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230 I CORÍNTIOS

34 νποτασσεσθωοαν] -σβαί D G 1739 al latt sXh arm Mcion ς : add του ανδρασίν A

V ários te s te m u n h o s , p r in c ip a lm e n te o c id e n ta is,tran sp õ e m os vss. 34-35 p a ra q u e sigam o vs. 40 (D F G 88* it (d ,g )


Ambrosiastro Sedúlio Escoto); no códex Fuldensis, foram inseridos por Vítor de C ápua à m argem , após o vs. 33, porém , sem
removê-las de seu lugar mais abaixo. Tais alterações escribais representam tentativas de achar um a localização mais apropriada no
contexto, para as orientações dadas por Paulo acerca de mulheres.
O Textus Receptus, seguindo D F G K L m uitos minúsculos it (d,g) sir (p,h) com obelo al , diz υμών após y v v a lu e s. A
com issão r e p u to u isso com o u m a p ro v á v e l a d ição e scrib al, e p re fe riu o te x to m ais b rev e, q u e é fo rte m e n te a p o ia d o
por pKVid N A B C P Ψ 33 43 88 104 256 263 298 436 467 623 915 1319 1739 1837 2127 vg cop (sa,bo,fay) ara etí al.
14:34: as mulheres estejam caladas nas igrejas; porque lhes não é permitido falar; que ora comentamos, quanto à suas proibições. Lemos ali: «Que a mulher
mas estejam submissas como também ordena a lei. aprenda em silêncio, com toda a submissão. E não permito que a mulher
d. Outros regulamentos acerca dos cultos públicos (14:34-40). ensine, nem que exerça autoridade sobre o marido; esteja, porém, em
silêncio». D ificilm ente as palavras poderiam ser mais claras do que
Nos meios cristãos e evangélicos persiste um debate, contra e a favor de isso. Não pode haver dúvida que Paulo cria na subordinação das mulheres,
falarem e ensinarem as mulheres na igreja. Dificilmente qualquer outra por determinação do Senhor. Isso transparece claramente desde o décimo
passagem paulina tem causado tanta consternação entre os crentes como a primeiro capítulo desta epístola. (Ver especialmente os versículos terceiro,
que temos à nossa frente. Virtualmente nenhuma congregação local, e sétimo a nono desse citado capítulo). «Ensinar» é um sinal tão grande de
certamente nenhuma denominação evangélica, obedece ao que Paulo diz em ancipação que Paulo, como bom rabino ju d eu que era, não podia
aqui concernente à conduta das m ulheres na igreja. Um núm ero tolerar.
extremamente pequeno de igrejas não permite às mulheres qualquer função
didática dentro das igrejas, quer na Escola Dominical, quer nos cultos de Como se poderia reconciliar isso com o trecho de I Cor. 11:5? Esse
adoração, quer em quaisquer o utras reuniões dos crentes. Alguns versículo menciona especificamente mulheres a orarem e profetizarem, e
estudiosos pretendem seguir aqui o que Paulo diz, m ediante várias isso sem qualquer censura, ainda que, para tal prática, Paulo requeresse o
interpretações perversas, que evitam o claro ensino bíblico de que uma uso do véu, o que é outra prática que virtualmente nenhuma denominação
mulher não pode receber o encargo de ensinar na igreja, mas antes, deve evangélica pratica corretamente hoje em dia, porquanto se trata de algo
conservar-se calada. Aqueles que assim fazem não com preendem , e baseado em costumes sociais, tal como no caso da posição inferiorizada da
provavelm ente não querem com preender, que Paulo sim plesm ente mulher. Por que Paulo não condenou essa prática nesse citado versículo?
Parece que ali ele permite que a mulher ore e profetize, sob a condição do
transferia para a igreja cristã certas idéias básicas do judaísmo, no que diz uso do véu. Alguns estudiosos têm argumentado que essa atividade seria
respeito à mulher. levada a efeito por m ulheres em reuniões menos im p o rtantes, talvez
Fatos a Considerar privadas, mas não diretamente associadas com a igreja; por conseguinte, os
1. Paulo não condenou meramente a idéia de mulheres fazendo perguntas dois casos não seriam idênticos. Ou talvez ele se referisse apenas ao «falar»
durante o culto, ficando assim perturbada a boa ordem. Isso está incluído, privado das m ulheres. C ontudo, apesar dessa ser um a interpretação
mas o texto vai muito além dessa simples questão. possível, quando muito, é dúbia, apesar das mulheres poderem ensinar
2. Por que Paulo não condenou às mulheres que profetizam, em sua certas coisas e profetizar (como se vê no relato de Atos 21:9).
