Você está na página 1de 41

 Noção do Direito Comercial

O comércio teve sua origem desde o início da civilização, baseada na troca directa e
voluntária de bens/produtos, evoluindo para a troca indirecta, por meio da utilização
da moeda, chegando até os dias actuais, no qual conta com elevada tecnologia, a
exemplo dos leilões virtuais. Factor essencial para esse progresso deve-se à
personalidade jurídica atribuída às sociedades, pois com ela grandes
empreendimentos puderam ser criados e desenvolvidos, sem colocar em risco o
património pessoal dos sócios.

Embora seja difícil estabelecer o surgimento do comércio, é certo que desde o início da
civilização o homem sempre lutou por sua sobrevivência e buscou, instintivamente,
conseguir as coisas indispensáveis a sua subsistência.

Passou então a encontrar/produzir bens imprescindíveis, bem como um excedente


para trocar por outros bens, uma vez que não produzia tudo que necessitava.
Nascia, dessa forma, o comércio rudimentar denominado escambo/permuta. Frisa-
se que nessa época o comércio não tinha sentido económico, não visava lucro.

1
De igual forma também é difícil estabelecer o surgimento do Direito Comercial,
actualmente denominado de Direito Empresarial. O que se sabe é que em certo
dado momento de nossa história os comerciantes (a ascensão da burguesia)
reclamaram normas jurídicas para regular a actividade que não era encontrada no
direito comum. O registo mais antigo e notório dessa manifestação foi o Código
de Hamurabi, que além de regular matérias como a pecuária e agricultura, tratou
de cuidar de temas como empréstimos a juros, depósito e contratos de sociedade
Actualmente o Comércio é a actividade lucrativa de produção, distribuição e
venda de bens.
Com o aumento da população e a grande diversidade de interesses e
necessidades, as pessoas começaram a viajar para lugares mais distantes,
oferecendo seus produtos em troca de outros bens.

Percebeu-se, no entanto, que a permuta por si só não mais bastava, pois havia
muitas divergências entre os valores atribuídos aos bens por cada parte
interessada.

2
Na busca de um denominador comum, que permitisse a imediata aquisição de
bens, mediante a simples entrega de um bem de aceitação geral, surgiu a moeda.
 Não obstante a permuta ser praticada até os dias de hoje, sem sombra de
dúvidas a moeda contribuiu para a simplificação e promoção do desenvolvimento
do comércio, com a consequente circulação de riquezas.

Poderíamos definir o Direito Comercial atendendo a expressão essencial


constante no C.com” actos de comércio” e assim definir o Direito Comercial como
o direito dos actos do comércio; ou seja, regula a actividade dos empresários
comerciais, bem como os actos considerados comerciais( ver os artigos 2,3 e 4);
ou seja , o direito comercial(ou mercantil )é um ramo do direito que se encarrega
da regulamentação das relações vinculadas às pessoas, aos actos, aos locais e
aos contratos do comercio.

Assim surgiu a actividade profissional do comerciante, caracterizada pela


intermediação (entre o produtor e o consumidor), pela habitualidade e pelo intuito
de lucro. O comerciante reunia bens no lugar, qualidade e quantidades
necessárias. Segundo Marlon Tomazette “nessa actividade profissional é que
podemos dar os exactos contornos do que se concebe como comércio.”

3
O direito comercial (ou mercantil) é um ramo do direito que se encarrega da
regulamentação das relações vinculadas às pessoas, aos actos, aos locais e aos
contratos do comércio.
O direito comercial é um ramo do direito privado e abarca o conjunto de normas
relativas aos comerciantes no exercício da sua profissão.

A nível geral, pode-se dizer que é o ramo do direito que regula o exercício da
actividade comercial.
Pode-se fazer a distinção entre dois critérios dentro do direito comercial.

O critério objectivo é aquele que diz respeito aos actos de comércio em si mesmos.

Em contrapartida, o critério subjectivo relaciona-se com a pessoa que


desempenha a função de comerciante. trata-se de um direito profissional (na
medida em que resolve conflitos próprios dos empresários), individualista (faz
parte do direito privado e regula relações entre particulares), consuetudinário (tem
por base os costumes dos comerciantes), progressivo (evolui ao longo do tempo)
e internacionalizado (adapta-se ao fenómeno da globalização).

4
Por fim, o direito comercial visa estruturar a organização empresarial moderna e
regular o estatuto jurídico do empresário, entendendo-se como tal a pessoa que
realiza actos de comércio. Por outro lado, os actos de comércio são aqueles que são
levados a cabo com a finalidade de obter lucro.
Autonomia
O Direito Comercial é um ramo autónomo da ciência do Direito. Apesar de alguns
ordenamentos integrarem a matéria comercial no Código Civil, este não perde a sua
autonomia. •
O direito comercial é um ramo do direito que ganha autonomia a partir do século XIV,
XV, com as primeiras sociedades anónimas comerciais que se formaram a partir do
modelo das Companhias das Índias. •
É um ramo jurídico aplicável somente a certos sujeitos, objectos ou relações. O
comércio em sentido jurídico, abarca não apenas o comércio em sentido económico,
mas também industrias e serviços. •

Os actos jurídico-mercantis não se situam somente nos domínios do comércio,


economicamente entendido. Dai advêm o seu carácter dinâmico, inovador,
derrogador das normas de direito comum.

