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AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais, José e Virgínia, por acima de tudo, sempre me
ajudarem no possível. Muito obrigada por serem além de pais, amigos. Agradeço por
cada momento de aflição e alegria compartilhado com vocês e pelos conselhos e
puxões de orelha. Não consigo imaginar minha vida sem vocês, meus pilares,
minhas fortalezas.
Ao meu namorado José Luiz, pessoa que acompanhou meus passos na reta
final do curso dando todo o carinho, amor e apoio possível e sempre fazendo com
que eu ficasse bem, assim como a sua família, que mesmo de longe sempre
desejou o melhor para mim.
Às minhas amigas – e colegas por toda a vida – Anieli Luize Pohl, Alice
Bogoni Demori, Caiane Tasca, Elisiane Camana, Taiara da Silva Muller e
Alessandra Bridi que, além de me ajudar no curso, me ajudaram na vida. Meninas, o
que vivenciei com vocês ficará na minha memória e no meu coração.
A todo Lab Cris, que ao longo de três anos me adotou como uma filha/irmã
mais nova, sempre ajudando nos experimentos e estudos. Em especial agradeço à
professora Cristina Wayne Nogueira, pessoa que tenho enorme admiração e carinho
e também ao César Augusto Bruning, pela paciência e dedicação em me explicar e
ensinar o que sei hoje.
Ao professor e orientador Alexandre Krause, por ter me escutado e me
ajudado quando precisei, sempre passando tranquilidade. Professor, muito obrigada
por ter aceitado a proposta de ser meu orientador. É um ótimo profissional, além de
ser uma pessoa exemplar e ter um coração imenso.
À equipe da Embrapa Pecuária Sul, que me acolheu com todo carinho e
compreensão, se esforçando para repassar todos os conhecimentos possíveis e
ajudando ao máximo. Agradeço ao meu supervisor, Alessandro Minho, pelo exemplo
de excelente profissional, pela compreensão, apoio, calma e por nunca,
independente do que acontecer, perder o bom humor.
3
RESUMO
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 10
2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS.................................................................... 12
2.1 Projeto biopam – prospecção de compostos bioativos do bioma
pampa: efeito antiparasitário e mitigação de metano.................................... 14
2.1.1 Questões técnico-científicas....................................................................... 15
2.2 Teste de inibição da migração larvar (Larval Migration Inhibition Test
– LMIT).................................................................................................................. 16
2.3 Ensaio de Inibição do Desembainhamento Larvar (Larval
Exsheathment Inhibition Assay – LEIA).......................................................... 17
2.4 Ensaio de Inibição de Alimentação Larvar (Larval Feeding Inhibition
Assay – LFIA)...................................................................................................... 18
2.5 Teste de Ovos por Grama de Fezes (OPG)............................................... 20
2.6 Coprocultura................................................................................................. 21
2.7 Preparo dos extratos vegetais (extrato bruto e suas frações:
metanólica e hexânica)...................................................................................... 22
3 RESULTADOS.................................................................................................. 24
4 DISCUSSÃO..................................................................................................... 25
4.1 Métodos convencionais in vitro................................................................. 26
4.1.1 Teste de eclodibilidade (EggHatch Test – EHT)......................................... 27
4.1.2 Teste de desenvolvimento larvar (Larval Development Test – LDT)......... 28
4.1.3 Teste de inibição da migração larvar (Larval Migration Inhibition Test –
LMIT)..................................................................................................................... 29
4.1.4 Ensaio de inibição do desembainhamento larvar (Larval Exsheathment
Inhibition Assay – LEIA)........................................................................................ 30
4.1.5 Ensaio de inibição da alimentação larvar (Larval Feeding Inhibition
Assay – LFIA)....................................................................................................... 31
5
LISTA DE TABELAS
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE ANEXOS
ANEXO A – Protocolo do Teste de Inibição da Migração Larvar (Larval
Migration Inhbition Test – LMIT) – Embrapa Pecuária
Sul................................................................................................................................. 45
1. INTRODUÇÃO
2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Figura 2 – Animais doadores da cabanha. A – Cordeiro portando a bolsa; B – Baia dos doadores.
Bagé – RS, 2014.
(MINHO, 2012). Entre esses gases, encontramos o metano (CH4), o qual interfere
diretamente no ambiente, sendo considerado responsável por 14,3% do potencial de
aquecimento global (IPCC, 2007 apud MINHO, 2012).