discussão em I Cor. 11:5? Ê um erro pôr aquele trecho em choque com este. Talvez seja melhor supormos que Paulo, em I Cor. 11:5, tivesse por
Ali, Paulo simplesmente salta por cima da questão, pois aludia à questão da intuito corrigir certo vício, tendo deixado outros vícios (como o falar das
«autoridade», dos cabelos longos, do uso do véu, deixando sua censura para mulheres na igreja) para esta ocasião posterior. Os coríntios, ao lerem esta
este trecho. O tempo necessário para que se continuasse a leitura, daquela epístola, teriam lido as duas secções separadas com um intervalo de apenas
passagem para esta, seria bem curto, e suas epístolas originais não estavam cinco ou seis minutos; portanto, a proibição que aparece neste décimo
divididas em capítulos, como se diferentes assuntos estivessem sob quarto capítulo na realidade se aplica da mesma maneira como se figurasse
discussão; e assim a leitura seria feita de uma maneira contínua. na secção an terio r; po rq u an to tudo resu lta na mesma coisa. E isso é
3. Paulo não aborda o tem a das profecias «particulares» feitas por expressão de um a m elhor in terp retação do que a suposição, feita por
mulheres (segundo se vê em Atos 21:9), o que, evidentemente, ele aprovava. alguns, que quando Paulo chegou a esta secção, seu escriba, conhecendo a
Mas referia-se aqui à ordem eclesiástica. Ele proibia, de forma absoluta, situação reinante na igreja de Corinto, estando Paulo a ditar, informou esse
que as mulheres falassem ou ensinassem em qualquer reunião pública de apóstolo das desordens que havia nos cultos de adoração naquela cidade, e
igreja. como as «mulheres» tão decididamente contribuíam para tal estado de
4. Nos dias de Paulo, não havia coisa alguma que se assemelhasse à desordem. Então, ouvindo tal informação, Paulo talvez tenha adicionado
m oderna Escola D om inical, pelo que Paulo não estabelecia exceção estes versículos especialmente severos, com o fito de controlar tais mulheres,
nenhuma. Talvez ele aprovasse mulheres ensinando a crianças ou a jovens coibindo-lhes o abuso. Todavia, tal interpretação labora contra o contexto
na igreja, se isso fosse feito como uma reunião distinta, e com esse propósito geral, porquanto Paulo apela primeiramente para a lei (ver o trigésimo
específico. No entanto, duvido que ele teria aprovado tal atividade como quarto versículo), e então apela para o «mandamento do Senhor» (ver o
parte do próprio culto normal; mas quase certamente teria permitido e trigésimo sétimo versículo). Portanto, não parece que ele tivesse adicionado
mesmo aprovado e encorajado tal prática nos lares. uma interpolação precipitada. Antes, parece que ele expressa aqui suas
5. Em qualquer discussão sobre os regulamentos paulinos atinentes às convicções solidamente formadas. E como tais convicções poderiam ser
mulheres, convém que nos lembremos que as mulheres eram tidas em bem diferentes, a menos que ele houvesse recebido algum a revelação em
baixa conta, na estimativa dos homens judeus. Muitos rabinos duvidavam contrário, considerando sua formação judaica?
que as mulheres tivessem alma. Se um escravo do sexo masculino podia ler Variante Textual: Nesta passagem há uma importante variante textual,
as Escrituras na sinagoga, uma mulher judia não tinha permissão para relacionada ao problema com que nos defrontamos. Segundo o texto ocidental,
tanto. N enhum a m ulher podia freq ü en tar as escolas de teologia. Na isto é, os mss DG, 88 (escriba original), a tradição latina em geral e o Si(hmg),
realidade, os rabinos afirm avam : «É preferível queim ar a lei do que os versículos trigésimo quarto e trigésimo quinto aparecem depois do versículo
ensiná-la a uma mulher!» (Ver notas completas sobre esse ponto de vista quarenta. Isso tem levado alguns estudiosos a especularem que, originalmente,
esses versículos seriam uma glosa escribal, posta à margem, não fazendo parte
sobre a mulher, na sociedade judaica, em João 4:27,29). da composição paulina de forma alguma. Da margem, finalmente, passaram
