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Ar-condicionado split: guia de sobrevivência https://epxx.co/artigos/split.

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Ar-condicionado split: guia de sobrevivência

(Confira também →  o artigo mais recente sobre multi-splits. )

A , " "
condicionado split.

Como o imóvel não é meu, não poderia escavar um buraco para acomodar um
ar-condicionado de janela, e havia planos de "condicionar" a casa inteira, de modo que
desde o início do planejamento a escolha já tinha recaído sobre o split.

Para quem (ainda) não sabe, "split" significa "separado" ou "cortado". O ar-condicionado
split devide o maquinismo em duas caixas, sendo que a caixa "quente" e barulhenta fica
separada (e de preferência longe) do ambiente interno.

A vantagem óbvia do split é o menor ruído. Seu rendimento é maior porque as partes não
estão limitadas àquele tamanho padrão, e o compressor pode ser colocado num local mais
apropriado, à sombra etc. Outra vantagem é que basta abrir um buraco de 8cm de
diâmetro na parede; muita gente faz um buraco no vidro da janela.

A principal desvantagem do split é que ele precisa ser instalado profissionalmente (envolve
canos de cobre de alta pressão etc.), e isto custa caro. O custo total de um condicionador
split decente será de R$ 1600 ou mais, enquanto um aparelho de janela custa R$ 700 ou
menos.

Escolhendo a capacidade

As lojas sempre tentam vender um modelo com mais BTUs do que realmente necessário. O
argumento é que um aparelho maior trabalha mais "folgado". Isso é balela e cacoete do
tempo dos compressores a pistão. A vida útil do compressor rotativo é essencialmente fixa
(vide tópico mais abaixo).

É óbvio que seria muito chato instalar um ar-condicionado e continuar passando calor, né?
Neste contexto, se a capacidade calculada ficar em, digamos, 8000 BTU, é melhor comprar
um de 9000 do que arriscar no de 7500. Até porque esta capacidade é para o "caso ótimo".

1 de 10 23/02/2017 12:22
Ar-condicionado split: guia de sobrevivência https://epxx.co/artigos/split.html

Se lá fora estiver realmente quente, a capacidade real será bem menor.

Um aparelho exageradamente potente também traz problemas. Variações bruscas de


temperatura no ambiente, menos desumidificação, picos de energia, consumo adicional de
energia etc. E pagar por uma capacidade ociosa, e pagar mais caro na hora de trocar o
compressor, já que ele vai quebrar do mesmo jeito.

Empiricamente, tenho visto que aqui no Sul um quarto de dormir típico é bem servido por
um aparelho de 7500 BTU. Coloquei um de 9.000 BTU para garantir. Mesmo em Recife um
aparelho de 10.000 BTU "sobrava", mas era na beira da praia; vejo gente do Rio de Janeiro
adotando 12.000 BTU por quarto.

Multi-split ou mono-split?

Eu pretendia adquirir um aparelho multi-split para a casa nova: um


condensador/compressor e dois evaporadores internos. Mas estes aparelhos "multi-split"
têm inúmeras desvantagens: menor eficiência, maior preço, single point of failure ,
potência excessiva para a típica instalação elétrica de uma casa antiga.

O multi-split só é interessante quando for absolutamente impossível instalar mais de uma


caixa externa — por exemplo, um apartamento com uma única sacada pequena. Salvo
neste caso, sempre é vantagem usar diversos conjuntos split pequenos, independentes.

Devido a isto, desisti de "fechar" a casa inteira e instalei ar condicionado apenas no quarto
de dormir.

Confira →  meu artigo específico sobre multi-splits para saber mais a respeito deste tipo
de máquina.

Ciclo frio ou reverso

Quase todo modelo possui ciclo apenas-frio ou frio e quente (chamado de "reverso"). De
maneira geral, os apenas-frio são mais eficientes, baratos e dão menos manutenção. Pelo
menos para mim, apenas o calor é um problema, o frio é sempre bem-vindo, então adquiri
um modelo que apenas esfria.

Por outro lado, é importante saber que um ar-condicionado no modo reverso (aquecendo)

2 de 10 23/02/2017 12:22
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rende muito mais, watt por watt, que um aquecedor comum. Um aquecedor comum de
1000W esquenta apenas 1000W. Já o condicionador de 1000W "rouba" mais 2000W de calor
do ambiente externo, despejando 3000W no ambiente interno. Se você deseja
aquecimento, o condicionador de ciclo reverso torna-se muito interessante.

Instalação elétrica

É bom saber a respeito do consumo de energia elétrica, e se sua instalação comportará o


aparelho novo.

