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Bruno Mastrandrea
Miqueias da Costa Oliveira
Thiago Leister Sá
RESUMO
Este trabalho objetiva abordar os problemas de contorno da função de Prandtl, teorema de Saint Venant, cálculo de momento
torçor através de métodos analíticos e métodos numéricos, e fazer a comparação mostrando o número de interações necessárias
para a convergência.
ângulo de rotação por unidade de comprimento na barra. Derivando a primeira em z e a segunda em y e somando
as resultantes, obtemos a equação de Poisson:
1
𝜕2𝜙 𝜕2𝜙 −2 𝜙(𝑖, 𝑗) (𝛥𝑦 2 + 𝛥𝑧 2 ) + 𝜙(𝑖 + 1, 𝑗)𝛥𝑦 2 + 𝜙(𝑖 − 1, 𝑗)𝛥𝑦 2 +
+ = −2𝐺𝜃 (5) +𝜙(𝑖, 𝑗 + 1)𝛥𝑧 2 + 𝜙(𝑖, 𝑗 − 1)𝛥𝑧 2 = −2𝐺𝜃𝛥𝑦 2 𝛥𝑧 2
𝜕𝑦 2 𝜕𝑧 2
Fazendo as substituições das expressões de tensão a Por exemplo para um problema com discretização em 3
partir da função de Prandtl (4) na condição de contorno (2): elementos na largura e 3 elementos na altura, teremos um
𝜕𝜙 𝑑𝑧 𝜕𝜙 𝑑𝑦 𝑑𝜙 total de 16 nós na seção, mas como conhece-se o valor da
+ = =0 função em todo o contorno (i ou j iguais a 0 ou 3) restam
𝜕𝑧 𝑑𝑠 𝜕𝑦 𝑑𝑠 𝑑𝑠
Chega-se a uma condição bem mais simples que apenas 4 incógnitas neste problema. As equações das
implica que 𝜙 seja constante no contorno, por facilidade diferenças finitas compõem então um sistema linear na
considera-se então 𝜙 = 0 no contorno. forma:
Nas extremidades da barra, vale a equação: 𝜙(1,1) 1
𝜙(1,2) 2 2) 1
𝜕𝜙 𝜕𝜙 [𝑀] ∙ = 2𝐺𝜃(𝛥𝑦 𝛥𝑧 [ ]
𝑀𝑡 = ∫ (𝜏𝑥𝑧 𝑦 − 𝜏𝑥𝑦 𝑧) 𝑑𝐴 = − ∫ ( 𝑦 + 𝑧) 𝑑𝐴 𝜙(2,1) 1
𝐴 𝐴 𝜕𝑦 𝜕𝑧 1
[𝜙(2,2)]
𝜕(𝑦𝜙) 𝜕(𝑧𝜙) 2(𝛥𝑦 2 + 𝛥𝑧 2 ) −𝛥𝑧 2 −𝛥𝑦 2 0
𝑀𝑡 = −2 ∫ 𝜙𝑑𝐴 − ∫ ( + ) 𝑑𝐴 −𝛥𝑧 2 2
2(𝛥𝑦 + 𝛥𝑧 2)
0 −𝛥𝑦 2
𝐴 𝐴 𝜕𝑦 𝜕𝑧 [𝑀] =
−𝛥𝑦 2 0 2(𝛥𝑦 2 + 𝛥𝑧 2 ) −𝛥𝑧 2
Onde para uma seção transversal retangular de base b e 0 −𝛥𝑦 2 −𝛥𝑧 2 2(𝛥𝑦 2 + 𝛥𝑧 2 )]
[
altura h: A partir dos valores obtidos para a discretização da
∞
32 G θ (b/2)² função de Prandtl, podemos utilizá-la para cálculo do
𝜙= ∑ 𝜙𝑛 (𝑦, 𝑧)
π³ momento torçor e do momento de inércia a torção por meio
𝑛=1,3,5…
1 (𝑛−1) cosh(nπ x⁄b) 𝑛πy de uma integração numérica na área da seção.
𝜙𝑛 = (−1) 2 [1 − ] cos ( )
n 𝟑 cosh(nπ h⁄2b) b 5. RESULTADOS
Sendo assim ficamos com
∞
a) Solução por MDF para seção retangular
1 192 𝑏 1 nπh O Método das Diferenças Finitas foi aplicado para
𝑀𝑡 = 𝐺𝜃𝑏 3 ℎ [1 − 5 ∑ 5 tanh ( )]
3 π ℎ n 2b cálculo da função de Prandtl para torção de uma seção
𝑛=1
retangular de base 10 cm e altura de 30 cm utilizando o
Comparando esta equação para o momento torçor com
mesmo tamanho dos elementos em y e z, ou seja,
a obtida pela formulação de Saint-Venant, chega-se a
discretizações proporcionais com relação a base e a altura da
seguinte expressão para o momento de inércia a torção de
seção, e o resultado obtido poder ser observado na Figura 2.
uma seção retangular.
