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16/11/2012

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

 Do ponto de vista do desenvolvimento científico, os


ORIGENS DA TESTAGEM PSICOLÓGICA testes tiveram grande importância para a Psicologia.

 Além do desenvolvimento técnico que os testes ajudaram


a implementar na Psicologia, eles contribuíram para
avanços teóricos importantes, uma vez que permitiam
que as teorias fossem testadas na realidade.

Histórico da Psicometria A década de Galton


Galton:: 1880
 Os grandes percursores e a contribuição que deram  Francis Galton (biólogo inglês) visava a avaliação
à Psicometria: das aptidões humanas por meio da medida sensorial
(capacidade de discriminação do tato e dos sons).
 A década de Galton
 A década de Cattell
 Toda informação chega pelos sentidos, então, quanto
 A década de Binet
melhor o estado destes, melhores seriam as operações
 A era dos testes de inteligência
intectuais.
 A década da análise fatorial
 A era da sistematização
 A era da Psicometria moderna

A década de Cattell
Cattell:: 1890
 A contribuição de Galton para a psicometria:  Influenciado por Galton, James M. Cattell
(psicólogo americano) desenvolveu medidas
 criação de testes para medida de discriminação sensorial
(barras para medir a percepção de comprimento, apito para
das diferenças individuais e da avaliação do
percepção de altura do tom); desempenho acadêmico de crianças, o que
resultou na criação da terminologia Mental
 criação de escalas de atitudes (escala de pontos e Test.
questionários);

 desenvolvimento e simplificação de métodos estatísticos


(método da análise quantitativa dos dados coletados).
 A compreensão do funcionamento da mente
está nos processos elementares.

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A década de Binet: 1900


 Elaborou em Leipzig sua tese sobre diferenças  Período marcado por críticas aos testes até
então utilizados.
no tempo de reação.
 Medidas exclusivamente sensoriais que, embora
 Cattell seguiu as idéias de Galton, dando permitisse maior precisão, não tinham relação
importante com as funções intelectuais.
ênfase às medidas sensoriais, porque elas
permitiam uma maior precisão.  Seeram testes de conteúdo intelectual, faziam
somente referências às habilidades muito
específicas de memorizar, calcular, quando
deveriam se ater às funções mais amplas.

 Em 1905, Binet e Simon desenvolveram o primeiro  Década onde predominou o interesse das
teste com 30 itens com o objetivo de avaliar as aptidões humanas visando a predição na área
mais variadas funções como julgamento, acadêmica e da saúde.
compreensão e raciocínio.
 O inglês Charles Spearman também se destacou
 A Escala Binet-Simon foi desenvolvida a pedido do nessa década, lançando os fundamentos da
governo francês para detectar o nível de inteligência
psicometria clássica.
das crianças das escolas de Paris.

Era dos testes de inteligência: 1910 – 1930

 O artigo de Spearman sobre o fator G (1904);  Impacto da 1ª guerra mundial e a necessidade


de seleção rápida dos soldados (Army Alpha e
 Todas as habilidades cognitivas convergiriam para Army Beta);
uma capacidade geral (fator g).

 Influência dos testes de inteligência de Binet-Simon


 A testagem educacional também ganhou
(1905); espaço.

 Revisão do teste de Binet para os EUA (1916) –


Escala Stanford-Binet;

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A década da análise fatorial: 1930

 Queda no entusiasmo com os testes quando notou-se  Nos EUA, Thurstone sugeriu a existência de
que eles eram dependentes da cultura
cultura, não apoiando habilidades específicas e independentes que não
a idéia de um fator geral universal proposta por se organizavam em torno de uma habilidade
Spearman. geral.

 Os psicólogos estatísticos começaram, então, a  Além de desenvolver a análise fatorial múltipla,


repensar as idéias de Spearman. Thurstone atuou no desenvolvimento da escala
psicológica, tendo fundando, em 1936, a
Sociedade Psicométrica Americana e a
revista Psychometrika.

