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SUMÁRIO

PREFÁCIO - 4 INTRODUÇÃO - 6

C A P Í T U L O 1 OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA

OBSERVACÃO DE BINÓCULOS E FOTOGRAFIA


AVES - 23 GRAVADORES - 51 DE NATUREZA - 62

C A P Í T U L O 2 VIAGENS E TÉCNICAS PARA EMERGÊNCIAS

EQUIPAMENTO - 93 ROUPAS E NAVEGAÇÃO - 115


CALÇADOS - 107

ÁGUA - 150 FOGO - 183 CAMPING SELVAGEM - 189 ALIMENTAÇÃO - 204


PREFÁCIO
Desde os primórdios do século XVI a atividade Este repentino progresso na logística de trans- A observação das aves e da natureza, por exemplo,
dos naturalistas em campo aumentou gradati- porte e desenvolvimento da tecnologia, na é uma atividade relaxante e fascinante, que pode
vamente até os dias atuais, atividade esta que popularização do acesso a equipamento com- ser praticada por crianças, jovens e adultos. É um
abriu novos campos para pesquisa científica plexos, roupas, alimentos e sistemas de geopo- dos hobbies mais apreciados em todo o mundo.
como a Zoologia, Botânica, Ecologia, Geologia sicionamento, abrem um universo de perspecti-
Estima-se que hoje existam mais de 80.000.000
e também nos campos da Física e da Química. vas enormes ao naturalista amador, mas cria um
de praticantes, encontrados principalmente em
Os Naturalistas dos séculos XVIII e XIX, em geral, paradigma quando se trata do quesito seguran-
países como Estados Unidos, Inglaterra, Alema-
dominavam todos estes ramos do conhecimen- ça. Partindo dessa premissa, temos a intenção
nha, Austrália, Japão e outros.
to, além da Astronomia e Medicina. No Brasil nessa obra de cuidar das diversas técnicas atual-
a visita de ilustres naturalistas como Spix e von mente em voga na observação da natureza, cui- A observação de aves é realmente uma prática gra-
Martius, Wied, Darwin, Langsdorff, Natterer, Ba- dando também das condutas de segurança que tificante e encantadora que gera grande bem-estar
tes e Wallace, dentre outros, acelerou o interesse um naturalista amador deve, em nossa opinião, emocional, aliviando os níveis de estresse do dia-a-
da pesquisa de campo no nosso País. ao menos conhecer na teoria. Numa situação dia. As aves constituem o grupo dos vertebrados mais
de emergência e sobrevivência, o conhecimen- difundidos e visualizados na natureza, pois são co-
Atualmente mais e mais naturalistas amadores
to teórico em técnicas de bushcraft, camping loridos, atrativos, interessantes e encantadores. Não
adentram campos e florestas em busca de plan-
selvagem, navegação, primeiros socorros e ou- bastassem tais atributos, muitas espécies cantam co-
tas e animais, colecionando fotografias, dese-
tros, podem, ao menos, amenizar a fadiga e o piosamente, o que tem inspirado a alma dos artistas
nhos, gravações sonoras e filmagens, cada qual
estresse de viagens a locais extremos da terra, e encantado gerações de pessoas em todo o globo.
movido pelo mesmo interesse comum; a nature-
como nas florestas tropicais, montanhas e até
za em sua essência. O fenômeno da globalização Os observadores de aves também são responsá-
nos oceanos.
abriu fronteiras inexploradas a pesquisa facilitan- veis por grande parte dos conhecimentos adquiri-
do o acesso a áreas remotas nos quatro cantos A prática de observação de aves, a fotografia dos sobre a avifauna de seus países, por acumula-
da terra e disponibilizando grande acervo de de natureza, trekking e o turismo ecológico, rem fotografias, imagens em vídeo ou gravações
informação antes restrita às universidades, por são atividades inseridas no naturalismo e mes- dos cantos das aves. Essas atividades geralmente
meio da internet. Da mesma forma o turismo mo profissionais da área de biologia, geologia, auxiliam as autoridades competentes no manejo
ecológico facilitou em muito o acesso dos ama- ecologia e na medicina, podem se beneficiar de de seus recursos naturais e promovem o turismo
dores às áreas inóspitas, como as regiões polares suas técnicas para trabalhar em campo, seja para local. Pretendemos, por isso, divulgar algumas
e os desertos, e mesmo as mais altas montanhas a preparação prévia de uma excursão ou para o técnicas de observação de aves e da natureza em
podem ser alcançadas pelo cidadão comum. naturalista amador em férias e que adentra em nosso país, fornecendo elementos para a escolha
parques e reservas naturais. dos equipamentos mais indicados, bem como
orientar sua utilização em campo.

TOMAS SIGRIST
Maio de 2014

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INTRODUÇÃO AOS BIOMAS E
ECOSSISTEMAS BRASILEIROS

O bioma é um conjunto de ecossistemas. No Brasil existem seis Nessa cadeia ou pirâmide alimentar, os produtores ou vegetais ela-
biomas principais: a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica, o Cer- boram diretamente a vida a partir das matérias minerais do solo
rado, a Caatinga, os Campos Sulinos, os Mares e Oceanos. e dos gases atmosféricos (através da clorofila); os consumidores
primários se nutrem desses vegetais e servem de alimento, por sua
Um ecossistema é constituído basicamente pelo relevo, pelo clima,
vez ao consumidores secundários e terciários. Os decompositores
pela vegetação, pela fauna, pelo solo e pelos rios. O sentido de
(bactérias, fungos, urubus, etc.) se nutrem de detritos orgânicos
um ecossistema reúne uma série de ciclos, o energético como o da
de cadáveres e asseguram o retorno da matéria orgânica ao estado
luz solar, da água, ciclo do ozônio, e do carbono. A convivência
mineral, alimentando novamente as plantas.
dos seres viventes se dá em função de seu tipo de alimentação,
formando a chamada cadeia trófica ou alimentar.

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VEGETAÇÃO BRASILEIRA UM MODELO DE PIRÂMIDE ALIMENTAR

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MODELO ESTRUTURAL DE UM ECOSSISTEMA
OS CERRADOS
O Bioma Cerrado está localizado essencialmente no Planalto Central do Brasil, nos estados de Goiás, A vegetação típica de cerrado é composta por árvores e arbustos de pequeno porte, de troncos tortu-
Tocantins e o Distrito Federal, parte dos estados da Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Mato Gros- osos, casca rugosa e galhos com folhas duras. Desenvolve-se em solos pobres e deficientes em certos
so do Sul, Minas Gerais, Piauí, Rondônia e São Paulo; e também em áreas ao norte nos estados do nutrientes, o que confere à vegetação um aspecto de certa aridez, veja nas fotografias.
Amapá, Amazonas, Pará e Roraima, e ao sul, em pequenas “ilhas” isoladas de vegetação no Paraná.
O Bioma Cerrado possui uma grande quantidade de animais e vegetais de hábitos terrestres e aquáti-
cos, muito frequentemente figurados em lendas e crendices populares.

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OS CAMPOS
As formações campestres do Brasil englobam três tipos: o Campo Sujo, o Campo Limpo e o Campo
Rupestre. O Campo Sujo caracteriza-se pela presença evidente de arbustos em meio ao tapete de ervas
e capim. A savana de cupim é uma simples variação destes campos, mas repleta de cupinzeiros.
No Campo Limpo, a presença de arbustos é insignificante. Já o Campo Rupestre é semelhante ao cam-
po Sujo ou ao Campo Limpo, diferenciando-se apenas por afloramentos de rocha, comuns à paisagem.

Na foto acima os campos limpos em Goiás e abaixo a mesma fitofisionomia dos campos limpos em
Santa Catarina, com bosques de mata subtropical e araucárias em capões isolados.

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RIOS, MATAS E FLORESTAS

As florestas englobam os tipos de vegetação com predominância de árvores e podem ser dividas em:

Mata Seca: são matas situadas em terrenos secos, em geral afastados dos rios e em terrenos elevados.
Mata Ciliar: são matas que crescem na margem dos rios em terrenos não alagados.

Mata de Galeria: são matas que crescem em terrenos alagados, como as Veredas, por exemplo. Cerradão: são matas de árvores retorcidas semelhantes aos cerrados, embora apresentem árvores bem maiores,
como por exemplo, os ipês.

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A mata de terra firme da Amazônia e seu denso dossel. Os manguezais ocorrem nos estuários de grandes rios.

A Mata Atlântica e sua densa vegetação.

Cortesia de Lydie Baudet


As Caatingas ocupam a Região Nordeste. O Brasil tem poucas Ilhas oceânicas no seu extenso
litoral; repleto de praias.

A Mata Subtropical da região sul é mais aberta.

Cortesia de Lydie Baudet


As matas alagavéis, como as matas de várzea e os Os Palmais são ecossistemas dominados por palmeiras
igapós, são frequentes na Amazônia. de diversas espécies, como por exemplo, a carnaúba.

As Restingas são praticamente impenetráveis sem o auxílio de passarelas.

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OBSERVAÇÃO DE
FAUNA E FLORA
CA PÍTULO 1

Nesta seção pretendemos divulgar algumas técnicas de es-


tudo e observação dos mais variados aspectos da fauna e
flora presentes num dado ecossistema.
OBSERVAÇÃO DE AVES

As aves constituem o grupo vertebrado mais estudado e fácil de observar em nosso país e muitas das
técnicas de observação utilizadas em Ornitologia podem ser adaptadas à outras áreas da Biologia,
Ecologia ou a Etologia.
Por isso como introdução ao tema, iniciamos esta obra com o estudo das aves.
Ao praticar as atividades de campo sugeridas a seguir, o naturalista iniciante rapidamente adquire grande
familiaridade com a fauna em seu local de atuação, obtendo também grande soma de informações que
podem vir a se tornar de grande valia para desenvolvimento da Zoologia Brasileira. O número de ornitó-
logos e outros profissionais, atuando no Brasil ainda é insuficiente para os desafios que esse campo de
pesquisa oferece, e muitos observadores iniciantes ou avançados têm participação decisiva nas pesqui-
sas, localizando espécies raras na natureza, obtendo fotografias, imagens e gravações das mais arredias
espécies em campo e disponibilizando seu conhecimento pessoal para a comunidade científica. Alguns
clubes de observadores de aves têm como objetivo principal estreitar o envolvimento de amadores e
profissionais, possibilitando a troca de informações por meio de reuniões e encontros esporádicos entre
seus associados, ou por meio de periódicos de livre circulação entre os interessados, além de palestras e
outros eventos. O advento da Internet também aproximou em muito essas relações, gerando frutos para
o progresso em todas as áreas do conhecimento humano, inclusive em nível internacional. O famoso
ornitólogo Helmut Sick manifestou este sentimento em sua inestimável obra “Ornitologia Brasileira”:”_Na
ornitologia de todos os países, os amadores contribuem consideravelmente para a ampliação dos conhe-
cimentos. Conhecer, saber mais da interessantíssima vida das aves é o primeiro passo para estimular o
sentimento de conservar a natureza, que atualmente passa por tantos perigos”.
Seguindo a sábia premissa desse ornitólogo, divulgamos a seguir, algumas sugestões iniciais para a
correta anotação das observações de campo, com base em nossas experiências pessoais.A completa
anotação das observações realizadas em campo em uma caderneta de notas é o primeiro passo a se
executar com disciplina e dedicação. O melhor é adotar a utilização de cadernetas de bolso com capa
dura e encadernação costurada, uma vez que esse sistema apresenta certas vantagens em campo, por
se tratar de produto mais resistente ao constante manuseio.
Prefira tomar suas anotações por meio de lapiseiras que utilizam minas de grafite do tipo “B” ou “2B”
ao uso inconveniente de canetas esferográficas, cuja tinta desvanece com o passar do tempo.
Quem preferir utilizar canetas deve investir nos modelos do tipo “caneta para arquivos”, pois estas são
desenhadas especificamente para o arquivamento de documentos por décadas seguidas.Nessa cader-
neta de campo, anota-se o nome completo do observador, seu endereço e dados pessoais para envio
pelo correio, em caso de extravio, o que frequentemente acontece em campo.
Em seguida, numeram-se todas as páginas do caderno e iniciam-se as anotações das observações
colhidas em campo.

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Você pode observar aves a qualquer hora do dia, em todas as estações do ano, nas horas vagas, finais
de tarde e até à noite, quando podemos observar aves noturnas como as corujas, por exemplo.
O melhor horário para a prática da observação de aves é pela manhã (entre 6 e 10h) e no final da tarde
(entre 15 e 18h), pois, assim como os seres humanos, as aves procuram temperatura ambiente mais
amena. Dias chuvosos ou nublados não interferem na atividade das aves, mas ventanias muito fortes e
frequentes podem inibir a atividade da maioria das espécies.
Para melhor observar as aves faça uso de um binóculo e tente se aproximar devagar e calmamente das
aves, evitando falar alto e movendo-se devagar.
Leve uma caderneta de bolso e um lápis e anote suas observações.
Nessa caderneta de campo, anota-se:
1 - Seu nome completo e local (localidade, município, estado) e Data (dia, mês, ano);
2 - Horário e condições do tempo (nublado, com sol, frio, calor, geada, vento forte, etc.);
3 - Biótopo (cidade, campo, mata, brejo, capoeira, cerrado, caatinga, etc.);
4 - Cor das pernas, dos olhos e do bico, entre outras;
5 - Detalhe minucioso do colorido e da plumagem;
6 - Desenhos: tente esboçar, por meio de desenhos simples, características anatômicas que chamam a
atenção ou posturas típicas da ave observada, como no desenho ao lado;
7 - Compare suas anotações e desenhos com as ilustrações de um guia de campo e discuta suas dú-
Na internet acesse:
vidas com seus colegas.
www.avisbrasilis.com.br, www.wikiaves.com.br
8 - Pesquise estórias, lendas e crendices populares sobre as aves e animais em sua região, procurando
informações com pessoas da zona rural e nas comunidades culturais instaladas em sua região. www.xeno-canto.org, www.ao.com.br, www.ibama.gov.br

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O QUE ANOTAR?
1 - Local (localidade, município, estado) e Data (dia, mês, ano);
2 - Horário e condições do tempo (nublado, com sol, frio, calor, geada, vento forte, etc.);
3 - Biótopo (sub-bosque, dossel, estrato médio ou alto, brejo, capoeira, mata primária, etc) e o habitat
(mata Atlântica, cerrado, caatinga, etc.);
4 - Cor das partes nuas, quando possível, como por exemplo, a cor das pernas, dos olhos e do bico,
entre outras;
5 - Detalhe minucioso do colorido e da plumagem;
6 - Desenhos: tente esboçar, por meio de desenhos simples, características anatômicas que chamam a
atenção ou posturas típicas da ave observada;
7 - Registros: caso tenha obtido uma foto, uma gravação ou tenha feito filmagens, faça-as constarem
no corpo da anotação, como um lembrete;
8 - Comportamento: anote detalhadamente aspectos do comportamento natural da espécie como
por exemplo:
• Acompanham bandos mistos?
• Seguem formigas de correição?
• Estava construindo um ninho? Como são os ovos? Tente um esboço ou uma foto!
• Vivem solitários ou aos casais?
• Como vocalizam? Foi possível obter gravações?
• Quais seus hábitos alimentares? Foi possível coletar um fruto do qual o pássaro se alimentava con-
servando-o em álcool a 70% para análise posterior, ou obteve alguma foto desse fruto, ou ainda uma
exata descrição do mesmo como a cor, a forma e até um esboço?
• Como voa essa ave? Em trajetória ondulada, linha reta ou mergulhando em pleno ar? No caso de
aves de rapina ou pescadoras, como capturam suas presas?
• Usa poleiros verticais ou horizontais? Vivem em águas rasas ou profundas? Empoleira nas copas ou
nos arbustos baixos?
• Qual a forma da asa, do bico e da cauda?
• A espécie tem hábitos gregários?
• Como a ave se comporta na presença do observador? Afasta-se apressadamente? Curiosa, aproxima-
se deste ou o ignora completamente?
• A espécie observada apresenta alguma anilha de identificação nas pernas? Os binóculos permitem
uma leitura das informações contidas nessas anilhas, no caso de aves de grande porte?

Cuidados
Se presenciar atos de agressão contra a natureza, derramamento de petróleo no mar ou derrubadas ilegais,
comunique a polícia florestal ou o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) (http:// www.ibama.gov.br)

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NINHOS E AVES MIGRATÓRIAS É possível identificar fotografias de aves e de seus ovos pela comparação direta por meio de espécimes
conservados nos museus, foto abaixo.
Fotografar ninhos é um assunto muito delicado. É difícil traçar uma linha sobre o que é certo e errado
quando se fotografa a nidificação de aves. Assim, no interesse da segurança do pássaro, o melhor é
evitar a fotografia em ninhos, ou tomar poucas fotos o mais rápido possível e se afastar imediatamen-
te. As aves são particularmente vulneráveis durante o período migratório, durante o qual elas estão
viajando distâncias extremamente longas, esgotando-se quase ao ponto da morte, e parando apenas
para descansar, reabastecer, e seguir em frente. Procure tratar estas aves com respeito e cautela e
minimizar a sua presença, ficando atrás de barreiras de folhagens ou troncos, tanto quanto possível e
vestindo roupas de cores neutras, como o bege, oliva e cinza.
As vantagens de ser um observador ou fotógrafo de ética é que você vai sair com as fotografias na-
turais que procura, e com a satisfação pessoal de ter observado um momento íntimo na vida de um
animal sem lhe causar estresse.
Aprenda a entender o comportamento animal, saiba quando não interferir no seu ciclo de vida. Se o
animal mostra estresse com sua aproximação, afaste-se. Nunca faça movimentos bruscos.

Ninho de tejo ou sabiá-do-campo Mimus saturninus.

Ovo de curiango nas coleções do Museu de Zoologia Ninho de choca-do-planalto


da USP, acima e abaixo outro da mesma espécie (Thamnophilus pelzelni).
fotografado em Goiás.

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Procure fotografar ou filmar aves em nidificação
com teleobjetivas a partir de distâncias conside-
ráveis para não estressar as mesmas. Tente fotos
com a técnica de digiscoping (veja na página
55) e divulgue suas melhores tomadas em sites
como o WikiAves (www.wikiaves.com.br). Evite
se aproximar mais que o necessário! O manuseio de filhotes só é permitido a profis-
sionais que desenvolvem pesquisas sob supervi-
são do Estado. Nestas fotos, biólogos anilham
e colhem amostras de DNA de um ninhego de
Guará (Eudocimus ruber), em Santa Catarina,
cortesia de Alexandre Grose.

