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A ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DA ANTIGA ESTRADA DE FERRO

GOIÁS COMO GENIUS LOCI NA CIDADE DE ARAGUARI-MG*

Laura Resende Tavares **


Marta Adriana Bustos Romero***

RESUMO

Este artigo visa analisar o que faz de um espaço, um lugar. Assim, tomando como
estudo de caso a Estação da Estrada de Ferro Goiás na cidade de Araguari-MG,
vários elementos são analisados, como paisagem e assentamento, interior e
exterior, terra e céu, orientação e identificação, abstrato e concreto, forma, cor,
textura, luz; partindo de uma conceituação inicial sobre o genius loci, ou espírito do
lugar. A Estação da Estrada de Ferro Goiás tem sua implantação diretamente
relacionada com o desenvolvimento urbano, econômico e cultural da cidade. Três
fases distintas serão abordadas neste trabalho: a fase da implantação das estradas
de ferro na cidade, em especial, a estrada de ferro Goiás e o complexo ferroviário,
tendo como símbolo a estação; a fase do declínio da estrada de ferro e o gradual
abandono do complexo ferroviário e por fim, a restauração da principal edificação do
complexo motivando uma reestruturação da cidade, retomando assim o espírito do
lugar.

Palavras-chaves: genius loci, espaço público, identidade coletiva, monumento.

*
Artigo elaborado na disciplina de Bioclimatismo na Arquitetura e Urbanismo do Programa de Pós-Graduação
da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília.
** Autora do artigo, na época aluna especial da disciplina, atualmente aluna regular do Programa de Pós-
Graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília na área de tecnologia.
Arquiteta urbanista da Divisão de Patrimônio Histórico de Araguari, integrante do Grupo de Pesquisa CEUCP-
Centro de Estudos Urbanos e da Paisagem da UNITRI.
*** Professora doutora da Universidade de Brasília, atua nas áreas de sustentabilidade, bioclimatismo, desenho
urbano, espaço público, arquitetura e clima. Professora da disciplina citada acima e orientadora deste artigo.
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ABSTRACT

This article aims to analyse what turns a space into a place. So, taking the Station
of Goiás railroad in the city of Araguari-MG as a case to study, several elements are
analyzed, as landscape and settlement, outside and inside, earth and sky, orientation
and identification, abstract and concrete, shape, color, texture, light; starting from an
initial concept on the genius loci, or spirit of the place. The Station of Goiás railroad
has its implantation directly related with the urban, economical and cultural
development. Three periods will be brought up: the implantations of railroads in the
city, in especial, the railroad Goiás and the railroad complex, with its symbol, the
station; the decay period of the railroad and the railroad complex gradual
abandonment, and at last, the restoration of the principal building of the
complex motivating the city restructuration, recovering the spirit of the place.

Keywords: genius loci, public space, collective identity, monument.

1 INTRODUÇÃO

A forma da cidade é a soma dos vários tempos da cidade. Ainda que


envelheça e que mude, seus traços principais permanecem, são os elementos
decisivos na sua formação e evolução. A nova cidade seria então constituída de um
acúmulo de acontecimentos históricos marcantes, antigos e recentes.
A probabilidade de existir uma patologia urbana é inerente ao esquecimento
sistemático das referências históricas, da dissolução, ou mesmo a exclusão das
lembranças.
Lembrar, reconhecer-se em um local, sentir-se bem, está intimamente ligado
ao espírito do lugar.
Este trabalho propõe uma discussão sobre o genius loci, ou espírito do lugar,
bem como suas relações com o espaço público e a identidade coletiva.
A princípio será feita uma abordagem sobre o conceito de genius loci e para
isso serão utilizados alguns trabalhos de Norberg-Shulz, Sennet, Otília Arantes,
Camilo Sitte, Antolini, Aldo Rossi, Marta Bustos Romero e Cerasi.
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Baseando-se neste texto conceitual será feito um estudo de caso. O edifício


escolhido é a Estação da Estrada de Ferro Goiás, situado na cidade de Araguari-
MG, que tem sua implantação diretamente relacionada com o desenvolvimento
urbano, econômico e cultural da cidade. Três fases distintas serão abordadas: a fase
da implantação das estradas de ferro na cidade, em especial, a estrada de ferro
Goiás e o complexo ferroviário, tendo como símbolo a estação; a fase do declínio da
estrada de ferro e o gradual abandono do complexo ferroviário e por fim, a
restauração da principal edificação do complexo motivando uma reestruturação da
cidade, retomando assim o espírito do lugar.

2 ABORDAGEM DO CONCEITO DE GENIUS LOCI

O genius loci é o espírito do lugar, intensamente estudado por Norberg-Shulz.


