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sociedade digna –
democracia social
# 2017 plus
FRIEDRICH-EBERT-STIFTUNG
sociedade digna –
democracia social
# 2017 plus
UM PROJETO DA FUNDAÇÃO
FRIEDRICH EBERT PARA
OS ANOS DE 2015 A 2017
O que perfaz uma Sociedade Digna? Compreendemos por Sociedade Digna: justiça social, sustenta-
bilidade ecológica, uma economia inovadora e bem-sucedida e uma democracia, na qual cidadãos e
cidadãs participam ativamente. Tal sociedade é sustentada pelos valores fundamentais de liberdade,
justiça e solidariedade.
Necessitamos de novas idéias e conceitos, para que a Sociedade Digna não degenere para uma
utopia. Por isso a Fundação Friedrich Ebert elabora recomendações concretas de ações para a
política dos próximos anos. A seguir vemos suas áreas temáticas centrais:
Uma Sociedade Digna não surge sozinha. Deve ser conformada continuamente com a participação de
todos nós. A Fundação Friedrich Ebert utiliza para esse projeto em sua rede mundial, para integrar as
perspectivas alemã, europeia e internacional. Em numerosas publicações e eventos dos anos 2015 a 2017
a Fundação deverá ocupar-se continuamente do tema, para capacitar a Sociedade Digna para o futuro.
24 4 CONCLUSÃO
28 Bibliografia
29 Autores e autoras
29 Co-debatedores e co-debatedoras
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Um Estado forte, que investe com justiça social no potencial justa e compatível com o desempenho do setor privado. Na
de futuro da sociedade, executa uma política tributária e fi- tributação, ombros largos podem e devem suportar mais do
nanceira, que estrutura conscientemente, tanto na coluna de que ombros fracos. Um pressuposto essencial da estabilida-
receita quanto na de despesa, pois a política financeira defi- de social é que a distribuição da renda e do patrimônio seja
ne de modo decisivo e bem concretamente a vida cotidiana percebida como justa. A política tributária pode prestar igual-
dos indivíduos. Por isso queremos mostrar nesse trabalho mente uma contribuição importante à consecução desse ob-
que a política financeira estruturante consiste, de onde ela jetivo. Mas a limitação da desigualdade de renda e patrimô-
parte concretamente e como ela pode ser implementada; nio também é vantajosa para o dinamismo da economia. Não
O acesso a uma educação de alta qualidade é o pressu- obstante, a política financeira deve sempre cuidar para que
posto da igualdade de oportunidades e justiça. A prestação os tributos não onerem indevidamente nem o setor privado
de bons serviços de atendimento na saúde e a proteção eco- nem os assalariados. Além disso, a política financeira influi,
nômica na terceira idade são de decisiva importância para a tão-somente em virtude da abrangência das despesas e re-
participação e uma vida digna, para uma vida com elevada ceitas do setor público, em muitas decisões na economia,
qualidade, e para um bem-estar que beneficie a todos. A in- exercendo assim, queira ou não, efeitos consideráveis de di-
tegração bem-sucedida cria a justiça e fortalece a capacida- recionamento. A política financeira estruturante deve impor
de produtiva da sociedade. A infraestrutura intacta assegura obstáculos, se esses efeitos se propagam nas direções erradas,
o bem-estar e um potencial de futuro. Todas essas questões por exemplo, às expensas da justiça de gênero ou da susten-
sociais centrais estão estreitamente imbricadas com decisões tabilidade ecológica. No caso ideal ela direciona topicamente
de política financeira. A política financeira pode fomentar a para processos socialmente desejados. Por isso queremos, com
justiça em questões de gênero, criar espaço habitacional aces- o nosso esboço de uma política financeira estruturante, mos-
sível em cidades e municípios, nos quais vale a pena viver, trar caminhos de como a justiça social, a orientação em prol
ou ainda influenciar, por exemplo, por meio da qualidade das do crescimento e a sustentabilidade financeira podem ser
escolas bem como do transporte público municipal e regio- r econciliadas, para possibilitar a todas as pessoas a melhor
nal, o modo pelo qual as pessoas chegam ao seu local de tra- perspectiva possível de futuro.
balho ou que as crianças tenham desde cedo acesso a uma Atualmente, o debate público sobre a política financeira é
boa educação. O fomento direcionado da pesquisa e do de- dominado por palavras de ordem como: "freio constitucional
senvolvimento contribui ao aumento da produtividade e ao ao crescimento da dívida pública", "medidas de austeridade
crescimento. Por sua vez, o contato com uma administração ou uma política de finanças equilibradas" ou "redução da car-
pública tão próxima quanto possível do cidadão é de decisi- ga tributária". Não importa quão importante seja preservar
va importância para a confiança das pessoas no Estado. Mas, finanças públicas fiscalmente sustentáveis e não sobrecarre-
para tudo isso, a administração pública deve poder assegu- gar os cidadãos com encargos tributários, as exigências com-
rar em termos de recursos humanos, recursos financeiros e plexas à política financeira não podem ser reduzidas a essas
também estruturais. unidimensionais palavras de ordem. Em economias desenvol-
Por isso a política financeira estruturante, que se orienta vidas a política financeira deve ser compreendida como polí-
conscientemente segundo a qualidade de vida, também pro- tica de viabilização. Ela provê um desenvolvimento positivo
duz efeitos imediatos no cotidiano e nas perspectivas de vida sustentável das perspectivas econômicas e sociais dos indiví-
dos indivíduos; deve aceitar ser medida por uma enorme duos e preserva ao mesmo tempo os fundamentos naturais
abundância de desafios. O Estado não deve cuidar apenas de da nossa vida. Correspondentemente dimensionada, ela as-
conseguir, por meio da arrecadação de tributos, os recursos segura uma elevada qualidade de vida para todas as pes-
necessários ao financiamento das tarefas e despesas do se- soas, igualdade de oportunidades, justiça social e coesão so-
tor público, deve fazer isso também de forma socialmente cial. As condições de entorno devem ser dimensionadas de
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com rendimentos reduzidos e médios. Aqui são necessárias mercado de formação profissional limitado. Escolas profissio-
reformas para que possamos assegurar realmente a todas as nalizantes bem-equipadas desempenham um papel central
pessoas uma elevada qualidade de vida e igualdade de opor- nesse tocante.
tunidades. Tais reformas devem ser baseadas em uma dota- A formação nas instituições de ensino superior também
ção financeira adequada do Estado, que seja efetivamente deve ser aperfeiçoada. Assim o número de 330 profissões,
suficiente no cumprimento eficiente das tarefas. Nas próximas para os quais existe uma oferta de formação profissionali-
seis seções, discutiremos os problemas existentes e mencio- zante, não é minimamente proporcional aos cerca de 18.000
naremos as reformas necessárias. cursos de bacharelado atualmente oferecidos na Alemanha.
Por isso o número de cursos deveria ser reduzido maciçamente.
Ao lado do aumento das vagas para estudantes universitá-
2.1 A EDUCAÇÃO POSSIBILITA A IGUALDADE rios, que continua sendo necessário, serão necessários igual-
DE OPORTUNIDADES E A JUSTIÇA mente um financiamento básico seguro bem como investi-
mentos em infraestrutura de instituições de ensino superior.
A educação é de decisiva importância para a igualdade de Isso vale tanto para medidas de construção quanto para a
oportunidades, integração e justiça social. Por isso o objetivo infraestrutura do ensino e da pesquisa.
da política educacional social é assegurar a todas as pessoas Além disso, devemos possibilitar o aprendizado perma-
- independentemente da sua origem social ou étnica, do seu nente, a fim de preparar as pessoas para as novas exigências
gênero, domicílio ou de possíveis deficiências – o acesso a sociais da informatização do universo do trabalho e evitar
uma educação de qualidade. De momento, nosso sistema edu- regressões na qualificação e formação e as correspondentes
cacional satisfaz tais exigências apenas em parte. Apesar de perdas no mercado de trabalho. Isso exige melhores possi-
todos os esforços, a origem social ainda continua determi- bilidades de formação continuada. Um aperfeiçoamento do
nando o sucesso educacional. O sistema escolar não conse- seguro-desemprego na direção de um seguro-trabalho po-
gue compensar desigualdades devidas à origem. Somado a deria providenciar alívios. Ao lado da renda em caso de de-
isso, o domicílio influi muito no sucesso educacional. semprego, se poderia possibilitar assim, também, a formação
As consequências são múltiplas. Oportunidades deficientes continuada e proteger as pessoas contra transições arriscadas
de formação significam para determinados grupos popula- entre diferentes formas de trabalho e ocupação. O seguro-
cionais que os diplomas e qualificações por eles preferidos – trabalho poderia enfeixar, complementar e financiar as ofertas
e com isso os objetivos profissionais - não podem ser atingi- existentes do aprendizado permanente.
dos. Isso mina não apenas a igualdade de oportunidades, mas Educação é um investimento no futuro. Em correspondên-
também a mobilidade social. E isso, por sua vez, é um fator cia com esse conceito orientador, devemos possibilitar aces-
influenciador da crescente desigualdade de renda e patrimô- sos para todos, potencializar a permeabilidade de carreiras
nio. Ao mesmo tempo a desigualdade de oportunidades gera, profissionais e facilitar transições. Ao lado de padrões nacio-
paralelamente aos danos pessoais, também danos à econo- nais mínimos e reformas estruturais, a ofensiva educacional
mia nacional. necessária para tanto carece também de mais recursos do
A crescente diversidade, a integração de refugiados, a in- setor público.