Grosso modo, 10.000 BTU/h correspondem a 3000W de transferência de calor. Um bom


ar-condicionado tem rendimento de 3:1, logo ele consome 1000W de energia para realizar
este trabalho. (Ou seja, 10 BTU por W de consumo.) Isso corresponde a 5A em 220V, ou
10A em 110V.

A propósito, acho que não existe nenhum split 110V. Renderam-se ao fato de que 220V é
muuuito melhor :) Quem recebe energia 110V terá de usar duas fases ou um
autotransformador enorme (3000VA para cada 1000W).

Colocar ar-condicionado num quarto não costuma ser um problema. Já "fechar" uma casa
inteira, colocando um aparelho multi-split de 60.000 BTU, é outra história. (E muita gente
faz isso, e derruba a rede do condomínio inteiro!) Nesta capacidade, há modelos trifásicos,
e acho que é uma boa idéia seja trifásico mesmo...

Em geral os instaladores fazem questão de um fio-terra verdadeiro ;) e o disjuntor


recomendado é o tipo "C", que não desarma com o tranco da partida do motor. Num
orçamento que fiz, para um aparelho de 800W, solicitaram um disjuntor tipo C de 10A.

Na maioria dos modelos (mas nem todos), o comando é feito pelo módulo interno, e o
ponto de energia deve ser disponibilizado internamente; ou então fazer os fios
re-entrarem pelo buraco dos dutos.

Escolhendo a marca

Aqui a coisa complica. A variedade é imensa, e para cada modelo você encontrará
defensores e detratores. É preciso ter um pouco de sorte.

3 de 10 23/02/2017 12:22
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Eu optei por um LG, modelo tradicional (não inverter, gás R-22), por ser um aparelho
bastante difundido aqui na área (conseguir peças não deve ser um problema), e o trabalho
da assistência técnica autorizada (Elimar Refrigeração, Joinville) me agradou desde a
instalação da lavadora LG. Garantia de 2 anos no aparelho, 5 no compressor, que é o
padrão das boas marcas.

Quando se fala de Komeco ou Comfee, pinta aquela desconfiança. No entanto, há 10 anos


atrás, quando a LG começou a expor seus aparelhos no shopping, também achei esquisito.
Linha branca para mim era Consul ou Brastemp; "o que esses coreanos estão fazendo
aqui?". Preconceito nunca foi bom conselheiro.

O que você realmente deve prestar atenção é no selo Procel. Adquira aparelhos categoria
"A", que são os mais eficientes. O Inmetro mede a eficiência de todos os modelos
comercializados no Brasil e disponibiliza a informação no site. Faça uso deste bom serviço
do governo. Você verá que, dentro de cada marca, existem modelos bons e ruins.

Os fabricantes nacionais (Consul, Brastemp, Electrolux, Elgin) também vendem splits,


muitos com selo Procel, mas por algum motivo sua penetração no mercado não parece ser
tão grande. A mais tradicional oficina de refrigeração de Joinville (Barni) vende Fujitsu e
Midea... Não sei bem o porquê. A tradição de boa qualidade destes fabricantes não se
consolidou na arena dos split; ainda assim, a mais bem posicionada parece ser a
Electrolux.

Compressor rotativo ou pistão

Todo split usa compressor rotativo, em geral o de rotor excêntrico. Uns poucos modelos,
muito potentes e fora do nosso contexto, usam scroll.

Quando os primeiros splits apareceram, os aparelhos de janela usavam todos o compressor


a pistão, muito mais barulhento e voraz consumidor de energia elétrica. Daí ficou a fama
que os splits gastam muito menos energia. Hoje em dia, há diversos aparelhos de janela
com compressor rotativo no mercado (se não a maioria), e esta diferença é bem menor.

Geladeiras ainda usam compressor a pistão, pois duram muito mais. A vida útil de um
compressor rotativo é de 5 a 7 anos, enquanto uma geladeira não raro funciona 25 anos a
fio sem manutenção.

4 de 10 23/02/2017 12:22
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Parece que os compressores rotativos vêm todos da China, e não há uma indústria local de
recondicionamento, como existe para os modelos a pistão. Quebrou, o jeito é botar um
novo.

O compressor rotativo estraga mais rápido porque é menos tolerante a impurezas sólidas.
E com o tempo sempre surge alguma partícula.

Para aumentar a durabilidade, é importantíssimo usar tubulação limpa, fazer vácuo e usar
nitrogênio se precisar fazer soldas. O vácuo remove a umidade "grudada" no interior dos
tubos. Se esta umidade permanecer, ela combina-se com o gás e o óleo, formando ácidos
que corroem coisas e criam partículas. Já a solda feita sem nitrogênio oxida a tubulação
por dentro (deixando-a bem escura) e essa camada de óxido acaba soltando e circulando.

