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Ye) URRY ee Cuts Problemas na administragéo allteratura especifica, este teste é frequen temente identificado como Bender ou, mais resumidamente, como B-G, embora Bach (1987) considere mais adequado chamé-lo de Bender-Gestaltico. Como o nome, encontram- se acentuadas diferencas no material de teste @ no sistema de abordagem para a avaliacao, conforme os diversos autores. Assim, antes de administrar 0 Bender, é importante que o psicélogo tenha em mente por que pretende fazé-lo, porque a resposta vai determinar qual o método ou o sistema escolhido para exame do protocolo, com 0 que pode ser definido qual o material mais ade- quado. Tal exame se baseia na identificac3o consideracdo de desvios na reproducao de modelos de desempenho. Mas existem varios conjuntos de desenhos. Se o psicélogo nao decide, a priori, como pretende avaliar 0 prox tocolo, poderd ter dificuldades em fazé-lo. Dana, Field e Bolton (1983) referem um es- tudo desenvolvido por Popplestone, em 1956, que procurou comparar as laminas originais de Bender de 1983 com as de 1946, bem como os conjuntos utilizados por Halpern (1951), Hutt (1953), Pascal e Suttell (1951) e Woltman (1950). 6 identificou como realmente equiva- lentes os desenhos A, 1, 3 e 5. As diferencas referiam-se: a) a0 ntimero e formato das uni- dades do desenho, como, por exemplo, “no De- senho 2, a maioria das formas tem 10 colunas de ovais, enquanto Hutt usa 10 colunas de culos”, mas o conjunto de Pascal e Suttell apre- senta 11 colunas de circulos e “Bender tem 10 colunas ovais” (p.77); b) ao formato das subpartes, como na subparte curva do Dese- nnho 4, com variagdes em todos os autores, € na subparte reta desse mesmo desenho, em dois autores; c) & inclinacio das subpartes do Desenho 6 ¢ do 7 (por exemplo, a figura da direita, no Desenho 7, é inclinada para a es- querda, nos conjuntos de Bencler e de Pascal e Suttell, enquanto nos conjuntos de Halpern, Hutt e Woltman fica na posicéo vertical); d) a0 formato e colocacso de subparte, como no lo- sango do Desenho 8. O que pode ocorrer é que, utiizando 0 con- junto de um autor e a lista de desvios de ou- ‘ro, facilmente 0 psicdlogo pode incorrer em erros de escore, £ bom lembrar que, além de modificagées nos estimulos quanto a detalhes formais do desenho e ao nimero de unidades, ‘existem edic6es com diferencas quanto ao ni: mero de desenhos, como a de Santucci e Per- c’cheux (1968), que inelui apenas cinco. Portanto, antes de testar, assegure-se de que tem em maos 0 material de teste adequa do. Além disso, sempre verifique se os dese nnhos estéo na ordem e na posi¢éo correta, co- locados de face para baixo, na sua frente. E importante também que use as instrugées adequadas, conforme 0 método e sistema es- colhido para o exame do protocolo. As princi- pals diferencas entre os autores envolvem “0 nnuimero de folhas fornecidas, a quantidade de detalhes usada nas instrucées, 0 fornecimento de informacbes referentes ao numero de dese- nnhos e & exatidéo esperada na reproducéo” (Dana, Field & Bolton, 1983, p.78). Portanto, verifique se tem todo 0 material necesssrio, antes de iniciara testagem. Lezak (1983) acon- selha que se deixem sobre a mesa, ao alcance Pstcoowandstico -V 293 do paciente, trés lapis bem apontados de ni- meto 1 ou 2, de preferéncia com borracha de qualidade na ponta, e um bom niimero de fo- las de papel em branco. Verifique também se a mesa onde o testando vai trabalhar tem a superficie lisa (j& que uma superficie rugosa pode prejudicar fundamentalmente o desem- penho) e apresente a folha (exceto quando ha instrug6es em contrério) na posi¢éo usual (po- sicdo vertical), embora 0 examinando possa ajusté-la para trabalhar mais confortavelmen- te, mas ainda mantendo uma orientacdo verti- cal. Comece a marcar 0 tempo apés colocar a primeira lamina na frente do examinando. La- cks (1984) recomenda que néo se utilize cro- németro, para o examinando nao pensar que existe um limite de tempo. Um relégio de pul s0 ou de parede séo suficientes. Hé autores que rndo valorizam o fator tempo, mas, as vezes, 6 importante. ‘A primeira lamina é colocada na frente do examinando, para que copie. Eventualmente, © examinando a aproxima para ver melhor. examinador sé intervird, de forma nao-verbal, corrigindo a posicéo, se o examinando mudar a otientacao da lamina, Se insiste, o examina- dor nao deve intervir novamente, mas, logo que terminar a testagem, deve indicar a posicio do estimulo, por uma flecha, no protocolo, indi- cando a direcao da parte superior do estimu- lo, no momento em que foi copiadio. Da mes- ma manera, se 0 examinador mudou a posi cdo do papel, também deve ser feita uma fle- cha, indicando sua parte superior, durante a cépia, ‘As perguntas ocasionais do examinando devem ser respondidas de maneira neutra, re- petindo as instrucées ou dizendo que proceda "como quiser” ou “como achar melhor”. A pergunta de se pode usar uma régua deve ser respondida com um simples “ndo". Por outro 294 Juneua ALaves Cunsa lado, se faz perguntas sobre motivos ou signi- ficado do teste, transfira a resposta para de- pois do periodo de testagem (Lacks, 1984). ‘Aiguns clientes, is vezes, tentam reprodu- zir as figuras, esbocando-as com uma série de linhas leves, ao invés de usar uma linha firme. E preciso que o examinador esteja atento para isso, porque em alguns sistemas, como a adap- taco Lacks do sistema Hutt-irskin, um pro- tocolo esbocado nao se presta para o escoree, entdo, o examinador deve dizer ao cliente para néo desenhar dessa maneira Foi descrita a fase da c6pia, que constitui a administracao total, para muitos autores, Even- tualmente, pode-se seguir a reproducao por meméria, a fase de associagSo e, por vezes, de elaborasao, © procedimento que foi descrto foi para a administragao individual, que éa mais comum. Nessa forma de administracao, a técnica pode ser usadla no inicio de uma testagem, como procedimento para warming-up, para faciltar 0 rapport ou tranqiilizar um examinador in- uieto, fambém se aconselha como um instru- mento de transigao entre técricas mais objet vas e as projetivas, Caso tenha se decidido por uma adminis: tragdo coletiva, siga as instrugées do autor se- lecionado. Seja com administragéo individual ou cole- tiva, o problema realmente importante em ter- mos de administracao é, pois, o de selecionar, a priori, o método de abordagem a ser utiliza~ do, se projetivo ou objetivo, , entao,o siste- ma de escore a ser adotado, para utilizar, des- deo inicio, um procedimento padronizado. Enistem muitas estratégias, que variam con- forme os propésitos da avaliacao, e varios sis- temas de escore. Aqui, neste capitulo, exami- haremos apenas as abordagens que parecem mais tes Bender na crianga e no adolescente Jurema Alcides Cunha BENDER NA CRIANGA Indicadores de perturbacao emocional, segundo Clawson e Koppitz Na area emocional, os principais trabalhos rea- lizados com criangas foram de Clawson e Kop- pitz. Vamos aqui comparar o trabalho de pes- quisa de ambas, tentando avaliar principalmen- te sua validade cientifica Subsidios histéricos e metodolégicos Em 1959, Aileen Clawson publicou um artigo com resultados de importante pesquisa, desen- volvida em sua tese de doutoramento, na Uni versidade de Houston, Texas (Clawson, 1958), trabalho que veio a ser ampliado mais tarde ¢ publicado na forma de livro (Clawson, 1980). Esse trabalho sobre sinais ou desvios no B- G, como indicadores de perturbagao emocio- nal, pode ser considerado como pioneiro na época em que, segundo a autora, s6 existia um Ainico trabalho sobre o assunto, de Byrd (1956), cujas hip6teses ndo foram devidamente traba- thadas, mas que Koppitz consicerou como um estuclo com um bom delineamento de pesqui- sa (Koppitz, 1971). Byrd estudou cerca de 400 ctiangas (200 adaptadas ¢ 200 inadaptadas), de 8 a 16 anos, quanto a 15 variéveis, propos- tas originalmente por Hutt, entre as quais en- controu seis que diferenciavam significativa- mente os dois grupos: seqiiéncia dos desenhos, mudangas na curvatura e na angulacio, difi- culdades de fechamento, rotasao dos desenhos ‘e mudancas de tamanho (Clawson, 1959). To- davia, o trabalho nao teve maior significacso clinica, porque nao houve uma tentativa para © levantamento de hipéteses