formatização e muitos outros desenvolvimentos sociais criam
desafios adicionais para o nosso sistema educacional. Por essa
razão a política educacional deve ser reposta, com mais vi- 2.2 A PROTEÇÃO DA TERCEIRA IDADE
gor, no centro da ação política. Necessitamos de uma política POSSIBILITA A PARTICIPAÇÃO E UMA VIDA
educacional que melhore as ofertas, das crianças em idade DECENTE
pré-escolar até as pessoas economicamente ativas. Para co-
meçar com as crianças em idade pré-escolar, necessitamos Desde as reformas do seguro obrigatório de aposentadoria,
de uma oferta, em todo o território nacional, de creches gra- da introdução da assim chamada "aposentadoria Riester" em
tuitas de alta qualidade para fins de fomento dessas crian- 2001, todos os assalariados "se defrontam com regulamen-
ças. Devemos investir igualmente na "Escola com Qualidade", tações alteradas do Direito Previdenciário e o convite à contra-
quer dizer, em escolas nas quais os alunos fiquem o dia in- tação de um plano de previdência privada. Ao mesmo tem-
teiro, pratiquem mais o aprendizado em conjunto e contem po, essas reformas estão expostas a novas regulamentações
com um maior número de professores bem formados e equi- e reestruturações do seu entorno de trabalho, que lhes difi-
pes multiprofissionais, mas também com aprendizado indivi- cultam atender às novas exigências e formular pretensões in-
dualizado e ofertas de apoio. Na formação profissionalizante dividuais diante do sistema de proteção da terceira idade"
também há uma demanda de melhoria. Em vez de medidas (Schulz/Blank 2015, 32). Apesar dessas reformas, teme-se que
do sistema de transição, os jovens necessitam de uma forma- a pobreza na terceira idade deverá retornar como um pro-
ção qualificada no assim chamado 'sistema dual', que deveria blema social amplamente difundido. Tal temor assenta, por um
ser acompanhada no caso de demanda de fomento (por lado, na redução do nível dos benefícios pagos pelo seguro-
exemplo, na forma de uma formação assistida ou com ajuda aposentadoria, efetuada para limitar futuramente o aumento
de agências de colocação de adolescentes no mercado de das alíquotas de contribuição. Por outro lado, podemos cons-
trabalho). É necessária uma garantia de formação profissiona- tatar a ocorrência de biografias profissionais crescentemente
lizante para cada adolescente - por meio da garantia de va- descontinuadas. Nelas, as fases de desemprego, subempre-
gas de formação profissionalizante nas próprias empresas go e/ou estatuto precário de profissional autônomo, resultam
e programas educacionais de reforço para regiões com um em pretensões de direito menores diante da previdência so-
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> >
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significa evitar doenças onde possível. Por isso a prevenção ressonância onde o aparato estatal deixa lacunas, ou onde
deve ser fortalecida e melhor integrada no cotidiano concreto determinados grupos-alvo não podem ser acessados. Esten-
das pessoas, por exemplo, no trabalho, na escola e nas cre- dem-se de creches a cursos de idiomas, passando por pro-
ches. Além disso, a reabilitação médica deve ser ampliada, para gramas para adolescentes. Tais projetos não podem fracassar
evitar, na medida do possível, a incapacidade de exercer a em virtude da infraestrutura deficiente ou da falta de recur-
profissão ou mesmo a necessidade de cuidados especiais. As sos materiais. Aqui importa criar condições confiáveis de en-
duas medidas ajudam também a reduzir os custos do aten- torno para um trabalho centrado em projetos de longo pra-
dimento. zo, mediante a oferta de espaços e recursos materiais, bem
Um sistema solidário de saúde e cuidados deve, no entan- como ofertas de qualificação e informação.
to, também informar melhor os pacientes, as pessoas neces- A disponibilização de um número suficiente de vagas em
sitadas de cuidados especiais e seus familiares sobre terapias creches, possibilidades de formação continuada e vagas em
alternativas bem como sobre ofertas adicionais. Aqui as com- cursos de formação profissionalizante, representam um conjun-
panhias seguradoras, os médicos e as médicas, a federação, to de outros fatores para integrar as pessoas na sociedade.
os estados e os municípios precisam encontrar soluções. Subestimado com frequência, outro fator importante é a aber-
Mas não venceremos os desafios do sistema de saúde tura intercultural das nossas instituições públicas. Ela é tão
apenas com ajustes estruturais. O financiamento do nosso necessária quanto desejável. O objetivo da abertura intercul-
sistema de saúde deve ser aperfeiçoado, para que a elevada tural é a redução de obstáculos ao acesso de imigrantes e
qualidade de vida na nossa sociedade continue sendo pre- de seus descendentes. É necessário deslanchar um processo
servada e possa aumentar mais ainda no futuro. Um enfoque ativo para que um número maior de imigrantes e descendentes
importante consiste em financiar a prevenção como uma de imigrantes encontrem trabalho em instituições e participem
tarefa de toda a sociedade, com recursos oriundos da arre- da formação da vontade política em organizações políticas.
cadação de tributos e não com as contribuições às compa- O sucesso da nossa democracia depende de que imigrantes
nhias seguradoras. O seguro contra doenças e para cuidados e seus descendentes se engajem politicamente. A abertura
especiais deveria também voltar a ser financiado de modo intercultural de instituições e organizações pode permitir a
solidário e paritariamente pelos trabalhadores e pelos empre- redução de déficits de informação e barreiras comportamen-
gadores. Outro passo urgente é a introdução de um seguro tais, para possibilitar processos de aprendizagem que reajam
cidadão com financiamento paritário, no qual os trabalhado- à multiplicidade cultural da nossa sociedade.
res, os profissionais autônomos, os profissionais liberais e os A integração inicia também no espaço habitacional. Um
funcionários públicos estão segurados solidariamente. Em uma quarteirão misto não reflete apenas a nossa sociedade, mas
sociedade, na qual um número crescente de pessoas financia contribui também para a integração. A carência de moradias
o seu sustento com rendimentos do trabalho e de capitais impõe a criação de novos espaços habitacionais a preços
empregados, os rendimentos de capitais também deveriam acessíveis. Mas isso não deve fazer com que determinados
ser onerados para o financiamento do sistema de saúde. grupos ou camadas sociais sejam expulsos da cidade. Um
quarteirão misto oferece espaço de vida para pessoas dife-
rentes e contribui assim para a integração.
2.4 A INTEGRAÇÃO POSSIBILITA A JUSTIÇA O acesso ao trabalho é de essencial importância. Diplomas
E UM ALTO RENDIMENTO devem ser reconhecidos, o ingresso no mercado de trabalho
não deveria ser retardado. Um agenciamento melhor de vagas
A integração garante e consolida a coesão social. Quem está em cursos de formação profissionalizante em empresas e de
bem integrado percebe-se como parte valiosa do seu entor- empregos resulta em melhor aproveitamento de potenciais
no. Isso vale para pessoas de baixa renda, tanto quanto para econômicos. Possibilidades de formação continuada oferecem
pessoas mais idosas, para migrantes e para refugiados. Sem empregos mais qualificados e novas oportunidades de ascen-
uma integração bem-sucedida não pode haver participação são. Na integração de refugiados partiu-se até agora da hipó-
política ou social. Mas para que as pessoas possam ser in- tese de que a formação profissionalizante dura 6,5 anos, uma
cluídas com direitos iguais em todas as esferas da vida públi- vez que um elevado nível de domínio do idioma alemão se
ca, diversos pré-requisitos deverão ter sido cumpridos. faz necessário. Esse processo deve ser otimizado, para permi-
A educação tem um significado especial em vários senti- tir um rápido ingresso na atividade profissional. Um atraso
dos. Apenas por isso o acesso a ela deveria ser franqueado a importaria também em uma integração mais lenta. Todas es-
todas as pessoas. Aqui vale o seguinte: a educação vai além sas exigências acarretam despesas, mas medidas bem-suce-
dos preparativos para uma vida profissional exitosa. As diver- didas de fomento da integração ajudam a evitar ônus finan-
sas instituições educacionais percorridas ao longo da vida ceiros futuros do Estado e dos contribuintes, resultantes do
devem possibilitar o aprendizado intercultural, devem habili- aumento das contribuições à Previdência Social. A integração
tar a pessoa para interagir de modo adequado com outras bem-sucedida possibilita, ao mesmo tempo, a justiça, o ele-
culturas. Como aproximadamente 20% dos habitantes da vado rendimento do sistema, e o bem-estar para todos.
Alemanha são imigrantes ou deles descendem, a aquisição
de tais competências interculturais é de decisiva importância
para fazer justiça às exigências da nossa sociedade.
