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SUMÁRIO

O Que é Psicologia Comportamental – Behaviorismo................................... 03


O Psicólogo Comportamental......................................................................... 13
Teoria de Burrhus Frederic Skinner................................................................ 16
Aprendizagem e Comportamento................................................................... 19
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Ciência e Comportamento Humano............................................................... 22
Evento Privado e Evento Interno.................................................................... 28
Comportamento Supersticioso....................................................................... 30
Terapia Cognitivo Comportamental................................................................ 32
Terapia Cognitivo Comportamental – Tratamento Dependência Química..... 34
A Probabilidade do Comportamento.............................................................. 41
Psicologia Animal........................................................................................... 44
Referencias..................................................................................................... 50
O QUE É PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL – BEHAVIORISMO

Psicologia
comportamental, também
conhecida como
behaviorismo, é uma
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perspectiva que se tornou
dominante durante a primeira
metade do século 20, graças a
pensadores proeminentes tais
como BF Skinner e John B.
Watson. A base da psicologia
comportamental sugere que
todos os comportamentos são
aprendidos.
Psicologia comportamental sugere que todos os comportamentos são
aprendidos, mas como exatamente esse aprendizado acontece? Dois desses
processos-chave envolvem a aprendizagem por associação e aprendizagem
através de reforço e punição.

Aprendizado pode ocorrer através de associações


Alguma vez você já ouviu alguém comparar algo com “os cães de
Pavlov” e não entendeu a referência? A frase refere-se a uma descoberta
acidental feita pelo fisiologista Ivan Pavlov, que descobriu que os cães
poderiam ser condicionados a salivar ao som de um sino. Este processo,
conhecido como condicionamento clássico, tornou-se uma parte fundamental
da psicologia comportamental.
Segue abaixo alguns dos princípios básicos do condicionamento clássico.

Fenômenos no condicionamento clássico


Há um número de diferentes fenômenos que afetam o condicionamento
clássico. Estes fatores podem influenciar a rapidez com que um
comportamento é adquirido e a força dessa associação.
A primeira parte do processo de condicionamento clássico é conhecida
como aquisição. Durante esta fase, uma resposta é estabelecida e reforçada.
Em outros casos, um processo conhecido como extinção ocorre quando uma
associação desaparece; isso faz com que o comportamento enfraqueça
gradualmente ou desapareça.

Aprendizagem pode ocorrer através de recompensas e punições


Além das respostas naturais condicionadas através da associação, o
behaviorista BF Skinner descreveu um processo em que a aprendizagem pode
ocorrer por meio de reforço e punição. Este processo, conhecido como
condicionamento operante, funciona através da formação de uma associação
entre um comportamento e as consequências do comportamento.
Por exemplo, se
uma mãe recompensa
seu filho com elogios
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cada vez que ele pega
seus brinquedos, ela
está reforçando o
comportamento
desejado. Como
resultado, será mais
provável que a criança
volte a guardar seus
brinquedos.
Outro exemplo seria a ação de um pombo bicar uma chave para ganhar
uma recompensa. Toda vez que o pássaro bica corretamente na chave, o
animal recebe uma bolinha de comida como recompensa. Como resultado, o
comportamento de bicadas irá aumentar.

Esquemas de reforço são importantes


À primeira vista, o processo de condicionamento operante parece
bastante simples. Basta observar um comportamento e, em seguida, oferecer
uma recompensa ou punição. No entanto, BF Skinner descobriu que o
calendário destas recompensas e punições tem uma influência importante
sobre a rapidez com que um novo comportamento é adquirido e a força da
resposta.
Reforço contínuo envolve gratificar cada instância única de um
comportamento. Este esquema é frequentemente utilizado no início do
processo de condicionamento operante. Como o comportamento é aprendido,
o cronograma pode ser ligado a
um esquema de reforço parcial.
Isto envolve oferecer uma
recompensa, após um certo
número de respostas ou quando
um período de tempo tenha
decorrido.
Por vezes, o reforço
parcial ocorre num horário
consistente ou fixo, tal como
depois de cada cinco respostas
ou depois de cinco minutos
terem passado. Em outros casos, um número variável e imprevisível de
respostas ou tempo deve ocorrer antes que o reforço seja fornecido.

Psicologia Comportamental

Psicologia comportamental tem sido influenciada por uma série de


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proeminentes pensadores. Parte da compreensão da história e do fundamento
destes princípios comportamentais envolve aprender mais sobre as pessoas
que descobriram e defenderam essas teorias.
Ivan Pavlov: O fisiologista russo que descobriu o condicionamento clássico.
Edward Thorndike: Um psicólogo pioneiro que descreveu a lei do efeito, que
teve uma influência importante sobre o desenvolvimento do movimento
behaviorista.
John B. Watson: Um psicólogo americano que acreditava que a psicologia
deve ser a ciência do comportamento observável.
Clark Casco: Um behaviorista que propôs a teoria da unidade de
aprendizagem.
Burrhus Frederic Skinner: um dos pensadores comportamentais mais
conhecidos; mais conhecido por sua teoria do condicionamento operante.

Análise comportamental
Enquanto o domínio da
psicologia comportamental foi corroído
depois de 1950, princípios
comportamentais continuam a ser
importantes hoje. Hoje, a análise do
comportamento é frequentemente
utilizada como uma técnica terapêutica
para ajudar crianças com autismo e
atrasos de desenvolvimento a adquirir
novas habilidades.
Muitas vezes envolve processos
como modelagem (recompensar aproximações cada vez mais perto do
comportamento desejado) e acorrentar (dividir uma tarefa em partes menores
e, em seguida, ensinar e acorrentar os passos subsequentes juntos).

Mudança nem sempre é fácil


Se você já tentou largar um mau hábito ou iniciar um novo plano de
exercícios, então você provavelmente percebeu que a mudança raramente é
fácil. Fazer uma mudança duradoura no comportamento pode ser
extremamente difícil, se você está tentando perder peso, parar de fumar ou
melhorar seus hábitos de estudo. Entretanto, combinando a sua compreensão
da psicologia comportamental com outras técnicas psicológicas comprovadas,
você pode aprender como efetivamente mudar um comportamento.

Principais Termos e Definições da Psicologia Comportamental

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Estímulo incondicionado
No condicionamento clássico, o estímulo incondicionado (EI) é aquele
que incondicionalmente, provoca uma resposta natural e automática. Por
exemplo, quando você cheira um de seus alimentos favoritos, você pode
imediatamente sentir muita
fome e salivar. Neste
exemplo, o cheiro da
comida é o estímulo não
condicionado.
No experimento
clássico de Ivan Pavlov
com cães, o cheiro de
comida era o estímulo
incondicionado. Os cães
em seu experimento
sentiam o cheiro da
comida, e então, naturalmente, começam a salivar em resposta. Esta resposta
não requer aprendizagem, ela simplesmente acontece automaticamente.
Outro exemplos de estímulo incondicionado
• Uma pena que irrita seu nariz faz com que você espirre. A pena que faz
cócegas no seu nariz é o estímulo incondicionado.
• Pólen de flores faz você espirrar. O pólen de flores é o estímulo
incondicionado.
Em cada um destes
exemplos, o estímulo
incondicionado naturalmente
desencadeia uma resposta
incondicionada. Você não tem que
aprender para responder.

Como a cronometragem impacta


a Aquisição de Comportamento
A quantidade de tempo que
passa entre a apresentação do
estímulo inicialmente neutro e o
estímulo incondicionado é um dos
determinantes mais importantes da aprendizagem que venha a ocorrer. A
temporização de como o estímulo neutro e o estímulo incondicionado são
apresentados é o que influencia se uma associação será formada ou não, um
princípio que é conhecido como a hipótese de congruência.
No famoso experimento de Ivan Pavlov, por exemplo, o tom do sino foi
inicialmente um estímulo neutro, enquanto o cheiro de comida era o estímulo
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incondicionado. Fazer o barulho perto da hora da apresentação do cheiro dos
alimentos resulta em uma associação mais forte. Apresentar o estímulo neutro
muito antes do estímulo incondicionado leva a uma associação muito mais
fraca ou mesmo inexistente.
Diferentes tipos de condicionamento podem utilizar diferentes relações
temporais com o estímulo neutro.

Estímulo condicionado
No condicionamento clássico, o estímulo condicionado é um estímulo
previamente neutro que, após tornar-se associado com o estímulo
incondicionado, eventualmente, desencadeia uma resposta condicionada.
Exemplos de estímulo condicionado
Por exemplo, suponha que o cheiro de comida é um estímulo
incondicionado e uma sensação de fome é a resposta incondicionada. Agora,
imagine que quando você sentiu o cheiro de uma lasanha maravilhosa, você
também ouviu o som de um apito.
O apito não está
relacionado com o cheiro
da comida, mas se o som
do apito for emparelhado
várias vezes com o cheiro,
o som acaba por
desencadear a resposta
condicionada. Neste caso,
o som do apito é o estímulo
condicionado.
O exemplo é muito
semelhante à da primeira
experimentação realizada pelo fisiologista russo Ivan Pavlov.
Os cães em seu experimento salivavam em resposta à comida, mas
depois de emparelhar repetidamente a apresentação de alimentos com o som
de um sino, os cães começaram a salivar só com o barulho do sino. Neste
exemplo, o som da campainha foi o estímulo condicionado.
Resposta incondicionada
De fome em resposta ao cheiro
da comida é a resposta não
condicionada.
Mais Exemplos de respostas
incondicionadas
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• Tirar a mão rapidamente
depois de tocar em uma
panela quente no forno.
• Pular ao se assustar com
barulho alto.
Em cada um dos exemplos
acima, a resposta ocorre
naturalmente e
automaticamente.
Ao lado exemplo de reflexo
incondicionado: tirar a mão
rápido da panela quente

Resposta condicionada
No condicionamento
clássico, a resposta condicionada
é a resposta aprendida ao estímulo anteriormente neutro. Por exemplo, vamos
supor que o cheiro de comida é um estímulo incondicionado, a sensação de
fome em resposta ao cheiro é uma resposta incondicionada, e um som de um
apito é o estímulo condicionado. A resposta condicionada estaria em sentir
fome quando ouviu o som do apito. O termo reflexo condicionado também é
usado.
Exemplos de respostas condicionadas
Muitas fobias começam depois que uma pessoa teve uma experiência negativa
com o objeto de medo. Por exemplo, depois de testemunhar um terrível
acidente de carro, uma pessoa pode desenvolver um medo de dirigir. Isto é
uma resposta condicionada.

