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Reflexões sobre a
conjuntura política e urbana no Brasil.
São Paulo: Boitempo, 2015
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Professor do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História da
Universidade Federal da Bahia (UFBA).
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A propósito deste artigo, o ministro Gilmar Mendes abriu um processo por danos morais
contra Guilherme Boulos (ver Revista Fórum, 2015).
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(“Indicar Kassab é brincar com fogo”, p. 50-52), quando o governo esteve nas
cordas ante a ofensiva pró-impeachment.
Por conta disso, quando da campanha eleitoral, no artigo “O neoliberalismo
saiu do armário”, Boulos criticou a reabilitação do ex-presidente do Banco
Central dos tempos de FHC, Armínio Fraga, cotado para assumir o ministério
da Fazenda de Aécio Neves. Sobre o banqueiro, de triste memória para os
trabalhadores brasileiros, o dirigente do MTST escreveu, acerca de uma
entrevista que aquele concedeu à Folha: “[Fraga] deixou claro que gostaria de
rever as regras do seguro-desemprego, aumentar a idade mínima para a
aposentadoria e dificultar a concessão de pensões” (p. 74-75). Tempos depois,
foi justamente Dilma Rousseff e o seu então ministro da Fazenda, Joaquim
Levy, que praticaram, sobre os trabalhadores, os atendados denunciados por
Boulos, mas a resposta deste não foi a ruptura com o governo. Embora partisse
para denunciar a “virada à direita” do governo Dilma, Boulos seguiu hesitante,
preferindo defender o governo diante da “onda conservadora” e da “ofensiva da
direita”, vindo a criar, com outras entidades, a “Frente do Povo sem Medo”, se
negando a compor com a oposição de esquerda a unidade de ação contra o
governo e a velha direita.
Apesar das muitas hesitações, sabemos o lado de Boulos. Este fica claro
como artigo publicado na FSP em 3 de março de 2015, em que o líder do MTST
concluiu que em 2015, “foram-se os anéis” e agora “[o]s dedos tiveram, um a
um, sua entrega anunciada”, referindo-se ao leilão do pré-sal, à reforma da
previdência prevista pelo governo federal e à reforma fiscal encaminhada ao
Congresso, que vão muito além do que foram capazes de fazer os governos da
direita. Seria este o anúncio da ruptura definitiva com o governo Dilma?
Confirmada esta expectativa, será possível esperar por uma próxima coletânea
de artigos de um Guilherme Boulos de tom verdadeiramente independente do
governo do Partido dos Trabalhadores, aliado apenas dos trabalhadores do
campo e da cidade no Brasil.
Referências bibliográficas