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Caso encontre uma ave morta contento uma anilha metálica ou plástica presa aos pés, recolha o espécime,
congelando-o dentro de um saco plástico lacrado se o processo de deterioração não estiver avançado, e leve
sua coleta para uma universidade ou museu de zoologia próximo de sua residência. Caso o animal se encontre
em adiantado estado de putrefação, procure tirar fotos da carcaça, colocando ao lado do espécime uma ca-
neta ou outro objeto de uso comum, que permita uma idéia de escala de tamanho. Em seguida, tente retirar
a anilha e entre em contato com o órgão responsável, seguindo a orientação contida na anilha, ou avise o
CEMAVE (Centro de Estudos de Migração das Aves) (http:// www.cemave.org.br), cortesia de Robson S. e Silva.

A abordagem lenta funciona melhor para pássaros empoleirados ou em áreas arborizadas, mas para
as aves terrestres é sempre aconselhável fotografar deitado do chão e lentamente rastejar em direção
à ave; parando com frequência. Espécimes conservados em museus, acima, podem auxíliar na correta
indentificação das espécies mais difíceis, abaixo.

Atobá (Sula dactylatra) anilhado com anilha CEMAVE.

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RASTROS E DEJETOS

Latrina de anta (Tapirus terrestris). Covil de arraia de rio (Potamotrygon sp.) em tempo de estiagem.

Pegada fresca de anta (Tapirus terrestris), note a umidade escoando do solo e folhas ainda frescas amassadas.

Fezes de capivara (Hydrochoeris hydrochaeris). Rastro de tataruga Viração (Podocnemis expansa)

Dejetos, pegadas e rastros podem ser documentados Rastro de Jacaré (Caiman crocodilus).
por fotografia e depois verificados por especialistas,
ou em guias especializados. Acima a pegada de uma
lebre européia (Lepus sp.) Pegada fresca de onça (Panthera onca), o vento ainda não alisou as arestas, nas bordas.

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MÉTODOS DE COLETA DE ANIMAIS
ATROPELADOS PARA ESTUDOS
Conservação: se houver possibilidade de mergulhar a carcaça toda em álcool de uso doméstico ou em
solução de formol, tal medida pode salvar o esqueleto de um espécime de grande interesse para os
museus de história natural. Diante de uma praia abarrotada de centenas de carcaças de aves marinhas,
mortas após fortes tempestades, procure avisar o departamento de Zoologia da universidade mais
próxima do local, divulgando o ocorrido aos ornitólogos profissionais para aproveitar a oportunidade
de estudo que o local oferece.

Jararaca (Bothrops atrox), cuidado com o veneno! Cachorro do mato (Cerdocyon thous).

Penas perdidas de aves podem auxiliar na identificação de espécies ou de Muitos répteis procuram estradas e rodovias para tomarem banhos de sol e termorregular a temperatura corporal
carcaças em adiantado estado de putrefação. e se tornam vítimas de atropelamentos.

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Para se defender, ainda que de uma improvável
agressão por certos animais, como os felinos,
queixadas e catetos, use um spray de pimenta
para sua segurança pessoal e também do animal
agressor. Um spray de pimenta é muito mais se-
guro e eficiente que uma arma de fogo. Em geral
os animais selvagens fogem da presença huma-
na. Portanto evite se aproximar em demasia.

Acima e abaixo um cateto em atitude agressiva, Queixada em atitude não agressiva.


note os pelos arrepiados.

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Procure fotografar qualquer fruto ou planta associada a alimentação dos animais, colocando um fundo
branco ou permitindo uma escala de tamanho com a mão, visando aumentar seus conhecimentos na
posterior indentificação desses frutos por meio de livros ou nas instituições de botânica. O acúmulo de Você pode atrair pássaros e outros animais simplesmente espalhando bananas ou outras frutas dispo-
fotografias com uma relação anotada dos animais que usam estes frutos como alimento, permitirá o níveis ao longo de trilhas, especialmente nas curvas, para fotografá-los mais facilmente.Bebedouros
desenvolvimento do seu conhecimento no ramo da frugivoria. de água com açúcar precisam ser lavados diariamente para evitar contaminar as aves com fungos.

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Anta (Tapirus terrestris), farejando em barreiro, excelente local para preparar armadilhas fotográficas e para a Tamandua-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), farejando em total imobilidade, mantenha-se contra o vento.
construção de abrigos de observação adjacentes.

Quati (Nasua nasua), em fuga. Quando você se aproxima de um animal, fique atento, parando sempre que o
mesmo o observar com atenção ou quando erguem a cabeça ou as patas ou ainda quando arrepiam os pelos. Catetos (Pecari tayassu) em atitude não agressiva, boa hora para se aproximar.

Ariranha (Pteronura brasiliensis), prestes a mergulhar.


Teiú (Tupinambis sp.), com o papo inflado em alerta.
O ponto de fuga de cada espécie varia consideravelmente de animal para animal, e o sucesso da aproximação
furtiva depende da sua capacidade em prever estes movimentos e esperar com paciência até que o animal Se você permanecer imóvel por vários minutos após entrar em uma área aberta, os animais voltarão à
relaxe voltando a se alimentar ou a beber, dando-lhe outra oportunidade de aproximação de forma gradativa. sua atividade normal e vão se acostumar com você. Nas fotos acima, os animais se mostram em atitude
de alerta ante a aproximação do autor. Nestes momentos você deve se manter imóvel.

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Cuidado ao se aproximar de jacarés. Embora algumas espécies como o Caiman crocodilus (acima) não re-
presentem uma ameaça séria, é melhor se precaver contra outras maiores como o Jacaré-açu Melanosuchus
niger (foto abaixo).

Acima, veado campeiro Ozotoceros bezoarticus em atitude relaxada, com a cauda abaixada,
e abaixo um veado mateiro Mazama americana com a cauda erguida em alerta.

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X
A observação de animais noctívagos pode ser
melhor executada em noites de lua cheia, cami-
nhando por estradas desimpedidas por vegeta-
ção ou com a utilização de veículos. Muitos ani-
mais utilizam estradas durante a noite para caçar
ou para evitar predadores.
Tenha à mão uma boa lanterna com 2.000 a Curiango
3.800 lúmen de potência e se possível um visor
noturno. Os olhos de muitos animais refletem a
Anta
luz de uma lanterna e podem assim ser localiza-
dos. Visualizar animais selvagens às margens de
rios é mais seguro quando se está embarcado, e
jacarés e muitos mamíferos ribeirinhos também
refletem a luz de lanternas.
Se caminhar a noite por trilhas, leve um compa-
nheiro e use botas e peneiras de cano longo para
evitar cobras. Cuide para não se perder. Jamais
manuseie ou capture qualquer animal selvagem, Curiango
Jacaré este procedimento deve ser executado apenas
por pesquisadores licenciados pelo IBAMA. Lem-
bre-se de que uma boa foto não vale o estresse
desnecessário de um animal.

Tamanduá-de-colete Urutau encandeado

Jaritataca Visão noturna de primeira geração. Aspecto visual obtido com um visor noturno.

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BINÓCULOS

Binóculos de boa qualidade são essenciais para observação de animais e mesmo de certos detalhes de
vegetação, nas copas.
Existem fatores determinantes na escolha dos binóculos, como sua capacidade de aumento, lumino-
sidade, estabilidade da imagem, qualidade óptica, seu peso, entre outros. O primeiro fator determi-
nante, o aumento, é normalmente indicado pelos fabricantes através de um número seguido de “X “.
Assim, num modelo 8 X 42, o primeiro número ( 8 ) indica um aumento de oito vezes, ou seja, permite
observar um objeto como se estivéssemos oito vezes mais próximos dele. O segundo número depois
do “X “ ( 42 ) representa o diâmetro (em milímetros) das objetivas ou lentes frontais do binóculo.
Dividindo-se o diâmetro das objetivas pelo aumento, obtém-se o valor da pupila de saída do binóculo.
Por exemplo, para o mesmo modelo 8 X 42 anterior, temos: 42 : 8 = 5,25 mm. Quanto maior for a
pupila de saída de um binóculo, maior será sua luminosidade e capacidade de oferecer imagens claras
e nítidas. A dilatação máxima da pupila do olho humano, em condições de pouca luminosidade, está
entre 7,0 mm e 9,0 mm, e em condições de muita luminosidade, entre 2,5 mm e 4,0 mm. Portanto,
um binóculo 8 X 56, que proporciona uma saída de pupila de 7,0 mm, é mais adequado para uso em
ambientes escuros, como no interior de florestas ou em horários de crepúsculo, pois oferece ampla
luminosidade. No entanto, usando este mesmo modelo em ambientes abertos e bem iluminados,
como acontece nos campos limpos ou nos cerrados, o observador ficaria incomodado pela excessiva
quantidade de luz concentrada nas oculares. Nesse caso, seriam mais indicados os modelos com saída
de pupila entre 2,5 mm e 4,0 mm, como, por exemplo, um modelo 10 X 25, 8 X 30 ou 10 X 42.
O campo de vista de um binóculo, outro fator importante, determina a área que se pode observar
através do aparelho sem movimentar a cabeça. Os fabricantes indicam esse valor através do campo
angular (medido em graus) e/ou através do campo linear, onde se mede em metros ou pés a área que
pode ser abrangida a uma distância de 1000 metros, ou de 1000 jardas, respectivamente. Quanto
maior for o campo de vista de um binóculo, melhores são as chances de se enquadrar rapidamente
pequenos pássaros em movimento em ambientes de vegetação densa. De maneira geral, os modelos
mais indicados têm um campo linear entre 95 m e 135 m/1000 m (vide tabela 1). Modelos compactos
de binóculos (8 X 20, 10 X 25), ainda que sejam mais leves, e modelos dotados de grande poder de
aumento (acima de 12X) são os que oferecem menor campo de vista, e seu uso torna-se limitado a
áreas abertas como campos e praias.
No que se refere à estabilidade da imagem, permanece o fato de que quanto maior o aumento e maior
a luminosidade do binóculo, maior será seu tamanho e peso e, consequentemente, maior será a possi-
bilidade de se obter imagens tremidas. Os melhores aumentos situam-se entre 8X e 10X, e as objetivas
com diâmetro abaixo de 56 mm são as mais indicadas. Nos últimos anos, surgiram no mercado binó-
culos dotados de sistemas de estabilização de imagem com aumentos entre 12X e 20X, que dispensam
o uso de tripés como era recomendado anteriormente pelos fabricantes para os antigos modelos nessa
faixa de aumento. Porém, são de alto custo e permanece o fato de oferecerem um campo de vista
reduzido. Sua utilização oferece vantagens quando se observa pequenos pássaros.

50 C A P Í T U L O 1 - O B S E R VA Ç Ã O D E FA U N A E F L O R A C A P Í T U L O 1 - O B S E R VA Ç Ã O D E F A U N A E F L O R A
51
A qualidade óptica do binóculo também deter-
mina seu desempenho no campo. Existem dois
sistemas ópticos de binóculos: “porro prisms”
(em que as objetivas não estão alinhadas com

www.canon.com
as oculares, porque os prismas não estão total-
mente posicionados uns sobre os outros) e “roof
prisms” (as objetivas, neste caso, estão alinhadas
com as oculares, porque os prismas se posicio- Modelo Canon 18x50 IS
nam exatamente uns sobre os outros, tornando Com estabilização de imagem
este sistema mais compacto que o primeiro).
Modelos com sistema prismático do tipo “porro”
são mais baratos e podem ser de dois tipos: BK-7

www.leica-camera.com
(borossilicato) ou BAK-4 (bário-silicato), este úl-
timo considerado de melhor qualidade por usar
cristais de quartzo de alta densidade em sua fa-
bricação, propiciando imagens mais definidas.
É importante que esses sistemas ópticos possu-
am um revestimento anti-reflexão (“Coating”),
pois isso reduz a perda de luz causada pela re- Modelo Leica Trinovid 8x42 tipo “Roof Prism“
flexão e refração dos raios de luz que atravessam
as lentes e prismas. Geralmente, tal revestimento
é indicado pelo fabricante através dos seguintes
termos: 1 - “Coated optics” - indica que uma ou

www.zeiss.com
mais superfícies em contato com o ar, de uma
ou mais lentes ou prismas, estão revestidas, 2 -
“Fully coated” - indica que todas as superfícies
em contato com o ar estão revestidas, 3 - “Multi-
coated” - como no item 1, porém com aplicação
de múltiplas camadas de revestimento anti-refle-
Binóculo tipo “Porro“ Zeiss
xão, 4 - “Fully multi-coated”.

www.vortexoptics.com
Duplicador de ocular Vortex Binóculo ‘‘open bridge‘‘ Vortex

52 C A P Í T U L O 1 - O B S E R VA Ç Ã O D E FA U N A E F L O R A C A P Í T U L O 1 - O B S E R VA Ç Ã O D E F A U N A E F L O R A
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TELESCÓPIOS TERRESTRES OU LUNETAS
Para a observação de aves aquáticas, que se reúnem em bandos nos rios e estuários, e para localizar
aves de grande porte pousadas à grande distância nas copas das árvores, ou ainda, monitorar ninhos a
uma distância segura para não interferir no processo de reprodução de um pássaro, é sempre útil um
telescópio com aumentos na faixa de 20 X a 60 X. Com aumentos dessa ordem, torna-se indispensável
o uso de um tripé estável, leve e de fácil manejo.
O mercado oferece modelos com aumento fixo ou com sistema variável de aumentos, tipo “zoom”
(entre 15 a 45X ou 20 a 60X), ou com intercâmbio de oculares de diferentes aumentos fixos (tipos 20X,
30X, 40X, 77X). Alguns modelos permitem acoplar máquinas fotográficas por meio de um adaptador
opcional (digiscoping), atuando então como teleobjetivas (800 mm), ainda que com perda na sua
luminosidade (abertura máxima entre f10 e f11). Os modelos mais luminosos possuem objetivas com
diâmetro entre 60 e 82 mm, e sua saída de pupila, como no caso dos binóculos, varia de acordo com
o aumento da ocular utilizada. A qualidade da imagem é indicada nos modelos profissionais com as
siglas ED ou APO (de apocromático, ou seja, sem aberração cromática).

Ninhal de Trinta-réis-preto, Anous


minutus visualizado e fotografado por
Luneta - Leica Televid com objetiva linear meio da técnica de digiscoping.
Camera adaptada para digiscoping

Luneta - Leica Televid com objetiva angular


www.leica-camera.com

Ao se trabalhar com lunetas, o uso de tripés se torna indispensável.

54 C A P Í T U L O 1 - O B S E R VA Ç Ã O D E FA U N A E F L O R A C A P Í T U L O 1 - O B S E R VA Ç Ã O D E F A U N A E F L O R A
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GRAVANDO AS
VOCALIZAÇÕES DAS AVES

Postura de canto do aracuã (Ortalis sp.)

Para o observador de campo, o conhecimento do canto e


de outras manifestações sonoras das aves no ambiente na-
tural auxilia na identificação das espécies, tanto quanto a
observação direta das cores. Esse conhecimento torna-se es-
pecialmente útil, por exemplo, em ambientes de vegetação
densa ou em áreas impenetráveis como brejos e alagadiços,
ou no caso de aves de hábitos noturnos, onde a visualização
e a aproximação das mais furtivas espécies como inhambus,
corujas e saracuras se tornam impraticáveis.
O canto serve para a defesa do território e para o namo-
ro. Pássaros como japins, corrupiões, gralhas e gaturamos,
conseguem imitar o canto de outras espécies. Os papagaios
também ficaram populares por suas habilidades nesse setor,
imitando a voz humana ou sirenes de ambulâncias, além de
outros sons estranhos.

56 C A P Í T U L O 1 - O B S E R VA Ç Ã O D E FA U N A E F L O R A C A P Í T U L O 1 - O B S E R VA Ç Ã O D E F A U N A E F L O R A
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A gravação das manifestações sonoras das aves é uma técnica muito útil para a documentação da
avifauna de certo local ou para estudos sistemáticos por meio da Bioacústica.As gravações dos cantos
das aves também oferecem grande auxílio na aproximação de espécies furtivas ou ainda na atração
de aves noturnas como as corujas e os curiangos, principalmente em regiões tropicais recobertas por
densas florestas. Tal prática tornou-se acessível aos iniciantes com o advento tecnológico de variados
modelos de gravadores portáteis compactos e de microfones especiais.Além dos binóculos, é sempre
útil, portanto, levar a campo um pequeno gravador de sistema digital, para registrarmos a vocalização
dos pássaros e das aves em locais onde a vegetação ofereça dificuldades à locomoção.
Esses gravadores de uso popular podem ser encontrados sob diferentes marcas e modelos a um custo
aceitável e oferecem a possibilidade de atrair aves ocultas na densa vegetação. Tais aves vocalizam
muito próximo ao observador que caminha por uma trilha estreita na floresta, atraídas que são pelo
playback do seu canto gravado. Muitas cameras fotográficas e filmadoras permitem a captura de sons
e dispensam a aquisição de um gravador portátil. Essas gravações constituem excelentes registros
para comparação e especulação posteriores, quando podem ser analisados por peritos ou através da
comparação com CDs de referência.
Nesses pequenos gravadores podemos checar também a possibilidade de ocorrência de determinada
espécie em nossa área de estudo, ao reproduzirmos gravações de seus cantos por meio de cópias das
faixas de excelente qualidade dos CDs (Audio Digital Compact Discs) de referência; ou www.xeno-
canto.org/?language=pt

O autor gravando aves em plena floresta amazônica, note o kit de emergência a tiracolo, facão e um ‘’Camel back‘’ para água.

