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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFACVEST

GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA

THALIA DE SOUZA BATISTA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR EM CLÍNICA E CIRURGIA DE


PEQUENOS ANIMAIS A CLÍNICA VETERINÁRIA EVJ – BOM RETIRO/ SC

LAGES - SC

2022
THALIA DE SOUZA BATISTA
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR EM CLÍNICA E CIRURGIA DE
PEQUENOS ANIMAIS A CLÍNICA VETERINÁRIA EVJ – BOM RETIRO/ SC

Relatório de Estágio Curricular


Supervisionado, apresentado como parte da
avaliação da disciplina de estágio curricular
supervisionado II para o curso de Medicina
Veterinária do Centro Universitário
Unifacvest.

Professora orientadora: Vanessa Massumi


Kaneko

LAGES – SC

2022
IDENTIFICAÇÃO DO ESTÁGIO

Nome do estagiário: Thalia de Souza Batista

Área de atuação: Clínica e cirurgia de pequenos

Empresa ou órgão: Clínica Veterinária EVJ

Endereço: Av. 24 de Outubro, nº561. Bairro centro. Bom Retiro – SC 88.680-000

Supervisor de estágio: Mv. Dr. Elisandro de Souza Vieira Junior

Professor orientador: Vanessa Massumi Kaneko.

Carga horária: 400 horas.

Período do estágio: 26 de setembro à 07 de dezembro de 2022.


AGRADECIMENTOS

Com o coração tomado pelo sentimento de gratidão, escrevo este manuscrito, com o
intuito de agradecer tudo o que fizeram para que eu pudesse chegar até aqui, embora saiba
que palavras não são suficientes, deixo registrada a minha emoção de estar realizando um
sonho, o qual divido com a minha família e todos que estiveram comigo ao longo desta
caminhada.
Válido lembrar, que o caminho foi longo e cheio de desafios, houve momentos em
que cheguei a duvidar que a realização desse sonho fosse possível, mas vencemos, e eu só
tenho a agradecer. Primeiro a Deus por alimentar a minha fé e ter me dado forças para superar
os momentos difíceis. Agradeço, em especial, a minha mãe Leonita de Souza, meu paidrasto
Otanir dos Santos e as minhas irmãs: Thaisi e Thainara de S. Batista, que caminharam do meu
lado por todos esses anos e que fizeram o impossível para me ajudar. Aqui está o meu eterno
e mais puro reconhecimento a tudo que me ofertaram durante toda a vida. Seus exemplos de
honestidade, profissionalismo e determinação contribuíram para a construção do ser humano
que me tornei.
Agradeço ao meu companheiro de vida, Luiz Paulo, pela parceria, amizade, entrega e
toda ajuda até aqui. Somente nós sabemos de tudo que precisamos passar para que este dia
chegasse. Obrigada por sonhar comigo e me dar forças para seguir adiante. Agradeço também
a minha filha Clara, ela se tornou uma grande motivação para eu não desistir. Enfrentei
pandemia, gestação, maternidade e puerpério para conquistar o meu sonho, e sei que ela foi a
minha maior motivação e inspiração. Agradeço à coordenadora e a todo corpo docente da
minha instituição, que, compartilharam comigo todo seu conhecimento, tornando-se
inspirações para mim. A Clínica Veterinária e Pet Shop EVJ, agradeço por abrirem as portas
da sua empresa para que eu obtivesse a oportunidade de aprender e conhecer pessoas
incríveis.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO - ESTÁGIO SUPERVISIONADO OBRIGATÓRIO II.......................7

1.1. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO....................................................................7

2. CASUÍSTICA.....................................................................................................................17

3. ROTINA CLÍNICA............................................................................................................19

4. CASOS CLÍNICOS............................................................................................................20

4.1 CASOS CIRÚRGICOS....................................................................................................20

4.1.1. EXTRAÇÃO DENTÁRIA.....................................................................................20

4.1.2. TARTARECTOMIA COM EXTRAÇÃO DENTÁRIA........................................23

4.1.3. HÉRNIAS...............................................................................................................24

4.1.4. EXÉRESE TUMORAL..........................................................................................25

4.1.5. MASTECTOMIA...................................................................................................26

4.1.6. FLAP......................................................................................................................28

4.1.7. SUTURA.................................................................................................................30

4.1.8. URETROSTOMIA..................................................................................................32

4.1.9. OVARIOSALPINGOHISTERECTOMIA.............................................................34

4.1.10. ORQUIECTOMIA................................................................................................35

4.2. ATENDIMENTOS...........................................................................................................36

4.2.1. ESPOROTRICOSE.....................................................................................................36

4.2.3. TRANSFUSÃO SANGUINEA..................................................................................38

4.2.4. ERLIQUIOSE.............................................................................................................38

4.2.6. GASTROENTERITE.................................................................................................40

4.3. EXAMES..........................................................................................................................42

4.4. CONSULTAS E IMUNIZAÇÕES.................................................................................43

5. CONCLUSÃO.....................................................................................................................44
6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................45
1. INTRODUÇÃO - ESTÁGIO SUPERVISIONADO OBRIGATÓRIO II

1.1. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO

A Clínica Veterinária e Pet Shop EVJ, conta com uma recepção que dispõe de caixa,
prateleira com venda de medicamentos (figura 1) e poltronas (figura 2). Consultório tendo um
balcão com pia, mesa com cadeira (figura 3), geladeira para armazenação de vacinas, mesa
para exame clínico no paciente, e lixeiro para descarte de resíduo comum e Descarpak®
(figura 4). Possui internamento com nove baias (figura 5), mesa com computador, frigobar
para armazenamento de vacinas, armário para armazenar guias, coleiras, roupas de uso
interno, pia com lixeira para resíduos comum e Descarpak® (figura 6). A emergência da
clínica conta com mesa de inox, pia com armário para armazenação de medicamentos e
equipamentos de uso clínico (figura 7), conta também com a LaserCyte e Catalyst One, que
são aparelhos para exames de sangue e bioquímico (figura 8), além da lixeira de resíduos
comum e Descarpak®. O centro cirúrgico é composto por pia com torneira elétrica com
comando pelo pedal; berço aquecido (figura 9), mesa de inox, aparelho de monitoramento de
parâmetros, aparelho de anestesia (figura 10), balcão para armazenamento de medicamentos e
itens hospitalares, além de lixeira para resíduo comum, hospitalar e Descarpak® (figura 11).
Possui também sala de raio-x digital, contendo uma mesa com computador (figura 12),
aparelho de radiografia (figura 13). A sala de esterilização é composta pela autoclave, um
armário para armazenar os materiais não esterilizados e um tanque para lavar os materiais
(figura 14). A clínica possui a parte de loja, com vendas de ração, petiscos, roupas e
apetrechos para os pets (figura 15). Conta com uma cozinha de uso interno ((figura 16) e
sanitário. A parte de Pet Shop conta com banho, banho terapêutico e tosa. Com equipamentos
e produtos de excelência, o banho e tosa conta com mais de setenta planos mensais.