Estima-se que o setor agropecuário seja responsável pela emissão de 50% do
gás metano proveniente de atividades humanas, sendo a pecuária responsável por 7%
desse somatório, ou seja, 3,5% da emissão total do metano gerado pelo homem
(Watson et al., 1996 apud MINHO, 2012). Segundo relato do Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da Organização Mundial de
Meteorologia (WMO) pode-se chegar a uma redução de 21% na emissão global de
metano apenas com a melhora no manejo de ruminantes, onde os principais entraves
são as baixas digestibilidade e qualidade dos alimentos, bem como o balanço
nutricional inadequado (Watson et al., 1996 apud MINHO, 2012). Devido a essas
questões, o desenvolvimento de estudos sobre alternativas que diminuam a emissão
de gases poluentes pelos animais torna-se necessário.
animais. Dessa forma, objetiva-se viabilizar a utilização das fontes vegetais e aumentar
sua biodisponibilidade nos testes in vivo (MINHO, 2012).
A etapa que estava em andamento durante o período de estágio na CPPSul foi
a dos experimentos in vitro, que testam o efeito de diferentes extratos vegetais na
viabilidade e desenvolvimento de larvas de Haemonchus contortus (alimentação,
motilidade e desembainhamento), além da realização da extração das plantas.
Este teste foi modificado do padrão (DEMELER et al., 2010a) pela CPPSul
(anexo A).Durante o período de estágio, foram realizados 36 LMITs, com extratos
brutos de 11 plantas diferentes, sendo que foram do número total de ensaios, 33 foram
reprodutíveis. Inicialmente, um dia antes da realização do teste, as larvas no estágio
L3, obtidas através de coprocultura, foram limpas através de peneiras, para a
separação de larvas limpas e viáveis, de sujidades e de larvas inviáveis(Figura 3 – A).
No dia do teste, o primeiro passo foi o desembainhamento das larvas, obtido
pelo uso de solução de hipoclorito de sódio a 2% por aproximadamente uma hora.
Após a verificação do desembainhamento, a solução larvar foi lavada três vezes e
quantificada, sendo ajustada para 150 larvas a cada 100 µL. Concomitante ao preparo
da solução larvar, preparou-se o extrato e suas respectivas diluições (100, 50, 25 e
12,5 mg/mL).
Com a solução larvar e extrato já prontos, placas de poliestireno de 24 poços5
foram organizadas, sendo uma para o extrato e suas diluições, e outra para o controle
negativo (água) (Figura 3 - B). Em cada poço foram pipetadas a solução larvar e a
solução a ser testada (extrato ou água). As placas foram para a estufa com BOD
(demanda bioquímica de oxigênio) a 28ºC e ficaram incubadas por 24 horas.
Transcorrido o tempo, as placas foram retiradas e todos os seus conteúdos
foram transferidos para outras placas, sendo cada poço retirado e pipetado no poço
correspondente sobre peneiras de 25 µm. Durante as próximas 24 horas, em
incubação, ocorreu o processo de migração (Figura 3 - C).
2
Ripercol L, Fort Dodge Saúde Animal Ltda, Campinas,São Paulo.
3
Ivermectan, Uzinas Chimicas Brasileira S. A., Jaboticabal, São Paulo.
4
Zolvix, Novartis Brasil, São Paulo, São Paulo.
5
TPP Techno PlasticProducts AG, Trasadingen,Switzerland
17
No dia seguinte, houve a separação das larvas que migraram das que não
migraram e posterior contagem das mesmas (Figura 3 – D). Em ocasiões onde o
extrato era muito escuro, foram realizadas centrifugações dos poços, com descarte do
sobrenadante e diluição dos sedimentos para uma melhor leitura.
Em relação ao controle positivo, foi realizado o LMIT com diferentes produtos
comerciais para verificar qual seria o controle positivo melhor para o isolado da
CPPSul. Os medicamentos utilizados foram o levamisole2, a ivermectina3 e o
monepantel4.
Figura 3 – Teste de inibição da migração larvar. A – Peneira utilizada para prévia limpeza das
larvas; B – Placa com extrato e larvas a ser incubada; C – Placa com extrato sendo pipetado
sobre as peneiras; D – Leitura das placas. Bagé – RS, 2014.
6
Falcon®Corning Inc. Life Sciences, MA, USA.
19
L1, a obtenção das mesmas é diferente das larvas L3, que são obtidas por
coprocultura. As larvas L1 são obtidas através da técnica da recuperação de ovos.