58 C A P Í T U L O 1 - O B S E R VA Ç Ã O D E FA U N A E F L O R A C A P Í T U L O 1 - O B S E R VA Ç Ã O D E F A U N A E F L O R A
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TÉCNICAS AVANÇADAS DE GRAVAÇÃO
Visando incentivar os iniciantes na importante tarefa de documentar os registros das manifestações so-
2 noras de nossa avifauna, e com isso aumentarmos nosso conhecimento sobre o assunto, divulgamos
a seguir algumas técnicas mais avançadas de gravação em campo. Salientamos que as técnicas e a
prática da gravação de aves envolve muito menos dificuldades que as técnicas fotográficas apresentadas
anteriormente. No entanto, como acontece na fotografia, gravar com qualidade o repertório vocal das
mais furtivas espécies requer a aquisição de equipamentos da melhor qualidade que o mercado oferece.
O primeiro item a considerar é a escolha de um bom microfone direcional, tipo bastão. Trata-se de um
1 instrumento que captura apenas os sons provenientes de uma única direção, excluindo ou atenuando
ruídos laterais ou sons provenientes de outras partes do ambiente. Alguns modelos, como os fabrica-
dos pela empresa alemã Sennheiser (http://www.sennheiserusa.com), oferecem modelos direcionais
(ME66) ou ultradirecionais (ME67). Em nossa experiência de campo, podemos recomendar ou sugerir
3 como possibilidade de escolha o modelo ultradirecional e seus acessórios ou componentes (ME67 long
shotgun microphone+K6 power supply+MZW67 windscreen) desse fabricante, que conta com repre-
sentantes comerciais no Brasil. Sugerimos também o uso de um suporte supressor de ruídos (shock-
mount) como o produzido pelo fabricante brasileiro Sabra-Som (http://www.sabrasom.com.br), mo-
delo SSM-1/SL, ou similares. O cabo de conexão do microfone para o gravador deve ser confeccionado
em lojas especializadas do ramo. A utilização de pesadas e incômodas parábolas montadas sobre
6
tripés, em substituição aos microfones tipo bastão, é recomendável apenas para trabalhos muito es-
pecializados por serem pouco manuseáveis em campo. Como uma última “dica”, recomendamos uma
leve aplicação de um repelente de mosquitos, à base de água, sobre a espuma windscren do microfone
para afastar ou inibir o incômodo zumbir desses insetos durante as gravações em campo. O mercado
atual também oferece gravadores compactos profissionais analógicos ou digitais, em substituição aos
antigos e pesados gravadores analógicos de rolo, utilizados há décadas seguidas por profissionais e
4 amadores avançados. Os profissionais de hoje utilizam gravadores digitais “solid state recorder”.

Partes de um microfone direcional.

1 Suporte Supressor de ruído 4 “Anti-puff“ ou “Windscreen“

2 ME67 5 Cabos

3 Microfone direcional Senneiser K6 6 Manoplas


Microfone direcional completamente montado

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FOTOGRAFIA
DE NATUREZA
As técnicas e equipamentos para a fo-
tografia de natureza são de fácil assi-
milação e disponíveis a preços variáveis.
Leve em suas andanças pelo campo, ao
menos, uma camêra digital compacta
no bolso ou na mochila para registrar a
natureza em sua essência.

Cigana (Opisthocomus hoazin)

62 C A P Í T U L O 1 - O B S E R VA Ç Ã O D E FA U N A E F L O R A C A P Í T U L O 1 - O B S E R VA Ç Ã O D E F A U N A E F L O R A
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FOTOGRAFANDO AS AVES
A fotografia da vida selvagem e em especial a das aves demanda paciência, dedicação, domínio de Durante a filmagem ou fotografando do veículo faça uma aproximação lenta e gradativa e quando
determinados equipamentos e técnicas apropriadas de trabalho. Aos interessados nesse tema, e espe- filmar aves aquáticas em torno de lagos ou em rios, tente alugar um barco se disponível. Você ficará
cialmente ao público brasileiro, indicamos a leitura da obra de Lello Piazza (ver bibliografia). Segundo surpreso o quão perto você pode se aproximar das aves em um barco.
esse autor, a fotocâmera ideal para o fotógrafo de natureza é a do tipo reflexa ou SLR, tanto para o
“formato 35 mm” como para o “médio formato” (6x6, 6x7, 6x9), pois tal sistema permite observar
através da objetiva e por meio de um espelho refletor a mesma imagem que será registrada na película
fotográfica. Esse sistema também é o que oferece maior flexibilidade de acessórios como lentes inter-
cambiáveis, “flashes”, teleconversores e filtros de correção.

Um carão (Aramus guarauna) fotografado numa poça as margens de uma estrada a partir de um veículo em Santana do Araguaia, Pará.

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TRILHAS E ARMADILHAS FOTOGRÁFICAS Armadilhas fotográficas podem ser instaladas
A presença de animais selvagens muitas vezes pode ser determinada por suas trilhas no capim alto, areia em estradas repletas de pegadas ou ao longo de
ou lama. Essas trilhas geralmente possuem um cheiro característico ou catinga e são excelentes locais para trilhas abertas na vegetação por animais, como
armadilhas fotográficas. Seguindo essas trilhas, muitas vezes, somos levados a poços de água e locais de na foto ao lado, no Parque Nacional das Emas,
alimentação e o rastreamento em geral, é fascinante. Tome cuidado adicional com os grandes felinos, queixa- em pleno campo úmido. Muitas desta câmeras
das e jaritatacas e cuide para não se perder. Algumas trilhas são particularmente infestadas por carrapatos e permitem fotografar ou até filmar a passagem
micuins; use repelente nas pernas. de animais em um determinado local e quando
instaladas de frente a um ninho, podem acom-
panhar o processo reprodutivo de uma ave sem
causar transtorno excessivo. Se pretender usar
destes recursos com ninhos de corujas, escolha
um modelo com visão noturna, que emite um
flash invisível de infra-vermelho, evitando assim
cegar a ave em trajetória de voo até a entrada do
ninho. Se não puder bancar os custos, a melhor
ética é desistir.

Armadilha fotográfica Bushnell

Cachorro do mato (Cerdocyon thous) Veado-mateiro (Mazama americana)

Cateto (Pecari tayassu) Irara (Eira barbara)

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TELEOBJETIVAS
CÂMERAS Além de uma boa câmera fotográfica, torna-se necessário a utilização de Teleobjetivas com distâncias
Neste capítulo, abordaremos a utilização do “formato 35 mm”, por ser o mais usual na fotografia focais entre 400 e 600 mm, que possibilitam aumentos entre 8 e 12x, como indica a tabela 1:
de animais.
As câmeras SLR de 35mm são fornecidas por inúmeros fabricantes e numa variedade de modelos. As
vantagens tecnológicas associadas ao advento da tecnologia digital baratearam os custos da fotografia
e a velocidade de processamento das imagens obtidas. Porém, as opiniões são as mais contraditórias
quanto às vantagens de utilização do sistema digital frente às películas fotossensíveis.
Independentemente do tipo e modelo de câmera que você escolher, é recomendável que esta apresen-
te os recursos operacionais descritos a seguir:
Fotômetro: um fotômetro tipo TTL incorporado ao corpo da máquina evita cálculos complexos de
exposição quando são incorporados às lentes acessórios como filtros e teleconversores, entre outros.
Sistema de levantamento de espelho (ou Mirror lock-up): permite erguer o espelho após focar com
uma teleobjetiva antes de disparar a foto, evitando-se trepidações na câmera, que normalmente é
presa ao tripé. Atenção: não se trata do comando “B”, incluso na maioria das câmeras e utilizado para
tempos longos de exposição.
Auto-bracketing ou auto-escalonamento: sistema automático de exposição que permite variar expo-
sições sucessivas de velocidade ou abertura. A subexposição ou superexposição de uma foto é feita a
partir da leitura da luz pelo fotômetro TTL.
Teleobjetivas fixas são preferíveis àquelas dotadas de “zoom”, pois produzem imagens com melhor
definição nas bordas do fotograma.
Assim como acontece com os binóculos, quanto maior for a luminosidade ou a abertura máxima ofere-
cida por uma teleobjetiva, maior o seu tamanho e peso. Consequentemente, maiores serão as chances
de se obter imagens tremidas. A tabela indica algumas categorias de peso em relação ao aumento e à
luminosidade para alguns tipos de teleobjetivas:

Camêra SLR digital

68 C A P Í T U L O 1 - O B S E R VA Ç Ã O D E FA U N A E F L O R A C A P Í T U L O 1 - O B S E R VA Ç Ã O D E F A U N A E F L O R A
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As teleobjetivas leves são também chamadas de “teleobjetivas lentas”, enquanto que as pesadas são
chamadas de “teleobjetivas rápidas”, porque enquanto estas oferecem ajustes de velocidade rápidos,
as primeiras se limitam a ajustes de velocidade bem mais lentos. Teleobjetivas “rápidas” são 3 a 4 vezes
mais caras que as “lentas”.
Existem também as chamadas “lentes de espelho” ou catadióptricas (normalmente em versões do tipo
500/F8.0, ou 600/F5.6, ou F8.0). São ainda bem mais leves e compactas que as teleobjetivas fixas len-
tas citadas anteriormente, mas possuem abertura fixa, não podendo a sua luminosidade ser alterada
a não ser com a utilização de filtros de densidade neutra ou ND, já inclusos normalmente como aces-
sórios; porém, são de uso inconveniente em campo. Seu custo é baixo e oferecem imagens inferiores
às teleobjetivas convencionais.

CAÇA FOTOGRÁFICA ERRANTE


Embora pouco utilizada por fotógrafos profissionais da natureza, acreditamos que a caça fotográfica
errante seja inicialmente um excelente treino para o observador de aves. A qualidade técnica das ima-
gens obtidas por meio dessa técnica fotográfica, ainda que deixe a desejar na concepção do fotógrafo
profissional, ao nosso ver é a que permite as imagens mais originais e fidedignas sob certas circuns-
tâncias. Frequentemente, no trabalho de observação de campo, somos surpreendidos com a súbita
aparição das mais furtivas espécies, que se colocam a poucos metros do observador, e muitas vezes
se põem a executar curiosas demonstrações de seu comportamento natural a despeito da presença
humana. Ao biólogo profissional ou ornitólogo, essa técnica permite documentar a presença de raras
espécies em seu biótopo sem interferir no seu trabalho básico de pesquisa, pois o tempo dispensado a
essa atividade é pequeno e esporádico.
O equipamento a ser utilizado para a caça fotográfica errante demanda versatilidade e grande rapidez
de resposta, conforme a sugestão abaixo:
- Câmera 35mm SLR programável ou digital SLR
- Teleobjetiva fixa autofocal 300mm, F4.0 / 400mm, F5.6, preferencialmente dotadas com sistema de
estabilização de imagens IS
- Teleconversor 2x autofocal
- Filtro SKY para a proteção das lentes
- Pára-sol apropriado
- Flash TTL, NG 48 ou maior, munido de acessório para teleobjetiva tipo Beamer
- Alça tipo bandoleira para a câmera
- Monopé

Ardea cocoi

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Munido de tal equipamento, o fotógrafo deve caminhar calmamente pela trilha em meio à vegetação, Finalmente, uma lente zoom 28-80 mm ou algo semelhante permite fotografar plantas, insetos e flores
vestindo roupas camufladas e procurando as aves com seus binóculos. A câmera, com a teleobjetiva presentes no habitat de uma ave, bem como seu ninho ou os frutos dos quais se alimenta, enriquecen-
e o flash montado, deve ser carregada no ombro ou pescoço por meio da alça (“bandoleira”) ao ime- do assim a documentação das observações realizadas em campo.
diato alcance das mãos. A utilização de um filtro “SKY” assegura boa proteção às lentes objetivas no
O mais difícil: Abordagem profissional
caso de quedas ou enroscos acidentais.
A utilização de técnicas avançadas de fotografia para retratar aves requer, em primeira instância, um
As câmeras programáveis têm a vantagem de selecionar um programa com prioridade de velocidade
elemento básico primordial: paciência.
que permite fixar uma velocidade de obturação tipo 1/125 ou 1/250. O programa ajusta automatica-
mente a abertura apropriada ou aciona automaticamente o flash montado na sapata acima do corpo Obter imagens de alta qualidade das aves e outros animais selvagens em seu habitat natural, sob con-
da câmera, evitando assim a possibilidade de fotos tremidas ou mal expostas, com grande rapidez de dições adversas de luz, em terrenos íngremes, sob sol forte ou chuva e suportar o assédio de miríades
resposta. Como essas câmeras programadas já vêm dotadas de um motordrive incorporado ao corpo, de mosquitos por longos períodos demanda muita dedicação.
aconselhamos, além do automatismo para o sistema de autofocagem e do programa com prioridade
A parafernália fotográfica a deslocar para o campo exige normalmente preparação prévia, e cada
de velocidade, a utilização do sistema de auto-escalonamento em ajustes de +1 e -1, subexpondo e
sequência fotográfica requer planejamento e atenção nos mínimos detalhes.
sobreexpondo de um ponto a leitura automática do dispositivo TTL. O funcionamento desses progra-
mas é exaustivamente explicado nos manuais de utilização que acompanham as marcas e os modelos Equipamento a ser utilizado:
de cada fabricante. - Câmera programável
Um monopé pode ser útil para evitar trepidações com teleobjetivas convencionais, mas o ideal é substi- - Teleobjetiva: 400, 2.8 / 300, 3.8 / 500, 4.0 / 600, 4.0
tuir tal artifício por teleobjetivas com sistema de estabilização de imagem IS. Aconselhamos também a
utilização de um pára-sol montado à objetiva, e ter sempre à mão um teleconversor (1.4x ou 2.0x), pois - Tripé, propulsor controle remoto
tal acessório aumenta a distância focal da teleobjetiva em 1.5x e 2x respectivamente. Assim, uma tele- - Teleconversor 2x
objetiva de 300, F4.0 com aumento de 6x montada em um teleconversor 1.4x ou 2.0x corresponde a:
- Flash TTL, NG 48 ou maior, munido de acessório para teleobjetiva tipo zoom
- Alça tipo bandoleira para a câmera
- Monopé
Os melhores fotógrafos de natureza, além de ter vasto conhecimento profissional das técnicas foto-
gráficas, são também grandes naturalistas de campo. Portanto, o ideal é percorrer inicialmente o local
onde se pretende trabalhar, munido basicamente de binóculos para o reconhecimento de terreno e
mapear as “possibilidades” que a área oferece. Essas “possibilidades” se manifestam sob a forma de
No entanto, como podemos verificar na tabela acima, tal acessório reduz a luminosidade ou abertura uma árvore em floração ou frutificação para onde acodem espécies polinizadoras ou frugívoras; quan-
máxima (F) da lente, podendo ser utilizado apenas sob boas condições de luz. do há o encontro de um ninho com ovos ou filhotes, ou de um local onde os animais se reúnem para
dormir ou beber água. Caçadores locais podem ajudar muito nesse aspecto, e orientam na preparação
Alguns fotógrafos naturalistas se fazem acompanhar por um auxiliar de campo, que cuida de atrair
de “cevas” ou locais previamente escolhidos onde se colocam frutos, quirera ou outros atrativos. Bar-
uma espécie em particular por meio do playback do canto gravado, até o alcance das lentes do fotó-
reiros de sal são excelentes “cevas naturais” que atraem os psitacídeos além dos mamíferos.
grafo posicionado em local mais aberto e iluminado.
A aproximação furtiva da ave a ser fotografada deve ser progressiva, com movimentos lentos, com
sequências de disparos entre os intervalos de aproximação.

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Uma vez definida a escolha da área em que se pretende trabalhar, prepara-se previamente, um escon-
derijo ou tenda portátil.
Essas tendas devem ser confeccionadas com tecidos grossos e resistentes e de cores sombrias, como o
verde musgo ou o cáqui, ou preferencialmente de tecido tipo “camuflado”, de uso militar, quando se
pretende montá-la em áreas arborizadas. Pequenas janelas protegidas por telas ou filós de mosquitei-
ros permitem a ventilação interna, e bolsos costurados nas paredes laterais internas acondicionam len-
tes e outros acessórios, protegendo-os da umidade do solo. Para prevenir os danos da chuva, monta-se
uma lona impermeável plástica sobre toda a estrutura.
Para auxiliar na camuflagem, colocam-se na parte externa galhos com folhas ou outros elementos
comuns na paisagem.
No interior da tenda, o fotógrafo monta a câmera com a teleobjetiva em um tripé e posiciona uma ou
mais unidades de flashes no local da ação. Todo o equipamento é conectado por meio de cabos e fios
que ficam dissimulados sob a serrapilheira, a terra ou galhos.
O ideal é montar várias dessas tendas em locais apropriados ao mesmo tempo, investindo certo tem-
po de espera em cada uma delas, e deslocar-se de uma para outra ao longo do dia para evitar o
estresse de esperas tediosas. Em se tratando de espécies mais arredias, é melhor entrar no esconderijo
de madrugada e evitar tais deslocamentos. Visando tirar o máximo proveito do esforço dedicado à
montagem de tais esconderijos, o melhor é desaparecer do local onde foram montados por alguns
dias, para que os animais se acostumem com a presença desses esconderijos em seu habitat. No caso
das cevas, é melhor voltar para a reposição das iscas apenas ao anoitecer. Se houver necessidade de
montar a tenda sobre árvores, é preciso lembrar que a excessiva perturbação causada pelas complexas
manobras de acesso aos galhos e a instalação de toda a parafernália fotográfica podem interferir nas
atividades reprodutivas de certas aves fazendo-as abandonarem seus ninhos ou sua prole. Obviamen-
te, nenhuma imagem vale tal risco. Tal interferência deve antes ser minimizada pelo uso de andaimes
de rápida montagem, com o auxílio de ajudantes locais. Ou, preferencialmente, deve-se instalar uma
câmera nas proximidades do local desejado com o auxílio de escadas e controlar seu funcionamento
por meio de controle remoto.
O monitoramento do local da ação é feito por meio de um telescópio posicionado em esconderijo
afastado e previamente preparado.

Garça azul (Egretta caerulea)

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Cicinnurus magnificus, fêmea acima e macho abaixo. Na foto acima, Poecilodryas a. albispecularis.

Valorize o conhecimento prático de mateiros locais contratando seus serviços como guias, quando
adentrar em áreas remotas. A distribuição de renda promovida nestas relações, favorece a economia
local e abre a oportunidade para troca de informação sobre os conhecimentos que você deixa ao
partir, além dos ganhos pessoais adquiridos com estas comunidades. Na página ao lado algumas aves
fotografadas no Monte Arfak, Indonésia, localizadas por mateiros locais. Acima Yunus demonstra suas
habilidades com o arco e flecha.

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Para construir um abrigo de observação camuflado você pode improvisar com materias naturais locais, uti-
lizando paus, cipós e folhas de palmeiras ou capim. Uma lona plástica auxilia na vedação em dias de chuva,
mas deve ser camuflada com vegetação para eliminar seu efeito artifícial em meio à paisagem natural.

78 C A P Í T U L O 1 - O B S E R VA Ç Ã O D E FA U N A E F L O R A C A P Í T U L O 1 - O B S E R VA Ç Ã O D E F A U N A E F L O R A
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Nessa sequência fotográfica o Amblyornis inornatus foi localizado por mateiros locais no Monte Arfak,
a 1.700m de altitude na Indonésia. Com auxílio e cortesia da população local pudemos construir um
abrigo fotográfico numa das arenas de exibição, de grande auxílio na ocasião.