Projetos de integração de associações beneficentes, so-
ciedades e cidadãos e cidadãs deveriam ser apoiados e fo-
mentados. As ofertas são múltiplas e encontram amiúde
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2.5 A INFRAESTRUTURA POSSIBILITA O regressiva nas últimas décadas. Como os efeitos econômicos
BEM-ESTAR E CAPACIDADE DE ENFRENTAR positivos de investimentos públicos são especialmente fortes,
O FUTURO tanto no curto quanto no longo prazo, o aumento dos inves-
timentos se faz necessário. Aqui os efeitos positivos não se
No cotejo internacional, a Alemanha dispõe de uma infraes- limitam à área tradicional da infraestrutura. De especial im-
trutura relativamente boa. Ocorre que nos últimos anos a portância são justamente investimentos públicos na infraes-
sua qualidade caiu sensivelmente. Tal avaliação é confirmada trutura ecológica (energias renováveis, saneamento energético
tanto pelo Fundo Monetário Internacional (IMF 2014: 79-81) de prédios e transporte público) bem como na informatização.
quanto por uma comissão de peritos para o fortalecimento Compreendemos a política financeira estruturante sempre
dos investimentos na Alemanha, cujo relatório foi apresenta- como política viabilizadora, que por meio de investimentos
do em 2015. Ambos constataram uma considerável deman- direcionados aumenta a qualidade de vida de todas as pes-
da por investimentos. Essa evolução tem suas razões de ser: soas e ao mesmo tempo os potenciais de rendimento da eco-
a cota de investimentos não apenas regrediu fortemente nomia nacional.
nas últimas décadas, mas os investimentos líquidos realizados Por isso se faz necessária, ao lado das reformas na seleção
pelo Estado em todos os seus níveis, com frequência, foram bem como no direcionamento dos investimentos, sobretudo,
negativos nos últimos quinze anos (os investimentos líquidos uma sólida base de financiamento, que assegure em propor-
municipais são negativos desde 2003). Disso resultou no ções iguais a preservação da infraestrutura existente e a cria-
plano da infraestrutura, uma situação que exige soluções ur- ção de novas infraestruturas.
gentes, inclusive em termos de política financeira, pois o
simples impedimento de uma continuada deterioração da
infraestrutura existente importa por um longo período em 2.6 A JUSTIÇA DE GÊNERO POSSIBILITA A
uma demanda de investimentos bilionários na casa de dois PARTICIPAÇÃO E PROSPERIDADE
dígitos. Se, além disso, a política financeira adotar uma estra-
tégia ofensiva com vistas ao futuro nas áreas da infraestrutu- O Estado dispõe de numerosos instrumentos de fomento da
ra ecológica e informatização, as demandas de investimen- igualdade de gênero. Eles abrangem desde regulações e pres-
tos experimentarão um forte aumento adicional. crições legais (por exemplo, o direito ao tempo parcial de
Não se nega aqui que uma infraestrutura pública de alto trabalho dos pais, para que eles possam se dedicar à educa-
rendimento constitui um pressuposto econômico importante ção dos filhos, ou meses não-transmissíveis de licenças de
do bem-estar e do pleno emprego, pois a maioria dos pro- paternidade/maternidade para o segundo cônjuge, pai da
cessos produtivos depende do estoque de capital público em criança) até apelos morais (por exemplo às empresas para a
infraestrutura. Por isso investimentos públicos nessa área pro- criação de condições de entorno favoráveis a trabalhadores
duzem um efeito direto no aumento da produtividade e do com vínculos familiares) e auto-obrigações voluntárias das
crescimento (IMF 2014). Isso vale especialmente para as áreas empresas (por exemplo na reserva da cota de mulheres em
centrais da infraestrutura de tráfego (estradas, rodovias, rede posições de liderança), passando pela informação (por exem-
ferroviária, portos, aeroportos), sistemas de comunicação, bem plo sobre possibilidades de escolha da profissão). Tais regula-
como abastecimento energético. A infraestrutura pública é ções e prescrições legais têm vinculação e eficácias distintas.
um fator imprescindível de produção. Por isso investimentos Mas o poder público influi também com sua política financei-
públicos sempre atraem investimentos adicionais privados e ra de modo relevante na equiparação de homens e mulheres.
criam uma oferta adicional de empregos. Com frequência, in- Com cotas estatais, que no longo prazo se movem entre
vestimentos de reposição podem ser aqui tão produtivos 40 e 45% do Produto Interno Bruto, o setor público na Ale-
como investimentos de ampliação. Do ponto de vista empíri- manha produz, por meio das suas receitas e despesas, efeitos
co, a abrangência dos efeitos econômicos de investimentos consideráveis (intencionados ou não), específicos para os gê-
públicos em infraestrutura é matéria controversa. No entanto, neros. Eles dizem respeito ao uso da mão-de-obra humana
metaestudos atuais mostram rendimentos muito elevados, (dimensão da alocação) e da distribuição da renda (dimensão
no longo prazo, de investimentos públicos (IMF 2014: 86; Bom/ distributiva). Aqui o Estado dispõe de um grande potencial
Ligthart 2014: 907-908). Adicionalmente aos efeitos positi- de política financeira para fomentar a equiparação de homens
vos de longo prazo no plano da oferta, é necessário incluir e mulheres. Para uma política financeira que faça jus às ne-
também os efeitos de curto prazo na demanda. Em princípio cessidades dos gêneros, é de especial importância eliminar
sempre houve um amplo consenso acerca do fato de que déficits na participação econômica e social de mulheres, com
medidas no plano dos investimentos públicos em infraestru- relação aos homens. Aqui importa ver que déficits de equi-
tura são o instrumento de política fiscal com o efeito multi- paração, referentes ao trabalho remunerado e aos rendimen-
plicador mais elevado. Tal estimativa foi confirmada também tos auferidos no trabalho, se manifestam de forma distinta.
no âmbito da discussão mais recente sobre multiplicadores Por um lado, consistem na continuada distribuição desigual
(cf. Gecher 2015). Justamente diante do fundo da crise atual dos gêneros em planos hierárquicos distintos, por outro, tais
no espaço geográfico do euro (política monetária por um déficits se estabilizam em profissões distintas. Isso vem acom-
bom tempo no limite da taxa de juros de 0%) mostrou-se que panhado de uma distribuição desigual do trabalho não re-
os multiplicadores fiscais são elevados. É provável que ultra- munerado em casa, dos rendimentos disponíveis e do patri-
passem claramente 1%. mônio, a expensas das mulheres.
Por isso não se pode aceitar que a atividade de investi- Ocorre que déficits de equiparação, que demandam uma
mentos do setor público tenha experimentado uma evolução reconfiguração da política financeira, existem também da
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A política financeira estruturante é uma política de viabiliza- das de forma equivocada. Sempre ocorrem decisões falhas e
ção. A sua pretensão é assegurar a igualdade de oportunida- comportamentos topicamente contrários ao uso parcimonio-
des, a justiça social e a coesão social, aumentar por meio de so dos recursos. Diversas instituições servem ao objetivo de
investimentos direcionados a qualidade de vida de todas as limitar tais desvios na maior escala possível. Mencionemos,
pessoas, e ao mesmo tempo os potenciais de rendimento da mais especificamente, o parlamento, os tribunais de contas, o
economia nacional. Ao mesmo tempo o desenvolvimento sus- Conselho de Estabilidade e conselhos independentes. Reexa-
tentável das perspectivas econômicas e sociais deve ter a pre- minar sempre a alocação dos recursos públicos e otimizá-la
tensão de preservar os fundamentos naturais da nossa vida. nessa via é um elemento imprescindível da política financeira
Já vimos quais são os desafios e déficits atuais nos cam- estruturante. Por isso é importante que os homens e as mu-
pos políticos da educação, aposentadoria, saúde, integração, lheres responsáveis pelas decisões políticas percebam e exer-
infraestrutura e justiça de gênero. Ao mesmo tempo isso çam aqui a sua responsabilidade e efetuem esse reexame da
permitiu mostrar a necessidade de uma política financeira utilização dos recursos públicos por meio de investigações
estruturante e das exigências a serem formuladas para ela. internas bem como externas, comparações entre os estados
Nas seções subsequentes indicaremos as margens de atua- da federação e comparações entre os municípios.
ção das quais a política financeira dispõe, e como podemos De igual importância é, contudo, que o Estado seja finan-
tirar partido delas. Formularemos e discutiremos recomenda- ciado suficientemente tanto na sua totalidade quanto nas suas
ções concretas para as áreas centrais da política financeira partes, quer dizer, em todas as entidades territoriais de direito
estruturante. público. Somente assim se pode assegurar que as decisões
sejam tomadas de forma ajustada ao caso concreto e as tare-
fas públicas advenientes cumpridas de forma adequada. Além
3.1 AUMENTAR A PRODUTIVIDADE DA disso, a aceitação da sociedade politicamente organizada ex-
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA perimenta uma queda quando os recursos públicos são gastos
de forma ineficiente e contrária à vontade da maioria. Impor-
A política financeira deve melhorar continuamente a vida do ta disponibilizar a todas as pessoas em qualidade e quantida-
maior número possível de pessoas. São necessários, para de suficientes, a educação, a assistência social da parte do
tanto, um crescimento econômico constante e ecologicamente Estado, a segurança pública, a participação e outras coisas
sustentável, um elevado índice de emprego e uma remune- mais. Para tanto, se faz necessário evitar ineficiências e o fi-
ração adequada. Aumentos contínuos da renda de todos os nanciamento insuficiente no setor público.
assalariados não acarretariam apenas o crescimento do bem-
estar individual, mas melhorariam também a base de cálculo
para o financiamento dos benefícios oferecidos pelo Estado. O ESTADO ENQUANTO MOTOR DE INOVAÇÃO
O Estado se vê chamado a criar, por meio de um quadro E CRESCIMENTO
apropriado de ordenamento e da infraestrutura pública, os
fundamentos do crescimento, do emprego e da remunera- A economia é impulsionada por mercados livres, jovens e
ção justa. inventores e capital de risco. O Estado só perturba esse
processo, devendo ser reprimido. Esse supremo artigo de
Examinar e otimizar permanentemente a utilização de fé do neoliberalismo é repetido há décadas como um
recursos públicos mantra – mas será que ele também é verdadeiro? A eco-
> >
nomista Mariana Mazzucato, que pesquisa sobre a liga- de longo prazo e seguros. Por outro lado, financiadores e
ção entre inovação e crescimento, prova o contrário no fornecedores privados, de capitais de risco temem clara-
seu livro "O capital do Estado: Uma outra história da ino- mente mais o risco. Raciocinam e agem bem mais no curto
vação e do crescimento". Desmascara os mitos dos ato- prazo, quando tomam decisões referentes a investimentos.
res estatais e privados e repõe, com isso, no seu devido Por conseguinte, os problemas não surgem por causa
lugar a discussão atual sobre o futuro da economia e o do tamanho excessivo do Estado, mas porque o Estado
papel do Estado: quando e onde quer que inovações tec- não investe suficientemente e não implementa nenhuma
nológicas importantes resultaram em surtos de desen- política de financiamento no longo prazo. Por isso meras
volvimento econômico e bem-estar, a mão de um Estado medidas de austeridade ou uma política de finanças equi-
ativo interferiu decisivamente. Da eletrificação até a inter- libradas [Politik der schwarzen Null] não solucionam os
net, o motor do desenvolvimento, muitas vezes até o mo- problemas. Nenhum país jamais experimentou um cresci-
mento do lançamento no mercado, sempre foi o Estado. mento sustentável sem investir, fortemente, em áreas
Aprecia-se a referência aos EUA, cujo modelo econô- centrais como na educação e formação profissionalizante,
mico seria "mais empresarial" do que em muitas outras pesquisa e desenvolvimento. Em combinação com o sis-
partes do mundo. Os fornecedores de capitais de risco as- tema de inovação, tais despesas definem a competitivi-
sumiriam nesse país o financiamento altamente arriscado dade e o aumento do bem-estar. Por isso uma política
de inventores geniais de garagens e fundos de quintais, financeira estruturante deve investir nessas áreas e nes-
que assim teriam condições de dedicar-se a inovações. sas estruturas.
