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Artigo - Nery - 28 - 04 - 2014 - Final - Uruguai PDF
Artigo - Nery - 28 - 04 - 2014 - Final - Uruguai PDF
Nery Knoner (P)(1); Fernando M. Almeida Filho (2); Roberto C. Carvalho (3)
Resumo
A verificação da instabilidade global de estruturas de edificios com mais de quatro andares pode ser feita
segundo a norma Brasileira 6118, de forma rápida usando o coeficiente “ɣz”. Para estruturas do tipo galpão
industrial executado com estruturas pré-fabricadas, aporticadas e ainda com ligação semirrígida, em função
do número reduzido de andares teria que ser calculado com processos de análise não linear geométrica tais
como o P-∆. Este trabalho procura mostrar que em diversas situações o procedimento do coeficiente “ɣz”
também pode ser aplicado para avaliar com precisão o efeito da segunda ordem neste tipo de estrutura. A
vantagem em usar este procedimento, além da sua simplicidade e rapidez, está em poder avaliar se a
estrutura pode ser classificada de nós deslocáveis ou não, ou mesmo se é demasiadamente esbelta. Mostra-se
também como pode ser feito um cálculo simples quando a ligação viga-pilar é semirrígida. Por fim, é
mostrado um procedimento simplificado no qual as dimensões do pilar são pré-dimensionadas para que o
pórtico funcione como de nós fixos.
Palavras-chave: Concreto pré-moldado, ligações, galpões, estabilidade global.
Abstract
The verification of the global instability of buildings structures over than four floors can be made, according
to the Brazilian standard (ABNT NBR 6118), using the "z" coefficient. For industrial shed buildings with
precast structures, framed and with semi-rigid connections, with a reduced number of floors must be
calculated with nonlinear procedures such as P-∆ analysis. This paper shows many situations the procedure
of the "z" coefficient can also be applied to accurately evaluate the second order effect on this kind of
structure. The advantage of using this procedure, besides its simplicity and speed, is the capability to
evaluate whether the structure can be classified as a fixed node structure, or even if it is too slender. It is also
shown how it can be made a simple calculation when the beam-column connection is semi-rigid. Finally, is
shown a simplified procedure in which the column dimensions are pre-determined for the structure works as
a fixed node structure.
Keywords: Precast concrete, connections, sheds, global stability.
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1. INTRODUÇÃO
Nas estruturas de edifícios moldados no local normalmente existem lajes que estão apoiadas
em vigas e estas por sua vez ligadas ao pilar formando um conjunto monolítico. Nestas edificações
pode-se caracterizar pelo menos dois tipos de instabilidade como mostrado na figura 1. A global
tipificada pela instabilidade do conjunto e a local quando a instabilidade ocorre só nos pilares.
Figura 1. Prédio indicado com perspectiva esquemática e estrutura vertical indeformada (1,2).
Edificação sujeita a instabilidade global (3) e, Instabilidade local de pilares centrais inferiores (4)
(Carvalho & Pinheiro, 2009).
Nos galpões há também os pilares e as vigas em formato de vigas com tirantes ou em vigas
retas, Figura 2. A característica principal dos galpões está no fato de não possuírem lajes e,
portanto, não se poder falar em número de andares para os mesmos. Assim, diferentemente que no
edifício não há como separar a instabilidade local e global. Desta maneira, uma ideia bastante usada
no meio técnico é a de fazer a verificação da estabilidade dos pilares de galpão com procedimentos
usados para verificar a instabilidade global de edificações.
Alguns autores assim o fazem como é o caso de Santos (2011) que usa o procedimento de P-
∆ para calcular o efeito de segunda orden no pilar. A ideia neste artigo é usar o procedimento de
verificação com o coeficiente “ɣz”. Porém, a ABNT NBR6118 (2007) estabelece que o uso do
coeficiente é para edificação acima de 4 pavimentos. Pode-se mostrar facilmente, pelo menos
quando se considera a não linearidade geométrica, que para uma barra isolada usando o coeficiente
“ɣz” chega-se par o cálculo de momento de segunda ordem o mesmo resultado que o processo P-∆.