Esquema de intervalo fixo


No condicionamento operante, um esquema de intervalo fixo é um
esquema de reforçamento em que a primeira resposta é recompensada
somente após um determinado período de tempo decorrido. Este esquema faz
com que grandes quantidades de respostas aconteçam perto do fim do
intervalo, mas sejam muito mais lentas imediatamente após a entrega do
reforçador.
Como você pode
lembrar, o
condicionamento
operante se baseia
em reforço ou punição
para fortalecer ou
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enfraquecer uma
resposta.
Este processo de
aprendizagem envolve a
formação de uma
associação com um comportamento e as consequências desse
comportamento. Comportamentos que são seguidos por resultados desejáveis
se tornam mais fortes e, portanto, mais prováveis de ocorrer novamente no
futuro. Ações que são seguidas por resultados desfavoráveis se tornam menos
prováveis que ocorra novamente no futuro.
Foi a psicologia de BF Skinner que primeiro descreveu este processo de
condicionamento operante. Por ações de reforço, observou ele, essas ações se
tornaram mais fortes. Ao punir comportamentos, no entanto, essas ações
tornam-se enfraquecidas. Além deste processo básico, ele também observou
que a taxa em que os comportamentos foram reforçados ou punidos também
desempenhou um papel na forma como rapidamente ocorre uma resposta e a
força das respostas.
Como funciona o esquema de reforçamento de intervalo fixo?

A fim de entender melhor como um esquema de intervalo fixo funciona,


vamos começar dando uma olhada no próprio termo.
Um esquema refere-se à taxa pela qual o reforço é entregue ou a
frequência com que uma resposta é reforçada. Um intervalo refere-se a um
período de tempo, o que sugere que a taxa de entrega é dependente de quanto
tempo foi decorrido. Finalmente, fixo sugere que o tempo de entrega é definido
em uma programação previsível e imutável.
Por exemplo, imagine que você está treinando um pombo para bicar
uma chave. Você coloca o animal em um esquema de intervalo fixo 30 (FI-30),
o que significa que o pássaro vai receber uma bolinha de comida a cada 30
segundos. O pombo pode continuar a bicar a chave durante esse intervalo,
mas só receberá reforço para o primeiro beijinho na chave depois que os 30
segundos de intervalo fixo tenham decorrido.
Características da do esquema de intervalo fixo
• Gera uma pausa nas respostas pós-reforço bastante significativa
• As respostas tendem a aumentar gradualmente à medida que o tempo
do reforço se aproxima
Exemplos de esquema de reforçamento de intervalo fixo

Em um ambiente de
laboratório: Imagine que
você está treinando um rato
para pressionar uma
10
alavanca, mas você só
reforça a primeira resposta
após um intervalo de dez
minutos. O rato não
pressione a muito a barra
durante os primeiros 5
minutos após o reforço, mas
começa a pressionar a
alavanca mais e mais vezes
quanto mais perto chega
da marca de dez minutos.
No mundo real: Um salário semanal é um bom exemplo de um esquema de
intervalo fixo. O empregado recebe reforço a cada sete dias, o que pode
resultar numa maior taxa de resposta próximo ao dia de pagamento.

Esquema de intervalo variável


No condicionamento operante, um esquema de intervalo variável é um
esquema de reforço, onde uma resposta é recompensada depois que uma
quantidade indeterminada de tempo passou. Este esquema produz um ritmo
lento e constante de resposta.
Como você provavelmente se lembra, o condicionamento operante pode
fortalecer ou enfraquecer comportamentos através do uso de reforço e punição.
Este processo de aprendizagem envolve a formação de uma associação com o
comportamento e as consequências dessa ação.
Ao psicólogo BF Skinner é creditada a introdução do conceito de
condicionamento operante. Ele observou que o reforço pode ser usado para
aumentar um comportamento, e punição poderia ser utilizada para enfraquecer
comportamento. Ele também notou que a velocidade com que um
comportamento é reforçado tem um efeito sobre a força e a frequência da
resposta.

Como funciona um esquema de intervalo variável?


Para entender como um esquema de intervalo variável funciona, vamos
começar dando uma olhada no próprio termo. Esquema refere-se à taxa de
entrega de reforço, ou a frequência com que o reforço é fornecido. Variável
indica que este tempo não é consistente e pode variar de um ensaio para o
seguinte. Finalmente, o intervalo significa que a entrega é controlada por
tempo. Assim, um esquema de intervalo variável quer dizer que o reforço é
fornecido em diferentes e imprevisíveis intervalos de tempo. Imagine que você
está treinando um pombo a bicar uma chave para receber uma bolinha de
alimento.
Você coloca a ave em um esquema de intervalo variável 30 (VI-30). Isto
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significa que o pombo receberá uma média de reforço a cada 30 segundos. É
importante notar que esta é uma média, no entanto. Às vezes, o pombo pode
ser reforçado depois de 10 segundos; às vezes ele pode ter que esperar 45
segundos.
A chave é que o tempo é imprevisível.

Razão fixa
Em um esquema de
razão fixa (FR: Fixed Ratio),
o reforço é apresentado
após um número fixo de
respostas. Geralmente, este
esquema é representado,
colocando-se o número de
respostas exigidas para
apresentação do reforço,
após a sigla FR. Por
exemplo: FR-10 significa
que a cada 10 respostas
emitidas pelo organismo, é
apresentado o reforço.
O esquema de reforçamento em razão fixa tem como resultado uma
freqüência alta e constante de respostas e uma pausa após a apresentação do
reforço. A duração desta pausa dependerá da razão; quanto maior a razão,
maior será a pausa após o reforçamento.

Razão variável
No condicionamento operante, um esquema de razão variável é um
esquema de reforçamento onde uma resposta é reforçada após um número
imprevisível de respostas. Este esquema cria uma alta taxa de resposta
constante. Jogos de azar e loterias são bons exemplos de reforços baseados
em um esquema de razão variável. Programas de reforço desempenham um
papel central no processo de condicionamento operante. A frequência com que
um comportamento é reforçado pode ajudar a determinar a rapidez com que
uma resposta é aprendida, bem como o quão forte a resposta poderia ser.
Cada esquema de reforço tem seu próprio conjunto de características.
Características do esquema de razão variável
• Leva a a taxa de resposta constante, em um nível elevado
• Resultados em apenas uma breve pausa após reforço
• As recompensas são fornecidas depois de um número imprevisível de
respostas
Ao identificar diferentes programas de reforço, pode ser muito útil começar
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por olhar para o nome do próprio esquema. No caso de esquemas de razão
variável, o termo variável indica que o reforço é fornecido depois de um número
imprevisível de respostas. Razão sugere que o reforço é dado depois de um
determinado número de respostas. Assim, em conjunto, o termo significa que o
reforço é fornecido depois de um número variado de respostas.
Ele também pode ser útil para ver as diferenças entre esquema de reforço
de razão variável e esquema de reforço de razão fixa. Em um esquema reforço
de razão fixa o reforço é fornecido após um determinado número de respostas.
Assim, por exemplo, em um esquema de razão variável com um
cronograma VR 5, um animal pode receber uma recompensa para cada cinco
respostas, em média. Isto significa que, por vezes, a recompensa pode vir após
três respostas, às vezes, depois de sete respostas, às vezes após cinco
respostas e assim por diante. O esquema de reforço, em média, recompensa
por cada cinco respostas, mas o cronograma de entrega real permanecerá
completamente imprevisível.
Num esquema de razão fixa, por outro lado, o esquema de reforço pode ser
fixado em um FR 5. Isto significa que, para cada cinco respostas, uma
recompensa é apresentada. Enquanto o esquema de razão variável é
imprevisível, o esquema de razão fixa é definido a uma taxa fixa.
Exemplos de esquema de reforçamento de razão variável na vida real

Máquinas caça-níqueis: Os
jogadores não têm nenhuma
maneira de saber quantas vezes
eles têm que jogar antes de ganhar.
Tudo o que se sabe é que,
eventualmente, alguém vai ganhar.
É por isso que máquinas caça-
níqueis são tão eficazes, e os
jogadores são muitas vezes
relutantes em sair. Há sempre a
possibilidade de que a próxima
moeda que a pessoa colocar trará o
prêmio.

Bônus de vendas: Call centers muitas vezes oferecem bônus aleatórios para
os funcionários. Os trabalhadores nunca sabem quantas chamadas eles
precisam fazer para receber o bônus, mas eles sabem que aumentam suas
chances ao fazer mais chamadas ou mais vendas.

O PSICÓLOGO COMPORTAMENTAL

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O Psicólogo Comportamental
– ou terapeuta comportamental - é o
profissional de psicologia que orienta
sua intervenção clinica baseado na
análise do comportamento de seu
paciente aplicando a Análise
Experimental do Comportamento.
Possibilita ao paciente a
identificação dos seus
comportamentos disfuncionais, ou
seja os comportamentos que
causam sofrimento e trazem
prejuízos à saúde, prejuízos sociais,
emocionais ou comportamentais.
Com este protocolo de trabalho o psicólogo comportamental ajuda a
desenvolver formas mais adaptativas e positivas de interação a partir da
criação da possibilidade de novo repertório de atitudes e comportamentos ao
seu paciente.
A Terapia Comportamental baseia-se nas propostas do Behaviorismo de
Skinner - Os comportamentos disfuncionais que fazem as pessoas sofrerem
são aprendidos, e neste sentido a terapia é a “escola” para a aprendizagem de
novos comportamentos mais adaptativos. O psicólogo comportamental
desenvolve novos repertórios, ensina a identificar o que determinou o
aparecimento de tais comportamentos disfuncionais e o quê os mantêm.
A Terapia
Comportamental faz uso
de técnicas específicas,
sendo a mais importante a
análise funcional , ou seja,
identifica como, quando e
onde tais comportamentos
ocorrem e que função tem
estes comportamentos
para seu paciente. Que
valor determinado
comportamento tem para a pessoa.
A psicologia comportamental leva em conta que a pessoa tem uma
historia de vida e está inserida em uma comunidade. A psicologia
comportamental se faz muito eficiente em quadros clínicos de ansiedade,
Pânico, fobias, transtornos do afeto como depressão, transtorno bipolar,
transtornos de personalidade, etc.