Tente construir um abrigo ou tenda fotográfica no início da manhã e depois deixe-o por algumas horas
para que os animais possam se acostumar com isso. Esteja preparado para passar algumas horas no
abrigo e procure levar um pouco de água e comestíveis com você, nunca se sabe quando os animais vi-
rão. Não fique desapontado se não virem, afinal, eles não têm compromisso com você. Uma das maio-
res vantagens de usar um bom tripé é que ele permite compor com precisão. Sempre use um tripé.

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Fotografar a partir de seu veículo com a câmera montada e ao alcance das mãos posicionada no
assento do passageiro ao lado, é a abordagem preferida para fotografar aves e outros animais, pois
é muito difícil se aproximar deles a pé. Muitas das aves ficam empoleiradas sobre o topo de arbustos
ou em mourões de cerca ao lado da estrada. Se possível, desligue o motor apenas depois de garantir
algumas tomadas.

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Borboletas são facéis de fotografar em barreiros.

Lasaia sp. Diaethria clymena

Doxocopa zunilda Tenemis sp.

Caria mantinea

Protesilaus sp.

Rethus periander Doxocopa linda Doxocopa pavon Marpezia sp.

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Colecione fotos de flores silvestres e seus insetos polinizadores. Após acumular uma coleção icono-
gráfica de um mesmo local durante anos seguidos e em várias estações do ano, leve seu acervo a um
especialista (entomólogo ou botânico), com suas anotações de campo. Seu acervo pode resultar numa
publicação científica.

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FILMANDO A VIDA SELVAGEM

O advento da tecnologia digital na captura de imagens em vídeo, por meio de filmadoras compactas As técnicas de trabalho em campo são similares às tratadas para a fotografia. As técnicas de gravação
de fácil manuseio em campo, representou considerável progresso para a documentação dos hábitos e do canto e o uso do playback colocam certas espécies ao alcance das objetivas da filmadora.
comportamentos das aves e de outros animais.O mercado oferece aos iniciantes uma imensa variedade
de marcas e modelos de filmadoras portáteis para as mais variadas aplicações. Antes de adquirir uma Esta prática apresenta grande relevância no estudo dos hábitos reprodutivos de nossas aves, registran-
marca ou modelo de filmadora, aconselhamos uma pesquisa prévia na Internet sobre as especificações do os pais nos cuidados com o ninho ou registrando as danças de corte em arenas, hábito comum em
técnicas de cada marca e modelo. Visando facilitar a pesquisa dos consumidores, alguns fabricantes certas famílias como os dançadores Pipridae e os beija-flores Trochilidae. Como na fotografia digital e
disponibilizam em seus sites um glossário dos termos técnicos e uma rápida explicação sobre conceitos nas gravações das vocalizações, certos programas de “softwares” possibilitam a posterior editoração
básicos sobre o sistema digital de captura de imagens em vídeo, de grande valia aos iniciantes. das imagens obtidas, sendo incluídos como acessórios por muitos fabricantes.

Filmagem sem tripé. Filmagem com tripé, cortesia de Gerard Baudet.

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VIAGENS E TÉCNICAS
PARA EMERGÊNCIAS
CAPÍTULO 2

C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A
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ORGANIZANDO A SUA VIAGEM
EMBALE O EQUIPAMENTO ADEQUADO

O equipamento que você levar com você é em grande parte uma questão de gosto pessoal e do tipo de
viagem que planeja, como um dia de caminhada ou uma viagem de uma semana na mata. No entanto,
tome algum tempo para escolher o tipo de equipamento que se adapta melhor às suas necessidades.
Ninguém deveria se aventurar no campo, sem as habilidades para usar um mapa e uma bússola, pes-
quise na internet como fazer isso.
INFORMAR A ALGUÉM

Antes de sair para uma viagem de exploração, informe a alguém sobre o seu percurso de destino, e
o tempo que pretende demorar. Lembre-se de avisar a pessoa que você retornou, assim que chegar.
Carregue um telefone celular e combine horários fixos para contatos com terceiros e mantenha seu
aparelho desligado para poupar baterias.
CONFIRA A PREVISÃO DO TEMPO

Condições climáticas adversas podem transformar uma viagem em uma tragédia. Confira a previsão do
tempo antes de sair para sua aventura. O inverno é uma época de extremos, e se você está indo para o cam-
po no inverno, não se esqueça de tomar precauções especiais. Esteja preparado e use roupas apropriadas.
CONTINUE PRATICANDO

Continue a ler e aprender mais sobre a preparação de sobrevivência na selva. Lembre-se de continuar a
praticar as habilidades de sobrevivência que você aprendeu. O melhor momento para começar a prepa-
rar a sua viagem é agora, antes de ir para as trilhas! Certifique-se de ter feito a preparação adequada.
ESCOLHENDO SEU EQUIPAMENTO

Como dissemos, o equipamento que você leva com você é em grande parte uma questão de gosto pessoal,
por exemplo, em uma caminhada de três horas, você provavelmente não precisará de um saco de dormir
ou um mosquiteiro, mas em uma viagem de 30 dias de mochila, você não pode sobreviver sem eles. É mau
planejamento evitar um kit de primeiros socorros que deve incluir: curativos básicos para bolhas e feridas;
gaze esterilizada, band-aid.
-Medicamentos básicos: analgésico, antisséptico, anti-diarréia, pinças (muito útil para remover peque-
nos espinhos, lascas ou carrapatos) e uma tesoura ou uma faca pequena.
No entanto, não duplicar ferramentas, se você já tem uma faca, você não precisará de outra ferramenta
de corte no seu kit de primeiros socorros. Certifique-se de saber o que o seu kit contém e como usar os
materiais para primeiros socorros de forma eficaz. Uma boa idéia é adicionar um manual de instruções
básicas de primeiros socorros.
Quando nenhuma ajuda profissional médica está disponível, é essencial que você saiba alguns princípios
básicos de primeiros socorros e como aplicá-los, mesmo sob estresse.

Adaptado de: http://www.wilderness-survival-skills.com

92 C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A
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O equipamento que você transporta em uma viagem se resume aos itens estritamente necessários,
organizados de acordo com as atividades que você planeja executar. No entanto torna-se necessário
organizar um kit de emergência, que basicamente é sempre o mesmo e que nunca deve ser esquecido
fora de sua mochila ou bolsa a tiracolo. Sua mochila deve ter um peso ideal, que varia de pessoa para
pessoa,tendo como regra básica, algo que você consiga carregar sem esforço. Portanto evite escolher
equipamentos excessivamente pesados e aqueles supérfluos. Sempre que pensar em comprar algo,
procure se informar sobre as dimensões e o peso e se você realmente precisa daquilo. O primeiro item
a ser adiquirido é uma mochila ou uma bolsa de alça, ou se preferir um bornal. Se você pretende cami-
nhar apenas algumas horas em seus passeios, prefira um bornal ou uma bolsa de tamanho adequado
para carregar o kit de emergência, um celular, pilhas e baterias para seu equipamento e uma pequena
garrafa d’água; possivelmente um lanche. Se você pretende caminhar o dia todo e só retornar a noite,
escolha uma mochila modular com bolsos externos.
Caso planeje caminhar por trilhas por dois dias ou mais, prefira uma mochila estanque, sem compar-
timentos externos, com 40 a 60 litros de capacidade, dependendo do seu porte fisíco. Em qualquer
situação sempre leve água potável ou mineral. Para passeios curtos, uma garrafa de água mineral 650
ml será suficiente. No caso de uma caminhada de um dia leve pelo menos 2 litros (em um cantil tipo
camel back), a menos que você garanta um fácil reabastecimento no percurso. Para caminhadas de
vários dias, pensando em acampar a noite, use um cantil de metal, do tipo militar e tenha um ou dois
sacos plásticos ou aluminizados com capacidade para armanezar pelo menos 5 litros de água. Neste
último caso não esqueça de levar um ‘’filtro’’ ou pílulas de cloro ‘’clor in’’. Em caso de emergência
você poderá ferver a água em um cantil de alumínio ou recorrer a purificação e filtragem conforme
explicado na página 156. Não esqueça um bom repelente de insetos e protetor solar. Caso pretenda
levar alimentos escolha itens não perecíveis.

Mochila modular Mochila estanque

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Carregue seu equipamento ótico de observa- Ter um kit de sobrevivência pode tornar a vida muito mais fácil durante uma situação de emergência, e
ção ao imediato alcance das mãos e nunca é algo que você carrega em todos os momentos. Geralmente é pequeno o suficiente para caber numa
dentro das mochilas. Prefira usar binóculos de- bolsa ou mochila, e reúne apenas itens de sobrevivência essenciais, como:
pendurados ao pescoço ou presos em correias
1-Isqueiro ou pederneira de magnésio e uma faca: em uma situação de sobrevivência você vai ser
elásticas pelos ombros. Máquinas fotográficas
muito grato por poder acender uma fogueira. Uma faca pequena é ítem indispensável.
e filmadoras devem ser carregadas nos ombros
por meio de bandoleiras. Acessórios como car- 2-Sacos plásticos reforçados para armazenar água com 3 a 5L: suas necessidades exatas de hidra-
tão de memória, baterias carregadas, flash e tação dependem de uma série de fatores, incluindo seu ambiente, nível de atividade, e de sua saúde
outros devem ser distribuídos em bolsos em geral. Ter uma maneira de transportar e armazenar a água é essencial para a sua sobrevivência. Eu
coletes ou nas calças ao imediato alcance das recomendo um cantil de alumínio por sua capacidade de transportar e ferver a água direto na garrafa.
mãos, em caso de necessidade. Utilize os itens Além de um bom cantil, leve um ou dois sacos plásticos reforçados com capacidade para 4 a 5 litros,
secundários levados na mochila, nas costas, para armazenar água em seu abrigo.
durante as paradas de descanso. Se você levar
3-Filtro de água: Na minha opinião, um filtro de água é outra peça importante que ajuda a reduzir a
lutenas ou filmadoras ou ainda tele -objetivas
sua demanda por água e lhe dá a capacidade de purificar até mesmo as fontes mais repugnantes. Há
de longo alcance, não tem jeito, vai ter que
uma série de filtros de água de qualidade no mercado, mas até agora só há um que eu recomendo.
carregar tudo nas mãos.
Veja página 156.
4-Lona plástica ou Plastilona (2x2m ou 3X3m dependendo de sua estatura): Sua capacidade de
regular a temperatura interna do corpo, e se proteger dos elementos, vai ser extremamente importante
em qualquer tipo de situação de sobrevivência. O tipo de abrigo que você escolher vai depender da sua
situação, seu ambiente ou de sua capacidade global para improvisar um abrigo com materiais locais.
Um cobertor de emergência é leve e fornece bom isolamento térmico adicional.
5-Alimentos: Embora a comida provavelmente não vá se tornar uma prioridade em uma situação de
emergência a curto prazo, é algo que precisa ser considerado após 3 ou 4 dias. Quando se trata de
escolher o tipo certo de alimentos de sobrevivência, tenha em mente que as suas necessidades calóricas
vão ser muito maiores do que o normal. Barras de cereais, jerked beef, mistura de granolas, nozes e
sementes são itens que ocupam pouco espaço em sua mochila e fornecem uma enorme quantidade
de calorias, proteínas, gorduras e nutrientes essenciais; produtoras de energia.

96 C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A
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ITENS ESSENCIAIS NO KIT
DE SOBREVIVÊNCIA

Lanterna a dinâmo, recarregável dispensa


o uso de pilhas e baterias Plastilona 3x2m

3 novelos de paracorde 3 mm com 10 m cada Kit de primeiro socorros

Repelente de insetos Camel Back ou saco plástico ou


aluminizado com 3-5 L.

Mochila ou bolsa tiracolo Mosquiteiro

Filtro LifeStraw Kit de pesca pequeno


(Veja na pág. 156) (Veja na pág. 206)

Pequena faca de bushcraft, modelo Guepardo. Barra de magnésio, isqueiro e pederneira


Bússola (Veja na pág. 101)

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CUTELARIA MODELOS DE FACAS INDICADAS
Uma faca de sobrevivência na selva é um bem de valor inestimável. Você sempre precisa de uma faca, não
apenas em uma situação de emergência, mas seu manuseio requer cuidado. Ao escolher a sua faca, a
grande questão é muitas vezes a possibilidade de obter uma faca de aço inoxidável ou aço carbono. Ambos
os materiais tem suas vantagens e desvantagens, e preços diferentes. A faca de aço inoxidável tende a ser

www.saico.com.br
mais cara do que uma faca de aço carbono. No entanto, é importante saber que, mesmo uma faca de aço
inoxidável, ou “à prova de ferrugem”, pode, eventualmente, sofrer pontos de ferrugem e corrosão. O mais
importante é escolher um modelo com lâmina “full tang” entre 2,5 e 4 mm de espessura e 4 a 8 polegadas
de comprimento. Abaixo outros instrumentos úteis.

Serrotes de poda dobráveis


Tipo Scandi (www.moraknive.com)

Tipo Skiner ou escalpelo, modelo Saico


Modelo Bahco Modelo Tramontina

Nunca deixe de carregar uma faca em seu Kit de


emergência. As facas Mora produzidas na Sué-
cia são baratas, leves, resistentes e provavelmen-
Kukri te a melhor escolha para grupos que pretendem

www.condortk.com
pela praticidade. Os demais modelos apresen-
tados ao lado refletem uma escolha alternativa
ou complementar para grupos que pretendem
acampar na selva frequentemente. Canivetes
com lâminas dobráveis podem ser utilizados,
mas não devem substituir uma faca de lâmina
fixa. Escolha sempre um modelo com lâmina en-
tre 2 e 4 mm de espessura.

Tipo Bushlore ou de Bushcraft, a mais indicada

Facão, lima e bainha

10 0 C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A
101
COMO USAR UMA FACA
DE FORMA SEGURA
Área de segurança.

Outro instrumento de corte recomendável, espe- A utilização de facões, parangs ou Kucris deve ser
Descascando Esfarpando
cialmente para mulheres, é um serrote de poda do- evitada por amadores, já que estes instrumentos
brável (por exemplo: o modelo Tramontina). Segure causam quase 90% dos acidentes leves ou graves
firme a serra pelo cabo e aplique pressão e movi- em campo. Prefira utilizar uma faca ou um serrote
mento constante da lâmina, mantendo a mão que dobrável para evitar acidentes em locais remotos.
apoia o galho bem afastado do corte, prevenindo Caso pretenda usar um facão ou mesmo uma ma-
acidentes. A utilização de ferramentas pesadas, chadinha, apesar das advertências, fique atento
como pás, arcos de serra, podões, cegadeiras e aos procedimentos de segurança abaixo indicados.
machados só pode ser considerada quando se

X
viaja em veículos ou embarcações.
Rachando Lacerando

Afinando Furando

Faca de Bushcraft da Condor ou Bushlore

Forma segura de passar uma faca ao colega.

102 C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A
103
MÉTODOS RESPONSÁVEIS
DE PODA PARA OBTER
ESTACAS E MADEIRA
VERDE EM ACAMPAMENTOS
DE EMERGÊNCIA

Na foto acima para podar um ramo, faça um corte um Na foto acima a planta conseguiu um rebrotamento
pouco afastado do tronco evitando uma laceração da pois foi podada corretamente próximo ao solo, portan-
casca no mesmo no momento da queda do ramo. Em to, sempre que podar uma planta, procure serrar o mais
seguida remova a parte restante, agora sem o peso do rente possível ao solo.
galho que foi removido, o mais rente possível ao tronco.
Na foto central houve negligência na poda e a planta
Este cuidado evita doenças causadas por fungos ou lar- não conseguiu uma cicatrização adequada. A linha ver-
vas xilófogas oportunistas e promove a rápida recupe- melha indica a área ideal de corte que deveria ter sido
ração da árvore. aplicado, de baixo para cima.
Sempre que possível prefira usar madeira morta ou Na foto inferior como o corte foi aplicado na área ideal a
usar a casca, galhos e troncos de árvores tombadas por planta gradativamente cicatriza a área afetada e prosse-
tempestades, já que seu desenvolvimento natural está gue seu desenvolvimento normalmente. Portanto, faça
comprometido de qualquer forma. O uso responsável o corte o mais rente possível ao tronco.
dos recursos naturais só encontra justificativa para o ob-
servador da natureza em casos de emergência. Prefira
sempre o uso de redes ao de bivaques de madeira.

10 4 C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A
105
ROUPAS E CALÇADOS Leve poucas roupas em suas viagens. Prefira
lavar as peças usadas em rios e lagoas usando
apenas água e sabão de coco. Antes da viagem
separe um ou dois sacos plásticos com capaci-
dade para 10 litros e adicione uma medida de
amaciante de roupas. Espalhe o produto pelo
interior dos sacos e deixe escorrer no avesso
para secar ao sol. Depois de seco, volte os sacos
ao avesso novamente e dobre os mesmos para
compactá-los. No campo basta encher os sacos
com água e deixar a roupa de molho por 20 mi-
nutos para eliminar o mau cheiro. Numa emer-
gência você pode improvisar o mesmo princípio
usando carvão de uma fogueira. Deixe suas rou-
pas de molho com água e carvão pré-lavado por
meia hora. Depois enxague tudo e coloque de
molho com água e flores do campo, disponíveis
em certas épocas (prefira as mais perfumadas),
amarradas em ramalhetes. Você pode usar fo-
lhas de eucalipto ou outras essências se preferir.
Evite roupas brancas, podem manchar.

Tenha sempre um anorak ou


uma capa de chuva em sua mochila.

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Use roupas leves e confortáveis

Use coturnos e polainas em ambientes muito


quentes e úmidos. Coletes fotográficos acomodam
equipamentos ao imediato alcance das mãos.
Use botas de canos longos ou perneiras para se
precaver de picadas de cobra e espinhos. As bo-
tas de borracha sao indicadas para ambientes sa-
turados de umidade, como florestas tropicais ou
brejos e alagadiços. Coturnos de uso militar ou
botas de caminhada confeccionados com lona
ou couro, sao indicados para ambientes mais
secos, como em cerrados e caatingas ou em ter-
renos predegosos.
Prenda seu gravador digital à cintura por meio de
uma ‘’bolsa tipo canguru’’ e conecte o cabo ao
microfone direcional fazendo-o passar pelas cos-
tas, deixando-o cair livremente sobre seu ombro
ao lado dos binóculos, foto à esquerda.

BOTA DE CAMINHADA

Prefira jaquetas impermeáveis e


casacos com bolsos
COTURNO

Prefira roupas de cores discretas, o vermelho e outras cores berrantes assustam os animais.