Através deste trabalho espera-se mostrar que em diversas situações os pilares de barracão
podem ter seu momento de segunda ordem ser avaliados pelo coeficiente “ɣz”.
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2. OBJETIVOS E JUSTIFICATIVAS
O objetivo deste artigo é fazer verificação com o coeficiente “ɣz” para o dimensionamento
de galpões pré-fabricados de concreto. A ABNT NBR 6118 estabelece que o uso do coeficiente é
para edificação acima de 4 pavimentos. Este trabalho ainda é especulativo e espera através de
procedimentos simples mostrar que em diversas situações os pilares de galpão podem ter seu
momento fletor de segunda ordem avaliados pelo coeficiente “ɣz” em estruturas com menos de 4
pavimentos. Ainda, pretende-se avaliar o uso de ligações semirrígidas no projeto de galpões pré-
fabricados de concreto, verificando a sua estabilidade e viabilidade.
A justificativa principal deste trabalho reside na contribuição ao projeto de estruturas com
menos de 4 pavimentos, que devem ser verificadas por procedimentos de estabilidade global, como
o parâmetro de instabilidade ɣz, que fornece valores qualitativos sobre a estrutura submetida a
ações de vento. Espera-se contribuir para um melhor entendimento sobre o assunto e fornecer
informações para futuros trabalhos técnicos.
3. METODOLOGIA
Este trabalho é uma pesquisa teórica sobre o assunto de estabilidade global de estruturas de
concreto com menos de 4 pavimentos, utilizando os procedimentos prescritos na ABNT NBR 6118,
tais como o parâmetro de instabilidade “ɣz”.
O procedimento básico deste é de reunir informações sobre o tema, focalizando o tema
estrutural, podendo-se dimensionar a seção do pilar, fixando-se a largura do pilar. Além disso,
obtem-se a esbeltez do pilar em função da altura da estrutura “H” e da espessura “h” do pilar
necessário para seu dimensionamento, fixando o valor do coeficiente ɣz em até 1,10, que indica que
a estrutura é de nós fixos, e comparar com o parâmetro “α”, com seus respectivos limites, ambos
estabelecidos pela norma ABNT NBR 6118.
Determina-se de forma aproximada a majoração dos esforços globais finais com relação aos
esforços de primeira ordem e avalia-se a importância dos esforços de segunda ordem globais, seus
valores são determinandos pela seguinte equação: (01) Carvalho (2009). É fixado o valor de ɣz em
10% e fixando a largura (bw) do pilar determina-se a espessura “h” necessária em função da altura
H do pilar e de sua esbeltez.
A equação 01 mostra a formulação para o “ɣz”.
(01)
Z = =
1 1 1
=
dos momentos devido a forças verticais TOTAL,d 1 − P *
M
1 − 1−
dos momentos de tombamento M 1TOTAL,d F *H
−1
P * P *
Z 1,10 1 − ; (02)
F * H
F *H
Isolando δ temos: = 0,1 * (03)
2,2 * P
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Assim, podemos estabelecer uma relação entre o deslocamento do topo da estrutura com as
ações atuantes na estrutura.
5. DIMENSIONAMENTO DE PÓRTICOS
Pela mecânica clássica, sabe-se que o deslocamento do pórtico é expresso pela equação 04:
F *H3
; (04)
3 * ( E.I ) Equiv.
F *H
M = (05)
2
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P*H 2
I . = 7,334. (06)
EC
b * h3
E considerando que a seção do pilar é retangular ( I = ), (07)
12
igualando as equações 06 e 07, tem-se a equação 08:
P * H 2 b * h3 88 * P * H 2
7,334. = → hnec . = 3 (08)
EC 12 Ec * b
Temo um pilar equivalente O momento na base do pilar agora é dado pelo produto de “F”
pela altura “H” do pilar e 2P*δ, impondo a condição que ɣz ≤1,10, nas equações 02 e 03 e, o
momento de inércia dada pela equação 06, tem-se 08:
−1
2 * P * F *H
Z 1,10 1 − → 0,1.