6. Se Paulo pudesse reto rn a r à vida hoje em dia e contem plar quão para o próprio texto, na posição comum em que se encontram, na maioria dos
grande força é representada pelas mulheres na igreja, sobretudo em nossos manuscritos, embora tivessem entrado no «texto ocidental» imediatamente
campos m issionários, e se pudesse ouvir alguns eruditos cientistas após o versículo quadragésimo.Os manuscritos do texto «ocidental» são
demonstrarem que as mulheres não são intelectualmente inferiores aos aqueles que se desenvolvem na Itália, na Europa ocidental e em certas regiões
homens; e se, além disso, pudesse ouvir algum sábio biólogo provar que, da África. Isso seria uma instância de uma «não-interpolação ocidental», ou
seja, um lugar onde o texto «ocidental», contrariamente a todas as demais
excetuando no campo da força física, a mulher é fisicamente superior ao- tradições textuais, exibe um texto mais curto, representante do original, ao
homem; e se pudesse ouvir notáveis teólogos e místicos demonstrarem que a passo que as outras tradições contêm um omato qualquer, que aumentou a
mulher, por natureza, é mais intuitiva e, na realidade, mais espiritual que o extensão do texto. Porém, apesar disso ser uma possibilidade, é virtualmente
homem, mui provavelmente modificaria várias das coisas que escreveu. impossível afirmarmos tal tese com qualquer confiança. E ainda que a mesma
Cada indivíduo é produto de sua época, de um a form a ou de outra, e expresse uma verdade, e que Paulo não tenha escrito esses dois versículos, que
algumas pessoas são apenas produto de seu meio. Paulo conseguiu grandes restringem a atividade da mulher na igreja, teríamos que enfrentar assim
avanços em conhecim ento e esp iritu alid ad e, mas, algum as vezes, ao mesmo o trecho de I Tim. 2:11,12, que ensina exatam ente a mesma
coisa.Naturalmente que existem intérpretes que não aceitam como paulinas as
expressar seus pontos de vista, m eram ente por causa de seu passado chamadas «epístolas pastorais»; e somente nesse caso é que não contaríamos
formativo no judaísmo, ele se mostrou deficiente naquilo que, atualmente, é com qualquer mandamento paulino contrário às atividades didáticas das
conhecimento demonstrável. A igreja moderna tem deixado para trás certos mulheres, na igreja. Entretanto, a opinião desses últimos intérpretes não
pontos de vista de Paulo sobre essa questão da m ulher. Pelo menos representa grande consolo para a maioria dos crentes, — se as epístolas
praticamente, nenhuma denominação ou igreja local pratica, sem exceções, pastorais, mesmo que não sejam de autoria paulina, são reputadas como
os conceitos que restringem as mulheres ao silêncio. E essa prática é sábia, inspiradas, e, portanto, dotadas de autoridade, desde o princípio do
sem dúvida. cristianismo, em seus primeiros séculos.
Deveríamos obedecer a Paulo quanto a essa questão? A pergunta que se
«...como também a lei o determina...» Com essas palavras, Paulo mostra deve fazer aqui não é «Estamos obedecendo a Paulo q uanto a isso?»,
de onde se derivava a sua atitu d e. A p rá tic a m osaica, as tradições da porquanto é óbvio que não o estamos; e essa desobediência é universal, visto
sinagoga, faziam as m ulheres serem m eras aprendizes, e os homens, que suas restrições são absolutas, conforme uma interpretação honesta
m estres, exceto no lar. O princípio exarado em G ál. 3:26 por certo é precisa admitir. Por conseguinte, a indagação certa não deve perguntar se
deixado de lado segundo este ponto de vista. «estamos obedecendo», masantes, se «deveríamos obedecer». Em resposta a
A passagem de I Tim. 2:11,12 é igualmente tão enfática como a passagem isso, cada crente individual deve ser responsável pelas suas ações,
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dependendo de como ele vê a autoridade das Escrituras, e se tais injunções mulheres não deve ser permitido falarem, e nem mesmo fazerem perguntas.
devem ser consideradas obrigatórias ou não para todos os tempos e para Devem fazê-lo ‘em casa’. Paulo chama isso de vergonhoso, como em I Cor.