A técnica da recuperação de ovos se baseou em coletar fezes diretamente do
reto dos animais, separar uma parte dessas fezes, macerá-las e acrescentar água
morna. Esse conteúdo foi filtrado em quatro peneiras com as seguintes reticulações: 1
mm, 105 µm, 55 µm, e 25 µm (Figura 5 – A, B, C e D). Os ovos que ficaram retidos na
peneira de 25 µm foram lavados com água destilada e vertidos para um béquer.
O material obtido foi centrifugado e lavado três vezes, sendo as duas últimas
lavagens com sal (Figura 5 – E). Para retirar o excesso de sal, o conteúdo foi limpo
com água morna e colocado posteriormente em um copo de decantação. Após uma
hora, o sedimento do copo foi coletado, colocado em microtubos na BOD, por 28ºC até
completar 24 horas(Figura 5 – F).
ensaio foi realizado em microtubos, que continham o extrato (ou controle negativo -
água) e a solução larvar. Após duas horas em temperatura ambiente, foi adicionada a
bactéria E. coli associada ao isotiocianato de fluoresceína (FITC) em cada microtubo e
o conteúdo, depois de ser agitado, foi incubado na BOD a 25ºC por aproximadamente
18 horas.
Decorrido o tempo, os microtubos foram centrifugados e retirou-se o sedimento.
O sedimento obtido foi colocado em lâminas para leitura e quantificação das larvas que
se alimentaram (intestino corado com fluoresceína) e que não se alimentaram (sem
coloração) no microscópio de epifluorescência.
Além de ser o principal teste de rotina realizado pelo LabHel, o OPG tem como
principal função monitorar a infecção larvar dos animais doadores da cabanha (anexo
D).
As fezes utilizadas nos testes foram colhidas diretamente do reto dos animais,
para evitar a contaminação pelo ambiente. As amostras foram organizadas de modo
decrescente, quando identificadas, maceradas (no caso de fezes de ovinos) e
pesadas. Após pesadas, as fezes foram colocadas, seguindo a mesma ordem, em
recipientes de vidro e adicionou-se em cada recipiente solução saturada de sal.
Homogeneizou-se cada mistura e, em seguida, estas foram despejadas em
peneiras com gaze hidrófila (Figura 6 – A). Os recipientes foram lavados com o mesmo
volume já utilizado de solução saturada de sal e novamente os conteúdos foram
despejados nas peneiras, que estão sobre novos frascos (Figura 6 – B).
As suspensões foram homogeneizadas novamente e pipetadas em câmaras de
McMaster (Figura 6 – C). Realizou-se a contagem e identificação dos ovos (Figura 6 -
D).
21
2.6 Coprocultura
Por fazer parte do modo de recuperação de larvas L3 que são utilizadas tanto
no LMIT como no LEIA, a coprocultura é outra técnica muito realizada no LabHel
(anexo E).
O ensaio consiste em coletar fezes dos animais, do mesmo modo que é feito
para o OPG. Após a coleta, as fezes foram acondicionadas na BOD a 26ºC em
frascos, levemente umedecidas e vedadas parcialmente, permitindo a entrada de ar.
Decorrido o tempo de sete dias, os frascos foram retirados da BOD,
completados com água corrente, tampados com placas de Petri e invertidos. Foi
colocada água corrente na placa de Petri e após 3-4 horas foi retirado esse volume
(Figura 7). A solução larvar obtida foi usada por até 15 dias após a coleta.
22
Figura 7 – Frascos com fezes e água emborcados em placas de Petri. Bagé – RS, 2014.
2.7 Preparação dos extratos vegetais (extrato bruto e suas frações metanólica
e hexânica)
A preparação dos extratos vegetais foi realizada com três solventes: água
deionizada, metanol e hexano. As plantas foram colhidas do campo nativo da região
dos pampas, com prévia autorização do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis) e desidratadas antes da extração. Após a
desidratação, as plantas foram trituradas.Para a extração aquosa, o procedimento
ocorreu no mesmo dia dos testes, sendo a mistura aquecida a 40ºC e agitada por 30
minutos.
A extração com os solventes hexano e metanol envolvia duas etapas: o
procedimento de extração em si e a rotaevaporação, que era realizada no Laboratório
de Química Orgânica da UNIPAMPA (Universidade Federal do Pampa). O primeiro
procedimento foi padronizado pela CPPSul, e consistiu em pesar três alíquotas de 300
gramas da planta selecionada, colocar essas três alíquotas em balões volumétricos
juntamente com 1,3 litros do solvente escolhido, que poderia ser o metanol ou o
hexano.