Por isso o modelo econômico estadunidense seria mais Tais descobertas produzem implicações relevantes para
exitoso, também por ser definido mais por livres mercados. a política tributária. O Estado deveria ser reticente com
Uma análise mais acurada mostra, porém, o contrário. reduções da carga tributária, pois nelas, não importa se
Novas tecnologias revolucionárias, que impulsionaram o incidentes sobre rendimentos de capital ou se concedi-
capitalismo nas décadas e nos séculos pregressos, devem das com vistas à redução dos custos da pesquisa e do
ser creditadas decisivamente a investimentos estatais. Não desenvolvimento, pressupõe-se erroneamente que o se-
importa de que se trate, se de computadores, internet, tor privado esteja disposto e em condições de investir.
nanotecnologia, biotecnologia ou energias verdes: muitas Mazzucato mostra, porém, que esse somente é o caso
vezes foi o Estado, nos EUA e na Europa, que ousara pen- quando o Estado dá o bom exemplo e assume os riscos
sar o impossível apesar de todas as adversidades, que iniciais. Necessita-se, portanto, de uma onda de financia-
fora o primeiro a assumir riscos, estabelecera instituições mento estatal, na qual o capital de risco possa "surfar".
de pesquisa e redes de pesquisadores e investira maci- Em tal situação impostos mais reduzidos não produzem
çamente no desenvolvimento de novas tecnologias. Em nenhum efeito, mas oneram somente o orçamento públi-
contrapartida, empresas privadas ou fornecedores priva- co. O Estado perde assim recursos, dos quais ele carece
dos de capitais de risco quase sempre entraram no jogo para desenvolver, financiar e canalizar idéias, tecnologias
bem mais tarde, somente depois do Estado ter financia- e produtos visionários.
do as partes mais arriscadas e de maior intensidade de De acordo com Mazzucato, é de importância decisiva
capital do processo de desenvolvimento e lucros de cur- para a evolução da economia reconhecer que o Estado,
to ou médio prazo apareciam no horizonte. enquanto ator ativo, muitas vezes é o primeiro a criar e
A verdadeira história por trás do surgimento de muitas configurar mercados, sobretudo em áreas carentes de
tecnologias inovadoras não é, portanto, um Estado que grandes aportes de capital e nas quais a tecnologia e as
se manteve fora da economia. Foi o Estado ativo e visio- oportunidades de mercado ainda são incertas. Somente
nário, disposto a assumir riscos, que assumiu riscos con- se enfatizarmos e reconhecermos o papel central do Es-
sideráveis como investidor e inovador e alocou recursos tado enquanto instância relevante da assunção de riscos
financeiros maciços para investir na pesquisa de base e e de inovação existirá a possibilidade de evitar que os
na pesquisa aplicada. Em alguns casos tais investimentos riscos e custos de inovações financiadas com impostos
públicos chegaram a fomentar financeiramente empresas sejam socializados, quer dizer, suportados pela sociedade,
na fase de startup e comercialização de novas tecnologias ao passo que os rendimentos e os lucros sejam privatiza-
e novos produtos. dos e beneficiem somente poucas pessoas.
Assim, as inovações e crescimento sustentável não ad- Deve-se, por conseguinte, assegurar que alguns mon-
virão, segundo Mazzucato, de fornecedores privados de tantes sejam reembolsados ao Erário ou ao "fundo de ino-
capitais de risco ou da Bolsa de Valores, mas muito antes vação" mantido pelo Estado, para que se possa financiar
de um Estado, que usa seu capital e impulsiona tecnolo- a próxima rodada do progresso tecnológico. Ocorre que
gias promissoras com largo fôlego, pois à diferença de o sistema tributário atual não prevê tais reembolsos, pois
empresários privados, o Estado pode assumir riscos ele- grupos econômicos globais (transnacionais), que devem
vados e oferecer financiamentos de alto risco, mas também os seus produtos direta ou indiretamente à pesquisa sub-
> >
POLÍTICA FINANCEIRA ESTRUTURANTE 13
> >
mas nos últimos anos ocorreu um renascimento dos ob- ca de redistribuição devem ser levados em conta como
jetivos da justiça tributária e da distribuição. no passado. Especialmente em virtude de efeitos poten-
Em primeiro lugar, o visível aumento da desigualdade cialmente negativos sobre os estímulos e as localizações
de renda e patrimonial, observável na maioria dos países de investimentos, uma política tributária e financeira de
desenvolvidos (OCDE) nas últimas décadas, reforçou a orientação redistributivista não pode negligenciar limites
consciência do problema. sociais de aceitação. No entanto, mesmo a partir dessa
Em segundo lugar, as análises dos efeitos sociais ne- perspectiva, as margens de ação para uma redistribuição
gativos da elevada desigualdade passaram ao centro do com meios de política tributária devem ter aumentado
debate. Assim uma forte distribuição desigual pode estar nos últimos anos (Bach et al. 2016; Godar/Truger 2016).
associada a externalidades sociais e políticas negativas, Por um lado, a pressão à consolidação levou, nos erários
quando detentores de grandes patrimônios ganham tam- de muitos países, a uma redução da guerra fiscal inter-
bém uma influência política considerável por meio do seu nacional. Por outro, a luta contra a elisão fiscal internacio-
poder econômico (cf. Bach 2013: 90 s.). Além disso, resul- nal foi consideravelmente reforçada nos tempos mais
tados de pesquisas mais recentes sugerem que um grande recentes.
número de problemas sociais e individuais urgentes (por
exemplo, a criminalidade, obesidade, doenças psíquicas)
aumenta com o grau da desigualdade econômica (Wil-
kinson/Pickett 2010). A consecução do objetivo da justiça e da distribuição
Em terceiro lugar aumenta há alguns anos o número é uma tarefa transversal
de indícios de que não existe - como se supõe muitas
vezes - um conflito fundamental entre os objetivos da A consecução do objetivo da justiça e da distribuição coloca
justiça distributiva, por um lado, e o nível de emprego, a política financeira estruturante diante de grandes desafios,
de outro, mas que a crescente desigualdade, muito pelo pois na Alemanha não existe apenas uma elevada desigual-
contrário, é um sério obstáculo ao crescimento (IMF 2014; dade patrimonial, mas a desigualdade na distribuição da ren-
OCDE 2015). Assim já se verificou em estudos empíricos, da aumentou tendencialmente com nitidez. Trata-se aqui, no
tanto do FMI quanto da OCDE, que um grau elevado de entanto, de uma tarefa transversal nos campos da política
desigualdade na distribuição das rendas disponíveis, vem social e econômica, que não pode ser enfrentada apenas pela
sistematicamente acompanhado com taxas reduzidas de política financeira (Atkinson 2016). Justamente a produção
crescimento. A OCDE identifica como perniciosa, sobretu- da justiça nos benefícios carece de uma decidida política na
do, a desigualdade na extremidade inferior da escala da regulamentação da concorrência e do mercado de trabalho.
distribuição da renda e remete às menores oportunidades Por sua vez, a política salarial e, por fim, o seu marco legal,
de educação e formação da personalidade, que no pólo desempenham um papel essencial na definição da distribui-
da oferta conduziriam à produtividade e crescimento me- ção primária e com isso na redução da elevada desigualda-
nores. No pólo da demanda uma desigualdade maior po- de dos rendimentos de mercado. A implementação do salá-
derá produzir efeitos negativos sobre taxas distintas de rio mínimo foi uma tarefa importante. Mas o fato de que
poupança, específicas para o rendimento. Como famílias diferentes áreas da política produzem efeitos conjuntos no
ricas têm uma taxa de poupança mais elevada do que fa- objetivo da justiça não pode fazer com que algumas áreas
mílias mais pobres, diferenças crescentes de renda e pa- individuais se furtem à sua responsabilidade, à medida que
trimônio resultam em um consumo privado menor e com remanescem inativas e identificam a demanda de medidas
isso em uma demanda total mais fraca. Entrementes o apenas nas respectivas outras áreas. Somente se todas as
aumento internacional da desigualdade de renda em com- áreas da política cooperarem, decididamente será possível
binação com mercados financeiros desregulamentados assegurar a justiça e a estabilidade econômica e social. Isso
é identificado diante dos crescentes desequilíbrios do co- significa também que benefícios financiados pelo setor pú
mércio exterior também como uma causa essencial ou blico também devem ser fortalecidos como elementos ga-
um fator essencial de reforço das crises financeira e eco- rantidores da produtividade e estabilidade.
nômica globais (Fitoussi/Stiglitz 2009; Kumhof et al.