BOTA DE BORRACHA
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Use calças e coletes com bolsos, bem como camisas fol-
gadas e confortáveis a base de tecidos sintéticos respirá-
veis e de cores apagadas.

110 C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A
111
de” e controle de umidade são obtidos através
de ventilação e / ou pela confecção de tecidos
sintéticos avançados.
Aberturas de ventilação permitem que o ar cir-
cule pelo vestuário prevenindo o sobreaqueci-
mento, confeccionados com malha simples ou
por meio de aberturas especialmente concebidas
com zíper ou aberturas de velcro que você pode
abrir e fechar para ajustar a temperatura do seu
corpo. Os tecidos do tipo “Dry-fit” ou “Rip Stop”
caem em uma das três categorias a seguir:
1.PVC ou poli-vinil: Totalmente à prova d’água,
O autor em trabalho de campo, fotografa um ‘‘bower’’ no monte Arfak, Irian Jaya, Indonésia a 1.700m
mas não podem proteger da umidade ou respi-
de altitude. Nesta altitude as matas nebulares saturam a vegetação com a umidade das chuvas inten-
rar sem aberturas exteriores ou painéis de malha.
sas. Um PARKA ou Anorak, calças impermeáveis, botas de borracha e um saco a tiracolo contendo um
Estes tecidos são geralmente utilizados em reves-
kit de sobrevivência se tornam a indumentária ideal.
timentos básicos de plástico.
2.Tecidos revestidos: Nylons ou poliésteres com
revestimentos impermeáveis. Tecidos que são reves-
tidos em vez de laminados tendem a ser um pouco
mais macios e menos ruidosos, mas não são assim
tão impermeáveis. Alguns exemplos de tecidos re-
vestidos incluem: Power-Tex, Ultrex, e Hydroflex. http://www.wilderness-survival-skills.com/how-to-survive-in-the-wilderness.html

TECIDOS IMPERMEÁVEIS 3.Tecidos Laminados: Nylons ou poliésteres la-


minados em uma membrana microporosa em
Para serem verdadeiramente à prova d’água,
camadas de tecidos colados ou unidos por calor.
as capas de chuva devem ser feitas de tecidos
Laminados são mais impermeáveis que os teci-
impermeáveis ​​e havendo costuras, a chuva não
dos revestidos, mas eles tendem a ser um pouco
pode vazar através das pequenas perfurações
mais duros e mais pesados. Exemplos de lami-
feitas por agulhas durante a confecção. Mesmo
nados incluem: Bosui, Dermizax, Gore-Tex, XALT,
sendo à prova d’água a umidade não vai passar
deer-tex, quiet-tex.
pelo tecido, mas o suor não pode sair, também.
Uma caminhada pela mata gera tanto calor e Portabilidade: Se você precisa embalar e trans- Apesar de algumas pessoas não considerarem a roupa como um abrigo, eu acredito que é um dos itens
suor que a única maneira de ficar seco é ter uma portar a sua capa de chuva para uma longa mais importantes nesta categoria. Em uma situação de sobrevivência as roupas no corpo, combinadas com
roupa que não seja apenas à prova d’água, mas viagem, é importante ter um modelo compacto o que está na sua bolsa ou mochila, será a sua principal fonte de abrigo e proteção. A roupa é portanto a
que respira a umidade também. “Respirabilida- para armazenamento em um bolso da mochila. sua primeira linha de defesa contra os elementos e a sua escolha é algo que nunca deve ser negligenciado.

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NAVEGAÇÃO

Você sabe o que fazer caso se encontre perdido e sozinho no campo? Pare, pense, observe e planeje
antes de entrar em ação. (http://www.wilderness-survival-skills.com/how-to-survive-in-the-wilderness.
html)
1.Parar. Sente-se e permaneça parado até que a frustração, medo, raiva ou fúria desapareçam.

2.Pense na sua situação. O que você tem que pode ajudar nesta emergência? Sua mente é sua maior
ferramenta de sobrevivência!
3.Observe seus arredores. Onde você deveria ficar? Se disse para onde estava indo, as pessoas podem
estar procurando por você. Existe uma área aberta onde os colegas ou o resgate teriam uma melhor
chance de vê-lo?
4.Planeje sua ação. Na maioria dos casos, a prioridade deve ser: procure fazer um abrigo contra as
intempéries, deixe um sinal para atrair a atenção, encontre água.
Se depois de algum tempo ou dias de espera, ninguém vem em seu socorro, você pode decidir tentar
encontrar seu proprio caminho para a sua segurança. Além disso, é claro, isso é o que você tem que
fazer se sabe desde o início que ninguém vai estar procurando por você. Siga o ditado, “Prepare-se
para o pior para esperar o melhor” e sempre tente evitar colocar você, ou a vida do seu colega ou a
sua saúde em perigo.

Bússola estilo “Silva“

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Na inesperada situação de se encontrar perdido em áreas de vegetação densa ao se afastar inadverti-
damente das trilhas, adote o seguinte estratagema:

Passo A - escolha uma árvore ou um elemento de referência qualquer na paisagem das imediações
onde se encontre.

Passo B - tentando calcular a distância percorrida desde que se afastou da trilha conhecida, escolha a
direção que lhe pareça mais familiar e caminhe em linha reta, riscando o solo ou a serrapilheira com os
pés, marcando seu trajeto o tempo todo.

Passo C - após certo percurso percorrido e não encontrando a trilha, mantenha a calma necessária e
o bom humor, e retorne ao ponto de referência escolhido anteriormente, orientando-se pelas marcas
deixadas no chão.

Passo D- chegando ao local de referência previamente escolhido, escolha outra direção e siga as mes-
mas indicações dos passos anteriores, repetindo tal procedimento em várias direções opostas a partir
do ponto de referência até encontrar a trilha desejada. Jamais ande em círculos ou percorra trajetos
diagonais a partir de outros pontos de referência.

Esse estratagema pode ser facilmente compreendido através do esquema abaixo. Encare a situação
com humor e confie no instinto do “caçador-coletor-primitivo” que há em cada um de nós, e evite o
estresse desnecessário. Tente, portanto, jamais se afastar das trilhas em áreas selvagens ao cair da tar-
de, pois à noite todo o processo se agrava. Procure se fazer acompanhar de um colega, pois as chances
e riscos de acidentes como esse podem ser bastante minimizadas. E boa aventura!

Na possibilidade do estratagema anterior não surtir efeito e você continuar perdido, procure encontrar
algum curso d’água corrente ( como um córrego, riacho, igarapé ou um rio ) e tente seguir o seu curso
correnteza abaixo; como indicado na foto acima. Os rios são estradas naturais que levam a civilização
e oferecem melhores oportunidades para obtenção de alimentos, higiene pessoal e hidratação numa
situação de sobrevivência. Em regiões montanhosas ao acompanhar um córrego, evite descer áreas
encachoeiradas e contorne esses obstáculos vadeando pela mata para transpô-los. Caso necessite na-
vegar por leitos caudalosos de rios, construa uma jangada com paus ou qualquer material flutuante;
evite atravessar a nado.

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Árvores de grande porte com raízes tabulares ou
sapopemas, isto é, com a base do tronco alar-
gada, propiciam boa referência como ponto de
partida para o método ilustrado na página 116.
Você pode golpear estas sapopemas com o fa-
cão para enviar sinais sonoros que se repercutem
a grandes distâncias ou usar um apito. Na foto
ao lado, deixe marcas no solo, riscando-o com
os pés para indicar desvios em mata fechada
quando se transita por trilhas estreitas; auxílian-
do grupos de resgate que estejam procurando
por você em caso de necessidade. Evite marcar
árvores com o facão.

DESVIO

TRILHA PRINCIPAL

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119
TRI
LHA
PRI
DE
SVI

NC
IPA
O

Deixe marcas no solo sempre que se desviar da trilha principal e tome cuidado ao passar por troncos
caídos, já que muitas cobras costumam procurar abrigo sob os mesmos e sempre use botas de canos
longos em trilhas estreitas que atravessam áreas de vegetação densa.

120 C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A
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Improvise um cajado com um galho sempre que pretender atravessar um rio de correnteza que flui
sobre um leito de seixos lisos para obter apoio extra.

122 C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A
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USO DA BÚSSOLA
Suponha que você tenha que atravessar um trecho de floresta para chegar a um rio. Em áreas de florestas contínuas, ou em áreas abertas ou amplas
como cerrados e caatingas, jamais se afaste das trilhas ou estra-
Apesar dos constantes desvios (área em magenta) para ultrapassar obstáculos naturais em meio à faixa
das correndo o risco de se perder. Procure o auxílio de guias locais
de floresta, é possível manter a direção correta até o ponto de destino, mesmo quando não podemos
especializados.
vê-lo, simplesmente mantendo a linha de fé calibrada em 168 graus sudeste (neste exemplo) enquanto
se controla a agulha magnética na direção norte. No caso de tomar bifurcações nessas trilhas ou estradas, indique a
direção de origem riscando o solo com os pés, mas jamais ferindo
1-Aponte a linha de fé para o ponto de destino.
as cascas das árvores com facas ou quebrando seus galhos, como
2-Gire o “dial” da bússola até coincidir a agulha com a marcação N (Norte). observamos com frequência em muitos locais. Esteja ciente das nor-
mas e condutas obrigatórias nos parques e reservas sobre proteção do
3-No exemplo abaixo a linha de fé fica a 168º Sudeste.
Estado, procurando as autoridades competentes em caso de dúvidas.
4-Uma vez dentro da mata, basta ajustar a agulha magnética em N e seguir rumo 168º Sudeste.
O uso do GPS não exclui a bússola, já que esta dispensa o uso de baterias numa emergência.
Sinalização para socorro
Como todas as outras técnicas de sobrevivência, saber sinalizar
por socorro é uma habilidade que você deve praticar antes que
você realmente tenha que usá-la. Se você se perder, sinalizar por
resgate é uma opção que você deve considerar, especialmente se
você não levar um rádio, telefone celular ou um apito, vai ter que
usar sinais visuais. Dependendo da sua situação e do material
que você tem disponível, você pode usar o fogo e a fumaça, um
espelho para refletir sinais, lanternas ou outras opções para criar
seus sinais de socorro visuais.
SOS (Save Our Souls)
É o melhor sinal de socorro internacional conhecido. Todos de-
vem estar familiarizados com o SOS. O sinal de SOS pode ser
transmitido através de qualquer método, visual ou sonoro. O
código para SOS é 3 piscadas ou batidas curtas, 3 longas e nova-
mente 3 sinais curtos, faça uma pausa e repita o sinal.
O sinal visual de SOS pode, por exemplo, ser construído para ser
visualizado por aeronaves com pedras e troncos, ou qualquer ma-
terial que você tenha disponível. Portanto, assim que você decidir
tomar um certo rumo, deixe um sinal ou desenho no solo e indique
sua direção com uma seta. Á noite você pode usar uma lanterna
ou um Laser-point para enviar um SOS para, por exemplo, uma
embarcação. Durante o dia, você pode usar um espelho refletor
ou papel aluminizado. Se é difícil produzir sinais de longa e curta
duração, você deve saber que quase qualquer sinal repetido três
vezes vai servir como um sinal de socorro. Use sua imaginação.

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COMO PREVER O TEMPO
A capacidade de ler adequadamente a formação de nuvens é importante quando você quer entender
como prever o tempo. Nuvens são classificadas em diferentes tipos, de acordo com a altura e forma.
Nem todas as nuvens trazem chuva, algumas são sinais de bom tempo.
Durante um dia bom, as nuvens são brancas. Nuvens de tempestade são geralmente negras, baixas, e
se concentraram em grupos grandes. Se a chuva se aproxima, as nuvens irão formar um véu acinzen-
tado. Isto significa que é hora de achar abrigo.
Os animais podem sentir os movimentos na pressão do ar que precedem todas as alterações climáticas.
Observe os animais ao seu redor e veja se você nota alterações no seu comportamento, diante de alte-
rações nos vários tipos de clima. Os seres humanos têm usado o comportamento animal para prever o
tempo e as tempestades ao longo de séculos. Logo antes de uma chuva, aves, como andorinhas, têm a
tendência de voar muito mais baixo, rente ao chão, e as abelhas e borboletas parecem desaparecer dos
canteiros de flores que costumam visitar. Saracuras, sapos e certos primatas começam a vocalizar com
certa insistência no meio do dia, quando normalmente gritam ao amanhecer ou antes do crepúsculo.

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Quando você está na natureza, alguns conhecimentos básicos sobre como prever o tempo vai ajudá-lo
a tomar as medidas adequadas para não ficar em apuros e arriscar a sua segurança.

A pressão do ar
Mudanças de clima significam mudanças na pressão do ar. A diminuição da pressão do ar indica a
aproximação de uma área de baixa pressão, que muitas vezes traz nuvens e precipitação. O aumento
de pressão do ar, muitas vezes significa que uma área de alta pressão se aproxima, trazendo um
belo dia limpo e claro. Há também sinais da natureza das variações de pressão do ar que podem ser
usadas para prever o tempo. Por exemplo, em um belo dia, limpo e claro, a fumaça da fogueira sobe
constantemente,mas se ela começa a rodar e descer, há indícios de quedas de pressão atmosférica e
provavelmente haverá tempestades.

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Um céu vermelho em cada entardecer ou amanhecer é um dos sinais naturais mais belos de tempo
bom e ao anoitecer, um céu vermelho indica que o dia seguinte será provavelmente um dia de alta
pressão com ar seco e sem chuvas.

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Árvores isoladas atraem raios, procure sentar em áreas abertas. O Brasil tem os maiores índices mundiais de
acidentes com raios.

Geralmente nuvens carregadas de chuvas se apresentam mais baixas e de coloração cinza formando
um véu extenso, facilmente observadas à distância.
Prevendo a formação de tempestade e a possibilidade de raios no horizonte, evite se abrigar debaixo de
árvores frondosas como na foto ao lado, e espere a tormenta passar sentando-se em meio às gramíne-
as em áreas mais abertas ou procure instalar uma lona em meio a um aglomerado extenso de árvores,
mas nunca sob árvores isoladas. Aproveite para encher o cantil.
Nuvens brancas indicam tempo estável quando aparecem em grandes altitudes como na foto inferior
da página ao lado. Outras vezes, nuvens brancas aparecem em baixa altitude quando tempestades
começam a se formar de forma gradativa; muito embora sejam apenas um possível prenuncio de
chuva ao entardecer.

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Em regiões serranas recobertas por florestas úmi-
das a constante evaporação que sobe da copa
das árvores em dias de chuva, denuncia a perma-
nência de períodos longos de precipitação que
podem durar dias ou semanas. Tal fenômeno
ocorre em geral, no auge da estação úmida e a
promessa de dias difíceis em campo exige uma
preparação prévia.

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PRIMEIROS SOCORROS
Os primeiros socorros podem muitas vezes fazer a diferença entre a vida e a morte ou entre as lesões Montar um estojo de primeiros socorros é uma tarefa que deve ser olhada com muito cuidado por
ligeiras ou as agravadas. Um bom kit de primeiros socorros de uso pessoal deve conter: (10) Bandagens aqueles que costumam fazer atividades ao ar livre. É fundamental saber usar corretamente o conteúdo
triangulares, (5) Ataduras Crepe, tamanho 10 cm, (10) Ataduras Crepe, tamanho 20 cm, (1) Rolo de do estojo, e você também pode se informar mais sobre o assunto na internet, em alguns sites sobre o
esparadrapo ou fita adesiva (Crepe), (1) Tesoura e 1 Bisturi, (5) Talas moldáveis para imobilização; vários tema ou até fazer um curso orientado por profissionais de saúde.
tamanhos (para pernas, braços e dedos) (1) Pacote de gazes (pacote com 50 unidades), (2) Pares de
Veja abaixo uma lista com sugestões para um estojo de primeiros socorros (adaptado de http://www.
luvas descartáveis, (1) Cobertor térmico.
trilhaserumos.com.br/canada/arquivos/estojo-primeiros-socorros):
Analgésicos em comprimidos, absorventes íntimos, colírio e pomada antisséptica de uso preferencial,
Instrumentos - Termômetro, Tesoura e pinça.
pomada para assaduras, repelente de insetos, protetor solar, anti-histamínico e qualquer medicamento
prescrito de uso contínuo. Material para curativo - Gaze esterilizada - absorve sangue de ferimentos e limpam sem deixar os
fiapos como o algodão, Esparadrapo - use para impedir que a sujeira infeccione feridas, curativos em
bolhas devem ser fixados com esparadrapo para que não se desloquem com o atrito, Ataduras de
crepom, Ataduras de gaze, caixa de curativo adesivo (band-aid).
Anti-sépticos - Pomada cicatrizante (ex: sulfato de neomicina mais bacitracina, que é o genérico do
nebacetin)
Medicamentos - Analgésicos em comprimidos, Antiespasmódicos em comprimidos, Anti-histamínico,
A melhor forma de prevenir doenças Anti-inflamatório de uso oral, Gel anti-inflamatório, Colírio neutro, Soro fisiológico em pó (sal de hidra-
tropicais é usando um repelente de
insetos em tempo integral. tação), Medicamento para enjoo, Pomada contra queimaduras e picadas de insetos.
Outros itens complementares - luvas descartáveis, conta-gotas, agulhas (para furar bolhas ou retirar
espinhos, por exemplo) e seringas descartáveis, sabão de coco - para limpeza em caso de picadas de
animais peçonhentos, lenços umedecidos - funciona como antibactericida, na higienização da pele,
para limpar ferimentos, relação dos itens do estojo, com indicação de data de validade e para checar
se falta algo, relação dos postos de atendimento para o caso de picadas de animais peçonhentos (for-
necido pelo órgão de saúde local), alfinetes de segurança para prender ataduras, repelente de insetos.
Por favor, tenha em mente que as informações aqui apresentadas são apenas diretrizes gerais. Para
informações médicas, consulte um médico, ter uma aula de primeiros socorros ou um curso dirigido
por profissionais é altamente recomendável.
Alguém praticando primeiros socorros deve determinar as prioridades de tratamento.
Primeiro, verifique se a vítima está em perigo real, ou se vai colocá-la em uma situação ainda mais peri-
gosa, ajudando-a. Evite mover uma vítima com ferimentos desconhecidos, a menos que haja um maior
perigo em deixar a vítima onde está. Se necessário, ajude, mas cuide da sua segurança em primeiro
lugar. Não mova qualquer pessoa com um pescoço fraturado sob suspeita ou lesão na coluna vertebral,
a menos que as dificuldades em respirar o tornar necessário.
Antes de viajar procure um posto de saúde buscando informações sobre vacinação contra a febre
amarela e o tétano. Para evitar arboviroses, dengue e malária use um bom repelente o dia todo e use
mosquiteiros na hora de dormir.