A era da sistematização: 1940 – 1980 A era da sistematização: 1940 – 1980

Duas tendências opostas marcaram esta época. Duas tendências opostas marcaram esta época.
Síntese Crítica Síntese Crítica
 Guilford – sistematização dos  Stevens (1946) questionou o uso das  Cattel (1965) procurou  Outra crítica à Psicometria
avanços em Psicometria até então; escalas de medida; sistematizar os dados da medida Clássica foi iniciada pela
em personalidade; Psicologia Cognitiva de
 Gulliksen – sistematização da teoria Sternberg com seu modelo,
clássica dos testes psicológicos;  Primeira crítica à teoria clássica dos
testes na obra de Lord e Novick, procedimentos e pesquisas sobre
 Por outro lado, Buros (1938)
que iniciou o desenvolvimento de os componentes cognitivos, na
 Togerson – sistematização da teoria iniciou uma coletânea de todos área da inteligência.
uma teoria alternativa, a teoria do os testes existentes no mercado;
sobre a medida escalar;
Traço Latente, que vai desembocar
na teoria moderna da Psicometria,
 Thurstone (1947) e Harman (1967)
a TRI;  APA introduziu as normas de
recolheram os avanços na área da
analise fatorial; elaboração e uso dos testes.

A era da Psicometria Moderna (TRI): 1980

 Sistematização da Psicometria Clássica;  Talvez a denominação “Era da Psicometria Moderna”


seja inadequada, pois:
 Sistematização e pesquisa na nova Psicometria – Teoria de
Resposta ao Item;  Esta teoria ainda não resolveu todos os problemas
fundamentais para se tornar o modelo definitivo;
 Pesquisas em áreas paralelas da Psicometria;
 Ela não veio substituir toda a Psicometria Clássica, mas
apenas parte dela;
 Contribuições da psicologia cognitiva.
 De qualquer forma é o que há de mais atual na área.

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Os testes psicológicos no Brasil

Os testes psicológicos no Brasil  A história da testagem psicológica no Brasil surge


como uma versão do movimento europeu e norte-
americano do início do século XX e se confunde
com a própria história da Psicologia no país.

Os testes psicológicos no Brasil


 A testagem e a avaliação psicológica no Brasil  De acordo com Pasquali e Alchieri (2001), é possível
apreender a história da avaliação psicológica brasileira em
passaram por diversos avanços e dificuldades ao cinco grandes períodos:
longo de sua história.
1. Produção médico-científica acadêmica (1836-1930);

 Período inicial de grande empolgação e uso 2. Estabelecimento e difusão da psicologia no ensino nas
indiscriminado, seguido por fases de críticas; universidades (1930-1962);

3. Criação dos curso de graduação em psicologia (1962-1970);


 Posterior organização e regulamentação do uso (ainda
em processo). 4. Implantação dos cursos de pós-graduação (1970-1987);

5. Emergência dos laboratórios de pesquisa (a partir de1987).

Os testes psicológicos no Brasil Os testes psicológicos no Brasil


1. 1836--1930 (94 anos)
1836 2. 1930--1962 (32 anos)
1930

 Produção médico-científica acadêmica  Criação das primeiras universidades e cadeiras de


psicologia;
 A psicologia como novo campo de estudo nas faculdades de
medicina;  Movimento mais organizado do ensino, pesquisa e profissão

 Utilização de métodos e recursos da psicologia em escolas normais;  Criou-se centros orientados para questões do trabalho
(seleção);
 Surgimento dos centros de pesquisa psicobiológicas junto aos
laboratórios de pesquisa de diversas instituições ligadas à saúde;
 Testes mais utilizados: inteligência, aptidão, inventários de
 1907: primeiro laboratório de psicologia no Hospital Nacional dos personalidade e testes projetivos.
Alienados.

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Os testes psicológicos no Brasil Os testes psicológicos no Brasil


 Aumento no número de publicações; 3. 1962--1970 (8 anos)
1962

 1930-1940: maior cautela dada às adaptações e


utilizações dos instrumentos;  Regulamento e expansão do ensino da psicologia
no Brasil;
 Surgimento de periódicos especializados;

 1962: Oficialização profissional da psicologia;


 Criação do CFP e dos CRPs (1974);

 Foi um dos períodos mais produtivos dos testes  Queda na qualidade dos cursos (falta de docentes
psicológicos no Brasil. qualificados);

Os testes psicológicos no Brasil


 Criaram-se os primeiros programas do pós- 4. 1970--1990 (20 anos)
1970
graduação stricto senso;
 Aumento dos cursos de pós-graduação (corpo docente
de estrangeiros ou formados no exterior, mas ainda
 1930 a 1970: preocupação com a criação de sem formação suficiente para lecionar na pós);
testes e não com suas propriedades psicométricas.
 Separação entre ensino e pesquisa;

 Maior uso dos testes projetivos / pesquisa e artigos


nulos.