5
•Objecto do Direito Comercial

 Tal como qualquer ramo do saber cientifico tem seu objecto de estudo, o
Direito Comercial que também o tem. O art.1° do Ccom define o objecto
deste ramo a partir do sujeito, o empresário comercial. A compreensão
desta parte, pressupõe antes a compreensão da qualificação do sujeito em
referência. A segunda parte deste artigo, o legislador usou uma terminologia
mais importante no âmbito do estudo deste ramo do direito. Ele não se
preocupou em descrever os tipos de actos de comércio.
 Empresário Comercial como Sujeito do Direito Comercial
A terminologia empresário comercial usada no art. 2° e nos ss art.s do Ccom,
reflecte a evolução do Direito Comercial para a perspectiva moderna do
Direito Comercial. Da evolução dos actos de comércio na conceitualização
do direito comercial passou-se a noção de empresa. O que era designado
comerciante no Código comercial de1888, é aquilo que corresponde hoje ao
empresário comercial. A razão da adopção desta terminologia, resulta não
só da necessidade de adequar a terminologia com a realidade, mas também
da necessidade de conformar aquilo que hoje este sujeito comercial faz em
relação a sua própria actividade. O art.13° do Ccom de 1888, dizia”são
comerciantes”, mas hoje, estabelece o art.2° no seu corpo que são
“empresários comerciais”:
6
a) As pessoas singulars ou colectivas que, em seu nome, por si ou por
intermédio de terceiros, exercem uma empresa comercial. É evidente que ,
o legislador quis abarcar tanto as pessoas singulares quanto as colectivas.
Na verdade, quer umas quer outras podem ser à luz das normas vigentes,
empresários comercial.
No entanto, precisará que exerçam uma actividade comercial nos termos
em que ela está contemplada no art.3° do mesmo código ou seja ,é
empresário comercial aquele que, satisfazendo uma das categorias
previstas neste art.2° exerça uma das actividades qualificadas como
comerciais à luz do art.3°.
Importa aqui referir que, o exercício da empresa comercial nos termos
deste artigo.
Pode ser por meio de terceiros. Naturalmente , tal exercício de terceiro
exigirá autorização do seu dono que em si reunirá antecipadamente os
requisitos para o exercício da empresa comercial.
Neste contexto temos duas espécies de comerciantes, que são: em nome
individual como diz o art.9° do C.com em que distingue os comerciantes
que são pessoas singulares . E os comerciantes em nome individual que
são que são as pessoas colectivas, ou seja , as sociedades.

Condições indispensáveis à aquisição de comerciante são as seguintes:


A capacidade: podem exercer o comercio todos os que se acharem livre a
administração de suas pessoas e bens, de acordo com as regras do C.Civil.

7
 A intermediação: em que o comerciante é colocado entre o produtor e o
consumidor.
 A especulação do lucro: em que é preciso estar presente
 A profissionalidade: o exercício efectivo.
É de referir que temos as sociedades civis em que a solução tradicional
sustenta que não são comerciantes . No entanto , estão sujeitas por
equiparação ao regime das sociedades comerciais.
Empresas Públicas não são qualificáveis como comerciantes, mas pela lei
estão equiparadas à capacidade jurídica e às normas aplicáveis as suas
actividades. Elas são constituídas com base no direito comercial, mas
denominadas pelo Estado como podemos ver no art.15° do C.com.
As sociedades comerciais são pessoas colectivas como refere o art.9° do C.
com , em que a natureza dos comerciantes não se compra , nem se vende e
que só se dedicam a determinados requisitos do art. 16° do C.com.
É de referir que os agricultores, os artesãos e os profissionais liberais são
categorias de empresários não comerciais que a lei qualifica “comerciais “
por exercerem uma actividade em nome e por conta própria.

8
 Interpretação e fontes do Direito
fontes do Direito são os modos de formação e revelação das normas
jurídicas. A doutrina distingue entre fontes imediatas e fontes mediatas,
tendo em conta os modos de formação e revelação respectivamente. O
estudo das fontes do Direito, é feito em quase todos os ramos do Direito da
mesma maneira distinguindo-se fontes internas e fontes externas.
Assim sendo, no direito Comercial temos também fontes internas e externas.
As fontes internas são:, a Constituição, a lei ordinária decreto-lei, o decreto
e para além dessas existem outras fontes como a jurisprudência e a
doutrina, os regulamentos(governo, autarquias locais).

Primeiro , a Constituição da Republica, contém um conjunto de normas que


prevalecem sobre todas as demais leis em vigor no ordenamento jurídico.
N°4 do Art.2 CRM
No entanto, existem na Constituição normas com alcance directo sobre o
exercício da actividade comercial a que alguma doutrina chamaria de

9
Constituição Comercial para distinguir da Constituição Fiscal, Constituição
Económica, etc. Contudo, revela mencionar que há de facto, como dissemos
anteriormente, disposições de alcance directo a vida comercial. A esse propósito,
podem-se citar os artigos 101, 102, 103,104, 105,106 , 108 , e particularmente o
artigo 107 todos da CRM.
A segunda Fonte, o Código comercial. Aprovado pelo Decreto Lei n°2/2005, de 27
de Dezembro, constitui o principal instrumento de regulação da actividade em
Moçambique e nos termos do seu art.1°, a lei comercial regula a actividade
dos empresários comerciais, bem como os actos considerados comerciais.
 A terceira, as leis ordinárias onde se identificam as seguintes: (Lei n°9/79 de
10 de Julho), que define a Constituição tipo e forma de organização
cooperativa de Moçambique,
 Lei n°10/2006 de 23 de Dezembro, que visa adequar o C.comercial ao
imperativo da modernidade, segurança e eficácia da justiça; Lei n°7/79 de
Julho, que cria a base legal para licenciamento e funcionamento do sector
privado em Moçambique;
 A Doutrina é o resultado do estudo que é feito a respeito do direito; pode-se
considerar os usos e costumes.