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O psicólogo comportamental atende crianças, adolescentes e adultos
A Psicologia comportamental dá estuda e trabalha as interações entre as
emoções, pensamentos,
comportamento e estados
fisiológicos. O comportamento
tende a se repetir, se for
recompensado (reforço
positivo) ou se for capaz de
eliminar um estímulo aversivo
(reforço negativo) assim que
emitir o comportamento. Por
outro lado, o comportamento
tenderá a não acontecer, se o
organismo for castigado
(punição) após sua ocorrência. Pela lei do reforço irá associar essas situações
com outras semelhantes, generalizando essa aprendizagem para um contexto
mais amplo.
O psicólogo comportamental descobre, juntamente com seu cliente, os
eventos que determinam seus comportamentos-problema e o que os mantém.
Assim, um transtorno como a depressão passa a ser entendido como um
conjunto de
comportamentos, como
por exemplo, alterações
no sono e apetite,
desesperança, choro
excessivo, ideação suicida
e outros. Tais
comportamentos são
analisados e serão
identificadas tanto as
situações que os determinaram como as situações atuais que os mantém. Para
o psicólogo comportamental , pensamentos, sentimentos e comportamentos
são acessíveis pelo relato que o paciente faz em terapia. Pensamentos e
sentimentos são analisados e passíveis das intervenções do terapeuta
comportamental. “Combate-se” os comportamentos-problema, ao mesmo
tempo em que busca-se instalar e aumentar a frequência de comportamentos
adequados ao contexto, desejáveis, funcionais e geradores de satisfação e
felicidade.
A terapia comportamental tem um conjunto considerável de técnicas
derivadas de pesquisas, em laboratório ou no próprio consultório. É a soma de
pesquisa científica, rigor no levantamento de informações no momento inicial
do processo e a utilização
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de técnicas e intervenções
consolidadas que faz com
que as pessoas tenham se
beneficiado, de forma
considerável, quando
buscam a Terapia
Comportamental. O
Psicólogo Comportamental
nos mostra que ao
promovermos nosso
autoconhecimento, é possível aumentar nossa habilidade para agirmos da
maneira que queremos.
Podemos melhorar nossos pensamentos e sentimentos, em relação aos
outros e a nós mesmos. Mesmo que algumas causas dos nossos problemas
possam estar na infância, é intervenção em seus comportamentos e
sentimentos atuais que fornecerá a possibilidade de mudança que você tanto
necessita. O psicólogo comportamental não é um conselheiro como também
não apenas ouve e interpreta: ele busca, junto com aquele que procura a ajuda
psicoterapêutica, encontrar novas formas de agir, visando produzir mudanças
reais em sua vida.
A atuação do psicólogo comportamental se faz muito eficiente em
transtornos de ansiedade, depressão, stress, doenças psicossomáticas e
sexuais, ou diante de problemas difíceis de especificar. O psicólogo
comportamental será sempre uma importante fonte de auxílio, sempre que não
nos percebemos capazes de lidar sozinhos com questões impostas pelas mais
complicadas situações do dia a dia. Já se comprovou haver relação entre a
saúde física e o bem-estar psicológico, então sabemos que não faz sentido nos
preocuparmos com uma única dimensão do ser humano.
O psicólogo comportamental se apoia em um campo da Psicologia
denominado Análise do Comportamento - estudo do comportamento humano
de maneira cientifica. Não segue crenças, dogmas ou o senso comum, a
Análise do Comportamento faz pesquisas criteriosas e conta com
pesquisadores academicamente conceituados em diversas Universidades ao
redor do mundo inteiro.

TEORIA DE BURRHUS FREDERIC SKINNER


Biografia
Burrhus Frederic Skinner
nasceu em Susquehanna, no estado
norte americano da Pensilvânia, em
1904. Criado num ambiente de
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disciplina severa, foi um estudante
rebelde, cujos interesses, na
adolescência, eram a poesia e a
filosofia. Formou-se em língua
inglesa na Universidade de Nova
York antes de redirecionar a carreira
para a psicologia, que cursou em
Harvard - onde tomou contato com o
behaviorismo. Seguiram-se anos
dedicados a experiências com ratos
e pombos, paralelamente à produção de livros. O método desenvolvido para
observar os animais de laboratório e suas reações aos estímulos levou-o a
criar pequenos ambientes fechados que ficaram conhecidos como caixas de
Skinner, depois adotadas para experimentos pela indústria farmacêutica.
Quando sua filha nasceu, Skinner criou um berço climatizado, o que originou
um boato de que a teria submetido a experiências semelhantes às que fazia
em laboratório. Em 1948, aceitou o convite para ser professor em Harvard,
onde ficou até o fim da vida. Morreu em 1990, em ativa militância a favor do
behaviorismo.
Burrhus Frederic Skinner é o cientista do comportamento e do
aprendizado. Para o
psicólogo behaviorista norte
americano, a educação
deve ser planejada passo a
passo, de modo a obter os
resultados desejados na
"modelagem" do aluno.
Nenhum pensador ou
cientista do século 20 levou
tão longe a crença na
possibilidade de controlar e
moldar o comportamento
humano como o norte-
americano Burrhus Frederic
Skinner. Sua obra é a expressão mais célebre do behaviorismo, corrente que
dominou o pensamento e a prática da psicologia, em escolas e consultórios,
até os anos 1950.
O behaviorismo restringe seu estudo ao comportamento (behavior, em
inglês), tomado como um conjunto de reações dos organismos aos estímulos
externos. Seu princípio é que só é possível teorizar e agir sobre o que é
cientificamente observável. Com isso, ficam descartados conceitos e categorias
centrais para outras correntes teóricas, como consciência, vontade,
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inteligência, emoção e memória - os estados mentais ou subjetivos.
Os adeptos do behaviorismo costumam se interessar pelo processo de
aprendizado como um agente de mudança do comportamento. "Skinner revela
em várias passagens a confiança no planejamento da educação, com base em
uma ciência do comportamento humano, como possibilidade de evolução da
cultura", diz Maria de Lourdes Bara Zanotto, professora de psicologia da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Condicionamento operante

O conceito-chave do
pensamento de Skinner é o
de condicionamento
operante, que ele
acrescentou à noção de
reflexo condicionado,
formulada pelo cientista
russo Ivan Pavlov. Os dois
conceitos estão
essencialmente ligados à
fisiologia do organismo,
seja animal ou humano. O
reflexo condicionado é uma reação a um estímulo casual. O condicionamento
operante é um mecanismo que premia uma determinada resposta de um
indivíduo até ele ficar condicionado a associar a necessidade à ação. É o caso
do rato faminto que, numa experiência, percebe que o acionar de uma
alavanca levará ao recebimento de comida. Ele tenderá a repetir o movimento
cada vez que quiser saciar sua fome.
A diferença entre o reflexo condicionado e o condicionamento operante é
que o primeiro é uma resposta a um estímulo puramente externo; e o segundo,
o hábito gerado por uma ação do indivíduo. No comportamento respondente
(de Pavlov), a um estímulo segue-se uma resposta. No comportamento
operante (de Skinner), o ambiente é modificado e produz conseqüências que
agem de novo sobre ele, alterando a probabilidade de ocorrência futura
semelhante.
O condicionamento operante é um mecanismo de aprendizagem de
novo comportamento - um processo que Skinner chamou de modelagem. O
instrumento fundamental de modelagem é o reforço - a consequência de uma
ação quando ela é percebida por aquele que a pratica. Para o behaviorismo em
geral, o reforço pode ser positivo (uma recompensa) ou negativo (ação que
evita uma consequência indesejada). Skinner considerava reforço apenas as
contingências de estímulo. "No condicionamento operante, um mecanismo é
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fortalecido no sentido de tornar uma resposta mais provável, ou melhor, mais
frequente", escreveu o cientista.

Sem livre-arbítrio

Segundo Skinner,
a ciência psicológica - e
também o senso comum
- costumava, antes do
aparecimento do
behaviorismo, apelar
para explicações
baseadas nos estados
subjetivos por causa da
dificuldade de verificar as
relações de
condicionamento
operante - ou seja, todas as circunstâncias que produzem e mantêm a maioria
dos comportamentos dos seres humanos. Isso porque elas formam cadeias
muito complexas, que desafiam as tentativas de análise se elas não forem
baseadas em métodos rigorosos de isolamento de variáveis.
Nos usos que projetou para suas conclusões científicas - em especial na
educação -, Skinner pregou a eficiência do reforço positivo, sendo, em
princípio, contrário a punições e esquemas repressivos. Ele escreveu um
romance, Walden II, que projeta uma sociedade considerada por ele ideal, em
que um amplo planejamento global, incumbido de aplicar os princípios do
reforço e do condicionamento, garantiria uma ordem harmônica, pacífica e
igualitária. Num de seus livros mais conhecidos, Além da Liberdade e da
Dignidade, ele rejeitou noções como a do livre-arbítrio e defendeu que todo
comportamento é determinado pelo ambiente, embora a relação do indivíduo
com o meio seja de interação, e não passiva. Para Skinner, a cultura humana
deveria rever conceitos como os que ele enuncia no título da obra.
Máquinas para fazer o aluno estudar

A Educação foi uma das


preocupações centrais de Skinner, à
qual ele se dedicou com seus estudos
sobre a aprendizagem e a linguagem.
19
No livro Tecnologia do Ensino, de 1968,
o cientista desenvolveu o que chamou
de máquinas de aprendizagem - a
organização de material didático de
maneira que o aluno pudesse utilizar
sozinho, recebendo estímulos à medida
que avançava no conhecimento. Grande
parte dos estímulos se baseava na
satisfação de dar respostas corretas aos
exercícios propostos. A ideia nunca
chegou a ser aplicada de modo
sistemático, mas influenciou
procedimentos da educação norte-
americana. Skinner considerava o
sistema escolar um fracasso por se basear na presença obrigatória, sob pena
de punição. Ele defendia que se dessem aos alunos "razões positivas" para
estudar. "Para Skinner, o ensino deve ser planejado para levar o aluno a emitir
comportamentos progressivamente próximos do objetivo final, sem que para
isso precise cometer erros", diz Maria de Lourdes Zanotto. "A idéia é que a
máquina de aprendizado se ocupe das questões factuais e deixe ao professor
a tarefa fundamental de ensinar o aluno a pensar."

APRENDIZAGEM E COMPORTAMENTO

Entender o comportamento
humano (e mesmo o
comportamento animal) é de
grande utilidade para a sociedade
como um todo e de especial
importância para a psicologia.
Quanto maior o saber da psicologia
sobre o comportamento e a
aprendizagem de novos
comportamentos, maior a
possibilidade de mudança, visando
o bem-estar de todos.
Neste texto, vamos apresentar três conceitos da psicologia
comportamental que são muito importantes:
1) o comportamento e condicionamento respondente,
2) o comportamento operante e
3) a modelagem.
A psicologia comportamental procura estudar e compreender o
20
comportamento. Em inglês, esta abordagem da psicologia é chamada
behaviorismo (behavior + ismo; a palavra inglesa behavior significa
comportamento).
Neste ponto, podemos nos perguntar: como se dá a aprendizagem de novos
comportamentos?
A aprendizagem pode se entendida enquanto uma mudança no
comportamento, mudança esta que se mantêm relativamente estável no futuro.
Ou seja, havia uma série comportamentos, e agora encontramos no repertório
um novo comportamento – o organismo aprendeu e manteve um nova
possibilidade de alterar o seu meio ambiente.
Pode ser dizer que a aprendizagem dos seres humanos, peculiar e com
grande potencial, representa a sua possibilidade de evoluir, e ter sucesso em
seu processo evolutivo. É esse potencial de aprendizagem que permite as
transformações sociais, culturais e tecnológicas, que levam a espécie humana
a modificações importantes em seus meio.