O compressor a pistão só estraga se o gás vazar. O motivo é que o compressor a pistão foi
desenhado para trabalhar frio, sendo refrigerado pelo próprio gás de retorno. Sem gás, ele
superaquece.

Curiosamente, falta de gás não estraga o compressor rotativo, que também é mais
resistente ao temido "retorno de líquido". Ele é desenhado para trabalhar quente, na
temperatura do gás após a compressão (105 graus). Como todos os componentes estão na
mesma temperatura do gás, uma chave térmica na saída de gás detecta superaquecimento
de forma mais confiável.

"Inverter" ou variação de capacidade

A grande coqueluche do momento é o tal do inverter. A ideia é simples: fazer o motor do


compressor variar de velocidade, girando tão rápido ou tão devagar quanto necessário
para manter a temperatura, evitando o liga-desliga do modelo tradicional.

Os fabricantes alegam uma economia de até 40% no consumo de energia. Eu sou meio
cético com isso; mas de fato a eficiência do Fujitsu Inverter na planilha do Inmetro é 30%
maior que o meu LG. Eu quase adquiri um Fujitsu Inverter, o instinto nerd suspirou forte
por ele, mas o uso seria relativamente pouco (apenas para dormir), e a economia absoluta
não seria tão grande. Também fiquei meio ressabiado; mais eletrônica significa mais coisas
para estragar...

Uma desvantagem do "inverter", na minha opinião, é uma maior vinculação entre unidade

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interna e externa, porque elas precisam trocar informações usando um protocolo qualquer.
Num split comum, a unidade externa é completamente "burra", o que permite em tese
fazer um "Frankenstein", ou seja, misturar modelos diferentes, para o caso de não se
encontrar peças do modelo original no futuro.

A vantagem do inverter "aparece" quando o aparelho trabalha em carga parcial. Como o


aparelho ideal é aquele que trabalha o tempo todo, o inverter na verdade mitiga o
desperdício quando se escolhe um aparelho maior que o necessário. Ou quando trabalha
24h por dia e a capacidade foi obviamente dimensionada para as horas mais quentes do
dia.

Para os nerds: o inverter mais comum é do tipo AC, que faz uso de um motor de indução
trifásico e um variador de freqüência. Como o motor é controlado pelo "inverter", não
acontece aquele tradicional "tranco" na partida. Dizem que no Japão praticamente todos
os splits são inverter AC (influência da Fujitsu).

Marcas mais sofisticadas como os Daikin são "inverter DC", com motor brushless. A Daikin
também oferece um tipo diferente de variação de capacidade em aparelhos de grande
porte, denominado "digital scroll", onde a carga é modulada por meios mecânicos, sem que
o motor precise mudar de rotação.

Um tipo de split que o inverter pode "redimir" é o multi-split, pois a variação de


capacidade remove algumas desvantagens que tínhamos apontado no multi-split. Se
apenas uma unidade interna está ligada, o compressor pode funcionar a "meio mastro",
consumindo apenas o necessário. Parece que os modelos inverter da LG são todos multi-
split.

Gás refrigerante

Há basicamente modelos com gás R-22 e R-410a. O gás R-22 é HCFC, ainda um pouco
agressivo à camada de ozônio, embora muito menos que os CFCs tradicionais como R-12.

Os aparelhos mais "normais" vendidos no Brasil ainda são R-22, mas no mundo desenvolvido
quase todos os aparelhos novos já usam R-410a. O gás R-22 não será mais fabricado a
partir de 2015, ao que parece. Se você for um "tree hugger" ou achar que seu aparelho vai
durar mais de 10 anos, opte por um que utilize gás R-410a.

6 de 10 23/02/2017 12:22
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Se quiser ficar duplamente na moda, adquira um split inverter que use R-410a.

O futuro reserva novidades. A Daikin está tentando emplacar o R-32, um gás mais barato
que é um dos componentes do R-410a (o R-410a é uma mistura de duas substâncias
diferentes, o que torna sua manipulação mais difícil e cara). Existem idéias de usar uma
mistura de R-32 e R-134a (este último utilizado hoje em ar condicionado automotivo).

Num futuro distante, é quase certo que gás carbônico, butano e propano substituirão
completamente os gases atuais. Estas substâncias naturais têm impacto essencialmente
nulo para o meio ambiente, tanto na fabricação quanto num eventual vazamento. Os
fabricantes de automóveis europeus já estão adotando gás carbônico.