Trata-se da realidade concreta do homem e representa o cotidiano. O nosso dia-a-
dia consiste em elementos concretos como as pessoas, animais, flores, árvores,
florestas, pedras, terra, madeira, água, cidades, ruas, casas, portas, janelas, sol, lua,
estrelas, nuvens, mudanças de estação, mas também os sentimentos, os
fenômenos intangíveis são conteúdos de nossa existência. A arquitetura deve
enxergar o genius loci, pois é dever do arquiteto criar lugares cheios de significados
para o homem habitar. Não são apenas espaços e localidades, significam mais que
uma simples locação abstrata, representam uma totalidade de coisas concretas que
tenham substância, forma, textura, cor e juntamente com estas coisas é necessário
determinar o caráter do meio, que é a essência do lugar. Quando o homem é capaz
de habitar o mundo ele se torna o seu interior, seu espaço interno. Para isso é
necessário que o homem se identifique com o meio, sinta-o como seu, faça parte
dele, e assim ele estará efetivamente habitando um lugar.
Os primeiros feitos humanos em sua fixação no meio foram os povoados, os
assentamentos, em diferentes escalas como as casas, vilas e cidades.
Posteriormente os caminhos entre estes povoados foram conectados. Todas estas
ações, desde o surgimento dos povoados e suas conexões, transformaram a
paisagem natural, ou seja, aquela em que não houve intervenção humana em
paisagem cultural. As propriedades básicas destes locais eram a concentração e o
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enclausuramento. O homem se apega ao que ele conhece e para completar esta


função ele deve abrir o seu interior para o exterior.
A arquitetura deve transcender o funcionalismo; e a fenomenologia, que
significa um retorno às coisas, é um caminho para resolver o impasse entre o
abstrato e o concreto. A fenomenologia da arquitetura é a teoria que compreende a
arquitetura no concreto, em termos existenciais. Um primeiro passo para este
entendimento seria a distinção entre o natural e os fenômenos humanos, ou seja,
em termos concretos, entre paisagem e assentamento. O segundo passo seria
representado pelas categorias de céu e terra, horizontal e vertical, exterior e interior.
O passo final seria o conceito de caráter, que é determinado pela compreensão de
como as coisas são e tem sua investigação baseada em fenômenos concretos do
nosso dia-a-dia. Somente assim seria possível compreender detalhadamente o
genius loci ou espírito do lugar.
A estrutura do lugar pode então ser descrita nos termos da paisagem e do
assentamento e analisada pelos significados das categorias do espaço e do caráter.

A obra de arquitetura é inseparável de seu entorno, não apenas numa


dimensão física, mas também conceitual, pois a arquitetura é
obrigatoriamente concebida a partir da localização em um sítio concreto. O
termo “paisagem habitada” aponta para os aspectos naturais do lugar
(ROMERO, 2001, p.33).

O espaço denota a organização tridimensional dos elementos que constituem


o lugar, enquanto que o caráter denota a atmosfera geral, que é a propriedade mais
compreensiva do lugar. Para esclarecer melhor o conceito de caráter será tratado
como os traços e especificidades, o modo como o mundo é apreendido, as coisas
como substâncias materiais, forma, textura, cor, bordas, a forma como o edifício se
apóia no chão, a elevação do terreno rumo ao céu, a técnica construtiva.
Sennet (1991), ao falar sobre a cidade neutra, remete-nos à neutralização
compulsiva do entorno, enraizada na antiga infelicidade, no medo do prazer, ligada
intimamente com a ética protestante do espaço, sendo o urbanista moderno presa
desta ética. O conceito de neutralidade seria totalmente o oposto do significado do
lugar, pois aquele remete ao abstrato enquanto este, ao concreto. Na ética
protestante o exterior não tem importância, o espaço público é hostil, a negação
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sensorial é normal e esta impessoalidade têm como conseqüência problemas