Condicionamento respondente

O condicionamento
respondente é particularmente
importante no que diz respeito à
sobrevivência do organismo, além
da manutenção do seu bom
funcionamento, pois possibilita
uma aprendizagem rápida e
relativamente simples.
Nos seres humanos, o
condicionamento respondente
permite ao organismo uma
adaptação bem sucedida ao
ambiente, como por exemplo,
temos o caso de uma pessoa que comeu feijoada, que foi consequenciada por
mal-estar.
Posteriormente, o leve cheiro de feijoada elicia respostas no organismo
de mal-estar, o que lhe permitia se preservar de um possível mal-estar, se
comesse aquele prato.
Comportamento Operante

O comportamento operante – o
comportamento que opera no meio e,
portanto, o modifica – é controlado
principalmente pelas consequência que
21
ocasiona a resposta do organismo no
meio.
A diferença entre o operante e o
respondente é que o primeiro produz
comportamento original, ou seja, passível
de mudança ao serem mudadas as
consequências, enquanto que o
respondente apenas coloca o
comportamento reflexo sob o controle de
novos estímulos.
O comportamento operante possui três componentes:
1) O estímulo antecedente
2) Resposta
3) Consequências
Ou seja: o estímulo antecedente, que estabelece ocasião para a
resposta que por sua vez produzirá consequências. A maior parte dos
comportamentos dos seres humanos podem ser descritos como
comportamentos operantes.
Se há a introdução de uma nova consequência, há mudança na
resposta. Ou, ao contrário, se há a retirada de uma determinada consequência,
há a probabilidade de que a pessoa não apresente mais a mesma resposta.
Por exemplo, um casal de namorados se ama muito. Um belo dia, por uma
série de motivos, ela termina com ele.
No começo, com a ausência dela (estímulo antecedente), ele liga (resposta)
para ela (que o atendia quando namoravam).
Como eles terminaram, ela não mais atende suas ligações. O que acontece?
Ele passa a ter, aos poucos, um novo comportamento – o de não ligar para ela.

Modelagem

A modelagem se dá quando uma resposta específica é alcançada com


aproximações sucessivas à respostas almejadas. Essas aproximações são
semelhantes, embora menos específicas, à resposta final, de modo que ao
longo do tempo possibilitam ao organismo atingir aquela resposta última,
através do reforçamento positivos daquelas respostas iniciais.
Por meio desse processo que ocorre ao longo de um determinado
tempo, o novo operante é produzido e inserido no repertório comportamental
do organismo.
Como exemplo de
modelagem, temos a
aprendizagem de um
22
instrumento musical, o
violão. Inicialmente, o
professor exige e reforça
resposta simples e um pouco
erradas, para
posteriormente, ao longo do
tempo, passar a não reforçar
tais respostas, incidindo o
reforço apenas nas
respostas desejadas, mais específicas e complexas. Do mesmo modo, se dá a
aprendizagem da escrita de uma língua, seja ela materna ou estrangeira, assim
como a aprendizagem de um esporte, como o futebol.

CIÊNCIA E COMPORTAMENTO HUMANO

Seguindo o desenvolvimento da obra de Skinner, cabe questionar se,


em 1953, com a publicação de Ciência e Comportamento Humano, suas
concepções de ciência e comportamento humano teriam se diferenciado das
de seu período inicial. Outras
influências sobre o seu pensamento
podem ser vislumbradas? Que outras
concepções próprias podem ser aí
destacadas?
Logo nas primeiras páginas do
livro, na "Apresentação da edição
brasileira", Skinner enfatiza a
necessidade de o conhecimento ser
útil e ter um significado prático. Para
ele, a ciência poderia e deveria ser um
"corretivo" para os problemas
humanos. Esse argumento é uma
constante em toda a obra de Skinner.
Suas principais justificativas para o
empreendimento de uma ciência do
comportamento humano são os
resultados práticos para a sociedade -
daí a ênfase na predição e no controle. Essa idéia nos serve para,
primeiramente, ressaltarmos a importância da ciência para a sociedade no
pensamento skinneriano.
Cabe indagar, porém, a que ciência ele se refere. Como essa ciência se
realizaria, para Skinner? Quais seriam suas características?

23
Sobre ciência

Inicialmente, já no primeiro capítulo da obra, Skinner afirma que a


ciência seria uma tentativa de descobrir ordem no mundo, de relacionar
ordenadamente alguns acontecimentos com outros. A busca de ordem, porém,
não seria apenas o objetivo da ciência, seria também um pressuposto seu.
Para se buscar relacionar ordenadamente acontecimentos do mundo, tem-se
que, primeiro, supor que esses acontecimentos já sejam, de alguma forma,
ordenadamente relacionados entre si.
Os objetivos da ciência seriam, assim, a descrição, a previsão e o
controle. Note-se que Skinner não menciona a explicação como um dos
objetivos da ciência - como muitos autores o fazem. Podemos atribuir essa
atitude à noção machiana da equivalência entre descrição e explicação.
No segundo capítulo do livro ("Uma ciência do comportamento"), Skinner
passa a discutir, de modo mais prolongado, as características da ciência como
ele a entende. Logo no início, por exemplo, o autor comenta: "Como apontou
George Sarton, a ciência é
única ao mostrar um
progresso acumulativo",
isto é, para Skinner, os
"resultados tangíveis e
imediatos" da ciência
poderiam ser comparados
de modo a se mostrar, por
exemplo, que a eficácia da
ciência moderna é muito
superior à da ciência
grega. Esse caráter
acumulativo, no entanto, não parece estar necessariamente associado a
nenhuma idéia de aproximação inexorável da "verdade" ou de "desvelamento"
de um mundo separado do sujeito conhecedor - próximas de uma posição
positivista clássica. De acordo com as concepções de Mach e do pragmatismo
- com as quais Skinner efetivamente mais se aproxima - a invenção de
conceitos que tivessem por base novas experiências apenas equivaleria à
adoção de ações mais adaptativas em relação a um ambiente historicamente
determinado, ou seja, se alguma noção de verdade for atribuída a Skinner, a
definição mais razoável seria a de verdade como efetividade no agir sobre o
mundo. De fato, mais para o fim do capítulo, o próprio Skinner, citando Mach,
caracteriza a ciência como a busca de um agir mais eficiente no mundo.
Em seguida, Skinner
comenta que a ciência produz
"acumulações organizadas de
24
informação". O que lemos, quando
estudamos física, química ou
biologia seriam bons exemplos de
tais "acumulações". Ele ressalta, no
entanto, que não podemos tomar a
presença desses resultados
específicos da ciência (conceitos,
leis e teorias da Física, da Química
ou da Biologia) em outros campos
do saber como indicadores
fidedignos de que também aí se
utilizou o mesmo processo científico
de investigação. "Essas acumulações não são a ciência mesma, mas os
produtos da ciência", isto é, se a ciência deve visar, sim, à produção de tais
acumulações organizadas de informação - o que também nos remete à noção
de economia conceitual de Mach - a importação de conceitos de outras
disciplinas científicas não pode ser tomada como garantia de cientificidade.
Logo a seguir, o autor cita alguns outros aspectos comuns a diversas
ciências e importantes para a prática científica, mas que não poderiam ser
tomados como características definidoras, essenciais, da ciência: a medida
exata, o cálculo matemático e uso de instrumentos (aparelhos de pesquisa ou
instrumentos matemáticos).
Desses comentários, podemos começar
a construir uma imagem da prática científica
como um empreendimento singular,
acumulativo e capaz de dar conta de todos os
fenômenos naturais a partir da mesma
abordagem. Essa última ideia - a de que uma
mesma abordagem pode dar conta da
totalidade dos fenômenos naturais - porém,
não deve ser entendida como uma
recomendação para o uso dos mesmos
métodos - e muito menos dos mesmos
conceitos - em todas as disciplinas. As
características essenciais da ciência para
Skinner, e que deveriam, estas sim, ser
adotadas para o estudo de qualquer assunto, não são determinados conceitos,
instrumentos ou métodos rígidos, mas, sim, atitudes. Como o próprio Skinner
comenta: "A ciência é, antes de tudo, um conjunto de atitudes". Estas poderiam
ser resumidas nas três seguintes:
• a ênfase nos fatos, nos dados, no empírico - o que deveria levar à
rejeição da autoridade e dos desejos do pesquisador quando estes
25
interferem no contato com a natureza;
• a honestidade intelectual - ressaltada também por Bridgman (que
Skinner cita neste ponto);
• e o afastamento de conclusões prematuras. Mais à frente, em outros
capítulos, o autor continua a enumerar outras características da sua
concepção de ciência. Skinner cita o abandono do conceito de "relação
de causa e efeito" em favor do de "relação funcional". Para ele, a
ciência estudaria mudanças nas variáveis independentes e
dependentes. Os novos termos continuam, não sugerem como uma
causa produz um efeito. Nesse ponto, parece novamente clara a
influência de Mach.