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Figura 1: Recepção e prateleira de medicamentos.

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

Figura 2: Poltronas na recepção para espera.

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

Figura 3: Pia com armário e mesa de atendimento.

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Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

Figura 4: Mesa de exame clínico e geladeira de vacinas.

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

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Figura 5: Sala de internamento com nove baias.

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

Figura 6: Internamento com mesa e computador, geladeira, armário e pia.

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

Figura 7: Sala de emergência.

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Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

Figura 8: Aparelhos de exames de sangue na emergência.

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

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Figura 9: Centro cirúrgico: Pia e berço aquecido.

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

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Figura 10: Centro cirúrgico: Mesa e aparelho de monitoramento e anestesia.

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

Figura 11: Centro cirúrgico: Balcão para armazenamento de itens hospitalares.

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

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Figura 12: Sala de raio-x com mesa e computador.

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

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Figura 13: Aparelho de radiografia.

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

Figura 14: Sala de esterilização.

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

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Figura 15: Ala de vendas de rações e apetrechos para pet’s.

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

Figura 16: Cozinha de uso interno.

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

Figura 16: Pet e Shop EVJ.

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

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2. CASUÍSTICA

A Clínica Veterinária e Pet Shop EVJ inicia a rotina clínica às 08h30 e tem horário de
funcionamento até ás18h30 horas, entretanto são realizados atendimentos em horários não
comerciais, finais de semana ou feriados em animais já internados ou casos de emergências. A
clínica conta com os serviços de clínica, cirurgia, vacinas, exames laboratoriais, internação,
diagnóstico por imagem e pet shop.
Durante o período de estágio foram desenvolvidas atividades relacionadas a auxiliar
no atendimento clínico, cirúrgico e diagnóstico por imagem. Foi realizado também
acompanhamento e discussão de casos clínicos, juntamente com o M.V. responsável.
No período de 26 de setembro a 07 de dezembro foram acompanhados 501
atendimentos e procedimentos, que estão distribuídos nas tabelas 1, 2 e 3.

Tabela 1: Tipos de atendimentos acompanhados na Clínica Veterinária EVJ, no período de 26


de setembro a 07 de dezembro.

Tabela 1 – Descrição dos tipos de atendimento.

Tipo de atendimento N total


Consultas 64
Exames complementares 93
Exames de imagem 38
Imunizações 79
Internações 25
Procedimentos cirúrgicos 23
Retornos 40
Total 362

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Na tabela 2 estão listados os procedimentos cirúrgicos acompanhados durante o
período de estágio na Clínica Veterinária e Pet Shop EVJ.

Tabela 2: Procedimentos cirúrgicos realizados.


Procedimento Quantidade
Extração dentária 02
Tartectomia com extração 03
OSH 08
Mastectomia 01
Orquiectomia 03
Herniorrafia 01
Urestrostomia 01
Flap 02
Exérese tumoral 01
Sutura 01
Total: 23

Na Tabela 3 são apresentados outros procedimentos e exames realizados


independentemente do sistema fisiológico acometido e de acordo com a necessidade de cada
caso.

Tabela 3: Demais procedimentos realizados na Clínica Veterinária e Pet Shop EVJ, durante
o Estágio Obrigatório Supervisionado II.
Procedimento Quantidade
Coleta de sangue para hemograma 63
Coleta de sangue para bioquímico 30
Transfusão de sangue 02
Teste Elisa para FIV/FELV 02
Teste Cinomose 01
Radiografias 38
Eletrocardiograma 02
Erliquiose 01
Gastroenterite 02
Imunizações 79

Total 218

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3. ROTINA CLÍNICA

A rotina clínica inicia as 08h30 e tem horário de funcionamento até 18h30, entretanto
são realizados plantões para monitoramento dos animais internados e atendimentos de
emergência. Para cada paciente que chega é feito um cadastro no Simples Vet de
identificação onde são anotados os dados do proprietário e os dados do animal. Após o
cadastro é realizada a consulta, onde o animal passa por um exame clínico geral, caso exista
alguma queixa relatada, realiza-se o exame específico. Se necessário são realizados exames
complementares como hemogramas, bioquímicos ou radiografias. Em casos que o tratamento
seja cirúrgico ou mais intensivo os animais são preparados para o procedimento, caso o tutor
queira realizar no dia ou então, é marcado uma data para tal.
No sistema possui a aba de internação, onde cada animal internado em tratamento
possui uma ficha clínica onde são anotados os parâmetros fisiológicos do exame físico, a
prescrição feita pelo médico veterinário e é anotado também, todos os comportamentos, como
se urinou ou defecou, o comportamento, se aceitou alimentação e hidratação. Na rotina
clínica, com início as 8h30 todos os animais em tratamento são medicados conforme a
prescrição, ofertado alimento e água, limpado as baias e levados para passear. Os pacientes
que possuem ferimentos ou incisões, é feito o curativo duas vezes ao dia.
Além do acompanhamento da rotina clínica, a limpeza e organização do local ficam
sob responsabilidade do estagiário, assim como a reposição dos materiais utilizados para a
realização das rotinas

