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Januaceli Felizardo Murta

ESTUDO DA DETERIORAÇÃO DA PEDRA


SABÃO

Escola de Arquitetura da UFMG (EAU-UFMG)


janumurta@gmail.com

Curso de Caracterização e Conservação da Pedra


Belo Horizonte (MG), Brasil | 01 a 12 de dezembro de 2014
Para casar e descasar são coisas que se resolvem rápido.
[...] Mas, com a profissão não tem jeito de fazer assim.
Pra casar, basta amar.
Mas na profissão, além de amar, tem de saber.
E o saber leva tempo.

(Rubem Alves)

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Igreja do Senhor Bom Jesus de Matosinhos. 1880. (Foto de Marc Ferrez).
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1 OROSCO, 1941

SPHAN (Serviço de Proteção Histórica e Artística Nacional, 1937):


intervenções questionáveis, e necessidade de conhecimento técnico.
(SILVA, 2007).
Desgaste, ausência de ações de conservação e manutenção, vandalismo
(mutilações).

Manutenção contribuía para o agravamento dos danos.

Profetas de Congonhas contavam com mais avarias que obras de Ouro


Preto, Mariana e Tiradentes.

Relação entre enriquecimento de ferro e avarias, além de agentes


naturais (aquecimento, variação brusca de temperatura, oxidação pelo ar,
carbonatação pelo CO2, umidade).

(Tombamento IPHAN, 1939; Patrimônio Mundial, UNESCO, 1985)


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1 OROSCO, 1941

Conclusão de Orosco:

Manchas de avarias locais e preexistente (extração, mascarados


durante processo de desgaste e polimento), sem razões para temer a
vida dos monumentos, e sem solução possível.

Evitar limpeza abrasiva; conservar pátina (protege e oculta


avarias); inúteis tratamentos preventivos; ameaçadas por ações
mecânicas, devendo ser evitadas aglomerações.

Fratura “[...] mais danoso para a integridade do monumento do


que os 200 anos de sua exposição ao tempo.” (OROSCO, 1941, p. 207).

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1 OROSCO, 1941

Profetas. OROSCO, 1941, p. 181-182.

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2 PROFETAS NA DÉCADA DE 1940-1950

Igreja do Senhor Bom Jesus


de Matosinhos. 1942-1944.
CARMO, 1973.
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2 PROFETAS NA DÉCADA DE 1940-1950

Igreja do Senhor Bom Jesus de Matosinhos. 1942-1944. CARMO, 1973.

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2 PROFETAS NA DÉCADA DE 1940-1950

Romaria do Jubileu do Senhor Bom Jesus de Matosinhos. 1950. CARMO, 1973.

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3 IDEAS, 1994
Pedra composta por talco, clorita e quantidades variadas de
dolomita (algumas amostras com magnetita, óxido de ferro, hidróxidos,
tremolita, goethita).

Aceleração da deterioração dos profetas;

Novos mecanismos de intemperismo, interligados com poluição


do ar;

Processo de alteração interna da rocha com a formatação do


bloco, bem como extração do mesmo.

Perda de fragmentos, formação de relevos e cavidades, fissuras,


alteração da cor, crosta, sujidade, colonização de microrganismo,
componentes sensíveis da pedra dissolvidos e alterados gerando áreas
permeáveis.

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4 FASE EXPERIMENTAL: Normas

ENSAIOS Norma ABNT

Análise Petrografica ABNT/NBR 15.845/10 – ASTM C-295

“Índices Físicos” ABNT/NBR 15.845/10 – ASTM C-97

Resistência à Compressão ABNT/NBR 15.845/10 – ASTM D-2.938/C-10


Uniaxial

Velocidade Ultra sônica ASTM D-2.845 – EN 12.504-4 (2004)

Resistência à flexão ABNT/NBR 15.845/10 – ASTM C-99/C-880

Determinação da resistência à NP EN 12.370 (2001)


cristalização de sais

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4 FASE EXPERIMENTAL: Material

Pedreira WS Soapstone, Cachoeira do


Campo.

Constituída basicamente por talco,


clorita, carbonato e óxidos.
(LABTECRochas, IGC/UFMG).

