. CAPÍTULO I

Ao final deste capítulo você será capaz de:

Reconhecer as principais crises internacionais que deram origem ao presente estudo


Inteirar-se sobre a origem da doutrina de gerenciamento de crise
Conhecer os principais militares responsáveis pela transferência de conhecimento no estado de Rondônia.

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2.1. A história

Para iniciarmos nosso mergulho nesse oceano chamado de Gerenciamento de Crise, vamos fazer uma viagem pela história recente.
Falaremos principalmente  da década de 70. É nessa década que o mundo percebe a necessidade da criação de técnicas, padronizações e
treinamentos nessa área de segurança. 

Muito embora os Estados Unidos já tivessem algumas equipes preparadas para esse cenário (Special Weapons And Tactics), não havia até
então uma doutrina consolidada, o que só ocorreu após os fatos que falaremos nos subcapítulos a seguir.

O Brasil e suas polícias seguem a doutrina Americana, e isso se deve a aproximação que nossa Polícia Federal tinha a época com o Federal
Bureau of Investigation-FBI.

 Vamos  explicar e apresentar isso adiante, mas é preciso inicialmente compreender o contexto das maiores crises das décadas de 70 e 80.
Elas sem dúvida mostraram ao mundo que as características que as circundavam poderiam atingir qualquer local do mundo e a qualquer
momento.

 A primeira crise que apresentaremos ocorreu em Nova York-EUA, no presídio de ÁTTICA. Em seguida conforme a marcha do tempo,
saltaremos para continente europeu em Munique-ALEMANHA, seguido da Invasão à embaixada do Irã em Londres, na rua Princes Gate, 1980.

(ÁTTICA - 1971)

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(MUNIQUE - 1972)

 (EMBAIXADA DO IRÃ - LONDRES - 1980) 

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2.2. Attica Nova York - 1971

O Dia 09 de setembro de 1971 ficou marcado para os Estados Unidos da América. 

Nesse dia os detentos da prisão de Áttica se rebelaram e tomaram os carcereiros como reféns. Suas exigências eram melhor atendimento
médico e carcereiros que não fossem somente brancos.  

Cinco dias depois do início da revolta, a polícia estadual provocou um banho de sangue, acabando com a rebelião de forma brutal.

TENSÃO DENTRO E FORA DA PRISÃO:

Inicialmente, tudo indicava que se chegaria a um fim pacífico para a revolta por meio de de negociações. Mas no terceiro dia, quando a polícia
estadual cercou todo o complexo da penitenciária e foi divulgada a morte de um dos carcereiros feridos, a tensão aumentou dentro e fora da
prisão. Os presos – negros, porto-riquenhos e brancos – deixaram claro que estavam dispostos a morrer por suas reivindicações.

Apesar disso, todos ainda tinham esperança de que a rebelião terminaria de maneira pacífica. Em nome dos reféns, Michael Smith pediu para
que a prisão não fosse invadida pela polícia, pois as reivindicações dos presos eram justas: "Eu só espero que os representantes do governo
encontrem uma forma de resolver os problemas – dos presos aqui e também os nossos".

Os apelos foram ignorados. Na manhã do quinto dia da rebelião, a polícia invadiu a penitenciária, empregando bombas de gás lacrimogêneo e
atirando a esmo. Do lado de fora da penitenciária, o repórter John Johnson, de uma emissora de televisão, transmitia os acontecimentos ao
vivo, com voz trêmula: "Os helicópteros sobrevoam as nossas cabeças. Os presos acabam de receber o ultimato para que saiam de mãos
erguidas. Eu não sei se alguém morreu lá dentro. O que está acontecendo aqui é lastimável."

Depois que a rebelião foi reprimida de forma extremamente violenta, os policiais e os carcereiros tangeram os presos como um bando de
animais. Muitos foram maltratados. Foi recusada assistência médica.

Um dos presos de Attica na época, Frank Smith, relembra o tratamento humilhante. "Foi um ato de barbarismo. Eles nos arrancaram as roupas
do corpo. Tivemos de nos arrastar pelo chão, nus como animais. Queimaram meu corpo com cigarros. Depois puseram uma bola de futebol
sobre os dedos do meu pé e disseram que me matariam, se ela caísse. Eu havia visto como eles mataram muita gente sem nenhuma razão e
estava convencido de que cumpririam a ameaça".

Saldo da brutalidade

No balanço final, foram registrados 43 mortos – 11 carcereiros e 32 presos – e mais de 80 feridos. Todas as vítimas foram mortas por balas
disparadas pela polícia. Sem se deixar impressionar, o diretor da penitenciária, Russell Oswald, considerou os presos rebelados os únicos
responsáveis pelos acontecimentos. Sua ação teria sido uma intolerável ameaça à sociedade livre.

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Mas, ao contrário disso, a comissão de investigação chegou à conclusão, em 1972, de que houve uma "orgia de violência" em Attica. Tardaria,
no entanto, quase 30 anos até que os familiares dos presos mortos, assim como os feridos da ação policial, recebessem pelo menos uma
indenização financeira.

Décadas depois, o estado de Nova York concordou com o pagamento de um total de oito milhões de dólares. O pagamento da indenização não
foi vinculado, porém, ao reconhecimento formal de culpa.

Dica de Filme: 
Attica: A Solução Final (HBO)

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2.3. 1972: Atentado na Vila Olímpica em Munique

Na manhã do dia 5 de setembro de 1972, oito terroristas do grupo palestino Setembro Negro invadiram as acomodações dos atletas
israelenses em Munique e mataram dois esportistas.

Às 4 horas da madrugada de 5 de setembro de 1972, dois funcionários dos correios haviam observado várias pessoas vestindo abrigos
esportivos pularem a cerca da Vila Olímpica em Munique. No entanto, não deram atenção especial ao fato, pensando serem atletas que
voltavam de uma "escapada".

Tratava-se, na realidade, de um grupo de terroristas palestinos. Eles invadiram o alojamento da delegação israelense durante os Jogos
Olímpicos em Munique, mataram um deles imediatamente e outro horas mais tarde.

Três membros da delegação conseguiram escapar, mas nove foram tomados como reféns pelos terroristas, que se identificaram como
membros do grupo Setembro Negro. O nome lembra o mês dos sangrentos conflitos entre o Exército da Jordânia e membros da Organização
para a Libertação da Palestina (OLP), em 1970.

Os terroristas na Vila Olímpica exigiam um avião e a libertação de 200 palestinos das prisões em Israel, reivindicação rejeitada resolutamente
pela premiê israelense, Golda Meir.

As forças alemãs de segurança tentaram várias saídas, tanto financeiras como diplomáticas. Os terroristas não aceitaram o pagamento de um
resgate, nem a proposta do secretário do Interior da Baviera, que se ofereceu como refém em troca dos atletas. Eles insistiram na libertação
dos presos palestinos.

A opinião pública e os representantes de outras 120 nações presentes em Munique ficaram sabendo da dramática situação apenas várias
horas depois. Num esforço admirável, a República Federal da Alemanha havia tentado fazer desta a festa olímpica mais impressionante de
todos os tempos, 36 anos após os Jogos organizados pela Berlim nazista.

Falhas na segurança

A organização dos Jogos desconsiderara as tensões internacionais – não só no Oriente Médio – e falhara ao não incrementar a segurança com
câmaras de vídeo, patrulhamento armado e cercas mais altas.

Após várias tentativas fracassadas de negociação, na noite do mesmo dia, os terroristas e os reféns chegaram ao aeroporto de
Fürstenfeldbruck, nos arredores da capital bávara, de onde acreditavam que levantariam voo.

Na realidade, era uma armadilha da polícia. Foram ouvidos tiros, explosões e um helicóptero se incendiou. O então porta-voz do governo,
Konrad Ahlers, divulgou erroneamente a notícia de que todos os reféns haviam sido libertados.

Apenas na madrugada do dia 6 de setembro ficou-se sabendo que os nove reféns israelenses, cinco terroristas palestinos e um policial haviam
sido mortos. O fato gerou uma crise de credibilidade em relação ao governo alemão. A opinião pública passou a duvidar da versão oficial, de
que as vítimas haviam sido mortas pelos terroristas, quando vieram à tona indicações de que poderiam ter sido atingidas por balas da polícia.

Com o passar dos anos, nem essa questão pôde mais ser esclarecida – pois alguns arquivos haviam sumido –, nem os pedidos de indenização
chegaram a ser completamente atendidos.

Em Munique, as competições ficaram interrompidas por 34 horas, e a Olimpíada acabou prorrogada em um dia, após uma cerimônia em
memória às vítimas.

DICA DE FILME:

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2.4. Cerco da Embaixada do Irã -1980 (Operação NIMROD)

Cerco da embaixada do Irã

O cerco da embaixada do Irã em Londres, também conhecido por Operação Nimrod, teve lugar entre os dias 30 de Abril e 5 de Maio de 1980,
depois de um grupo de seis homens armados terem invadido a embaixada iraniana em South Kensington, Londres. Os seis homens fizeram 26
pessoas como reféns, na sua maioria funcionários da embaixada, incluindo vários visitantes e um policial que guardava a embaixada. Os
invasores, membros de um grupo árabe iraniano que defendia a soberania nacional árabe na região sul do Cuzistão, exigiam a libertação de
prisioneiros árabes das prisões do Cuzistão, e a sua própria saída em segurança do Reino Unido. O governo britânico informou que a sua
saída em segurança não podia ser garantida, e deu início a um cerco. Nos dias que se seguiram à tomada dos reféns, as negociações da
polícia resultaram na libertação de cinco deles em troca de pequenas concessões, tais como a transmissão das exigências dos terroristas na
televisão britânica.

No sexto dia do cerco, os seis invasores foram ficando cada vez mais frustrados pela falta de progresso em dar resposta às suas exigências.
Nessa noite, executaram um dos reféns e atiraram o seu corpo da embaixada. A reacção do governo britânico não se fez esperar, dando
ordens ao Special Air Service (SAS), um regimento de forças especiais do Exército Britânico, para conduzir um assalto para o resgate dos
restantes reféns. Pouco depois, os soldados desceram pelo telhado do edifício e entraram à força pelas janelas. Durante o ataque de 17
minutos, o SAS conseguiu salvar todos os reféns, à excepção de um, e mataram cinco dos seis terroristas. Posteriormente, os soldados foram
acusados de terem morto, sem necessidade, dois dos terroristas, mas um inquérito às suas mortes veio ilibar qualquer acção errada por parte
do SAS. O terrorista que sobreviveu foi condenado a 27 anos de prisão no Reino Unido.

Tanto os terroristas, quanto a sua causa, caíram no esquecimento após o início da Guerra Irã-Iraque em 1980, e da crise dos reféns em Teerã,
mas a operação deu a conhecer o SAS, pela primeira vez, ao público em geral, e fez aumentar a reputação da Primeira-Ministra, Margaret
Thatcher. O número de candidaturas para fazer parte do SAS aumentou exponencialmente, devido ao impacto que aquelas tiveram na opinião
pública, e, ao mesmo tempo, os seus serviços passaram a ser requisitados por governos estrangeiros. A embaixada iraniana, situada no
número 16 da Princes Gate, só reabriu em 1993, depois de ter sofrido graves danos de um incêndio provocado pelo assalto.

O assalto:

As duas equipes do SAS no terreno, Equipe Vermelha e Equipe Azul, receberam ordens para começar os seus assaltos em simultâneo, com o
código "Operação Nimrod", às 19h23. Um grupo de quatro homens da Equipe Vermelha desceu pelo telhado até a traseira do edifício,
enquanto outro grupo de quatro homens fizeram descer uma granada de atordoamento pela clarabóia. A detonação desta granada devia
coincidir com a detonação dos explosivos do outro grupo, que iria entrar pelas janelas do segundo andar. Contudo, a descida não correu como
planeado, e o sargento que liderava o grupo ficou emaranhado na sua própria corda. Enquanto tentava ajudá-lo, um dos outros soldados
quebrou, sem querer, uma janela com o pé. O barulho da janela chamou a atenção de Oan, que se encontrava no primeiro andar a falando
com os negociadores da polícia, e foi ver o que se passava. Os soldados não conseguiram fazer uso dos explosivos com receio de ferir o seu
sargento, mas conseguiram penetrar na embaixada.

Após a entrada dos primeiros três soldados, deflagrou um incêndio nas cortinas da janela do segundo andar, queimando com gravidade o
sargento. Um segundo grupo de homens do SAS libertou-o, e deixaram-se cair na varanda abaixo antes de entrarem na embaixada atrás dos
restantes homens da suas equipe. Pouco atrás da Equipe Vermelha, a Equipe Azul fez detonar explosivos numa janela do primeiro-andar
obrigando Sim Harris, que tinha acabado de chegar ao quarto, a abrigar-se. A maior parte da operação que teve lugar na fachada principal da
embaixada, foi visionada pelos jornalistas que se encontravam na rua, e foi transmitida diretamente na televisão, captando a fuga de Harris
pelo parapeito do balcão do primeiro-andar. A medida que os soldados iam surgindo no primeiro-andar, Lock confrontou Oan impedindo-o de
atacar os homens do SAS. Oan, ainda armado, acabou por ser abatido por um dos soldados. Entretanto, foram entrando mais equipes na
embaixada pela porta traseira, que controlaram o piso térreo e a cave. O SAS começou, então, a evacuar os reféns pelas escadas, até à porta
traseira do edifício. Dois dos terroristas estavam escondidos entre os reféns - um deles fez surgir uma granada quando foi identificado. Um
elemento do SAS, não podendo disparar com receio de atingir um refém ou outro soldado, empurrou a granada, atirando o terrorista pelas
escadas abaixo, onde dois outros soldados o abateram.