10
 Relativamente as fontes externas, compreende o conjunto de instrumentos
internacionais assinados e ratificados por Moçambique. Fazem parte os
protocolos e tratados em matéria comercial.
 Neste contexto temos as Convenções Internacionais Art.18 da CRM, Ass
normas constantes de convenções internacionais regularmente ractificadas
ou aprovadas vigoram na ordem interna após a sua publicação oficial e
enquanto vincularem internacionalmente o Estado Moçambicano.
 Regulamentos e Directivas da Carta das Nações Unidas e da Carta da União
Africana. Art.17 CRM.
A analogia
A analogia presume um vácuo normativo e age como um processo de
integração do sistema jurídico preenchendo lacuna, enquanto a
interpretação extensiva (parte de uma norma e resolve um problema de
insuficiência verbal) é uma maneira de interpretação.

11
 Costuma-se distinguir a analogia legis (legal) da analogia juris (jurídica).
Analogia legis: consiste na aplicação de uma norma existente, destinada a reger
caso semelhante ao previsto. A sua fonte é a norma jurídica isolada, que é
aplicada a casos idênticos.
 Analogia juris: baseia-se em um conjunto de normas para obter elementos que
permitam a sua aplicação ao caso sub judice não previsto, mas similar.

 Trata-se de um processo mais complexo, em que se busca a solução em uma


pluralidade de normas, em um instituto ou em acervo de diplomas legislativos,
transpondo o pensamento para o caso controvertido, sob a inspiração do
mesmo pressuposto. É considerada a autêntica analogia, por envolver o
ordenamento jurídico inteiro”.

12
 Características do Direito Comercial
 Cosmopolitismo, e um ramo tendencialmente universal se assumirmos a
funcionalidade do exercício do comércio. Temos como exemplos: -contratos
comerciais internacionais que não raras vezes diferem bastante no regime
com os contratos do direito interno. Contudo, o internacionalismo do Direito
Comercial prevalece como sua característica tendencial.

13
Dinamismo- É um direito de rápida evolução.Esta característica é de facto
intrínseca à natureza da actividade que a lei comercial regula. O exercício do
comércio de pr si, não se compadece com a estatecismo. Prova disso é o
surgimento de novas formas de contratação comercial, ou seja , novos contratos
comerciais que muitas vezes o legislador não os acompanha com a devida
regulamentação;
Flexibilidade-Esta característica está associada a anterior. É um direito flexível, um
direito que admite margens de manobra dos seus actores;
Informalismo- Que equivale dizer que o direito comercial é tendencialmente um
direito informal, no sentido de que não obedece no processo da sua aplicação
requisitos rigorosos tal como acontece no Direito Civil. Por exemplo, os
mecanismos de prova dos actos comerciais são mais simples se comparados
com os do Direito Civil;
Presunção de solidariedade- Em direito comercial vigora a presunção de
solidariedade entre os sócios. Tem em vista dar maior segurança no fluxo
comercial;
Onerosidade- o direito comercial envolve em regra actos não gratuitos, a
gratuitidade não é norma em Direito Comercial. Por exemplo, o mandato civil
pode ser gratuito ou oneroso nos termos do art.1158° do C.Civil. O mandato
comercial é sempre oneroso.
14
Liberdade de concorrência- É uma característica associada ao modelo económico
em vigor do qual resulta a liberdade de exercício do comércio; Protecção do
crédito e da boa fé - Exactamente pelo facto de ser um ramo tendencialmente
informal e flexível, preocupa-se com a protecção do crédito e a boa fé entre os
operadores comerciais permite que as negociações e a contratação corra com
maior fluidez;
Facilidade da prova- A matéria da prova em direito comercial não é tão forte tanto
quanto o direito civil. O simples recibo de compra de certa mercadoria
constante da escritura mercantil do empresário comercial, prova a existência
do contrato de compra e venda mercantil.
Actos de Comércio: É todo o acto praticado habitualmente com o objetivo de lucro,
para mediação, circulação e intermediação de bens e serviços. É acto jurídico. É
composto de 2 elementos: Causa motivo
e .
Características de Actos de Comércio:
são actos de intermediação mercantil;
visam lucros para os agentes que os realizam;
são praticados habitualmente
são realizados em função da profissão

 
   15
Actos de comércio- são actos de comércio os actos praticados no exercício de
uma empresa comercial de onde resulta que não são apenas actos de comércio
os contratos, mas também todos os actos praticados no exercício da empresa
comercial das quais emanam obrigações comerciais .vide ;al. b) n°1 do art.4° c.
com. No entanto, nem todas as disposições do C. comercial reflectem-se na
ideia essencial dos actos de comércio strictu sensu, embora se assuma que o
nosso Direito comercial é um Direito dos actos de comércio e da empresa.
Ex: factos lícitos, art.180°. 293° n°2 c.com
Ex: actos jurídicos ilícitos, art.24° c.com
Ex: negócios jurídicos, art.477° c.com

A disposição do art.4°c.com, tanto abarca os actos praticados de forma isolada ou


ocasional, quer por empresário comercial, quer por não empresário comercial,
como também todos actos associados à organização da empresa comercial
tendentes a obtenção de lucros. No entanto, excluem-se, aqueles que ocorrem
sem verificação da vontade humana. Ex: falecimento de um sócio de uma
determinada sociedade. Este facto ocorre com repercussões na vida da
sociedade, mas em si não consubstancia qualquer facto que como tal se deva
integrar como sendo de comércio.