culturais na cidade.
O homem habita quando ele se orienta e se identifica com o meio, ou, quando
ele experimenta o ambiente e seus significados. O homem que nega o seu exterior
se priva dos prazeres e da vivência efetiva do lugar. O flâneur citado por
Featherstone (2000), por outro lado, é aquele que busca uma imersão nas
sensações da cidade, banhando-se na multidão, fazendo associações e
impregnando-se de impressões e lembranças.
A percepção da arquitetura muda de acordo com o horário, a luz incidente, a
estação do ano. A luz pode nos dar a sensação de alívio e arejamento ou fobia e
abafamento. A luz realça os detalhes, as cores, as texturas. A cor muda de acordo
com o horário e a incidência da luz, assim uma paisagem poderá ter diferentes
assimilações, dependendo do horário. A arte do flâneur é tornar o estranho, familiar
e o familiar, estranho. É o olhar da criança, da surpresa, do detalhe. É o olhar do
nativo como se fosse estrangeiro. Isso ainda será possível? A vida pública ainda
seria possível, ou estamos tão confortavelmente instalados no nosso mundo interior
e acostumados com a velocidade e facilidades do mundo moderno, que dificilmente
perceberíamos os detalhes ao perambular por uma cidade? A vida pública virtual
nos satisfaz?
Neste ponto do texto, faremos uma discussão sobre o espaço público, de
acordo com a abordagem de Otília Arantes (1993), que dotado de todas as
características e significados do lugar, seria um antídoto para a patologia da cidade
funcional. Otília Arantes, em seu livro “O lugar da arquitetura depois dos modernos”,
no texto “ A ideologia do “lugar público” na arquitetura contemporânea (um roteiro)” ,
cita vários autores que discutem sobre o tema, como Camilo Sitte, Antolini e Rossi.
Camilo Sitte, considera o espaço público como o espaço capaz de conjugar a
interioridade e exterioridade, o aberto e o fechado. Sendo assim o público se tornaria
o espaço interno. Aqui o espaço público se confunde com aquele citado no início do
texto baseado no trabalho de Norberg-Shulz: quando o homem é capaz de habitar o
mundo ele se torna o seu interior, seu espaço interno.

Definimos os espaços públicos exteriores urbanos como aqueles espaços


fundamentais que frequentemente condicionam os espaços construídos,
que às vezes lhe conferem suas formas, seus relevos, suas características
(ROMERO, 2001, p.29).
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Na prática, o planejamento urbano reduz o entorno da arquitetura a espaços


residuais que surgem após a edificação individual das parcelas privadas que os
bordeiam (ROMERO, 2001,p.30).
O mundo contemporâneo leva-nos gradativamente a um esvaziamento do
espaço público, levando os homens a uma clausura em que os detalhes antes vistos
no passeio do flâneur são levados para dentro de casa. Os edifícios estão cada vez
mais altos e menos preocupados com a estética, há uma tendência a repetições, a
entregas a domicílio, a compras pela internet e assim, ao enclausuramento. No
conceito de cidade passaram a predominar as conexões funcionais sem visibilidade
para o lugar público. Antolini fala da reestruturação da cidade introduzindo um
espaço urbano singular, que seria capaz de estabelecer comunicação imediata com
a população, um lugar capaz de mudar a estrutura urbana, recuperando a
arquitetura como papel comunicativo. Lugares fortes, ligados à práticas coletivas que
representam a vivência da cidade pelos seus habitantes, trazendo à tona a
necessidade emocional e cultural dos monumentos na reorganização da vida
coletiva. Rossi, tentando responder o que determinaria a individualidade de um
monumento, disse que seria algo relacionado a um vínculo local , com o local da
obra. Este local seria o “fato singular determinado pelo espaço e pelo tempo, por sua
dimensão topográfica e por sua forma, por ser uma sede de vicissitudes antigas e
modernas, por sua memória” (ROSSI apud ARANTES, 1993, p. 124).
Rossi atribui um papel preponderante aos lugares monumentais na
reordenação da cidade, chamando-os de fatos urbanos, ou seja, núcleos sólidos na
malha urbana, nós estruturais de significação, desempenhando um papel decisivo
na formação das cidades, resumindo as questões urbanas importantes e
transcendendo as exigências econômicas e práticas quando são belos. Mesmo
tendo suas funções alteradas permanecem enquanto referência básica no conjunto
urbano, assim uma nova cidade pode ser constantemente reconstruída acumulando
os seus acontecimentos históricos e marcantes, antigos e recentes. Os monumentos
são como as datas: sem elas, sem um antes e um depois, não poderíamos
compreender a história (ROSSI, 1995).
Segundo Cerasi (1990, apud ROMERO, 2001), um espaço é tanto mais
significativo para a coletividade quanto maior for o número de cidadãos que o utiliza
ou que o conhece e quanto mais longo for o período histórico durante o qual ele
exerce sua influência.
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3 A IMPLANTAÇÃO DA ESTRADA DE FERRO GOIÁS NA CIDADE DE


ARAGUARI-MG

A cidade de Araguari está localizada a noroeste do Triângulo Mineiro, na


divisa com o estado de Goiás, entre as coordenadas 18º 20’ e 18º 55’’ de latitude sul
e 47º55’ e 48º40’ de longitude oeste. O clima é classificado como tropical de altitude,
com duas estações bem definidas, seca no inverno e chuvosa no verão. A
vegetação predominante é o cerrado. O município está implantado na área de
chapada do Brasil Central, drenada pelos rios Araguari, Paranaíba e seus afluentes.
Seu relevo apresenta vales entalhados, com altitudes variando de 505 metros a
1087 metros, enquanto a cidade de Araguari situa-se em terreno plano, em torno de
900 metros de altitude, marcado por raras diferenças topográficas.