O ataque demorou 17 minutos e envolveu entre 30 a 35 soldados. Os terrorista mataram um refém e feriram outros dois durante o assalto,
enquanto o SAS abateu cinco dos seis terroristas. Os reféns, e o terrorista sobrevivente, que se encontrava escondido entre eles, foram
levados para o jardim atrás da embaixada, mantendo-se sentados no chão enquanto eram identificados. O terrorista foi identificado por Sim
Harris e levado pelo SAS.

A história da Operação é contada no filme "6 dias" NETFLIX

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2.5. Brasil década 90

O nosso país só começou a dar seus primeiros passos no Gerenciamento de Crise no final dos anos 80 e década de 90. É verdade que
demoramos cerca de 20 anos para iniciar a consolidação de nossas técnicas e doutrina nessa área, o processo foi lento mas graças a alguns
abnegados policiais isso foi possível.

Ângelo Oliveira Salignac: Policial Federal que em 1987 foi designado para realizar alguns cursos de
Negociação e Gerenciamento de Crise nos Estados Unidos (Departamento de Estado do Governo Norte Americano e FBI). Integrou o
Comando de Operações Táticas e a partir de 1989 começou a ministrar cursos e palestras pelo Brasil.

 Roberto das Chagas Monteiro: delegado da Polícia Federal e o 1° a publicar uma apostila na área
no ano de 1990. Assim como Salignac, também participou do curso de Gerenciamento de Crise nos EUA em 1988. O Curso de GC inicialmente
tinha carga horária de 22h/a.

Wanderley Mascarenhas de Souza: coronel da PMESP que dedicou-se na sua monografia de curso de


aperfeiçoamento,  com o tema Gerenciamento de Crise, portanto quando ainda era capitão. De fato o primeiro militar a tratar do tema. Também
possui obras publicadas (livros)  como por exemplo  “Radiografia do Sequestro”, “Contra-ataque: medidas antibomba”, “Gerenciando Crises em
Segurança, “Como se comportar enquanto refém” e “Negociação de Reféns”.

Antes deles nossas ocorrências de crise não tinham nenhum tratamento científico eram tratadas de maneira empírica. Cada crise dependia do
bom senso, jeitinho ou habilidade de improvisação dos policiais presentes. Em outras palavras era o famoso 'na hora sai'.

No próximo  subtópico trataremos sobre o Gerenciamento de Crise em nosso Estado. Discutiremos sobre algumas crises e lembraremos de
nossos veteranos do Gerenciamento de Crise.

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2.6. RONDÔNIA

A Polícia Militar do Estado de Rondônia fundada em 16 de novembro de 1975 levou algum tempo para aplicar a doutrina de Gerenciamento de
Crise tal qual conhecemos hoje. Enquanto outras polícias já haviam implementado e ou iniciado seus primeiros passos no início dos anos 90, a
PMRO só enviou seus primeiros militares ao estado de São Paulo no ano de 1999.

É dever nosso citar que a década de 90 para a segurança pública do estado de Rondônia foi bastante conturbada. Tivemos atraso nos salários,
movimentos coletivos de indisciplina, interdição federal, criação e ativação de novas Organizações Policiais Militares-OPM. 

Atento para a necessidade, em 1997, 1999 e ano  2000 o estado de Rondônia envia os primeiros Oficiais para outras instituições policiais a fim
de poder multiplicar o conhecimento por aqui. 

 ANTENORGENIO GOMES FILHO, Oficial PMRO que realizou o curso de Gerenciamento de Crise no ano de


1997, na Brigada Militar, Rio Grande do Sul. Pelo nosso levantamento foi o primeiro a realizar o curso de Ger. Crise

Já no ano de 2000, a mesma Brigada Militar formou mais um oficial nessa especialidade. O oficial Carlos Alberto Vívian Gravi. 

   Naquele mesmo ano a Polícia Militar do Estado de São Paulo recebeu dois
oficiais superiores para realização do curso em questão. Tratava-se do Ten Cel PMRO Amoan Itaí Garret e o Ten Cel Arlen José da Silva.

Após a formação desses quatro oficiais, considerados então os primeiros técnicos especialistas em Gerenciamento de Crises. A matéria
ganhou status de curso durante o  Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais-CAO de 2001 em Porto Velho, coordenado pelo Ten Cel Garret. 

Logo em seguida outros oficiais também buscaram a especialização dentro e fora do país. O próprio coronel Garret buscou novos
conhecimentos junto a Polícia Federal da Argentina nos anos seguintes e outros oficiais também seguiram esse caminho.

No ano de 2001 e 2002 o Tenente Marcos Claiton Freire Lopes realizou o curso de Negociação Policial na Polícia Militar do Estado de Minas
Gerais-PMMG e PMESP respectivamente. O ofical replicou o conhecimento no ano de 2012, quando Rondônia através da Secretaria de
Estado da Segurança Defesa e Cidadania-SESDEC, realizou o Curso de Negociação Policial em Ocorrências de Alta Compelexidade.

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IMPORTANTE: com os efeitos da crise do Urso Branco a matéria de Gerenciamento de Crise começou a ser aplicada em todos os cursos de
formação da PMRO. E a partir de 2004 também foi incluído para a Polícia Civil e Agentes Penitenciários (atualmente Polícia Penal). Devido a
crise de 2004 no Urso Branco que foi destaque no cenário nacional, surge a ideia da  criação da Força Nacional de Segurança Pública.

Outro passo relevante para a história do Gerenciamento de Crise do estado foi a criação do Batalhão de Operações Policiais Especiais no ano
de 2018. No ano seguinte de sua criação O BOPE realizou o 1° Curso de Negociação Policial e Atirador Policial de Precisão. Ambos os cursos
preparam policiais para papéis cruciais nas alternativas tátivas.

Desde então a PMRO passou a contar com um equipe de negociadores capacitada e adestrada juntamente com a unidade de intervenção
tática e atiradores de precisão para atuarem em sincronia.

Por uma questão de Justiça aproveitamos este rodapé e citamos também outros profissionais de gerenciamento de Crise/Negociadores que
fazem parte dessa construção: Cel Gustavo, Cel Ramiro, Amigos do Curso de Ocorrência de Alta Complexidade-2012 e a todos os
profissionais e discentes do Curso de Negociação Policial-CNP2019 (Ten Cel PMPB Onivan, Ten Cel PMESP Diógenes Lucca, Maj PMPR
MARCO, Maj PMPR Fernando, Cap PMMG Francis), ao coordenador do Curso de Gerenciamento de  Crises -SEJUSP/AC, Cel PMAC Giovane
e amigos do supracitado curso.

Foto mural particular do Cap PMES Eduardo que coleciona os brevês de cursos de Ger Crise e Negociação Policial em todo país.

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3. CAPÍTULO II

Após este capítulo você será capaz de:  

 Definir crise no contexto policial; 


Citar exemplos de modalidades de crise; 
Listar as características da Crise.
Definir Ger. Crise
Conhecer os Objetivos 
Saber  os Critérios de ação
Reconhecer o Grau de Risco
Escalonar os Níveis de Resposta
Estudo de caso e exercícios resolvidos

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3.1. Definição e Característica de crise

Uma crise sempre implica em complexas dificuldades, perigos que requerem decisões clínicas por parte daqueles que estão no teatro de
operações

A origem palavra vem do termo latino "crisis", originária do grego "kpious" que, por sua vez, foi herdado da raiz indo-europeia "ker" ou "sker",
que significa "cortar"

A definição mais aceita e utilizada é atribuída A Academia Nacional do "Federal Bureau of Investigation-FBI"
define crise como: 

"um evento ou situação crucial, que exige uma resposta especial da Polícia, a fim de assegurar uma solução aceitável"

Observe-se o destaque dado à expressão "da Polícia": a responsabilidade de gerenciar e solucionar as situações de crise é exclusivamente da
Policia. É inteiramente inadequado utilizar religiosos, psicólogos, integrantes da mídia, politicos e outros, na condução e resolução desse tipo
de evento, apesar de inúmeros precedentes na crônica policial brasileira recente. Tais deturpações, além de comprometerem a confiabilidade e
a imagem dos organismos policiais, trazem implicações e consequências jurídicas imprevisíveis, principalmente no âmbito da responsabilidade
civil do Estado.

A definição também se refere a uma solução aceitável. O trabalho da Polícia nessas situações nem sempre pode buscar a solução ideal, mas

sim aquela que seja pelo menos aceitável nos âmbitos legal, moral e ético.

Nesse contexto, você verá alguns exemplos de crises, em que a polícia tem de dar essa resposta especial: 

Assalto com tomada de reféns. 


Seqüestro de pessoas. 
Rebelião em presídios. 
Assalto a banco com reféns. 
Ameaça de bombas. 
Atos terroristas. 
Seqüestro de aeronaves. 
Captura de fugitivos em zona rural. 
 Outras.

CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS DA CRISE:

a) Imprevisibilidade;

b) Compressão de tempo (urgência);

c) Ameaça à vida;

d) Necessidade de:

1) Postura organizacional não rotineira;

2) Planejamento analítico especial e capacidade de implementação

3) Considerações legais especiais.

A ameaça à vida é o componente essencial do evento crítico, mesmo quando a vida em risco é a do próprio
provocador do evento crítico"
A postura organizacional não rotineira refere-se ao fato de que os policiais envolvidos na busca da
solução do evento critico precisam ser dotados de estruturas diferenciadas. Esta é a única característica
essencial cujos efeitos podem ser minimizados graças ao preparo e ao treinamento prévio da organização
para o enfrentamento de eventos críticos.

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Quanto à necessidade de um planejamento analitico especial é importante salientar que a análise e o


planejamento durante o desenrolar de uma Crise são consideravelmente prejudicados por fatores como a
insuficiência de informações sobre o evento crítico, a intervenção da mídia e o tumulto de massa,
geralmente causados por situações dessa natureza.
Com relação às considerações legais especiais exigidas pelos eventos

críticos, cabe ressaltar que, além de reflexões sobre temas como estado de necessidade, legítima defesa,
estrito cumprimento do dever legal, responsabilidade civil e outros, o aspecto da competência para atuar é
aquele que primeiro vem à baila, ao se ter notícia do desencadeamento de uma crise. "Quem ficará
encarregado do gerenciamento?" é o primeiro e mais urgente questionamento a ser feito, exigindo, para sua
solução, um perfeito entrosamento entre as autoridades responsáveis pelas organizações policiais
envolvidas.
Além dessas essenciais, uma crise pode apresentar outras características peculiares:

a) Necessidade de muitos recursos para sua solução;

b) E um evento caótico, de baixa probabilidade de ocorrência, mas

graves consequências;

c) Acompanhamento próximo e detalhado, tanto pelas autoridades como pela comunidade e pela mídia.

ATENÇÃO:

Uma tentativa de suicídio pode ser caracterizada como uma crise, ainda que inexistam
outras vidas em perigo, exceto a do próprio suicida."

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3.2. Ger. Crise o que é, objetivo e critérios

O QUE É GERENCIAMENTO DE CRISE:

O entendimento do gerenciamento de crise bem como de todas suas especificidades e características, é condição "sine qua non" para os
profissionais que trabalharão de forma integrada nas ocorrências de maior complexidade.

 Fazemos menção a alguns pioneiros estudiosos do gerenciamento de crises – Monteiro (1994, p. 6), e De Souza (1995, p. 23), – que também
explicitam em seus trabalhos o conceito de gerenciamento de crise utilizado pela Academia Nacional do FBI dos Estados Unidos da América: 

“... o processo de identificar, obter e aplicar recursos necessários à antecipação, prevenção e resolução de uma crise”.

OBJETIVO:
Os objetivos que norteiam o Ger. Crise jamais podem ser preteridos ou ter sua ordem invertida. Trata-se de pilares consagrados na doutrina
que deverão ser seguidos por todos aplicadores da lei envolvidos na cena.