 1980:
 Muitos testes psicológicos eram apenas traduções
 Processos judiciais contra decisões tomadas no psicotécnico;
de testes construídos em outros países e vários
deles não apresentavam evidências de validade
 Revolta social pelo uso abusivo e indiscriminado de testes
por psicólogos despreparados; para a população brasileira.

 Pequenos grupos, geralmente vinculados às pós,


trabalhavam para reverter a situação;

 O CFP cria a Comissão Nacional de Avaliação Psicológica.

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Os testes psicológicos no Brasil


5. 1990 até os dias atuais  Aumento na demanda por realização de avaliação
psicológica e para embasar processos judiciais.
 Retomada da pesquisa séria.
 A área de maior concentração de processos éticos é a da
 Criaram-se: avaliação psicológica
 Diversos laboratórios de pesquisa dos testes psicológicos;
 Câmara Interinstitucional de Avaliação Psicológica do CFP;  A legislação vem responsabilizar o profissional, exigindo
 Sociedade dedicadas à problemática dos testes psicológicos; deste qualidade na prestação de serviços à sociedade.
 Realização de congressos e encontros;
 Publicação de obras;
 Legislação.

 A Resolução 02/2003 institui os critérios mínimos de  A resolução 02/2003 disciplinou a construção e a


qualidade para se considerar um teste psicológico apto adaptação dos testes no Brasil.
para uso profissional.

 Fundamentação teórica  Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos (SATEPSI)

 Evidências empíricas  O aumento de pesquisas a partir da resolução foi


considerável.
 Correção e Interpretação dos resultados

 Manual técnico  2011: Ano Temático da Avaliação Psicológica.

 Aumento na qualidade dos manuais de testes, que


atualmente são bem mais completos e detalhados
do que há dez anos.

 Na época do primeiro relatório (CFP, 2004) tínhamos


106 testes avaliados, sendo 51 desfavoráveis (48,1%).

 Atualmente há 210 testes na lista, sendo 76


desfavoráveis (36,2%), 113 favoráveis (53,8%) e 21
em processo de análise (10%).

Figura 2. Número de artigos em periódicos, por ano, cujas palavras chave


eram ‘avaliação’ ou ‘testes’.

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 Crítica atual ao uso dos testes psicológicos:


 rotular o examinando. TESTES PSICOLÓGICOS
 Os testes são ferramentas integrantes do processo de
avaliação psicológica e não devem ser utilizados de
Definição
forma isolada.

 Além disso, os resultados obtidos a partir de um teste


são comparados a normas criadas para aquela
população e contexto específicos.

Teste psicológico Teste psicológico


 “Teste psicológico é uma medida objetiva e  “É um conjunto de tarefas pré-definidas, que o
padronizada de uma amostra de comportamento.” sujeito precisa executar numa situação geralmente
(Anastasi, 2000) artificializada ou sistematizada, em que o seu
comportamento na situação vai ser observado,
 “Um teste é um procedimento sistemático para descrito e julgado, e essa descrição é geralmente
observar o comportamento e descrevê-lo com a feita utilizando-se números.” (Pasquali, 2001)
ajuda de escalas numéricas ou categorias fixas.”
(Cronbach, 1996)

Teste psicológico
 “Procedimentos sistemáticos de observação e registro  Por força de lei, uma vez classificado como teste
de amostras de comportamentos e respostas de psicológico, um instrumento passa a ter seu uso
indivíduos com o objetivo de descrever e/ou mensurar privativo aos psicólogos.
características e processos psicológicos, compreendidos
tradicionalmente nas áreas emoção/afeto,
cognição/inteligência, motivação, personalidade,  Por ser uma definição ampla, ela acaba por incluir
psicomotricidade, atenção, memória, percepção, dentre vários instrumentos, alguns dos quais têm natureza
interdisciplinar e, por esse motivo, poderiam não ser
outras, nas suas mais diversas formas de expressão,
restritos somente aos psicólogos.
segundo padrões definidos pela construção dos
instrumentos.”