FIGURA 1: Localização da cidade de Araguari-MG


FONTE: http://www.araguariturismo.hpg.ig.com.br/localiza.htm

Resultante de um povoado criado no início do século XIX, que depois se


tornou freguesia, Vila de Brejo Alegre e por fim, cidade de Araguari, obteve sua
emancipação política em agosto de 1888. O desenvolvimento da ferrovia modificou
significativamente a vida na cidade. A partir de 1896 ocorre um acelerado
crescimento e mudanças substanciais na economia e na cultura araguarina
proporcionadas pela instalação da primeira estrada de ferro no município, a
Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, que fazia a ligação entre São Paulo e
Minas Gerais.

As ferrovias eram o único meio de transporte; elas ligavam e encurtavam


distâncias, eram o meio usado a partir de então para o escoamento da
lavoura do interior para a capital e desta para o porto. Elas também foram a
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mola propulsora da ação urbanizadora da economia do café, por


permitirem não só o escoamento eficaz de produto como também o
surgimento de povoados em cada parada ou estação (BAESSE, 2004).

A ferrovia não marca apenas a troca de mercadorias e o capitalismo, mas


compõe a história social por meio dos múltiplos agentes que a experimentaram: os
trabalhadores, os passageiros, os moradores da cidade e tantos outros. Trata-se de
uma experiência social ampla. Também a expansão e o desenvolvimento urbano da
cidade estão ligados à implantação das ferrovias.

Os principais fatores a favorecer a inserção do Triângulo Mineiro na


economia nacional foram a situação geográfica – localizada a meio
caminho das rotas mercantis, tanto no sentido Norte-Sul quanto Leste-Oste
– e a potencialidade de seus recursos naturais disponíveis (solo/subsolo,
clima, topografia e a hidrografia) (BAESSE, 2004).

Por se situar em local estratégico e na divisa com o estado de Goiás, Araguari


reunia todas as condições necessárias para que a estrada de ferro Alto do
Tocantins, que em 1906 passou a denominar-se Estrada de Ferro Goiás, instalasse
aqui sua sede. O Km 0 da Estrada de Ferro Goiás era em Araguari, estabelecendo
assim o entroncamento que ligava os estados de Minas Gerais, Goiás e São Paulo,
por meio da Cia. Mogiana. Somente em 1928 a Estação da Goiás, construída para
abrigar a administração da Estrada de Ferro Goiás, foi inaugurada.

FIGURA 2:Estação da Estrada de Ferro Goiás a esquerda e Estação da Companhia Mogiana de


Estrada de Ferro à direita, década de 1940.
FONTE: Divisão de Patrimônio Histórico de Araguari-MG.
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3.1 A ESTAÇÃO FERROVIÁRIA ESTRADA DE FERRO GOIÁS COMO GENIUS


LOCI

Inicialmente grandes paisagens cobertas de vegetação, no topo da chapada,


entre as vertentes dos rios Araguari e Paranaíba, em meio ao cerrado, se retorcia
com o vigor do vento incessante.
As antigas vias férreas foram implantadas, conectando povoados, cidades e
regiões, seguindo as curvas topográficas do relevo, sempre que possível em
terrenos planos, evitando grandes obras para transpor os obstáculos do relevo.
Vinham cortando a paisagem natural, conectando mundos diferentes, levando e
trazendo sonhos. Onde o trem passava era um acontecimento:

Inaugurou-se a Estrada de Ferro durante nossa estada em araguari.


Imaginem que barulhada. Veio da roça não sei quanta gente pra ver o
“bicho que lança fogo e tem partes com o diabo” [...] Quando, porém, ela
apitou, foi uma corrida por ali a fora. Mulheres tiveram ataques, homens
velhos juraram que nunca se serviriam de semelhante cousa, que urra feito
bicho e tem fogo no corpo (GODOY,1961).

Estas vias foram instaladas em vários pontos do Brasil e do mundo, mas em


cada um deles a paisagem foi transformada e o homem inserido de forma singular.
Agora já não é paisagem natural, mas sim paisagem cultural.
O edifício da Estação da Goiás, rico exemplar da arquitetura eclética, foi
então implantado em grande platô, no ponto mais alto da cidade, depois da
instalação dos trilhos e do pátio de manobras da estrada de Ferro Goiás que
necessitava de um vasto terreno plano. Paralelamente a estes trilhos, no eixo norte-
sul, foi o local escolhido para a locação. Vários outros edifícios foram implantados,
em épocas diferentes, tais como almoxarifado, hospital, oficina elétrica, locomoção,
armazém de baldeação e telegrafia, formando um grande complexo ferroviário. Na
década de 1930 ou 1940, não se sabe ao certo, a estação sofreu uma ampliação.
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FIGURA 3: Vista posterior da Estação da Estrada de Ferro Goiás (Década de 1920)


FONTE: Arquivo Público Municipal Dr. Calil Porto.