1. Preservar vidas;
2. Aplicar a Lei;
3. Reestabelecer a ordem. Fonte: Silva (2016a p.46)

PRESERVAR VIDAS: sabemos que a depender da participação de um causador de evento crítico, bem como de sua idade as causas que o
levaram a realizar aquela ação poderá nem incorrer em prisão precautelar (flagrante). Portanto a preservação de vidas deve estar, para os
responsáveis pelo gerenciamento de uma crise, acima da própria aplicação da lei. A perda de vidas é irreversível e o aplicador da lei deve
sempre atentar para isso. Até mesmo quando se usa da força é para preservar a vida, seja ela das vítimas, terceiros inocentes, policiais e
ou causadores do evento crítico-CEC.
APLICAR A LEI: o segundo objetivo serve para lembrar o aplicador da lei que após um evento crítico os agentes que praticaram o
crime/contravenção deverão sofrer as imputações legais conforme o caso requer. Em hipótese alguma pode-se cogitar ou conceder
fuga/liberação do local da crise. Aplicar a lei implica também a proteção do patrimônio públic/privado e a garantia do estado de direito.
REESTABELECER A ORDEM: acrescida pela nova doutrina, é perceptível que em crises de média e longa duração haja uma necessária
modificação da ordem e rotina da área afetada. Mudança nas vias, faixas de rolamento interditadas, controles de acesso, restrição de direito
de ir e vir, fechamento de pontos comerciais. Após a crise as instituições envolvidas deverão reestabelecer o "status quo". A exemplo de
uma rebelião que após seu fim, os aplicadores da lei terão que realizar vistoria e reconstrução das celas, revistas pessoais nos reeducando,
realocação dos internos e passagem do comando aos responsáveis de direito.

CRITÉRIOS:
Para o bom desempenho de sua função, o gerente da crise ou quem lhe assessore, está a todo momento tomando decisão ou as orientando.

Amiúde essas pessoas deparam-se com dilemas "faço ou não faço". Decisões mais simples como a cedência de água para o interior do ponto
crítico como outras mais complexas como uso da força letal. Para conturbar a situação, há ainda ideias diversas às vezes vindas até de
"autoridades" nem sempre pautadas pela legalidade, técnica e prudência.

Mais uma vez a doutrina do FBI nos baliza com os critérios de ação no processo decisório.

Necessidade;
Validade do risco;
Aceitabilidade.

NECESSIDADE: O critério de necessidade indica que toda e qualquer ação somente deve ser implementada quando for indispensável. Se
não houver necessidade de se tomar determinadas decisões, não se justifica a sua adoção. A ação que pretendemos fazer é estritamente
necessária?

https://ead.pm.ro.gov.br/mod/book/tool/print/index.php?id=7315 19/49
16/09/21, 08:13 GERENCIAMENTO DE CRISE E INCIDENTES CRÍTICOS
VALIDADE DO RISCO: critério da validade do risco estabelece que toda e qualquer ação, tem que levar em conta, se os riscos dela
advindos são compensados pelos resultados. A pergunta que deve ser feita é: Vale à pena correr esse risco? Este critério é muito difícil de
ser avaliado, pois envolve fatores de ordem subjetiva (já que o que é arriscado para um não é para outro) e de ordem objetiva (o que foi
proveitoso em uma crise poderá não sê-lo em outra).
ACEITABILIDADE: O terceiro critério, aceitabilidade, implica em que toda decisão deve ter respaldo legal, moral e ético. A aceitabilidade
legal significa que toda decisão deve ser tomada com base nos princípios ditados pelas leis. Uma crise, por mais séria que seja não dá à
organização policial a prerrogativa de violar leis. A aceitabilidade moral implica que toda decisão para ser tomada deve levar em
consideração aspectos de moralidade e bons costumes. A aceitabilidade ética está consubstanciada no princípio de que o responsável pelo
gerenciamento da crise, ao tomar uma decisão, deve fazê-lo lembrando que o resultado da mesma não pode exigir de seus comandados a
prática de ações que causem constrangimentos “internas corporis”. Nesse sentido é clássico o exemplo do policial que se oferece como
voluntário para ser trocado por algum refém. Essa troca, se autorizada, acarreta questionamentos éticos de natureza bastante complicada,
que podem provocar sérios transtornos no gerenciamento da crise.

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3.3. Grau de Risco e Níveis de Resposta.

A fim de facilitar o entendimento da maioria, vamos lembrar alguns assuntos básicos de nossa atividade policial, algumas delas já
apresentadas no início de nossas aulas.

Ocorrência Policial

É todo fato que, de qualquer forma, afete ou possa afetar a ordem pública e que exija a intervenção policial, por meio de ações e/ou operações.

Ocorrência Policial de alta complexidade

Aquela ocorrência que por sua natureza apresenta risco de morte iminente e uma alta complexidade para sua resolução do ponto de vista
técnico e tático, exigindo do aparelho policial por ocasião da intervenção uma postura não rotineira.

Crise

Um evento ou situação crucial , que exige uma resposta especial da Polícia, a fim de assegurar um solução aceitável"

Gerenciamento de crise

É o processo de identificar, obter e aplicar os recursos necessários à solução de uma crise.

O Gerenciamento de crise não é uma ciência exata ou um processo rápido de fácil solução de problemas. Cada crise apresenta características
próprias, exigindo soluções individualizadas, que demandam cuidadosa análise e reflexão.

Os graus de risco a seguir podem variar de país para país e até mesmo entre os estados. Existem outras escalas mais amplas, ou até mais
simples e restritas. O importante a saber é que ao eclodir uma crise, primariamente o responsável deverá classificar o grau/escala desse
evento.

O FBI obedece o escalonamento de 4 graus. A Secretaria Nacional de Segurança pública também adotou
essa classificação em seus cursos EAD.

CLASSIFICAÇÃO TIPOS EXEMPLOS (FBI)

Assalto a banco promovido por uma ou duas


1º GRAU ALTO RISCO pessoas armadas de pistola ou revólver, sem
reféns.

Um assalto a banco por dois elementos armados


2º GRAU ALTÍSSIMO RISCO
mantendo três ou quatro pessoas como reféns.

Terroristas armados de metralhadoras ou outras


AMEAÇA
3º GRAU armas automáticas, mantendo oitenta reféns a
EXTRAORDINÁRIA
bordo de uma aeronave.

Um indivíduo de posse de um recipiente,


afirmando que seu conteúdo é radioativo e de alto
4º GRAU AMEAÇA EXÓTICA
poder destrutivo ou letal, por um motivo qualquer,
ameaça uma população.

Salignac (2011, p.29)

É de acordo com o grau de risco que os órgãos responsáveis irão reagir de forma compatível. Na medida que aumenta o classificação do grau
sobe também o nível de resposta adotada pelo FBI, vejamos:

NÍVEIS DE RESPOSTA 

a) NÍVEL UM (correspondente à crise de ALTO RISCO). A crise pode ser debelada com recursos locais.

b) NÍVEL DOIS (correspondente à crise de ALTÍSSIMO RISCO). A solução


ção da crise exige recursos locais especializados (emprego de grupo tático).

C) NÍVEL TRÊS (correspondente à AMEAÇA EXTRAORDINÁRIA :

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crise enige recursos locais especializados e, também, no nosso caso, recursos de sede.

d) NÍVEL QUATRO (correspondente a AMEAÇA EXÓTICA). A solução


da crise requer o emprego dos recursos do nível três e outros inclusive de organismos de outros países.

A avaliação inicial da crise é feita pelo profissional/guarnição que primeiro chega no local, denominado de primeiro interventor.  Uma correta
avaliação mesmo que provisória concorre favoravelmente para a solução e correto emprego dos meios. Nesse sentido reforçamos que os
órgãos e instituições devem também ter atenção aos profissionais da ponta da linha.

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3.4. Estudo de caso e exercícios resolvidos.

Estudo de Caso

(Retirado da Obra Silva, Marco Antônio da Gerenciamento de Crises Policiais, 2016)

Dois indivíduos se reuniram e planejaram um roubo a uma lotérica da cidade. Com um carro roubado no dia anterior e portando armas de fogo,
eles pararam em frente à agência escolhida procurando não chamar muita atenção. Vários clientes formavam  filas só perceberam suas
presenças quando ambos entraram e anunciaram o roubo. Houve certo pânico entre as pessoas, que foram obrigadas a deitar no chão sob
ameaças de violência e morte. Enquanto um dos criminosos mantinha as pessoas rendidas, o outro obrigou uma funcionária a abrir a porta de
acesso e passou a recolher o dinheiro dos caixas. Nesse momento, uma pessoa que mora em frente a lotérica viu a movimentação de sua
janela e constatou tratar-se de um roubo em andamento. A testemunha ligou imediatamente para a Polícia Militar, que demorou poucos
minutos para chegar, pois uma equipe estava bem próxima ao local. Os policiais militares pararam sua viatura em frente ao estabelecimento e
foram vistos pelos criminosos. Percebendo-se cercados e sem possibilidade de fuga, eles fizeram de reféns as pessoas que ali estavam, com o
intuito de se protegerem e não serem presos. Assim, teve início uma crise localizada. A ocorrência foi encerrada depois de quatro horas pelo
processo de negociação, executado pela equipe especializada da corporação dentro do contexto do gerenciamento da crise.

O caso descrito ilustra claramente todas as características de uma crise previstas pela doutrina: o fato surpreendeu as pessoas que estavam
na lotérica - tanto elas quanto as autoridades não sabiam que aconteceria (imprevisibilidade); todos os reféns estavam sendo ameaçados
com violência e com armas de fogo pelos criminosos (risco iminente à vida); ao tomar conhecimento do fato, as autoridades policiais
precisaram agir de forma coordenada e rápida com o intuito de preservar as vidas (urgência); é um tipo de ocorrência de pouca frequência em
comparação às demais situações policiais corriqueiras (baixa incidência). O gerenciamento do evento que o levou ao desfecho aceitável
considerou todas as variáveis inerentes e necessitou da participação  de diversos segmentos e equipes especializadas, cada qual com sua
missão específica (complexidade).

Exercício resolvido

1) Sobre os critérios de ação estabelecidos pela doutrina de gerenciamento de crises, assinale a alternativa incorreta:

a) O critério da aceitabilidade divide-se em três dimensões: legal, moral e ética.

b. A aceitabilidade legal prevê que toda ação a ser desencadeada durante o processo de gerenciamento deve seguir estritamente os ditames
legais vigentes.

c. O critério de ação da imprevisibilidade indica que não se sabe quando uma crise policial ocorrerá.

d. Analisar se o risco das ações a serem tomadas na crise é conveniente ou não remete ao critério chamado validade do risco.

e. O critério da necessidade estabelece que qualquer ação na crise poderá ser tomada apenas quando totalmente indispensável para a busca
da solução aceitável.

Resposta: Alternativa "c". A imprevisibilidade não é um critério de ação, mas uma característica do evento crítico.

Lembre-se de que os critérios de ação são os princípios norteadores da tomada de ações em uma crise, portanto, a imprevisibilidade não se
enquadra nesse contexto.

Questões para revisão

1) Cite os três objetivos do gerenciamento de crises, explicando a importância da ordem estabelecida entre eles.

2) Explique a característica da urgência de uma crise policial

3) Assinale a alternativa que contém o critério de ação que estabelece que qualquer ação somente deve ser aplicada em uma crise quando
considerada imprescindível:

a. Validade do risco

b. Aceitabilidade moral.

c. Necessidade.

d. Aceitabilidade ética.

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e. Aceitabilidade legal.

4) Os policiais gestores de uma crise precisam levar em conta as muitas variáveis envolvidas no processo de seu gerenciamento.

Assinale a característica da crise relacionada a essa afirmação:

a. Baixa incidência.

b. Urgência.

c. Risco iminente à vida.

d. Complexidade.

e. Imprevisibilidade

5) Sobre a evolução histórica e doutrinária do processo de

gerenciamento de crises, assinale a alternativa incorreta:

a. As técnicas policiais de atendimento às crises tendem a evoluir com as questões sociais.

b. Resultados trágicos de crises mal gerenciadas costumam proporcionar mudanças de conduta e aumentar os investimentos nas corporações
envolvidas.

c. Mudanças de mentalidades arcaicas e de procedimentos ultrapassados são fundamentais para a preservação de vidas nas crises.

d. Os eventuais fracassos das corporações envolvidas tendem a ser expostos de forma imediata para o mundo todo por meio da imprensa e
das redes sociais.

e. No Brasil, a doutrina de GC é antiga e todas as corporações policiais dos estados a aplicam de forma técnica e com muitos investimentos.

Perguntas e respostas

1) Qual é a importância do conhecimento das características um evento crítico?

Resposta: Principalmente para se preparar para sua eclosão, de modo a agir de forma antecipada, realizando cursos treinamentos,
estruturando equipes e adquirindo equipamentos, armamentos e materiais necessários para seu atendimento

2) Qual é a característica de uma crise que pode fazer com que algumas corporações subestimem sua ocorrência?

Resposta: A baixa incidência, ou seja, ela ocorre com pouca frequência. Como as ocorrências policiais corriqueiras se registradas muito mais
frequentemente, as crises tendem a ser relevadas, recebendo menos investimentos para seu atendimento.

RESPONDA : NO CASO DO ROUBO A LOTÉRICA, QUAL A CASSIFICAÇÃO VOCÊ DARIA PARA O CASO?

CLASSIFICAÇÃO TIPOS EXEMPLOS (FBI)

1º GRAU ALTO RISCO

2º GRAU ALTÍSSIMO RISCO

AMEAÇA
3º GRAU
EXTRAORDINÁRIA

4º GRAU AMEAÇA EXÓTICA

Resposta: 2º grau, altíssimo risco, pois além de armados eles detiveram reféns.