∞
1 192 𝑏 1 nπh
𝐼𝑡 = 𝑏 3 ℎ [1 − 5 ∑ 5 tanh ( )]
3 π ℎ n 2b
𝑛=1
2
momento torçor resultante e consequentemente o momento elástica sujeita a forças de tração S e a um carregamento
de inércia a torção da seção conforme exposto no lateral uniforme p que lhe impõe uma deformação vertical z:
desenvolvimento deste trabalho.
Verifica-se na Figura 3 a rápida convergência do
método conforme aumenta-se o número de discretizações e,
portanto, o número de nós para estimativa da função de
Prandtl. Para esta seção o valor obtido pela solução analítica
do momento de inércia a torção é de 7900 cm 4, já pelo
Método das Diferenças Finitas para uma discretização de
elementos com 0,7 cm de largura e altura, equivalente a um
total de 456 nós incógnitas, o momento de inércia a torção
obtido foi de 7830 cm4, uma diferença de 0,9% do valor
exato.
b) Solução por MDF para seção quadrada
Aplicando novamente o método, mas agora para uma
seção quadrada de dimensões iguais a 10 cm, obtemos a
função de Prandtl conforme ilustra a Figura 4. Na Figura 5 Figura 6 – Membrana elástica e elemento ABCD [3]
observa-se a convergência do método para esta seção.
A partir do equilíbrio vertical do elemento ABCD no
contorno, observa-se que a equação resultante é ntica à
equação diferencial de Poisson (5):
𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕 2 𝑧 𝜕𝑧
−(𝑆𝑑𝑦) + 𝑆𝑑𝑦 ( + 2 𝑑𝑥) − (𝑆𝑑𝑥)
𝜕𝑦 𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑦
𝜕𝑧 𝜕 2 𝑧
+ (𝑆𝑑𝑥) ( + 2 𝑑𝑦) + 𝑝𝑑𝑥𝑑𝑦 = 0
𝜕𝑦 𝜕𝑦
𝜕2𝑧 𝜕2𝑧 𝑝
Figura 4 – Função de Prandtl para seção quadrada + 2=−
𝜕𝑥 2 𝜕𝑦 𝑆
Se comparadas, as equações são análogas. No problema da
1 𝜕𝑧 𝜕𝑧
membrana z, , p, − , equivalem respectivamente a 𝜙,
𝑆 𝜕𝑥 𝜕𝑦
G, 2𝜃, 𝜏𝑧𝑦 , 𝜏𝑧𝑥 no problema da torção.
6. CONCLUSÕES
A partir das análises numéricas pelo Método das
Diferenças Finitas para diversos níveis de discretização da
seção de uma barra retangular, observou-se a convergência
do momento de inércia à torção para a solução exata obtida a
Figura 5 – Convergência no cálculo do momento de inércia a partir da integração de séries infinitas, aumentando-se o
torção de uma seção quadrada 10 cm x 10 cm número de nós da malha.
A partir da análise do equilíbrio de uma membrana
Para esta seção a solução analítica fornece o momento
elástica carregada lateralmente foi possível estabelecer uma
de inércia a torção de 1407 cm 4, enquanto o Método das
analogia com a torção de uma barra submetida a um
Diferenças Finitas para elementos quadrados de 0,53 cm de
momento torçor uniforme.
dimensão, com total de 324 nós, apresenta o valor de inércia
de 1393 cm4, uma diferença também de 0,9%. 7. REFERÊNCIAS
c) Função de Prandtl e analogia de membrana [1] S. P. Timoshenko, and J. N. Goodier. Theory of
Encontrar uma aproximação para a função de Prandtl Elasticity, 2nd ed., McGraw-Hill, New York, 1951.
não é simples. As vantagens desta abordagem são: condição [2] W. C. Young and R. G. Budynas. Roark’s Formulas
for Stress and Strain, 6th ed., McGraw-Hill, New
de contorno mais simples e a visualização dos campos de York, 1989.
cisalhamento torcional relacionando (4) aos gráficos da [3] A. C. Ugural and S. K. Fenster. Advanced Mechanics
função de Prandtl (fig. 2 e 4). of Materials and Applied Elasticity, 5th ed., New
Prandtl observou em 1903 uma relação próxima entre a Jersey, 2012.
