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2017­6­13 ConJur ­ Temer sanciona lei que libera terceirização em atividade­fim

TRÊS VETOS

Temer sanciona lei que libera terceirização em


atividade-fim
31 de março de 2017, 20h28

O presidente Michel Temer (PMDB) sancionou, com três vetos, norma que libera a
terceirização para todas as atividades das empresas. A Lei 13.429/2017 foi
publicada já nesta sexta-feira (31/3), em edição extra do Diário Oficial da União, com
validade imediata. Contratos existentes podem ser modificados caso as partes
concordem.

Foi vetado um dispositivo que assegurava uma série de benefícios ao trabalhador


temporário, inclusive direito de receber o mesmo salário e “jornada de trabalho
equivalente à dos empregados que trabalham na mesma função ou cargo da
tomadora”. Segundo a justificativa do Planalto, “não há razão lógica ou jurídica para
o dispositivo, já que os direitos elencados [...] estão assegurados na Constituição, em
seu artigo 7º, não se configurando adequada a proposta que admita limitação a esses
direitos”.

Também foi retirado um artigo que obrigava


classificar o trabalhador como temporário na
carteira de trabalho, no caso de atividade com
tempo determinado. Outro veto deixou de fora
dispositivo que buscava permitir prorrogação
do prazo de 270 dias dos contratos temporários
ou de experiência, mediante acordo ou
convenção coletiva. Para o governo, a regra
poderia criar “conflito entre esse regime
Michel Temer transformou em lei projeto
contratual e o contrato por tempo
de 1998 que libera a prática no Brasil.
indeterminado”. 

Entraram na lei os temas centrais do PL


aprovado no dia 22 de março pela Câmara dos Deputados, permitindo que empresas
terceirizem a chamada atividade-fim (principal da empresa) e garantindo a prática
inclusive na administração pública. A empresa de terceirização também fica
autorizada a subcontratar outras empresas para fazer serviços de contratação,
remuneração e direção do trabalho — o que é chamado de “quarteirização”.

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2017­6­13 ConJur ­ Temer sanciona lei que libera terceirização em atividade­fim

A sanção ignora pedido de senadores do PMDB que queriam que o Planalto


esperasse até o Senado votar projeto com tema semelhante. A nova lei só não vale
para empresas de vigilância e transporte de valores. Permanecem “as respectivas
relações de trabalho reguladas por legislação especial, e subsidiariamente pela
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)”.

Na falta de lei específica sobre o tema, valia até então o que vem pregando o
Tribunal Superior do Trabalho. Com a Súmula 331, a corte restringe serviços
terceirizados para três situações específicas — trabalho temporário, segurança e
conservação e limpeza — e uma hipótese geral — quando os serviços se relacionam
à atividade-meio do empregador.

O texto foi elaborado durante o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002),


encaminhado à Câmara em 1998 e aprovado no Senado em 2002. Deputados
contrários ao projeto criticaram a votação da proposta 15 anos depois e chegaram a
defender a apreciação de outro texto, em tramitação no Senado, que trata do tema.

Embora o sistema judicial brasileiro tenha passado por grandes alterações desde
então, advogados trabalhistas ouvidos pela ConJur afirmam que a redação não entra
em conflito com o Código Civil de 2002 nem com o Código de Processo Civil de 2015.

Condições e obrigações
Em casos de ações trabalhistas, caberá à empresa terceirizada (que contratou o
trabalhador) pagar os direitos questionados na Justiça, se houver condenação. Se a
terceirizada não tiver dinheiro ou bens para arcar com o pagamento, a empresa
contratante (que contratou os serviços terceirizados) será acionada e poderá ter
bens penhorados pela Justiça para o pagamento da causa trabalhista.

De acordo com a lei, é responsabilidade da contratante garantir condições de


segurança, higiene e salubridade dos trabalhadores, quando o serviço for feito em
suas dependências ou em local já fixado no momento do contrato.  

É facultativo à contratante oferecer ao terceirizado o mesmo atendimento médico e


ambulatorial dado aos seus empregados, incluindo acesso ao refeitório. O contrato
de prestação de serviços deve informar o serviço que será prestado e prazo para a
realização das tarefas, quando necessário. 

Segundo a Folha de S.Paulo, o governo federal estuda deixar para a proposta de


reforma trabalhista alguns retoques para determinar que a contratante fiscalize se a
terceirizada cumprirá obrigações trabalhistas e previdenciárias. O jornal diz que
esse ponto é visto como essencial para evitar queda na arrecadação do INSS. 

Silêncio legislativo
A nova regra muda a Lei 6.019/1974, sobre o trabalho temporário nas empresas
urbanas. Em artigo publicado na ConJur, o procurador federal Fernando Maciel diz

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que a subcontratação de serviços nas atividades-fim somente pode ocorrer em


contratos de trabalho temporários, diante do “silêncio eloquente” do projeto de lei
de 1998.

Para ele, “esse vácuo normativo deve continuar a ser disciplinado pela Súmula 331
do Tribunal Superior do Trabalho, a qual proíbe a terceirização das atividades-fim
do tomador”, até o Supremo Tribunal Federal julgar o tema no Recurso
Extraordinário 958.252. Com informações da Agência Brasil.

Clique aqui para ler a nova lei.


Clique aqui para ler reportagem especial da ConJur sobre o tema.

*Texto atualizado às 21h55 do dia 31/3/2017 para acréscimo de informações.

Revista Consultor Jurídico, 31 de março de 2017, 20h28

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