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DESAFIO: AGORA EU TE DESAFIO A TESTAR SUAS HABILIDADES E TENTAR


RESPONDER AO QUESTIONÁRIO
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4. CAPÍTULO III

Neste capítulo você será apresentado a novas teorias e conhecerá novos personagens do Gerenciamento de Crise. Ao final você será capaz
de:

Identificar personagens do GC
Diferenciar refém/vítima
definir o perímetro tático
tipologia dos causadores do Evento Crítico
Entender o rapport e valorar o seu emprego
Conhecer o termo "suicide by cop" e saber identificar possíveis casos
Identificar o tipo exato de crise (tipologia das crises)

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4.1. Conceitos e definições de GC

A fim de apresentar algumas palavras mais técnicas aos discentes do curso, passaremos agora a enriquecer o vocabulário dos policiais para
que em seus relatórios, conversas e entrevistas demonstrem confiança e conhecimento do assunto perante todo e qualquer público da área.
Passar conhecimento é investir na autoconfiança para o aplicador da lei tenha tranquilidade na hora de utilizar seus recursos.  A seguir
veremos que existem pequenos detalhes que mudam completamente o cenário de crises e que essas definições são mais que um simples
recurso linguístico.

CAUSADOR DO EVENTO CRÍTICO-CEC: também classificados pela doutrina como PROVOCADOR DO EVENTO CRÍTICO-PEC. Em sentido
mais estrito, temos o termo "perpetrador" quando o CEC está praticando ou praticou algum delito.

INTERLOCUTOR/INTERMEDIÁRIO: pessoa escolhida pelo grupo de negociação ou até mesmo solicitada pelo CEC com potencial positivo
para estabilização e solução. A presença do intermediário depende de criteriosa análise do gerente da crise, pode ser utilizado como barganha,
e deverá sempre atuar com proteção e orientação no diálogo com o CEC.

PERÍMETRO TÁTICO: cordões de isolamento necessários em um gerenciamento de crise que visam facilitar o trabalho dos profissionais de
segurança pública.

REFÉM: há dois tipos de reféns que classificamos como refém tomado ou refém sequestrado. O tomado é aquele que é alvo de criminosos,
cujo objetivo primeiro não era o ter alguém em suas mãos. Geralmente ele é alvo do criminoso comum, definição que será feita posteriormente.
Já o refém seqüestrado é aquele que é alvo do crime de extorsão mediante seqüestro, onde criminosos se prepararam para executar essa
modalidade específica de delito, ou seja, existe um planejamento antecipado.

VÍTIMA: na literatura de gerenciamento de crise (Silva,2015) a vítima apresenta vínculos anteriores com seu algoz. É portanto potencializador
no teatro de operações em comparação com um refém.

QUADRO DE SITUAÇÃO/QUADRO DE INCIDENTE: Conforme Salignac (2011) local destinado para anotações importantes de um evento
crítico, pode ser um quadro branco, cartolinas, papel pardo. É um importante instrumento de acesso/recuperação de dados, sejam eles sobre o
CEC,  testemunhas, vítimas e armas.

SUICIDE BY COP: segundo Salignac é a expressão que podemos traduzir como "suicídio por meio da polícia".

RAPPORT: relação calorosa e próxima entre dois indivíduos numa situação psicológica (Chaplin.1981).

ATIRADOR ATIVO: indivíduo que de posse de uma arma passa a disparar contra pessoas de forma aleatória.

MULTIPLO ATAQUE COORDENADO: ataques coordenados por terroristas/extremistas com armas e bombas improvisas em locais diferentes
porém em horários sincronizados. MACTAC: Multi-Assault Counter-Terrorist Action Capabilities (Capacidade de Resposta
Contraterrorista Frente a Múltiplos Ataques).

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4.2. Os principais tipos de CEC

Os americanos relatam que cerca de 50% dos eventos críticos são provocados por uma pessoa com distúrbios emocionais ou
comportamentais (Rogan, Hammere Van Zandt,1997)

Os  profissional de Polícia da linha de frente deverão encontrar no decorrer de sua atividade uma quantidade razoável  de pessoas que
provocam eventos críticos. Uma constatação interessante é a de que nem todos serão homicidas, assassinos, ladrões, enfim, criminosos. A
estratégia em cada caso deve ser adaptada à condição do CEC, em conformidade com a definição de certos parâmetros: trata-se de uma
pessoa mentalmente equilibrada e sadia"? Sua motivação é política ou visa à consecução de metas eminentemente pessoais? Existem
objetivos claramente definidos em seu comportamento? O CEC valoriza a própria vida?

Em recente bate-papo, dois grandes negociadores falaram sobre essa mudança de perfil nas tipologias dos CEC, em especial, no estado de
São Paulo. (Acompanhe a entrevista no minuto 45)

O que nossos discentes precisam entender é que não existe apenas um tipo de causador, com uma única forma de solucionar a uma crise. É
por esse motivo que devemos sempre estar reciclando nossos policiais e estimulando os mesmos a aplicarem a doutrina, pois isso reduzirá o
risco de erros fatais. Nesta senda a doutrina ao avaliar a conduta de cada CEC divide os mesmos em três tipos que em algumas vezes podem
ter inicialmente uma classificação e demonstrar traços combinados com outros tipos.

1- CRIMINOSOS

2- TERRORISTAS

3- MENTALMENTE PERTURBADOS

Criminosos: São indivíduos que causam uma crise em razão de sua prática delituosa. Geralmente, tornam-
se causadores de um evento crítico quando em flagrante fuga das equipes policiais. Dentre os crimes mais
comuns temos o roubo. Esses elementos  a fim de se desvencilhar das equipes policiais findam por fazer
reféns ou se barricarem sozinhos com suas armas de fogo. Citamos também o crime de extorsão mediante
sequestro que na década de 90 virou uma modalidade muito utilizada por bandidos em nosso país. Nessa
modalidade o refém sequestrado é levado para um lugar desconhecido (cativeiro) e depois disso os CEC
passam a exigir dinheiro da família para liberação do cativo. 
Para essa tipologia de CEC, o objetivo de tomar um refém é : garantia de vida, incolumidade física, liberdade, lucro fácil e obtenção de
vantagem.

Terroristas: Neste grupo também incluímos os fanáticos políticos extremistas. Apesar de não ser muito
comum em nosso país em virtude de nossas características culturais. Usualmente associado a grupos
estrangeiros, o extremismo político busca mudanças sociais com ameaça e uso de violência. Os alvos do
terrorismo são escolhidos em virtude de:

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16/09/21, 08:13 GERENCIAMENTO DE CRISE E INCIDENTES CRÍTICOS

valor simbólico: um ativista que destrói ou profana um símbolo querido pelos fiéis de outra religião frente as
câmeras de televisão estará provocando intensa celeuma;

valor propagandístico: a ameaça de invasão das terras de um político influente e  poderá atiçar o debate
sobre a causa;

possibilidade do êxito da ação: o evento crítico somente será desencadeado após cuidadoso estudo e
planejamento;

vulnerabilidade do alvo: o objetivo da ação tende a ser dirigido contra elementos cuja segurança é falha ou
inexistente.

Mentalmente perturbados: conforme Salignac (p.128, 2011) O atendimento de ocorrências com pessoas
portadoras de distúrbios mentais ou comportamentais exige, além do domínio da técnica, doses extras de
paciência e percepção dos limites da negociação, pois não é incomum, nesses casos, a imperiosa
necessidade da atuação tática. 
Em Rondônia, com a formação de duas psicólogas militares no curso de Negociação Policial as equipes de
1a intervenção e negociação ganharam especial suplementação na identificação do perfil desses
causadores.

Cada um dos grupos que estudaremos mostra sinais bastante evidentes de distúrbios emocionais,
requerendo, consequentemente, modificação ou adaptação dos princípios básicos da negociação. As
pessoas com essas patologias têm sensibilidades particulares que devem estar sempre em exame pelo
negociador - o qual, de outra forma, poderá ser percebido como uma ameaça pelo CEC. 
Paranoicos/esquizofrénicos. A pessoa que apresenta esta característica percebe, de maneira intensa e
irreal, ameaça proveniente dos outros. Seu pensamento distorcido indica que os outros o perseguem e não
são dignos de confiança. Os sinais mais visíveis incluem escutar ou ver coisas que na realidade não
existem, sistema de crenças sem amparo na realidade, captura de pessoas buscando realizar um "grande
plano" ou obedecendo a ordens de alguma pessoa superior". Dão exagerada ênfase à sua própria
autonomia e sua identidade sexual. São refratários a qualquer tentativa de controle e a intimidade com
pessoas do mesmo sexo, buscando a segurança por meio do distanciamento.
Emocionalmente abalado: a pessoa tem sua condição mental abalada por fatos abruptos de sua vida.
Perdeu familiar de quem tinha muito apego em tragédia/acidente. Perdeu grande quantia em ações, brigas
de trânsito, traição conjugal.

Suicida* : vamos deixar bem claro que o suicida nem sempre possui alguma patologia comportamental.
Aqui discutiremos brevemente com os futuro gerentes de crise um tema relevante e que pelas estatísticas
de nosso país é um tipo de ocorrência que qualquer policial poderá se deparar. A palavra suicídio é oriunda
do latim suicidium e significa matar a si mesmo" Lembramos que não existe tipificação penal em nosso país
para o autoextermínio. Há previsão de crime para quem induz a prática, instiga ou auxilia o suicídio( Art.122
CP).

https://ead.pm.ro.gov.br/mod/book/tool/print/index.php?id=7315 29/49
16/09/21, 08:13 GERENCIAMENTO DE CRISE E INCIDENTES CRÍTICOS

Em caso de acionamento das equipes policiais para CEC suicida é primordial saber se O motivo para análise desse CEC é basicamente para
aplicação das técnicas de escuta/atenção ativa. Habilidade que nós policiais temos défit em compreender e aplicar. Segundo Algumas
técnicas de escuta ativa voltado para atividade de negociação policial são: paráfrase, nomear sentimentos, questões abertas, silêncio e pausas
efetivas.

Característica dos suicidas:

necessidades psicológicas frustradas: frequentemente sofreram perdas recentes e extremamente dolorosas;


Busca de solução para a dor: o suicídio é percebido como uma solução para o problema da dor. O CEC prefere dar fim a própria existência
a seguir diante com sua dor;
a desesperança e o abandono, a solidão, o medo da perda do controle;

Nos EUA, uma das modalidades  de crise bastante conhecida mas pouco descrita em nosso país é o "SUICIDE BY COP" que podemos
traduzir como "suicídio por policial". Neste tipo de suicida o CEC simula (ou até executa) algum tipo grave de violência contra alguma pessoa
refém/vítima, ou mesmo contra aplicadores da lei presentes na cena de ação. A possibilidade de ocorrência desse tipo de evento pode ser
mensurada pelos seguintes comportamentos: ( McMains e Mullins,1996)

1. Recusa-se a negociar com as autoridades;


2. Exige que as autoridades o matem
3. Estabelece prazo para que as autoridades o matem;
4. Recebeu, recentemente, a notícia de que sofre de alguma doença incurável;
5. Oferece-se pessoalmente para se render ao encarregado  do gerenciamento de crise;
6. Verbaliza sua "intenção de sair em grande estilo";
7. Não faz exigência de fuga ou liberdade;
8. Pertence a baixos extratos da sociedade;
9. Dá ultimato ao negociador.
10. Parece estar procurando sair de um jeito "macho da situação"
11. Recentemente se desfez de seu dinheiro ou propriedades;
12. Tem histórico criminal que inclui comportamento criminoso;
13. Tem histórico de duas ou mais perdas traumáticas (parentes ou entes queridos)
14. Expressa sentimentos de desesperança e abandono.

No estado de São Paulo algumas situações de Suicide By Cop já foram diagnósticada durante as crises, e técnicamente os
profissionais de segurança publica souberam conduzir a situação preservando a vida do CEC.

https://ultimosegundo.ig.com.br/policia/2018-12-07/suicidio-por-policial-gate.html

https://ead.pm.ro.gov.br/mod/book/tool/print/index.php?id=7315 30/49
16/09/21, 08:13 GERENCIAMENTO DE CRISE E INCIDENTES CRÍTICOS

4.3. Tipologia das situações críticas policiais

Mais uma vez utilizaremos a obra "GERENCIAMENTO DE CRISES POLICIAIS" do Major PMPR Marco para aumentar o conhecimento dos
discentes. A escolha além ser por uma obra atual, é realizada com fundamentos em ocorrências reais e por um profissional atuante na área. Os
tipos de ocorrências a seguir é exemplificativo e não tem condão de esgotar o assunto.