equação de Poisson (4) e a função dada por uma membrana
3
8. ANEXO fprintf('Constante de torção exata ----> It = %.2f cm4
\n',It_timo);
a) Programa implementado em Matlab fprintf('Constante de torção pelo MDF -> It = %.2f cm4
\n',It_mdf);
%% DEFINIÇÃO DA GEOMETRIA E MATERIAL fprintf('Erro no cálculo de It com %i nós -> %.2f %%
% h deve ser sempre maior ou igual a b \n\n',var,erro);
fprintf('Valor máximo da função de Prandtl phi= %.2f
b=10; % largura da ST (cm) \n',max(max(phi)));
h=30; % altura da ST (cm) fprintf('Valor máximo da tensão de cisalhamento tau_x
G=952; % kN/cm2 (para concreto fck 25 MPa) = %.2f kN/cm^2 \n',max(max(taux)));
theta=.01; % rad
fig1=figure();
%% SOLUÇÃO PELO MÉTODO DAS DIFERENÇAS FINITAS fig1.Color='w';
fig1.Position=[50 350 500 300];
lim=21; sgtitle('Função de Prandtl (\phi)','Fontsize',11);
result=zeros(lim-1,3); % subplot(2,3,[1,4]);
count=1; subplot(1,2,1)
for div=2:lim % para acompanhar a convergência contourf(y,z,phi,6);
n=div; % número de elementos em b->y_j ax1=gca();
m=floor(h*div/b); % número de elementos em h->z_i ax1.FontSize=9;
deltay=b/n; xlabel('base (cm)');
deltaz=h/m; ylabel('altura (cm)');
var=(n-1)*(m-1); % número de variáveis colorbar;
MDF=sparse(var,var); axis equal
for k=1:var % subplot(2,3,[2,3,5,6]);
i=ceil(k/(n-1)); subplot(1,2,2)
j=k-(i-1)*(n-1); surf(y,z,phi);
MDF(k,k)=-2*(deltay^2+deltaz^2); view(-40,35);
if i>1; MDF(k,(i-2)*(n-1)+j)=deltay^2; end ax2=gca();
if i<m-1; MDF(k,i*(n-1)+j)=deltay^2; end ax2.FontSize=9;
if j>1; MDF(k,k-1)=deltaz^2; end ax2.DataAspectRatio(1,1:2)=1;
if j<n-1; MDF(k,k+1)=deltaz^2; end xlabel(' base
end (cm)','rotation',27,'HorizontalAlignment','center','Ve
MDF=MDF/(-2*G*theta*deltay^2*deltaz^2); rticalAlignment','middle');
q=ones(var,1); ylabel('altura (cm) ','rotation',-
phi=MDF\q; 40,'HorizontalAlignment','center','VerticalAlignment',
phi=reshape(phi,n-1,m-1).'; 'middle');
phi=[zeros(1,n-1);phi;zeros(1,n-1)];
phi=[zeros(m+1,1),phi,zeros(m+1,1)]; fig2=figure();
fig2.Color='w';
% devido a phi=0 no contorno fig2.Position=[600 350 400 300];
Mt_mdf=2*sum(phi,'all')*deltay*deltaz; plot([0 max(result(:,1))],[It_timo It_timo],'--
It_mdf=Mt_mdf/G/theta; r',result(:,1),result(:,3),'-ob','Linewidth',1);
result(count,1:3)=[m deltay It_mdf]; xlim([0 max(result(:,1))]);
count=count+1; grid();
end title('Convergência para seção retangular');
xlabel('número de divisões da altura');
tauxy=zeros(size(phi)); legend('exata','MDF','Location','southeast');
tauxz=zeros(size(phi)); ylabel('It (cm4)');
for i=1:m+1 ax=gca();
for j=1:n+1 ax.FontSize=9;
if j==1; tauxz(i,j)=(phi(i,j+1))/deltay;
elseif j==n+1; tauxz(i,j)=(-phi(i,j- fig3=figure();
1))/deltay; fig3.Color='w';
else; tauxz(i,j)=(phi(i,j+1)-phi(i,j- fig3.Position=[50 50 500 300];
1))/2/deltay; sgtitle('Tensão de cisalhamento (\tau)
end [kN/cm^2]','Fontsize',11);
if i==1; tauxy(i,j)=(-phi(i+1,j))/deltaz; % subplot(2,3,[1,4]);
elseif i==m+1; tauxy(i,j)=(phi(i-1,j))/deltaz; subplot(1,2,1)
else; tauxy(i,j)=(phi(i-1,j)- contourf(y,z,taux,5);
phi(i+1,j))/2/deltaz; ax=gca();
end ax.FontSize=9;
end xlabel('base (cm)');
end ylabel('altura (cm)');
taux=(tauxz.^2+tauxy.^2).^0.5; colorbar;
axis equal
%% SOLUÇÃO ANALÍTICA (TIMOSHENKO - THEORY OF % subplot(2,3,[2,3,5,6]);
ELASTICITY EQ. 160) subplot(1,2,2)
% b=2a e h=2b; surf(y,z,taux);
view(-40,35);
k1_timo=(1-192*b/pi^5/h*(tanh(pi*h/2/b) ax=gca();
+tanh(3*pi*h/2/b)/3^5))/3; ax.FontSize=9;
It_timo=b^3*h*k1_timo; % cm4 ax.DataAspectRatio(1,1:2)=1;
xlabel(' base
%% RESULTADOS (cm)','rotation',27,'HorizontalAlignment','center','Ve
erro=(It_mdf-It_timo)/It_timo*100; rticalAlignment','middle');
fprintf('\nSeção retangular %g cm x %g cm (b x ylabel('altura (cm) ','rotation',-
h)\n',b,h); 40,'HorizontalAlignment','center','VerticalAlignment',
'middle');