interpretativas. Na investigacio realizada por Clawson (1959), as hipéteses foram as seguintes: |= "Os tipos e desvios das figuras-estimulo io significativamente maiores, quando medi- dos quantitativamente, nos casos clinicos do que nos nao-clinicos. I= Desvios das figuras-estimulo podem ser relacionados com perturbagées infantis. IIL = No grupo clinica, os padrées do BVMGT* podem estar relacionados com deter- minantes e contetidos Rorschach”. Os desvios a que se refere a primeira hipé- tese derivaram de pesquisas, com adultos, de Hut, Billingslea ou Peck e Quast. As sub-hipo- "Bender Visual Motor Gestalt Tet, ou BVMGT, sig uti- lizada por Clawson, embora o teste sela mais caste melramente abreviado como B-G (Bender-Gestalt). Pstcoowandsnca -V 295 teses relativas & segunda hipétese foram ex- ‘rafdas da pesquisa de Hutt com adultos, com algumas extrapolacées para adaptacéo ao de- senvolvimento infantil. E, em relacio a terce ra hipétese, as relagdes procuradas entre o B- G eo Rorschach precisavam ser determinadas empiricamente, por nao se registrar, até entio, qualquer trabalho desse tipo na literatura es- pecifca ‘Aamostra utiizada por Clawson compreen- deu um grupo “experimental” e um grupo de controle. © primeiro era constituido por 80 ctiancas, de 7 a 12 anos, clientes do Wichita Guindance Center, em Wichita, Kansas, com ampla gama de sintomas, de forma que pode- riam ser descritas como apresentando compor- ‘tamento desajustado, com perturbacées emo- cionais, mas sem que qualquer uma fosse ca- racterizada como psicética, deficiente mental ou lesada cerebral. 0 grupo de controle era constituido por 80 criancas, também de 7 a 12 anos, de escolas piblicas, julgadas como nor- mais por um professor, quanto a desenvolv mento, escolhidas randomicamente, mas sen- do 0 grupo estratificado em termos dos niveis socioecondmicos da cidade, Os grupos foram equiparados quanto a idade, Ql e nivel socioe- Pouco tempo depois, Koppitz realizou sua investigacéo sobre problemas emocionais em criancas. Na literatura em que buscou subsidios, «itou Byrd (1956), Eber (1958), Simpson (1958) ¢ Clawson (1958). A hip6tese levantada foi “As criancas com problemas de ajustamen- ‘to mostrarao, no Bender, uma incidéncia mui ‘to maior de indicadores emocionais do que crianas bem-adaptadas” Para seu estudo, utilizou uma amostra de 272 criangas, de 5 a 10 anos, da qual um gru- po era constituldo por 136 criancas, encami- rnhadas a uma clinica de conduta ou a0 psic6- logo, por problemas emocionais, enquanto 0 outro grupo, também de 136 criancas, era constituldo por alunos sem histéria de desa- juste emocional. Os grupos foram equiparados fem termos de idade e sexo, nao sendo incluida qualquer crianga que pudesse ser caracteriza- da como deficiente. Foram examinados ind cadores emocionais, selecionados com base na 296 Juneua ALaves Cunsa ‘experiéncia da autora e nos achados de outros investigadores, sendo citados Byrd, Clawson, Hutt e Birskin, Kitay, Murray e Roberts, Pascal Suttell e Tucker e Spielberger (Koppitz, 1971; Koppitz, 1987). Koppitz desenvolveu seu projeto de pesqui- sa. em 1963, elaborando um manual de escore de dez indicadores (Koppitz, 1971; Koppitz, 1987). Dois outros indicadores foram melhor ‘examinados em seu trabalho de 1975 - figuras. ‘em quadros* e elaboracao** - e nao sao in- dluidos na comparacao feita no item seguinte, ‘em que sio citadas hipéteses interpretativas. ‘Comparacio das pesquisas de Clawson e Koppitz Os resultados das duas pesquisas sao apresen- tados, resumidamente, nos Quadros 19-1, 19 2 @ 19-3. Os itens esto organizados, nos trés quadros, basicamente de acordo com a siste- matica usada por Clawson, em seu livro, sen- do acrescentados itens de Koppitz, que ndo constaram da pesquisa original daquela auto- ra, Da pesquisa de Clawson de 1959, séo in- ‘luidos aqui apenas os itens que apresentaram significagao estatistica, embora os demais tam- bém sejam discutidos em seu livro quanto a sua possivel interpretacao clinica. No caso da pesquisa de Koppitz, sio incluldos todos os itens, independentemente dos resultados te- rem sido considerados estatisticamente signi- ficativos ou nao, em vista de a autora manter suas hipéteses, desconsiderando esse aspec- to. Para os leitores identificarem bem os casos ‘em que nao foi encontrada significancia esta- {istica, a interpretacao consta como Hip K (hi- pétese de Koppitz) As iniciais das autoras, C (Clawson) ou K (Koppitz) sao empregadas para identificacao de suas respectivas definicées operacionais, *As figuras, desenhadas dentro de um quadro ov ezi- 1a, welacionam-se com fracas recursos de controle, de forma que #40 necesséros limites externos para o.com portamento "sElaboragéo ov adigées esponténeas relacionamese ‘cam medos e ansiedade. QUADRO 19.1 8-6: Fatores organizacionais, segundo Clawson e Koppitz Exper [ter [Defngioeperconal __ [cvtero de core [rgues[ipsiee] > [nveprearto ‘idem do |Oreerads [Teds a: fguasdeerhadn] Presegs ov 1 [1007 Je tps de cigs bem seit em sicestio, em segsenca |aurenes siuacs, Parcerazobel Forzortal ov sere, ipbtese de qe ators eset uma paruroadores eraen em paces musts, desse Panos rigdos,compuls, ture ordem conte ants [como masine, ws figuras Presncs ou 1 | oor feesntadarem races. [austen demain epahada na Fe gues epahasas resenga 00 «| ns 57a): rangament padre fubitaiamente ra pigina austen 1001 |ineapuedde de egarzar 0 aoa) | mater cons mental Fg. Acental |; sucesso contra coma resign on Ja | 1 | a.at fertpice de cians F9.A cena aisenca esata ho [camps |aupostas na bord, ne topo |austnen reramenta de um mando, que Jou bse consernde parece areacaore host Js meade da pga see estas horzontal ou eri Usa ae marae de merase |Presega ou | nsiszaf isp aevament, tie, ofa sures eoprecso ns (100) Pesonakdade que fe tact este c iguas epahadas na pig | Presence ou | eo Jeparsivo [na ot papas, com cotoes-[2usenea ret espace ene 2s mesmas | ooo Usa ae da faa ou mais [revenge ou £ | 0001 |icimpusinaad, stuasso ease 7 (ea Hear [faranto |G Aumento tocar maior eve [Prvoxa om 5 7] ns [Wie toranke as fare done |aumentado |i do eno veel ov ou mas gues onto dos aeos eto faranho eizotal eric & eaionados em cists de iguetnule eianas perturbed JC Aumerto de veces |computese 6 x | ns ai] ore aaae tamarho de esimuo, em uma ver Ns (109 mbar as segs ns fur amscho [Commute Hncarenncs [Presega em Sou 1] opr |e: comporamente se iminude que ecoexo vera ou mas igus i001 frevamente. Asocaga Rerzortal em relict § Paco Rochach index igu-estnclo ee personabeace supercontelaes, com casi Iradequacor de epressio Tamanho da metade do |computase 8 | nsisza ie ansedsde eta, rodeo em amas s dees [ure ver 1302. |eantngi, mer Pogue em amas eo. bare tamanne—[EsAureno ou diminisho I: atelier. regutar | progress do tamanho ou Fars encontrao er 5% 3° Plo enor uma tgs esangas com conparaments sas de reaia ma explo, re Rovchach ic aumento progessio no feomputese ss |i23 | «| ns s-2a] or sab tolednen tamarho, deforma que as [uma vez NS (10a race e eos dade Shira niger so, plo Fontes: Con, 1859, p 198206; lawson, 1900, 20-88 82-85; Kop, 1977, 761-18) (edopial Pstcoowandstco -V 297 QUADRO 19.2 8-G: Modificacio da Gestalt, segundo Clawson e Koppitz Gregor [rer [Defnigioeperadonal ___[erntra oe excore [igure] netere] > [ivepretacto Fechame Etrobles na jung rar faaa[ 0 | a01 |e: Meso ras lagies ter nna ou mapas come pina] | 00% perone 0 conte recon rasa ae Sn Rrschac, com scans [Cetra de um conorne Jaze | 1 | ms Jrsposts te agessnas, ee qe contin na etl ae rerpretaie ao fo frenepase | Ctateneto de uma ins ln a2) 1 | ns Jenabalees A eategors eo por de une ene feisignteate come sepaeean | Fequene espace na jurcao ote dave hens) fe wae nares laza| 1 | os supepos: [Fenevasso | c teprodute de oma a ode subpar sobre 3 ota. em panes been que amoussrente storm o eral, Jamorgio | C:Comste ae subpar mar a No verce dea sobre tnd pr casa Tat Fe Fata de aturario nas [Presenga em ou 1 | am [orate ra mawwagio one feprugses(ncuinde mas unidues ror ten) so dec fras os, acs ou galas por 2, basse sas, Fora: por ent acs Fra bia esau es nga des bares, por ina, sbi 3 Wages por | agos de 2mm ou mas en 2 | [ns ita) pk imputed, fa de eveles_[tugar ge crete NS (6 1da interese ou de steno eae IE Gro ds far oa de Raa] +] 0001 Yisec requenas