Identificar o tipo exato de crise em curso é fundamental para facilitar o processo de gerenciamento. Os responsáveis pelo atendimento terão
grande vantagem se valorizarem as peculiaridades de cada crise. Por exemplo, uma crise em penitenciária com criminosos rebelados
mantendo reféns apresenta particularidades que distinguem de uma ocorrência em que um CEC mantém um refém em uma lotérica após uma
tentativa de roubo frustrada. Igualmente, uma crise que envolva, por exemplo, um mentalmente perturbado ameaça pessoas por vingança no
interior de uma escola. Portanto, conhecer as ocorrências críticas e considerar suas características específicas são aspectos fundamentais
para a busca do resultado aceitável.

Antes de analisá-las individualmente, confira seus tipos(Silva, 2015, p. 28):

a. Roubos ou outros crimes frustrados com tomada de reféns.

6. Extorsões mediante sequestro.

c. Rebeliões com reféns em estabelecimentos prisionais, unidades de internação, cadeias públicas e delegacias.

d. Mentalmente perturbados, barricados ou não, com tomada de vítimas, reféns ou sozinhos.

e. Criminosos sozinhos e barricados contra a ação da polícia

f. Movimentos sociais ou grupos sociais específicos (índios, por exemplo) com tomada de reféns ou vítimas.

g. Tentativas de suicídio.

h. Ocorrência que envolvam artefatos explosivos.

i. Ações terroristas (tomada de reféns)

j. Atiradores ativo em posição privilegiadas ou no interior de escola

k. Tomada de aeronaves por criminosos , terroristas ou perturbados.

l. Acidentes de grandes proporções.

a. Roubos ou outros crimes frustrados com

tomada de reféns
Nesse tipo de ocorrência, o evento crítico é deflagrado quando os criminosos executam ou são flagrados durante a consecução de seus atos
delituosos. O crime mais comum atrelado a esse tipo de crise é o roubo, principalmente quando os autores são surpreendidos durante seu
cometimento e cercados pela força policial. Num primeiro momento e para garantia de suas vidas, os criminosos fazem de reféns as pessoas
mais próximas e passam a ameaçá-las para exigir que os policiais não se aproximem. São praticamente “escudos” que os protegem da ação
policial. São reféns tomados e, portanto, a crise é localizada. Depois, com o transcorrer do evento, exigem

outras demandas, em geral realísticas, com vistas a uma eventual fuga do local, como um carro ou itens que os façam se sentir mais
protegidos, a exemplo de coletes à prova de impacto. Como qualquer outra crise, uma primeira intervenção precisa ser técnica e os grupos
especializados da corporação policial responsável pela área devem ser acionados para gerenciar o evento. Em tese, os criminosos prezam por
sua vida e, por isso, tomam reféns.

Entretanto, há casos registrados em que o CEC teve sua condição mental alterada, passando a falar em cometer suicídio, o que aumenta
consideravelmente o risco para os reféns.

https://globoplay.globo.com/v/7770703/

b. Extorsões mediante sequestro


A extorsão mediante sequestro é um crime hediondo contra o patrimônio, que consiste em sequestrar uma pessoa a fim de obter, para si ou
para outrem, qualquer vantagem como condição ou preço do resgate. Está tipificado no art.159 do Código Penal Brasileiro. Esse tipo de crime
exige um planejamento anterior e, portanto, costuma ser perpetrado por quadrilhas especializadas. Nas décadas de 1980 e 1990, eram crimes
muito comuns no Brasil e geravam grande comoção social. A classificação como crime hediondo e consequente recrudescimento das penas 
penas para os criminosos reduziram sua incidência. No Brasil, o gerenciamento desse crime cabe à polícia civil. Nesse tipo de crise o ponto
crítico (cativeiro) não é conhecido e a pessoa envolvida é tecnicamente chamada de refém sequestrado.

https://ead.pm.ro.gov.br/mod/book/tool/print/index.php?id=7315 31/49
16/09/21, 08:13 GERENCIAMENTO DE CRISE E INCIDENTES CRÍTICOS

c. Rebeliões com reféns em estabelecimentos prisionais


Presos insurgentes aproveitam uma oportunidade e tomam funcionários como reféns no estabelecimento prisional onde estão, fazendo
diversas reinvindicações, ameaçando de morte e lesões os coagidos caso as exigências não sejam cumpridas. Assim, uma crise policial
instalou-se e todos os procedimentos técnicos precisam ser adotados. Uma crise em um estabelecimento prisional apresenta característica
diferenciadas daquelas instaladas após um roubo frustrado. Nesse caso como os causadores estão encarcerados, suas exigências têm a ver
com suas condições. Cabe salientar que situações de meros tumultos ou badernas no local não são consideradas crise. Para ser qualificada
como evento crítico, há a necessidade da presença de reféns ou vítimas. Se não houver reféns ou vítimas, mas os rebelados barricados
estiverem portando armas de fogo, também é uma crise, devido a periculosidade do evento. Em caso de tumultos sem armas, as tropas de
choque das unidades ou outros grupos policiais podem atender e retomar a ordem, resolvendo o impasse. Em caso de crise constatada apenas
os grupos policiais especializados devem atuar diretamente no gerenciamento do evento na busca do resultado aceitável.

https://globoplay.globo.com/v/6393161/

d. Mentalmente perturbados com tomada de reféns/vítima ou 


Conforme já definido no item dos tipos de CEC, mentalmente perturbado é um indivíduo de trato difícil e comportamento instável. A perturbação
mental do CEC pode levá-lo a cometer atos terríveis e arquitetar planos que coloquem em risco tanto a própria vida quanto as de outras
pessoas. Quando flagrados pelos policiais agem de acordo com sua realidade, que geralmente  não se confirmam de maneira objetiva em
comparação aos fatos à sua volta. Podem causar crises por apresentarem transtornos mentais, sofrerem abalos emocionais momentâneos ou
terem abusado de bebidas alcoólicas ou outras drogas. Em geral, são crises demoradas e que não podem ser subestimadas pelas autoridades
policiais - por exemplo, tratar as vítimas como se fossem reféns-,  sob pena de provocarem tragédias. Ações táticas devem estar rapidamente
em condições de implementação, uma vez que as questões emocionais são urgentes para o CEC. Essa crise pode conter três subtipos: os
mentalmente perturbados mantendo:

1-reféns, 2-vítimas e 3-isolados.

 Primeiramente, o exemplo de um perturbado mantendo reféns: imagine um indivíduo sob influência de drogas e flagrado por policiais militares
cometendo um roubo para conseguir dinheiro a fim de adquirir mais drogas. Ele faz reféns nesse momento em decorrência do crime e age para
não morrer ou não ser preso (portanto, também é qualificado como tipo criminoso), passando a verbalizar com os policiais que cercam o local.
Sua fala é desconexa e fora da realidade, devido à condição de abuso de droga, tornando instável e mais propenso a agir fora de si e
impulsivamente . As pessoas tomadas são reféns porque estão envolvidas no evento como uma garantia para o CEC. Entretanto, correm um
risco maior do que os reféns tomados apenas por criminosos, por exemplo.

https://recordtv.r7.com/balanco-geral-manha/videos/homem-faz-mulher-refem-em-estacao-do-metro-em-sao-paulo-09092020

O segundo caso é o do CEC mentalmente perturbado mantendo vítimas. As pessoas ameaçadas (tecnicamente chamadas de vítimas) foram
escolhidas por fazerem parte de seus problemas emocionais - O CEC pretende puni-las ou delas se vingar, entendendo que o prejudicaram de
alguma forma. Então, eliminá-las faz parte do seu plano, motivado por um transtorno mental definido, um abalo emocional momentâneo ou
abuso de drogas. Exemplos cônjuge traídos que querem se vingar dos traidores, individuo com o relaciona mento rompido que pretende se
vingar da outra parte, empregado demitido que regressa ao local do trabalho para matar o ex-patrão; pessoa com transtorno mental que quer
matar para cumprir um plano superior. Por todo esse conjunto de características e pelo fato de que os mentalmente perturbados são suicidas
em potencial, o risco que uma vítima corre é superior ao de um refém. 

https://globoplay.globo.com/v/9610036/

O terceiro caso é o do CEC mentalmente perturbado sozinho, barricado em algum cômodo de uma casa, no alto de um edifício ou no meio da
rua. Seu comportamento instável pode derivar de diversos fatores, tornando o atendimento complexo. Alguns exemplos típicos: homem
drogado e barricado em um quarto com facão depois de matar a mãe; CEC que tentou matar uma pessoa se barricou sozinho em casa,
alegando que as vozes em sua cabeça o incitaram a agir assim: homem deixou de tomar seu medicamento controlado e, armado, atirou contra
seus colegas de trabalho até ser cercado por policiais em um pátio. Em tais casos, também se enquadram os suicidas, indivíduos flagrados
durante o preludio da própria morte. Um item especifico trata desse tipo.

e. Criminosos sozinhos e barricados contra a ação da polícia


Este tipo de crise ocorre quando criminosos em fuga invadem determinado local sem ocupantes. Ao se perceberem sozinhos e sem
possibilidade de evasão, montam barricadas contra a ação dos policiais e passam a ameaçá-los com suas armas de fogo para evitar uma
eventual invasão do local. Em alguns casos, com receio dessa invasão, para confundir as forças policiais, blefam alegando reféns. As
características são semelhantes ás das crises com reféns. Em tese, os causadores prezam por sua vida, preocupando-se em manter os

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16/09/21, 08:13 GERENCIAMENTO DE CRISE E INCIDENTES CRÍTICOS
policiais militares afastados. Em alguns casos registrados, criminosos em fuga, na impossibilidade de apanharem reféns e na iminência de
serem presos por policiais em seu encalço, simularam situações de suicídio, apontando suas armas para as próprias cabeças. Os gestores da
crise devem atentar a esse tipo de ocorrência, que pode ser tanto uma simulação dos criminosos quanto a possibilidade realidade a condição
do CEC evoluir para um comportamento perturbado.

f. Movimentos ou grupos sociais com tomada de reféns ou vítimas


No Brasil, há ocorrências críticas que envolvem integrantes de movimentos sociais ou grupos sociais específicos, com questões bem definidas.
Eventualmente, crises policiais são observadas durante seus atos reivindicatórios, como a tomada de reféns. O evento crítico suscita a
necessidade de atendimento técnico, momento em que as autoridades policiais devem aplicar as ferramentas técnicas previstas pela doutrina
de gerenciamento de crises. Entre os movimentos sociais, há grupos ligados à reforma agrária. Grupos que reivindicam moradia e, ainda,
grupos afetados por ações e projetos governamentais. No caso dos outros grupos sociais citados na tipologia, os principais são os indígenas,
cujas reinvindicações singulares eventualmente resultam na tomada de reféns. Nesse caso, o gerenciamento do evento cabe à Polícia Federal
e à fundação Nacional do Índio (FUNAI).

g. Tentativas de suicídio
 Por ser tão controverso e considerado tabu, as pessoas costumam evitar falar sobre o assunto de forma sistematizada e aberta e as
autoridades públicas pouco fazem para preveni-lo. Quando há uma crise de tentativa de suicídio, cabe à Polícia Militar e ao Corpo de
Bombeiros gerenciá-la. É fundamental identificar a situação se o suicida está armado ou desarmado para estabelecer qual corporação será a
responsável. No primeiro caso, a responsabilidade de atendimento é da Polícia Militar, cujas equipes especializadas (equipe de negociação,
grupo de intervenção e grupo de atiradores de precisão) tem as ferramentas necessárias para o entendimento do evento. No segundo caso,
com o suicida desarmado(em altura com ingestão de medicamentos, uso de botijão de gás, entre outros), a responsabilidade é do Corpo de
Bombeiros, cujo grupo especializado em resgate de pessoas dispõe dos mecanismos técnicos para a resolução da crise. Com essa
diferenciação e a definição de atribuições, os resultados foram altamente positivos, melhorando o atendimento, tornando as ações mais
técnicas e evitando desgastes entre as corporações.

Ambas as corporações necessitam, naturalmente, de apoio mútuo quando atendem sua crise específica: os bombeiros apoiam quando policiais
militares gerenciam crises com suicida armado (sobre tudo quanto ao atendimento pré-hospitalar); os policiais militares por sua vez; tem o
dever de auxiliar quando os bombeiros gerenciam crises com suicida desarmado, particularmente particularmente no que diz respeito ao
isolamento da crise.

h. Ocorrências envolvendo bombas  explosivos


É uma crise com alto potencial destrutivo e risco elevado aos envolvidos. Imagine um CEC criminoso portando explosivos e mantendo pessoas
como reféns ou vítimas. Em casos já registrados, para obrigar o refém a sacar dinheiro em um banco, os criminosos o envolveram em um
colete com explosivos para forçá-lo a cumprir a exigência. Em outra ocasião, um mentalmente perturbado afixou o colete com explosivos no
corpo de um homem sob alegação de ser seu inimigo, ameaçando-o por motivo de vingança. Por si só, uma crise já gera um nível de tensão
elevado; entretanto, a simples menção de eventuais explosivos potencializa o nível de estresse para todos os envolvidos.