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ACIDENTES POR COBRA* ACIDENTES POR ESCORPIÃO

Acidente botrópico (causado por serpentes do grupo das jararacas): dor e inchaço no local da Os escorpiões de importância médica estão distribuídos em todo o país, causam dor no local da
picada, às vezes com manchas arroxeadas e sangramento pelos orificios da picada; sangramentos em picada, com boa evolução na maioria dos casos, porém crianças podem apresentar manifestações
gengivas, pele e urina. Pode evoluir com complicações como infecção e necrose na região da picada graves decorrentes do envenenamento.Em caso de acidente, recomenda-se fazer compressas mornas
e insuficiência renal. e analgésicos para alívio da dor até chegar a um serviço de saúde para as medidas necessárias e avaliar
Acidente laquético (causado por surucucu): quadro semelhante ao acidente botrópico, acompanha- a necessidade ou não de soro.
do de vômitos, diarréia e queda da pressão arterial.
ACIDENTES POR ARANHAS
Acidente crotálico (causado por cascavel): no local sensação de formigamento, sem lesão evidente;
São três os gêneros de aranhas de importância médica no Brasil:
dificuldade de manter os olhos abertos, com aspecto sonolento, visão turva ou dupla, dores muscula-
res generalizadas e urina escura. Loxosceles (“aranha-marrom”): é importante causa de acidentes na região Sul. A ara-
Acidente elapídico (causado por coral verdadeira): no local da picada não se observa alteração im- nha provoca acidentes quando comprimida; deste modo, é comum o acidente ocorrer
portante; as manifestações do envenenamento caracterizam-se por visão borrada ou dupla, pálpebras enquanto o individuo está dormindo ou se vestindo, sendo o tronco, abdome, coxa e
caídas e aspecto sonolento. braço os locais de picada mais comuns.
Em caso de acidentes: lavar o local da picada apenas com água ou com água e sabão, hidrate a Phoneutria (“armadeira”, “aranha-da-banana”, “aranha-macaca”): a maioria dos
vítima com goles de água, não corte ou fure o local da picada, eleve o local afetado, levar a vítima acidentes é registrada na região Sudeste, principalmente nos meses de abril e maio.
imediatamente ao serviço de saúde mais próximo e não faça torniquete.Convém lembrar que serpentes É bastante comum o acidente ocorrer no momento em que o indivíduo vai calçar o
não peçonhentas também podem causar acidentes e que nem sempre as serpentes peçonhentas con- sapato ou a bota.
seguem inocular veneno por ocasião do acidente. Cerca de 40% dos pacientes atendidos no Hospital
Vital Brazil são picados por serpentes consideradas não peçonhentas ou por serpentes peçonhentas Latrodectus (“viúva-negra”): encontradas predominantemente entre ipomeias no litoral
que não chegaram a causar envenenamento. nordestino e do Sudeste, causam acidentes leves e moderados com dor local acompa-
nhada de contrações musculares, agitação e sudorese. As aranhas caranguejeiras e as
Hospital Vital Brazil: Especializado no tratamento de acidentes por animais peçonhentos.
tarântulas, apesar de muito comuns, não causam envenenamento. As que fazem teia em
Assistência médica gratuita/orientação telefônica, 24 horas por dia: Av. Vital Brasil, 1500 - Butantã: áreas geométricas, muitas encontradas dentro das casas, também não oferecem perigo.
CEP - 05503-900 - São Paulo - SP - Fones: (11) 2627-9529 e (11) 2627-9528, Fax: (11) 3726-7962.
ACIDENTES POR TATURANAS OU LAGARTAS
SOROS
As taturanas ou lagartas que podem causar acidentes são formas larvais de mariposas que possuem
Os soros antipeçonhentos são produzidos no Brasil pelo Instituto Butantan (São Paulo), Fundação Eze- cerdas pontiagudas contendo as glândulas do veneno. É comum o acidente ocorrer quando a pessoa
quiel Dias (Minas Gerais) e Instituto Vital Brazil (Rio de Janeiro). Toda a produção é comprada pelo Mi- encosta a mão nas árvores onde habitam as lagartas.O acidente é relativamente benigno na grande
nistério da Saúde que distribui para todo o país, por meio das Secretarias de Estado de Saúde. Assim, maioria dos casos. O contato leva a dor em queimação local, com inchaço e vermelhidão discretos.
o soro está disponível em serviços de saúde e é oferecido gratuitamente aos acidentados. Consulte:
Somente o gênero Lonomia pode causar envenenamento com hemorragias e complicações como
*http://www.butantan.gov.br/home/acidente_com_animais_peconhentos.php insuficiência renal.

ACIDENTES POR ARRAIAS


Uma observação importante em relação as arraias é que seu ferrão, localizado em sua cauda, é
venenoso e costumam trocá-los de 2 a 3 vezes ao ano. Por isso, não coloque a mão na cauda da
arraia. E se acaso você levar uma ferroada nas pernas, procure atendimento médico imediatamente. É
importante frisar que as arraias não são animais agressivos, apenas se defendem quando pisadas em
águas rasas. Portanto é útil sondar a areia com uma vara quando se caminha em águas rasas.
Caravelas e águas-vivas podem Lacraias são venenosas, embora sua jararaquinha, Bothrops newiedii
causar acidentes graves em praias. picada seja dolorosa geralmente
não matam.

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Megaloptera, sialídeos Coleoptera, escaravelhos

Jararaca, Bothrops jararaca Cascavél, Crotalus durissus

Diptera, moscas.
Siphonaptera, pulgas

Muitos peixes possuem ferrões venenosos nas barbatanas ou dentes afiados.

Lepidoptera, borboletas (lagarta) Hymenoptera, formigas

Piranha-vermelha Hemiptera, barata d’agua Hymenoptera, abelhas

Arraia-de-fogo

Insetos como moscas e mutucas transmitem doenças ou parasitas como bernes e bicheiras. Pulgas,
barbeiros e piolhos infestam taperas e casas de pau-a-pique. Vespas, abelhas, formigas, tesourinhas,
As lagartas queimam a pele baratas d’água, sialídeos e outros podem picar e injetar peçonhas perigosas.

14 0 C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A
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Numa situação de emergência, na possibilidade de se afastar de uma trilha sem botas ou polainas,
é possível improvisar uma proteção para as pernas contra picadas de cobras ou proteção contra es-
pinhos, por meio da casca de certas árvores. Escolha um galho verde de grossura aproximada de
sua coxa, e retire a casca usando sua faca e um bastão afiado de madeira improvisado. Use cipós ou
paracordes de seu kit de emergência para trançar um cadarço conforme foto abaixo, obtendo assim
uma polaina. Usando o mesmo princípio, você pode preparar vasilhas e outros utensílios para cozinhar
ou ferver água, neste caso aplicando uma camada de lama ou barro na parte externa do vasilhame
para proteger a casca das chamas. Ferva a água dentro do vasilhame e descarte o conteúdo saturado
de tanino e outras substâncias extraídas da casca nesta primeira fervura. Depois é só usar o vasilhame
para cozinhar.
A remoção da casca de muitas árvores pode ser letal à planta, e só deve ser considerada em situações
extremas; portanto sempre use botas e perneiras.

Use uma faca com lâmina 3 a 4 mm de espessura.

Polaina e Vasilha improvisada com casca.

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14 3
X
Evite o contato com insetos, aranhas, cobras e
outros animais peçonhentos.

O manuseio de animais peçonhentos é altamen-


te arriscado e deve ser praticado apenas por
profissionais competentes. Tocandiras e algumas
Caranguejeiras causam ferroadas dolorosas e até
febre, mas geralmente não deixam vítimas.
Muitas aranhas Caranguejeiras soltam pêlos que
causam forte irritação na mucosa das narinas
quando inalados.
É fácil esbarrar com vespas quando se tenta
avançar em florestas a golpes de facão. Prefira
usar trilhas para evitar acidentes.
Para evitar teias de aranha que infestam certas
trilhas, como as produzidas pelas Nephila por
exemplo, leve um galho com ramos e folhas a
sua frente. Apesar de inofensivas tal procedimen-
to evita o acúmulo da seda em seu equipamento.

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Em certas áreas da Amazônia se torna necessário
recolher redes e mosquiteiros diariamente devi-
do às formigas cortadeiras ou quenquens (Atta
sp.), e se você for atormentado em excesso por
vespas “lambe-olhos” é melhor procurar outro
local para acampar afastando-se um centena de
metros das colônias. Estas vespas geralemente
procuram o sal eliminado com o suor.

Ao amarrar sua rede de selva numa árvore ou ao


limpar o local de seu acampamento, fique atento Cabas de vespas e correições de formiga podem causar desconforto quando não percebidas a tempo,
a presença de cabas e formigueiros nas proximi- mas em geral não causam acidentes graves. Se acampar em um local e este for invadido por uma
dades. “A Vizinhança é tudo“. correição, o melhor é recolher tudo e procurar outro local.

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Morcegos hematófagos como o morcego-vampiro, à esquerda, podem transmitir doenças como a
raiva. Evite se abrigar em locas e cavernas ocupadas por colônias de morcegos, pois mesmo espécies
inofensivas, como na foto à direita, oferecem riscos de doenças pelo acúmulo de fezes, onde se desen-
volvem fungos que podem causar danos pulmonares sérios se inalados.

Morcego vampiro, Desmodus rotundus, principal vetor


da raiva. Jamais manipule morcegos vivos ou
mortos!

Ao adentrar em locas ou cavernas adornadas com pinturas rupestres, evite acender fogueiras. Procure foto-
grafar as imagens e leve sua descoberta para as universidades. Muitos locais com arte rupestre ou repletos
de fósseis então por serem descobertos e oferecem grandes oportunidades para pesquisas arqueológicas e
paleontológicas. Jamais leve estalactites ou espeleotemas como lembrança. Nunca tente escavar fósseis
ou explorar cavernas. Volte ao local com um profissional. Fotos cortesia de Lydie Baudet.

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ÁGUA

Se perder na natureza é algo que pode acontecer com qualquer pessoa. Turistas e mesmo mateiros ex-
perientes estão sujeitos a circunstâncias fora de seu controle. A coisa mais importante que você precisa
para viver é a agua. Se você for criativo e saber para onde olhar, você pode encontrar ou coletar água
potável em praticamente qualquer ambiente da Terra.
Para manter a boa saúde, o corpo humano precisa de um mínimo de dois litros de água por dia. Se
você usar mais água do que você dispõe, vai começar a sofrer de desidratação. Com desidratação gra-
ve, suas celulas encolhem e dificultam a circulação, causando uma falta de fluxo de oxigênio para os
músculos. A desidratação pode começar após seis horas sem água, e mais do que um dia inteiro sem
água é motivo de séria preocupação. O corpo humano só pode viver cerca de três dias sem ela. Agora
que entendemos a importância da água, deve ser bastante claro que você precisará ter que purificar e
armazenar a quantidade adequada às suas necessidades.
A primeira coisa que você deve fazer numa situação de emergência na natureza é encontrar uma fonte
de água potável. As fontes mais óbvias são córregos, rios e lagos. A água contida em rios claros e
lagos pode parecer limpa, mas existem milhões de organismos na água fresca. Se você não purificá-la,
pode ficar extremamente doente por bactérias ou vírus ingeridos. Nascentes de água doce podem ser
seguras para beber sem filtrar, mas em uma situação de sobrevivência, você deve ter cautela. Animais
sempre sabem onde há água, por isso fique atento para trilhas de animais selvagens.
Vegetação verde é também um sinal de que a água está próxima. Enxames de insetos podem ser um
aborrecimento, mas também um sinal de que uma fonte de água não está muito longe. O trajeto feito
por aves aquáticas em voo pela manhã pode apontar na direção certa. Permanecer em movimento até
encontrar uma fonte de água, aleatoriamente, pode dar resultados, mas evite se perder ainda mais.
Quando você faz uma pausa para descansar, use seus ouvidos- rios podem ser ouvidos na floresta
tranquila a grandes distâncias. Lembre-se de que a água sempre flui para baixo, de modo que as áreas
baixas e vales são uma boa aposta.
Se você encontrar uma área enlameada, pode haver águas subterrâneas disponíveis. Cavar um buraco de
cerca de um metro de profundidade pode nos surpreender ao descobrir que o buraco é logo preenchido
com água. É fundamental lembrar que a qualquer momento que você bebe água encontrada sem purifi-
cá-la, você está assumindo um risco, mas sem outra opção, você deve arriscar em casos desesperadores.
A água da chuva geralmente pode ser consumida sem riscos de doença ou enfermidades. Se chover, use
todo e qualquer recipiente que você tiver em suas mãos para recolher o máximo possível. Se você tiver
uma lona plástica, você pode amarrar as pontas nos galhos a poucos centímetros do chão com uma
leve inclinação para coletar e drenar a chuva. Se você não consegue encontrar um recipiente, poderá
amarrar a lona em nível em todos os quatro cantos e colocar uma pedra no centro para servir como um
saco de água improvisado. Se a água da chuva tem um gosto um pouco diferente, é porque lhe faltam
determinados minerais que são encontrados em águas subterrâneas ou córregos, mas é seguro bebê-la.

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Se você estiver perto de neve e gelo (algo raro na maior parte do Brasil), derreter e beber a água é
sempre melhor que a consumir congelada, o que vai reduzir sua temperatura corporal e levar à desidra-
tação. A neve derretida e o gelo também devem ser purificados, se você tem os meios.
Orvalho pesado também pode fornecer água potável. Antes do amanhecer amarre um pano absorven-
te em torno de suas pernas e dê um passeio em locais de grama alta. Você pode ser capaz de absorver
água suficiente para uma bebida de manhã cedo. Frutas, cocos, cactos, trepadeiras, bromélias, palmei-
ras e bambus podem ser boas fontes de sustento líquido. Quanto mais água você pode coletar, melhor
suas chances de sobrevivência.
Você também pode fazer um filtro para remover quaisquer partículas visíveis: encontre uma grande
lata ou saco plástico, mas bambu oco também irá funcionar, perfure pequenos buracos, 5-10 em
torno da base de seu recipiente e suspenda-o do chão, preencha-o com camadas alternadas de carvão
(de uma fogueira), rocha, areia e pano ou capim seco, alterne camadas finas e grossas, quanto mais,
melhor, despeje a água coletada no filtro e recolha-a em outro recipiente abaixo.
Adicione carvão vegetal de seu fogo para remover o odor e melhorar o sabor. Você sempre deve puri-
ficar a água, fervendo-a.
Você pode usar a técnica da transpiração para coletar água potável:
1- De manhã, pegue vários sacos plásticos e amarre-os em torno de um galho de árvore ou arbusto
de folhas verdes. Evite plantas que secretam leite ou seiva esbranquiçada para evitar envenenamento.
2- Coloque um peso no interior, como uma pedra, para criar um ponto baixo para que a água se
acumule.
3- Ao longo do dia, a planta irá transpirar e produzir umidade que irá escoar ao ponto baixo. Faça um
buraco para beber a água ou despeje-a em um recipiente para mais tarde. A água vai se acumular aos
poucos, mas é melhor do que nada.
Se você estiver perto da costa, uma praia é uma excelente maneira de conseguir água potável. Cave
um buraco na depressão atrás da primeira duna de areia, isto é, tipicamente a cerca de 100 metros a
partir da linha de maré. Coloque pedras no fundo do poço para manter a areia firme nas laterais ou
use capim seco se for possível - o que irá evitar que as paredes desmoronem. Dentro de algumas horas,
você poderá ter até cinco litros de água filtrada. Se o gosto é muito salgado, você deve mover-se mais
para trás da segunda duna de areia.

152 C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A
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Saco estanque aluminizado. PURIFICAÇÃO DA ÁGUA

Se você está perdido na selva perto de um rio ou lago, é preciso purificar a água a ser ingerida. Ebu-
lição é a maneira melhor e mais fácil para tornar a água fresca e segura - 10 minutos a uma fervura
constante é uma boa regra. É claro, a água em ebulição significa que necessita de uma fogueira e um
recipiente de algum tipo. Se você não tem um recipiente, você provavelmente poderá encontrar um
Esta técnica funciona bem perto de qualquer ou mais dos seguintes itens: latas descartadas, bambus, conchas grandes, garrafas de plástico ou de
corpo d’água, como em pântanos, brejos e la- vidro, vasilhas feitas de casca de árvore revestidas com barro, vide página 143.
gos, mas cave mais perto da água do que a ver-
são praia. O mesmo método também funciona Use sua camisa ou outro pano para filtrar os sedimentos presentes na água antes de ferver. Um método
na caatinga durante a estação chuvosa - apenas eficiente de fervura é encher completamente uma garrafa PET plástica com água, tampá-la e pendurá-
cavar no ponto baixo entre as placas de lama res- la sobre algumas brasas, mantendo-a balançando constantemente, assim a garrafa não derrete e a
secada próximas da vegetação, em locais som- água entra em ebulição.
breados. Procure por solo úmido em leitos de Outra maneira de purificar a água é a utilização de pastilhas de purificação, e elas são obrigatórias em
rios secos e as chances são de que você poderá qualquer kit de sobrevivência. Os comprimidos a base de iodo ou cloro, podem tratar a água. Muitas
encontrar águas subterrâneas por baixo. pessoas são alérgicas ao iodo, por isso certifique-se de saber se você é uma delas antes de usá-las. Água
Agora que coletamos a água, é hora de purificar. escura, assim tratada, muitas vezes precisa de pelo menos 30 minutos para ser totalmente tratada de
Não beba água sem tratamento a menos que forma eficaz, antes de ser consumida. No Brasil recomendamos as pastilhas CLOR IN.
possa usar um Lifestraw ou em situações deses-
peradoras. A giardíase é a doença mais co-
O bambú oferece bons vasilhames
mum em seres humanos pelo consumo de água naturais para ferver água quando
não purificada (é um parasita que vive no intes- apoiado verticalmente próximo às
tino dos seres humanos e animais sendo expulso chamas de uma fogueira.
O carvão serve para purificar a água, vale a pena do organismo nas fezes, e se defecado perto de
coletar um pouco
um corpo d’água, lago ou rio, será contamina-
do). Náuseas, cólicas e diarréia são os sintomas
mais comuns da giardíase. Os sintomas podem
não aparecer em duas semanas mas uma vez
presente, pode durar até seis semanas. Se infec-
tado, procure um médico o mais rápido possível.
Criptosporidiose é outra doença pela água en-
volvendo parasitas encontrados nas fezes. Os
mesmos sintomas como na giardíase podem ser
esperados, mas mais graves. Ambos os parasitas
podem ser encontrados no solo e vegetação, e
para dar a si mesmo a melhor chance de sobrevi-
vência, você deve sempre ferver a água, mesmo
www.clorin.com.br que pareça limpa e lavar frutas e vegetais.
Adaptado de: http://www.wilderness-survival-skills.com

15 4 C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A
LIFESTRAW

O Lifestraw é um dispositivo de filtração portátil


que permite com segurança beber diretamente
de qualquer fonte de água fresca. Uma extremi-
dade tem o bocal estreito, o outro vai diretamen-
te para a fonte de água. Cada Lifestraw filtra 700
litros, aproximadamente a quantidade de água
necessária para uma pessoa por ano.
O filtro vai te livrar de quase 100 por cento de
bactérias aquáticas, 98,7 por cento de vírus e
remover partículas tão pequenas quanto 15
mícrons. Cinco milhões de pessoas por ano
morrem de doenças transmitidas pela água - a
maioria crianças. Mais de um bilhão de pesso-
as no mundo não têm acesso a água potável.
Os fabricantes do Lifestraw tem a esperança de
ajudar a reduzir este valor pela metade até o ano
de 2015. Lifestraw também é um grande item
para qualquer entusiasta ao ar livre ter no seu
kit de sobrevivência ou de emergência. Ele pesa
apenas 140 gramas e pode fazer a diferença em
situações de sobrevivência.
Visite http://www.lifestraw.com.br.