rages tm tora que angie sas, rervalr qu as ser, sre bertendie ee o io ona raat dessutamente Rorzoral as Faure «boda papel ¢ qua ou maior ge ao aue a gra, ermal iaaaange E Mudanga ra coats de as] 1] nn [esa ae pera racane rode que o are assume uma eran te oma retangulr shade ox uma forms tanger ponte rreenga om 300] 6 Hi c Mut umanto como. raisons perresposteenoconal © inure como supressio ao site ange fe Maaanga aloe que ive [presence de [Aza] 1 | 0001 |e sina de perubarae mange amano se aualaue angio | segues aumer- |S vocal terreus rio ie cums figure cure Sng. [tases oud | 78 mutede oe interegiaerrerbaes [rus em 490 eum fgure as urs, tera JE: Kier incorelo de faa | © | 001 [Wipe teciorade coma tvs nsscer se sprendvagem percent rerseverace | Duss ou mas uidaes que Snieaca ders contrme fe eins fande utes] EDuts ou mas unas a Fonte: Chwn, 1959, p 198206, Cawson, 190, p 2044 « 2-49; Kopi, ‘it medida pls este de Goodenough, ma pesquisa de Caso. 298 Junewa ALaves Cunsa S77, 161-181 (adapta) ‘QUADRO 19.3 8-6: Medida de trabalho, segundo Clawson ¢ Koppitz ae ee CT iasura ]C Nimere de reprosugbes dr 1 [om slcads» boracha suas, bere ae sada or dukes Sentiments iberdade ra exaa Repase | Repasamenta de umainhs ou 1 | oat fertipce de canes bem mento [pontojs ete suas Mera pos ence arene, Todo o deseo repasade ou |eamputase sé uma hor ger retreat ler is tesa Birgbo do [Crate obliges dsenhad pra for ou Pr sesh [par dent, em relaao a0 corpo de fora, em eanges bem st ans ess enotecs de bla pare er frp ee egpcétr. Uinha Tt ouas ou maismudengas abrupt: ra feomputase séuma | 1.2 | «or 7a] imablene na coordeacio fondulada [reo da nha de ponies ou crees | ver Is tera] motor ena peranaldade, por Lnha fina | rag ie fino ae & preciso sor <[s7a pT, retrimento pas vero desen cormplto lis eto segunda |Rabandone do desenh ou de parte x [Nstert ic mmausnsae, ta de ientatia [do mea, sem hve terminde,€ (201. |contale nero sutcente, estragio deur segundo serene ion _[sneeesde Fontes Caw, 1959, p 194-206, Cawson, 1960, p 20-48 © pI-3; Kap, 1977 .TT-B1ladoplal bem como de suas conclusées interpretativas. Note-se que, quando Clawson considera a in- terpretagao apenas tentativa, constard também como Hip C (hipétese de Clawson), eventual- mente seguida pelo nome do autor no qual se baseou. Por outro lado, se considera duvidosa a interpretacao tentativa, colocado um pon- to de interrogacao entre parénteses. As t18s hipdteses de Clawson sao identifi- cadas como |, Ile Ill, e a de Koppitz apenas com um K. (Os quadros nao sao apresentados com 0 ob- jetivo de substituir a consulta aos livros das duas autoras, pois néo abrangem todos os aspectos uitens por elas considerados ou discutidos. Pre- ‘tendemos apenas comparar os dois sistemas € apresentar dados que permitam identificar os desvios mais vélidos, do ponto de vista de sua significacao estatistica. Todavia, nao podemos deixar de admitir que sao estes os que se pode dizer que possuem utilidade clinica. Anélise dos resultados e comentarios No sistema de Koppitz, so considerados 11 indicadores emocionais, em dois grupos eté- rios, de § a 7 anos e de 8 a 10 anos. No grupo de § a7 anos, apenas trés dos 11 indicadores de Koppitz, de acordo com os da- dos apresentados pela autora, se mostraram significativos: linha ondulada, repassamento e expanséo, No grupo de 8 a 10 anos, dos mes- mos 11 indicadores, somente quatro se mos- ‘raram significativos: ordem confusa, tamanho ‘pequeno, segunda tentativa e expansio, Por- tanto, dos 11 indicadores emocionais de Kop- pitz, somente um, expansio, é significative dos 5 aos 10 anos, Dois indicadores, isto é, linha ondulada e repassamento, s6 sao significati- vos dos 5 aos 7 anos, e trés, ordem confusa, tamanho pequeno e segunda tentativa, s6 380, significativos dos 8 aos 10 anos, Em conseqilén- cia, de todos os indicadores emocionais de Koppitz, apenas seis sao clinicamente uteis. Entretanto, Koppitz inclui em seu livro mesmo ‘os itens que ela prépria informa nao terem sig- nificagdo estatistica, atribuindo-Ihes significa- ‘¢a0 clinica, o que nos parece cientificamente criticdvel, pelo que nao recomendamos seu uso. J4 no caso de Clawson, verificamos que demonstra 0 culdado de nao tirar conclusoes além do que ¢ justificado pelos dados da pes- quisa, No caso da significacao nao poder ser determinada, eventualmente levanta hipoteses, baseadas em dados de outros autores, citan- Pstcoowandstica -V 299 do devidamente a fonte utiizada, ou deixa as conclusdes em suspenso. Porém, em seu livro, discute mais amplamente cada item e, inclusi ve, formula hipéteses, comparando com da- dos de outros autores, mesmo em relacdo a itens que, na pesquisa inicial, néo haviam sido significativos, mas se restringe a hipdteses salienta a necessidade de maiores investiga- +e Sevido 3 popularidade que aleangou o tra balho de Koppitz, resolvemos comparar as duas pesquisas, para que os leitores possam julgé- las. De nossa parte, consideramos o trabalho de Clawson de melhor qualidade cientifica que © de Koppitz, no que se refere a indicadores Consideracées criticas Nao obstante a popularidade das hipéteses interpretativas dos indicadores emocionais de Koppitz, conforme a literatura, dados de pes- quisa nao the conferiram apoio suficiente. En- ‘tretanto, foi possivel verficar que conjuntos de indicadores poderiam ter utilidade clinica e, inclusive, em obra de 1975, a propria Koppitz recomendou 0 uso de um ponto de corte de ‘rs ou mais indicadores para levantar hipéte- ses sobre a presenca de problemas emocionais, cuja natureza deveria ser investigada (Groth- Mamat, 1999). Alias, Rossini e Kaspar (1987) estiveram entre os autores que se preocupa- ram com a questo da validade dos indicado- res emocionais de Koppitz. Desenvolveram es- ‘tudos com criancas de 7 a 10 anos, comparan- do grupos com transtorno de ajustamento e com transtorno de conduta com controles nor- mais. Os dois primeiros grupos apresentaram um niimero significativamente maior de indi- cadores que o grupo normal, sendo que a pre senca de trés indicadores foi muito caracter tica entre eles: ordem confuusa, tamanho au- mentado e figuras em quadros. No caso de outros cinco indicadores, embora nao especi- ficamente relacionados com psicopatologia, sua pouca freqiiéncia no grupo normal “suge- ru alguma relacéo possivel com dificuldade emocional: expansio, linha fina, repassamen- 300 Jureaa ALaives Cunia to (ou reforco de linhas), segunda tentativa (sem corrigir 0 original) e tamanho pequeno” (Groth-Marnat, 1999, p.566-567). Outros qua~ tro indicadores néo foram considerados rela- cionados com psicopatologia por Rossini e Kas- par (1987), mas, segundo Groth-Marnat (1999), sao citados por outros autores: linha ‘ondulada, riscos por circulos, tamanho aumen- tado e elaboracao. Conforme o autor, 0s indi- cadores ndo considerados uteis por Rossini e Kaspar possivelmente se associavam a outros tipos de psicopatologia nao apresentados por sua amostra de sujeitos de 7 a 10 anos de ida- de. Sugere, inclusive, que sejam desenvolvidos estudos sobre os indicadores com adolescen- ‘tes OU sujeitos mais velhos. Os aspectos simbélicos e as respostas populares no Bender infantil Segundo Clawson (1980), além da administra- ‘a0 pelo procedimento-padrao, pode-se util- zar ainda o Bender como técnica projetiva, em alternativas que parecem promissoras em ter- mos de um psicodiagnéstico, que seriam a fase de associacao e de elaboracdo. Na primeira fase, os cartées sao apresentados 8 crianca, solicitando-the que diga com que se patecem ‘ou 0 que que eles lembram. Na segunda, a crianga 6 convidada a “desenhé-los da manei- ra como quiser:alterando, combinando ou ela- borando & vontade”. Num exemplo de seu li- vro, inclui as duas fases, discutindo 0 valor sim- bélico das associagoes e das producdes (p.2), Um dos problemas que surgem para se po- der utilizar um esquema de referéncia simbéli- 0, no que tange as associacées, é poder defi- nir até que ponto tal associacao é individual isto 6, se realmente é 0 resultado de uma pro Jecdo do individuo ou se € 0 estimulo que a imp6e ou suscita, em vista de suas qualidades ‘estruturais. No Rorschach, em que os estimu- los so muito menos estruturados do que no Bender, nao se considera legitima uma inter- pretacio simbélica, quando a resposta