As árvores plantadas na frente da estação serviam principalmente para barrar


o vento de agosto, período seco em que o vento carregado de poeira incomoda os
cidadãos. Por outro lado, as janelas opostas umas às outras garantiam a ventilação
cruzada no edifício.
A rua larga logo à frente da edificação, possibilita uma perspectiva
interessante, também permitia a canalização do vento. As edificações do entorno,
em sua maioria, térreas, permitem que a estação seja vista de qualquer ponto da
rua.
Atrás da estação, nenhuma edificação concorre com sua monumentalidade, e
assim, há uma clara conjugação entre o edifício e o céu, uma relação de fundo-
figura encantadora.

FIGURA 4: Estação da Estrada de Ferro Goiás, década de 1940.


FONTE: Arquivo Público Municipal Dr. Calil Porto.
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As paredes grossas, de 30 cm, em alvenaria autoportante de tijolos


cerâmicos, garantem uma maior inércia térmica, permitindo que o calor chegue ao
interior à noite, quando ninguém está utilizando a edificação.
A forma linear, o volume central ressaltado, as reentrâncias, a torre, o
mirante, a simetria, a textura revelada nos detalhes em massa, o contraste na cor da
edificação e dos detalhes, da edificação e do céu, da edificação e do solo, dão as
características.
Não são somente formas, texturas, cores, disposição espacial que fazem de
um espaço um lugar, mas também os sentimentos. O cotidiano da estação está
expresso nesta música Encontros e Despedidas de Milton Nascimento:

Mande notícias
Do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço
Venha me apertar
Tô chegando...

Coisa que gosto é poder partir


Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero...

Todos os dias é um vai-e-vem


A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai
Pra nunca mais...

Tem gente que vem e quer voltar


Tem gente que vai, quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim chegar e partir...

São só dois lados


Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem
Da partida...

A hora do encontro
É também, despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida...
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É possível sentir o aperto no coração de quem parte e de quem vê o seu


amigo, filho, namorado, pai ou mãe partir. A lágrima escorre no rosto, na plataforma
e na janela do trem. E o sorriso entusiasmado de quem chega, de quem vai lá
apenas para ver pessoas, para lanchar, para namorar, para trabalhar. É um ponto de
encontro, um local de trabalho, um orgulho da cidade, o progresso econômico, palco
de realizações cívicas e culturais.

FIGURA 5: Vista dos vagões e das várias linhas férreas. Estação ao fundo (década de 1950)
FONTE: Acervo Geraldo Vieira localizado no Arquivo Público Dr. Calil Porto.

A praça da estação, localizada à frente do edifício funcionava como palco das


mais variadas festividades e eventos. Mesmo nos momentos em que o trem não
passava e os funcionários não trabalhavam, este lugar era ininterruptamente vivido,
uma extensão do edifício.

FIGURA 6: Desfile da Escola Carmela Dutra, década de 1950.


FONTE: Arquivo Público Municipal Dr. Calil Porto.
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A torre, tal como a da igreja, vista dos vários cantos da cidade dava a
orientação. As relações sociais, os sentimentos, as sensações revelavam a
identificação.
O exterior complementava o interior, não somente pelas janelas e portas, mas
também a plataforma é um elemento que representa de forma clara esta relação,
demonstrando que a soleira que separa o mundo interior do exterior não é mais a da
porta da edificação e sim a do trem.
A relação da arquitetura e do trem era estreita. O cheiro da arquitetura era o
da fumaça do trem. O som da arquitetura, o apito. Outro som, a sirene, indicando
que era hora de começar ou parar de trabalhar. E assim, toda a cidade seguia o
ritmo da ferrovia.
O edifício, a plataforma e a praça são capazes de conjugar a interioridade
com a exterioridade, o aberto e o fechado. O espaço público é confortável, o homem
se sente em casa, é seu mundo interno.