2012; Rajan 2010; van Treeck 2014). Direcionar o sistema tributário de modo mais coerente
Tudo somado, o objetivo da tributação com vistas à segundo o princípio da capacidade contributiva
política distributiva experimenta uma valoração nitida-
mente positiva nas novas análises e descobertas. Uma Uma distribuição muito desigual da renda e do patrimônio
distribuição mais uniforme da renda não é mais desejável contradiz as representações mentais de justiça social. Do pon-
apenas por razões de compensação de desequilíbrios to de vista da política tributária, o princípio da capacidade
sociais. Muito pelo contrário, ela apóia também o cresci- contributiva exige, de resto, uma tributação progressiva, pois
mento econômico. Ao mesmo tempo, os limites da políti- ombros largos e fortes devem suportar maiores ônus do que
ombros estreitos e fracos. Se a distribuição efetiva da renda
> e do patrimônio e a política tributária violam fortemente no
médio e longo prazo as nossas representações mentais da
POLÍTICA FINANCEIRA ESTRUTURANTE 15
justiça, a assim chamada coesão social estará ameaçada e a venda em detrimento das receitas oriundas do trabalho, bem
confiança genérica na atuação do Estado, bem como a de- como alíquotas máximas decrescentes (Godar/Truger 2016).
mocracia, sofrerão uma erosão. Por isso o sistema tributário Mas com o intercâmbio de informações desaparece o único
deveria ser reorientado de modo mais coerente na direção argumento em favor do tratamento privilegiado de ganhos
da concretização do princípio da capacidade contributiva: um de capital, a saber, a tentativa de mantê-los por meio de alí-
imposto referido ao patrimônio deveria tentar alcançar uma quotas mais baixas no país, para que eles não sejam transfe-
distribuição mais justa de patrimônios herdados em até 80%. ridos ao largo do fisco para o exterior por causa de condições
mais favoráveis. Por isso o imposto liberatório, introduzido em
Combater a evasão fiscal nos planos nacional 2008, deveria ser abolido e os ganhos de capital deveriam
e internacional voltar a ser tributados progressivamente, exatamente como
as outras espécies de rendimentos, mediante consideração da
Para essa orientação o combate à elisão fiscal, sonegação e oneração fiscal prévia dos dividendos para o plano da em-
guerra fiscal se reveste de grande importância. Estratégias presa.
internacionais de elisão fiscal bem como de sonegação da
parte de pessoas físicas e empresas conduzem ao esvazia- Fortalecer a progressividade da alíquota do imposto
mento do princípio da capacidade contributiva e da intenção sobre a renda
redistributivista, a rigor já contida no próprio sistema tribu-
tário. Produzem também vantagens concorrenciais injustifica- A alíquota do imposto sobre a renda oferece inúmeras pos-
das para algumas grandes empresas de atuação internacional. sibilidades de correções corretivas centradas na política de
Por isso devem ser combatidas muito mais energicamente do distribuição. O assim chamado imposto sobre grandes fortu-
que até agora. Isso inicia no plano nacional com uma amplia- nas, por exemplo, é uma alíquota máxima mais majorada para
ção nítida da auditoria e investigação fiscal e se prolonga no rendimentos muito elevados, seria uma contribuição sensível
plano internacional com a defesa de tratados corresponden- para uma maior justiça tributária. Margens de ação para sen-
tes. Os acordos até agora obtidos referentes à troca de in- síveis desonerações dos rendimentos na faixa média e infe-
formações entre os órgãos fazendários bem como os acordos rior das alíquotas praticamente inexistem; seriam muito caras
contra a redução do lucro e a transferência do lucro (Base em termos fiscais e favoreceriam também os beneficiários
Erosion and Profit Shifting - BEPS) são os primeiros passos de rendimentos muito elevados.
importantes nessa direção. No entanto, subsistem lacunas.
Por isso necessitamos de registros de proprietários, controla- Dar o bom exemplo com a introdução de um imposto
dores e beneficiários de empresas, fundações e trusts. Rela- nacional sobre transações financeiras
ções comerciais com empresas fantasmas também devem ser
tornadas públicas. A Alemanha e o Ministério da Fazenda da Um imposto internacional sobre transações financeiras com
Alemanha devem dar o bom exemplo nessa área. ampla base de cálculo e alíquota reduzida (0,01 a 0,1%), inci-
dente sobre todas as transações financeiras, poderia produzir
Limitar a guerra fiscal tributária desleal por alíquotas um efeito sensível de monitoramento sobretudo no comér-
mínimas de impostos cio de alta frequência. Prestar-se-ia assim uma contribuição
substancial para o represamento da vergonhosa especulação
A simples implementação enérgica das medidas decididas e a estabilização dos mercados financeiros. Ao mesmo tem-
no plano do G20 contra a elisão fiscal internacional poria um po seria possível atingir na Alemanha uma receita considerável
freio considerável na elisão fiscal e na sonegação. Carecemos, de dezenas de bilhões. A melhor solução seria a introdução
no entanto, de mais iniciativas para a harmonização interna- de um imposto sobre transações financeiras em nível global.
cional dos impostos. A guerra fiscal tributária foi apenas frea- Mas a simples implementação enérgica do modelo desenvol-
da no curto prazo pela crise econômica e financeira global. vido na União Européia em dez Estados-membro já seria um
Antes as alíquotas médias dos impostos caíram regularmen grande progresso. E mesmo se essa implementação também
te nas empresas, e isso em escala mundial. Por conseguinte, fracassasse, um imposto adequadamente dimensionado sobre
parcelas consideráveis da arrecadação tributária ameaçam transações financeiras também poderia ser introduzido em
desaparecer simplesmente, uma vez que a receita de empre- iniciativa isolada da Alemanha no plano nacional. Os exemplos
sas e a receita dos lucros são privilegiadas tributariamente da França e da Itália mostram que o imposto pode ser intro-
no âmbito do imposto sobre a renda. Nessa medida alíquotas duzido com êxito também em países individuais e sem efeitos
mínimas são imperativas ao menos no plano da União Euro- negativos sensíveis sobre os mercados financeiros.
péia. No mais, uma base comum de cálculo do imposto de
renda da pessoa jurídica é uma necessidade urgente na União Usar mais as possibilidades de redistribuição de
Européia, para contra-arrestar efetivamente a elisão fiscal ma- impostos sobre o patrimônio
ciça de empresas.
Do ponto de vista da justiça distributiva, são relevantes entre
Abolir o imposto liberatório os impostos sobre o patrimônio, especialmente o imposto
propriamente dito sobre a propriedade, o imposto sucessório
No plano internacional, o imposto de renda foi fortemente e o imposto sobre doações. Especialmente o imposto sobre
definido por duas tendências: a assim chamada dualização, a propriedade poderia, de acordo com cálculos mais recentes
isto é, o tratamento privilegiado dos juros e dos lucros de do DIW (Bach et al. 2016), gerar uma receita elevada, bem
FRIEDRICH-EBERT-STIFTUNG 16
Robustecer a regra contra o endividamento para Aproveitar a Regra Áurea para investimentos públicos
o futuro
A introdução da Regra Áurea poderia ser um elemento es-
A antiga regra contra o endividamento, contida na Lei Funda- sencial para a ampliação e estabilização dos investimentos
mental, foi ineficiente em termos de política fiscal e macro públicos, a ser atingida no médio e longo prazo (Truger 2015).
economia: era suscetível a estratégias (por exemplo, quando Amplamente aceita na bibliografia especializada em Ciências
ocorre uma perturbação do equilibro da economia nacional), Financeiras, ela permite o financiamento de investimentos
e economicamente questionável (por exemplo, utilização do públicos líquidos, quer dizer, o aumento do estoque de capi-
conceito "cameralista" de investimentos ou negligência do tal público, por meio do déficit orçamentário. Para evitar um
consumo de valores). Por isso ela não pôde contribuir nem a conflito dessa Regra Áurea para investimentos públicos com
uma consolidação sustentável nem a um financiamento eco- o objetivo da estabilização da relação entre a dívida pública
nomicamente aceitável do crédito de investimentos rentáveis e o PIB em 60% do PIB, dever-se-ia fixar um limite máximo
para a economia nacional. para os investimentos líquidos dedutíveis no montante de,
Em contrapartida, a nova regra da Lei Fundamental contra por exemplo, 1 a 1,5% do PIB. Atender-se-ia com isso ao mes-
o endividamento coloca a ideia da consolidação no centro. mo tempo às exigências da justiça intergeracional e do cres-
À federação, ela permite o financiamento a crédito até 0,35% cimento econômico, pois investimentos públicos aumentam
do PIB; aos estados, a partir de 2020 o financiamento a cré- o estoque do capital público e produzem destarte um cresci-
dito até 0% do PIB. Com isso os estados não mais podem con- mento maior em benefício também das gerações futuras. Por
tratar novos créditos a partir de 2020. Por um lado, a nova essa razão é apenas lógico mobilizá-los no financiamento do
regra contra o endividamento prevê, em limites restritivos, para serviço da dívida. Se a possibilidade do financiamento por in-
a federação e os estados exceções da proibição da contrata- termédio de crédito inexiste por falta da Regra Áurea, as ge-
ção de créditos, por exemplo, em períodos recessivos ou em rações atuais devem assumir o ônus total, o que leva a um su-
situações de emergência social. Com isso, porém, a ideia da babastecimento de bens públicos - e com isso também a um
consolidação aceita como contrapartida inevitável um desgas- crescimento menor. Justamente os cortes drásticos nos inves-
te crescente da infraestrutura às expensas das gerações fu- timentos durante a crise mais recente no espaço do euro con-
turas. Negligencia-se o fato de que investimentos financiados firmam essa observação.
