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- Discurso misógino por parte da Igreja católica, no que diz respeito aos conceitos,
características e traços que deveriam ou não ser seguidos pelo gênero feminino. Pg.
49
- Entre aqueles que aceitavam tal discurso havia a crença de que, em sua essência,
a mulher tendia a agir com o propósito da sedução; seja através da sua fala,
“mentirosa e retórica”, ou através do apelo à carne. Ao longo dos anos este discurso
passou a identificar o sexo feminino como “frágil”, incapaz de sobreviver sem o
amparo e suporte do seu sexo oposto. [...] Atraí-las para a religião cristã e controlá-
las simultaneamente era o principal objetivo desta doutrina. P.50
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FONTES:
- Carta de Guia dos Casados por D. Francisco Manuel. Sétima Impressão na Oficina
Antônio Rodrigues Galhardo MDCC. LXV p.11. Biblioteca Nacional Rio de Janeiro.
- Testamentos
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- Juízo de Órfãos. Este órgão fazia parte da estrutura judicial do Estado português
e tinha como principal tarefa defender os interesses dos menores, ou seja, cuidar
para que fossem bem educados e protegidos após a morte dos pais. Para legitimar a
condição de tutoras, as mulheres deveriam recorrer à Justiça. Havia um órgão
especialmente destinado pelo Estado português para amparar e regularizar a vida
de órfãos e viúvas no Brasil: o Juízo de Órfãos.( Ver Ordenações Filipinas, Livro
I, Tit. LXXXVIII, Lisboa, Fundação Calauste Gulbekian. Comentário de Candido
Mendes nº 4, p. 206.)
- Caráter múltiplo dos arranjos familiares nas Minas, pluralidade do caráter das
relações homem/mulher. P.52
- Laços familiares e os padrões morais tentavam ser moldado pelo Estado Português
e pela Igreja Católica.
- [...] a constituição de família nuclear e legítima dentro dos padrões misóginos
europeus, bem como dos padrões morais católicos, fazia parte de um projeto que
visava controlar e disciplinar sua população. Mas, a efetivação deste projeto era
ameaçada por arranjos familiares que escapavam aos anseios do Estado português,
em virtude de uma realidade social muito mais dinâmica, instável e fluida. P.54
- A resposta segue aconselhando ao rei que elabore uma lei indicando que, após a
sua promulgação, todo homem branco que se casasse com “preta ou mulata, filha
ou neta de preto ou preta” fosse expulso da Capitania de Minas e ficasse proibido de
a ela retornar, bem como a outra em que houvesse atividade de mineração, ainda
que o matrimônio tivesse sido celebrado em outra capitania. Também deveria se
aplicar igual pena às mulheres brancas que praticassem o mesmo ato. P.55
- Após a morte do pai, deveria ser designado um tutor para os filhos menores.
Caso o pai recomendasse em seu testamento alguém para exercer esta função, a
sua vontade deveria ser integralmente respeitada neste aspecto. Tal circunstância
era diferente quando falecia a mãe e os menores necessitassem de um tutor.
Mesmo tendo indicado alguma pessoa para se responsabilizar pela criação dos
seus filhos em testamento, a vontade da mulher só seria atendida após o parecer e
confirmação dada pelo juiz de órfãos. Na ausência de testamento, ele também
deveria escolher um tutor para os órfãos dentre pessoas notoriamente idôneas
na comunidade. P.61
- Em tese, a própria mãe poderia proporcionar uma boa educação aos seus filhos.
Entretanto, ela deveria sempre comprovar que atuava em prol de uma criação
segundo os “bons costumes” P.63
- Para a autora Maria Beatriz Nizza da Silva no século XIX, já no final do período
colonial, parece ter havido um maior desejo de autonomia por parte das viúvas.
Porém, também é provável que diante de uma herança com um patrimônio mais
significativo e com possibilidade de gerenciar negócios, o interesse das mães em se
tornar administradora dos bens de seus filhos aumentasse. P.65
- Vários historiadores vêm afirmando que o mercado interno permitiu que outras
atividades econômicas se desenvolvessem além das ligadas à mineração. Tal
ocorrência fez com que indivíduos socialmente marginalizados se inserissem na
economia. Pardos se ocuparam de diversos ofícios; escravos puderam exercer
outras atividades, além daquelas próprias dos negócios dos seus donos –
quando trabalharam para si próprios, chegaram a acumular algum pecúlio.
Além disso, as mulheres negras e forras empreenderam negócios, vendendo
produtos alimentícios em tabuleiros e mesmo em vendas. Da mesma forma, o
grupo das viúvas brancas pôde se inserir na economia mineira dos setecentos,
levando adiante os negócios dos seus maridos. Mas, vale ressaltar, a
organização da economia, ainda que favorecesse a inserção de grupos marginais,
não possibilitou um acúmulo significativo de
riqueza em suas mãos. A concentração tendia a se dirigir para as mãos de poucos
e, principalmente, homens brancos. P.68
- O exercício da tutoria exigia, além de idoneidade, muita dedicação por parte dos
tutores. Mesmo que os menores continuassem a residir na unidade doméstica de
sua mãe, nem sempre a tutoria era exercida por ela. P.70
- Vários pais pareciam acreditar que a melhor pessoa para administrar as
pessoas e bens dos filhos menores, após sua morte, deveria ser mesmo a sua
esposa. Em vários pedidos de Provisão de Tutela existe a informação de que a
suplicante era tutora testamenteira. Este seria um recurso facilitador para a
obtenção da tutoria por parte das viúvas. P.70
- Boa conduta: Entre estes itens os mais importantes eram: manter-se virgem antes
do casamento, permanecer fiel ao seu esposo e recolhida após tomar estado de
viúva. P.73
- Os últimos trabalhos sobre mulher nas Minas setecentista têm informado que
elas se empenharam em sustentar sua prole; acumularam bens; estiveram
envolvidas em situações de conflitos, como vítimas e culpadas; e, acima de
tudo, souberam traçar o caminho de suas próprias vidas. [...]na prática, várias
mulheres negras, forras, como também brancas e livres, valeram-se das leis, da
justiça e da sua força de trabalho para construir uma realidade favorável para si e
para a sua família. P.78
- A misoginia, tal situação era fruto de uma representação simbólica que visava dar
sustentação a dominação masculina. P.78