Unidades de medida

Ainda é prática costumeira informar capacidade de ar-condicionado em BTU/h. É uma


unidade antiquada mas é algo que as pessoas conseguem imaginar; é como estimar uma
área em "10 campos de futebol". Todo mundo sabe que 7.500 a 10.000 BTU/h é o suficiente
para esfriar um quarto.

Um ar condicionado de 9.000 BTU/h transfere 9.000 BTU de calor "para fora" do ambiente,
mais ou menos 2270 calorias, por hora. Esta taxa de transferência equivale a 2650W.
Considerando um rendimento de 3:1, um aparelho assim precisa de um compressor de
900W para realizar esta transferência.

Considerando 50 centavos por kilowatt (taxa típica para residências), tal aparelho de ar
condicionado custaria R$ 54 a mais na conta de luz, estimando uso de 8 horas por dia,
compressor rodando 50% do tempo. Como 9.000 BTU "sobra" para um quarto de dormir, o
aumento típico na conta de luz é um pouco menor, uns R$ 40 por quarto.

Nos EUA, e em instalações maiores, usa-se também uma unidade denominada "tonelada"
ou "ton", relacionada ao poder de resfriamento de uma tonelada (curta) de gelo. (O
sistema imperial de unidades de medida foi criado numa época em que as drogas eram
liberadas, só pode.) Uma "ton" corresponde a aproximadamente 12.000 BTU/h.

UPDATE (Novembro/2013)

Dias depois de escrever o artigo em 2010, comprei outro aparelho idêntico. Estou com eles

7 de 10 23/02/2017 12:22
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até hoje (nov/2013).

Em um deles o compressor acabou estragando, mas a garantia de 5 anos do compressor foi


honrada pela LG e a peça foi trocada sem custo. O único senão foi a demora de 40 dias
entre retirar a peça, enviar para a fábrica e enviarem o compressor novo. Tivemos muita
sorte da temperatura estar baixa justamente neste período.

A causa provável foi excesso de carga de gás, o manômetro marcada 80 ou 100 libras e
segundo o técnico a pressão correta é 65. O sintoma inicial foi aumento de ruído, seguido
de dificuldade de partida do compressor. O técnico trocou o capacitor de partida e
descobriu o excesso de pressão na checagem de rotina.

O problema inicial foi corrigido mas o compressor ficou mais ruidoso, o técnico disse que
ele não duraria muito tempo, e de fato parou completamente no dia seguinte.

Olhando em retrospecto, outra "dica" do excesso de pressão era o enorme rendimento


deste ar condicionado, ele refrigerava bem mais que o outro (de mesmo modelo). Depois
da substituição do compressor o desempenho ficou semelhante ao "irmão". Por esta
comparação, a carga de gás do segundo aparelho parece correta, já que sempre rendeu
"pouco" e não apresenta ruído.

Agora possuo também ar condicionado de janela (aqueles comuns da Consul, 7500 BTU),
são baratos e de fácil instalação, porém a diferença de ruído no ambiente ainda é
gritante.

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8 de 10 23/02/2017 12:22
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Odair

Muito bom o texto. Gostei bastante.

EPx

@Ronaldo, não sou técnico, então não posso afirmar.

 A pressão vai depender de cada modelo e principalmente do tipo do gás. 
Tem uma plaquinha fixada no condensador que diz a pressão correta para 
aquele modelo. Nos meus antigos LG citados no artigo, 65 PSI era a pressão 
aproximada da linha de baixa pressão usando gás R-22. Os Fujitsu usam 
R-401a, eu acho.

Ronaldo Cruz Couto

Gostei da materia, porisso gostaria de perguntar. Tenho um Fujitsu multi 
split, 2 x 9000 BTU e 1 está sem Gás, portanto não gelando. Aprendi a trocar 
o gás, porém gostaria de saber qual a pressão em PSI q poderia aplicar na 
carga do gás, questiono porque sei q um condensador não split Trabalha com 
pressão não superior a 65 PSI e a etiqueta deste multi split mostra pressão 
maxima de 2704 KPA q equivale a aprox/ 397 PSI. Então, a qto de pressão 
devo introduzir o gás???

Fabiano Sales

Excelente artigo sobre a parte técnica dos aparelhos de ar condicionado. 
Completo.

Flávio dias

Li e gostei

9 de 10 23/02/2017 12:22
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Seguir @epx__
This is →  Elvis Pfützenreuter 's personal site
Este é o site pessoal de →  Elvis Pfützenreuter

10 de 10 23/02/2017 12:22

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