Após solvente e planta terem sido homogeneizados, os balões foram colocados
em mantas térmicas com a temperatura de ebulição do solvente escolhido
(aproximadamente 65ºC para metanol e 68ºC para hexano). Ainda foram acoplados
condensadores aos balões, para tornar a extração mais eficiente (Figura 8).
O processo do primeiro dia ocorreu durante 4 horas, sendo que após esse
período, o conteúdo dos balões foi filtrado e acondicionado em frascos de vidro âmbar.
No segundo dia se acrescentou a cada balão o volume de 700 mL do mesmo solvente
23
3. RESULTADOS
4. DISCUSSÃO
De acordo com Varady et al. (1999 apud BORGES, 2013), os testes in vitro têm
mostrado eficiência para detecção do desenvolvimento de resistência anti-helmíntica,
sendo isso devido à não interferência do hospedeiro no estabelecimento da infecção
27
pelo parasita.Testes in vitro são geralmente menos onerosos do que aqueles in vivo
(LACEY et al., 1990 apud DEMELER et al.,2012).
De um modo geral, esses testes envolvem a incubação de estágios de vida livre
dos parasitas em uma gama de concentrações do fármaco escolhido, seguido por
medição da vitalidade na forma de desenvolvimento, motilidade ou migração.
Atualmente, quatro principais ensaios envolvendo estágios de vida livre de um parasita
são utilizados, medindo: taxa de eclosão (por exemplo, teste de eclodibilidade de
ovos), taxas de desenvolvimento (por exemplo, teste de desenvolvimento larval),
motilidade / migração (por exemplo, teste de motilidade das larvas, teste de inibição da
migração das larvas) e alimentar (por exemplo, ensaio de alimentação das larvas)
(DEMELER et al., 2012).
O ensaio de viabilidade de ovos foi descrita pela primeira vez por Le Jambre
(1979). Mais de 30 relatórios foram publicados utilizando várias modificações do teste
para a detecção de resistência contra os benzimidazóis e / ou levamisole (DEMELER
et al., 2012). A utilidade do teste para a detecção de resistência aos benzimidazóis foi
avaliada numa série de estudos de campo. A maioria dos estudos revelou uma boa
concordância entre os resultados obtidos por FECRT (Faecal Egg Count Reduction
Test) - e o ensaio de eclosão dos ovos em ovelhas no campo, indicando que o teste é
uma alternativa precisa, confiável e de boa relação custo-benefício para a FECRT
(MAINGI et al., 1998; ALVAREZ-SÁNCHEZ et al., 2006; VÁRADY et al., 2006;
VÁRADY et al., 2007; DIEZ-BANOS et al., 2008 apud DEMELER et al., 2012).
Alguns fatores em investigação e que podem influenciar os resultados obtidos
com o EHT, incluem: diferentes fontes de água utilizada; grau de limpeza dos ovos; e o
método de dissolução da amostra (COLES et al., 2006 apud FORTES; MOLENTO,
2013).Como os ovos são muito frágeis e sensíveis à variação de temperatura, a
detecção de tais fatores é essencial para que diferentes laboratórios possam obter
resultados igualmente eficazes (FORTES; MOLENTO, 2013).
28
mais afetam o desenvolvimento dos ovos e o boa eficácia do teste (DEMELER et al.
2010b).
Embora o LDT funcione para o diagnóstico de resistência aos benzimidazois,
parece não ser tão satisfatório quanto o EHT (COLES et al. 2006 apud FORTES;
MOLENTO, 2013). Chagas (2008) também afirma que o LDT tem demonstrado
problemas com relação à contaminação do meio ou obtenção de baixas taxas de
desenvolvimento de L1 para L3.
4.1.3 Teste de inibição da migração larvar (Larval Migration Inhibition Test – LMIT)
screenings de extratos vegetais ativos, visto que esse é um teste mais sensível por
utilizar a fase larvar L1.
Pode-se considerar o LFIA, pelo que foi realizado na CPPSul, um teste sensível
em todos os sentidos. Este ensaio que detecta a RA com sensibilidade, também é
frágil no seu desenvolvimento. Quantias mínimas de luz já podem alterar a fluoresceína
presente no conteúdo a ser lido, o que pode afetar o resultado do experimento.
Outro problema quanto à técnica da inibição da alimentação larvar foi a
obtenção das bactérias marcadas com FITC. Inicialmente, E. coli marcadas eram
disponibilizadas comercialmente,entretanto, atualmente esse produto não se encontra
mais no mercado. O procedimento de marcação de bactérias teve que ser padronizado
pela CPPSul e, após várias tentativas obteve-se sucesso, através do cultivo de
bactérias, marcação com FITC e conservação deste conteúdo com máxima proteção
da luz e em um refrigerador.