com créditos contratados no presente podem aumentar o
bem-estar de gerações futuras. Justamente em tempos de Definir como investimentos todas as despesas estatais
juros extremamente baixos a potencial perda de valor de bem- com elevada utilidade futura
estar diante da predominante demanda por investimentos
públicos é particularmente grave. Do ponto de vista econômico, deveriam ser definidas como
O fato de que uma regra contra o endividamento, ade- investimentos, todas as despesas estatais geradoras de uma
quada do ponto de vista da política de crescimento, mas ao considerável utilidade futura na forma de um crescimento
mesmo tempo não suscetível a estratégias, seja exigente em maior ou de custos evitados. Por razões pragmáticas poder-
termos de técnica legislativa, não pode justificar o não apro- se-ia usar num primeiro momento uma definição de investi-
veitamento de potenciais de crescimento ou bem-estar quan mentos líquidos implementável com rapidez em termos
titativos ou qualitativos. Em princípio, o fato das regras alemãs técnicos, no sentido das contas gerais da economia nacional,
contra o endividamento não poderem ser dissociadas do pac- menos os gastos no setor militar (eventualmente mais os
to fiscal europeu não deveria obviar uma reforma. Justamente subsídios aos investimentos do setor privado). Os investimen-
no caso da crise do euro verificou-se que uma política finan- tos líquidos assim definidos deveriam então ser subtraídos
ceira, fixada apenas na consolidação indiferenciada e, em últi- dos números centrais do déficit do Pacto Europeu em prol da
ma análise, na política de estímulo da oferta, é insuficiente em Estabilidade e do Crescimento e do pacto fiscal bem como
termos macroeconômicos para uma superação eficaz da crise. do respectivo freio constitucional ao crescimento da dívida
Por isso uma regra reformada contra o endividamento se pública. Com isso os investimentos públicos seriam protegi-
faz necessária. Por um lado, ela deve conceder prioridade dos contra cortes, e aumentos dos investimentos seriam pos-
máxima a finanças públicas consolidadas. Mas ela deve, ao sibilitados. Com o passar do tempo a definição de investi-
mesmo tempo, conter numa regra ampliada de financiamen- mento poderia ser melhorada em termos técnicos e estatísticos
to por créditos, que permita um financiamento por créditos e possivelmente conter em delimitação adequada outras
eficiente do ponto de vista da economia nacional e ao mes- despesas públicas, como por exemplo, na área da educação.
mo tempo limitado, desde que um financiamento com impos- O esforço político seria considerável em virtude das necessá-
tos não mereça a preferência por razões atinentes à econo- rias alterações do quadro legal, mas valeria a pena. Afinal de
mia nacional. Isso vale para diversas despesas do Estado, cujo contas, está em jogo nada menos do que a correção de uma
financiamento a crédito gera um maior estoque de capitais construção econômica falha no corpo das regras existentes.
no futuro, como por exemplo, nas áreas da infraestrutura, edu-
cação e pesquisa. Nesse contexto devemos pensar então - Financiar investimentos públicos com bancos de fomento
diferentemente do que se pensou até agora - sobre obrigações
para o impedimento do consumo de valores (investimentos Outra possibilidade do financiamento de investimentos mu-
em manutenção, ajustados aos períodos), sobre obrigações nicipais (e privados) consiste na ampliação de programas de
(parciais) de reembolso e sobre o melhor impedimento de fomento já existentes ou na criação de novos programas de
custos sociais (deslocamentos de ônus entre as gerações). fomento da parte de bancos de fomento como a Kreditan
FRIEDRICH-EBERT-STIFTUNG 18
stalt für Wiederaufbau (KfW), o Banco Europeu de Investi- 3.4 APERFEIÇOAR AS RELAÇÕES FINANCEI-
mentos bem como os bancos estaduais. Tais programas são RAS ENTRE A FEDERAÇÃO E OS ESTADOS
fortemente demandados e provaram a sua utilidade, como
no âmbito dos pacotes conjunturais de combate à grande re- O federalismo alemão da Lei Fundamental baseia-se em me-
cessão. Como isso muitas vezes exige apenas um reduzido dida especial na teoria da democracia. Depois das experiên-
aumento dos valores dados em garantia, ou eventualmente, cias da República de Weimar pretendia-se colocar ao lado da
o serviço da dívida deve ser pago apenas em parte pelos separação horizontal, uma forte separação vertical dos po-
Erários, meios de investimento podem ser mobilizados em deres. Ocorre que um federalismo assim fundamentado so-
grande volume com ônus comparativamente reduzido para mente será aceito pelas populações nas diversas regiões de
os Erários. uma federação, se elas puderem esperar condições de vida
aproximadamente iguais. Isso, por sua vez, pressupõe um me-
Evitar parcerias público-privadas para o financiamento canismo de compensação financeira em boas condições de
funcionamento no plano federal, que garanta a todas as en-
As assim chamadas parcerias público-privadas (PPPs) consti- tidades territoriais de direito público uma dotação financeira
tuem um instrumento muito discutido para o financiamento adequada ao cumprimento das suas tarefas. No longo prazo,
de investimentos públicos. Investidores privados pré-financiam o compromisso encontrado pelos estados e pela federação
e realizam um investimento público, mais tarde disponibiliza- para a reforma da compensação financeira entre os estados,
do à entidade territorial de direito público, que o utiliza, contra não pode cumprir essas pretensões. Deve-se temer que os
remuneração e com a intenção da geração de lucros. Com acordos firmados mais fortaleçam do que enfraqueçam, no
isso a demanda de financiamento dos Erários cai no curto pra- longo prazo, as diferenças financeiras e também econômicas
zo. Ocorre que as experiências com a eficiência de longo prazo e culturais. As condições de vida das pessoas não se aproxi-
de tais modelos são decepcionantes, de modo que entremen- mam umas das outras, mas afastam-se ainda mais, justamen-
tes os tribunais de contas criticam a sua natureza antieconô- te também com relação às transformações das condições dos
mica. Tais riscos são ainda maiores por ocasião da constituição, estados entre si. Essa evolução é confirmada pelo relatório
no plano federal, de grandes sociedades de infraestrutura, de atual sobre as disparidades (Albrech et al. 2016). Por essa ra-
cujo financiamento investidores privados podem participar. zão reformas mais profundas se fazem necessárias aqui.
Genericamente, coloca-se em todos esses projetos de PPPs a
pergunta pela contabilização estatística das despesas adve- Condições de vida equivalentes exigem um mecanismo
nientes. Fossem elas contabilizadas integralmente nos Erários, solidário de compensação financeira
apesar da participação de investidores privados, elas não cria-
riam novas margens de atuação para os Erários. Na República Federal da Alemanha a coesão social é um bem
Por isso deve-se chamar por princípio a atenção ao fato elevado que não pode ser colocado em risco por um abismo
de que tanto os modelos de PPPs quanto a utilização de ban- crescente entre os estados individuais. Ocorre que nas décadas
cos de fomento pode ser em última instância uma forma de passadas o mecanismo vigente de compensação financeira
contornar regras orçamentárias, tais como, no plano europeu, entre os estados federados, em combinação com o freio cons-
o freio constitucional ao crescimento da dívida pública, ou titucional ao crescimento da dívida pública, ancorado na Lei
o Pacto Europeu em prol da Estabilidade e do Crescimento. Fundamental, não impediu, mas até reforçou uma concentra-
Ocorre que na medida em que as regras orçamentárias são ção crescente de atividades econômicas em um pequeno
excessivamente rígidas mesmo do ponto de vista econômico, número de pólos de crescimento. Em virtude da sua desigual
a sua violação - amiúde ineficiente - é apenas uma solução capacidade econômica e competitividade, bem como de
emergencial. Por isso uma reelaboração das regras fiscais eu- diferenças no desenvolvimento demográfico, os estados e mu-
ropéias e do freio constitucional ao crescimento da dívida nicípios dispõem hoje de uma capacidade financeira rema-
pública na Alemanha seria a solução mais racional. nescente muito distinta (Förster 2016), depois de descontados
os ônus prévios mais importantes (despesas com juros, des-
pesas com abastecimento). Assim, por exemplo, há entre a
Recomendações para ações de preservação e Baviera e a Baixa Saxônia um desnível de aproximadamente
ampliação da infraestrutura 500 euros por habitante. Entre a Baviera e o Estado do Sarre,
bem como entre Hamburgo e Bremen, esse desnível atinge
−− Aproveitar o limite máximo de contratação de créditos até o montante de aproximadamente 1.000 euros por habi-
para investimentos em infraestrutura; tante. Acrescem ainda ônus distintos no campo das despe-
−− Empenhar-se pelo aperfeiçoamento das regras fiscais sas sociais e previdenciárias. Elas também aumentam o abis-
européias e do freio constitucional ao crescimento da mo entre os estados e dos seus respectivos municípios no
dívida pública na Alemanha, com vistas a investimentos; tocante à sua capacidade financeira.
−− Definir como investimentos todas as despesas es- O relatório atual sobre as disparidades mostra que desen-
tatais com elevada vantagem futura; volvimentos espacialmente desiguais na Alemanha se conso-
−− Financiar complementarmente investimentos públicos lidam, e em parte, até aumentam (Albrech et al. 2016). Uma
por bancos de fomento; tarefa permanente da federação, ancorada na constituição,
−− Evitar parcerias público-privadas para o financiamento. consiste em possibilitar condições de vida equivalentes em
todo o território alemão. No futuro deveremos voltar a cum-
prir melhor essa tarefa. Por conseguinte, regiões financeira e
POLÍTICA FINANCEIRA ESTRUTURANTE 19
estruturalmente fracas serão apoiadas financeiramente tam- boração de um consenso não poderia ser aumentada com a
bém no futuro no âmbito de uma compensação solidária da criação de um procedimento arbitral, que poderia ser invo-
capacidade financeira e de uma política estruturante assumi- cado por ambas as partes, se apesar de obrigações (suposta
da por toda a federação. A estabilidade de toda a federação, ou efetivamente) alteradas no campo das despesas não se
daí resultante, é sinônimo de ganhos de bem-estar para to- chegasse a nenhuma solução consensual. Além das deman-
dos. das financeiras da política educacional, seria desejável que
Para o dimensionamento concreto das relações financei- dessa forma a transparência e conexidade na prática da polí-
ras entre a federação e os estados podemos imaginar duas tica financeira pudessem manifestar-se novamente com
soluções, expostas a seguir, em observância do postulado de maior vigor.
condições de vida equivalentes e da Lei de Padrões [Maß
stäbegesetz]. Transferir as dívidas dos estados integralmente à
federação
Redefinir a distribuição vertical da renda em caso de
deslocamentos A partir de 2020 a proibição de contratação de novas dívidas
da Lei Fundamental passará a valer para os Erários estaduais.