O estudo científico do comportamento humano

Uma compreensão mais


clara da noção de ciência
desenvolvida por Skinner nessa
obra pode ser obtida a partir das
suas concepções sobre o estudo
(científico) do comportamento
humano.
Ao tratar do tema, Skinner
começa enfatizando a extrema
complexidade desse objeto de
estudo. Ressalta que essa é uma
das objeções normalmente
levantadas contra a possibilidade
de uma ciência do comportamento e descarta-a por considerar que: "da
complexidade não se segue a autodeterminação" nada se pode afirmar sobre
os limites das investigações desse objeto até que tenhamos tentado, e, mais
importante, pode-se simplificar as condições em laboratório ou através de
análises estatísticas. A importância das técnicas experimentais e matemáticas
para o estudo do comportamento (mesmo sem serem consideradas
essenciais), aqui novamente ressaltadas pelo autor, deve ser marcada como
uma das características do seu pensamento. O estabelecimento de relações
quantitativas entre as variáveis em estudo, obtidas após um adequado controle
das condições experimentais, parece ser a via privilegiada de descrição
científica para Skinner. No estudo das variáveis que controlam o modo como os
organismos se comportam, assim, "qualquer condição ou evento que tenha
algum efeito demonstrável sobre o comportamento deve ser considerada".
Essas condições (ou eventos) deveriam ser descobertas e analisadas,
preferencialmente, de forma quantitativa.
26
Tendo delimitado o tipo de análise que a ciência deveria empreender, o
autor passa a especificar mais claramente quais seriam as variáveis das quais
o comportamento é função. As variáveis a serem consideradas deveriam ser
aquelas ao alcance de uma análise científica, aquelas que estão fora do
organismo, em seu ambiente imediato e em sua história ambiental. Aquelas
que possuem um status físico para o qual as técnicas usuais da ciência são
adequadas e permitem uma explicação do comportamento nos moldes da de
outros objetos explicados pelas respectivas ciências.
E quanto às variáveis ou condições internas (tanto psicológicas quanto
fisiológicas)? Qual o seu papel numa ciência do comportamento? Essa é uma
questão fundamental e recorrente na obra de Skinner. Lembramos que uma de
suas convicções ao começar a estudar o comportamento, já na década de
1930, era estudar o
comportamento do organismo
como um todo, sem recorrer a
estruturas fisiológicas ou
psicológicas mediadoras. Vamos
alongar-nos um pouco nesse
ponto, tratando do modo como o
autor lida com ele em 1953.
Seu argumento parte da
afirmação de que a relação do
organismo com o ambiente pode
ser entendida como o
encadeamento causal de três
elos: uma operação externa ao
organismo (por ex., privação de
água), uma condição interna (por
ex., sede fisiológica ou psicológica) e uma resposta (por ex., beber água).
Assim, teoricamente, poderíamos prever o terceiro elo a partir do segundo.
Lidar com as condições internas do organismo (que precedem imediatamente
ao comportamento) seria inclusive preferível, do ponto de vista da previsão e
do controle, por ser essa uma variável temporalmente próxima. O problema
com esse tipo de variável é que não temos ainda como obter dados
independentes e confiáveis sobre ela. Daí, que, em geral, infere-se o segundo
elo ou do primeiro ou do terceiro. Para o autor, esse é o método mais
censurável, tanto prática quanto teoricamente.
Mesmo que conseguíssemos contornar tal problema e manipular com
segurança as condições internas que precedem imediatamente o
comportamento, porém, "ainda teríamos de lidar diretamente com aquelas
enormes áreas do comportamento humano controladas através da
manipulação do primeiro elo". Sua conclusão é que "A objeção aos estados
27
interiores não é a de que eles não existem, mas a de que não são relevantes
para uma análise funcional". As informações sobre o segundo elo dessa cadeia
podem esclarecer a relação entre os outros dois elos - que é, esta sim, útil para
a previsão e o controle - mas não podem alterar essa relação.
Em suma, em Ciência e Comportamento Humano, delineia-se uma
concepção mais completa de ciência, que apresenta diversas continuidades
com as noções do período inicial. A adesão a definições operacionais e a uma
concepção de explicação que a iguala à de descrição de relações funcionais
entre variáveis permanece como uma herança já daquele período. Skinner
também parece manter uma concepção da ciência como um modo de
produção de conhecimento que não se restringiria a alguns objetos de estudo,
que abarcaria tanto a Física quanto a Biologia e a Psicologia, por exemplo. O
que aparece de novo em 1953 é a afirmação mais clara da ciência como meio
privilegiado de intervenção na realidade, de resolução de problemas sociais.
Uma ciência do comportamento seria uma necessidade para a solução dos
problemas sociais - e tiraria daí uma de suas principais justificativas.
Aqui, Skinner também aborda mais especificamente o comportamento
humano, e aí podemos ver todo um campo de discussão que, pelo menos, não
era explícito no início da sua carreira. Um conjunto de concepções próprias
utilizadas na abordagem desse objeto torna-se aqui de grande importância: o
conceito de comportamento operante é amplamente utilizado e chega a ser
predominante no livro; as análises que utilizam o conceito de comportamento
verbal também são abundantes; a importância do comportamento social para
as ações humanas é destacada (toda uma seção do livro - "O comportamento
de pessoas em grupo" -é dedicada ao assunto), e as questões relativas à
descrição, evolução e planejamento de culturas ocupam outra grande parte do
livro. Skinner ressalta, além do mais, a extrema complexidade desse objeto de
estudo - afirmação tantas vezes omitida por seus críticos - e sugere, para lidar
com isso, a simplificação experimental das condições envolvidas. Vale a pena
notar que, apesar de a ciência do comportamento a que Skinner se refere
durante todo o livro ser a Análise Experimental do Comportamento, suas
interpretações e comentários extrapolam grandemente o escopo das
investigações produzidas nesse âmbito.

EVENTO PRIVADO E EVENTO INTERNO


Uma grande dificuldade
para a psicologia é que muitos
comportamentos não são
possíveis de serem observados
diretamente. Pense na cena: o
28
psicólogo está em seu consultório
e o paciente está calado. Como
podemos saber o que se passa?
Como poderemos saber o que o
paciente está sentindo ou
pensando?
Este problema foi solucionado na psicologia comportamental através do
conceito de evento privado. O evento privado é aquele que ocorre na presença
de um indivíduo em particular.
A partir de agora irá aprender o que é evento privado e evento interno.
Além disso, você vai saber como a psicologia pode ser útil para conhecermos a
nós mesmos e o comportamento dos outros. Você sabe o que a psicologia
pode fazer por você?
Na maioria das vezes, o evento privado é um evento interno, por isto é
comum que haja confusão entre a ideia de evento interno e evento privado. O
evento interno é um evento que está disponível apenas para a própria pessoa
(por exemplo, uma sensação corporal como o “frio na barriga”), enquanto o
evento privado pode até ser externo, por exemplo, quando estamos sós e
falamos algo em voz alta.
Se nós podemos
perceber o que acontece
dentro do nosso corpo,
conhecer de forma segura os
nossos próprios eventos
internos, não podemos
conhecer diretamente os
eventos internos das outras
pessoas. Com isto, surge a
pergunta: como é possível ter
acesso aos eventos privados
de outros? Como podemos
conhecer estes eventos e entender melhor o comportamento alheio?
A melhor forma talvez seja perguntar para o outro qual é o estímulo
interno que ele está sentindo. No caso das relações amorosas, sabemos da
importância do diálogo nos relacionamentos.
Para os psicólogos e psicólogas, o que o paciente diz (e deixa de dizer)
também é extremamente importante. Por isso, pede-se sempre que o paciente
relate verbalmente sobre a sua experiência.
A razão é simples, os relatos verbais de auto-observação e
autodescrição expõe os eventos internos. Em termos mais simples, quando a
pessoa conta sobre os seus eventos internos (sentimentos, sensações,
pensamentos) ela está se abrindo, se expondo – e com isso, o psicólogo
29
poderá ajudar.
Mas o relato verbal, o que o indivíduo conta ou diz, não vai substituir o
próprio evento interno. Ou seja, o evento interno é o evento interno e a
comunicação do evento interno é uma outra coisa. A comunicação do evento
interno, porém, é sempre de extrema importância.
Quando nós nos comunicamos, falamos e escrevemos em uma
determinada língua. As vezes, nos esquecemos deste fato. Este texto está
escrito em português, certo? Ao pensarmos em português, estamos pensando
“dentro” de uma língua, que tem sua história e forma particular. Por exemplo, o
português é muito diferente do japonês e do árabe.
O comportamento verbal é um comportamento que aprendemos na
nossa história de vida. Assim como nascemos em uma cultura cuja língua é o
português, poderíamos ter nascido em uma cultura árabe. O modo como
iríamos expressar os nossos eventos internos seria totalmente diferente.
Deste modo, o comportamento verbal é fruto de uma longa
aprendizagem. Como podemos saber a diferença entre a saudade e a
lembrança? A adrenalina e o
medo? A esperança e a
ansiedade?
Com o tempo, vamos
aprendendo a distinguir estas
palavras e os eventos internos
sobre as quais elas dizem. Em
termos técnicos, através de um
processo de reforçamento
diferencial aprendemos certas
respostas verbais (tatos)
apresentadas a estímulos
internos.
O que isto quer dizer? Pense em uma criança com um rosto triste. Nós
vamos conversar com ela e perguntar: – “Você está triste? Porque você está
com esta tristeza?”
A criança vai estar aprendendo que o que ela está sentindo
internamente é tristeza. É tristeza e não medo, é tristeza e não dor. Este
processo é o que chamamos de reforçamento diferencial para a aquisição de
um comportamento verbal.
Desta forma, o comportamento verbal é aprendido. A cultura ensina as
crianças a dizer sobre os próprios eventos internos. Porém, algumas pessoas
não passam por este processo e acabam sem saber direito o que sentem.
Nestes casos, a psicologia também é um instrumento para a percepção
e compreensão dos eventos internos. À medida em que vamos conhecendo o
nosso próprio mundo, podemos alterá-lo para o nosso benefício.
30
Quando o paciente não sabe dizer o que sente, a psicologia também
conta com outras técnicas expressivas, como desenhos, expressões corporais,
teatro, arte-terapia, entre outros.

COMPORTAMENTO SUPERSTICIOSO

Muita gente já ouviu


falar ou até mesmo acredita
que passar por baixo de
escadas traz má sorte; que
uma vassoura atrás da porta
expulsa visitas indesejadas;
que se um gato preto cruzar
seu caminho trará azar; que
beber sem brindar, pois bem,
essas são algumas das
superstições facilmente
encontradas na nossa
sociedade e que remetem a
ideias de boa ou má sorte.
Falar de sorte ou azar na terapia comportamental não faz muito sentido,
pois estes comportamentos possuem causa metafísica e não têm relação
contingencial com os comportamentos alheios que se propõem a descrever.
Todavia, para a nossa ciência, a psicologia comportamental, faz muito sentido
falar de superstição ou, melhor, de comportamento supersticioso.