4 DECLÍNIO DA ESTRADA DE FERRO GOIÁS E O ABANDONO DA ESTAÇÃO

O ano de 1954, especialmente triste para os ferroviários e também para todos


os cidadãos araguarinos, marca a transferência da sede da Estrada de Ferro Goiás
para a cidade de Goiânia, enquanto Araguari ficou com a 2ª divisão. Houve protestos
e manifestações por parte dos ferroviários, políticos e sociedade, para impedir a
transferência, mas nada adiantou. A estagnação foi inevitável. Mais de 250
funcionários foram transferidos para a capital goiana.
Em 1957 a Estrada de Ferro Goiás foi incorporada à Rede Ferroviária Federal
S.A. (RFFSA), devido à intensificação do transporte ferroviário, e o movimento nas
linhas férreas entrou em decadência.
Em 1973 um novo terminal ferroviário, em estilo moderno, foi inaugurado e
todo o tráfego de passageiros e cargas das antigas estações, Mogiana e Goiás,
transferidos para ele. O novo terminal foi construído em conseqüência da mudança
do traçado da linha férrea para atender a novas tecnologias, pois as locomotivas
mais velozes exigiam um traçado mais linear e alto, assim, necessitava-se de um
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maior número de pontes para vencer os desníveis. Como resultado a antiga Estação
da Goiás foi gradativamente abandonada, bem como os demais edifícios do
complexo, com exceção do prédio das oficinas a Diesel, degradando-se dia-a-dia
tanto pela ação do tempo quanto pelo vandalismo.
Em 1989 o Complexo Ferroviário da Antiga Estrada de Ferro Goiás foi
tombado pelo município devido a sua grande importância do ponto de vista
arquitetônico, histórico, econômico, ou seja, da relevância cultural.
Em 2002, a Divisão de Patrimônio Histórico pediu junto ao estado, o
tombamento estadual, que por ser considerada importante a nível estadual também
foi aceito.
Como resultado das políticas de privatização do governo federal, no ano de
1996 a RFFSA foi extinta. Somente o transporte de cargas permaneceu em
funcionamento por meio de concessões a particulares.
Em 1999, a Prefeitura Municipal de Araguari adquiriu parte do complexo onde
se localiza o edifício da antiga estação e contratou uma empresa para elaborar o
projeto de restauro. A proposta era ocupar a edificação com uso misto,
administrativo e cultural. A obra foi iniciada com a restauração do telhado e depois
paralisada. Assim, a estação novamente ficou abandonada.

Enquanto um monumento abandonado e sujeita a vandalismos, o edifício não


deixava de ser uma referência urbana e símbolo cultural, no entanto, o espaço da
praça em frente ao edifício e a própria edificação passou a ter uma conotação
sombria, refletindo o momento de decadência do setor ferroviário no Brasil e já não
era efetivamente um ponto de encontro e trazia também sensação de insegurança.
Nota-se que as percepções e sensações revelam o oposto dos tempos de
funcionamento da Estrada de Ferro Goiás.
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FIGURA 7: Estação da Estrada de Ferro Goiás, década de 1990.


FONTE: Arquivo Público Municipal Dr. Calil Porto.

Depois de 32 anos de abandono seria comum que as lembranças fossem se


esmaecendo. A maior parte de quem nasceu depois dos tempos áureos da estrada
de ferro não conseguia entender o quão importante foi e ainda era aquele complexo
ferroviário, mesmo que o considerassem bonito e interessante. Diante da
degradação, o apelo estético não dava resultado e a edificação da estação começou
a ser ocupada por andarilhos que utilizavam a vasta madeira existente nas janelas e
pisos como fogueira.

FIGURA 8: Interior da Estação antes da Restauração, 2001.


FONTE: Divisão de Patrimônio Histórico de Araguari-MG.

O gradativo esquecimento da importância do complexo e da estação que era


o maior símbolo dele possibilitou o surgimento de idéias como a de prolongar uma
avenida, atravessando-a na área do complexo passando exatamente atrás da
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estação. A intenção pautada apenas no funcionalismo não obteve êxito diante do


apelo de alguns membros do poder público e da sociedade que entendiam a cidade
como uma teia de relações diacrônicas e sincrônicas.

FIGURA 9: Mapa do Complexo da Estrada de Ferro Goiás, 2008.


FONTE: Secretaria de Obras modificada por Divisão de Patrimônio Histórico de Araguari-MG.

A intenção de transformar todo o complexo ferroviário em um centro


administrativo e cultural já existia enquanto um estudo de projeto e era apoiado pela
atual administração que elegeu a estação como o símbolo de governo. A
restauração começaria então pelo ícone da Estrada de Ferro Goiás, a estação.
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FIGURA 10: Vista aérea do Complexo da Estrada de Ferro Goiás, década de 1990.
FONTE: Divisão de Patrimônio Histórico de Araguari-MG.

5 A RESTAURAÇÃO DA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA E O MONUMENTO


“PALÁCIO DOS FERROVIÁRIOS” COMO GENIUS LOCI

O processo de restauração da estação da Estrada de Ferro Goiás iniciou-se


com um Mutirão Pró-restauração. Este mutirão foi uma tentativa de envolver toda a
comunidade em prol da preservação do então denominado pelo tombamento como
Conjunto arquitetônico e paisagístico da Estrada de Ferro Goiás.
No dia 23 de junho de 2001 ocorreu o mutirão em que todas as entidades
públicas, militares e a sociedade civil foram convidadas. A primeira ação foi a
limpeza e proteção da edificação, que desde à restauração do telhado encontrava-
se com tapumes em seu entorno, que não serviam para a proteção, mas sim, para
esconder andarilhos e vândalos.
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FIGURA 11: Estação no dia do Mutirão Pró-restauração e algumas pessoas que trabalharam.
FONTE: Divisão de Patrimônio Histórico de Araguari-MG.