é po- pular, Brown, citado por Endara (1967), cha- ma a atencao para a facilitagao de uma per- cepcao bisica nas populares, que "pée de lado a natureza ‘acidental’ das manchas" (p.223) Schafer (1954) também acentua que as respos- tas Pa menos que dadas com um toque pes- soal, constituem exemplos da percepcao dis- tanciada, relativamente impessoal e ndo-dina- mica, ce que fala Schachtel. Embora essas res- salvas sejam feitas em relagio a0 Rorschach, achamos que sejam validas em relagdo as as- sociacoes de Bender. Dessa maneira, para quem utiliza a fase de associasGes, no Bender, parece muito impor- ‘ante o conhecimento de uma pesquisa, real zada em Pelotas, RS, sobre respostas popula- res do teste de Bender, que constituiu o tema de dissertacao de Mestrado em Psicologia Cli- nica, na PUCRS, da psicéloga Maria Carmem F Mattar Lopes. A amostra foi constituida por 360 sujeitos, de 8 a 13 anos, de ambos os sexos e de nivel socioeconmico baixo, mé dio e alto. As respostas populares encontra- das sdo apresentadas no Quadro 19-4 (Lo- pes, 1984). QUADRO 19.4 Respostas populares no Bender, numa amostra de 860 criangas, de ambos os sexos, de 8 a 13 anos Figura Categoria _Respostas populares Figuras geométricas Figura humana, boneco Pontos, pantas em linha Bolinhas Arvore de Natal, vere, pinhero Cobras, minhoeas, podendo {estar em movimento ‘Agua, mar, ondas, ro, potendo estar em movimento Unhas Lapis Lapis, podendo estar em Forte: Lopes, 1984, p.107-102 Se examinarmos 0 caso discutide por Cla- wson (1980), veremos que a associagao da crianca, para as Figuras 7 e 8, foi “lapis”. Sua interpretacdo foi a seguinte: “Uma vez que 0 seu B-G nao teve padréo de perseveracao, a associagéo nica, para as duas formas hexa- gonais, nao precisa ser interpretada como pa- tologica. Lapis 6 um conceito relativamente comum e um simbolo falico socialmente acei- to por criancas escolares”(p.46). Note-se que, no seu estudo sobre freqién- cia de associagées, “lapis” apareceu com 15%, na Figura 7, e 8%, na 8 (Clawson, 1980, p55) Na pesquisa de Lopes, citada acima, “lipis” constitui resposta popular tanto para a Figura 7 como para a 8. Se o exemplo ocorresse em noss0 meio, embora lipis néo deixe de consti tuir um simbolo falico, a sua percepcao nao. poderia ser interpretada em termos de aspec- tos dindmicos inividunis, uma vez que, coeti- vamente, é a resposta mais usual para ambas as figuras, € importante nos darmos conta desses as- pectos, ao usar essa modalidade projetva, no teste ce Bendler, sob pena, por exemplo, de concluir que uma crianga deu 30% de respos- tas que envolvem simbolismo falico, quando apenas deu trésrespostas populares, “cobras”, para a Figura 6, e“lipis”, para a7 ea. Feitas essas ressalvas, as associacées se tor- nam um enfoque promissor, assim como as tlaboracées, embora seja muito possivel que também, entre as elaboracées, possam ser en- contradas respostas populares, fciitadas pela festrutura bisica de estimulos, ainda que, nes- te caso, & provavel que sempre haja algum to- ue pessoal De toda maneira, desejando usar 0 Bender como técnica projetiva em criangas, achamos que essas sao as alternativas mais vidas, uma vez que muitos dos desvios e sinais habitual- mente utilizados para basear interpretacdes projetivas, podem, na realidade, se apresen- far, num protocolo, por problemas na matura- <@0 visomotora, quando nao se associam com transtomos no desenvolvimento neuropsicol6- gico. Portanto, a néo ser em relagao a sinais identificados como significativos, através de pesquisas sérias, cremos que nao existe o di- reito de usar simplesmente um referencialsim- bélico, em criangas. E, mesmo em tal caso, parece 36 ser possivel um enfoque projetivo para a interpretagao de desvios quando se tem plena consciéncia de que a crianca apresenta tim nivel de maturidade visomotora compat vel com sua faixa eta, Pstcoomandstica -V 301 © sistema de escore de Santucci-Percheux Para a aplicasao do Bender como prova de or- ganizacao grafoperceptiva, 6 necessario ter em maos o Manual, as mascaras e a cinco laminas do teste (edicao de Delachaux & Niestlé, Paris), nna seguinte ordem: A, 2, 4, 3 7. Devem ser Usadas as instrucdes especificas do Manual. A folha, por exemplo, é apresentada com o lado maior na horizontal Nao podemos aqui reproduzir todos os cri- ‘térios utilizados na corregao. Todavia, prepa- ramos uma Folha de Registro, que auxilia con- sideravelmente tal corregao. Vamos ensinar a utilizé-la Cada uma das laminas do teste é denomi- nada modelo e identificada por um algarismo romano. Temos, pois, Modelo | (correspondente 3 Figura A), Modelo Il (Figura 1), Modelo Il (Fi gura 4), Modelo IV (Figura 3) e Modelo V (Fi gura 7). Cada um dos modelos é apresentado num quadro diferente, na Folha de Registro. Em cada um dos quadros, a direita, tem-se co niimero de itens, seguido de sua especifica- do que, eventualmente, se encontra abrevia- da, A seguir, vocé encontrara a palavra Guia. Refere-se as guias de correcao, que séo as mascaras. Elas séo identificadas por letras maidsculas, e, conforme o item que tiver de ser corrigido, deve ser selecionada a guia ade- quada. Elas vo servir para medir Angulos, ava~ liar comprimentos, alinhamentos, paralelismos, inclinagées em relacao a vertical ou & horizon- ‘al, para apreciar dimensdes da reproducao do modelo, etc, No Manual, ha instrucées sobre como utilizé-las. Na técnica de Santucci-Percheux, o escore 6 atribuido conforme o nivel de sucesso da re- producéo. Ha trés niveis de sucesso, que fo- ram definidos pelas autoras com base no per- centual de acertos, encontrado em trés faixas etitias. Desse modo, o escore ou nota 3 se “atri- ui aos aspectos raramente reproduzidos pe- las ctiancas de 6 anos e melhor respeitados de idade a idade ou, ainda, relativamente pouco respeitados, mesmo nas idades superiores”. Jd o escore 1 ou nota 1 é atribuido “aos aspectos bem reproduzidos por grande porcentagem de criancas, desde 6 anos, ou a certos sucessos 302 Jureaa ALaives Cunia de nivel inferior, cuja freqiléncia decresce com a idade”, 0 escore ou nota 2 atribui-se “aos ‘casos intermediérios” (Santucci & Percheux, 1968, p.2). Pode haver, portanto, até trés ni- veis esperados, embora a maioria dos itens pressuponha um nivel de sucesso ou dois, mas, dependendo do grau de dificuldade para atin- dir o nivel de sucesso, 0 escore varia de 1 a 3, Voltemos a Folha de Registro. Eventualmen- te, o miimero do item é repetido e seguido por uma letra mintiscula, No Modelo I, temos, por ‘exemplo, 1a, 1b, 1c. Isso significa que, no item 1, ha teés niveis possiveis de sucesso. Em se- Guida a coluna de Guia, ce que ja falamos, exis- te outa coluna, encimada pelas letras NE e, a seguir, outra coluna, NO. As letras NE signifi- ‘am nivel esperado. Vemos que 0 NE de 1a é 3, ONE de th €2 © 0 NE de 1c é 1. Nesse caso, @ facil de entencler. Logo a seguir, porém, te- mos 0 NE do item 2. Isso significa aue, no item 2, se espera apenas um determinado nivel de Slicesso e que corresponde ao escore. J4 as le- tras NO significam nivel observado, e ha espa- 05 para registro de escore. Entio, vimos que, no item 1, podemos esperar trés niveis de su- e580, 3, 2 0U 1, e, através da corresao, se fo- rem respeitadas as condicées para um escore 3, por exemplo, este serd o nivel abservado (NO 3), € 0 escore & registrado no espaco corres- pondente. Caso contrério, devemos ver se a reprodugio preenche as condicées para um NO 2 ou NO = 1, Caso nem essas condigées fo- rem preenchidas, nao se atribui escore ou te- mos um NO = 0. No item 2, s6 um NE é possi- vel, 2, ¢ 0 NO s6 pode ser 2 ou 0, Esclarecemos ‘que Santucci e Percheux falam em nivel de su e550 @ em nota, Introduzimos a nocéo de ni vel esperado (possivel) e de nivel observado para facilitar o manejo dos dados e, conseqilen- temente, 0 seu registro na Folha ‘Apés corrigir todos os itens de um modelo, 1 soma de NO (escore) ¢ escrita no espaco direita, abaixo do quadro do modelo. Apés corrigir todos os modelos, o escore de cada um deles transposto para o retingulo, em posicio vertical, abaixo do Modelo V. Somam-se 105 escores dos cinco modelos para obter o total O sistema de escores padronizados da pro- va utiliza 0s conceitos de mediana e, conse- 2 tine horizontal c [2 la 3b | Ad cure 8 = 3 [ etnagio para a queda