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4 FASE EXPERIMENTAL: Envelhecimento

EN NP 12.370, 2001 – Determinação da resistência à cristalização de


sais

Laboratório de Ciências da Conservação do Centro de Conservação e


Restauração de Bens Culturais Móveis da Escola de Belas Artes/UFMG.

Ciclos de imersão em solução de sulfato de sódio (NA2SO4) e secagem


em estufa (105 + 5ºC), até o 15º ciclo.

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4 FASE EXPERIMENTAL: Envelhecimento

Pedra sã: 13.510 m/s


15º ciclo: 11.360 m/s
20º ciclo: 7.000 m/s
(Projeto IDEAS: entre 5.000 m/s e 2.000 m/s).

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4 FASE EXPERIMENTAL: Envelhecimento

Velocidade ultrassom, 1994


Fonte: HERKENRATH, 1994, p. 91.

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4 FASE EXPERIMENTAL: Envelhecimento

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4 FASE EXPERIMENTAL: Envelhecimento

SZ-PT-Estereoscópio SZ-40 Olympus


6.7x

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4 FASE EXPERIMENTAL: Envelhecimento

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4 FASE EXPERIMENTAL: Densidade aparente, porosidade
aparente e absorção de água

ABNT NBR 15.845/10, Anexo B – Densidade aparente, porosidade


aparente e absorção de água

Laboratório de Tecnologia de Rochas do Departamento de Engenharia de


Minas/UFMG.

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4 FASE EXPERIMENTAL: Densidade aparente, porosidade
aparente e absorção de água
Tabela 1 – Ensaio índices físicos da pedra sã
Litologia Amostras Massa A Massa B Massa C pasec pasat ɳa αa
(g) (g) (g) Kg/m3 Kg/m3 % %
1 375,18 375,81 245,5 2879 2884 0,48 0,17
2 370,57 371,18 242,02 2869 2874 0,47 0,16
3 373,04 373,53 243,94 2879 2882 0,38 0,13
PEDRA SABÃO

4 374,07 374,51 243,94 2865 2868 0,34 0,12


5 375,45 375,97 245,04 2868 2872 0,40 0,14
6 371,75 372,12 242,58 2870 2873 0,29 0,10
7 371,93 372,38 241,98 2852 2856 0,35 0,12
8 373,32 373,67 243,79 2874 2877 0,27 0,09
9 375,25 375,65 245,07 2874 2877 0,31 0,11
10 369,31 369,63 240,18 2853 2855 0,25 0,09
MÉDIA 372,99 373,45 243,40 2869,45 2873,16 0,37 0,13
pasec massa especifica aparente seca
pasat massa específica aparente saturada
ɳa Porosidade aparente
αa Absorção d' água aparente
Fonte: Laboratório de Tecnologia de Rochas do Departamento de Engenharia de Minas/UFMG, fev. 2014.
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4 FASE EXPERIMENTAL: Densidade aparente, porosidade
aparente e absorção de água
Tabela 2 – Ensaio índices físicos da pedra após 20 ciclos de desgaste
Litologia Amostras Massa A Massa B Massa C pasec pasat ɳa αa
(g) (g) (g) Kg/m3 Kg/m3 % %
1 375,02 375,30 245,31 2885 2887 0,22 0,07
2 370,47 370,65 241,91 2878 2879 0,14 0,05
3 372,88 373,12 243,81 2884 2885 0,19 0,06
PEDRA SABÃO

4 373,94 374,22 243,81 2867 2870 0,21 0,07


5 375,33 375,61 244,89 2871 2873 0,21 0,07
6 371,62 371,82 242,46 2873 2874 0,15 0,05
7 371,80 372,01 241,86 2857 2858 0,16 0,06
8 373,20 373,43 243,72 2877 2879 0,18 0,06
9 375,14 375,32 344,99 12369 12375 0,59 0,05
10 369,13 369,32 240,12 2857 2859 0,15 0,05
MÉDIA 372,85 373,08 253,29 3821,72 3823,93 0,22 0,06
pasec massa especifica parente seca
pasat massa específica aparente saturada
ɳa Porosidade aparente
αa Absorção d' água aparente
Fonte: Laboratório de Tecnologia de Rochas do Departamento de Engenharia de Minas/UFMG, abr. 2014.
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4 FASE EXPERIMENTAL: Densidade aparente, porosidade
aparente e absorção de água

Autigênese: recristalização de minerais dentro da própria rocha.