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4. CASOS CLÍNICOS

4.1. CASOS CIRÚRGICOS

4.1.1. EXTRAÇÃO DENTÁRIA

Os procedimentos de extração são frequentemente necessários durante tratamentos


periodontais, ortodônticos e cirurgias maiores, entre outras situações outras situações,Muitos
fatores podem levar a uma extração, como em casos de periodontite avançada, dentes
decíduos persistentes, fraturas (SLATTER, 2007)ou dentes que perderam a sua funcionalidade
.Durante o período de estágio foram realizadas duas extrações dentárias. Um paciente canino,
macho, castrado, SRD, 2 anos de idade, foi recolhido pela Instituição de animais abandonados
da cidade e estava em lar temporário. A responsável relatou que ele foi levado para tratamento
com uma colega, onde foi castrado e teve quatro dentes extraídos, pois tinha a boca cheia de
feridas. O cão possuía os dois caninos inferiores bem expostos – a figura mostra os caninos
superiores, mas quando o paciente chegou na clínica, os superiores já haviam sido extraídos.
(figura 17). O animal estava sendo tratado e se alimentava com comida batida no
liquidificador. Apareceu um abcesso, espirra muito, espalhando muita secreção. No exame
clínico foi observado diversas abcessos na cavidade oral, fístulas: intranasal esquerda, maxilar
esquerda, ocular esquerda, palato direita. Tique mastigatório (possível sequela de cinomose),
que mesmo sedado não para. Incongruência das arcadas e feridas causadas pelo tique. Foi
aplicado 0,78 ml de Clindamicina IM e realizado a radiografia (figura 18).
Foi receitado Clinbacter 150 mg, 1 comprimido via oral, a cada 12 horas durante 14
dias, e Ferrofood, 1 comprimido via oral, a cada 12 horas até acabar. Além da medicação, foi
prescrito a limpeza das feridas com solução fisiológica três vezes ao dia.
No retorno, a responsável relatou que o paciente já estava melhor, mas acreditava que
estava com dor, pois reduziu o apetite. As secreções melhoraram, diminuíram a quantidade.
Foi marcado o procedimento cirúrgico para o dia seguinte. Foi então realizado a extração de
todos os dentes (figura 19), e visto que, tinha uma fratura de mandíbula em sínfise e ramo
esquerdo. Havia contratura dos músculos mastigatórios. Realizado uma fixação com
cerclagem de sínfise mandibular. O paciente ficou internado sob os nossos cuidados até o dia
posterior. Além as medicações prescritas na primeira visita, foi incluído o Meloxicam 2 mg,
0,5 comprimido via oral, a cada 24 horas durante 6 dias e Dipirona gotas, 11 gotas via oral a
cada 8 horas durante 3 dias. Foi orientado para que o paciente se alimentasse de uma dieta
líquida e pastosa por 14 dias.
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Figura 17: Caninos bem expostos.

Fonte: Arquivo pessoal, 2022

Figura 18:Radiografia

Fonte: Arquivo pessoal, 2022

Figura 19:Extração de todos os dentes.

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Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

O outro paciente era um felino, macho, castrado, 5 anos de idade. Paciente já tinha vindo para
consulta outras vezes com a queixa de diminuição de apetite. Diagnosticado com Complexo
Gengivoestomatite crônica.No exame clínico, apresentava dor ao mexer/abrir a boca e
halitose. Sempre que o tutor começava o tratamento, ele fugia e só retornava quando estava
muito debilitado. Foi realizado uma tartarectomia com extração dos dentes: Molar superior
direito, molar inferior direito, molar superior esquerdo e molar inferior esquerdo. O canino
superior esquerdo estava fraturado. Foi receitado para casa, Dipirona gotas, 6 gotas via oral, a
cada 12 horas por 3 dias. Depois de oito dias, no retorno, o tutor comentou que o paciente
estava agressivo e havia fugido, assim que conseguiu captura-lo, trouxe para o retorno. Em
conversa, foi optado por não extrair os dentes e tentar estabilizar o quadro, deixando-o
internado. Como o paciente não estava colaborando com o tratamento e estava ficando cada
vez mais grave, foi feito o procedimento de extração dentária total, nucal aos caninos e
observado que as fauces estavam inflamadas (figura 20). Receitado para casa Periogard, para
higienização da boca com auxílio de cotonete, uma vez ao dia.

Figura 20: Inflamação de fauces.

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

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4.1.2. Tartarectomia com extração dentária

A ocorrência de tartarectomia é bastante comum devido a falta de cuidados profiláticos


com a saúde bucal do animal, as feridas podem se originar de acidentes ou incisões cirúrgicas
e ocorrem diante da falta de uma rigorosa assepsia (BARROS, 2016). As feridas infectadas
são classificadas como abertas, sofrendo grande contaminação por microorganismos e corpos
estranhos, podem apresentar pus, aumento de volume e edema (BARROS, 2016).
Durante o estágio, três pacientes caninas realizaram o procedimento de tartarectomia.
A primeira, uma cadela, não castrada, da raça Chihuahua de quatro anos, que possuía bastante
placa de tártaro e halitose (figura 21). Como exame de pré-operatório, além do exame clinico,
foi feito um hemograma e perfil bioquímico básico. Após a MPA, o paciente foi induzido com
Propofol e depois intubado, sendo mantido com a anestesia inalatória. Foram extraídos dez
dentes: 1º molar superior direito; 2º incisivo superior esquerdo; 1º, 2ºe 3º pré molar superior
esquerdo e 2º molar superior esquerdo; 3º incisivo inferior direito; 2º e 3º incisivo superior
esquerdo. O 2º incisivo inferior direito e 2º pré molar superior direito estavam ausentes.

Figura 21: Placas de tártaro.

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

A outra paciente, uma Maltês, de 10 meses de idade, que veio para a correção de uma
hérnia e a tutora quis realizar também o procedimento de tartarectomia. Extração dos dois
caninos de leite superiores.

23
A terceira paciente, uma Pinscher d 17 anos de idade, realizou o procedimento de
tartarectomia com anestesia inalatória. Foram realizados o hemograma, perfil bioquímico
básico e eletrocardiograma, como exames pré-anestésicos. Foram extraídos o primeiro
incisivo superior direito, o primeiro, terceiro e quarto pré-molar superior esquerdo, terceiro e
quarto pré-molar inferior direito e quarto pré-molar inferior esquerdo. Para casa, foi prescrito
Meloxicam 0,5mg – 3 comprimidos, uma vez ao dia por três dias. E indicado o produto
Aquabianc para controle de tártaro.

4.1.3. HÉRNIAS

A Hérnia é uma afecção que consiste na protrusão de um órgão ou parte dele, é


um termo médico utilizado para descrever quando um órgão interno se desloca e acaba
ficando saliente por baixo da pele, devido a uma fragilidade,ocorre atrás de um defeito na
parede da cavidade ,elas podem ser congênitas ou adquiridas (SAMPAIO et al., 2013).
No dia 06 de outubro de 2022 a paciente fêmea, Maltês, 2,08 Kg, 10 meses de idade e
não castrada veio para consulta. A tutora relatou que ela foi resgatada a três meses
apresentando tremores constantes (uma possível sequela de cinomose). A tutora comentou que
ela nem caminhava, hoje já caminha, dando uns pulinhos para se locomover. Foi identificado
uma hérnia inguinal móvel e também comentou sobre uma sarna no ouvido, que foi tratada.
Foi agendado, para o dia seguinte, o procedimento de herniorrafia e OSH.
Realizado o procedimento de OSH eletiva e herniorrafia abdominal com anestesia
inalatória. Náilon 3-0 nos cotos e pele; Poligalactina 4-0 nas fáscias e redução ampla da
herniorrafia; Poligalactina 5-0 na redução. No retorno, a tutora disse que estava indo tudo
bem, mas que três dias antes percebeu um aumento de volume próximo ao local da cirurgia e
relatou que a paciente é muito agitada. Retirada dos pontos e marcado uma nova cirurgia para
correção da hérnia. No dia do procedimento, foi repetido o hemograma. Realizado
herniorrafia inguinal, 1 cm caudal a hérnia anterior, no canal inguinal. Não foi colocado tela
devido ao acesso e hérnia serem pequenos. Receitado Stomorgyl 2, 1 comprimido via oral a
cada 24 horas, durante 10 dias, Meloxicam 0,2 mg, 1 comprimido via oral, a cada 24 horas,
durante 4 dias. Para uso externo, receitado Rifamicina Spray, para aplicar na incisão, duas
vezes ao dia.