todos os crentes. 11:6 (comparar também com Efé. 5:12 e Tito 1:11). Certamente que as
A posição deste com entário é que existem certas injunções que não mulheres continuam em sujeição a seus maridos, ou devem continuar como
refletem questões m orais, que não incluem «questões d o u trin árias tais. Porém, de alguma maneira, os crentes modernos têm concluído que os
necessárias», mas tão-somente refletem costumes e atitudes da época m andam entos de Paulo sobre esse assunto, tal como em I Tim . 2:12,
apostólica, talvez convenientes para aquele período histórico, mas já visavam condições específicas que não se aplicam totalmente em nossos
sem aplicação no nosso caso. Outrossim, nas Escrituras existem certos dias. As mulheres é que praticamente se ocupam de todo o ensino, nas
«elementos humanos», ou seja» atitudes de determinadas escrituras, que Escolas Dominicais hoje em dia. Não é fácil traçar a linha de distinção. As
talvez fossem boas para aquela época, mas que não se aplicam mais ao filhas de Filipe eram profetisas. Parece bem claro que precisamos ser
nosso próprio tempo. Dentro dessa categoria é que este comentário tem pacientes uns com os outros, ao tentarmos compreender o verdadeiro
situado o uso do véu, por exemplo. Pois, naquela época, tal uso tinha um sentido das palavras de Paulo, neste ponto». (Robertson, in loc., com uma
sentido, era uma desgraça uma mulher aparecer em público sem o véu. excelente nota, excetuando a porção final. Porquanto declara que «Não há
Muitas usavam o véu até mesmo no próprio lar, quanto mais na igreja, o q u alq u er dúvida sobre o que Paulo quis dizer a q u i...» , mas, logo em
lugar da adoração pública. Somente as prostitutas se sentiam suficiente­ seguida, contradiz a si mesmo ao dizer que «.. .precisamos ser pacientes uns
mente emancipada para ignorar tais costumes sociais. Contudo, o costume com os outros, ao tentarmos compreender o verdadeiro sentido das palavras
social que fazia dessa questão um tema importante naquela época, não mais de Paulo, neste ponto». O verdadeiro sentido de Paulo, conforme o próprio
se aplica aos nossos dias. Outro tanto se pode dizer com respeito à posição R obertson adm ite, não dá margem a q u alq u er dúvida. M as a nossa
das mulheres na igreja. consternação e necessidade de paciência diz respeito a como encontrar
As Normas De Paulo solução p a ra o problem a, problem a esse que consiste em por que não
O ra, não apreciam os tal norm a porque ela é c o n trária aos nossos obedecemos ao que está escrito; p orque a grande verdade é que,
conceitos sobre as capacidades fem ininas; mas essa é a realidade da universalmente, os cristãos não são obedientes nesse particular).
questão. Outrossim, é evidente, com base neste texto, que Paulo transferia «Essa era um a ordenança ju d aica; às m ulheres não era perm itido
p a ra a igreja cristã essa m esma atitu d e ju d aica. Ele acab a ra de ensinarem nas assembléias, e nem mesmo fazerem indagações. Os rabinos
regulamentar o uso dos dons de línguas e da profecia, mas essas normas não ensinavam que ‘uma mulher não deve saber outra coisa senão como usar os
se aplicavam às mulheres, porquanto lhes estava vedado o direito de falar, seus utensílios caseiros’. E as declarações do rabino Eliezer, conforme
pelo que não podiam falar em línguas e nem profetizar. Em particular, transmitidas por Bammidbar Rabba, secção 9, foi. 204, são ambas dignas
podiam fazê-lo; e encontramos várias instâncias de mulheres crentes a de observação e de execração. Essas declarações são as seguintes: ‘Antes
fazer ambas as coisas, no livro de Atos. (Ver Atos 2:18, que é a primeira sejam queimadas as palavras da lei, do que serem elas ensinadas a uma
alusão ao uso do dom de línguas na igreja cristã; e o fato que o apóstolo mulher’» (Adam Clarke, in loc.).
Pedro menciona as servas mostra-nos que mulheres foram inclusas nessa A in terp re tação desta passagem que reduz o «silêncio» im posto às
manifestação inicial). Por igual modo, podemos observar que mulheres m ulheres crentes, som ente no caso de disputas, de form ulação de
crentes profetizavam. O trecho de Atos 21:9 mostra-nos que o evangelista perguntas, etc., é apenas uma tentativa de evitar o sentido óbvio dessa
Filipe tin h a qu atro filhas que profetizavam . Se m ulheres como essas proibição. Não é que à mulher estava vedado meramente «ensinar» ou «fazer
usavam seus dons—o de línguas e a profecia—nas igrejas (não havendo perguntas» (conform e I Tim . 2:12 m ostra), mas tam bém deveria
razão para pensarmos que em alguns lugares somente não o fizessem), permanecer «em silêncio», «não falar», por ser isso «vergonhoso» para ela,
então agiam contrariamente às instruções e desejos de Paulo. Mas sabemos, na igreja. (Ver o trigésimo quinto versículo). Ésses mandamentos são
alicerçados na passagem à nossa frente, que mulheres falavam na igreja, perfeitamente claros. Não honramos a Deus ao perverter as Escrituras para
ensinando, falando em línguas e profetizando, mas que Paulo não aprovava adaptá-las à nossa prática comum.