Comportamento supersticioso é quando um comportamento qualquer que


foi emitido coincide temporalmente com uma resposta acidental, e esta
resposta assume a condição de reforçadora para o comportamento que a
antecedeu. No comportamento supersticioso, a relação entre a resposta e o
comportamento ocorre temporalmente próxima, mas não existe relação de
dependência um com o outro. Por exemplo, sempre que o Bahia entra em
campo, Rodrigo usa a mesma “camisa da sorte”, pois acredita que o Bahia só
venceu o campeonato do ano passado, porque ele estava usando a mesma
camisa que usou quando o time foi campeão brasileiro.
Neste caso, utilizar a
camisa é um comportamento
supersticioso que foi reforçado
acidentalmente pelo
campeonato conquistado pelo
time com o mérito dos
31
jogadores e nada tem a ver
com o fato do torcedor estar
com a sua “camisa da sorte”.
Ele poderia estar com a
camisa do Vitória, por
exemplo, que não faria a
menor diferença. Isso significa
dizer que não há uma relação
de continuidade entre tal
estímulo e tal resposta. Em outras palavras, o que acontece é que atribuímos a
um determinado comportamento de nosso ambiente uma causa que nada tem
a ver com a resposta que se segue a ele.
É como a vassoura atrás da
porta, por exemplo. Alguém já contou
o tempo que leva para essa “mágica”
dar certo? Será que a visita vai
embora simplesmente porque uma
vassoura foi posta atrás da porta, ou
alguém, no passado, ao colocar a
vassoura naquele local coincidiu com
a ida da visita indesejada?
Talvez possamos até pensar por outro caminho. Se um determinado
indivíduo coloca a vassoura atrás da porta para expulsar uma visita é porque já
está cansado dela, portanto, pode começar a emitir comportamentos como
bocejar, responder sem muita empolgação, não dar continuidade ao assunto da
conversa, etc. E, agindo assim, provavelmente a visita irá embora mais cedo.
Concorda?
O comportamento supersticioso foi estruturado por Skinner. Antes dele,
o filósofo Hume dizia que uma superstição nasce de um hábito que outrora
fizera sentido, mas cujas razões de ser foram perdidas pela repetição mal
explicada. Por exemplo, há uma superstição popular que diz que passar por
baixo de escada dá azar. Pelos teóricos, poderíamos dizer que, numa ocasião
remota, alguém passou por baixo de uma escada e uma lata caiu em sua
cabeça.
Veja que a passagem coincidiu com a queda! Noutro momento, a
informação foi passada da seguinte forma: “a lata caiu porque ele passou por
baixo da escada”. Claro que a pessoa teve o “azar” da coincidência, mas não
significa que todos que passarem terão o mesmo infortúnio. Trata-se de algo
parecido com o que veremos no vídeo abaixo.
O comportamento supersticioso foi primeiramente estudado em 1948 por
B. F. Skinner, cujo trabalho Superstition in the Pigeon deu início a uma série de
pesquisas envolvendo este tema. O presente trabalho foi realizado com o
32
objetivo de replicar sistematicamente o trabalho de Lee (1996) e investigar se
mudanças sistemáticas na disposição de ícones na tela do computador
poderiam ter funcionado como estímulos reforçadores condicionados para a
resposta de emitir cliques numa mesma localização e, assim, ter contribuído
para o padrão de respostas supersticiosas obtido por Lee (1996).

TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL

É uma abordagem terapêutica


estruturada, diretiva, com metas claras
e definidas pelo psicólogo e o cliente,
focalizada no momento presente e
utilizada para tratar desde problemas
emocionais diversos (Transtornos
Psicológicos), comportamentos,
dificuldades relacionais e a
aprendizagem de novas habilidades.
Seu objetivo principal é obter
mudanças nos pensamentos e nos
sistemas de significados dos clientes
(suas crenças) buscando uma
alteração emocional e comportamental
consolidada e permanente.
A premissa básica da TCC, não é a situação que determina o que as
pessoas sentem, mas a maneira como elas interpretam os fatos em
determinada situação. Portanto, sua maneira de interpretar um evento ou
situação é que te faz sentir ou agir de certa maneira.
Um exemplo seria duas pessoas passando pela mesma situação (viram um
curso na internet). A primeira pessoa pensou: “muito complicado este curso.
Não vou conseguir dar conta desses conteúdos difíceis”; Sentimentos:
tristeza e desapontamento; Comportamento: saiu da página (esquiva ou fuga
diante de dificuldades); A segunda pessoa pensou: que curso interessante!
Parece difícil, mas sei que se eu estudar e me dedicar, darei conta;
sentimentos: Entusiasmo e alegria; Comportamento: salvou o link do curso
(pensamento realista diante de dificuldades). A primeira pessoa nem sequer
tentará fazer o curso para testar suas hipóteses de fracasso; A segunda poderá
se inscrever.
Este exemplo ilustra como
as nossas crenças coordenam o
processo de percepção e
atribuição de significados
possibilitando uma interpretação
33
da experiência. Estas crenças são
como uma lente que filtram o
mundo e conferem significados.
Diante de padrões mal
adaptativos (ou disfuncionais) de
pensamentos, caberá ao
terapeuta auxiliar o cliente a
encontrar novas possibilidades de
pensamentos alternativos e mais
funcionais que possibilitem uma boa adaptação à sua realidade social.
Tudo começa na terapia com a identificação dos sentimentos,
pensamentos e comportamentos em determinadas situações trazidas pela
pessoa.
À medida que a pessoa vai expressando suas emoções, o terapeuta
ensinará a identificação dos pensamentos e crenças associados a seus
sentimentos. Se a crença ou pensamento for mal adaptativo será corrigido e
submetido a uma nova avaliação mais realista que será construída pelo cliente
no processo de reestruturação cognitiva.
Mudando-se o pensamento, muda-se sentimentos e comportamentos. A
terapia tem uma função pedagógica de ensinar a pessoa a detectar e reduzir
os sintomas e isto a tornará mais apta a estes recursos fora da terapia.
Estimula-se o cliente a ter maior autonomia neste processo e não se tornar
dependente da terapia.

O papel do Psicólogo na TCC

O terapeuta tem um papel ativo, colaborativo e educativo. Ele prepara o


cliente para mudar pensamentos e crenças. Isto possibilitará mais
conhecimento sobre o funcionamento emocional e comportamental da pessoa
em terapia. Há uma troca na terapia em que o terapeuta ensina e o cliente
pratica e aprende a utilizar esse conhecimento a seu favor.
Haverá também tarefas que poderão ser feitas fora da terapia, em
ambientes diversos, para sedimentar o aprendizado de novas situações que
estimularão autonomia e auto eficácia.
Através do processo
terapêutico, cliente e terapeuta
vão construindo uma
convivência através do
cuidado, da ética, e do tom
amigável do profissional para
34
deixar o cliente à vontade para
expor suas crenças, identificar
seus pensamentos e examinar
suas ações. Esse processo se
chama aliança terapêutica.
Este é um elo construído
pela empatia, ética,
acolhimento, reconhecimento e validação da experiência emocional, cognitiva e
comportamental da pessoa em terapia.
Através deste processo o cliente aprenderá novas possibilidades de lidar com
suas questões, fortalecerá suas habilidades, aprenderá novas habilidades e
resiliência.
A psicoterapia é um caminho para a pessoa encontrar-se, para o
autoconhecimento e novas aprendizagens e escolhas, entre várias
possibilidades.

TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL – TRATAMENTO


DEPENDÊNCIA QUÍMICA

Muitos dependentes
químicos acreditam estar no
controle da situação, porém
o uso recreativo de
substâncias entorpecentes
pode ser um caminho para o
vício. A dependência
química é um problema real
que aflige várias pessoas no
Brasil e no mundo. As
causas são as mais diversas
possíveis: a morte de uma
pessoa próxima, problemas
financeiros ou amorosos, más influências, contexto familiar problemático, entre
tantas outras.
Lidar com essa situação tão complicada é, na maioria das vezes, um
grande desafio e surgem muitas dúvidas quanto às abordagens mais
adequadas. Mas a dependência não é impossível de ser superada.
Atualmente, existem diferentes métodos de tratamento para alcançar a
reabilitação em dependência de drogas. Recentemente, médicos e psicólogos
vêm realizando pesquisas para conseguir definir quais perfis de dependentes
se adequam melhor a cada alternativa de tratamento.
Veja a seguir as principais opções de recuperação existentes:
35

Terapia em grupo

Um dos métodos mais


conhecidos, os grupos de ajuda
mútua reúnem homens e mulheres
para trocar experiências (boas e
ruins) em relação à dependência.
Os encontros são gratuitos e
frequentes (normalmente,
semanais), e possibilitam que os
participantes discutam seus
receios, suas expectativas e suas
frustrações.
Os Alcoólicos Anônimos (AA) e os
Narcóticos Anônimos (NA) promovem um clima amistoso e amenizam
constrangimentos, já que todos ali presentes possuem histórico de
dependência. Mesmo após a recuperação total, frequentar esses grupos pode
ser de grande ajuda para a manutenção da sobriedade e para evitar recaídas.

Tratamento ambulatorial

Essa abordagem
permite que o dependente faça
o tratamento por meio de
medicações quando necessário
e seja acompanhado por uma
equipe multidisciplinar em um
ambulatório especializado.
É vantajosa porque
mantém o paciente inserido no
ambiente familiar, evitando
mudanças bruscas em seu
contexto social. Pode ser incerta já que o dependente vivenciará situações de
risco por não ser monitorado o tempo todo. Mas é também encorajadora
porque dá um voto de confiança e mais autocontrole à pessoa em tratamento.
Internação involuntária

Está voltada para


dependentes químicos
em estado crítico, pois
36
tem como objetivo
impedir que o paciente
prejudique ainda mais
sua integridade física e
mental. É uma decisão
que deve ser tomada
com muita cautela e o
tratamento terapêutico
deve ser realizado por profissionais especializados.
É um método amparado por lei e os órgãos competentes devem ser
notificados quando ocorre a intervenção. Se feita de forma inadequada, a
internação involuntária pode causar ainda mais danos ao dependente e à sua
família.

Comunidade terapêutica

As comunidades
terapêuticas são centros de
recuperação para
dependentes químicos que
prezam pela reabilitação
por meio do trabalho, da
religiosidade e do
acompanhamento com
uma equipe
multidisciplinar.
O tratamento pode
durar de três a nove meses e o dependente passa a conviver cotidianamente
com outras pessoas em situação similar à sua. A convivência com outros
dependentes é uma proposta interessante em que o paciente consegue
perceber sua própria realidade e se espelhar na luta do outro.
Com a troca de experiências e o acompanhamento profissional, a
recuperação se torna bastante viável e o paciente, após alguns meses, poderá
ser reinserido no meio familiar.
Esses são os métodos mais conhecidos para a reabilitação em
dependência química. Mas também há outras alternativas que vêm sendo cada
vez mais difundidas no meio médico.
Independentemente do tratamento eleito, é importante ressaltar que
nenhuma abordagem será totalmente eficaz se o paciente não for amparado
por uma equipe especializada e multidisciplinar. Isso porque, muitas vezes, os
dependentes químicos apresentam outros problemas para além do abuso de
drogas, como a depressão.
37
Portanto, é muito importante que a família e os amigos das pessoas em
recuperação saibam como apoiá-las. Assim, estarão mais próximas de
finalmente superar o vício.
Cada dependente
químico estabelece uma
relação diferente com a
droga e cada dependente
apresenta necessidades
diferentes. Isso acontece
porque a dependência
química resulta da
interação de vários
aspectos da vida do
indivíduo: biológico,
psicológico e social. Desse modo, as intervenções devem ser diferenciadas
para cada indivíduo e devem considerar todos os aspectos envolvidos. Não
existe, assim, um tratamento único para a dependência química. Na maior
parte dos casos as técnicas usadas para o tratamento precisam ser
constantemente reavaliadas durante o tratamento e adaptadas ao momento do
paciente.
A dependência
química é uma doença
que interfere em todos os
aspectos da vida do
paciente dependente. A
interrupção do uso da
droga é apenas um
primeiro passo de um o
processo de tratamento
que pode durar em média
de 1 a 5 anos. O
tratamento do paciente
dependente deve ser
planejado buscando-se não somente interromper o uso da droga, mas visando
a reinserção do paciente em novas atividades sociais, profissionais, familiares
e a prevenção de recaídas. Como a dependência afeta vários aspectos da vida
do paciente ela demanda uma abordagem multidisciplinar por uma equipe
composta ao menos por médicos, enfermeiros, psicólogos, neuropsicólogos,
terapeutas ocupacionais, assistentes sociais e outros profissionais.
Pode-se dividir o tratamento dos dependentes em cinco etapas de
acordo com a fase de motivação para a mudança em que o paciente se
encontra abaixo. As fases não são necessariamente seqüenciais, e os
38
indivíduos usualmente passam por eles várias vezes durante o tratamento, em
ordens aleatórias. A motivação para tratar sua doença varia no paciente com
uma dependência. Pode-se encontrar o paciente dependente em uma de seis
fases.