4.1.4. Exérese Tumoral

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As neoplasias cutâneas são frequentemente diagnosticadas em cães, as quais são originadas do
epitélio das estruturas anexas geralmente se apresenta como uma massa bem definida e
isolada, com coloração que varia de vermelho a amarronzada, podendo ser enegrecida, textura
de macia a firme e que, quando incisada, (HANDRICK, 2017).
Foi atendido um caso. A paciente, uma fêmea castrada, da raça Shih-Tzu, oito anos de idade,
veio para consulta onde a tutora relatou que há quatro meses apareceu uma mancha rosa no
lábio superior esquerdo, e afirma que tem crescido. No exame clínico foi visto um nódulo
firme, indolor, sem pelos de aproximadamente 3cmx3mm. Foi indicado fazer uma biópsia e
marcado para o mesmo dia.
Realizado o procedimento de exérese tumoral de massa, suspeita de cisto glandular.
Procedimento realizado com anestesia inalatória, eletro cauterizador e sutura com fio náilon 4-
0. A tutora quis realizar o exame de histopatológico e a amostra foi enviada para a DiagVet,
em Lages.
Na avaliação macroscópica: Fragmento de 1,0x0,7x0,5cm com superfície cinza e glabra. Ao
corte, macio e branco. O diagnóstico foi: Epitelioma sebáceo.
Foi receitado para casa Meloxicam 0,5mg- 1 comprimido via oral, a cada 24 horas, durante 3
dias; Dipirona gotas – 6 gotas via oral, a cada 8 horas, durante 2 dias; limpar a lesão três vezes
ao dia, com solução fisiológica e gaze; fazer o uso do colar elizabetano seguindo as
orientações do veterinário.

Figura 22: Pós exérese tumoral

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

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4.1.5. Mastectomia

As neoplasias de glândula mamária dos felinos e caninos tem um fascínio notável para os
oncologistas por causa de suas semelhanças com o tumor de mama humano. Sendo a terceira
neoplasia mais encontrada em felinos (MORRIS; DOBSON, 2001), É necessário o ato de se
administrar um maior número de fármacos, não resulta em maior depressão da função
cardiovascular e respiratória, acontecendo justamente o contrário, na maioria das vezes
(FANTONI; CORTOPASSI, 2010)

Paciente fêmea, SRD, doze anos de idade, não castrada no momento da consulta. Tutor relatou
que há sete meses atras uma mama aumentou de volume e apresentou uma ferida. Começou a
tratar, mas começou a crescer muito rápido. No exame clínico observou-se massas caudais
muito grandes (figura 23). Foi indicado a mastectomia, mas o tutor estava com receio devido a
idade da cadela.
Passou-se algumas semanas e o tutor agendou o procedimento. Foi realizado um
eletrocardiograma com laudo, cujo resultado foi: Arritmia sinusal com algumas pausas
sinusais. Bloqueio atrioventricular de primeiro grau = sugerimos que evite o emprego de
fármacos alfa 2 agonistas (ex. xilazina) neste paciente; uma radiografia com laudo (figuras 24
e 25) e exames de sangue, como hemograma e perfil bioquímico básico. Iniciando os
preparativos para entrar em procedimento, o tutor telefonou para a clínica e relatou que estava
pensando em eutanásia, por ser uma cirurgia grande e ela já ter uma certa idade, sem falar nos
cuidados pós, mas em conversa, e explicando detalhadamente como tudo iria ocorrer, ele
mudou de ideia.
Foi realizado então a mastectomia das mamas caudais, ficando duas craniais esquerdas e uma
cranial direita. Realizado também a OSH, onde se notou que havia piometra. A massa pesou
2,440Kg.
Após a cirurgia o animal foi internado e começou-se as medicações: Clindamicina – 1,65ml
IM, a cada 12 horas, durante quatro dias; Meloxicam 2mg – 1 comprimido VO, a cada 24
horas, durante 7 dias; Dipirona – 1,1ml IM, a cada 12 horas, durante 5 dias; Cronidor 80mg –
1,5 comprimido VO, a cada 12 horas, durante 3 dias; Tramadol – 3,5ml SC quando
necessário; Gaviz 20 – 1 comprimido em jejum, VO, durante 10 dias; Curativo – duas vezes
ao dia, limpando com gaze e clorexidine aquosa, passando Hirudoid nos edemas e Vetagloos
na incisão. Foi colocado atadura durante cinco dias.

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A paciente ficou sob nossos cuidados até a retirada de pontos, que se deu com doze dias. Teve
uma ótima recuperação, tendo em vista, que foi um procedimento grande, com bastante área
de tensão.

Figura 23: Vista dorsal e lateral da massa.

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

Figura 24: Laudo radiográfico

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Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

Figura 25: Radiografia de três posições: LLD, D e LLE.

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

4.1.6. FLAP

28
O flap de terceira pálpebra consiste em imobilizar a terceira pálpebra por cima do globo ocular
com a finalidade de constituir uma barreira física para proteção da córnea,esse processo de
cicatrização são acelerados,fazendo a diminuição da dor e redução da evaporação do filme
lacrimal. (GALERA et al., 2009)
Foram atendidos dois pacientes que realizaram o procedimento de Flap. O primeiro, um cão
macho, não castrado, da raça Pinscher de dez anos de idade. O tutor veio até a clínica, em
horário plantão, com a queixa de que estava roçando a grama quando uma pedra ricocheteou
no olho esquerdo do animal. No exame clínico avaliou-se aumento de volume (pressão), lesão
de aproximadamente 4 mm dorsoventral na córnea. Sangue na câmara anterior. Foi receitado
Meticorten 5mg – 1 comprimido VO, a cada 24 horas, durante 5 dias. Uso oftálmico: Nevanac
uno – aplicar 1 gota no olho esquerdo, quatro vezes ao dia, durante 10 dias; Tobramicina
colírio – aplicar 1 gota no olho esquerdo, 8 vezes ao dia, durante 10 dias; Lacri – aplicar 1
gota no olho esquerdo, 4 vezes ao dia, durante 7 dias; Recomendações: Uso do colar, retorno
com três dias;
No retorno, o tutor relatou que no caminho até a clínica houve uma descementocele rompida
de aproximadamente 0,5 cm. Foi anestesiado o animal para a realização do procedimento do
flap de 3º pálpebra em olho esquerdo. Receitado: Agemoxi CL 50mg – 1 comprimido VO a
cada 12 horas, durante 10 dias; Meloxicam 0,5mg – 1 comprimido VO, a cada 24 horas,
durante 3 dias. Recomendado continuar com os colírios e retorno com 10 dias.
Após sete dias, o tutor retornou até a clínica para uma nova ancoragem no flap, pois o olho
está menor e uma porção da lesão estava exposta (figura 26).