ra Te | Hengono 3 ereie | 6 | Ainhamento cic nha peor |_@ [1 aa | Sedna coreta -|> = [Ponte de anginda cores | — | > [tS [Se] S18 eae B LRREE | ESTES) ge | os Fonte: Saniuec& Percheut, 1968, p23 Prictago: Pstcoowandsnico -V 303 quentemente, quarts. Foi reproduzida a tabe- lade resultados apresentada pelas autoras com base em protocolos colhidos entre escolares da cidade de Paris. Nao é do nosso conhecimento a existéncia de normas brasileiras. Todavia, como a organizacao grafoperceptiva depende da maturacao, os dados locais ndo podem ser muito discrepantes, pelo menos nas idades in- feriores. ‘Além de consideracées diretamente asso- ciadas 4 organizagao e ao desenvolvimento grafoperceptivo, as autoras fazem algumas observacées, que parecem clinicamente titeis: 1 =No caso de uma cianga de 7 ou 8 anos apresentar um resultado inferior a 6 anos, as autoras sugerem o uso do Pré-Bender, ou o PGOP, Se nesta prova o resultado é satisfate- rio, 0 mau resultado anterior é atribuido a re zaes emocionais e sugerido um reteste, apés alguns dias. 2-Se, em caso de ter havido um diagnésti- co de retardamento mental, com base em tes- te de inteligéncia, ¢ 0 resultado nesta prova for superior ao encontrado, devem se pér em diivida os resultados do teste de nivel intelec- tual. Vejamos um exemplo. Trata-se de um me- nino de 6 anos e 1 més. A reproducio do pro- tocolo encontra-se na Figura 19.1. Os escores dos itens estao na Folha de Registro. Como se vé, 0 menino alcancou um escore apenas de 7. Como tem 6 anos, seu escore se localiza no quartil 1, para meninos. Nota-se sensivel atra- So no seu desenvolvimento grafoperceptivo, Além disso, a disposicao dos desenhos na p- gina denota desorganizacao espacial, o que torna 0 prognéstico menos favoravel. (0 sistema de escore de Koppitz Em 1963, Koppitz desenvolveu um método do B-G denominado Developmental Bender Test Scoring System, composto de 30 itens, desti- nado a avaliar 0 nivel de maturidade de crian- gas de 5 a 10 anos, que ¢ facil de utilizar, bas- tante popular por isso mesmo, e que, em 31 estudos, alcancou uma fidedignidade entre os ‘examinadores que varia entre 0,79 e 0,99, sen- do que 89% desses estudos alcancaram um coeficiente de 0,89 ou mais (Lacks, 1984). Para o desenvolvimento de sua chamada escala de maturacao, cada item foi validado ‘tomando como critério o desempenho escolar ‘e partiu do pressuposto de que “um aluno prin- cipiante, com sua percepgao visomotora bem desenvolvida, ser provavelmente um bom es- tudante, enquanto uma crianca cuja percep- {a0 visomotora nao amadureceu teré dificul- dades em suas tarefas escolares”. Os resulta- Figura 19.1 Proto- colo Bender (San- tueci-Percheux) de menino de 6: 304 Juneua ALaves Cunsa 2 tine horizontal c [2 la 3b | Ad cure 8 5 | Ainhamente ce inka peor | [1 [© | [aa | secncacoreta -|> = Ge [ fonts de nginca cores | — | 7 srecpcmanctmpenetewress | RSME S| RT ETS, B SB/EE | HE] Sa] 28 |S Fonte: Saniuec& Percheut, 1968, p23 Prictago: Pscoowandsnco -V 305 dos mostraram (ou demonstraram) correla- do satisfatéria com 0 TMP (Teste Metropoli- fano de Prontidéo), e os dados normativos apresentados basearam-se em uma amostra de 1.104 alunos de escolas de estados do les- ‘te e meio-oeste dos Estados Unidos (Koppitz, 1971, p.28). {A instrugGes sao simples: “Aqui tenho nove cartoes com desenhos para que vocé copie. Aqui esté o primeira. Faga um igual a este” (p.36). O manual inclui também orientagdo sobre como responder a perguntas ou resolver outras difi- culdades, durante a testagem. Nio orienta sobre a posicdo do papel, quando & apresentado. Po- rém, como na grande maioria dos exemplos in- duidos a orientacao é vertical, pressupoe-se que esta seja a posicao usual de apresentacao. Conforme Koppitz, existem quatro catego- rias de desvios, que podem ser computados como presentes ou ausentes ou, em termos de escore, como um ou zero, sendo que cada des- vio s6 pode ser considerado como tal se esta nitido, As categorias sao as seguintes Distorcao de forma: Esta categoria diz res- peito aos aspectos formais: pontos, linhas re- tas, linhas curvas e angulos. Existe distorcéo da forma quando os as- pectos formais do estimulo do reproduzidos sem razoavel precisao, sem conservar pon- tos, linhas retas, linhas curvas ¢ angulos como tais, isto é, quando sio substituidos (por exemplo, 5 ou mais circulos por pon- 105), omitidos ou multiplicados (&ngulos) ou deformados exageradamente ou quando ha per- da de sua proporséo relativa (eixo de = Vs do outro). Verifca-se distorcao da forma nos itens: ‘a, tb (Figura A); 4 (Figura 1); 10 (Figura 3); 15 (Figura 5); 18a, 18b (Figura 6); 21a, 21b (Fgura 7) € 24 (Figura 8) de Koppitz, ounos de 1a 10 da Folha de Registro. Vide exemplos na Figura 19.2. Desintegragao*: Esta categoria diz respei to & configuracao total ou partes componen- tes (subpartes) Existe desintegragso quando hé perda da configuracao, seja por fracasso na unido das *N,da A, No lvro consultado de Koppitz (1977), 9 de- ominagio usada é integracie. Usamos desintegracéo por motivos Sbvios, 306 Juneua ALaves Cunsa Figura 19.2 Exemplos de distorgio da forma, segundo Koppitz partes (com separacdo de mais de 3 mm), ‘omissao, acréscimo ou substituicao de elemen- tos componentes, seja por perda da posicao relativa ou modificagao grosseira do aspecto estrutural do estimulo, Verifica-se desintegra- ‘cao nos itens: 3 (Figura A); 8 (Figura 2); 12a € 412b (Figura 3); 14 (Figura 4); 17a e 17b (Figura 5); 19 (Figura 6); 23 (Figura 7) de Koppitz, ou nos niimeros de 11 a 19 da Folha de Registro. Vide exemplos na Figura 19:3 Rotacéo: Esta categoria diz respeito a orien- tacdo no espaco. Existe rotacdo quando ha uma variagdo no eixo da figura ou de parte da mesma em 45° ou mais, inclusive quando resulta de cé- pia correta, apés rotacdo do cartao (a rota- 40 da folha no se computa). Verifica-se Figura 19.3 Exemplos de desintegracio, segundo Ko- itz rotagdo em todos os desenhos, com excecao da Figura 6, isto &, nos tens 2, 5,7, 11, 13, 16, 22 25 de Koppitz, ou nos de 20 a 27 da Folha de Registro. Vide exemplos na Figura 19.4 Perseveracéo: Esta categoria se refere ao numero de unidades. Existe perseveracdo quando ha um aumen- to no niimero de elementos formais (pontos, colunas, curvas), em comparagdo com 0 dese- nho-estimulo. Verifica-se a perseveragao na Figura 19.1 (au- mento de 3 ou mais), na Figura 19.2 (aumento de 4 ou mais) enna Figura 19.6 (aumento de 2 ou mais curvas sinusoidais completas), isto &, nos itens: 1, 9 e 2 de Koppitz ou nos de 28 a 30 da Folha de Registro. Vide exemplos na Figura 19.5. Figura 19.4 Exemplos de rotacio, segundo Koppitz Escore e interpretacio da Escala de Maturasao A partir das categorias recém-relacionadas aci ma, preparamos uma Folha de Registro que € aqui incluida. Computa-se cada item como pre- sente ou ausente, ou com um ou zero, respec tivamente, A correcao por categoria € no por figura, como faz Koppitz, parece-nos que faci- lita a tarefa, porque, ao avaliar rotacdo, por ‘exemplo, j4 se faz a inspecéo de todo o proto- colo, com excecao da Figura 19.6, medindo as. que parecem apresentar 0 desvio. ‘Apés a inspecao dos desenhos e a atribui- ao de escores, estes so somados. A seguir, deve ser consultada a tabela. No Quadro 19.5, Pstcoowandsnco -V 307 Figura 19.5 Exemplos de perseveragio, segundo Ko- ppitz ‘temos uma tabela de médias e desvios padréo organizada por Koppitz. Tais normas sio ame- ricanas. Como 0 processo de maturacao é pre- dominantemente do desenvolvimento neuro- psicolégico e, portanto, possivelmente livre de influéncias culturais, pareceria confivel utii- zé-la. Porém, no Quadro 19.6, séo apresenta- das médias e desvios padrao de criancas brasi leiras, a partir de uma amostra de 1,082 sujei- tos, de um estudo desenvolvido por Kroeff (1988). A partir de tais resultados, observa-se que, exceto no primeiro grupo etério, o nuime- ro de pontos é mais baixo entre as criancas brasileiras, sugerindo “uma maturidade menor que as criangas norte-americanas” (p.15), que © autor atribui a possibilidade de menor est mulagéo na area perceptomotora ou talvez ini BOB Juneua ALaves Cunsa QUADRO 19.5 Distribuigie de médias e desvios padréo na Escala de Maturagéo, segundo a idade, conforme Koppitz (N = 1.104) Tdade M oP 50a55 13,6 361 1000172 Sasi] 