Há uma modalidade de ocorrência com explosivos diferente das supracitadas, mas também qualificada como crise pela doutrina de GC:
quando o artefato explosivo é deixado em determinado lugar, de acordo com a intenção do causador, como forma de matar, ferir, ou ameaçar
as pessoas que o frequentam. Pode ser analisada como uma ação terrorista, cujo autor tenciona causar algum tipo de prejuízo, físico ou
material, ou infundir pânico nos frequentadores. Quando tais artefatos explosivos improvisados, os procedimentos técnicos devem ser
aplicados pelos primeiros interventores, mesmo que haja dúvidas se, de fato, trata-se de um material com carga explosiva real.

i. Ações terroristas
 Atentados, sequestros e tomada de reféns ou vítimas são algumas das ações praticadas por terroristas e qualificadas como crises. O
terrorismo pode ter motivações políticas, religiosas, ideológicas, separatistas, étnico-raciais, sociais e culturais. Provocadas por grupos ou
pessoas que exigem mudanças políticas ou sociais com ameaça ou uso de violência, são consideradas as ocorrências mais complicadas de se
gerenciar devido ao caráter não convencional de sua execução, diferentemente da violência praticada com intuito criminoso. Salignac (2011)
defende que a possibilidade de violência ou homicídio tende a ser significativa, pois as exigências desses causadores normalmente são
inviáveis.

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Segundo Williams e Head (2010, p. 23), "os terroristas sempre planejam seus ataques com a finalidade de obter o máximo de publicidade,
escolhendo alvos que exemplifiquem de forma típica aquilo a que eles se opõem. A medida em que o ataque é eficiente se baseia não no
próprio ato, mas na reação do povo, ou do governo, a ele". Para exemplificar essa questão da propaganda almejada, as autoras citam o
exemplo do Setembro Negro, grupo terrorista que matou 11 israelenses durante os Jogos Olímpicos de 1972. Todavia, o alvo, além das vítimas
imediatas, foi o público estimado de um bilhão de pessoas que assistia ao evento pela televisão.

Por esses e outros aspectos, crises envolvendo terroristas são complexas e extremamente intrincadas. Os ataques registrados nos Estados
Unidos no dia 11 de setembro de 2001 expuseram a vulnerabilidade do mundo a atentados desse tipo e seus resultados catastróficos.

Em uma crise promovida por terrorista com tomada de reféns, as autoridades devem gerenciá-la buscando todas as informações
possíveis sobre o grupo ou indivíduos envolvidos. (eventualmente, o ato pode ser cometido por indivíduos isolados e simpatizantes
de determinada causa- os chamados lobos solitários)

Há técnicas específicas bem delimitadas de negociação com os indivíduos política ou religiosamente fanático; entretanto, como todas suas
demandas são constantemente irreais, ou impossíveis de serem cumpridas ou ainda, demonstrem vontade de morrer pela causa, os grupos de
intervenção que atendem a crise devem estar plenamente aptos a planejar e executar as ações táticas com certa urgência.

. Tomada de aeronaves por criminosos terroristas ou perturbados


Tipo de crise que merece muita atenção das autoridades brasileiras, principalmente pelo registro de várias ocorrências no país. Apesar da
baixa incidência, é um fato que por si só potencializa o risco dos envolvidos, sobretudo se a aeronave tomada for comercial e comportar muitos
passageiros. A preocupação deve transcender o cunho terrorista, estendendo-se às ações criminosas e as praticadas por indivíduos
mentalmente perturbados. Por vezes, como já registrado pelo noticiário jornalístico nacional, um indivíduo, em decorrência de sua condição
mental instável produzida por um transtorno ou pelo uso de drogas, por exemplo, pode tentar tomar a aeronave para cumprir os planos
concebidos por seus pensamentos deturpados. Com relação ao terrorismo, após o 11 de setembro, a maior vigilância nos aeroportos dificultou
imensamente a tomada de aeronaves; entretanto as autoridades devem atentar ao fato de que os terroristas sempre buscarão meios de burlar
os sistemas de segurança.

j. Acidentes de grandes proporções


De proporções gigantescas, sugerem um gerenciamento integrado entre as várias corporações e entidades ligadas às áreas de segurança
pública e defesa civil responsáveis pelo território onde ocorreu o sinistro. O apoio dos mais variados órgãos públicos e privados é igualmente
necessário, pois se trata de uma ocorrência que normalmente atinge patamares elevados de destruição e um risco violento para as pessoas
envolvidas diretamente ou que estejam próximas ao local do desastre. Além do gerenciamento de crises, uma ferramenta ainda mais
apropriada para administrar desastres é o chamado sistema de comando de incidentes (SCI), uma “ferramenta projetada para a administração
de emergências, criada a partir dos incêndios na Califórnia no final dos anos 70 quando a desorganização de vários Órgãos levou problemas
ao seu atendimento" (Aguiar, 2013, p. 232).

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4.4. Estudo de caso e exercícios resolvidos.

Estudo de caso

Pedro era um homem violento e que agredia de forma contumaz sua esposa Tereza". O casal vivia junto havia cinco anos e tinha dois filhos
pequenos, que testemunhavam as ameaças e agressões. A conduta agressiva de Pedro se potencializava sempre que ingeria bebidas
alcoólicas.

Insatisfeita, Tereza resolveu pôr fim a situação: disse a Pedro que iria embora com os filhos, pois não queria mais viver daquele jeito. Como não
estava embriagado no momento, Pedro não teve qualquer reação violenta. Saiu de casa e foi para o bar. Ficou algumas horas no local até o
resolver voltar para casa, decidido a tentar uma reconciliação com Tereza. Ao chegar, ela e as crianças não estavam mais là. Pedro entrou,
apanhou seu revolver e foi a casa da cunhada, onde provavelmente a esposa estaria. Visivelmente embriagado, invadiu a casa e encontrou
Tereza e os filhos. Pediu perdão, mas a mulher foi firme e não aceitou reatar. Diante da negativa, sacou seu revólver e ameaçou matar Tereza
caso ela não reconsiderasse. A cunhada, presenciando a cena, apanhou as crianças e correu para fora em busca de ajuda. A Polícia Militar foi
avisada. Uma equipe da PM chegou e cercou a casa. Assim, uma crise localizada de cárcere privado teve início. Pedro gritava no interior da
casa que iria matá-la em virtude da separação. O gerenciamento da crise foi montado com todas as ferramentas necessárias. A média passou
a divulgar a ocorrência em tempo real. Uma manchete de determinado veículo de imprensa estampara: "Homem faz mulher refém e a ameaça
de morte por problemas conjugais". Analisando a notícia da imprensa e trazendo-a à luz da doutrina, há uma incorreção conceitual. Tereza não
é tecnicamente uma "refém", mas uma "vítima”. Lembre-se de que uma vítima envolve-se em uma crise por questões emocionais, transtornos
mentais do CEC ou vingança. Nesse caso percebe-se que Pedro estava emocionalmente perturbado com a separação da esposa e  queria se
vingar dela. Portanto Tereza deve ser qualificada como vítima, e não como refém.

Exercício resolvido
1) Assinale a alternativa que não é qualificada como ocorrência crítica:

a. Refém mantido em cárcere privado por criminoso armado.

b. Briga de torcedores em estádio de futebol.

c. Atirador ativo agindo no interior de uma empresa.

d. Terroristas mantendo reféns em

e. Individuo tentando suicídio no alto de um edifício.

Resposta: Alternativa "b". Uma briga de torcedores deve seratendida pelos esforços da unidade de área, com o apoio degrupos de policiais
pertencentes à tropa de choque. Portanto, não se caracteriza como uma crise.

Questões para revisão


1) Cite três ocorrências policiais qualificadas como críticas.

2) Defina causador do evento critico (CEC).

3) Pessoa cujo contato com o causador do evento critico CEC, orientado e protegido, é considerada uma ferramenta de barganha por algum
beneficio ao causador:

a. vítima

b. intermediario.

c. refëm.

d. perturbado

e. negociador.

4) Sobre a ocarrência crítica de tentativa de suicídio, assinale alternativa correta:

a. Vários fatores podem desencadear na pessoa suicida o desejo de autodestruição.

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b. O suicidio é um problema exclusivo de pessoas pobres e doentes

c. Qualquer policial ou bombeiro, mesmo sem especialização, tem condições de estabelecer contato técnico com um

individuo suicida.

d. As autoridades investem bastante na prevenção do suicídio, inclusive, informando a população de forma sistemá-

tica sobre o problema.

e. Atualmente, a Organização Mundial da Satide (OMS) qualifica o suicidio como uma afirmação da liberdade pessoal".

5) Assinale o tipo de causador do evento crítico (CEC) que age por questões ideológicas, políticas ou religiosas a fim de intimidar, coagir e
desestabilizar a situação:

a. Mentalmente perturbado

b. Preso rebelado

c. Criminosa

d. Atirador ativa.

e. Terrorista

PERGUNTAS E RESPOSTAS
1) Quais são os três principais tipos de causadores de evento crítico previsto pela doutrina de gerenciamento de crise (GC)?.

RESPOSTA: Criminosos, mentalmente perturbados e terrorista

2) Qual é a definição de gerenciamento de crises (GC)?

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5. CAPÍTULO IV

Neste Capítulo você será capaz de :

Identificar e definir os elementos essênciais do gerenciamento de crise


Enumerar as fases do gerenciamento de crise;
Caracterizar cada uma das fases.
reconhecer o ponto crítico
delimitar perímetro tático interno e externo

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5.1. Elementos Operacionais essenciais

Apresentaremos a seguir os principais atores do gerenciamento de crise, mais conhecidos como ELEMENTOS OPERACIONAIS ESSENCIAIS:
gerente da crise, o grupo de negociação (GN) e grupo tático (GT).

Gerente da Crise: é o comandante da cena de ação. Em Rondônia, os gerentes de crise via de regra são os comandantes de área, ou seja, os
comandantes das unidades responsáveis pelo policiamento daquela área. São tarefas exclusivas do gerente da crise dentre outras...

autoridade máxima para todas as ações no local da crise;


determina a estratégia a ser adotada baseada nos critérios de ação (necessidade, aceitabilidade e validade do risco);
autoriza as ações táticas, com exceção das chamadas  ações emergenciais.

Grupo Tático: grupo altamente treinado e possuidor de equipamentos especiais, capaz de enfrentar eventos de alto risco com rapidez e
eficiência. Essa necessidade surgiu principalmente em decorrência da frequência com que então ocorriam, em várias cidades americanas,
episódios envolvendo ex-combatentes da Guerra do Vietnã que, sem qualquer razão aparente, empunhavam armas de fogo de alto poder letal
e se encastelavam em bares, residência ou até campanários das igrejas, pondo-se a atirar a esmo em todas as pessoas que passavam. O
conceito tático desses grupos baseavam-se nos mesmo princípios dos chamados comandos, que as forças armadas de alguns dos países
beligerantes na segunda guerra mundial desenvolveram para missões especiais. Ex: SWATs (Special Weapons And Tactics), HRT (Hostage
Rescue Team), do FBI; do SAS (Special Air Service) da Inglaterra; do GSG-9 (Grenzschutzgruppe-9), da Alemanha; do GEO (Grupo Especial
de Operaciones), da Espanha; e do GIGN (Groupement d'Intervencio de la Gendarmerie Nationale), da França.

Um GT é composto basicamente por dois componentes táticos: os atiradores de precisão (snipers) e os atacantes (assaulters), a quem é dada
a missão de resgate propriamente dita. O comandante do GT não pode ser confundido com o Gerente da Crise.

Equipe de Negociação: Formada por policiais (oficiais e praças) especialistas em negociação policial. Sua missão é a aplicação da primeira
alternativa tática a ser considerada durante o gerenciamento de crise. A equipe pode ter no mínimo dois negociadores (principal e secundário)
podendo ainda ter outros negociadores como anotador e auxiliar logístico. Poderá ainda existir um negociador mais experiente como
comandante da EN. A equipe de negociação deve ter conhecimento em gerenciamento de crise, ter afinidade com o grupo tático e saber gerir
as informações com a inteligência. Com relação ao contato com a imprensa necessário em um Gerenciamento de Crise, o negociador tem mais
uma atribuição ao analisar as informações repassadas a imprensa. Jamais deixar vazar aos órgãos de imprensa antecipações de ações táticas,
presença de pessoas que possam mudar os rumos da negociação, as táticas que serão utilizadas. Algumas missões:

conduzir a crise para um final pacífico


buscar a rendição do CEC ou liberação dos reféns
atuar tecnicamente e taticamente com a negociação

ATENÇÃO: Tratamos acima dos elementos operacionais essenciais do gerenciamento de crise, mas há ainda outros elementos,
citaremos um deles:

Elementos de Inteligência: convocados entre os integrantes da 2ª seção P2 e não incomum apoio de outras fontes do subsistema de
inteligência. Os elementos qualificam e identificam informações sobre o CEC, sobre o ponto crítico e sobre as vítimas. Algumas tarefas são:

coleta de informação sobre a ocorrência crítica


análise e triagem de informação
apoiar o GN e GC

Assessoria de Imprensa: o comprometimento da integridade física dos mesmos, bem como imagens e assunto que devem ser mantidos em
absoluto sigilo, para não haver qualquer suspeita quanto à ação da polícia. Conseguir estabelecer esse limite é uma dificuldade existente no
Teatro de operações, visto que não são raros os profissionais de imprensa que, no afã de obter uma melhor imagem, tentam burlar os limites
estabelecidos.