Figura 26: Ancoragem no flap.

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Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

O segundo caso, era uma cadela castrada, Golden Retriever de treze anos de idade. Foi
realizado flap de 3º pálpebra em olho direito. Realizada cauterização superficial do terço
médio do bordo palpebral direito.

4.1.7. SUTURA

30
A sutura é um procedimento feito quando existe a necessidade de fechar uma incisão na pele,
em uma mucosa, músculos, vasos sanguíneos ou até em órgãos,utiliza-se em ferimentos de
mordidas e cirúrgicos,deve-se sempre ser feita com correto cuidado e profilaxia.

Paciente canina, fêmea castrada, SRD, seis anos de idade. O tutor havia ligado para a clínica
avisando que a paciente foi atacada por um, provável animal silvestre, e que estava a caminho
da clínica, que o caso era grave e não sabia se chegaria com vida. Quando a paciente chegou,
no exame clínico foi observado desidratação, dor intensa, decúbito lateral e múltiplas
lacerações, principalmente no pescoço (figura 27 e 28). Foi feito o acesso venoso na paciente
e coletado sangue para a realização do Hemograma e Perfil Hepático e Renal. Foi realizado a
tricotomia das lesões, seguido de limpeza externa com gaze e clorexidine aquosa (figura
29,30,31 e 32).

Figura 27 e 28: Paciente assim que chegou na clínica.

Figura 29,30,31 e 32: Pós tricotomia e limpeza externa.

A paciente foi anestesiada para ser realizado a limpeza profunda e sutura. Foi colocado um
dreno, pois havia muita secreção que precisava ser drenada. A mesma se manteve estável
31
durante todos os procedimentos. Após a sutura, ela foi internada e teve as seguintes
prescrições: Ceftriaxona 20% - 2,6 ml IV, a cada 12 horas, por 7 dias; Meloxicam 2% - 0,18
ml SC dose única; Enrofloxacina – 0,9 ml SC, a cada 12 horas por 7 dias; Meloxicam 2 mg –
1 comprimido VO, a cada 24 horas por 5 dias; Dipirona – 0,9 ml IM a cada 12 horas, por 3
dias; Tramadol – 2ml SC, quando necessário; Rilexine 600 – 0,5 comprimido VO, a cada 12
horas por 10 dias; Enrofloxacina 150 mg – 0,5 comprimido VO, a cada 12 horas por 10 dias;
Gaviz 20 – 1 comprimido VO em jejum, a cada 24 horas por 10 dias. Além das medicações
era feito o curativo duas vezes por dia, limpando com gaze e clorexidine aquosa e passando
Hirudoid nos edemas e hematomas e Vetaglos nas incisões e ferimentos pequenos;

Por se tratar de uma grande área atingida, começou a ter necrose, que em poucos dias foi
realizado o desbridamento da área e começamos a fazer o curativo com açúcar cristal, gaze e
atadura. A recuperação da área afetada foi ótima, a cada dia que passava, a melhora era nítida
(figura 33).

Com 14 dias foi retirado os pontos e a paciente recebeu alta para finalizar o tratamento em
casa. Foi recomendado a limpeza diária da lesão, pelo menos duas vezes ao dia, um certo
repouso, visto que ela tinha vida livre e passar Fitofix Gel nas lesões.

Figura 33: 10 dias após o ocorrido, fazendo curativo com açúcar.

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

32
4.1.8 URETROSTOMIA

A Uretrostomia é o nome dado à técnica cirúrgica que consiste na abertura de uma fístula na
uretra do animal, Entre as afecções mais comuns na clínica,Esta técnica é empregada em cães
e gatos como uma das opções terapêuticas para desordens do sistema urinário ,sendo a
obstrução decorrente de urolitíase a principal delas (KOGIKA, 2015).
Paciente macho castrado, SRD, doze anos de idade, chegou no consultório com a tutora
relatando que a dois meses o animal começou a urinar estranho, não levantando a pata. Com a
evolução perceberam que estava urinando em gotas. Três dias atrás, antes de virem para
atendimento, levaram para um colega que recomendou ultrassom, onde identificaram nódulos
no testículo e hiperplasia prostática. Foi cadastrado no dia anterior que chegou aqui.
Foi realizado uma radiografia para verificar a posição e quantidade de cálculos, (figura 34)
seguido da tentativa de desobstrução uretral, com hidropropulsão, porém, não foi possível
deslocar todos os cálculos. Após a tentativa, foi realizado outra radiografia (figura 35).
Animal ficou internado para a realização do procedimento de cistotomia com tentativa de
desobstrução do canal uretral, obstruído na porção caudal do osso peniano. Depois de várias
tentativas sem sucesso, optou-se pela uretrostomia cranial a bolsa testicular (figura 36).

Figura 34: Radiografia antes da sondagem.

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

33
Figura 35: Radiografia pós sondagem

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

Figura 36: Pós cirúrgico.

34
Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

Após a cirurgia animal foi internado e teve as seguintes prescrições: Ceftriaxona 20% - 3 ml
IM, a cada 12 horas, por 10 dias. Meloxicam 2mg – 1 comprimido VO, a cada 24 horas, por 5
dias. Dipirona – 1ml IM, a cada 12 horas, por 3 dias. Cronidor 80mg – 1,5 comprimido VO, a
cada 12 horas, por 3 dias. Agemoxi CL 250mg – 1 comprimido VO, a cada 12 horas, por 10
dias. Além das medicações, era feito o curativo, duas vezes ao dia.

4.1.9. OSH

A Ovariosalpingo-histerectomia, é considerada o melhor método de controle populacional,