16
 Temos actos exclusivamente civis, aqueles que não tem qualquer
potencialidade de consubstanciar actos de comércio, por isso nunca seriam
regulados na Lei Comercial.ex: o casamento ou a perfilhação praticada pelo
empresário comercial
 Classificação dos Actos de Comércio :A existência dos actos de comércio é
anterior à dos comerciantes pois para ser comerciante é indispensável a prática
profissional dos actos de comércio e estes existem sem que os que o praticam
possam ser considerados comerciantes.
 Os actos de comércio são divididos em:
 Actos de comércio subjectivo, são aqueles classificados como tal em função
do sujeito que os pratica, isto é, a qualificação do acto como sendo do comércio
terá como base o ou, a pessoa que à luz do art.2°c.com, pratica uma daquelas
actividades previstas. Ex: os actos praticados pelo empresário comercial no
exercício da empresa comercial se presumem de comércio, salvo se das
circunstancias que rodearam o acto. Se por exemplo usou o capital social, se
praticou uma compra com intenção de revenda, etc.
Actos de comércio objectivo, é todo aquele acto que independentemente do
sujeito ou da qualidade de sujeito, encontra-se previsto no Código comercial ou
Código Civil ou ainda qualquer legislação extravagante que qualifica o tal acto
como sendo de comércio. Conf.o n°1 do art.4° do Ccom.

17
.d) Acto Bilateralmente e unilateralmente comerciais; os bilaterais têm carácter
comercial em relação a duas partes. Os unilaterais são actos que apenas são
comerciais em relação a uma das partes e civis em relação à outra art. 5°C.
com. O regime jurídico dos actos bilateralmente comerciais são diferentes
pois, não suscitam duvidas, enquanto os actos unilateralmente que por vezes
sucinta duvidas em saber se serão sujeitos ao regime da lei civil ou da lei
comercial. A solução está no art.99 do C.com.
e) Actos de Comércio absolutos e Acessórios os actos absolutos são comerciais
devido à sua natureza intrínseca que radica do próprio comercio, ou seja , são
actos gerados pelas necessidades da vida comercial. Existem duas espécies
de actos, uns (a maior parte) que são actos caracterizados por actividades
que tornam o objectivo do Direito Comercial e os outros são os actos em
razão da sua forma, u seja, do objecto sobre o qual incidem.
f) Actos de comércio por conexão, os actos cuja comercialidade a lei outorga
tendo em consideração a sua especial relação com certo acto de comércio, ou
com o comércio, ou seja, são actos comerciais em razão da sua peculiar
ligação a u

18
h) Actos de comércio causais e abstractos: o acto causal é todo o acto que a lei
regula a realizar uma determinada causa função jurídico económica, ao
passo que os actos abstractos revelam uma multiplicidade de causas
funções que dele resulta uma vida independente, como por exemplo: a letra
de cambio em que pode estar subjacente a uma compra e venda. Contudo, o
acto abstracto tem sempre subjacente um outro acto jurídico que é a causa
mediata. Na verdade o acto de comércio abstracto tem também uma causa.
No entanto, esta causa não é típica, podendo integrar-se numa das
diferentes relações jurídicas integradas ao acto. Ex:- negócios jurídicos
cambiários que são negócios praticados no âmbito dos títulos de crédito, que
tanto podem ser de origem de um contrato de compra e venda, de
empréstimo, etc. ou ex: Compra e venda tem por causa a alienação de um
bem mediante a aquisição de um preço.
i)Actos de comércio puro, os actos comerciais relativamente a todos os sujeitos,
são também designados actos bilateralmente comerciais (os dois
intervenientes são empresários comerciais).
j) Actos de comércio misto, também designados unilateralmente comerciais
são-no relativamente a uma das partes e nos termos do art.5° Ccom, são
regulados à luz do código comercial, em relação a todos os contratantes com
excepção daqueles que são aplicáveis aos comerciantes pela natureza de
ser empresários comerciais .
19
l) Actos de comércio formalmente comerciais, os que são regulados na lei
comercial como um esquema formal que permanece aberto para dar cobertura
a qualquer conteúdo e abstraem no seu regime de objecto ou fim para que são
utilizados. Ex: letras, livranças e cheques. Actos substancialmente comerciais,
são aqueles que representam actos próprios de actividades materialmente
mercantis. Contudo só adquire a qualidade de comerciante quem pratica
actos substancialmente comerciais, sendo irrelevante a pratica de actos
formalmente mercantis.
Figuras Afins do Empresário Comercial
Assim sendo temos : Mandatário Comercial-traduz-se na pratica de um ou vários
actos de comercio realizados pelo mandatário e que produzem uma serie de
efeitos jurídicos na esfera jurídica do mandante. O mandatário não é
empresário comercial embora pratique actos a titulo profissional, pois apenas
os faz em representação do mandante. Pode-se afirmar de que o mandato
comercial é oneroso diferentemente do mandato civil.
Gerente- Executa acções em nome e por conta de um empresário trata do
comercio no lugar onde este empresário comercial tenha ou o peça para actuar.
Ele tem poderes de representação, isto é um poder geral compreende todos os
actos pertencentes e necessário ao exercido do comercio que para tal tenha
sido atribuído. Não é empresário comercial. N°1 do Art.166°C.com .

20
 O Comissário – É espécie de mandato sem representação. Em termos gerais ,
dá-se por comissão quando a pessoa executa um mandato comercial sem
menção alguma do mandante, neste caso o (empresário comercial). Neste
caso existe um vinculo( acordo) que ele tem com o comitente que neste
caso é o empresário comercial. O comissário tem alguma autonomia mas,
não pode ter iniciativa individual.
 A sua iniciativa deve resultar e resulta da sua vinculação com o comitente.
Assim ele pratica actos de comercio em representação de outrem numa
situação de mandato sem representação. Ver artg.1180° CC.