C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A
157
CACTÁCEAS COMO ALIMENTO E FONTE DE ÁGUA
EMERGENCIAL, APENAS EMERGENCIAL!
Muitas cactáceas armazenam água e apesar da sui espinhos pontiagudos nas bordas dos gomos
presença de ácido oxálico, podem ser usadas em que formam o tronco. Nativo das regiões semi-
situações extremas. áridas do nordeste é pouco exigente quanto ao
solo e à umidade.
Palma Opuntia cochenillifera é o nome científico
da cactácea forrageira e comestível, de origem O xique-xique (Pilosocereus gounellei), junta-
mexicana, largamente difundida no Nordeste bra- mente com o cacto mandacaru, são os cactos
À esquerda, Coroa de frade com água armazenada, à direita ressecado sileiro - recebendo o nome genérico de palma.Seu mais típicos da “caatinga” do nordeste brasileiro.
uso varia desde a alimentação do gado e humana, O cacto xique-xique tem importância fundamen-
paisagístico e cerca-viva, como para a produção tal no alimento de aves e animais, por fornecer
de corante natural, extraído de inseto parasita. frutos e hastes que são utilizadas na alimentação
de animais de criação, como bois e cabras. O fru-
Os ramos (palmas ou cladódios) são os respon-
to é comestível, saboroso. Da haste é feito um
sáveis pela fotossíntese, uma vez que as folhas
prato bastante comum na alimentação humana
foram transmutadas nos espinhos que, nesta
na região, chamado de “cortado de xique-xique”
espécie, são esparsos e pequenos, e até ausen-
e contém aproximadamente 5% de proteína e
tes. A floração ocorre durante todo o ano, com
rico em sais minerais.
preferência ao período de setembro a março. As
flores possuem tom avermelhado, com estames
Xique-xique longos e róseos. Sua reprodução dá-se por esta-
quia ou sementes.Também na culinária humana
os cladódios novos e os frutos são usados, tanto
na América Central como do Nordeste brasileiro.
O Mandacaru (Cereus jamacaru) é uma planta da
família das cactáceas. É comum no nordeste brasi-
leiro e pode atingir mais de 5m de altura. O man-
dacaru resiste a secas, mesmo das mais fortes.
As flores desta espécie de cactos são brancas,
http://projetocactinga.blogspot.com.br/p/cactos.html

muito bonitas e medem aproximadamente 30cm O caroá Neoglaziovia variegata, é uma bromélia da


À esquerda, Palma com água armazenada, à direita ressecada de comprimento. Os botões das flores geral- Caatinga, que armazena água na base de suas folhas
mente aparecem no meio da primavera e cada e produz fibras resistentes para trançar cordas.
flor dura apenas um período noturno, ou seja,
desabrocham ao anoitecer e ao amanhecer já
começam a murchar. Seu fruto tem uma cor vio-
leta forte. A polpa é branca com sementes pretas
minúsculas, e é muito saborosa.
Coroa-de-frade (Melocactus zehntner): pequeno
e arredondado, este cacto tem um aspecto in-
teressante. Suas flores são formadas no chapéu
vermelho e cilíndrico sobre o tronco verde. Pos-
À esquerda, Mandacaru em frutificação com água armazenada, à direita ressecado

15 8 C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A
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As macambiras pertencem à Família Bromeliaceae e são confundidas com cactáceas em muitos locais. Sempre que tomar conhecimento sobre a utilização de plantas silvestres como fonte de alimento,
No Nordeste fornecem fibras para a confecção de cordames e a base de suas folhas possui uma polpa verifique se o consumo não demanda métodos apropriados de preparação, evite o consumo in natura.
que produz uma espécie de farinha, popularmente conhecida como “maniva de macambira”, rica em Certas plantas agáves e certas eufórbias também se parecem com cactáceas, mas são geralmente tóxi-
carboidratos. Apesar de seu aproveitamento como alimento, sua preparação exige conhecimento pré- cas e produzem leite ou resina viscosa e não água como os cactos.
vio, já que a seiva produzida nas extremidades das folhas, pode causar forte reação alérgica.

16 0 C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A
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Em áreas secas de cerrados e caatingas, o orvalho da manhã se acumula na vegetação e a água pode
ser coletada com um pano absorvente; embora pouca, é melhor que nada. Também vale a pena procu-
rar água em ocos de pau, sondando-os com algum canudo de taquara ou outro caule oco disponível,
sempre tomando cuidado com animais que possivelmente aí se abriguem.

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16 3
AA

Afloramentos rochosos frequentemente vertem água em lifetes superfíciais que escoam morro abaixo,
propiciando um crescimento maior da vegetação, veja detalhe AA.

16 4 C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A
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Em áreas de caatinga e carrascais com aflora-
mentos rochosos aparentes, a presença de plan-
tas carnívoras e cactáceas (acima) pode ser um
indicativo de água nas proximidades. Procure
nos arredores por cacimbas naturais (foto abaixo
a esquerda) que armazenam água da chuva re-
cente, indicada pelo bom aspecto da vegetação.
Estabeleça um perímetro e procure em várias di-
reções sem perder seu ponto de partida e muito
menos, de correr o risco de se afastar das trilhas;
mantenha-se atento. Se ao contrário, as cactáce-
as e a vegetação presente nos lajedos estiver res-
secada, nem perca tempo de procurar cacimbas.

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Em áreas camprestes geralmente a água escoa nos grotões profundos geralmente cercada por vege-
tação mais viçosa e frondosa. Outra alternativa é buscar frutos em meio a vegetação rasteira, muito
embora a quantidade de líquido obtida não seja muita. Quando nos locomovemos pelos descampados
planaltos elevados recobertos por campos limpos ou sujos e mesmo na savana de cupim, a melhor
alternativa para obter a água é procurar por frutas como o cajuzinho do campo, guarirobas, araçás,
abiu (Pouteria ssp. Sapotaceae foto ao lado) e outras. Aprenda a conhecer pelo menos as principais
frutas silvestres brasileiras, por meio de guias ilustrados.

16 8 C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A
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Muitos cipós d’água aparecem como opção de
água potável em matas de terra firme amazônica
e nas matas de transição com as matas de vár-
zea. Sua utilização deve ser considerada somente
em situações alarmantes, já que frequentemente
você acabará encontrando algum igarapé, rega-
tos ou poças em meio à floresta.

Palmeiras dotadas de grande quantidade de raízes


escora ou adventícias, como na foto ao lado, indi-
cam a presença de um lenho extremamente rijo e
o esforço para derrubá-la e colher o palmito, sim-
plesmente não compensa o esforço e a queima de
calorias. Procure por palmeiras com estirpe mais
afiladas e facéis de colher em situação de emer-
Acima, nos campos de altitude as gramíneas se fixam sobre a turfa superfícial do solo raso extre- gência somente. No entanto, estas raízes supor-
mamente esponjoso; basta cavar poucos centímetros para encontrar água. No centro as bromélias tam árvores elevadas sobre terrenos encharcados,
fornecem boa reserva de água na base de suas folhas. Abaixo, o elegante Buriti assinala no horizonte e indicam portanto, possibilidade de obter água a
a certeza de água ao viajante do sertão e nas veredas. poucos centímetros da superfície.

170 C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A
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Na foto acima a seta em primeiro plano indica um campo úmido, logo seguido por um campo limpo
Na imagem acima a seta indica um escoamento natural de água vertendo da encosta acima, assinalada que culmina numa vereda ao longe. Ambas as setas indicam bons locais para cavar a procura de água
pelo corredor de vegetação que acompanha o fluxo de um provável córrego. em situações críticas. Entretanto, é quase certo encontrar água aflorando à superfície em meio à vege-
tação da vereda ao fundo, foto abaixo.

Vegetação verde é também um sinal de que a Animais sempre sabem onde há água, por isso
água está próxima quando vista no horizonte. fique atento para trilhas de animais selvagens.

172 C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A
Florações repentinas no agreste revelam a ocorrência de chuvas recentes, promessa de água acumula- Na foto abaixo um planalto seco elevado revela poucas oportunidades para se obter água, a melhor
da nas áreas rochosas adjascentes, acima. aposta é procurá-la nos grotões abaixo.

174 C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A
175
Tanto nas caatingas acima quanto nos cerrados abaixo, a presença de leitos secos de rios favorece a
prospecção de água subterrânea acumulada nas margens e acessível a poucos centímetros abaixo.

A esquistossomose é transmitida por caramujos aquáticos que proliferam em açudes e cacimbas na


região nordeste. Ferva a água desses locais antes de consumir. Cortesia de Lydie Baudet.

176 C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A
O exame minucioso de falhas no relevo acidentado nas chapadas do Brasil Central, indica a presença de
leitos secos de regatos que despencam em cachoeiras apenas durante as chuvas sazonais, no entanto
é possível encontrar água na base desses penhascos ao se determinar o ambiente de sua localização
por meio de uma bússola que indica a direção quando deixamos as áreas abertas dos planaltos e nos
aprofundamos nas grotões florestados úmidos, veja na página 124.

178 C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A
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Evite caminhar entre plantas de folhas largas
que se desenvolvem nos sub-bosques de grotões
úmidos ao lado de córregos, pois muitas espé-
cies de vespas instalam suas colônias ou cabas na
face inferior das folhas visando proteção contra
a chuva. Jamais abra caminho com facão, pois
estes locais oferecem um microclima ideal para
a sobrevivência de muitos anfíbios fotófobos. É
melhor molhar as botas do que enfrentar os ferrões!

Você pode improvisar copos dobrando folhas grandes de plantas lacustres ou da vegetação que ge-
ralmente cresce ao longo dos cursos d’água evitando contaminar a água com as mãos; embora tal
recurso não dispense o uso de um filtro.

18 0 C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A
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FOGO
Uma das habilidades mais fundamentais é praticar e aprender mé-
todos diferentes, de como fazer uma fogueira em qualquer lugar e
em qualquer condição. Uma fogueira pode mantê-lo quente e seco.
Você pode usá-la para cozinhar alimentos, purificar e esterilizar água
e ataduras, pode afugentar animais perigosos e sua fumaça pode
manter insetos afastados. É também uma forma importante de sina-
lizar por ajuda. Incêndios naturais oferecem boa oportunidade para
coletar carvão, útil para purificar água.

MÉTODOS DE COCÇÃO
Cozinhar é uma habilidade de grande importância para todos os via-
jantes. Cozinhar não só faz muitos alimentos mais apetitosos ao pa-
ladar, mas também pode prevenir que parasitas e bactérias causem
uma intoxicação alimentar.
Como uma habilidade de sobrevivência, você também deve ser capaz
de preparar sua comida sem quaisquer utensilios de cozinha. Quan-
do você aprende mais sobre como encontrar o seu alimento você
também vai aprender mais sobre a natureza em si. Quanto mais você
aprende, mais você vai amar e desfrutar da natureza. Lembre-se, em
uma situação como esta, o sucesso é mais uma questão de tentativa
e erro e muita paciência. Ao acampar em locais selvagens, evite fazer
fogueiras, ou tome os cuidados necessários para evitar incêndios.
Risque a pederneira com o dorso de uma lâmina para produzir faís-
cas numa mecha.

Barra de magnésio, isqueiro, pederneira e caneco de cantil para cozinhar.

182 C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A
18 3
Para fazer uma fogueira, você precisa construí- Pequenos galhos secos e paus são os melhores. TIPOS DE MECHAS E LENHA
la de forma gradual, começando com pequenos Eles devem acender facilmente quando coloca-
pedaços de madeira, em seguida, avançar para dos sobre uma pequena chama. Os ramos mor-
peças maiores como gravetos e troncos. tos na parte inferior das árvores fornecem gra-
vetos excelentes, são geralmente secos, mesmo
Primeiro, escolha um local protegido do vento e
que tenha chovido por semanas.
com uma oferta de madeira ou outro combustível
disponível, mas afastado da vegetação seca. Veri-
fique se o seu fogo não vai ficar fora de controle.
Combustível
A segurança é uma consideração essencial. Lim-
par todos os detritos para longe e iniciar o fogo Uma vez que o fogo foi estabilizado, você pode
em terra firme ou em uma camada de pedras ou adicionar pedaços maiores de lenha, tão seca
em uma cama de galhos verdes. Isto irá eliminar a quanto possível. Procure por árvores mortas, elas
possibilidade de contaminação por gases emana- geralmente são uma boa fonte de lenha seca.
dos do solo aquecido. Para evitar dores lombares
Lembre-se: Nunca deixe uma fogueira acesa. Ve- Barba de velho como mecha Madeira seca esfarpada, como combustível.
ao se cozinhar de cócoras, construa uma platafor-
rifique se o seu fogo está completamente extinto
ma elevada com galhos e espalhe uma camada
antes de sair de campo, pelo menos duas vezes.
espessa de lama na superfície para isolamento e
acenda sua fogueira normalmente.

Mecha
Você vai precisar de algum material que se in-
flame com muita facilidade para iniciar o fogo,
como uma mecha ou acendalha. Há uma série
de coisas que você pode usar para mecha, como
papel, absorventes, estopa, folhas, grama, cas-
cas e resina. Você vai encontrar resina em árvores Madeira senescente favorece boa lenha para fogueiras;
Paina como acendalha
como pinheiros e outras; vai queimar, mesmo se cuidado com cobras.
estiver molhada.
Use sua faca para transformar galhos secos e pe-
daços de casca em material inflamável. Se você
encontrou resina, esfregue-a em pequenos ga-
lhos e paus.

Orelha-de-pau, produz brasas duradouras A casca fina de certas árvores fornece mechas
semelhantes ao papel

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Cuide bem de sua fogueira certificando-se de
apagá-la com água ou areia assim que abando-
nar seu acampamento, evite incêndios aciden-
tais. Espalhe o carvão apagado e cubra com ter-
ra, areia ou detritos não inflamáveis presentes no
local, cobrindo todos os rastros de sua presença
após deixar o local.

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CAMPING SELVAGEM

A construção de um abrigo é uma prioridade absoluta se


você enfrentar uma situação de sobrevivência em duras
condições meteorológicas, como frio ou calor excessivo.
Um bom abrigo deve protegê-lo dos elementos e ser con-
fortável o suficiente para descansar e dormir.
1- Se possível escolha um local seco, bem drenado e ra-
zoavelmente plano.
2- A uma distância confortável à água e com uma boa
fonte de lenha.
3- Que disponha de materiais de construção para o seu abrigo.
4- Que ofereça proteção contra ventos fortes.
Se você está perdido, verifique se o seu abrigo é fácil de
ser visto e encontrado por equipes de busca e resgate.
Um local muito perto de água pode ser incomodado por
insetos.
Evite pedras soltas, e as árvores mortas podem cair em
seu abrigo.
Evite terrenos baixos, tais como ravinas e vales estreitos,
que podem recolher o ar pesado e frio à noite e são, por-
tanto, mais frios do que o terreno circundante mais alto.
Por outro lado, os topos das montanhas estão expostos
a ventos elevados. A melhor área para instalar o abrigo
está a meio termo.

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Se você pretende acampar, deve aprender alguns
nós pela praticidade em desfazê-los, aproveitan-
do ao máximo o cordame disponível no seu kit
de emergência. Abaixo algumas sugestões.

1 1

2 2

Enrrole seu paracorde de 3mm em no-


velos com 10 m de comprimento cada,
conforme esquema ao lado; assim ele

3 3 não embaraça e pode ser reutilizado.


Você pode usar fio encerado de algodão,
fio de rami ou de sisal que são biodegra-
dáveis ou o paracorde 550 sintético e
reutilizável.
Numa emergência você pode usar cipós
e lianas ou raízes para improvizar amar-
rações, mas prefira sempre que possível
levar algum cordame para evitar o corte
desnecessário de cipós.
4 4

19 0 C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A
191
COMO AMARRAR SUA REDE DE DORMIR

1 5

2 6

3 7

4 8

Algumas folhas de plantas como as das palmeiras Geonoma ssp. acima, podem ser trançadas facil-
mente devido a sua geometria natural, para improvisar um telhado de folhas num abrigo improvisado.

192 C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A
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REDES DE SELVA E MOSQUITEIROS Se você adicionou uma lona e um cobertor de emergência ou uma rede com mosquiteiro extra para o
seu equipamento, você está apto a construir um abrigo em poucos minutos. No entanto, se você não
PARA BIVAQUES tiver equipamentos adequados, terá que improvisar com materiais locais.

Rede com mosquiteiro Lona plástica ou “Basha”

Se você pretender acampar, mesmo que apenas por uma noite na mata, utilize uma rede de selva
resguardada por um mosquiteiro do tipo Kampa (www.kampa.com.br). Use a lona plástica (2x2 m ou
3x3 m) como cobertura contra chuva e não esqueça de levar 4m de corda para amarrar a rede e 20 m
de paracorde com 3mm a 4mm para fixar a lona.