tal ação, conforme esta secção nos mostra. John Gill (in loc.), em uma observação sua, lança mais luz sobre as
Mudança De Costumes Sociais Exige Modificação De Certas Regras atitudes judaicas sobre essa questão. Díz ele: «...os homens vêm para
Qual é o dilem a daqueles que não assum em essa atitude"! No caso ensinar, e as mulheres para ouvir; e um de seus cânones diz como segue:
daqueles que não se dispõem a tomar essa atitude, talvez por ser ela por ‘Uma mulher não pode ler (isto é, a lei) na congregação’ (Maimonides
demais «liberal» ou «contrária às Escrituras», surge um dilema. Pois se essa Hilich. Tepilla, cap. 12, secção 17); porquanto os judeus pensavam ser uma
passagem continua obrig ató ria p a ra nós, então devemos obedecê-la desonra, em uma assembléia pública, uma mulher fazer a leitura, embora
totalmente; e a mera leitura da mesma mostra que o silêncio afosoluto é chegassem a permitir que uma ‘criança’ o fizesse, se disso, o menino fosse
imposto às mulheres: elas não podem ensinar na igreja, porquanto assim capaz».
fazendo estão usurpando um direito masculino. Elas não podem falar em Conforme se vê por essa observação de John Gill, pois, as mulheres eram
línguas e nem profetizar na igreja. Essa é a única coisa que o texto pode reduzidas, nas sinagogas judaicas, a uma posição inferior a de um menino.
significar, considerando-se o fundo histórico judaico que lhe serviu de base. Esse é o tipo de atitude que transparece no texto que ora comentamos.
Aqueles que crêem que todas as injunções das Escrituras são obrigatórias «...como também a lei o determina...» É bem provável que o termo «lei»,
para nós devem aceitar também este mandato, pondo-o em prática na neste caso, seja uma referência geral às Escrituras do A.T., conforme as
igreja, em qualquer comunidade local. Mas seria mister uma das façanhas mesmas eram interpretadas na prática judaica. As passagens bíblicas em
de Hércules para conseguir isso. foco seriam Gên. 3:16 e Núm. 30:8-12, as quais fazem a mulher depender
A verdade real da questão toda se encontra em G ál. 3:26, onde se totalmente de seu marido, por estar-lhe sujeita. A mulher que deseja falar
aprende: «Dessarte não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem em público, por necessidade, deve «presidir» tal reunião, em um sentido ou
liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo outro. Mas isso daria a entender estar elar usurpando autoridade de seu
Jesus». Essa declaração tem uma lata aplicação. A sujeição das mulheres, marido; e, mesmo que fosse solteira, que estaria usurpando a autoridade
nos capítulos décimo primeiro e décimo quarto, não concorda com esse dos homens presentes. Ora, isso era reputado como uma afronta das piores
princípio. Dizer tal coisa pode ser reputado uma «heresia» por alguns; mas para a dignidade da congregação, segundo a mentalidade judaica. Porque
isso não torn a menos veraz tal «heresia». De fato, essa é a verdade da se um menino tinha o direito de «ler a lei», assim exercendo certa dose
questão. Por qual razão pensaríamos que algumas das atitudes de Paulo mínima de autoridade delegada, uma mulher não podia fazer nem mesmo
não podem ser melhoradas, e que algumas de suas injunções não poderiam isso. O ensinamento do texto que ora consideramos é perfeitamente claro;
ter-se tornad o obsoletas? Por que não pensaríam os que p a rte de seus mas se isso deveria ser obrigatório p ara todas as eras, é um
ensinam entos não poderia ter sido colorido p o r costum es locais, pela pensamento qualquer coisa menos claro.