98 372 614135 60a65 8412 43.2125 G6aGt 64 3.78 216.8102 70ars 48 36112 aba Tari 334 11480 B0ags 3,7 3/60 a 73 Beast 25 3030.0 a5'S s0a85 1) 176 0,043.5 $6291 16 168 00a 3 tooatos 18 «11670033 tosaier 15 210 003.6 Fonte: Kopp, 1877, p29 ‘QUADRO 19.6 Distribuicio de médias e desvios- padréo na Escala de Maturacso, segundo a idade, conforme Kroeff (N = 1.082) Taade ™ bP toe Sass 18332 848A 15,12 S6a511 10,7 387 6,83 814,57 60a65 9.5 3,90 5.60.8 13,40 66a61 7.1 40d 3.05 a 11.14 7oarS 633,76 2648 10,16 TeaTM 60 414 1,868 10,14 B0ass 48357 123.8837 Beart 42275 114506.95 e0a85 38 324 O56 a 7.04 Beast 34 284 Osa 624 to0a1s 31 2.86 0,285.96 tosaton 27 21 0.295,11 Forte: Krol 1968, .12 Wados resumidos epublcados om cio mais tardio dessa no sistema educacional brasileiro. Assim, parece recomendavel a utili- zacao da tabela brasileira e ndo da americana, ‘embora seja aconselhdvel ampliar as pesqui- a5 em grupos mais diversificados do pals. Mas voltemos & utilizagao da tabela, Para melhor interpretar os dados, os leitares devem se reportar & noc3o de curva normal (vide Ca- pitulo 14 sobre Avaliagao psicométrica, nesta ‘edicao). Aqui basta recordar que "a drea total sob a curva representa 0 numero total de es- cores na distribuicao" (Psychological Corpora- tion, 1955, p.7). Tomemos um exemplo da ta- bela, de Koppitz, de 5-0 a 5-5. A partir da mé- dia, 13,6, supondo que se trate de uma distri- buigdo normal, a zona compreendida entre mais e menos um desvio padréo abrange 68,26% dos escores nessa faixa etaria (vide Fi- gura 19.6). 0 desvio padrao € um indice de variabilidade, e os escores que recaem na zona referida representam variagdes dentro da mé- dia, Entéo, a zona compreendica por 13,6 + 3,61, ou melhor, os escores entre 10,0 ¢ 17,2 estéo dentro de limites médios. Portanto, se uma crianca, nessa faixa etéria, tem um escore total de 18 ou 19, por exemplo, seu escore ul- ESCALA DE MATURACAO DE KOPPITZ FOLHA DE REGISTRO DEJ. A. CUNHA Identificagio: ade: Data Categoria item | Especifcasio Fig. [ f2core 1. Distorgao da forma TAchatamento do €xo 12 (A) ou deformagio excessva | A 2 | (4.7.8) ou adigie ou omissio de angules 7 3 8 4 | Desproporgie 1:2 nas subpartes a 5 7 6 | 5 ou mais crevlos por pontos 7 7 3 5 5 3 | 3 angulos por curvas 6 10_| Ausneia de curvas em uma linha ou em ambas 6 2. Desintegrago 11 | Separagao > 3 mm (A.A) ou cama tocando os 2 vertices | A R 4 13_| Adicio ou omissio de fl ou Fig. 1, come fi. sup, ou 2 4 ou mais erulos na maioria dos fl 14 | Aglomerado ou uma s6 fil de pontos ou sem aumento | 3 de panto: em cada nova fi. ou cabeca de fecha irreconhecivel ov inverida 15 | tinha continua por fil. de pontes (3), pela arco ou 3 16 | extensio (5) 5 17 | Aglomerade; reta ou circulo de pontor pelo arco; 5 extensio atraveszando arco 18 | Sem cruzamentos ou mau cruzamento; duas linhas 6 conduladas entrelagadas 18_| Sem superpesicgo ou superposicdo eagerada 7 3, Rotagio 20. | Rotagao do emo > 45° na figura (1.2.3.8) na figura | A 21 | ou parte (45,7) 1 2 2 23 5 2 4 25 5 26 7 2 8 4, Perseveracio| 28 | > 15 unidader nat 1 29. | > 14 unidades na 2 2 30_| > 6 unidades na 6 é soma Pstcoowandstica -V 309 Too 136 (172 Figura 19.6 Distibuigso da méeiaedesvios padrdo para a idadle de 5-0 a 5-5, na Escala de Maturagio, confor me a Tabela de Koppitz trapassa 0 desvio admitide para limites nor- mais, © que significa que a sua percepcao viso- motora é imatura para a sua idade. Natural- mente, quanto mais desvios padrao se afasta- rem da média, mais sério serd o déficit na per- cepgio visomotora. Dizemos que essa crianca esta a mais de um desvio padrao abaixo da média, correspondente a sua idade. Se 0 seu escore total fosse de 8, estaria a mais de um desvio padrao acima da média para a sua faixa etéria, © seu nivel de maturagio corresponde- ria 8 faixa etéria de 6-0 a 6-5, porque a média deste grupo é de 8,4, ‘A exemplo de Koppitz, Kroeff (1992) pro- curou analisar o desempenho perceptomotor das criangas, conforme o nivel da escolarida- de, uma vez que o Bender "é reconhecido como vlido para predizer 0 aproveitamento nos pri- meiros anos escolares” (p.827). No Quadro 19.7, € apresentada a distribuicao das médias e desvios padrao, segundo o nivel de escolari- dade, sendo incluida também a idade média das criancas de cada nivel QUADRO 19.7 Distribuigso de médias e desvios padrio na Escala de Maturacio, segundo o nivel Nao obstante, quando foi considerado 0 tipo de escola freqientada — publica ou priva- da -, foi possivel observar que, aparentemen- te, as normas sao diferentes, conforme os da- dos do Quadro 19.8 Por outro lado, levando adiante os seus es- tudos, Kroeff observou que, em cada nivel de escolaridade, a média de idade de criancas de escolas piiblicas tende a ser maior que a de criancas das escolas privadas, embora apresen- tem pior desempenho perceptomotor do que estas, conforme os dados dos Quadros 19.9 & 19.10. ‘QUADRO 19.8 Distribuigie de médias e desvios padréo na Escala de Maturaséo, de criancas de ‘escolas puiblicas e privadas, segundo a idade, conforme Kroeff (N Escolas piblicas _Eseolas privadas dade MOP OM oop S0ass 2d a8 34 5625-11 4a 35 60865 33 32 66 a6 42 37 T0ars 40 30 7-6 a7-11 40 as Boags 37 32 6 ast 27 90485 9629-11 1004105 10 1 Font: Koel, 1982, p78 (Gedorrerumidor « publeadar com sutorzagae do auth a0 ‘QUADRO 19.9 Distribuigio de médias e desvios padrso na Escala de Maturagéo, de criancas de ‘escolas publicas, segunda 0 nivel de escolaridade de escolaridade, conforme Kroeff (N = 1.082) @ idadle média, conforme Kroetf (N = 651) Nivel de escolaridade Idade média_ Média DP _ Nivel de escolavidade _Idade média_Média DP Jardim A $2 2A Jardim A 561288 Jardim & 61 9s 42 Jardim 8 53193 45 série 4 67 38 série 76 6838 ‘ere Bs 43h 2 série Be 4B 32 sere 85 35 30 3 série a7 383 ‘ae sére tos 28 25 série 1032926 St série wos 227 5* sere toe 25 Fonte: Krol 1982, p 878 (abdor resumes e publeador com Bonaacie do stor 310 Jureaa ALaives Cunia Fonte: Koel, 1982,» 428 (dadosresumidos e publiades om autonaagie de a QUADRO 19,10 Distribuigdo de médias e desvios padrdo na Escala de Maturagao, de criancas de ‘scolas privadas, segundo o nivel de escolardade ola pe { idade média, conforme Kroeff (N = 431) Nivel de eseclavidade dade méia_ Média oP Sel [= [™ P| - Jardin A sis 33 Jardim 8 S192 36 1 serie 70 6a 2 serie a2 35 3 sere so (28 a sere e392 série 107 Forte: Krot, 1987,p 678 (aador renumdor e publeador com Butonzapie de ator Kroeff (1992), a partir desses estudos, dise cute a importancia de se utilizar normas dife- renciadas, quando se quer avaliar a maturida- de perceptomotora infantil. Entretanto, cha» ma a atencdo para o fato de que “as criangas das escolas privadas so menos discrepantes entre si, tanto na maturidade perceptomotora como na idade cronolégica” (p.827) do que as criancas de escolas publicas. Atribui essas di ferencas 8 diversidade do nivel socioeconémi co familiar dessas ciltimas. Desvios no Bender relacionados com transtornos no desenvolvimento neuropsicolégico (estudos de Cunha, Brizolara, Fulgéncio et alii, 1991) J4 por ocasiao da divulgacao de sua monogra- fia sobre o B-G, em 1932, Lauretta Bender afi mava: “A cépia dessas figuras, por criancas, constitui um teste que permite estabelecer 0 nivel de maturacao infantil da funcao gestalt «a visomotora” (Bender, 1955, p.150). Apés a padronizacao do teste, em uma amostra de 800 ctiangas de 3 a 11 anos, organizou um qua- dro-resumo de tipos de respostas, conforme a faixa etéria, que é aqui representado na Figura 19.7. Esse foi 0 ponto de partida para nume- rosas pesquisas posteriores, que procuraram no s6 estabelecercritérios mais objetivos para a avaliacdo da maturacéo, como a escala de Koppitz, que acabamos de examinar, da mes- ma forma que para identiticar sinas, desvios ou indicadores de patologia organica cerebral. Fonte: Bender, apud Clawson, 1980, p90. Figura 19.7 Quadro-resumo de tipos de respostas de crangas, conforme a faixa etitia, Reproduzida com autorizasto. Como se trata de um teste que envolve per- cepsio e coordenagio neuromuscular, pressu- poe-se que “dependa de certas éreas intactas de integracio cortical, para sua execucao sa- tisfatéria” (Clawson, 1980, p.6) Todavia, como Clawson salienta, “nao exis- teuma entidade cinica de les8o cerebral” (p.66), ha