Há controvérsias quanto à funcionalidade da competência dos De acordo com uma estimativa atual, as dívidas dos estados
estados na política educacional. Porém, aqui é mais impor- terão chegado então a aproximadamente 567 bilhões de eu-
tante que a competência dos estados na política educacional ros. Graças à fase dos juros baixos até 2020, o ônus causado
esteja fundamentada mais na política de Estado do que na pelos juros aos Erários estaduais (em 2014: 16,1 bilhões de
economia. A fundamentação histórica do federalismo alemão euros) deverá baixar a aproximadamente 10 bilhões de euros.
confere aos estados por intermédio do Conselho Federal uma Por enquanto, os riscos de alteração dos juros não desempe-
posição desproporcionalmente forte no processo legislativo. nharão um papel demasiado importante, em caso da garantia
Tal posição forte implica que os governos estaduais e seus do nível extremamente baixo da taxa atual de juros no longo
parlamentos não deveriam ser apenas unidades administra- prazo e de uma desistência de um reendividamento líquido.
tivas similares a governos regionais, mas entes legislativos Embora os gastos com juros pareçam ser muito transpa-
"efetivos". A autonomia dos estados na área da educação ex- rentes e previsíveis para a totalidade dos estados, eles one-
pressa essa força. Ao mesmo tempo a política educacional ram desigualmente seus Erários, conforme o respectivo grau
nos últimos anos evoluiu na direção de uma área da política, de endividamento. Inclusos os municípios, a escala do ônus
cuja ampliação e aperfeiçoamento estão respaldados em um estendeu-se em 2015, de 70 euros por habitante na Saxônia,
consenso social cada vez mais amplo. A consequência disso até 907 euros por habitante em Bremen, com a tendência
é uma demanda financeira continuamente crescente dos es- de um aumento maior do abismo entre os estados. A conse-
tados, bem como a exigência de programas de financiamento quência é uma diferença crescente e politicamente indefen-
de parte da federação. Esta, por sua vez, combina tais dese- sável na capacidade de cumprimento das tarefas dos Erários
jos - logicamente - com a reivindicação de co-decisão na de- estaduais, por conseguinte, uma diferença crescente e politi-
finição de matérias de conteúdo. Quanto mais seguirmos a camente indefensável na capacidade de cumprimento das
dinâmica desse mecanismo - quer dizer, quanto mais exigir- tarefas da previdência social organizada pelo Estado.
mos, em última instância, uma supressão da proibição exis- A transição da competência de endividamento para a fe-
tente de cooperação entre a federação e os estados, tanto deração - só ela terá a partir de 2020 ainda a permissão de
mais solaparemos a base de legitimação da posição peculiar contrair novas dívidas no valor de 0,35 % do PIB - poderia ser
dos parlamentos estaduais e dos seus governos, postulada o mote para uma assunção completa das atuais dívidas esta-
pela constituição federal da Alemanha, a Lei Fundamental. duais na dívida pública federal. Os ônus dos juros daí resultan-
A rigor, o conflito provocado pela demanda financeira não tes poderiam ser compensados pela federação com as deso-
coberta dos estados nem deveria manifestar-se com tanta nerações de juros na dívida pública federal. Isso também seria
virulência, se uma norma central de regulamentação das re- possível mediante uma mobilização parcial do adicional de so-
lações financeiras entre a federação e os estados, a saber, o lidariedade, que deveria continuar sendo cobrado para tal fim.
Art. 106, alínea 4, parágrafo 1º da Lei Fundamental, fosse As desonerações dos Erários no plano estadual seriam
aplicado na prática da política financeira. De acordo com essa consideráveis em todos os estados, especialmente nos estados
norma, as parcelas que a federação e os estados detêm no altamente endividados e nos estados endividados acima da
imposto sobre o faturamento deverão ser redefinidas, se a média. Quanto à capacidade de cumprimento das tarefas es-
relação entre receitas e despesas da federação e dos estados tatais, os Erários estaduais reaproximar-se-iam sensivelmente
evoluiu em direção essencialmente diferente. Ocorre que há uns dos outros. Uma causa essencial das perdurantes situações
anos a federação e os estados não conseguem chegar a um emergenciais dos orçamentos estaduais ficaria eliminada de
consenso sobre como concretizar esse conceito jurídico inde- vez, as cidades-Estado e as grandes cidades poderiam contar
terminado na prática. com uma perspectiva sólida de crescimento, nenhum estado
Um federalismo em boas condições de funcionamento teria motivos para queixar-se de perdas e os Erários estaduais
com prioridades mutantes na política social não pode pres- recuperariam a sua capacidade estruturante. A federação cum-
cindir de um elemento em boas condições de funcionamento priria destarte, o seu dever de assistência na observância da
e flexível na distribuição das receitas. Um procedimento proibição de reendividamento dos estados. Além disso, o ris-
arbitral poderia ajudar aqui. Por isso devemos examinar se a co teórico dos juros remanesceria com o ator fiscal que tam-
pressão construtiva na federação e nos estados para a ela- bém detivesse o maior peso no mercado.
FRIEDRICH-EBERT-STIFTUNG 20
cipação, são influenciadas mais fortemente pelas alíquotas uniforme do trabalho remunerado e do trabalho não remu-
máximas ou médias de impostos do que entre os homens. nerado e da sua efetividade redistributiva, apresenta os se-
O sistema da tributação da família também influi na dis- guintes pontos cardeais:
tribuição do trabalho remunerado e não remunerado no lar.
Assim estudos e simulações-modelo em econometria mos- −− Substituição do splitting entre cônjuges por uma trib-
tram que o splitting de cônjuges (, tal como aplicado na Ale- utação individual, ou ao menos restrição do efeito deso-
manha, apóia um modelo de divisão do trabalho no qual o nerador do splitting entre cônjuges;
homem ganha mais e a mulher recebe a renda familiar com- −− Fortalecimento de impostos incidentes sobre o patrimônio;
plementar - razão pela qual ela assume a maior parte do tra- −− Controle de isenções tributárias com efeito degressivo
balho não remunerado. Tais efeitos negativos sobre a ativi- (por exemplo, montante isento para filhos, dedutibilidade
dade remunerada das mulheres só poderão ser eliminados dos custos da educação dos filhos);
num futuro dimensionamento de tributos e impostos, se
forem incluídos por nós na avaliação do sistema tributário. Tributação progressiva uniforme de espécies distintas de
rendimentos.
Considerar os efeitos de tributos e impostos sobre a
distribuição do trabalho não remunerado Dimensionar as despesas do poder público em
conformidade com a justiça de gênero
Os efeitos negativos de tributos e impostos prolongam-se
também na distribuição do trabalho não remunerado no lar. Ocorre que a justiça de gênero não exige apenas um corres-
Aqui são relevantes o sistema da tributação da família, o pondente sistema de impostos e tributos, mas também um
tratamento da assunção do trabalho não remunerado no sis- dimensionamento das despesas públicas em conformidade
tema da Previdência Social (por exemplo, o cosseguro isento com a justiça de gênero. Isso exige, em primeiro lugar, a equi-
de contribuições), bem como a consideração dos custos da paração de mulheres e homens na participação econômica e
educação dos filhos para fins fiscais. O montante e a estru- social. Em segundo lugar, os déficits de equiparação também
tura dos impostos sobre o consumo também podem de- deverão ser reduzidos às expensas dos homens. E em tercei-
sempenhar um papel aqui, na medida em que influenciam a ro lugar deverão ser considerados estímulos e os efeitos (de
d ecisão entre a produção própria de determinados bens e distribuição), diferenciados segundo o gênero. A considera-
serviços mediante a utilização do trabalho não remunerado ção dessa máxima no dimensionamento dos sistemas de trans-
e sua compra. ferência (benefícios para famílias, sistema de aposentadoria,
seguro-desemprego), dos setores educacional, de cuidados
Considerar os efeitos de tributos e impostos sobre a especiais e de saúde, bem como da infraestrutura pública, é
distribuição da renda de central importância para o fortalecimento da equiparação
dos gêneros. Essa tarefa diz respeito não apenas à esfera fe-
Diante da distribuição desigual existente de renda e patrimô- deral, mas também às esferas estadual e municipal.
nio, os diversos impostos e tributos produzem efeitos na dis-
tribuição da renda pessoal, específicos em cada gênero. Tri- Institucionalizar a política de equiparação na política
butos e impostos regressivos, tais como impostos sobre o financeira
consumo e contribuições à Previdência Social, oneram mais
fortemente rendimentos menores do que rendimentos ele- Para ancorar firmemente a política de equiparação na política
vados. Isso produz efeitos que favorecem os homens, pois financeira, ela deve ser institucionalizada. Isso pode ocorrer
eles em média auferem rendimentos mais elevados. Em con- na forma de uma obrigação, que prevê que anteprojetos de
trapartida, impostos progressivos, especialmente o imposto lei e projetos maiores já sejam submetidos na fase inicial a
profissional e o imposto sobre a renda, tendem mais a pro- uma análise dos seus efeitos e avaliados depois da sua imple-
duzir efeitos que favorecem as mulheres excessivamente re- mentação. Os objetivos da política de equiparação deveriam
presentadas nas faixas dos rendimentos inferiores. O mesmo ser incluídos na gestão do orçamento orientada segundo o
vale para impostos sobre o patrimônio e ganhos de capital. efeito (por exemplo, na forma do Performance Budgeting)
Eles também favorecem as mulheres, pois elas, em média, e no planejamento financeiro de médio prazo. Além disso, a
detêm patrimônios e ganhos de capital menores do que os equiparação de mulheres e homens deveria ser incluído ex-
homens. A tendência à dualização dos sistemas de imposto pressamente como critério de adjudicação no sistema de com-
sobre a renda, que pode ser observada nas últimas décadas pras públicas.
na maioria dos países industrializados, favorece os ganhos de
capital diante dos rendimentos do trabalho, e é mais favorá-
vel para os homens, cuja renda total apresenta em média uma
parcela mais elevada de ganhos de capital.