mentalidade antiga? As Escrituras não foram escritas em um vácuo, e «...falar...» No original grego encontramos o verbo «lalein», que se refere
necessariamente devem ter sido coloridas, em algumas instâncias, por tais a qualquer modalidade de elocução verbal, incluindo a pregação e até
fatores. C ontudo, na B íblia reb rilh a a verdade do Senhor D eus, mesmo a conversação pública ou p a rtic u la r. Alguns intérpretes têm
ensinando-nos autoritativamente tudo quanto é necessário para uma vida procurado form ar um argum ento, com base no vocábulo grego aqui
santa e piedosa, nesta vida e na outra. utilizado, supondo eles que certas «formas» de elocução verbal eram
Abaixo transcrevemos os comentários de vários autores, sobre a questão permitidas, mas outras não. Assim sendo, a «pregação» não seria permitida,
em foco: mas outras elocuções verbais seriam permitidas. Ou então, no sentido que
«As mulheres devem manter silêncio nos cultos públicos. Cumpre-lhes às m ulheres era vedado fazerem perg u n tas, d isp u tar, etc., em bora
participarem do Amém (ver o sexto versículo), mas em tudo o mais não pudessem falar de outra maneira. Porém, tal interpretação perverte tanto o
devem ser ouvidas. Elas vinham reivindicando igualdade com os homens, sentido do vocábulo grego como a própria passagem. Pois tal vocábulo tem
na questão do véu, deixando de lado esse sinal de sujeição na igreja, e um sentido muito geral, podendo indicar qualquer forma de elocução
aparentemente também tinham tentado pregar, ou, pelo menos, vinham verbal. É palavra usada por nada menos de duzentas e noventa e cinco vezes
formulando perguntas, durante as reuniões públicas. Não estamos certos se nas páginas do N.T., a fim de expressar todas as formas imagináveis de
o apóstolo Paulo admitia a ‘possibilidade’ das mulheres profetizarem em elocução verbal, pública, particular, formal e informal. O Senhor Jesus, ao
casos excepcionais. O que é dito em I Cor. 11:5 pode ser apenas hipotético. n a rra r as suas p aráb o las às m ultidões, como tam bém em p a rticu lar,
O ensino foi proibido a elas pelo apóstolo...uma regra extraída da sinagoga «falava» (no grego, «lalein»), conforme se vê em Mat. 9:18,33 e 13:3. Tal
e m antida na igreja prim itiva (ver I Tim . 2:12), O abandono do véu verbo grego também era usado para indicar as conversas privadas. (Ver
eqüivalia a reivindicar igualdade com os homens; ensinar em público M at. 14:27). Por conseguinte, nenhum argum ento sólido pode ser
eqüivalia a ‘exercer autoridade’ sobre eles. formulado com base no sentido dessa palavra, a fim de justificar qualquer
Não há qualquer dúvida sobre o que Paulo quis dizer aqui. Na igreja, às tipo de «elocução verbal» por partè de mulheres, na igreja cristã.

35 et Se τι μ α θεΐν θελουσιν, ev οικω τούς ίδίονς ανδραζ h τερω τάτω σαν, αισχρόν γά ρ έστιν γυνα ικ ι
XaXeiv eV εκ κλη σία .2 35 ea™] o«P46B 5 j
14:35: Ε, se querem aprender alguma coisa, perguntem em casa a seus próprios maridos; porque é indecoroso para a mulher o falar na igreja.
232 I CORÍNTIOS
Nas sinagogas judaicas aos hom ens era perm itido d isputarem , não apenas a única variedade, conforme certa perversa interpretação desta
discutirem, dialogarem e fazerem perguntas. Nenhuma mulher judia podia passagem pretende fazer-nos acreditar. O fato é que Paulo não permitia
fazer isso. Por semelhante modo, as mulheres crentes não podem fazer «qualquer tipo» de elocução verbal em público, por parte das mulheres, na
assim, nas suas reuniões públicas. O silêncio das mulheres, excetuando o igreja. Essa é a única interpretação historicamente correta.
«Amém» responsivo, deve ser absoluto. Os rabinos judeus também proibiam «...vergonhoso...» Trata-se da mesma palavra forte que Paulo usara, ao
as mulheres de «liderarem» os cânticos nas sinagogas, embora pudessem aludir ao costume das mulheres de raparem seus cabelos (ver I Cor. 11:6). É
cantar juntamente com os homens. O que se depreende dessas instruções como se o apóstolo houvesse escrito: «É realmente escandaloso uma mulher
paulinas é que as mulheres são aprendizes secundárias na igreja cristã, falar publicamente, perante a congregação, ou perante qualquer porção da
porquanto, se precisassem indagar qualquer coisa, que não apresentassem mesma, como uma função da igreja».
qualquer indagação no culto público, mas perguntassem em casa a seus «É uma desgraça para o sexo feminino, deixando entrever um orgulho e
maridos. Caso não tivessem marido, por serem solteiras, que indagassem a um a vaidade fora do comum, p or ser um a ousadia e um a confiança
seus progeititores, ou a algum ancião, em particular, ou a alguma mulher desnaturais; e é uma desgraça para a comunidade ficar debaixo de tal
mais idosa, iftas sempre fora das reuniões públicas. Nenhuma mulher ministério e conduta». (John Gill, in loc.).
crente podia mostrar-se tão ousada a ponto de pedir alguma explicação No original grego, a palavra aqui trad u zid a por «vergonhoso» é
sobre questão doutrinária enquanto estivesse em ação o culto público, «aischros», que significa «feio», «vergonhoso», «vil». Paulo usa aqui uma
embora os homens pudessem fazer isso. forte palavra que indica desprazer.