‘‘Tarp de Nylon‘‘

(BB)
Nó corrediço (BB) indicado para prender o estirante ao espeque no solo. Você pode improvisar um espeque usando
um galho em forquilha cortando-o na forma de um gancho.

19 4 C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A
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Neste acampamento no Monte Arfak, na Indonésia, foram construídos bivaques com madeira local,
amarradas com cipós em clareiras dominadas por árvores de pequeno porte para evitar a queda aci-
dental de galhos e troncos pesados durante os frequentes temporais. A bagagem e outros equipa-
mentos ficaram protegidos da alta umidade em estantes construídas com madeira morta. Evite tanto
quanto possível a utilização de galhos verdes.

Se preferir utilizar taperas e outras construções ribeirinhas, cuide da presença indesejável de animais
peçonhentos, como aranhas, pulgas, barbeiros e bichos de pé, antes de se instalar.

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Neste acampamento em Waigeo, (Raja Ampat) Indonésia, foi necessário recolher e espalhar pedras de
um leito pedregoso de rio adjacente para conter a lama durante dias seguidos de chuva e possibilitar a
imediata visualização de serpentes peçonhentas; abundantes neste local. A cozinha foi montada com
galhos secos e a dispensa organizada antes de cada refeição e imediatamente suspensa em árvores
por meio de sacos e cordas, após cada preparação, evitando assim a atração de animais indesejáveis.
Mesmo os bagaços e o lixo orgânico produzido foram enterrados em local afastado para evitar a
aproximação temerária de babirussas, uma espécie de porco selvagem, (www.PapuaExpeditions.com).
O mesmo procedimento deve ser tomado em um acampamento base no Brasil ou outro local, evitando pro-
blemas com a aproximação de animais perigosos atraídos pelos alimentos e provisões indevidamente espa-
lhados ou armazenados. As botas devem secar longe do solo, evitando acidentes com aranhas e escorpiões.

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A construção de bivaques, mesas, bancos, prateleiras e outras estruturas com madeira, só é praticável
em acampamentos base, utilizados durante semanas a fio, por equipes de trabalho de pesquisa ou de
turismo de observação em grupo, visando o conforto dos participantes como um todo. Se acampar
sozinho em um determinado local por apenas 1 ou 2 dias, prefira uma rede de selva. A praticidade de
poder carregar na sua mochila todo equipamento necessário para a construção de um abrigo, facilita
seu deslocamento por amplas regiões a serem exploradas em suas excursões. Tenha o cuidado de
carregar um saco de dormir em regiões frias.

A utilização de barracas pré-fabricadas tipo igloo pode ser uma alternativa à utilização de redes de
selva ou ao camping estruturado por meio de bivaques. No entanto, em climas tropicais umidos a
condensação da umidade no interior dessas tendas pode tornar o seu uso incômodo e sua utilização
fica restrita a climas mais secos e frios.

Procure instalar seu acampamento em clareiras afastadas de árvores grandes ou de escarpas íngrimes, evi-
tando acidentes com pedras e árvores tombadas em tempestades. Mantenha seus utensílios acima do solo.

20 0 C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A
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A presença de pedras lisas, destituídas de musgo
em meio às torrentes de montanha, indicam que
estes rios sofrem inundações frequentes, pois
mesmo o musgo não consegue se fixar em sua
superfície. Portanto evite secar roupas nas pedras
ou permaneça próximo para evitar surpresas.

Praias de rios recobertos por seichos rolados indi-


cam que fortes correntes de montanha carregam
todos os sedimentos leves como areia, paus e o
Evite acampar em leitos secos de rios, pois em geral abrigam poças repletas de mosquitos que se criam folhiço em inundações relâmpago corriqueiras.
nestes locais em profusão. Ao final da estiagem, estes leitos sofrem inundações relâmpago mesmo Apesar do aspecto convidativo destas praias para
quando as chuvas e tempestades acontecem nas cabeceiras a montante do curso. a instalação de acampamentos, qualquer chuva
a montante certamente trará prejuízos e aciden-
tes aos incautos.

Rios apresentam uma ameaça constante para a


sua segurança. Chuvas fortes em colinas próxi-
mas podem facilmente criar inundações.

Rios de águas escuras carregadas de sedimentos indicam períodos chuvosos prolongados e provavel-
mente a previsão de mal tempo por dias sucessivos com tempestades. Uma mudança climática com
dias de clima favorável só pode ser esperada com a diminuição da turbidez das águas. Por isso, ao
acampar próximo às margens garanta uma distância adequada da água para evitar inundações em seu
acampamento; especialmente a noite.

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ALIMENTAÇÃO brevivência. Plantas silvestres comestíveis, frutos
e castanhas são um dos alimentos mais impor- A preparação prévia do cardápio a ser
tantes da sobrevivência. Ao planejar sua viagem transportado em uma mochila demanda
É essencial compreender onde encontrar comida em caso de sobrevivência, mesmo sabendo que comi- certifique-se de aprender algo sobre a diversida- três regras:
da é menos premente que a água. Com a abundância de água e um lugar confortável para descanso, de vegetal da região que você vai visitar. Como
a maioria de nós pode viver vários dias sem comida. -1: leve apenas alimentos não perecíveis.
já foi dito, o conhecimento de apenas uma ou
No entanto, a alimentação é importante para o seu estado mental e emocional, assim como uma fonte duas plantas comestíveis pode ser de grande aju- -2: Prefira alimentos desidratados ou liofili-
de energia para manter uma temperatura corporal normal ou adequada. da em sua busca por alimento de sobrevivência. zados para evitar excesso de peso.
Brotos de bambu e palmitos podem ser retirados
Em uma situação de sobrevivência, você tem que tirar proveito de tudo que está disponível para comer. -3: Tente priorizar alimentos ricos em pro-
de diversas espécies de palmeiras e frutos doces
A maioria das áreas selvagens estão cheias de alimentos naturais, que vão desde plantas a insetos. As teínas, carboidratos, e evite muito açúcar e
podem ser previamente memorizados por meio
fontes de alimentos que você pode explorar são determinadas pelo habitat em que você está, portanto futilidades em excesso.
de pesquisas em livros e revistas especializados.
varie sua dieta para ter certeza de obter as proporções adequadas de gordura, proteína, carboidratos, Como sugestão: você pode levar carne
minerais e vitaminas. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, al-
seca, “Jerked Beef”, copa, bacalhau sal-
guns animais têm a capacidade de digerir subs-
Cocos de palmeiras e peixe são boas fontes de proteína e gordura e fornecem praticamente tudo que gado, frutas liofilizadas, granola, proteí-
tâncias altamente venenosas ou tóxicas aos seres
um sobrevivente em longo prazo precisa. No entanto, na primeira fase de uma situação de sobrevivên- na de soja, leite em pó e refeições desi-
humanos. Portanto, nem todos os tipos de frutos
cia, as plantas são as mais adequadas como alimento de emergência, pois são facilmente acessíveis e dratadas pré-preparadas. Evite enlatados
comidos por animais são inofensivos para o ho-
contêm os hidratos de carbono necessários. pelo excesso de peso, chocolates, que
mem, como quer a cultura popular.
derretem facilmente, biscoitos que em-
Dependendo da época do ano você vai encontrar quase sempre plantas comestíveis, a menos que você Portanto, para evitar a necessidade de caçar ou boloram e refrigerantes, salgadinhos que
esteja no meio de um deserto árido ou caatingas em tempo de seca. Conhecimento de apenas uma derrubar palmeiras organize um bom estoque de ocupem muito volume.
ou duas plantas silvestres comestíveis podem ser de grande ajuda em sua busca por alimento de so- alimentos não perecíveis antes de sair a campo.

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TÉCNICAS DE PESCA Inclua no seu kit de pesca, que de ser usado apenas em emergências, anzóis de tamanho P ou M, um
corretel de linha de Nylon e giradores e um pedaço de arame para evitar o corte da linha. Em situações
de emergência você pode construir anzóis artesanais com espinhos, com bambu, ossos e alfinetes, po-
Os peixes são uma valiosa fonte de alimento num país entrecortado por rios, córregos e igarapés dendo improvisar iscas artificiais com penas, tecidos coloridos e paracordes desfiados. Se preferir usar
como o Brasil, portanto a pesca é uma importante alternativa para a obtenção de alimentos. Aprender iscas vivas utilize pequenos peixes, minhocas e larvas xilófagas encontrados em madeiras podres ou
diferentes técnicas de pesca e carregar um kit de pesca básico é essencial e prudente. Para ter sucesso pequenos frutos coloridos. Improvise uma vara de pesca ou prepare anzóis ou linhas de espera. Evite
na pesca, você precisa saber algo sobre o comportamento dos peixes. Passe algum tempo observando pegar peixes excessivamente grandes com anzóis exagerados, preservando espécies ameaçadas pela
onde os peixes estão em diferentes momentos do dia. Peixes gostam de se abrigar sob as galhadas pesca comercial. Prefira pescar em lagoas isoladas em tempos de estiagem já que os peixes que aí se
e abaixo de rochas e troncos. A melhor época para pescar é pouco antes do amanhecer, ou apenas encontram já estão condenados de qualquer forma. Pescar durante o período da Piracema é proibido
após o anoitecer, ou quando o mau tempo é iminente. Ao retirar o anzol, cuidado com os dentes das pela legislação brasileira, consulte o IBAMA para informações adicionais.
piranhas, cações e outros peixes e evite os ferrões de cascudos, mandis e arraias. Cuidado para não
pisar em arraias de água doce, arraste os pés suavemente. Cuidado com sucuris, piranhas, poraquês e
jacarés-açus, Melanusuchos na Amazônia.

Isca artificial

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O palmito pode ser recolhido em praticamente todas as espécies de palmeiras, mas fica mais fácil
retirá-lo de palmeiras novas ou pequenas que de palmeiras adultas, geralmente com lenho excessiva-
mente rijo. A utilização do palmito só deve ser considerada em casos extremos.
Plantas como a pimenteira ou jaborandi ao lado, Piper ssp. produzem frutos de gosto ruim e de pouco
valor energético, portanto procure por frutos de polpa adocicada como os ingás Inga ssp. abaixo.

20 8 C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A
20 9
FRUTOS COMESTÍVEIS

Nas fotográfias abaixo, algumas plantas que produzem frutos em abundância nos ecossístemas brasi-
leiros, representando espécies comuns de ampla distribuição que podem ser utilizadas como alimento
em situações de emergência. O conhecimento prévio das espécies mais comuns de frutos é algo de
suma importância para aqueles que viajam frequentemente na natureza.

Pinhão

Pequi Embaúba

Fruta d’anta Caju


Bacaba em frutificação

Ananás Cacau Bacuri em frutificação

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PLANTAS VENENOSAS

Cocos de palmeiras são alimentos nutritivos que nunca devem ser negligenciados. Abaixo alguns A natureza oferece muitas plantas comestíveis, mas também tem um monte de plantas venenosas.
frutos de baixo valor proteíco, especialmente quando verdes, devem ser consumidos quando não Há muitas boas regras sobre as plantas venenosas para evitar acidentes, por exemplo, evitar qualquer
oferecem qualquer dificudade para serem colhidos, pois não compensa o esforço em relação ao valor planta que tenha uma seiva leitosa ou bagas com gosto amargo ou adstringente. A idéia de um teste
energético que oferecem. de comestibilidade é testar sua sensibilidade a alergia passo a passo. Entre cada etapa, você espera
e fica atento para uma reação desagradável. O processo é demorado, leva muitas horas. Primeiro
Em suas caminhadas procure fotografar qualquer planta em frutificação com objetivo de uma poste-
esfregue partes da planta em seu antebraço, depois coloque uma pequena quantidade sob a língua.
rior identificação. Você rapidamente notará certas características presentes em determinados gêneros
O último passo é engolir uma pequena quantidade e esperar por pelo menos metade de um dia para
de plantas frutíferas, se familiarizando com outras espécies encontradas em outras regiões em suas
ver se você fica doente.
viagens futuras.
Se você é azarado e escolher a planta errada, você terá alguns problemas sérios. Portanto, comer
Este aprendizado pode ser construído com a experiência de anos de observação e torna seu contato
plantas desconhecidas é muito perigoso, simplesmente não vale a pena o risco. A única maneira de
com a natureza uma atividade mais gratificante.
você saber que plantas pode comer é aprendendo a reconhecê-las. Coma somente as plantas que você
reconhece ou colecione fotografias em excursões gradativamente e pesquise em livros sobre sua corre-
ta identificação e usos na medicina ou como fonte de alimento. Consulte mateiros e povos da floresta
para uma primeira abordagem em áreas remotas se você dispõe de tempo para isso. Transmita suas
experiências pessoais em blogs apropriados na internet.

Protium ovatum Burseraceae, Almécega Cordiera sessilis Rubiaceae, Marmelada

Miconia pepericarpa Melastomataceae, Pixirica Fabaceae, Baru, Dipteryx sp.

A cagaita Eugenia dysenterica Myrtaceae a esquerda, produz frutos que causam forte desinteria. Ao
lado a direita, um fruto de Cordia nodosa (Boraginaceae), planta mirmecófila que abriga colônias de
formigas Azteca ssp. provida de áculeos nas folhas e nas bagas, com polpa leitosa e possivelmente
Byrsonima intermedia Malpighiaceae, Murici pequeno perigoso. Na dúvida não coma.
Chichá-do-Cerrado, Sterculia chicha.

212 C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A
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A urtiga é uma planta venenosa que causa forte inrritação na pele quando suas folhas são tocadas
inadivertidamente. Seus frutos vivamente coloridos atraem grande variedade de pássaros, mas esta
planta deve ser evitada sempre que possível, pois cresce geralmente na borda de trilhas e nas clareiras.
A irritação cutânea geralmente é passageira para a maioria das pessoas.
Plantas medicinais como a carqueja (Baccharis triptera) abaixo, são úteis em campo, apenas se você tem como
ter certeza de uma indentificação segura. O chá da carqueja é muito utilizado em complicações gástricas.

214 C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A
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Evite o contato com colmeias de melíponas A coleta de cogumelos para alimentação é práti-
selvagens e outras abelhas com ou sem ferrão ca comum e usual em países do Hemisfério Norte
sempre que possível, algumas espécies produ- onde guerras e privações históricas forçaram a
zem mel, mas também armazenam substân- população a recorrer ao aprendizado no uso cor-
cias nocivas retiradas de carcaças ou de plantas reto deste tipo de alimento. No Brasil, certamen-
venenosas em auveólos adjacentes ao mel. te muitos cogumelos são comestíveis, mas ao
contrário dos países citados anteriormente, nos
falta o conhecimento básico para discernir uma
espécie comestível de outra venenosa. Portanto,
simplesmente desconsidere o consumo e a coleta
de cogumelos, ou procure ajuda de especialistas
em universidades e centros de pesquisa.

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Os colmos do bambu podem ser usados
para construção de telhados provisórios.

As fotos acima ilustram o corte nocivo da coleta irresponsável do bambu. Sempre que precisar usar taquaras e
bambus em acampamentos de emergência, use uma serra de poda cortando pouco acima do nó (linha vermelha)
e o mais rente possível ao solo. Assim a planta rapidamente retoma seu crescimento por brotamento e não morre
como aconteceu na foto à direita. As diversas variedades de bambus e taquaras fornecem material para a construção de abrigos, reci-
pientes para água, material de construção para jangadas e bivaques. Sua utilização como alimento fica
restrita ao consumo dos brotos que podem ser consumidos cozidos ou crus. Certas espécies armaze-
nam água no interior dos colmos.

218 C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A
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Caçar animais para a carne é desaconselhável em uma situação de sobrevivência. A caça é difícil e você vai
gastar muita energia para obter seu alimento. Em vez de considerar a caça com armadilhas, é melhor gastar
tempo à procura de outras fontes de alimento. A coleta de ovos de aves selvagens e a caça de animais selva-
gens não são permitidos na maioria dos países e caçar com laços e outras armadilhas deve ser considerado
apenas em uma situação de sobrevivência na selva, como um último recurso.

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INSETOS COMESTÍVEIS
As mais vitais necessidades nutricionais em uma situação de sobrevivência são proteína e gordura. A
maioria dos insetos são ricos em ambos. Insetos comestíveis como gafanhotos e larvas xilófagas de
madeira são bons alimentos para a sobrevivência. Ninhos de formigas e cupinzeiros fornecem larvas,
pupas e ovos. Caso decida comer insetos, é bom lembrar que quanto mais colorido, tanto mais peri-
goso será capturar e ingerir o mesmo.
Isoptera, cupins

Coleoptera, besouros

É possível queimar a parte interna de um cupin-


zeiro para produzir fumaça e assim repelir inse-
tos num acampamento.
Mantodea, louva-a-deus

222 C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A
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Ambientes costeiros, manguezais e mesmo nas ilhas oceânicas, oferecem grande variedade de frutos
do mar como crustáceos, moluscos, peixes e outros, tanto na linha de maré como na vegetação mais
afastada adjascente. O uso destes frutos do mar só deve ser cogitado em situações de emergência, já
que muitas espécies são protegidas por lei e jamais devem ser exploradas desnecessariamente.

224 C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A C A P Í T U L O 2 - V I A G E N S E T É C N I C A S PA R A E M E R G Ê N C I A
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226 227
AGRADECIMENTOS

 Aos amigos Gerard Baudet, Robson Silva e Silva, Geiser Trivelato, Alexandre Grose, David Villas Boas, Wesley R.
Silva, Luís Octávio M. Machado, Edwin O. Willis, Yoshica Oniki, Jacques Vielliard, Maria Luíza da Silva, Richard Prum,
Karl Schuchmann, Mauro Galleti, Miguel Nema, Alexandre Aleixo, Luís Fabio Silveira, Fábio Schuncke, Edna e Paul
Thomsen, Paulo Branco, Marta e Luis Katsumi Yabase, Patrícia e Marco Newman, Yunus, Like Wijaya, Iwein Mauro
pelo acompanhamento e constante apoio e incentivo nos trabalhos de campo. A todos aqueles que direta ou indi-
retamente participaram de nossas expedições, o nosso reconhecimento pelos ensinamentos em grande parte aqui
reproduzidos pelo bem comum...

 Tomas Sigrist e Avisbrasilis Editora

Abril de 2014

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Sigrist, Tomas

Prática e técnicas de observação da natureza / 1ª edição /


Tomas Sigrist, ilustrado por Tomas Sigrist. - Vinhedo: Avis
Brasilis, 2014. Formato eBook.

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 ISBN 978-85-60120-24-6

  1. Aves - Brasil. 2. Natureza, observação. I. Título. II.


Bushcraft. III. Sigrist, Tomas, ilustr.

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