 Mediador – Ele é autónomo deste e em principio não se pode assumir que


ele pratica actos jurídicos na terminologia rigorosa do professor Mota Pinto.
Porque se não vejamos; o mediador age no interesse de aproximar as partes
para que o negócio se concretize e muitas das vezes a sua efectivação não
depende dele.
 Portanto ele limita-se a criar condições para que o contrato seja celebrado se
as partes aproximadas assim o entender e o seu papel termina com a
aproximação das partes.

21
 Empresário comercial ,podemos defini-lo com sendo aquele que
enquadrando-se numa das categorias do art.2° Ccom, seja titular de uma
empresa que exerça uma das actividades comerciais tais como as que
qualificam o art.3° e as demais disposições avulsas que caracterizam e
englobam no direito comercial certas actividades económicas. A categoria
entre vivos
de empresário comercial, não é transmissível mortis causa
e nem ,
na medida em que ele exige em si a reunião de certos requisitos. E temos
empresários que são sociedades comerciais.

 Empresário (pessoa Física) é a pessoa que exerce actividade empresarial,


que nada mais é circular bens ou serviços de forma economicamente
organizada, com o objectivo de obter lucro.
 considera-se empresário quem exerce profissionalmente actividade
económica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de
serviço.
 Circular bens Comprar e vender produtos.
 Circular serviços Fornecimento de mão-de-obra especializada.

22
 Requisitos: do empresário comercial Pessoa singular- em relação à
personalidade jurídica, não há qualquer especificidade em relação ao direito
civil. A personalidade jurídica adquire-se com nascimento completo e com
vida nos termos do n°1 do art.66°do CC.
 Em relação a capacidade comercial, que é a medida dos direitos e
obrigações de que uma pessoa é susceptível de ser sujeito, distingue-se
entre a capacidade de exercício e a capacidade de gozo. No que se refere
aos menores-
 É menor toda a pessoa de um ou outro sexo enquanto não perfizer vinte e
um anos de idade e, em princípio estariam feridos de incapacidade de
exercício profissional da actividade empresarial por força do princípio da
equivalência consagrado no art.9° do C.com.

23
Contudo, o art.10°, vem estabelecer algumas excepções e nestes termos, o
menor de vinte e um anos e maior de dezoito anos pode exercer a actividade
empresarial, desde que devidamente autorizado.
Esta autorização pode ser dada pelos pais, desde que detenham a guarda do
menor.
Sucede que, se os pais não exercem a guarda do menor por força de decisão
judicial ou outro qualquer impedimento, não tem poderes de autorizar o
menor para a prática da actividade empresarial.
 Pelo tutor nos termos estabelecidos na lei civil e pelo juiz na falta dos pais
ou do tutor, ou quando entender conveniente e oportuno aos interesses do
menor.
 A lei comercial impõe que tal autorização para o exercício da actividade
empresarial seja outorgada por escrito, podendo tal instrumento limitar os
poderes do menor ou impor condições para o seu exercício, indicar o ramo da
actividade a ser explorado pelo menor, fixar prazo de validade da autorização
e, mesmo quando concedida por tempo determinado, pode ser revogada, a
qualquer altura, pelo outorgante, salvaguardados os direitos adquiridos de
terceiros.
 Impõe igualmente o legislador que esta autorização seja registada para que
seja valida perante terceiros.

24
Situação do menor
O disposto no art.18° do C.com, diz que o menor de idade que seja maior de
dezoito anos pode exercer actividade empresarial, desde que devidamente
autorizados pelas seguintes figuras:

 Pelos pais ,desde que detenham a guarda do menor


 Pelo Tutor
 Pelo juiz, na falta dos pais ou tutor, ou quando entender conveniente e
oportuno aos interesses do menor.

Estabelecimento empresarial
 Entende-se por empresa comercial o conjunto de bens (como máquinas,
marca, tecnologia, imóvel, etc.) que o empresário ou sociedade empresária
reúne para a exploração da actividade económica.
De realçar que a autorização para o exercício da actividade empresarial deve
ser concedida por escrito, podendo esta valer por tempo indeterminado e
para o menor praticar todos os actos próprios da actividade empresarial
quando não se fixe o prazo de validade nem de limitação de poderes, n°s 3 e
4 do Art.10° do C.com.

25
 Ou seja -étoda organização , de natureza civil ou mercantil, destinada à
exploração, por pessoa física ou jurídica, dequalquer actividade com fins
lucrativos .
O exercício das actividades comerciais é realizado através das empresas, que
são dirigidas por um empresário. O empresário pode ser uma pessoa física
ou uma pessoa jurídica (sociedade comercial).
Trata-se do conjunto dos bens indispensáveis à actividade principal e ao
desenvolvimento da empresa; tais como mercadorias em estoque, máquinas,
veículos, marca e outros sinais distintivos, tecnologia etc., de sorte que este
conjunto de elementos constitui parte essencial e indissociável à empresa.
Neste sentido, a figura do empresário será responsável por reunir e organizar
os bens de tal forma que os mesmos serão, então, reconhecidos como uma
unidade, que servirá de instrumento para exercer actividade de sua empresa.
 Constitutivos do estabelecimento empresarial
 O estabelecimento é composto por dois tipos de bens:
 a) Bens corpóreos: mercadorias do estoque, terrenos, edifícios, construções,
usinas, armazéns, máquinas, equipamentos, produtos acabados, balcões,
mobiliário, veículos, etc.; e ainda