pois evita o sacrifício em massa ,previne doenças reprodutivas (STONE, CANTRELL e
SHARP apud SLATTER, 1998) a técnica de castração minimiza o aparecimento de certas
anomalias congênitas, endócrinas e dermatológicas (FOSSUM, 2005).
Durante o período de estágio foram realizadas oito Ovariosalpingohisterectomia, sendo duas
até dez quilos, três de dez a vinte quilos e duas de vinte a trinta quilos. Nas OSH particulares,
o exame Hemograma e o acesso venoso eram realizados.
As OSH de até dez quilos foi a paciente que também fez o procedimento de Herniorrafia.
Fêmea, maltês, dez meses de idade. Realizado com anestesia inalatória; receitado para casa
Meloxicam e Dipirona, e realizar a limpeza da incisão duas vezes ao dia e aplicar Rifamicina.
A outra, uma fêmea Dachshund de quatro anos de idade, que veio para uma cesariana eletiva e
posterior OSH. Nasceram três fêmeas e um macho, todos saudáveis.
As OSH de dez a vinte quilos: Primeira paciente, fêmea, SRD, dois anos de idade. Realizado
com anestesia inalatória; Náilon 2-0 em cotos, fáscia, em vasos uterinos, redução de pele.
Paciente ficou internada e foi medicada com Meloxicam e Dipirona, e realizado o curativo. A
segunda paciente, uma fêmea SRD, de dez meses de idade. Realizado com anestesia
35
dissociativa. Náilon 3-0 em toda cirurgia. Paciente também ficou sob nossos cuidados, sendo
medicada com Meloxicam e Dipirona, e o curativo sendo realizado duas vezes ao dia. A
terceira paciente, uma fêmea SRD, de um ano de idade. Realizado com anestesia dissociativa.
Náilon 2-0 em toda cirurgia. Receitado Meloxicam e Dipirona, e limpeza diária da incisão e
aplicação de Rifamicina Spray.
As duas OSH de vinte a trinta quilos: Fêmea Pit Bull, um ano de idade. Realizado a OSH
piometra, paciente apresentou um sangramento de coto de colo uterino resolvido
imediatamente, porém, apresentou sangramento capilar mais intenso que o normal,
provavelmente devido ao processo inflamatório da piometra. Utilizado náilon 2-0 em toda
cirurgia. Paciente ficou internada tomando Enrofloxacina 150 mg, Meloxicam e Dipirona,
além do curativo diário. Foi prescrito para casa a Enroflocaxina 150 mg – 1 comprimido VO,
a cada 12 horas durante 7 dias e Meloxicam 2 mg – 1 comprimido VO, dose única. A outra
paciente, uma fêmea SRD de doze anos de idade, veio para uma mastectomia e já foi realizado
a OSH.
Já as castrações solidárias foram nove no total. Geralmente são animais resgatados de ruas e as
instituições que abrigam estes animais, logo os castram, a fim de evitar crias indesejáveis,
atropelamentos e disseminação de doenças.

4.1.10. Orquiectomia

Orquiectomia é o termo cirúrgico que descreve a ação de retirada dos testículos ,é tida como
um método de controle populacional de eleição, (CARVALHO et al; 2007). É um
procedimento comumente realizado na prática veterinária de pequenos animais, que ajuda a
prevenir patologias hormônio-mediadas como prostatopatias, adenomas perianais e hérnias
perineais.
Durante o período de estágio foi acompanhado três casos de orquiectomia.
O primeiro deles, um cão macho Spitz de sete meses de idade. Com anestesia inalatória,
náilon nos cotos e pede e poligalactina na redução. Receitado para casa Meloxicam e
Dipirona, além da limpeza diária e aplicação de Rifamicina Spray.
O segundo, um gato macho SRD, de dois anos de idade. Realizado com anestesia dissociativa.
Receitado Meloxicam e Dipirona, além do curativo e aplicação de Rifamicina Spray.
36
O terceiro, um gato macho SRD, de oito meses de idade. Realizado com anestesia
dissociativa. Receitado Meloxicam e Dipirona, além do curativo e aplicação de Rifamicina
Spray.

4.2. ATENDIMENTOS

4.2.1. ESPOROTRICOSE

A Esporotricose é uma micose sub-cutânea caracterizada por lesões nodu-lares que podem
supurar ou ulcerar. Tem evolução subaguda ou crônica na maior parte dos casos. É
uma micose subcutâ-nea, caracteristicamente pápulo-nodular, em fase pré-
37
clínica avançada e ulcero gomosa, naquela tardia. (Schenck, 1898)

Foi atendido um caso de Esporotricose durante o período de estágio. Gata, fêmea, castrada,
SRD, de um ano e onze meses de idade. No dia do atendimento, os tutores relataram que há
uma semana atrás notaram que a paciente estava com um andar diferente e notaram uma
feridinha na pata. No dia seguinte levaram para uma colega que espremeu achando ser um
bicho-de-pé, receitou Enrofloxacina 50 mg, 1/4 a cada 24 horas por 10 dias e também
Meloxicam (não souberam informar a dosagem e duração do tratamento). O Meloxicam
acabou hoje pela manhã, e a tutora pegou uma amostra grátis de Percoide 3mg/ml no trabalho
(2ml a cada 24 horas). Relataram que já haviam começado um antibiótico em casa, por conta
própria (não souberam informa o nome). Depois que a colega espremeu a ferida, notaram que
teve um grande aumento da lesão. Compararam o tamanho do coxim dos dedos da pata
esquerda com o coxim lesionado. No exame clínico notou-se uma lesão no terceiro digito e
coxim da pata direita.
Foi realizado uma radiografia (figura 37) onde o Dr. Constatou uma luxação da falange distal
e um processo inflamatório bem intenso de tecidos moles. Realizado também o hemograma,
que acusou uma Trombocitopenia. Olhando todo o histórico da paciente, percebemos que ela
já havia feito um hemograma, que havia dado as plaquetas baixas, com isso, pedimos a
autorização do tutor para realizar o teste de FIV/FELV, já que o vírus da Imunodeficiência
felina afeta as plaquetas, e o teste deu negativo.
Foi realizado uma citologia de pele no laboratório Diagvet (figura 38), onde confirmou-se o
diagnóstico de Esporotricose. Foi receitado para casa Itraconazol 40mg, administrar 1 cápsula
VO, a cada 12 horas por 30 dias.

Figura 37: A: Posição médio lateral. B: Posição dorso palmar.

A B
Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

Figura 38: Citologia de pele


38
Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

4.2.2. CINOMOSE

A cinomose é uma enfermidade infecto-contagiosa, que afeta cães e outros carnívoros,


causada por um vírus da Família Paramyxovirus, do gênero Morbilivírus, com característica
clínica aguda, subaguda e crônica. (MANUAL..., 2008). Ocorre de forma mundial ,sem
sazonalidade tem uma maior incidência em animais jovens, entretanto pode atingir qualquer
idade (NELSON; COUTO, 2006).
Durante o período de estágio foi atendido um caso de Cinomose. Cão macho, não castrado,
SRD, dois anos de idade. Tutora relatou que o paciente não quis comer, ela ofereceu um
petisco e ele voltou a comer. Na última sexta, ele comeu pouco e ainda estava um pouco ativo.
No dia do atendimento, ela ofereceu vários alimentos e ele rejeitou todos. Notou uma
mudança na respiração (mais ofegante) e secreção ocular, que ela limpou com solução
fisiológica. Paciente não é vacinado. Desmemifugado a uns três meses mais ou menos. No
exame clínico observou-se uma desidratação, secreção ocular, dor na palpação abdominal.