Este dia marcou o início de um processo de reconhecimento e apropriação


pela comunidade do bem cultural. Esta ação realizou a limpeza do edifício, a retirada
dos tapumes de seu entorno, a colocação de tapumes nos vãos das esquadrias e
acondicionamento das que foram retiradas.

FIGURA 12: Pessoas trabalhando no Mutirão Pró-restauração, 2001.


FONTE: Divisão de Patrimônio Histórico de Araguari-MG.

Após estas atividades houve a pintura do muro da plataforma, a palestra “O


pesadelo de uma perda”, exposição fotográfica do 2º Batalhão Ferroviário,
barraquinhas (alimentação e artesanato) na praça em frente ao edifício e ainda,
shows comemorativos do aniversário da cidade com atividades culturais diversas.
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A partir de então se utilizou a estratégia de localizar todos os eventos,


atividades culturais e comemorações na praça em frente à estação e assim reforçar
o espaço como um lugar.

FIGURA 13: Show depois do Mutirão utilizando o átrio como palco.


FONTE: Divisão de Patrimônio Histórico de Araguari-MG.

O projeto de restauração, que tinha como premissa a preservação da


ambiência pré-existente, previa a transferência de algumas secretarias e do gabinete
do prefeito para o edifício, além da implantação de um museu ferroviário. “O uso
misto proporcionará maior dinamismo ao bem cultural e a área, tanto com relação às
pessoas que buscarem os serviços públicos, quanto à cultura” (DIVISÃO DE
PATRIMÔNIO HISTÓRICO,2006).
20

DESCE

14 DESCE

13

6
2 8
7 11 11 12
5 8
7
1
2
3 6
5 4 3
10
1
4 9

5 5
4 4
3 3
2 2
1 1

PAVIMENTO TÉRREO
1 - Recepção
2 - Recepção Procuradoria
Folker 3 - Procuradoria
4 - Procurador
5 - Museu Ferroviário
13
6 - Copa/Cozinha
7 - Banco do Brasil
12
11
8 - Tesouraria
10
9
8
9 - Tesoureiro
7
10 - Secretaria de Desenvolvimento/Departamento de Turismo
6
5 11 - Secretaria de Desenvolvimento/Departamento de Turismo
4
SOBE 3
2
SOBE
12 - Sala de Reuniões
1
13 - Reserva Técnica/Sala do Museu
SOBE
14 - Plataforma

1 2 3 4 5

7 7 7 7
7 9
5

12 4 Sacada
2
10 3
11 1
6

PAVIMENTO SUPERIOR
1 - Recepção
2 - Recepção/Sala de Espera Salão Nobre
3 - Gabinete do Prefeito/Sala de Despacho
4 - Gabinete do Prefeito/Sala de Reuniões
5 - Secretário de Gabinete
Mirante
6 - Secretário de Fazenda
7 - Banheiro
8 - DML
9 - Copa
10 - Sala de Espera Secretário de Governo
11 - Apoio/Recepção Secretário de Governo
12 - Secretário de Governo

10
11
12
13
14
15
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21
22

2° PAVIMENTO

1 - Cerimonial

FIGURA 14: Plantas do Projeto de Restauro da Estação da Estrada de Ferro Goiás


FONTE: Divisão de Patrimônio Histórico de Araguari-MG.

A restauração da estação foi concluída em 2005 e reinaugurada no


aniversário da cidade, em 28 de agosto. Assim ela representou não somente a
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reabilitação de uma edificação, mas também a reestruturação da cidade,


reorganizando a vida coletiva. Trata-se de um “fato singular” como conceitua Rossi.
Neste mesmo ano, anteriormente à reinauguração, a Câmara de vereadores
aprovou um projeto de lei que mudou o nome da Estação da Estrada de Ferro Goiás
para Palácio do Ferroviários, como forma de homenagem.
A reinauguração foi marcada com o I encontro Araguarino de Preservação e
Revitalização Ferroviária que aconteceu durante o dia. À noite, uma ópera e muitos
fogos de artifício marcaram a retomada da valorização tanto da estrada de ferro e
dos ferroviários como da edificação.

FIGURA 15: Reinauguração – Palácio dos Ferroviários, Ópera “O Guarani”, 2005.


FONTE: Divisão de Patrimônio Histórico de Araguari-MG.