26
 b) Bens incorpóreos: nome comercial objectivo, título e insígnia do
estabelecimento, patentes de invenção, de modelos de utilidade, registo de
desenhos industriais; marcas de produto ou serviço, marcas de certificação,
marcas colectivas, obras literárias, artísticas, científicas, estratégia, logística,
nome empresarial, titulo do estabelecimento, know how, ponto comercial e o
aviamento.
 A doutrina costuma dividir os referidos bens em materiais e imateriais. Os
bens materiais são representados pelos bens tangíveis, tais como o estoque,
os mobiliários, os utensílios, veículos, maquinaria e todas as demais coisas
utilizadas na actividade empresária (COELHO, 2009). Assim, temos que os
elementos corpóreos (ou materiais) serão aqueles cuja utilização é possível
para realizar a exploração económica.
 Já os elementos incorpóreos (ou imateriais) são frutos da inteligência ou do
conhecimento do homem e principalmente, não ocupam espaço no mundo,
eles consistem naqueles bens de propriedade do empresário que não são
susceptíveis de apropriação física e que são frutos da inteligência ou do
conhecimento humano, como é o caso dos bens integrantes da propriedade
industrial (patente de invenção, modelo de utilidade, desenho industrial e a
marca), o segredo industrial, o nome empresarial e o ponto (local onde o
empresário está localizado) (BERTOLDI. 2003).

27
 Aviamento e Clientela
 À sobrevalorização do estabelecimento, com seu conjunto de bens
essenciais à actividade da empresa, denomina-se aviamento.
 O aviamento pode ser:
 a) subjectivo: quando ligado às qualidades pessoais do empresário; ou
 b) Objectivo: quando ligado aos bens componentes do estabelecimento na
sua organização.
 O aviamento não pode ser objecto de tratamento separado, não podendo
ser considerado objecto de direito, porquanto não há como se conhecer a
transferência apenas do aviamento. Assim, não se pode conceber o
aviamento como um bem no sentido jurídico, e consequentemente não se
pode incluí-lo no estabelecimento, vale reforçar, o aviamento não integra o
estabelecimento.
 Prevalece entre a maioria dos doutrinadores o entendimento de que o
aviamento não deve ser considerado um bem de propriedade do empresário.
Não é um elemento isolado, mais um modo de ser resultante do
estabelecimento enquanto organizado, que não tem existência
independente e separado do estabelecimento.

28
 Esta qualidade do estabelecimento é medida essencialmente pela clientela do
empresário. O que equivale a dizer que quanto maior for o numero de clientes
maior é o aviamento.
 Clientela, por seu turno e, segundo a doutrina , pode ser compreendida como: o
conjunto de pessoas que, de facto, mantém com a casa de comércio relações
contínuas para aquisição de bens ou serviços. Ela recebe protecção legal em
relação à práticas abusivas e este facto pode causar problemas de
interpretação, pois parte da doutrina também classifica a clientela como bem
imaterial, o que não se deve admitir, conforme veremos a seguir.
 A clientela é um resultado de uma situação de facto, fruto da melhor
organização do estabelecimento, do melhor exercício da actividade, decorrente
do desempenho da empresa, que não pode, no entanto, ser confundido como
um elemento do estabelecimento, como veremos, a clientela é composta de
pessoas, e como tal, não pode ser alvo de apropriação ou propriedade por parte
de alguém.

29
 Segundo a doutrina de Ricardo Negrão, “nem a clientela nem o aviamento
integram o estabelecimento empresarial, porque não se subsumem ao
conceito de coisa, susceptível de domínio.”
 O aviamento está relacionado a uma série de factores que fazem com que o
estabelecimento tenha a capacidade ou aptidão para gerar lucros.
 Tanto o aviamento quanto a clientela, por não serem considerados coisa, ou
objecto de direito, não podem ser transferidos ou vendido .
 De acordo com os ensinamentos doutrinários: “o aviamento existe no
estabelecimento, como a beleza, a saúde ou a honradez existem na pessoa
humana, a velocidade no automóvel, a fertilidade no solo, constituindo
qualidades incidíveis dos entes a que se referem. O aviamento não existe
como elemento separado do estabelecimento, e, portanto, não pode
constituir em si e por si objecto autónomo de direitos, susceptível de ser
alienado, ou dado em garantia.”
 Porém, estes aspectos do estabelecimento podem ser assegurados por
outros factores, por exemplo, através da circulação do nome empresarial e
da clientela atraída por este, através da circulação do imóvel e da clientela
ligada a ele, etc.