(Resolução nº 002/2003 do CFP, p. 4)

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Teste psicológico
 Amostras de comportamento.

 Tomada de decisões.

 Possibilita inferências.

T
E  O processo de avaliação psicológica pode ser  Há uma variedade de testes psicológicos criados
S dividido em etapas: para a exploração de diversos aspectos e
T
E processos psicológicos.
 Identificação do objetivo
P
S
I  Seleção apropriada dos instrumentos  Cada tipo de teste oferece vantagens e limitações
C que o psicólogo deve considerar quando o inclui ou
O
L  Administração dos instrumentos, a pontuação, a exclui de um processo avaliativo.
O interpretação e o uso criterioso dos dados
G
I
C
 Elaboração de um relatório
O
(Urbina, 2007)

 O uso de uma gama muito extensa de testes não


se justifica, devendo-se selecionar aqueles que
melhor avaliam o que se pretende avaliar.

 O profissional bem informado saberá explorar ao


máximo os dados obtidos por meio dos instrumentos
selecionados.

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Tipos de testes psicológicos


(quanto à objetividade)
 Psicométricos  Projetivos

 Baseiam-se na teoria da medida;  Ainda que possam usar números, não se fundamentam na teoria da medida;

 Usam números para descrever os fenômenos psicológicos;  Não fazem uso da estatística;

 Fazem uso da estatística;  “Caracterizam” os atributos dos indivíduos;

 Normalmente apresentam tarefas não-padronizadas;


 “Medem” os atributos dos indivíduos;
 Decodificação e interpretação dependem em grande parte do aplicador;
 Tarefas e interpretações padronizadas;
 Interesse no processo.
 Interessados no produto.

Tipos de testes psicológicos Tipos de testes psicológicos


(quanto ao processo que medem) (quanto à forma de resposta)

Capacidade ou aptidão Preferência  Verbal

 Aptidão geral  Personalidade  Escrito: lápis e papel

 Aptidões específicas  Atitudes e valores


 Motor (execução ou de manipulação)

 Interesses
 Via computador

Aspectos importantes Qualidades dos testes


 Habilitação para o uso;  Validade
 O teste mede realmente o que pretende medir.
 Ética;

 Na escolha do teste considerar:  Precisão/fidedignidade


 Acurácia, estabilidade dos resultados.
 Objetivo da avaliação e do teste;

 As características do examinando;  Padronização e normatização


 Normas de aplicação e correção do teste.
 As qualidades do testes.

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 O mau uso dos testes reside no conhecimento ou  Os testes psicológicos ajudam na obtenção de
respostas rápidas, e por vezes muito profundas,
competência insuficientes por parte dos psicólogos. em curto espaço de tempo.

 Muitos testes podem parecer simples e diretos, mas  Ajuda a diminuir certas
requer cuidados na aplicação. incongruências advindas de pontos
de vistas diferentes entre vários
profissionais.

 Aumentam a credibilidade das


conclusões.

 Requer do psicólogo:

 Conhecimento aprofundado do instrumento.

 Conhecimento do contexto de emprego do instrumento.

 Conhecimentos de psicometria, estatística, seleção de


testes, administração, pontuação, comunicação de
resultados e salvaguarda são considerados relevantes.

Quais os principais cuidados que se deve ter


para utilizar um teste psicológico?
Sobre as características do material

 Verificar se não existem dificuldades específicas da  Deve estar de acordo com a descrição apresentada no
pessoa para realizar o teste, sejam elas físicas ou manual e em condições adequadas de conservação e
psíquicas; utilização.

 Utilizar o teste dentro dos padrões referidos por seu  É importante que os testes estejam arquivados em local
manual; apropriado, ao qual não possam ter acesso outras
pessoas.
 Cuidar da adequação do ambiente, do espaço físico,
do vestuário dos aplicadores e de outros estímulos que  É necessário que os protocolos respondidos sejam
possam interferir na aplicação. mantidos arquivados, bem como conservados sob sigilo.

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 Enfim, os testes psicológicos podem ser muito úteis


quando usados de forma apropriada e hábil.

 Se mal aplicados, pode resultar em consequências


prejudiciais para as pessoas.

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