«Isso proíbe ‘outra irregularidade paralela’—o fato da fazerem elas Quanto ao problema inteiro das exceções possíveis a essas injunções, John
‘perguntas em público’». (Alford, in loc.). Gill (in loc.) in te rp re ta co rretam ente como segue: «As instâncias
Ao assim dizer, Alford mostra-se correto, porquanto esse tipo de «falar» extraordinárias de Débora, Hilda e Ana não devem fazer parte do quadro,
era apenas uma das variedades de «elocução verbal» que Paulo proibira, e tomando-se regra ou exemplo em tais casos».

36 ή άφ’ υμών 6 λόγος τοΰ θεοΰ έξήλθζν, ή εις υμάς μόνους κατήντησεν;
14:36: Porventura foi de νόι que partiu a palavra de Deus? Ou veio ela somente para línguas sem ninguém interpretá-las, profetas se recusam a ceder lugar a
vòs? outros, mulheres afirmam ter o direito de profetizar e de fazer perguntas em
Essas palavras de Paulo são cortantes, sarcásticas, severas, típicas desse público! Se estais defendendo escândalos como esses, só se pode supor que
apóstolo dos gentios, quando suas emoções estavam despertas. Com isso se reivindicais ser o Alfa e o Omega do evangelho, a fonte e o reservatório de
pode com parar o epíteto que ele deu aos seus adversários jud eu s, que toda a instrução eclesiástica, o ponto inicial e o alvo de toda a disciplina na
tendiam para o legalismo, mutilação, para indicar a circuncisão, em Fil. igreja». (Robertson e Plummer, in loc.).
3.:2. Nesse caso, Paulo m odificou a palavra comum que indica Mesmo que em Corinto se tivesse estabelecido a igreja-mãe, Paulo jamais
«circuncisão», o grego «peritome» (que significa «cortar em redor»), para teria permitido que tais abusos se estabelecessem entre eles, conforme lhes
«katatome» (que significa «despedaçar», «mutilar»). Nesse mesmo versículo diz amarga e sarcasticamente.
Paulo chama os seus opositores de «cães» e de «maliciosos». Isso nos mostra Notemos que as interpretações acima transcritas, apesar de se referirem
que tipo de linguagem Paulo sabia usar, quando emocionalmente agitado. diretamente à questão das mulheres falarem ou não na igreja, incluem, em
U sualm ente as nossas traduções procuram suavizar essas expressões suas inferências, todos os vícios e abusos que o apóstolo dos gentios
p aulinas fortes. Por exem plo, a trad u ção p ortuguesa AA diz «falsa repreende nesta sua epístola.
circuncisão», ao invés de «mutilação». Por que os tradutores e revisores Paulo apelou, em ambos os casos, p a ra a Palavra de D eus, a qual
fazem assim, como se Paulo fosse um deus, e não um ser humano, dotado transcende a q ualquer assem bléia local. Isso significa que nenhum a
de paixões como qualquer outro homem? congregação local tem a liberdade de estabelecer as suas próprias regras,
Incidentalmente, isso mostra quão profundamente Paulo sentia a questão exceto quanto a questões «indiferentes moralmente». Mas também apelou
das mulheres falarem na igreja, a ponto de haver ele apelado para uma para o «costume consagrado nas igrejas», conforme já havia feito em I Cor.
linguagem tão abrasiva. É como se ele tivesse dito: «Vós, coríntios tão cheios 11:6 e 14:33. Paulo considera com os seus leitores o fato que as demais
de vangloria, pensais que fostes os inventores da Palavra de Deus, ou que igrejas cristãs locais não seguiam os vícios coríntios. E isso mostra que eles
sois os únicos para quem ela foi dada? Que direito tendes de criar essas tinham :eriado inovações prejudiciais, ao passo que a conduta das outras
vergonhosas inovações, em que vossas mulheres abandonam o véu, cortam igrejas indicava a ação certa. A au to rid ad e apostólica de Paulo fora
os cabelos e falam na igreja?» Na realidade, todas essas coisas eram suficiente para outras congregações locais. Essas outras igrejas seguiam
inovações para Paulo, embora sejam perfeitamente comuns na atualidade. seus preceitos; e os crentes de Corinto deveriam agrupar-se entre as igrejas
Mas precisamos julgar as palavras e as atitudes de Paulo de conformidade obedientes.
com os costum es e a m entalidade de seus dias, e não segundo a nossa «...apalavra de Deus...» Mui provavelmente essa expressão indica aqui,
própria época. essencialmente, a «doutrina e prática cristãs», neste contexto, embora a
«Fostes vós o ponto inicial do evangelho? ou fostes vós os únicos alusão de Paulo, ao A.T., no trigésimo versículo, possa indicar que aquilo
destinatários do mesmo? Quereis contender que tendes o direito de manter que exigia da parte de seus leitores coríntios, se derivava dos tesouros da
tais irregularidades? Mulheres tiram o véu na adoração pública, pessoas se revelação cristã, incluindo porções do antigo pacto, que eram dignas de ser
embriagam quando da celebração da Ceia do Senhor, outros falam em adotadas no credo cristão e nas páginas dos discípulos de Cristo.