A praça se torna platéia e o átrio da edificação, o palco. A praça, horizontal, é


então uma extensão do edifício, vertical. Anteriormente a praça e o trem era a
extensão da estação. A dimensão da praça, que acompanha toda a testada do
edifício, permite a visibilidade do monumento e dá a sensação de grandiosidade. O
elemento água foi reinserido com a fonte, tornando o local ainda mais agradável e
acolhedor.
22

FIGURA 16: Vista da cidade a partir do torreão da edificação, 2007.


FONTE: Divisão de Patrimônio Histórico de Araguari-MG.

A sirene ainda toca, nos mesmos horários, mesmo que não haja uma só
pessoa que cumpra os seus horários, e assim a lembrança é ativada diariamente.
Quando falece algum ferroviário, a sirene toca diferente, o som anuncia que um
companheiro partiu.

FIGURA 17: Vista do Palácio dos Ferroviários a partir da Rua Joaquim Aníbal, 2008.

Agora, o acúmulo de significados transcende a ferrovia. Em suas bordas


estão impregnados tempos áureos e de abandono, de desenvolvimento cultural e
econômico e de estagnação. Quem vai pela primeira vez e não conhece sua história
é capaz de ficar perplexo com sua beleza e passar horas a fitar cada detalhe, tirando
fotografias, observando o jorrar da água da fonte. São marcas do passado
resultando na beleza extasiante do presente.
23

Pela manhã o sol enche de luz sua fachada frontal ressaltando ainda mais o
amarelo das paredes e o branco dos detalhes. A luz do sol que incide sobre a água
da fonte, reflete o seu movimento nas paredes da estação. O pôr-do-sol banha a
fachada posterior, deixando a fachada principal (frontal) em tons rosados. À noite, a
iluminação artificial juntamente com a fonte jorrando água iluminada em cores
variadas dão um caráter romântico ao local.
Trata-se de um fato singular, um núcleo sólido, referência urbana, sede de
vicissitudes antigas e modernas, enfim, um espaço público efetivo, ponto de
encontro, porto-seguro, um monumento capaz de reorganizar a vida coletiva
trazendo à tona a necessidade emocional e cultural dos habitantes da cidade.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARANTES, Otília Beatriz Fiori. A ideologia do “lugar público” na arquitetura


contemporânea (um roteiro). In: ARANTES, Otília Beatriz Fiori. O lugar da
arquitetura depois dos modernos. São Paulo: Editora da Universidade de São
Paulo, 1993. p. 95 -155.

BAESSE, Cristina. Estação Ferroviária de Araguari: Um ícone de transformação do


Modus Vivendis de um povo através dos tempos. In: COELHO, Gustavo Neiva
(Org.). Ferrovia: 150 anos de Arquitetura e História. Goiânia: Trilhas Urbanas,
2004. p. 104 -125.

CURADO, Augusta de Faro Fleury. Do Rio de Janeiro a Goiás – 1896. (A viagem


era assim). Belo Horizonte: Oficinas Gráficas de Velloso S.A., 1961.

DIVISÃO DE PATRIMÔNIO HISTÓRICO DE ARAGUARI-MG. Projeto de


Implantação do Centro Administrativo e Cultural de Araguari: Restauração e
Adequação do Prédio do Armazém de Cargas – Conjunto Arquitetônico e
Paisagístico da Estrada de Ferro Goiás – Araguari-MG. Araguari: Prefeitura
Municipal de Araguari, 2006.

FEATHERSTONE, Mike. O flâneur, a cidade e a vida pública virtual. In: ARANTES,


Antônio A. (Org). Espaço da diferença. Campinas (SP): Papirus, 2000. p. 186-207.

LOUISE, Viviane; BENFICA, Marcelo. 24º Documentário, Série DOCTV III, Café
com Pão, Manteiga Não. Goiás: FUNDAÇÃO PADRE ANCHIETA - TV CULTURA,
2007.

NASCIMENTO, Milton; BRANT, Fernando. Encontros e Despedidas. In: Álbum O


melhor de Milton Nascimento – Canção da América. São Paulo: PolyGram, 1990.
24

NORBERG-SHULZ. Christian. Genius Loci – towards a phenomenology of


architecture. New York: Rizzoli International Publications, Inc., 1980.

RASMUSSEM, Steen Eiler. Arquitetura vivenciada. São Paulo: Martins Fontes,


1986.

ROMERO, Marta Adriana Bustos. Princípios bioclimáticos para o desenho


urbano. São Paulo: ProEditores, 2000.

ROMERO, Marta Adriana Bustos. Arquitetura bioclimática do espaço público.


Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2001.

ROSSI, Aldo. A arquitetura da cidade. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo:


Martins Fontes, 1995.

SENNETT, Richard. La conciencia del ojo. Barcelona: Ediciones Versal, 1991.

http://www.araguariturismo.hpg.ig.com.br/localiza.htm, acesso em 18 out. 2007.

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