 Cabe ao comandante do Teatro de operações disponibilizar as informações necessárias à imprensa, através de seu representante
previamente designado, com indicação de um local adequado para o desenvolvimento de suas atividades, em perfeita segurança.

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5.2. As fases do gerenciamento de Crise

As fases do gerenciamento de Crise


BASSET (apud MONTEIRO, 1994, p.22), da Academia Nacional do FBI, visualiza o fenômeno da crise em quatro fases cronologicamente
distintas, as quais ele denomina de fases de confrontação.

Essas fases são as seguintes:

I Pré-confrontação II Resposta imediata III Plano específico IV Resolução

 Recentemente, alguns estudiosos do gerenciamento de crises estão entendendo que as ações tomadas, após o término de um evento crítico,
que funcionam como feedback para substanciar o reinício do ciclo, denominam-se:

 V Pós-confrontação

 Fase 1 – Pré-confrontação ou preparo : É a fase que antecede à eclosão de um evento crítico. Durante essa fase, a instituição policial se
prepara, administrativamente, em relação à logística, operacionalmente através de instruções e operações simuladas, planejando-se para
que possa atender qualquer crise que vier acontecer na sua esfera de competência.

No planejamento devem ser considerados como pontos mais importantes:

a aquisição de material especializado;


seleção de efetivo;
 treinamento de todos os elementos envolvidos cabendo também a difusão doutrinária;
 elaboração de estudos de casos;
e roteiros de gerenciamento.

Saiba mais...
A pré-confrontação, contudo, não se resume apenas ao preparo e ao aprestamento da organização policial para o enfrentamento das crises.
Ela engloba também um trabalho preventivo. Esse trabalho compreende ações de antecipação e de prevenção. A antecipação consiste na
identificação de situações específicas que apresentem potencial de crise e a subseqüente adoção de contramedidas que visem neutralizar,
conter ou abortar tais processos.

Já a prevenção é um trabalho mais genérico, realizado com o objetivo de evitar ou dificultar a ocorrência de um evento crítico ainda não
identificado, mas que se apresenta de uma forma puramente potencial. (MONTEIRO, 1994, p. 24)..

Fase 2 – Resposta imediata ou ação:


 Esse tópico trata das primeiras ações a serem tomadas, imediatamente após o início de um incidente de alta complexidade. Os policiais de
rua, nesta fase, são de extrema importância, porque em quase cem por cento dos casos são eles que serão os primeiros a se depararem com
tais ocorrências. É claro que todos os elementos participantes de uma crise estarão já participando dela, sendo convocados para comparecer.
No entanto, vale ressaltar que segundo Monteiro Monteiro (1994, p. 26) “... de uma Resposta Imediata eficiente depende quase que 60% do
êxito da missão policial no gerenciamento de uma crise”.

 Neste contexto, o policial de rua deve conhecer o gerenciamento de crises e saber qual sua importância para tomar as medidas iniciais da
maneira mais apropriada, de forma que possa preparar o local do teatro de operação para os responsáveis diretos pelo gerenciamento.

As medidas imediatas mais importantes a serem tomadas são:

conter; solicitar apoio; isolar e manter contato sem concessões ou promessas.


 

CONTER

A contenção de uma crise consiste em evitar que ela se alastre, isto é, impedindo que os seqüestradores aumentem o número de reféns,
ampliem a área sob seu controle, conquistem posições mais seguras, ou melhor, guarnecidas, tenham acesso a mais armamento, vias de
escape, ou seja, a contenção é o impedimento do deslocamento do ponto crítico. Um exemplo de contenção foi a manutenção do perpetrador
dentro do ônibus por toda a ocorrência no caso do Ônibus 174, acontecido no Rio de Janeiro, em 2001.

https://ead.pm.ro.gov.br/mod/book/tool/print/index.php?id=7315 40/49
16/09/21, 08:13 GERENCIAMENTO DE CRISE E INCIDENTES CRÍTICOS
SOLICITAR APOIO

Simultaneamente à contenção, o primeiro policial a se deparar como uma crise deve informar a central de operações o acontecido. Dentro do
possível ele deve informar qual o ato criminoso cometido, a quantidade de perpetradores, quantidade de armas, de reféns, local exato onde se
encontram melhores via de acesso ao local.

ISOLAR

A ação de isolar o ponto crítico, que se desenvolve praticamente ao mesmo tempo em que a de conter a crise, consiste em delimitar o local da
ocorrência interrompendo todo e qualquer contato dos seqüestradores e dos reféns (se houver) com o exterior. Limitando a entrada de
alimentos, energia elétrica e contato telefônico. Os perpetradores devem ser isolados de forma que se imponha a eles a sensação de estarem
completamente sozinhos. Essa ação tem como principal objetivo obter o total controle da situação pela polícia, que passa a ser o único veículo
de comunicação entre os protagonistas do evento e o mundo exterior. Também dentro do isolamento será feito a evacuação das pessoas que
não são envolvidas com a ocorrência, como: transeuntes e trabalhadores do local. Após a evacuação serão determinados os perímetros interno
e externo.

MANTER CONTATO SEM CONCESSÕES E PROMESSAS

Esse primeiro contato, aqui não foi chamado negociação porque é necessário que não haja concessões e promessas, pelo menos, nos
primeiros contatos, e existem concessão e promessa na negociação. Isso não quer dizer que, necessariamente, a negociação será tomada por
um negociador treinado. Embora seja o indicado, ela pode ser conduzida pelo próprio policial que foi o primeiro a chegar assessorado pelo
negociador ou equipe de negociação – o mais indicado. O primeiro contato é o mais tenso e, pelo menos, nos quarenta e cinco primeiros
minutos há uma maior probabilidade dos perpetradores ofenderem verbalmente, efetuarem disparos contra os policiais e agredirem os reféns.
O objetivo deste primeiro contato é tentar acalmar o perpetrador, colocando-o num nível de racionalidade considerado normal.

 É importante que o policial de rua tenha noção de negociação policial, porque nestas situações ele saberá o que poderá ou não ser concedido.

O plano específico e a resolução


-

 ANÁLISE DA SITUAÇÃO

Dada a resposta imediata, com a contenção e o isolamento da ameaça e o início das negociações, principia-se a fase do Plano Específico, que
é aquela em que o comandante da cena de ação procura encontrar a solução do evento crítico.

 Nesta fase, o papel das informações (inteligência) é preponderante. As informações colhidas e devidamente analisadas é que vão
indicar qual a solução para a crise.

ESTRATÉGIAS A APLICAR

 Dentro dessa classificação, aqui adaptada às contingências de natureza legal da polícia brasileira, as ações do comandante da cena de ação
durante a Resolução estariam assim agrupadas. Dentro desse grupo estariam tarefas para a manutenção do controle da área crítica, como:

 Conservar e reforçar os perímetros táticos, ampliando-os e adaptando-os, se necessário, à ação tática escolhida;
Alertar os elementos da patrulha dos perímetros táticos para protegerem, no caso de previsão de tiroteio;
Providenciar, antes do início da Resolução, o posicionamento de ambulâncias, helicópteros, pessoal médico e paramédicos para socorro de
eventuais feridos; e
Providenciar, no caso de resistência em solução negociada, mediante fuga dos bandidos, a desobstrução do caminho, rua ou artéria
escolhida para a evasão do ponto crítico, a fim de evitar que algum curioso ou circunstante mais exaltado agrida os bandidos.

Resolução                                                     
O PLANO DE RENDIÇÃO

O Plano de Rendição ou Resolução é a última fase do gerenciamento de uma crise. Nele se executa e implementa o que ficou decidido durante
a fase do Plano Específico.

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Várias podem ser as soluções encontradas para um evento crítico. A rendição pura e simples dos bandidos, a saída negociada, a resiliência
das forças policiais, o uso de força letal ou, até mesmo, a transferência da crise para um outro local são alguns exemplos dessas soluções. Não
importa qual seja a solução adotada, ela há de ser executada ou implementada através de um esforço organizado que se denomina
Resolução.

 A resolução se impõe como uma imperiosa necessidade para que a solução da crise ocorra exatamente como foi planejado durante a fase do
Plano Específico e sem que haja uma perda do controle da situação por parte da polícia.

A crise, como evento crucial, costuma apresentar, durante todo o seu desenrolar, ciclos de perigo de maior ou menor intensidade, que variam
em função dos acontecimentos que se sucedem e, principalmente, do estado emocional das pessoas envolvidas.

 Caso fosse possível traçar um gráfico do nível de perigo de cada evento crítico que ocorre, verificar-se-ia que, a par da imensa variedade que
existiria de caso a caso, todos eles, sem exceção, apresentariam em comum dois momentos onde o nível de perigo atinge a gradação
mais elevada: o início da crise (os primeiros 15 e 45 minutos) e o seu final.

 Mesmo nos casos em que o epílogo da crise ocorre de uma forma mais branda (como na solução negociada, por exemplo), o nível de perigo e
tensão nos momentos finais do evento é sumamente elevado. Um passo em falso, um gesto mais brusco, um ruído inesperado ou um
contratempo qualquer pode ser interpretado erradamente pelos policiais ou pelos bandidos e desencadear um incidente de conseqüências
imprevisíveis e até fatais.

 Por tudo isso, a Resolução assume um papel de suprema importância no gerenciamento de crises, assegurando o bom êxito da solução
escolhida

 Em casos de rendição

Usar de cautela. A rendição tem que ser bem orquestrada para evitar surpresas. Um movimento inesperado pode ser mal interpretado tanto
pelos policiais quanto pelos bandidos e resultar numa catastrófica reação em cadeia

O Plano Específico há de ser formulado, ensaiado e executado pelo grupo tático.

 QUANDO FOR USADA A FORÇA LETAL

Incapacitar e controlar os bandidos;

Controlar os reféns (se houver);

Manter o ponto crítico sob controle, evitando invasões de estranhos;

Socorrer os reféns, mantendo-os sempre escoltados;

Evacuar os reféns e os bandidos, mantendo esses últimos algemados e em local seguro;

Identificar com segurança todos os reféns, mantendo o controle da situação até que todas as verdadeiras identidades sejam confirmadas e
cuidando para que os bandidos não se façam passar por reféns.

Na volta à normalidade ou fase de pós-evento


Reunir os policiais para avaliar a situação e dar início à desmobilização;

Providenciar a remoção de armas, explosivos, munições e quaisquer outros equipamentos de segurança utilizados na operação;

Realizar um último “briefing” com a mídia;

Desativar o PC.

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5.3. Perímetros Táticos

Os perímetros táticos, também chamados perímetros de segurança, são um assunto de relativa simplicidade, mas que, devido à sua enorme
importância para a disciplina de Gerenciamento de Crises, merecem e precisam ser destacados num capítulo especial deste curso.

Perímetros táticos

Conforme se estudou anteriormente, a autoridade policial, ao tomar conhecimento de uma crise, deve adotar aquelas três medidas preliminares
e essenciais, sintetizadas nos verbos CONTER, ISOLAR e NEGOCIAR.

 O isolamento do ponto crítico executa-se através dos chamados perímetros táticos. É tão fundamental o estabelecido dos perímetros táticos
que é praticamente impossível uma crise ser gerenciada sem eles. A intervenção da mídia, a ação de curiosos e o tumulto de massa que são
geralmente verificados em torno do local onde se desenrola a crise tornam absolutamente indispensável o estabelecimento desses perímetros.

A experiência tem demonstrado que quanto melhor for o isolamento do ponto crítico, mais fácil se torna o trabalho do gerenciamento da
crise. Verifica-se que, na realidade, são muitos os casos de isolamentos mal feitos e ineficientes, que transformam o ponto crítico num autêntico
mercado persa, característico do nosso comportamento latino-americano.

Os perímetros táticos são em número de dois:

 Perímetro Tático Interno

O perímetro tático interno é um cordão de isolamento que circula no ponto crítico, formando o que se denomina de zona estéril. No seu
interior, somente devem permanecer os perpetradores, os reféns (se houver) e os policiais especialmente designados e ninguém mais. Até
mesmo aqueles policiais curiosos, que sempre aparecem nos local de crises para prestarem alguma colaboração, ou por simples bisbilhotice
de quem não têm o que fazer, devem ser, sumariamente, expulsos da zona estéril.

 Esse perímetro interno deve ser patrulhado por policiais uniformizados, que tenham, de preferência, um temperamento alerta e agressivo, para
afastar e afugentar os intrusos.

 É bom lembrar que esse patrulhamento não deve, em hipótese alguma, ser feito pelo time tático, cuja missão é outra, já estudada
anteriormente.