varios graus e tipos de comprometimento, além de existrem outros fatores individuais que concorrem para dificultar um diagnéstico re- ferencial, a partir de um teste psicolégico. A par dessas consideracées, podem-se levantar algumas questoes de conhecimento do psicé- logo que lida com 0 Bender: 2) Os autores que tratam do assunto rara~ mente apresentam definicées operacionais das varidveis em estudo, de maneira que apresen- tam indicios, sinais, desvios ou indicadores de “patologia organica’, de “alteracées do SNC” ‘ou de “lesio cerebral”, etc., sem que 0 psicé= logo saiba com certeza a que estdo se referin- do, j4 que nao existe unanimidade prética ‘quanto a essa terminologia Pscoowandstica -V 311 QUADRO 19.11 Escala de Maturasio e indicadores de patologia cerebral, segundo Koppitz Fig. Ne tem 7 Distorgio da forma Ta, deformasio; achatamento; cima 12 omissdo Ta fou adigao de angulas (3) a ‘tb. desproporgae 1.2 (87), tb 2 Rotasso (5) 2 3 Integragio (5) 3 __Distorgéo da forma: 5 ou mais crculas por pontos 4 15 Rotagae (A, 8) 5 5 __Perseveragio: mais de 15 pontos (AS 8) 6 7 Rotagao (58) 7 ‘omisséo ou adigéo de fleirals) (87); Fg. 1 2 8 Integrago ‘como filera da Fig. 2; 4 ou mais circulos na matoria das colunas: adigao de uma flea 8 9 Perseverasio: mais de 14 crculos numa fieira (AS 8) 8 70 Distorgio da forma: § ou mais Greulos por pantos (ST) 10 11 Rotagao (58) " desintegragio: sem aumento de pts, em cada 3 filera sucessiva 12 Integracto 12a, cabesa de fecha ireconhecivel ou invertida; (56). 12a aglomerado ou uma 26 fileira de pontos 12b: linha continua por fileira de pontes (AS) 12b 13 Rotagio parcial ou total (AS) 8 414 _Integrasso: separagio de $ mm ou cura tocando os dois Angulo (9) 14 TS Distorgéo da forma: § ou mais Grculos por pantos ($9) 15 16 Rotagso parcial ou total (S) 16 5 17a. desintegrasio; aglomerado; reta ou ctculo de 17 Integrasio ontos por arco, extensto atravessando arco 174 17h. linha continua no arco ou na extensio (AS) 17 TE Distorgio da forma 78a. 3 ou mas Angulos por curvas (s) 183 6 Bb, sem curvas em uma ou em ambas as finhas (AS) 18D, 19 Integragio: sem eruzamento ou com mav cruzamento: das inhas anduldas enteagadas (6) 19) 20__Perseveragio: 6 ou mais curvas sinusoidais em avalauer diresao (ASE) 20 21 Distorgéo da forma 21a. desproporgéo de 2:1 (58) Pa 2ib. deformagao excessiva, 7 adigio ou omissae de ngules (8) 2b 22 Rotasio (87) 2 23 _Integrasio: sem superposigdo ou superposigso exagerada (57) 23 2é_Distorgéo da forma ddeformasio excessiva 2a 8 adigio ou omissae de Angules (8) 25 _Rotasio 25 Total Forte Koppaz, 1977 (adapta b) Ha excelentes autores, como Clawson (1980), que apresentam desvios no Bender que podem fundamentar “uma hipdtese de que a crianca em questao tem um transtorno do sis- ‘tema nervoso central” (p.6), porque diferen- ciam significativamente grupos com e sem tal patologia. 312 Jura ALaves Cunsa ©) As vezes, ha informacées sobre amostra- {gem e, mesmo, sobre o procedimento estatis- tico utilizado, como no caso da Escala de Kop- pitz (Koppitz, 1971). Além da Escala, essa au- tora apresenta "indicadores de lesio cerebral”, lassificados como significativos ou altamente significativos em todas ou em algumas faixas etirias, que se encontram identificados por S ou AS, eventualmente seguidos pela idade, em que passam a ter significancia, no Quadro 19.11. Entretanto, esses dados, colhidos de seu livro (p.232-233), mostram algumas divergén- cias com os resultados significantes ou ndo do qui-quadrado, apresentados em quadro cons- tante da mesma obra, d) Embora autores como Hutt (1975) con- siderem que o Bender, como teste percepto- motrz, estd bastante desvinculado da experién- cia cultural, acabamos de discutir, no item an- terior, resultados de pesquisas sobre a Escala de Maturagao que sugerem diferencas nas criancas brasileiras. Fica-se, portanto, com dd- vidas sobre a propriedade de utilizar “sinais significativos”, identificados num meio socio- cultural diferente, mesmo que meramente com objetivo de triagem. ‘A.grande maioria de criangas com proble- mas de aprendizagem que s4o encaminhadas a0 psicélogo para diagnéstico nao se caracte- Fiza por transtornos neurolégicos mais seve- ros, ainda que apresente, muitas vezes, irregu- laridades no desenvolvimento neuropsicolégi co, Eainda que tais casos sejam bastante passi- veis de recuperacao, esta fica muito depen- dente do diagnéstico precoce e correto. Tam- bém, embora esta seja uma area multidisci- plinar, a importancia do manejo adequado da testagem, em especial do Bender, é indis- cutivel. Em consequiéncia, desenvolvemos uma pes- quisa, pretendendo examinar se os critérios de Clawson, para identificar criancas “com inca- pacidades organicas”, e os de Koppitz, os cha- mados “indicadores de patologia cerebral”, eram capazes de diferenciar criancas com e sem transtornos do desenvolvimento neuropsicolé- gico. ‘A pesquisa, melhor descrita noutro local (Cunha, Brizolara, Fulgéncio et ali, 1991, Ane- x0 2), foi desenvolvida em uma amostra de 55 criangas, de 8 a 12 anos, divididas em dois gru- pos, com e sem alteracdo do ENE, mas equiva- lentes quanto a nivel socioecondmico, idade e sexo, Nao foram incluidas criancas psicéticas, pré-psicéticas ou que apresentassem retarda- mento mental definido. A.administracéo do Bender foi feita confor- me as instrucdes de Koppitz, senclo utilizados ‘05 mesmos protocolos para a avaliacao segun- do Clawson e Koppitz. Para 0 estudo dos itens individuais de am- bos os métodos, foi utilizado 0 qui-quadrado; para o estudo da diferenca entre os dois gru- os, usou-se a prova U de Mann-Whitney. Para ‘0 estudo adicional do niimero de desvios com significagso diagnéstica, foi aplicado o teste de diferenca de proporgdes. As conclusdes fo- ram as seguintes a) Os cite desvios Clawson (vide Quadro 19.12) podem ser usados como indicios diag- nésticos na triagem de transtornos do desen- volvimento neuropsicolégico, sendo recomen- davel manter a exigéncia da presenca de 4 ou mais desvios, para se formular uma hipétese esse sentido, dos 8 aos 12 anos de idade. b) Dos 23 desvios Koppitz considerados, por serem os que apresentavam um nivel de signi- ficdncia igual ou maior que 5%, sete nao se mostraram presentes na amostra, e oito apre- sentaram um nivel de significancia de 1% e s80, apresentados no Quadro 19.13, e, face aos re- QUADRO 19.12 Desvios de Clawson altamente significativas e sugestivos da presenca de transtornos no desenvolvimento rneuropsicolégico* NE Desvios Clawson ‘Condigées 1 Simplificagao num nivel de Presenca em 2 ou 3 ano: abaixo da IM mais figuras 2 Fragmentagse Presenga em 1 ou mais figuras 2 Colséo de uma figura Presensa ‘com outra ou com a borda do papel 4 Rotagio de 90° ou mais —_Presenga'em 1 ou mais figuras 5 Namera incorreto de Presenca em 3 ou vnidades mais figuras 6 Perseveragio de unidade _Presenga figura a figura 7 Qualidade da linha trémula Presence 8 Virgulas efou tragas Presenca em 2 ou mais figuras aie ce ap6r B anos, @ & nacessinins presenga ge 4 ou mats dens Fore’ Clawson, 1980, cunna, Solara, Fulgdncio et al, 199 (aaaptade Pstcoowandstco -V 313 sultados de um teste de diferenca de propor- des, pode-se concluir que a ocorréncia de quatro ou mais desses desvios pode justificar uma hipétese de transtorno no desenvolvimen- ‘to neuropsicolagico, dos 8 aos 12 anos de idade. QUADRO 19.13 Desvios Koppitz altamente signi cativos e sugestivos da presenca de transtornos no desenvolvimento neuropsicolégico NE Desvios Koppitz Figura ‘Adicio ou omissa0 de Angulos Integragio Integracio Rotacio Angulos por curvas Perseveragio Adigio ou omissao de angulos Adigio ou omissio de angulos TA hipéteseaplc-se semente ap6s & anos, « &necessvia a presen de ou mals desis. Fonte Clnvon, 1980; Cunh, Biola, Fulgénco et al, 1991 (assptas). ©) Apesar de tanto 0s desvios Clawson como os desvios Koppitz poderem ser usados como indicios na triagem de transtomos no desen- volvimento neuropsicalégico, dentro dos ct térios referidos, nao ha superposigao pratica entre eles, sendo que a sua identificagso se deve fundamentar rigorosamente nas normas apresentadas pela autora adotada para a ava- liacao. Ahipétese de disfuncdo cerebral a partir dos indicadores de Koppitz ‘Ao se avaliar um Bender, para triagem de dis- fungdo cerebral, na