F *H 2,2 P
88 * P * H 2
hnec = 3 (09)
b * Ec.
Sendo esta equação 09 idêntica a equação 08, podendo-se afirmar que o pórtico funciona
como um pilar equivalente.
Assim, pode-se determinar a altura (seção dado bw) do pilar, e assim determinar o índice de
esbeltez, equação 10.
2* H
= 3,464. (10)
hnec .
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5.2. Pórticos com três pilares
Fazendo o cálculo utilizando a mesma técnica para pórtico com dois pilares podemos utilizar
com três ou mais pilares e fazer as mesmas verificações. Utilizando a função “ɣz” obteremos para
um pórtico com três pilares alinhados, Figura 5, e a equação 10:
F *H
0,1. (11)
3,3 * P
Igualando as equações 03 e 10, e fazendo a mesma analogia com a equação 06, tem-se a
equação 11:
F *H3 F *H 400 * P * H 2
= 0,1. → hnec . = 3 (12)
3 * ( E.I ) Equiv. 3,3 * P Ec * b
2* H
= 3,464. (13)
hnec .
Dessa forma, obtem-se a altura (ou espessura) necessária para cada pilar, para o pórtico com
três pilares.
Sendo:
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Htot= altura total da estrutura, medida a partir do topo da fundação ou de um nível pouco
deslocável do subsolo;
Nk= É a somatória de todas as forças verticais atuantes na estrutura (a partir do nível
considerado para o cálculo de Htotal) com seu valor característico;
Ecs.Ic= É a somatória dos valores de rigidez de todos os pilares na direção considerada.
Figura 7. Pórtico H=3,50m, vão central L=10,0m, carga vertical q=10kN/m, força de vento
qv=3kN/m
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5.3.1. Pórtico Articulado
2* H
= 3,464. = 108 ; 90<λ<140, pilar considerado esbelto. Da equação 10
hnec .
P*H 2 b * h3
Usando o “I” equivalentes I . = 7,334. e igualando I = , da equação 06 e 07
EC 12
P * H 2 b * h3 88 * P * H 2
7,334. = → hnec . = 3 ;
EC 12 Ec * b
1
88 * 2 * 5000* 3502 3
Obteremos um h equivalente: hnec. = = 28,30cm
238000* 20
20 * 28,303
Inércia “I” equivalente, I = = 37775cm 4
12
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5.3.2. Pórtico Engastado, (base e no topo):
0,5 * H
= 3,464. = 27 λ1<λ<90, considerado pilar curto
hnec .
1 1
Z = = = 1,001633
1−
P * 1−
2 * 50,0 * 0,3
F *H 52,5 * 350
0,699 * H
= 3,464. = 38 λ<90, considerado pilar curto
hnec .
1 1
Z = = = 1,002182
1−
P * 1−
2 * 50,0 * 0,4
F *H 52,5 * 350
5.3.4. Parâmetro α
Nk 100,0kN
= H tot . = = 350. = 0,11428
Ecs I c 238000 394072
6. LIGAÇÕES SEMIRRÍGIDAS
Uma ligação deformável pode ser tratada como sendo uma ligação rígida ou uma ligação
articulada. Para tal avaliação, a NBR 9062:2006 apresenta um coeficiente que define a rigidez
relativa de uma ligação. Trata‐se do fator de restrição à rotação “αR” definido pela equação 16:
1
R = = 1 (16)
3 ( E I ) sec 2
1+
K sec Lef
Sendo:
(EI)sec= rigidez secante da viga, conforme a ABNT NBR 6118;
Lef= vão efetivo entre os apoios, ou seja, a distância entre os centros de giro nos apoios;
Ksec =rigidez secante ao momento fletor da ligação viga−pilar.