CONCLUSÃO
> >
POLÍTICA FINANCEIRA ESTRUTURANTE 25
capacidades das pessoas em vez de investir em máquinas Recursos públicos devem melhorar continuamente a situação
inteiramente automáticas. de vida do maior número possível de pessoas. Isso exige
Com vistas a um alto índice de "empregos e salários uma administração pública de alto rendimento. Recursos pú-
no futuro", Atkinson postula influenciar, mais do que até blicos devem ser gastos com a maior eficiência possível. Para
agora, a distribuição funcional da renda - a distribuição assegurar que o direito do funcionalismo público esgote os
da renda nacional entre os fatores de produção trabalho potenciais de eficiência e viabilize inovações, ele deve ser
e capital - por intermédio de uma correspondente políti- monitorado e adaptado continuamente. Ao mesmo tempo, a
ca de fomento da concorrência, do fortalecimento dos qualidade da cobrança de impostos deve ser melhorada.
sindicatos, da fixação de salários mínimos, mas também Isso exige a dotação adequada das administrações tributárias
de linhas mestras para a definição de salários na faixa dos com recursos humanos e organizacionais, e o fortalecimento
rendimentos altos. Além disso, o objetivo do pleno em- dos tribunais de contenciosos tributários em termos organi-
prego deveria ser novamente erigido em objetivo explíci- zacionais e de recursos humanos.
to, inclusa a garantia de emprego para pessoas desem-
pregadas no setor público, em troca do salário mínimo. (2) Dimensionar a política fiscal com
Sob o título "Capital dividido", Atkinson postula medi- sensibilidade social
das que permitiriam atingir uma distribuição mais unifor-
me dos ganhos de capital. Propõe concretamente que se A efetivação e o equilíbrio do objetivo da justiça são de cen-
deva garantir a pequenos investidores um juro real posi- tral importância para a prosperidade econômica e estabilidade
tivo. Além disso, todos os adultos deveriam, depois de social de um país. Em conformidade com o objetivo da justiça
atingida a maioridade, ser dotados de um capital mínimo de gênero, os estímulos econômicos destinados a empresas,
- uma espécie de mini herança para todos, ao passo que assalariados e profissionais autônomos devem ser assegura-
o Estado deteria, por intermédio de um fundo de capital dos. No entanto, mercados não conseguem produzir a partir
social, cotas do patrimônio de produção nacional e au- de si mesmos nenhuma justiça na concessão de benefícios. As
mentaria seu número de cotas, para permitir que a socie- múltiplas violações do princípio da justiça na concessão de be-
dade participasse dos ganhos de capital. nefícios exigem intervenções estatais reguladoras. Só com a
"Progressão dos impostos" é o título das recomenda- produção da igualdade de oportunidades será possível viabili-
ções de ação para a política fiscal. Necessário seria um zar a justiça na concessão de benefícios. Por essa razão o sis-
imposto de renda, que deveria ser claramente dimensio- tema tributário deve ser orientado de modo consequente, se-
nado de modo progressivo. Ademais, deveriam ser privi- gundo o princípio da justiça na concessão de benefícios e a
legiados - como no passado - os rendimentos do trabalho redistribuição. A sonegação e elisão fiscais devem ser comba-
e não os ganhos de capital. Mas o imposto sucessório e tidas nos planos nacional e internacional, a progressividade da
o imposto sobre doações também deveriam ser aperfei- alíquota do imposto sobre a renda deve ser fortalecida, e o
çoados de tal modo que fossem progressivos e incidis- imposto liberatório deve ser abolido. Mas a esse conjunto de
sem sobre todos os montantes e títulos patrimoniais doa- medidas pertence também o imposto sobre transações finan-
dos ou transmitidos por herança. Além disso, deveria ser ceiras, na pior das hipóteses no plano nacional, e a tributação
cobrado um imposto territorial, progressivo na medida adequada de capital circulante no imposto sucessório.
possível, com base em avaliações realistas do valor de
imóveis. Nas medidas apresentadas por Atkinson como (3) Financiar a preservação e melhoria
merecedoras de consideração ele propõe nesse contexto da infraestrutura
a introdução de um imposto geral sobre patrimônio, bem
como a tributação mínima de empresas. Em princípio finanças públicas consolidadas exigem que as
Para assegurar a "Seguridade social para todos" Atkin- despesas estatais sejam financiadas no longo prazo com re-
son propõe a concessão de um considerável abono de cursos da arrecadação de tributos e impostos. Mas assim
família, a ser pago por cada filho, mas sujeito ao imposto como as empresas financiam investimentos no futuro com
de renda. Deve-se pagar uma renda social básica, com créditos, pode fazer sentido o financiamento a crédito de
fundamento na participação social. Alternativamente, as investimentos públicos, que aumenta a capacidade de rendi-
transferências de natureza social devem ser aumentadas mento de um país. A política financeira estruturante deveria
consideravelmente. Por fim, com vistas às desigualdades potencializar os investimentos públicos e esgotar as possibili-
globais, a ajuda ao desenvolvimento deveria ser conside- dades disponíveis de financiamento. Em vez de contornar as
ravelmente aumentada. regras, demasiado estreitas a partir da perspectiva econômi-
ca, do freio constitucional ao crescimento da dívida pública
e do Pacto Fiscal Europeu por meio de estratégias de desvio
mais ou menos criativas, tais como bancos de fomento e
parcerias público-privadas, deveríamos empenhar-nos no mé-
No presente texto foram identificadas seis recomendações dio prazo por uma revisão do conjunto de regras para viabi-
de central importância para a ação, que a seguir são apre- lizar investimentos líquidos públicos (Regra Áurea) por meio
sentadas, mais uma vez, de forma resumida: de um financiamento a crédito.
FRIEDRICH-EBERT-STIFTUNG 26
(4) Aperfeiçoar as relações financeiras entre acordar e levar em conta objetivos de equiparação por inter-
a federação e os estados federal government médio da política financeira, substituir o splitting entre os côn-
and the Länder juges pela tributação individual e reforçar os impostos sobre o
patrimônio. Além disso, deve-se assegurar que os recursos
O federalismo é uma das âncoras da nossa democracia. No públicos sejam gastos em conformidade com a justiça de gê-
entanto, ele será aceito pelas pessoas nas diferentes regiões nero.
apenas se elas puderem esperar condições de vida aproxi-
mativamente iguais. Isso pressupõe regiões com capacidade
de atuação. Seu pressuposto, por sua vez, é um mecanismo
de compensação financeira entre os estados, com boas con-
dições de funcionamento. Para assegurá-lo, a compensação
deveria ser redefinida por ocasião de deslocamentos nas
despesas. Um procedimento arbitral para a distribuição das
receitas entre a federação e os estados deveria ser criado
com essa finalidade. Além disso, cabe examinar se a federa-
ção não deveria assumir as dívidas atuais dos estados, com-
pensando tal medida com o adicional de solidariedade. Fica-
ria assim duradouramente eliminada uma das principais
causas das emergências orçamentárias. Ao mesmo tempo a
regra contra o endividamento deveria ser dotada da capaci-
dade de enfrentar o futuro.
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Co-debatedores e
Autores e Autoras co-debatedoras
René Bormann O presente trabalho foi escrito em um processo de discussão de vários
Diretor da Área de Trabalho e Política Tributária, Departamento de Política meses. Queremos agradecer às seguintes pessoas pelas contribuições in-
Econômica e Social da Fundação Friedrich Ebert tensas e interessantes:
Thomas Mättig
Coordenador do Projeto Globalização no Departamento de Política Global
e Desenvolvimento, Fundação Friedrich Ebert, em Berlim.
Joachim Poß
Deputado Federal, Membro da Comissão de Assuntos da União Européia
>
FRIEDRICH-EBERT-STIFTUNG 30
Joachim Rock
Diretor do Departamento de Trabalho, Assuntos Sociais e Previdenciários
e Europa no Paritätischer Gesamtverband
Thorsten Schäfer-Gümbel
Vice-Presidente do Partido Socialdemocrata da Alemanha e Presidente
E stadual e Líder da Bancada do Partido Socialdemocrata no Parlamento
do Estado de Hessen
Birger Scholz
Assistente de pesquisa da deputada federal Cansel Kiziltepe
Markus Schreyer
Diretor das Áreas de Trabalho Política Econômica e Financeira Geral e
P olítica Econômica e Social na Europa. Departamento de Política Econô
mica e Social da Fundação Friedrich Ebert
Franziska Wehinger
Departamento Ásia e Pacífico, Subdepartamento de Cooperação Inter
nacional para o Desenvolvimento na Fundação Friedrich Ebert
Expediente:
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