1) Tribunal de Justiça de Minas Gerais. AC 1.0521.04.
032789-7/001 Númeração: 0327897-Relator: Des. (a) Maurílio Gabriel
Por se cuidar da cobrança de honorários advocatícios através da emissão de
duplicata e seu respectivo protesto, deve ser observado o disposto no artigo 42 do Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil (publicado no Diário da Justiça, Seção I, do dia 01.03.95, págs. 4.000 a 4.004) que preceitua que "o crédito por honorários advocatícios, seja do advogado autônomo, seja de sociedade de advogados, não autoriza o saque de duplicatas ou qualquer outro título de crédito de natureza mercantil, exceto a emissão de fatura, desde que constitua exigência do constituinte ou assistido, decorrente de contrato escrito, vedada a tiragem de protesto". Desse modo, é vedada a emissão de duplicata instituída para a cobrança da prestação de honorários advocatícios de êxito, bem como o seu envio para protesto por falta de aceite ou pagamento.
2) Tribunal de Justiça de Minas Gerais AC - 1.0521.04.032787-1/001
Númeração 0327871- Relator: Des.(a) Cláudia Maia
Segundo a desembargadora é preciso esclarecer, todavia, que o saque de
duplicata, na forma como descrita pelo art. 42 do Código de Ética, possui plena validade jurídica, gozando o título de toda a eficácia própria aos documentos cambiariformes, visto que "o título de crédito representa relação jurídica autônoma em face do negócio que lhe deu origem, que é o negócio jurídico subjacente.
Destarte, o título de crédito emitido por sociedade de advogado para fins de
recebimento de honorários é válido e produz plenos efeitos (se em conformidade com os respectivos pressupostos formais). Contudo, os advogados que sacaram a cártula estarão, em tese, cometendo ilícito administrativo-disciplinar, estando sujeitos à responsabilização pelo órgão de classe. 3) Tribunal de Justiça de Minas Gerais , AC - 2.0000.00.491669-8/000 Númeração 4916698 - Relator: Des.(a) Sebastião Pereira de Souza
Em sua decisão o desembargador conclui cabe que ao advogado exercer o seu
sagrado direito de cobrança na forma prevista em lei, com execução do contrato de trabalho, evitando-se as atividades que são apropriadas para o comércio em geral. Portanto, e na eventualidade de o advogado protestar um título de crédito para forçar o pagamento de honorários que estão sendo questionados pelo cliente, poderá esse seu proceder configurar não só um desrespeito das normas deontológicas, como um ilícito suscetível de fundamentar pedido de indenização por danos morais (abalo de crédito), tal como se sucede com inscrição indevida do sujeito na lista de devedores inadimplentes."
4) Tribunal de Justiça de Minas Gerais - AC 1.0245.10.018592-6/001
Númeração 0185926 - Relator: Des.(a) Alexandre Santiago
Assim sendo, em se tratando de honorários advocatícios, ao contrário do que
considerado pelo apelante principal, não pode ser cobrado por extração de duplicata, não considerando eu haver qualquer não validade da norma, porque se quisesse fazer constar de forma contrária teria deixado explicito. Também não há que se falar que tal fato cerceie o direito da parte que presta os serviços cobrar em caso de inadimplência, pois existem outros meios para tanto, como ação de cobrança, execução de formalmente constituído o título, de forma que não há que se falar em prejuízo tal dispositivo.
Nesse contexto, resta evidente que o protesto é indubitavelmente indevido, até
porque urge esclarecer que a conduta do causídico ou da sociedade deve coadunar-se inteiramente com os ditames do referido código disciplinar, mormente diante da imposição contida no art. 33 do Estatuto da Advocacia (Lei nº 8.906/94) 5) Tribunal de Justiça de Minas Gerais – AC Número do 1.0024.06.103220- 7/001 Númeração 1032207-Relator: Des.(a) Elpídio Donizetti
Conforme demonstra o exmo. Desembargador Elpídio Donizetti que diz ser
vedado ao advogado a emissão de duplicatas ou qualquer outro título de crédito fundada em débito originário de honorários advocatícios. Nada impede, contudo, que o causídico receba, como pagamento pelos serviços prestados, título de crédito emitido pelo cliente.
Fato é que a hipótese aqui é totalmente diversa daquela prevista no Código de
Ética e Disciplina da OAB. O advogado está impedido de emitir duplicata com base no crédito decorrente de contrato de prestação de serviço advocatícios, mas pode receber como pagamento do valor pactuado, por exemplo, cheque emitido pelo constituinte. Dessa forma, não há que se falar em inexigibilidade ou nulidade das duplicatas emitidas por afronta ao Código de Ética e Disciplina da OAB.
Análise crítica do grupo
Após a análise dos diversos acórdãos os quais foram apresentados para a
realização deste trabalho, foi possível compreender que mesmo conforme elenca o novo código de ética da OAB, artigo 52, não é afastada a possibilidade de cobrança e protesto pela parte do advogado contra a parte devedora desde que seja respeitada as formalidades previstas no código de ética e disciplina da OAB, o grupo entende ainda que devido a várias correntes já formadas existe a possibilidade do protesto como última forma de cobrança desde que comunicado conforme demonstrado nos termos do Comunicado CG n. 2383/2017 e de acordo com vários precedentes já firmados em outros estados como e o exemplo no Estado de São Paulo onde o Tribunal de Justiça de São Paulo, em senso convergente, admite igualmente o protesto extrajudicial do contrato de honorários advocatícios. Importante precedente da 32ª Câmara de Direito Privado, no recente julgamento do Agravo de Instrumento n. 2155906-85.2019.8.26.0000, relatado pelo desembargador Caio Marcelo Mendes de Oliveira, assentou, na ementa:
“Ação de execução de título extrajudicial - Contrato de
honorários advocatícios - Insurgência contra decisão que indefere o pedido de expedição de certidão para protesto, na forma do art. 517, § 2º, do CPC. Título exequendo que prescinde da certidão pretendida para ser protestado - Protesto possível, nos termos do Comunicado CG n. 2383/2017 - Decisão mantida - Recurso improvido”.
Secundando essa mesma diretriz,
Decisão, 28ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça
bandeirante, por ocasião do julgamento do Agravo de Instrumento n. 2007662-54.2018.8.26.0000, com voto condutor do desembargador Celso Pimentel, decidiu: “Constou que o que não se tinha era a prova, que, todavia, agora se tem e induvidosa, de que esse contrato se vincula ao processo n. 1028894-09.2013.6.26.0100.... e já certificado o trânsito em julgado. Implementada que está a condição, o êxito definitivo na causa patrocinada, parece haver em consequência crédito líquido, certo e exigível, a justificar o protesto de seu documento”.