30
situação particular dos incapazes
 O exercício profissional deve ser de modo pessoal, independente e autónomo ,
isto é, em nome próprio sem subordinação de outrem. É necessário que se
organizem factores de produção com vista a criar utilidades económicas,
resultantes de uma daquelas utilidades económica que a lei considera como
comerciais.
 Em jeito de realce, é empresário comercial, aquele que possui e exerce uma
empresa comercial, é titular de uma organização daquelas que a lei qualifica
como empresa comercial para através dela exercer uma actividade
empresarial de forma profissional. A plena capacidade comercial há-de
depender de uma pessoa singular ou colectiva, ter a capacidade civil e não
estar abrangida por alguma norma, que estabeleça uma restrição ao exercício
do comércio.
 Assim o art.9° C.com, ao exigir a capacidade para a prática de actos de
comércio pretende referir-se a capacidade jurídica de exercício, tanto mais que
alude implicitamente o carácter profissional do comércio o que pressupõe uma
prática habitual de actos geradores, mediadores ou extintivos de direitos e
obrigações, donde resulta que, não pode conceber-se o exercício da profissão
de empresário comercial por um incapaz. Daí que a inclusão dos interditos no
art.9° Ccom, deve entender-se que quanto ao exercício profissional do
comércio considera-se que tal prática será a prática habitual de actos de
31
comércio, não directa e pessoalmente pelos incapazes, mas pelos seus
representantes, em nome e por conta daqueles, com necessária autorização
judicial a luz do art. 296° da lei n°10/2004 de 25 de Agosto.
Elementos da empresa comercial a luz do art. 3, n°1
 Elemento patrimonial estamos a falar de coisas corpóreas ou materiais
moveis e imóveis; dinheiro, títulos de crétido, matéria prima, mercadorias,
instalações, equipamento mobiliário etc….
 Elemento pessoal- aqui estamos a falar do empresário e do trabalho dos
empregados e operários uma vez que o rendimento da empresa comercial
depende destas figuras.
 Elemento organizacional – assim uma das manifestações de relevo da
empresa organizada e um dos indicadores mais importantes da sua
capacidade lucrativa , e do seu aviamento.
 Elemento Teleológico – estamos a falar do empresário a actividade
económica destinada à produção para a troca sistemática e vantajosa.
 Elemento Formal- relativamente as pessoas colectivas este conjunto de
regras consta de um instrumento denominado estatuto. Para as sociedades
comerciais usa-se, geralmente, a expressão pacto social ou contrato de
sociedade.

32
  Princípios associados à firma • São três os princípios que a lei estabelece: • 1.
O princípio da verdade:. “Os elementos componentes das firmas e
denominações devem ser verdadeiros e não induzir em erro sobre a
identificação, natureza ou actividade do seu titular”. Artigo 19 C.cm •
 Inclui o nome do comerciante ou dos empresários, inclui o tipo e a natureza da
sociedade (individual ou por quotas (Lda.), anónima (S.A.), sociedade
comandita (sociedade por comandita por acções ou sociedade por comandita,
por ex. Filipe Construções e Comandita por ações).  
 Princípio da Novidade: “As firmas e denominações devem ser distintas e não
susceptíveis de confusão ou erro com as registadas ou licenciadas no mesmo
âmbito da exclusividade, mesmo quando a lei permita a inclusão de
elementos utilizados por outras já registadas, ou com designações de
instituições notoriamente reconhecidas” Art. 20 C.cm. •
 E o nº2 do mesmo artigo explicita os elementos a ter em conta para apurar tal
distinção e susceptibilidade de confusão ou erro: “Os juízos sobre a distinção e
a não susceptibilidade de confusão ou erro devem ter em conta o tipo de
pessoa, o seu domicilio ou sede, a afinidade ou proximidade das suas
actividades e o âmbito territorial destas”. •

.
33
 Princípio da unidade: Embora se tenha omitido o princípio da unidade, a
verdade é que “O comerciante individual deve adoptar uma só firma, composta
pelo seu nome, completo ou abreviado, conforme seja necessário para
identificação da pessoa, podendo aditar-lhe alcunha ou expressão alusiva à
actividade exercida”.

“O uso ilegal de uma firma ou denominação confere aos interessados o direito


de exigir a sua proibição, bem como a indemnização pelos danos daí
emergentes, sem prejuízo da correspondente acção criminal, se ela houver
lugar”. O Art. 433º do Código Civil, «Efeitos entre as partes»,

“Na falta de disposição especial, a resolução é equiparada, quanto aos seus


efeitos, ou anulabilidade do negócio jurídico”.• Art. 829º do Código Civil
«Prestação do princípio da unidade:

34
Composição do Estabelecimento Comercial: O estabelecimento comercial é
composto por bens: - corpóreos (Mercadorias; Balcões; Veículos; Instalações;
imóveis,) e - incorpóreos (Nome comercial, Título do estabelecimento,
marcas, patentes, direitos, ponto comercial, Contratos, créditos, Clientela,
Aviamento - capacidade de produzir lucro -e etc..)
Protecções do Estabelecimento Comercial: o direito civil e o penal
compreendem normas pertinentes à protecção dos bens corpóreos; o direito
industrial tutela a propriedade da marca, invenções e etc.; já a lei de
Locações protege o ponto explorado pelo comerciante.

O direito comercial tradicionalmente se preocupou com a tutela dos bens


incorpóreos.)
Alienação do Estabelecimento Comercial: A alienação do estabelecimento
comercial está sujeita à observância de cautelas específicas, criadas para
assegurar os interesses dos credores.

35
Fundo de comercio
Denomina-se Fundo de Comércio o valor que se agrega ao estabelecimento
empresarial em face da organização dos elementos que compõem este
mesmo estabelecimento. Trata-se do valor agregado de todos os elementos
que compõe o estabelecimento, incluindo os bens imateriais.
“Ao organizar o estabelecimento, o empresário agrega aos bens reunidos
um sobre -valor. Isto é, enquanto esses bens permanecem articulados em
função da empresa, o conjunto alcança, no mercado, um valor superior à
simples soma de cada um deles em separado... O estabelecimento
empresarial é o conjunto de bens que o empresário reúne para explorar uma
actividade económica, e o fundo de comércio é o valor agregado ao referido
conjunto, em razão da mesma actividade.