 Perímetro tático externo

O perímetro tático externo é destinado a formar uma zona tampão entre o perímetro interno e o público. Nele ficam instalados o posto de
comando (PC) do gerente da crise e o posto de comando tático (PCT) do comandante do grupo tático. No interior desse perímetro admitem-se
o trânsito e a permanência de policiais que não estejam diretamente envolvidos com o gerenciamento do evento crítico, pessoal médico,
pessoal de apoio operacional (corpo de bombeiros, peritos criminais, motoristas de ambulâncias, etc.) e a mídia (tão somente quando da
realização de “briefings” ou entrevistas).

 O patrulhamento desse perímetro deve também ser confiado a policiais uniformizados, mas, já não se faz necessário que sejam do tipo
agressivo, bastando apenas que sejam, suficientemente alerta, para não permitir o ingresso de pessoas não-autorizadas na zona tampão. Os
dois perímetros são imprescindíveis. Entretanto, importa lembrar que o seu tamanho, forma e abrangência vão variar de caso a caso, a critério
do comandante da cena de ação, sendo isso, uma função cuja principal variável é o ponto crítico.

PONTO CRÍTICO – Local no teatro de operações onde estão confinados os reféns e seus tomadores podendo estes últimos ter
acesso e modificar o cenário sob seu domínio.

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6. CAPÍTULO V

Após este capítulo você será capaz de:

compreender as alternativas táticas


entender a diferença entre negociação técnica e tática
objetivos da negociação
o emprego do grupo tático na aplicação das técnicas não letais
quais os riscos da 4ª alternativa tática

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6.1. Alternativas Táticas

As alternativas táticas existentes na Doutrina de Gerenciamento de Crises são:

1. Negociação;
2. Técnicas não-letais;
3. Tiro de comprometimento;
4. Invasão tática.

Negociação

Você deve lembrar que, as primeiras medidas a serem adotadas por qualquer autoridade policial, ao tomar conhecimento de uma crise, são
resumidas nos verbos CONTER, ISOLAR e NEGOCIAR.

 Essas primeiras medidas ou ações-resposta são tomadas quase que, ao mesmo tempo, não havendo, na maioria das vezes, uma perfeita
distinção cronológica entre elas. Na medida em que a ameaça é contida e é feito o isolamento do ponto crítico, a autoridade policial já procura
estabelecer os primeiros contatos com os elementos causadores da crise, objetivando o início da negociação.

Segundo Monteiro (1994), a negociação é quase tudo no gerenciamento de crises. Ressalta também que: “gerenciar crises é negociar,
negociar e negociar. E quando ocorre de se esgotarem todas as chances de negociações, deve-se ainda tentar negociar mais um pouquinho . .
.”.

Tipos de Negociação

A negociação pode ser real ou tática.

De acordo com o DPF ROBERTO DAS CHAGAS MONTEIRO, em seu Manual, a negociação REAL também pode ser chamada de TÉCNICA.
A negociação real é o processo de convencimento de rendição dos criminosos por meios pacíficos, trabalhando a equipe de negociação com
técnicas de psicologia, barganha ou atendimento de reivindicações razoáveis. Já a negociação tática é o processo de coleta e análise de
informações para suprir as demais alternativas táticas, caso sejam necessários os seus empregos, ou mesmo para preparar o ambiente, reféns
e criminosos para este emprego.

A tarefa de negociação, dada a sua prioridade, não pode ser confiada a qualquer um. Dela ficará encarregado um policial com treinamento
específico, denominado de negociador. O negociador tem um papel de grande responsabilidade no processo de gerenciamento de crises,
sendo muitas as suas atribuições. Assim sendo, não pode a sua função ser desempenhada por qualquer outra pessoa, influente ou não, como
já ocorreram e ocorrem em diversas ocasiões.

Monteiro (1994, p. 45), e De Souza (1995, p. 56), citam em suas obras que:

 Faz parte da história policial recente, no Brasil, a utilização de religiosos, psicólogos, políticos e até secretários de Segurança Pública como
negociadores. Tal prática tem-se revelado inteiramente condenável, com resultados prejudiciais para um eficiente gerenciamento dos eventos
críticos, e a sua reincidência somente encontra explicação razoável, no fato de a grande maioria das organizações policiais do país não ser
dotada de uma equipe de negociadores constantemente treinada para essa missão.

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Na falta de alguém capacitado para negociar, é comum que muitas organizações policiais aceitem qualquer um que voluntariamente se
apresente para ser negociador.

 O papel mais específico do negociador é o de ser intermediário entre os causadores da crise e o comandante do teatro de operações.

Ele é o canal de conversação que se desenvolve entre, as exigências dos causadores do evento crítico e a postura das autoridades, na busca
de uma solução aceitável.

Caso se decida pelo uso de força letal, os negociadores não devem ser afastados. Eles devem utilizar todos os seus recursos, no sentido de
apoiar uma ação tática coordenada. Em outras palavras, o negociador tem um papel tático de suma importância no curso da crise.

Os objetivos da Negocição são 04, a saber:

1- Ganhar tempo

2-Abrandar exigências

3-Colher informações

4-Prover suporte Tático

Você sabe o que é Síndrome de Estocolmo

 É uma perturbação de ordem psicológica, detectada em inúmeras vítimas de seqüestro, algumas das quais sofreram até mesmo violências
durante a permanência no cativeiro, por parte dos seus algozes, e que, não obstando a isso, passaram a olha-los com simpatia e até mesmo
com amor. Explica-se esta reação pelo fato de as vítimas, por haverem se submetido a uma forte tensão emocional, vivendo momentos
extremamente difíceis, imaginando a proximidade da morte, costumam apegar-se a qualquer coisa que lhe indique a possibilidade de
sobrevivência, que possa ser a tábua de salvação.

O estabelecimento da síndrome produzirá informações importantes para a condução da negociação.

Leia mais em: http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADndrome_de_Estocolmo

Técnicas não-letais
Essa alternativa tática, com o passar do tempo e seu emprego, tem mostrado que os equipamentos tidos como não-letais, se forem mal
empregados, podem ocasionar a morte, além de não produzir o efeito desejado. Podemos citar como exemplo, a utilização do cartucho plástico
calibre 12, modelo AM 403, da marca Condor, possuindo um formato cilíndrico, além de ser feito de uma espécie de borracha, conhecida como
elastômero, que, se for utilizado numa distância inferior a 20 metros, pode produzir ferimentos graves ou até mesmo letais. O fabricante
recomenda a utilização em distâncias de 20 metros, fazendo com que, se tal agente não-letal for usado numa distância acima do recomendado,
não produzirá as fortes dores que se deseja produzir para alcançar a intimidação psicológica e o efeito dissuasivo de manifestantes. 

Segundo De Souza e Riani (2007, p. 04),

 Não-letal é o conceito que rege toda a produção, utilização e aplicação de técnicas, tecnologias, armas, munições e equipamentos não-letais
em atuações policiais.

Técnicas não-letais – Conjunto de métodos utilizados para resolver um determinado litígio ou realizar uma diligência policial, de modo a
preservar as vidas das pessoas envolvidas na situação (...) somente utilizando a arma de fogo após esgotarem tais recursos.

 Tecnologias não-letais – Conjunto de conhecimentos e princípios científicos utilizados na produção e emprego de equipamentos não-letais.

 Armas não-letais são as projetadas e empregadas especificamente para incapacitar pessoal ou material, minimizando mortes, ferimentos
permanentes no pessoal, danos indesejáveis à propriedade e comprometimento do meio ambiente.

 Munições não letais – São as munições desenvolvidas com objetivo de causar a redução da capacidade operativa e/ou combativa do agressor
ou oponente. Podem ser empregadas em armas convencionais ou específicas para atuações não-letais.

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 Equipamentos não-letais – Todos os artefatos, inclusive os não classificados como armas, desenvolvidos com finalidade de preservar vidas,
durante atuação policial ou militar, e os equipamentos de proteção individual (EPI’s).

Podemos, então, afirmar que as terminologias “não-letal”, “menos letal” e “menos que letal” podem ser usadas, pois, referem-se ao
objetivo a ser alcançado, e não do resultado incondicional do uso de tais tecnologias ou equipamentos.

 As armas não-letais atuam através de ruído, irritação da pele, mucosas e sistema respiratório, privação visual por ação de fumaça e luz,
limitação de movimentos, através de choque elétrico, e impacto controlado. Essas armas objetivam inibir ou neutralizar, temporariamente, a
agressividade do indivíduo através de debilitação ou incapacitação. (DE SOUZA E RIANI, 2007, p. 7).

 No momento em que as alternativas não-letais forem usadas corretamente, obedecendo aos princípios da legalidade, necessidade,
proporcionalidade e conveniência, não podemos dar garantias de que o causador da crise estará livre de sentir dor, desconforto ou mesmo de
sofrer uma lesão.

 Lembre-se: O principal objetivo das armas não-letais é reduzir os efeitos sobre o infrator, não eliminá-los.

 É o time tático que faz a conjugação do uso de armas não-letais, com outra alternativa tática, a invasão tática, que será abordada
posteriormente. Granadas com gás lacrimogênio, além de outros artefatos, estão dentre os utilizados em situações de crise. 

Tiro de comprometimento
Segundo Lucca (2002, p. 4),

 O tiro de comprometimento constitui também uma alternativa tática de fundamental importância para resolução de crises envolvendo reféns
localizados. No entanto, a aplicação dessa alternativa tática necessita de uma avaliação minuciosa de todo o contexto, sobretudo, do polígono
formado pelo treinamento, armamento, munição e equipamento, que são os elementos fundamentais para que o objetivo idealizado seja
alcançado. Ser um sniper (atirador de elite) transcende ter uma arma qualquer e uma luneta de pontaria, para acertar um tiro na cabeça.

Acrescenta ainda o Coronel da Polícia Militar de São Paulo, Giraldi (apud LUCCA, 2002,p. 99), sintetizando a responsabilidade e a expectativa
gerada pelo emprego dessa alternativa tática, como: “O atirador de elite exerce grande fascínio na imprensa e no povo, que vêem nele uma
figura mística, um herói cinematográfico, infalível, sempre pronto para derrotar o mal e restabelecer a ordem”.

 Um fato curioso é que, por diversas razões, grandes estragos têm sido feitos pelos snipers, em crises com reféns localizados, sendo, portanto,
o ponto mais sensível de todos os grupos de elite do mundo.

 A decisão de um gerente de crises em fazer o uso de tal alternativa tática é de grande responsabilidade e deve ser efetuada, quando todas as
outras forem inadequadas e quando o cenário para tal fato seja favorável.

 Pode parecer que a atuação do atirador de elite é simples. Observe que, na realidade, tais atuações são difíceis, complexas, quase
impossíveis de serem exercidas como um todo e, quando existe mais de um seqüestrador, ficam muito mais complicadas. Por isso, existe a
polêmica na utilização do atirador de elite, muito criticada em situações de seqüestros, mesmo que o atirador não entre em ação.

 Em situações de crises policiais, o atirador de elite fica posicionado, sem ser visto, ao mesmo tempo em que é possuidor de uma ampla visão
do cenário em que se desenrola a ação.

 Ele está sempre em contato com o gerente da crise, através de sistema de rádio, e este repassa tais informações aos negociadores e para o
grupo de inteligência, visando o bom andamento da ocorrência.

Lucca (2002, p. 104) relata que:(...) A escolha do policial, seu treinamento e a oferta de equipamento necessário, devem ser regidos por
critérios altamente técnicos e profissionais. Todos esses requisitos terão como fim salvar pessoas que se encontrem em situações aflitivas, com
suas vidas em jogo. As autoridades devem investir em tecnologia de ponta nesse segmento das forças policiais, para que desempenhem, com
habilidade e eficiência, sua árdua tarefa. Afinal, qual é o preço de uma vida?

        
-Invasão tática

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 A invasão tática representa, em geral, a última alternativa a ser empregada em uma ocorrência com reféns localizados. Isso ocorre
porque o emprego da invasão tática acentua o risco da operação, aumentando, como conseqüência, o risco de vida para o refém, para o
policial e para o transgressor da lei. Isso por si só, vai de encontro com um dos objetivos principais do gerenciamento de crises que é a
preservação da vida.

 Dessa forma, só se admite a aplicação dessa alternativa tática quando, no momento da ocorrência, o risco em relação aos reféns se torna um
risco ameaçador à integridade física dos mesmos ou ainda quando, na situação em andamento, houver uma grande possibilidade de sucesso
do time tático.

Em qualquer equipe tática, a invasão é a alternativa mais treinada, porém, em contrapartida, a menos utilizada e isso acontece pelo simples
fato de, por mais cenários que sejam criados e montados nos treinamentos, o cenário de uma crise real terá a sua própria característica
mantendo assim o risco elevado para todos os atores. O treinamento incessante e diversificado de invasões táticas, em cenários
diferentes, aumenta somente a chance de acerto sem, no entanto, eliminar o risco.

 O uso da força letal não deve ultrapassar o limite do estrito cumprimento do dever legal e da legítima defesa que, sendo excludentes de
ilicitude, tornam legítima a ação policial, ainda que o resultado seja a morte do transgressor da lei.

 Cada policial de um grupo de invasão tática deve ter esses parâmetros bem massificados.

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