Fases da motivação para mudança

Pré-contemplação
O paciente dependente não
percebe os malefícios e prejuízos
relacionados ao uso da
droga. Segue com seu uso e não
planeja parar nos próximos seis
meses.
O que fazer: Convidar ao indivíduo à
reflexão; evitar a confrontação,
remover barreiras ao tratamento e
propor medidas de controle do
dano;

Contemplação
O indivíduo percebe os problemas e prejuízos relacionados ao uso da droga,
mas não toma nenhuma ação para interromper o uso da droga. Pensa em
parar de usar drogas nos próximos seis meses.
O que fazer: Discutir prós e contras do uso das drogas; ajudar o paciente
dependente a perceber a incompatibilidade do uso de drogas e seus objetivos
de vida.

Preparação
O paciente dependente continua usando a droga, porém já fez ao menos uma
tentativa de parar a droga, no último ano. Pensa em parar o uso da droga
(abstinência) nos próximos 30 dias.
O que fazer: Remover barreira ao tratamento e ajudar o paciente ativamente a
se tratar. Deve-se demonstrar interesse e apoio a atitude do paciente
dependente de se tratar.
Ação
O paciente aceitou e conseguiu parar completamente o uso da droga durante
ao menos seis meses;
O que fazer: Implementar e ajustar o projeto terapêutico do paciente.

Manutenção
39
O paciente mantem-se sem usar a droga por ao menos seis meses.
O que fazer: Colaborar na construção de um novo estilo de vida mais
responsável e autônomo.

Recaída
O paciente dependente volta a consumir a droga.
O que fazer: Reavaliar o estágio motivacional do paciente

1a etapa – Redução de danos


O controle do dano
é útil sobretudo quando o
paciente está em fase de
pré-contemplação e
contemplação. Nestas
fases, como o paciente
dependente não aceita
ajuda, os profissionais de
saúde podem oferecer
medidas de proteção que
minimizem os danos causados pela droga, pela situação precária em que se
encontram os pacientes. Esta atitude pode abrir portas e aproximar o paciente
do sistema de saúde permitindo-lhe perceber que há possibilidades
tratamento.

2a etapa – Consulta motivacional


Durante as etapas de contemplação e preparação o paciente
dependente precisa encontrar suas próprias motivações internas para
interromper o uso da droga. Nestas etapas o uso de uma técnica chamada
consulta motivacional ajuda o paciente a sair da dúvida sobre os benefícios e
malefícios do uso da droga e a se orientar em direção a uma decisão de
interromper o uso.
3a etapa – Tratamento de abstinência e construção de um projeto
terapêutico
Pacientes na fase de preparação e ação precisam ter acesso a serviços
de saúde especializados que irão propiciar condições ideais para que o
paciente possa realizar o tratamento de abstinência também conhecido como
“desintoxicação”. As drogas causam importantes efeitos no cérebro e no
organismo. A interrupção súbita do uso de algumas drogas pode causar efeitos
e sensações desagradáveis. Quando da realização do tratamento de
abstinência o paciente pode, por vezes, se tornar agitado, irritável e sentir um
grande mal estar. O uso de um tratamento adequado permite ao paciente obter
alívio e prevenir estas sensações desagradáveis, fazendo com que o início da
40
abstinência seja menos sofrido. Para isto são necessárias equipes
especializadas em abstinência e para alguns paciente leitos hospitalares que
possam acolher, proteger e tratar estes pacientes. Durante esta etapa deve-se
trabalhar com o paciente para que, a partir das suas motivações e objetivos de
vida, se construir um projeto terapêutico e de reabilitação cognitiva e social.

4a etapa – Reabilitação cognitiva, social e prevenção de recaídas


Uma vez realizada a
abstinência, alguns
pacientes dependentes que
tiveram muitos prejuízos
econômicos, sociais,
pessoais ou
neuropsicológicos, ou que
se encontram em situação
de marginalização,
precisarão de um suporte
para realizar a reabilitação
cognitiva e social.
Este processo passa, por vezes, pela avaliação neuropsicológica para se
avaliar problemas na concentração, memória, nas funções executivas ou outros
aspectos que possam influenciar na tomada de decisões do paciente. Caso
haja algum déficit um tratamento de reabilitação neuropsicológico pode ser
indicado.
A outra etapa é a preparação para o retorno a uma vida ativa, em
sociedade e com a inserção de uma atividade profissional que possam ajudar o
paciente a retomar a sua auto-estima e o convívio na sua comunidade. Esta
etapa pode ser feita por uma equipe multidisciplinar ou com a ajuda de uma
comunidade terapêutica de qualidade. Deve-se lembrar que quanto menos se
separar o paciente dependente da sua família e da sua comunidade mais fácil
e rápida será a sua reinserção. A instituição onde é feita esta etapa do
tratamento deve ser capaz de estabelecer um vínculo com a família, com a
comunidade e com os serviços de atenção a saúde próximos da morada do
paciente.
A prevenção de recaída também é uma etapa importante para a
manutenção da abstinência. Esta etapa do tratamento tem como objetivo
ajudar o paciente dependente a encontrar um novo estilo de vida e a aprender
estratégias que o afastarão do uso de drogas e de possíveis recaídas.
Além dos serviços de saúde pública e privada, associações como os
Alcoólicos Anônimos, os Narcóticos Anônimos, comunidades terapêuticas e
instituições religiosas também podem colaborar para o tratamento dos
pacientes com uma dependência. Cabe ao médico e a equipe multidisciplinar
41
ajudar o paciente a se orientar aos tratamentos que possam ser mais eficazes
para ele.

A PROBABILIDADE DO COMPORTAMENTO

Imagine que vamos estudar um comportamento simples: o


comportamento de beber um copo de água. Para estudar o comportamento
humano, na psicologia comportamental ou behaviorismo (behavior significa
comportamento em inglês) temos que retirar algumas possibilidades de
resposta que damos no senso comum. Digamos que vamos perguntar para
alguém que está bebendo água o porque de estar bebendo água. A pessoa
pode responder: “Eu estou bebendo água porque estou com vontade” ou “Eu
estou bebendo água porque estou com sede”.
Ora, estas duas respostas não respondem de verdade a pergunta.
Na psicologia comportamental, a busca pelas causas do comportamento
será diferente. Na verdade, ao invés de falarmos de causas falaremos em
variáveis que (podem ou não) influenciar o comportamento X. Temos então
dois tipos de variáveis:
• Variável dependente (o próprio comportamento estudado);
• Variáveis
independentes
(variáveis que podem
influenciar na
emissão do
comportamento).
Para entendermos esta
terminologia é simples: o
que chamamos dependente
é o comportamento ou
variável que vai estar em
função de outras variáveis, ou seja, vai depender de outras variáveis para
acontecer.
No exemplo de beber água, a variável beber água vai acontecer
dependendo de outras variáveis como o calor da sala, a temperatura do corpo,
a alimentação salgada, etc.
Diz Skinner no Ciência e Comportamento Humano: “Tentamos prever e
controlar o comportamento de um organismo individual. Esta é a nossa variável
dependente – o efeito para o qual procuramos a causa. Nossas variáveis
independentes – as causas do comportamento – são as condições externas
das quais o comportamento é uma função”.
Como a variável dependente vai se dar em função de uma ou outra variável
42
independente falaremos em psicologia comportamental de análise funcional do
comportamento.

A probabilidade da emissão de um comportamento

Voltando ao
nosso exemplo, como
poderemos saber a
probabilidade, a chance,
de uma determinada
pessoa beber um copo
de água? Como
podemos estudar as
variáveis independentes
que vão influenciar?
Bem, podemos fazer um
experimento em
laboratório e estudar –
quantitativamente – a influência do aumento da temperatura na probabilidade
de alguém beber água. Ou seja, o pesquisador pode estudar com diversas
pessoas ou com uma mesma pessoa em vários momentos a influência de uma
variável independente (a temperatura da sala, medida através de um ar
condicionado) sobre a variável dependente, o comportamento de beber água.
Alterando a temperatura do ambiente, o pesquisador vai chegar à
conclusão de que, quanto maior a temperatura maior a probabilidade de um
sujeito experimental beber água.
Este, evidentemente, é um exemplo simples mas serve para demonstrar
como é possível estabelecer variáveis independentes e probabilidades
estatísticas para o controle, análise e estudo do comportamento dos indivíduos.
Como temos notado já há muitas décadas desde as primeiras
elaborações de Skinner, a análise do comportamento vem se mostrando útil
para a emissão de comportamentos que são benéficos individual e
socialmente.
Por exemplo, na Universidade Federal de São João del-Rei, havia um
programa para treinamento comportamental de autistas graves, ou seja,
autistas com um grau tão severo da doença que se auto agrediam de forma
violenta. Nestes casos extremos de autismo, a autoagressão é tão séria que o
indivíduo pode chegar a se matar batendo frequentemente a cabeça na parede.
Ora, utilizando o modelo simples acima (e com as outras elaborações
teóricas da psicologia comportamental mais complexas, é claro), os
pesquisadores estudavam e interviam no comportamento destes indivíduos
autistas graves. Assim, ao invés de analisar um simples comportamento de
43
beber água, eles estudavam a probabilidade de autoagressão, por exemplo.
Como fazer com que eles parassem de se auto agredir? Como fazer
para que eles, gradualmente, pudessem sair da clínica e andar normalmente
de ônibus? Como fazer para que eles ao invés de se auto agredirem para pedir
comida começassem a verbalizar, a dizer o que estavam querendo?
Evidentemente que há um salto de um comportamento simples para
comportamentos complexos nos quais uma série de variáveis estariam
presentes. Se o comportamento de sair para dar uma volta estava sendo
mantido através de sucessivos reforços, poderia intervir uma outra variável
como um som ambiente incômodo. Quer dizer, na prática, o comportamento é
muito mais fluido, rápido, complexo.
Porém, mesmo em casos tão graves de doenças mentais como o
autismo severo é possível estudar o porque de um comportamento existir (em
um dado momento), as probabilidades, inclusive com a visualização através de
gráficos e estatísticas detalhadas), como alterar o comportamento e como
controlá-lo alterando alguma variável específica.
Ou seja, se no exemplo de tomar um copo de água a
temperatura é uma variável que aumenta a probabilidade, em
outros comportamentos é possível que uma ou duas variáveis
independentes sejam fundamentais para que o comportamento
seja emitido.
Um outro exemplo, digamos que você precise ler um livro para
a escola ou para a faculdade. Mas você não tem tanto
interesse na leitura, pois é mais uma obrigação do que um
prazer.
Comportamento a ser estudado: ler um livro (variável
dependente). Agora, digamos, que acabe a luz, a energia
elétrica, em seu bairro. Você vai ficar sem TV, sem
internet, sem computador, sem celular ou tablet
(digamos que estejam descarregados). Retirando todos estes
estímulos – apenas através do apagão de energia – o que
acontecerá? A probabilidade de ler o livro aumentará, não é mesmo?