“Há autores que consideram, entre os elementos incorpóreos do


estabelecimento, o aviamento, que é o potencial de lucratividade da
empresa .Mas não é correcta essa afirmação. Conforme destaca a doutrina,
o aviamento é um atributo da empresa, e não um bem de propriedade do
empresário” 

36
Estabelecimento empresarial virtual
 Nossos dias de hoje são marcos de revolução tecnológica constante, em que
a Internet tornou-se parte da vida de todos, inclusive no que se refere a
negócios empresariais, ao que se chama e-commerce.
 A possibilidade de fazer compras por meio da rede mundial de
computadores também tem sido cada vez mais utilizada devido,
principalmente, à comodidade de não ser preciso sair de casa para adquirir o
produto desejado.
 O comércio electrónico consiste na realização de transacções por meio do
chamado estabelecimento virtual. Este tipo de estabelecimento é o
propulsionador de transacções comerciais feitas por meio da Internet, desde
o comércio até a prestação de serviços.
 O jurista Fábio Ulhoa Coelho faz esta apresentação em seu livro, segundo o
qual comércio electrónico ”é a venda de produtos (virtuais ou físicos) ou a
prestação de serviços realizadas em estabelecimento virtual. A oferta e o
contrato são feitos por transmissão e recepção electrónica de dados.

37
O comércio electrónico pode realizar-se através da rede mundial de computadores
(comércio internete-náutico) ou fora dele o estabelecimento virtual é “uma nova
espécie de estabelecimento, fisicamente inacessível: o consumidor ou adquirente
devem manifestar a aceitação por meio da transmissão electrónica de dados.”

A este respeito, vale ainda reforçar o facto de que a transacção não exige que haja
um deslocamento físico do comprador até o espaço do vendedor para realizar a
compra, que é realizada de forma electrónica, mas exige, contudo, que tal
estabelecimento virtual seja registado da mesma forma como ocorre com o
estabelecimento tradicional.
Portanto, o empresário de um estabelecimento virtual deverá dirigir-se à entidade
Comercial competente, para que sua empresa possa começar a actuar configurada
como um estabelecimento virtual.
Na definição disciplinada pelo Código Comercial ,conceitua estabelecimento que não
há nenhuma referência ao espaço físico como essencialidade para a configuração de
um estabelecimento, sendo necessário apenas um complexo de bens que também
não são determinados enquanto corpóreos ou incorpóreos.
Dessa forma, a legislação não exclui a possibilidade de admitir-se que seria possível
que um site de vendas de dados electrónicos, sem possuir nenhum aspecto físico,
seja caracterizado estabelecimento Virtual.
38
Bolsa de Valor- Ė o mercado organizado onde se negoceiam acções de
empresas de capital aberto ( publica ou privadas) e outros instrumentos
financeiros como opções . Pode ser na forma de uma associação civil sem
fins lucrativos, que mantém o local ou sistema de negociação electrónica
adequado ȧ realização de transacções de compra e venda de títulos e
valores mobiliários, mas 0 mais usual hoje em dia e que as Bolsas de Valores
actuem como s/aʾs visando lucro através de seus serviços . Seu património,
no caso das associações civis, é representado por Títulos pertencentes ὰs
sociedades corretoras que a compoem; no caso das S/Aʾs este património é
composto por acções. A bolsa deve preservar elevados padrões éticos de
negociação, divulgando- com rapidez, amplitude e detalhes- as operações
executadas.

Noção legal de Sociedade Comercial.- Pela adopção do conceito de sociedade


previsto no art. 980˚CC.- Contrato de Sociedade é aquele em que duas ou
mais pessoas se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercicio
em comum de certa actividade económica, que nao seja de mera fruiçao, a
fim de repartirem os lucros resultantes dessa actividade.

39
Desta noção podemos extrair quatro elementos:-Elemento pessoal-prende-se
com a obrigatoriedade de pluralidade dos sócios cujo numero no momento
da constituição geralmente nunca pode ser inferior a dois sócios, o que quer
dizer que não haja sociedades com menos de dois sócios.
Elemento patrimonial- aqui há obrigação do sócio contribuir com bens –
dinheiro, um credito, um direito de propriedade industrial ou serviço.
Elemento finalístico aqui é preciso realçar o objecto social(fim imediato)é o
exercício em comum de certa actividade económica, actividade virada a
produção de bens ou utilidade de qualquer índole .
Elemento teleologico-Ė o elemento essencial da sociedade é o intuito lucrativo.
Quer dizer o fim visado pelos sócios é a repartição dos lucros emergentes da
actividade da sociedade.

Obrigações Especiais dos Empresários


Firma- Ė um sinal distintivo do estabelecimento comercial. Ou seja o nome que
ele usa no exercício da sua empresa; é o nome comercial do empresário. Ė
de uso obrigatório, tanto para os empresários em nome individual, como as
sociedades comerciais. Art.18˚,n˚1, do C.Com.

40
 Escrituração mercantil é o registo dos factos que podem influir nas
operações e na situação patrimonial dos empresários. Isto é devem
conhecer os seus direitos e obrigações e a sua situação patrimonial, nos
termos do art.29˚do C,Com,

 Ser um importante meio de provados factos registados, nos litígios entre


empresários a luz do art.44˚C.Com.
 Ser um meio de verificação da regularidade da conduta do empresário.
 Servir de base à liquidação de impostos e à fiscalização do cumprimento das
normas tributarias.
 Balanço - constitui a síntese na situação patrimonial do empresário em
determinado momento, através da indicação abreviada dos elementos do
activo, do passivo e da situação liquida e respectivos valores. A lei impõem a
realização de um balanço anual, referido ao ultimo dia de cada exercício
anual, que deve ser elaborado no primeiro trimestre do exercício imediato ,
conforme o art,62˚C.Com.
 Registo Empresarial a sua finalidade consiste em dar publicidade à situação
jurídica dos empresários individuais e sociedades comerciais.

41

Você também pode gostar