Foi realizado o teste de Cinomose AG, com o swab da conjuntiva, o qual deu positivo.
Paciente foi internado e prescrito as seguintes medicações: Dexametasona 2,5mg/ml – 0,46ml
IV, a cada 24 horas por 3 dias. DMSO – 11,5ml IV, a cada 24 horas, por 5 dias. Vitamina A –
1ml IM, a cada 24 horas por 3 dias; Vitamina B1 – 0,5ml SC dose única; Doxiciclina 50 mg –
1 comprimido VO, a casa 12 horas, por 10 dias.

Paciente respondeu bem ao tratamento, mas a tutora não tinha condições financeiras de mantê-
lo internado até o final do tratamento. Ela assinou um termo de responsabilidade e o paciente
teve alta. A Clínica mandou mensagem perguntando como estava o paciente e a tutora
respondeu que se recuperou 100%.
39
4.2.3. TRANSFUSÃO SANGUINEA

A transfusão de sangue é um procedimento seguro realizado para transferir sangue, ou


componentes dele, de um doador para o sistema circulatório do paciente receptor. O objetivo é
ajudar a restaurar uma perda significativa ou níveis muito baixos dele no corpo. (MILLES,
1987).
Durante o período de estágio foram realizadas duas transfusões de sangue.
O primeiro paciente, um cão macho não castrado, SRD, de dez anos de idade. Segundo o
tutor, o cão era de caça e passou por um trauma em pele, e desde então começou com
engasgos. Foi tratado por outro colega com Tossicanis, Agemoxi 250, e recentemente havia
começado o tratamento com Sulfa+Trimetoprima, onde teve uma leve melhora. No exame
clínico, observou-se taquicardia, mucosas pálidas e magreza. Foi realizado exame de sangue.
Paciente foi internado e teve as seguintes prescrições: Alfapoetina 4000UI – 0,47ml SC, dose
única. Doxitec 100mg – 1 comprimido VO, a cada 12 horas, por 28 dias. Prediderme 20mg –
1 comprimido VO, a cada 24 horas por 5 dias. Gaviz 20 – 1 comprimido em jejum VO, a cada
24 horas, durante 10 dias. Ferro – 5 gotas VO, a cada 24 horas, por 20 dias. Animal não estava
tendo melhora, foi indicado a transfusão sanguínea. O tutor trouxe um outro animal, de 35 kg,
saudável. Animal recebeu transfusão sanguínea, mas não teve melhoras, vindo a óbito por
parada cardiorrespiratória no dia seguinte.
O outro paciente foi um Pinscher, macho, não castrado, 3 anos de idade. O tutor trouxe
uma cadela, Pitbull, 1 ano de idade e pesando 22 kg para realizar a transfusão. Foi realizada a
transfusão de 120 ml de sangue.

4.2.4. Erliquiose

A erliquiose é uma hemoparasitose que atinge cães, gatos, equinos, ruminantes e humanos.
(PEREZ et al., 2005), O gênero Ehrlichia compreende atualmente cinco espécies válidas de
bactérias gram negativas, pertencentes à família Ehrlichiae: Ehrlichia canis, E. chaffeensis, E.
ewigii, E. muris e E. ruminantium (DUMLER et al., 2001;)
40
Durante o período de estágio na Clínica Veterinária e Pet Shop foi atendido um cão
com sinais e suspeita de Erliquiose.
O paciente, um Pinscher, macho, não castrado, 3 anos de idade, apresentava hiporexia
e comportamento prostrado. O tutor havia levado em uma colega que suspeitava de
Erliquiose, mas como não achou o carrapato tratou com Doxitrat e Hemolipet. Tutor conta
que depois achou um carrapato, conversou com a colega que fechou o diagnóstico. Mas relata
que o paciente não quis mas comer. Em conversa com a colega, ela encaminhou o paciente
para a clínica. Animal chegou prostrado e com as mucosas ictéricas. O exame de sangue
apontou uma anemia. O paciente foi internado e foi prescrito Doxitrat (1/2 comprimido via
oral a cada 24 horas por 20 dias), Hemolipet (0,3 ml via oral a cada 12 horas por 20 dias),
Dexametasona2,5mg/ml (0,23 ml via intravenosa a cada 24 horas durante 5 dias), Atropina
0,5 mg/ml (0,12 ml via subcutânea, uma única vez), Izoot B12 (0,16 ml via subcutânea, 15
minutos após a atropina, uma única vez), Emedron (0,15 ml via intravenosa, quando
necessário), além da fuidoterapia com Ringer Lactato. Animal não estava apresentando
melhoras e foi indicado fazer uma transfusão sanguínea.
O paciente começou a apresentar melhoras, as mucosas estavam normocoradas, mas o
comportamento começou a ficar agressivo, como o tutor já havia dito que era o normal dele.
Foi prescrito para casa ainda o Doxitrat e Hemolipet, acrescido de Prediderm 5mg, 1
comprimido via oral, a cada 24 horas durante 3 dias.

4.2.5. TESTES

A clínica conta com testes de Parvovirose, Cinomose, FIV/FELV. Durante o período de estágio foram
realizados um teste de Cinomose e um teste de FIV/FELV.

Cão macho, não castrado, SRD, dois anos de idade. Realizado o teste de Cinomose, o qual deu
positivo.

Gata, fêmea, castrada, SRD, de um ano e onze meses de idade. Realizado o teste de
FIV/FELV, que deu negativo (figura 39).

Figura 39: Teste de FIV/FELV.

41
Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

42
4.2.6. GASTROENTERITE

A gastroenterite é uma condição infecto-contagiosa sujeita a determinados fatores de risco