Conforme a ABNT NBR 9062, o fator de restrição à rotação pode ser interpretado como
sendo a relação da rotação θ1, da extremidade do elemento, em relação à rotação combinada θ2, do
elemento e da ligação devida ao momento de extremidade, conforme a Figura 8.
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Figura 8. Fator de restrição a rotação (ABNT NBR 9062)
O termo “ligação semirrígida” teve seu uso na década de 30 nas estruturas metálicas, sendo
recentemente incorporado aos estudos de estruturas pré-moldadas. As estruturas com ligações
semirrígidas possuem um comportamento intermediário entre as ligações articuladas e as
engastadas, geralmente executadas com dispositivos que garantem determinado grau de
engastamento, como utilização de armaduras de continuidade e/ou chapas metálicas soldadas.
Optando por uma ligação semirrígida com coeficiente de engastamento de 60% da ligação
engastada (PCI Manual, 1988 & Ferreira, 1993), tem-se a equação 17:
M E 3 * r
= = 0,60 (17)
M R 2 + r
Sendo:
ME= Máximo momento permitido para situação de projeto;
MR= Máxima resistência nominal na extremidade da viga.
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A determinação do momento de inércia equivalente “Ieq”, calcula-se por meio da equação
19. (PCI Manual, 1988 & Ferreira, 1993).
r
I eq . = I viga * ( ) (19)
2 −r
Conhecendo “αr” podemos determinar “β” por meio da equação 20:
−1
3
r = 1 + (20)
EC .I sec
Rsec = . (21)
Lefetivo da viga
A Figura 10 (Ferreira, 2009) mostra os momentos solicitantes de admitidos para as situações
de ligação articulada, semrrígida e engastada.
7. EXEMPLO NUMÉRICO
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Figura 11. Esquema da estrutura e modelo adotado para a ligação semirrígida (Ferreira, 2009)
Optando por 50% de engastamento na ligação viga pilar encontraremos o “αr” através da
equação (18) e as respostas desejadas, tem-se a equação 22:
3. r
60% = → r = 0,50 (22)
2 +r
Com o valor de “αr” estabelecido, pode-se calcular o momento de inércia equivalente para o
pilar, equação 23 e o valor de “αr”, equação 24.
r 0,50
I eq . = I viga * ( ) = 208333cm 4 * = 69444cm 4 (23)
2 −r 2 − 0,50
−1
3
r = 1 + → =3 (24)
Com esses resultados, pode-se calcular a rigidez secante, equação 25, considerando a
redução de rigidez da viga em 0,4E.I (ABNT NBR 6118), como sendo:
Usando esse valor no software comercial STRAP®, para se considerar a rigidez da mola
para o exemplo numérico .Os itens 7.1, 7.2 e 7.3 mostram os resultados para os casos considerando
as ligações articuladas, engastadas e semirrígidas, respectivamente.
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Console, articulado. Articulado, Console
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7.3. Exemplo de pórtico com ligação semirrígida
Momento fletor
Pilar à esquerda Pilar à direita
(Topo do Pilar)
Articulado 16,27kN.m; δ=8,0mm 16,27kN.m; δ=7,9mm
Engastado 57,56kN.m, δ=3,3mm 62,87kN.m; δ=3,3mm
Semirrígido 33,54kN.m, δ=4,4mm 37,34kN.m; δ=4,4mm
Nas vigas
Momento Fletor
na Viga Articulada
Esquerda Centro Direita
0,0 kN.m 108,11 kN.m 0,0 kN.m
δ=103mm
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MomentoFletor
na Viga Engastada
Esquerdo Centro Direito
41,47kN.m 64,17 kN.m 46,41 kN.m
δ=56,9 mm
8. CONCLUSÕES
9. AGRADECIMENTOS
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