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4 FASE EXPERIMENTAL: Capilaridade

Capilaridade: pedra desgastada e sã (150 minutos)

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4 FASE EXPERIMENTAL: Densidade aparente, porosidade
aparente e absorção de água

Capilaridade: pedra desgastada e sã (3 horas)

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4 FASE EXPERIMENTAL: Resistência à Compressão

ABNT NBR 15.845/10, Anexo E – Resistência à compressão uniaxial

Laboratório de Caracterização Tecnológica do Instituto de Geociências –


LABTECRochas, IGC/UFMG

Teste pedra sã: 40,05 Mpa.

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4 FASE EXPERIMENTAL: Resistência à Compressão

Tabela 3 – Resistência à compressão de amostras com 20 ciclos de desgaste

Amostra Área (mm²) Força (KN) Tensão de ruptura


(Mpa)
1 4.872,0 183,2 37,60
2 4.970,3 148,0 29,77
3 4.928,0 196,8 39,94
4 4.886,0 173,4 35,49
5 4.928,0 138,2 28,04
6 4.956,2 185,0 37,32
Média 34,69
Fonte: Laboratório de Caracterização Tecnológica do Instituto de Geociências da
Universidade Federal de Minas Gerais (LABTECRochas – IGC/UFMG), abr. 2014.

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5 APONTAMENTOS

Ciclo inicial lento.

Possível aceleração do desgaste.

Possibilidade da aplicação de consolidação para retardo do


processo de deterioração.

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6 REFERÊNCIAS

CARMO, Joaquim Ribeiro do. Aleijadinho e a dança estática. Belo Horizonte: 1973.

COSTA, Antônio Gilberto. Rochas e Histórias do Patrimônio Cultural do Brasil e de Minas.


Nacional, Bem te vi, 2009.

FIGUEIREDO JÚNIOR, João Cura D’Ars de. Química Aplicada à conservação e


restauração de bens culturais: uma introdução. Belo Horizonte, São Jerônimo, 2012.

Frazão, E. B. e Farjallat, J. E. S. 1995. Seleção de pedras para revestimentos e prioridades


requeridas. Rev. Rochas de Qualidade, São Paulo, n. 124, 8 p.

Frazão, E. B. e Farjallat, J. E. S. 1995. Seleção de pedras para revestimentos e prioridades


requeridas. Rev. Rochas de Qualidade, São Paulo, n. 124, 8 p.

IPHAN. Manual de conservação de cantarias. 2000. Disponível em:


<http://www.iphan.gov.br/baixaFcdAnexo.do;jsessionid=D96C9655A052041E8894E82BEB9
8F23D?id=3091>. Acesso em: nov. 2013.

OROSCO, E. 1941. As avarias nas esculturas do Período Colonial de Minas Gerais. Revista
do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 5: 179-206, Rio de Janeiro.

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6 REFERÊNCIAS

PEREIRA, Carlos Alberto; LICCARDO, Antônio; SILVA, Fabiano Gomes da; SOUZA,
Aderlaine Patrícia de; BRANDÃO, Michelle Crdoso; NUNES, Diego dos Ramos. A arte da
cantaria. Belo Horizonte: C/Arte, 2007. 119 p.

RODELLA, C.B. 2001. Preparação e caracterização de Catalisadores de V2O5 Suportados


por TiO2. Tese de Doutorado. USP, São Carlos.

SILVA, M. E. & Roeser, H. M. P. 2003. Mapeamento de deteriorações em monumentos


históricos de pedra-sabão em Ouro Preto. Rev. Bras. Geoc., 33(4):331-338.

TORRACA, G. (1996): “The Scientist’s Role”, em Historical and Philosophical Issues in the
Conservation of Cultural Heritage, STANLEY PRICE, N.; ET ALL, (Ed) The Getty
Conservation Institute, p. 439 – 450.

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