de transmissão e de manutenção dos agentes na população animal e no ambiente. o curso
clínico da doença e o seguimento da infecção são influenciados pela idade do animal, dose do
vírus recebida, rota da infecção, composição da flora microbiana intestinal, condições
debilitantes e infecções intercorrentes.Mahl (1994) sugeriu variadas causas de gastroenterite
canina e Evermann et al. (1988) acrescentaram a elas algumas viroses do complexo
gastroenterite canina, causadas pelos minutovírus, calicivírus .
Foram atendidos dois cães filhotes com quadro de diarreia intensa. Um deles, cão,
macho, não castrado, 4 meses, mestiço de Pastor Alemão com Rottweiler. Tutor trouxe o
animal até a clínica relatando que o animal esteve em contato com o Glifosato e no dia
seguinte, ele esteve muito prostado. A tarde ele ofereceu uns ossos de frango, o animal
comeu, melhorou, mas depois voltou a ficar ruim, apresentando vômito. Quando o animal
começou a ficar caidinho, levou para a colega M.V., que aplicou uma injeção e prescreveu
Probiótico, Glutamina e Diaziprim. No dia em que trouxe para a clínica, o animal teve
diarreia e foi aconselhado trazer até a clínica. Animal vacinado com uma dose de Inomune e
não vermífugado.
No exame clínico teve dor na palpação no terço final do intestino e estava desidratado.
Foi internado e foi prescrito: Glicofisiológico 5%; Ringer Lactato; Metronidazol (29 ml IV a
cada 12 horas durante 7 dias); Emedron (0,48 ml IV quando necessário); Gaviz 10 (1
comprimido em jejum, a cada 24 horas durante 10 dias); Ceftriaxona 20% (1,42 ml IV a cada
12 horas durante 7 dias); Cerenia (0,95 ml SC quando necessário).
Durante o período em que esteve internado o paciente apresentou vômito e diarreia
sanguinolenta e fétida (figura 22) e comportamento prostado. A introdução de água só se deu
quando não houve mais episódios de diarreia e vômito. No começo, a hidratação era feita de
forma controlada. A inserção de alimentos só foi possível quando o paciente já estava estável.
Para casa, foi prescrito Gaviz 10, 1 comprimido via oral em jejum, a cada 24 horas
durante 20 dias; Stomorgyl 10, 1 comprimido via oral a cada 24 horas, durante 10 dias,
Probiótico, 2 gramas via oral a cada 24 horas até acabar, Endogard, 1 comprimido via oral,
dose única, repetir com 14 dias.

43
Figura 22: Diarreia sanguinolenta.

Fonte: Arquivo pessoal, 2022

O segundo paciente, um Pinscher macho, não castrado, oito meses de idade. No


exame clínico o animal apresentou desidratação, bradicardia, bradipneia, hipermotilidade
intestinal, 38,1ºC e sangue com fezes no termômetro, além do comportamento prostado.
Paciente foi internado com as seguintes prescrições: Ringer Lactato; Glicofisiológico 5%;
Metronidazol – 6 ml IV a cada 12 horas durante 10 dias; Ceftriaxona 20%- 0,3 ml IV a cada
12 horas durante 7 dias; Gaviz 10 – 1 comprimido em jejum a cada 24 horas durante 10 dias;
Dipirona – 0,1 ml IM quando necessário; Cerenia – 0,2 ml SC quando necessário. Foi feito
alguns ciclos de fluido de três minutos com o equipo aberto. No dia seguinte, o animal
continuava com a diarreia intensa e sanguinolenta, mesmo na fluido, medicações e com todos
os cuidados, veio a óbito.

44
4.3. EXAMES

4.3.1 EXAMES DE SANGUE E IMAGEM

Durante o período de estágio acompanhei 63 coletas e realizações de hemograma e 30 de


perfil bioquímico. As coletas eram feitas na veia jugular e o exame realizado na clínica
mesmo. Acompanhei também 38 realizações de radiografias, conforme o gráfico 01, sendo os
membros pélvicos e torácicos os mais comuns.

Gráfico 01: Radiografias.

Radiografias
Tórax Abdômen
21% 18%

Coluna vertebral
8%

Crânio
5%
Membros torácicos
24%

Membros pélvicos
24%

Fonte: Elaborada pela autora, 2022.

45
4.4. CONSULTAS E IMUNIZAÇÕES

4.4.1 Consultas

Durante o período de estágio foram acompanhados 64 atendimentos com diversos sistemas do


corpo acometidos. A maioria das avaliações eram pré-operatórias e sobre imunizações. As
queixas nas consultas eram sobre: Otites, fezes com sangue, inapetência, artrite/artrose,
luxação, piometra, tosse, dermatite, cisto labial, hérnia, mastocitoma.
Foram acompanhados também a aplicação de 79 vacinas, que estão descritas na tabela 2.

Tabela 2 – Descrição dos imunizantes.

Vacina N total
Bronchishield 1
Giárdia 11
Leishtech 1
Polivalente V4 1
Polivalente V5 4
Polivalente V7 18
Polivalente V10 13
Proheart 4
Puppy 1
Raiva 17
Vanguard Oral 4
Vencomax 4
Total 79

Fonte: Elaborada pela autora, 2022.

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5. CONCLUSÃO

A Clínica Veterinária e Pet Shop EVJ é referência na região, pois, conta com
profissionais excelentes, boa estrutura e equipamentos, que permitem auxiliar na abordagem
ideal para cada caso. Além disso, é a única clínica da região que possui tamanha estrutura,
sendo muito reconhecida e procurada pelos tutores. Aos finais de semana possui grande
movimento de plantões, visto que o veterinário é o único da região que atende nestes dias.
A realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária
proporcionou a estagiária o acompanhamento prático dos conhecimentos adquiridos durante a
graduação, numa rotina profissional com casuística significativa na área de clínica, cirurgia e
diagnóstico por imagem. As tomadas de decisões mediante em cada caso clínico contribuíram
para a formação de uma opinião pessoal mais crítica. Vivenciar o período de estágio foi muito
importante para mim, pois consegui conhecer e acompanhar de perto casos que só ouvia a
teoria durante a graduação. Com certeza, saio do estágio com uma carga de experiencias
grande e com sede de buscar mais conhecimento.

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6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARDOSO, Tiago et al. Anemia Hemolítica Autoimune: Relato de caso. Revista Científica
Eletrônica de Medicina Veterinária, ano VII, n. 13, p. 1-4, jul. 2009.

CARLTON, W. W.; McGAVIN, M. D. Patologia Veterinária Especial de Thomson. 2ed.


Porto Alegre: Art. Med, p. 670, 1998.

CARVALHO, M. P. P.; KOIVISTO, M. B. DE; PERRI, S.H.V.; SAMPAIO, T. S. M. C.


Estudo retrospectivo da esterilização em cães e gatos no município de Araçatuba, SP. Rev.
Ciênc. Ext. v.3, n.2, p.81, 2007.

DUMLER, J.S. et al. Reorganization of genera in the families Rickettsiaceae abd


Anaplasmataceae in the order Rickettsiales: unification of some species of Ehrlichia with
Anaplasma, cowdria with Ehrlichia and Ehrlichia with Neorickettsia, discriptions of six v.51,
p.2145-2165, 2001.

JERICÓ, M. M.; NETO, J. P. A.; KOGIKA, M. M. Tratado de Medicina Interna de Cães e


Gatos. Rio de Janeiro: Roca, v. 2, 2015. 1461-1514 p. ISBN 978-85-277- 2643-6.

MAHL, P. As gastroenterites do cão. Cães Gatos, v.9, p.24, 1994.

MILLER, O. et al. Diagnóstico e terapêutica em medicina interna. Rio de Janeiro: Atheneu,


1987

PEREZ, P. et al. Ehrlichia canis detection in symptomatic humans in Venezuela. In: 2005,
Logroño, Espanha. Anais… Logroño: American Society for Rickettsiae and Rickettsiology,
2005. P.45.

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