Quinta Trombeta – Os portões do Abismo são abertos (Apocalipse 9.

1-11)

O capítulo oito de apocalipse termina com um lamento vindo dos céus:

Enquanto eu olhava, ouvi uma águia que voava pelo meio do

céu e dizia em alta voz: "Ai, ai, ai dos que habitam na terra, por
causa do toque das trombetas que está prestes a ser dado
pelos três outros anjos! " (Apocalipse 8:13)

A visão de João mostra uma águia que fala. Entre os quatro seres viventes, existe um
que tem a cabeça como de uma águia, o que pode indicar que essa águia seja esse ser vivente.
A águia é um símbolo muito usado pelas culturas antigas para representar a grandeza e a
superioridade divina.

Essa águia lamentará sobre o futuro da humanidade com o toque das próximas
trombetas. Os homens não reconheceram a grandeza e superioridade divina, e por isso
sofrerão a consequência de seus atos. Esse lamento é conhecido como “os três aís”, onde cada
trombeta representa um aí, uma expressão de espanto e lamento pelo que irá acontecer.

Imediatamente após esse lamento, toca-se a quinta trombeta:

O quinto anjo tocou a sua trombeta, e vi uma estrela que havia

caído do céu sobre a terra. À estrela foi dada a chave do poço
do Abismo. Quando ela abriu o Abismo, subiu dele fumaça
como a de uma gigantesca fornalha. O sol e o céu escureceram
com a fumaça que saía do abismo. Da fumaça saíram
gafanhotos que vieram sobre a terra, e lhes foi dado poder
como o dos escorpiões da terra. Eles receberam ordens para
não causar dano nem à relva da terra nem a qualquer planta
ou árvore, mas apenas àqueles que não tinham o selo de Deus
na testa. (Apocalipse 9:1-4)

Aqui estão muito claro que a estrela caída se trata de uma criatura angelical. Ele
receberá da parte de Deus a permissão (foi dada a chave) de abrir uma região chamada de
poço do Abismo. Muitos acreditam que o termo “estrela caída” seja uma referência ao Diabo
tomando por base o texto de Isaías 14.12-15.

A Bíblia não nos traz muitas referências ao Abismo. Em uma passagem vemos que
uma legião de demônios (uma legião romana era formada com um número que variava entre
1.000 a 8.000 soldados) implorava a Jesus para que não os mandassem para o abismo (João
8.31).

Em 2 Pedro 2.4 há uma fala explicativa a respeito do Abismo:

Pois Deus não poupou os anjos que pecaram, mas os lançou no

inferno, prendendo-os em abismos tenebrosos a fim de serem
reservados para o juízo. (2 Pedro 2:4)

O abismo parece ser uma região infernal destinada aos anjos que pecaram. Estes
anjos seriam os de Gênesis 6, que abandonaram sua condição angelical em troca de relações
sexuais com mulheres, o que gerou os gigantes da época próxima ao dilúvio. No livro apócrifo
de Enoque é dito que o Abismo é uma prisão para os anjos caídos (Enoque 18.19). Fica claro
que tal abismo é uma prisão para os piores seres espirituais, que estão aguardando o tempo
certo para agirem.

Esse tempo chegou a partir da quinta trombeta. Ao serem libertos, ocorreram efeitos
catastróficos como o dia sendo transformado em noite pela fumaça do abismo.

Os primeiros anjos caídos a saírem possuem uma aparência horripilante:

Os gafanhotos pareciam cavalos preparados para a batalha.

Tinham sobre a cabeça algo como coroas de ouro, e o rosto
deles parecia rosto humano. Os cabelos deles eram como os de
mulheres e os dentes como os de leão. Tinham couraças como
couraças de ferro, e o som das suas asas era como o barulho
de muitos cavalos e carruagens correndo para a batalha.
Tinham caudas e ferrões como de escorpiões, e na cauda
tinham poder para causar tormento aos homens durante cinco
meses. Tinham um rei sobre eles, o anjo do Abismo, cujo
nome, em hebraico, é Abadom, e, em grego, Apoliom.
(Apocalipse 9:7-11).

Logicamente que a aparência de tais gafanhotos é surreal e cheia de símbolos

apocalípticos extremamente difíceis de serem decifrados. Alguns sugerem que o barulho das
asas e a cauda que parece um escorpião seja um indício de que o profeta João viu na verdade
um helicóptero de guerra. É difícil provar essa tese principalmente pela presença do rosto
humano e dos cabelos de mulher.

Acredito que a visão nos mostra um estado de guerra (os gafanhotos estavam
preparados para lutar). O clima na terra por conta dos selos e das trombetas anteriores não
será dos melhores. Sendo assim, acredito que tais seres espirituais estarão por trás de muitos
conflitos que atingirão a humanidade nesses dias.

Eles possuem um rei chamado Abadom/Apoliom. Mais à frente saberemos que, ao

cair, Satanás levou consigo um terço dos anjos. Entre esses anjos estavam altas patentes da
hierarquia angelical. Abadom certamente era um desses anjos e utilizará seu poder para
potencializar a destruição que vem das guerras. Isso nos revela que até entre os demônios e os
anjos caídos existe hierarquia organizacional.

Por último devemos citar que não somente a aparência e a organização desses anjos
caídos são reveladas pelo livro do Apocalipse. O texto lido nos informa sobre que tipo de mal
eles causarão a humanidade.

Primeiro fica claro que eles não poderão tocar em todas as pessoas, mas somente
naquelas que não possuem o selo de Deus (9.4), o que certamente é uma referência aos
144.000. Por algum motivo que não nos é revelado, os selados por Deus terão imunidade
diante do ataque dos gafanhotos.

Depois é dito que eles terão um tempo limite de atuação e que não poderão matar,
mas terão poder de causar tormentos terríveis por cinco meses (uma referência ao ciclo médio
de vida de um escorpião). Isso pode indicar que a guerra causada pelos gafanhotos pode ser
uma espécie de guerra biológica, trazendo doenças que podem ser atualmente desconhecidas,
mas que trarão enorme desconforto para as pessoas contaminadas.
 A dor e o sofrimento são comparados com a picada de um escorpião (9.5). Pessoas
picadas por esse animal costumam sentir: dor intensa, queimação e latejamento no local da
picada, náuseas, vômitos, dor abdominal e diarreia, alteração na pressão cardíaca e confusão
mental.

Além disso, é dito que elas desejarão morrer em busca de alivio para sofrimento mais
não conseguirão (9.6). Isso poderá indicar que por cinco meses Deus não permitirá que
ninguém morra, ou então pode significa que o estado de debilidade será tamanho que as
pessoas não terão nem mesmo forças para se matarem.

É impressionante o quadro dramático que começa a se formar em torno das visões

do Apocalipse. A partir daqui as pessoas começarão a sentir na pele a consequência de toda
blasfêmia e de toda indiferença que tiveram para com Deus. Mas, enquanto essa visão não se
materializa, sempre haverá uma oportunidade de arrependimento e de redirecionarmos o
rumo da nossa vida, e hoje isso só depende de mim e de você.

Próxima semana veremos os acontecimentos da sexta trombeta. Até lá!

Deus abençoe a todos!