PSICOLOGIA ANIMAL
A Psicologia
Animal ou psicologia
comparada, muitas vezes
subestimada e
menosprezada, porém é
44
fundamental para
“solidificar” as restantes
áreas da psicologia.
A Psicologia
animal e a etologia são
fundamentais para
compreendermos o
comportamento humano. Muitas vezes confundidas, porém distintas, visto que
a psicologia animal ou comparada o comportamento animal é observado em
laboratório, enquanto a etologia observa-os no seu ambiente natural. Contudo
possuem um objetivo comum: compreender o comportamento humano.
Observando os comportamentos no seu ambiente e em laboratório os
investigadores podem generalizar e extrapolar esse mesmo comportamento
para outros ambientes e outras espécies, como o ser humano.
Muitas vezes
subestimada e
questionada quanto à
sua importância e
contribuições para as
outras áreas da
psicologia “humana”.
Porém essas
contribuições são
inquestionáveis, um
bom exemplo foi a
experiência de Pavlov,
embora inda não integrada oficialmente na Psicologia Animal, atualmente é
reconhecida como tal, pois foi a observação de comportamento animal em
laboratório e posteriormente generalização para o comportamento humano.
Para quem não sabe Pavlov foi um investigador na área da psicologia de
descobriu “o condicionamento”. O condicionamento é uma continência criada
entre dois estímulos, realizada de forma involuntária e inconsciente. A
experiência de Pavlov
é clássica na
psicologia, contribuiu
45
em muito na
compreensão do
comportamento
humana.
Resumidamente,
na experiência de
Pavlov, existia um cão
que cada vez que era
alimentado, no momento exatamente antes, era tocada uma campainha, como
se de um aviso prévio se trata-se. Após algumas repetições, bastava a
campainha tocar (sem qualquer alimento) para provocar salivação no animal.
Assim concluiu que o animal estabeleceu uma contingência ou associação
entre dois “momentos”, mesmo retirando o estímulo intermédio. Este fenômeno
pode ser replicado aos seres humanos na explicação de várias patologias.
Outras experiências menos “populares”, mas não menos importantes de
experiências com macacos e a vinculação. Concluindo que na vinculação, a
satisfação da necessidade alimentar é importante, porém as necessidades de
aconchego ou “carinho”, podemos chamar-lhes necessidades emocionais, são
tão ou mais importantes.
Além das conclusões retiradas das experiências e observações, a
psicologia animal e etologia contribuíram para a concessão de ser humano
como atualmente a conhecemos, pois muitas vezes o ser humano era visto
uma espécie singular, muito distante e diferente de todas as restantes, agora
sabe-se que não somos assim tão diferentes.
A principal componente no comportamento humano que difere dos
restantes é a incrível capacidade de aprender e de se adaptar ao meio
ambiente. Em contrapartida no momento do nascimento, somos o ser mais
frágeis, mais dependentes e que necessitamos de mais cuidados e durante
mais tempo. Nenhuma outra espécie nasce tão frágil e permanece nessa
“fragilidade” tanto tempo como o ser humano.
Tanto para os animais como para os seres humanos, o comportamento
é resultado da mistura entre os genes e o meio. Um meio ambiente mais rico
de estímulos dá origens a comportamentos mais inteligentes. Verifica-se
igualmente na formação neurológica, tanto em animais como em seres
humanos. Experiências com ratos monozigóticos, mostraram que os que
tinham um meio mais estimulante tinham um cérebro mais robusto dos
restantes.
inegável a importância de compreender o comportamento animal para
compreendermos o comportamento do ser humano, não devemos esquecer
que embora um pouco diferente continuamos a ser “animais”.

Adestramento de Animais
46

O adestramento de
animais é uma técnica que
remonta a tempos
imemoráveis. Antigamente, a
principal função do
adestramento de animais era
totalmente utilitária: cavalos
usados para puxar o arado,
combater nas guerras; cães
usados para caça ou
proteção, aves, suínos e
ovinos criados para
alimentação.
Depois os animais passaram a ser usados em espetáculos e circos. As
técnicas usadas para treinar eram aprendidas na tentativa ou erro, ou
repassados pela tradição, como acontecia com os ciganos. A maioria dessas
técnicas usava castigos físicos, extração de garras e dentes e até tortura para
adestrar os animais.
Contudo, foi a evolução da psicologia experimental, especialmente os
trabalhos de Thornidike e, posteriormente, de Skinner, que deram uma novo
significado para o treinamento de animais. Foi Watson que fez a ponte de
ligação das técnicas
psicológicas descobertas
em laboratório para o
terreno do entretenimento
e do treinamento dos
animais domésticos.
O treino por
Reforço Positivo
revolucionou as técnicas
de adestramento. Todos
sabemos que seria bem
arriscado para um
treinador punir uma baleia
de seis toneladas e ficar
vivo para contar a história. Com as técnicas de reforçamento positivo a punição
tornou-se coisa do passado.
O treinamento de cães com o uso do Clicker é um exemplo do treino por
reforçamento positivo. Atualmente, muitos adestradores de animais usam esta
técnica, mas ainda é muito comum cometerem erros nos esquemas e nos
padrões de reforço por desconhecimento das bases da psicologia
47
experimental. Um exemplo de erro desta natureza é a prática de reforço
contínuo dos animais, ou seja, o animal é recompensado continuamente
sempre que realiza um comando. A utilização correta do esquema de
reforçamento não só dispensa o reforço contínuo, como também fortalece o
comportamento evitando a sua extinção.

Etologia

Agora entramos
no terreno das Ciências
Biológicas, área que o
objeto de estudo é a
vida e as suas
interrelações. O
etologista é o
profissional, geralmente
um biólogo,
especializado em
observar o
comportamento dos animais em seu ambiente natural, ou em parques e
zoológicos. O etólogo não interage com os animais e o seu trabalho deve ser
feito de forma mais discreta possível.
O trabalho do etólogo é documentar com precisão os padrões de
comportamento emitidos pelos animais, como as danças de acasalamento de
algumas aves, as brigas por território dos felinos, o comportamento de caça,
entre outros.
As descobertas da etologia também são importantes para a psicologia
experimental e para o adestramento de animais. Para que um animal seja
condicionado a realizar uma tarefa específica, o comportamento em questão
deve fazer parte do seu repertório natural. Isto é, um gato não pode latir,
porque latidos não fazem parte do seu repertório comportamental (tudo o que é
possível para uma espécie realizar). No entanto, algumas raças de cães uivam
que nem lobos, sendo este comportamento mais comum na raça Husky
Siberiano, o que o torna uma raça adequada para o treinamento de uivos.
As baleias e golfinhos saltam e usam raciocínio e cooperação em seu
ambiente natural para caçar cardumes. Portanto, esse potencial natural pode
ser treinado por adestradores usando as técnicas da psicologia experimental.
Os exemplos mais surpreendentes são os dos chimpanzés que realizam contas
matemáticas, aprendem linguagem de sinais e possuem, inclusive, raciocínio
abstrato.

Como trabalham os psicólogos de animais de estimação?


48

Todo comportamento que o seu animal de estimação apresenta pode


ser associado a uma
patologia. Os psicólogos
de animais de estimação
dedicaram parte da sua
vida a relacionar a
linguagem corporal dos
animais com transtornos
mentais, depressões,
ansiedade e medos.
Laboratórios passaram
anos fazendo
experimentos para
conseguir encontrar a medicação correta para tratar esse tipo de doença em
animais.
Ainda que possa parecer estranho, os cães podem até mesmo
apresentar esquizofrenia. Daí a importância do papel que os psicólogos de
animais de estimação desempenham.
Dependendo do tipo de conduta que o animal apresente, o psicólogo irá
agir de um jeito ou de outro. Tal como no caso de pessoas, por vezes, pode ser
necessário internar o animal em um centro. Neste, o médico irá tratar o animal
e prescrever o medicamento apropriado, além de fazer uma série de exercícios
ou terapia que irão melhorar muito a saúde mental do seu animal de estimação.
Quase todos os casos de transtornos mentais dos nossos animais de
estimação podem ser resolvidos, mas às vezes a ignorância destes
profissionais e sua maneira de trabalhar pode fazer com que o animal continue
doente pelo resto da sua vida. Se você está observando sinais estranhos no
comportamento do seu pet, não tenha dúvidas, um psicólogo profissional pode
fazer muito bem ao seu animal de estimação.
Como eles influenciam nossos animais de estimação?

Um cão triste, apático ou


até mesmo demonstrando um
desamparo aprendido, pode ser
curado com a ajuda de um
49
psicólogo de animais. Mesmo
que doa na gente ter de nos
separar do nosso animal durante
várias semanas ou até mesmo
meses, nos casos mais graves
isso será um grande benefício
para o seu animal de estimação;
um pequeno sacrifício por uma vida e uma convivência melhor.

Como escolher um bom psicólogo de animais de estimação?


Não devemos confundir os psicólogos de animais com adestradores ou
treinadores. Eles são licenciados em Etologia, a fim de tratar e eliminar os
transtornos mentais que nossos animais de estimação podem sofrer.
REFERENCIAS
ACT Institute
Arte Psicoterapia
BioXtra Brasil
CEMAP BH
Centro Regional de Referência em Drogas da UFMG
Em sem fronteiras
50
Espaço do ser
Fatos desconhecidos
Grupo P&A
IIPB - Instituto Integrado de Psicologia de Bragança
Instituto Innove
Joice Bruxel
Lysis Psicologia
Psicólogos Berrini
Marisa Psicologa
Meus Animais
Mundo da Psicologia
Mundo Psicólogos
Portal da Psique
Psicoativo O Universo da Psicologia
Psicologado
Psicologia no Esporte
Psicologia. Pt Portal dos Psicólogos
Psicólogo Elídio Almeida
Psicólogos Porto
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Rafael Guerra Psicólogo
Rede Humaniza SUS
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Significados
Vittude

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