realidade, julga-se 0 grau dda precisao na reproducéo dos desenhos, bem como da integracio global da figura (Groth- Marat, 1999). Portanto, levantam-se hipéte- ses que tém que ver com o funcionamento vi soperceptivo e construcional, Consequente- mente, a hipétese de disfuncao cerebral en- contra apoio numa primeira hipétese de que existe um déficit numa func3o cognitiva. To- davia, dificuldades na realizacao da tarefa po- dem ocorrer nao sé por problemas no Sistema 314 Juneua ALaves Cunsa Nervoso Central, no desenvolvimento neuro- psicolégico, como por fatores emocionais. Des- sa maneira, ainda que o Bender costume ser usado como recurso de triagem de déficit ce- rebral, ha grande probabilidade de classifica- ‘sa0 errénea, tornando-se especialmente impor- tante, além de um escore especifico, um exa- me cuidadoso do tipo de erros e da observa- 540 do comportamento apresentado durante ‘0 desempenho, e a obtencio de informacses adicionais. A respeito, Groth-Marnat (1999) apresenta uma lista de erros, baseado num estudo sobre 08 indicadores de Koppitz, realizado por Taylor, Kaufman e Partenio, em 1984, lembrando que, se existe a expectativa de que criancas de 5 a8 anos cometam alguns desses erros, isto é raro ‘ou muito improvavel apés os 8 ou 9 anos, exi- gindo-se a presenca de, no minimo, quatro das caracteristicas do Quadro 19.14, para selevan- tar uma hipétese de disfuncao cerebral. BENDER NO ADOLESCENTE Embora existam muitas pesquisas utilizando o Bender em criangas e adultos, estudos siste- maticos com adolescentes tam sido muito es- ‘cassos, exceto pela existéncia de normas para ‘a populacao adulta que se estendem até os 15, anos de idade (Hain, 1964a, Hain, 1964b; Pas- «cal & Suttell, 1951). Indicadores emocionais de Koppitz a Es cala de Psicopatologia de Hutt Conforme Belter e colegas (1989), Koppitz nao considerava que © somatério de seus indica- dores emacionais constituisse um “escore sig- nificativo", mas afirmava que “a presenca de trés indicadores emocionais ou mais, num pro- tocolo, é fortemente indicativa de dificuldades ‘emocionais” (p.416). Nao obstante, decidiram pesquisar em adolescentes como se compor- tavam os indicadores emocionais propostos por Koppitz, em 1975, para criancas. ‘A amostra foi constituida por um grupo de 150 adolescentes normais, 140 adolescentes QUADRO 19,14 Caractersticas importantes em criangas, apés # ou 9 anos, segundo Taylor, Kaufman e Partenio, para basear a hipétese de disfungso cerebral (critévio: presenga minima de 4) NE Caractersticas Condigoes 11 Simplificasia num nivel de Presenga em 2 ou 3 ou mais anos abaixo da mais figuras idade cronclégica 2 Colisdo de uma figura com Presenga ‘outra ou com a berda do papel 3 Fragmentacéo Presenca em 1 ou mais figuras 4 Rotagie de 90° ou mais —_Presenga.em 1 ou mais figuras 5 Nimero incorreto de Presenga em 3 ov unidades mais figuras 5 Perseveragio de unidade _Presenga de umn figura a figura ‘ipo ou mais 7 Qualidade da linha tramula_Presenga 8 Linkas por pontos Presenca 8. Linka reta por curva Presenga Forte Grth-Marnat, 1989, pSE3 adapted) com perturbacdo emocional e 47 adolescentes com perturbacao emocional e diagnéstico se- cundario de retardamento mental ou de com- prometimento cerebral ‘Atribuido escore para os 12 indicadores emocionais nos protocolos Bender, os resulta- dos demonstraram a presenca de diferencas apenas em alguns grupos de idade e a ausén- cia de correlacao entre esses escores € 0 QI. A. conclusao foi de que “a falta de um padrao consistente de interacdo sugere que a soma dos indicadores emocionais néo é um sinal consistente de perturbacio emocional em ado- lescentes” (p.421). Por outro lado, a presenca de trés sinais nao foi considerada um critério indicative de perturbacio emocional, No en- ‘tanto, parece ter um carater probabilistico, que deve ser melhor explorado. Da mesma forma, foram atribuidos escores aos protocolos, conforme a severidade e/ou a frequéncia da ocorréncia dos 17 fatores da es- cala de psicopatologia de Hutt, melhor desc ta na seco sobre o Bender adulto, Os resulta- dos indicaram a relacao desses fatores com QL e idade, mas nao com psicopatologia. Os autores concluem que, como instru- mento projetivo, o Bender apresenta limita- ‘goes em seu uso com adolescentes, exceto no que se refere aos indicadares emocionais, mas “somente como um componente de uma bateria de métodos de avaliacao psicolégi- a" (p.422). Indicadores de atuacio de McCormick e Brannigan Varios autores, como Brown, Hutt Koppitz, McCormick e Brannigan, em 1984 (apud Gro- th-Marnat, 1999), elaboraram uma lista de in- dicadores, com base nos quais seria possivel chegar a um escore de atuasao na adolescén- cia, incluindo os seguintes sinais: + *Figuras espalhadas na pagina + Aumento progressivo no tamanho das fi- guras + Aumento global no tamanho das figuras + Colisoes + Riscos por pontos ou circulos + Circulos por pontos + Pontos por circulos + Linha excessivamente densa + Segunda tentativa + Angulacéo aguda” (p.58) Bender como prova de maturidade percepto-visomotora, segundo Koppitz Conforme comentarios de Mcintosh e colegas (1988), Koppitz nao estendeu seu sistema de ‘escore além dos 12 anos, tendo diividas quan- to a sua utilizagdo na adolescéncia, porque a sua expectativa era de que naquela idade se completasse a maturacéo percepto-visomoto- ra, Nao obstante, esses autores decidiram con- duzir uma investigagéo com sujeitos de 12 a 16 anos, sob a pressuposicao de que a quali- dade dos desenhos melhorasse durante a ado- lescéncia, bem como a de que 0 Bender pu- desse diferenciar adolescentes normais de ado- lescentes com perturbacao emocional, com ou sem retardamento mental (QI < 70) ou com- prometimento neurolégico. Pscoowandsnco -V 315 ‘Aamostra foi composta por 150 adolescen- tes notmais, 140 com perturbagéo emocional € 47 também com perturbacéo emocional ¢ diagnéstico secundério de retardamento men- tal ou de comprometimento neurolégico. 0s resultados demonstraram que os esco- res Koppitz tendiam a diminuir com a idade, nos trés grupos. Contudo, nao se verificaram diferencas entre 0 grupo normal eo grupo com perturbacéo emocional, embora tenham sido encontradas diferencas entre os notmais e 0 grupo com perturbagao emocional e um diag- néstico secundario de retardamento ou com- prometimento neurolégico. Os resultados so apresentados no Quadro 19.15, QUADRO 19.15 Médias e desvios patirio de ‘escores Koppitz em adolescentes normais e com fetardamento mental/comprometimento neurolégico, dos 12 aos 16 anos Normals Chetardamento mental’ vende comprometimento neurolégico oF, ™ De. 124350 288 5,13 3,04 13 183 1495.63 475 14127 1,76 683 457 15 127 138325 253 16 67132328 237 Forte: Melosh ecolgas, 1988, p28 (dador renumidor. Pesquisa de Shapiro e Simpson, de 1995, referida por Groth-Marnat (1998), confirma os resultados de McIntosh e colegas (1988), de- monstrando que a escala de Koppitz pode ser til na adolescéncia, uma vez que os escores diminuem progressivamente, embora, entre os 316 Jura ALaves Cunsa 12 € 18 anos, nao se mantenha tao evidente a relagao com idade, como anteriormente, 0 sistema Bender-Lacks (adaptacao Hutt-Briskin) O sistema Bender-Lacks (melhor descrito na secao sobre o Bender adulto) foi utilizado na mesma amostra do estudo anterior (Mcintosh et alii, 1988), Os resultados indicaram a mes- ma tendéncia de decréscimo dos escores com ‘0 aumento da idade. 0 grupo com diagnésti- co secundario de retardamento mental ou de comprometimento neurolégico diferenciou-se significativamente dos outros dois, que, nio ‘obstante, nao apresentaram diferencas entre si, As médias e os desvios padrao do grupo nor- mal e do grupo com diagnéstico secundario de retardamento mental ou de comprometi- mento neurolégico sdo apresentados no Qua- dro 19.16, porém, convém salientar que o nié mero de sujeitos neste ultimo grupo era relati- vamente pequeno, ‘QUADRO 19.16 Médias e desvios padrio de lescores Lacks em adalescentes n retardamento mental/comprom neurolégico, dos 12 aos 16 anos Normals __Gretardamento mental” dade comarometimento nevrolsgico (no) bP ™ Da, 267 109487 258 13243 as 563 226 14 230 144 5,00 251 3s 227 1a 394 246 36207138387 un Fonte: Melnvosh clegas 1988, 229 (dadosresumidos.

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