Deve-se considerar importante o processo de pré-seleção de larvas realizada
com peneiras de 25µm, pois os resultados diferem com amostras de L1 não
selecionadas (no conteúdo larvar pode-se ter vermes viáveis e inviáveis) e
selecionadas (haverá somente vermes viáveis no conteúdo larvar).
O fato de este ensaio necessitar de um microscópio de epifluorescência o torna
mais caro em relação aos testes citados anteriormente.
Minho (2014) resumiu os principais testes para avaliar a RA de uma forma
simples, apresentada na Figura 9.
33
Oliveira et al. (2011) comentam que na maioria dos testes in vivo, o efeito dos
TC é determinado a partir da comparação da eficácia de plantas taniníferas com
plantas que não contêm esses compostos em hospedeiros natural ou
experimentalmente infectados com nematoides gastrintestinais.
É importante salientar que tanto os efeitos benéficos quanto os efeitos deletérios
acarretados pelos taninos dependem de muitos fatores, sobretudo da concentração e
da estrutura desses compostos (HOSTE et al., 2006).
Segundo Minho (2006), dois produtos ricos em TC e descritos como
potencialmente anti-helmínticos são o extrato de quebracho (Schinopsis brasiliensis)
e o extrato de acácia negra (Acacia mearnsii). Este autor relatou em suas pesquisas
que com a administração de extrato de acácia, houve uma diminuição do OPG e na
carga parasitária significativa dos animais infectados naturalmente por H. contortus e
T. colubriformis. Em outro estudo utilizando também o extrato de A. mearnsii, Minho
et al. (2008) avaliaram os efeitos inibitórios do extrato sobre a alimentação de larvas
de primeiro estágio (L1) de H. contortus, T.colubriformis e T. circumcincta. Neste
experimento foi relatado que uma determinada dose do extrato acarretou efeitos
deletérios em L1 de todos os nematódeos avaliados, sendo que a partir dessa
concentração, aproximadamente, 100% das larvas apresentaram-se inviáveis. A
dose descrita sugere a potencial utilização dessa fonte de TC no controle alternativo
de parasitos. A ação anti-helmíntica da A. Mearnsii também foi avaliada por
Yoshihara (2012 apud YOSHIHARA, 2013), utilizando-se o teste de inibição da
eclosão de ovos e inibição da migração larval. De acordo com o autor, o extrato de
acácia reduziu a eclosão de ovos e a migração das L3, demonstrando que o extrato
tem ação ovicida e larvicida.
Além da possibilidade da utilização em sistemas de produção onde os
quimioterápicos são restringidos ou proibidos, os TC podem ainda ser utilizados no
controle alternativo, concomitantemente ao controle parasitário tradicional, com a
finalidade de diminuir e espaçar as administrações das drogas anti-helmínticas
convencionais (YOSHIHARA et al., 2013).
É necessário enfatizar que, em qualquer estudo farmacológico é necessária a
avaliação da toxicidade das substâncias avaliadas e, na fitoterapia, deve se considerar
ainda mais o estudo dessa questão, pois nos extratos de plantas, tanto princípios
ativos como produtos tóxicos podem estar presentes.
39
5. CONCLUSÃO
6. BIBLIOGRAFIA
ALVAREZ-SANCHEZ, M. A. et al. The larval feeding inhibition assay for the diagnosis
of nematode anthelmintic resistance. Experimental Parasitology, v. 110, p. 56-61,
2005.
COSTA, C.T.C. et al. Efeito ovicida de extratos de sementes de Mangifera indica sobre
Haemonchus contortus. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v. 11, n. 2,
p. 57-60, 2002.
DEMELER, J. et al. Standartization of the larval migration inhibition test for the
detection of resistance to ivermectin in gastro intestinal nematodes of ruminants.
Veterinary Parasitology, v. 174, p. 58-64, 2010a.
DEMELER, J. et al. Adaptation and evaluation of three different in vitro tests for the
detection to anthelmintics in gastro intestinal nematodes of cattle.Veterinary
Parasitology, v. 170, p.61-70, 2010b.
MINHO, A. P. et al.In vitro effect of condensed tannin extract from acácia (Acacia
mearnsii) on gastrointestinal nematodes of sheep. Revista Brasileira de Parasitologia
Veterinária, v. 17, p. 144-148, 2008.
ANEXOS
45