37 E l τις δοκ€Ϊ προφήτης eivai ή πνευματικός, βπιγυνωσκέτα) ά γράφω ύμΐν ότι κυρίου εστιν εντολή3·
! 37 (C !' ί σ τ ί ν ίν τ ο λ ή Ν” A Β 048 0243 33 1241 1739 1881 syr»·1 copbo syrp.h COpBfl,fay Ambrosiaster (Chrysostom at è v ro X a Í) Theodoret John-
eth Augustine // εν το λή ίσ τ ι ν Μ* // ά σ ιν έν το λ α ί Db'c Κ Mr 88 104 181 326 Damascus 'H e v ro K a í e la iv 81 tld 436 1962 itf arm Euthalius // ΐ ν τ ό λ a i κυρίου
330 451 614 629 630 1877 1984 1985 2492 2495 B y r L e d it*"·1"”'*'· vg ίΐσ ιν 2127 // ΐ σ τ ί ν D* G (itd·0^) Origen«rJat Ambrosiaster Hilary Pelagius

37 &..Λντο\ή 1 Jn 4.6 37 Kvpiov] Θεου A bo Orpt | ecmv εντολή (ο>τ. €στ. X*) 4)4eA B Aug; R]
Em bora se possa argum entar que a form a mais breve, è tr r ív (D* G (it (d,g)) Orígenes (gr,lat) Ambrosiastro Hilário Pelágio) ê
original, e que a variedade de posição em έντολή (èvroXu. condena esse term o como um a adição interpretativa, a comissão
relutou em depender de u m pequeno grupo de testem unhos ocidentais, alguns dos quais são obviam ente indignos de confiança
nos versículos vizinhos, e preferiu adotar a form a έσ τίν εντολή, apoiada por certa variedade de testem unhos (p46 Nc A B 048
0243 33 1739 1881 sir (pal) cop (bo) etí Agostinho). O plural, èvToXat (D b c Κ Ψ 88 104 614 Byz Lect aí) é obviam ente um a
assimilação ao a . anterior, feita p o r algum copista. A omissão, em D* G al pode ser acidental.
14:37: Se alguém se considera profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que nhor...», neste caso, como em outras instâncias, se refere ao Senhor Jesus
vos escrevo são mandamentos do Senhor. Cristo, o qual, mediante o seu Espírito Santo, agora inspirava Paulo no que
Paulo pisava aqui em terreno perigoso, po rq u an to os profetas da ele escrevia. (Ver as notas expositivas, em Rom. 14, acerca do título de
comunidade cristã de Corinto pensavam que tinham recebido revelações da Jesus, «Senhor»; e, quanto ao ensino sobre o «senhorio de Cristo», ver a
p arte de D eus; e não há que duvidar que alguns desses p rofetas eram mesma referência). A palavra «Senhor», aplicada a Jesus, é um uso comum
profetisas, isto é, eram mulheres. Quem era Paulo, pois, para dizer-lhes o do N.T., conforme essas notas expositivas aludidas mostram claramente.
que deveriam fazer? Entretanto, Paulo não hesita um momento sequer, «...mandamento...» Antes desta ocasião Paulo tivera o cuidado de fazer
visto que possuía genuína autoridade apostólica; e, além disso, sabia muito clara distinção entre as suas próprias opiniões, por mais amadurecidas que
melhor do que eles quais eram as tradições cristãs e quais os requisitos das fossem e por mais espiritualmente que estivessem baseadas, e as palavras
Sagradas Escrituras. E é por essa razão que assevera sua autoridade, autoritativas do Senhor Jesus. (Ver I Cor. 7:10,12). Porém, neste ponto, ele
invocando os «profetas» e todos os que se considerassem «espirituais», para ousa fazer a declaração que as suas instruções se revestem de autoridade
que reconhecessem a veracidade do que escrevia, ao tentar corrigir os vários divina. Consideremos os seguintes pontos:
abusos que havia na igreja de Corinto. 1. Um mandamento de Jesus, o Senhor, não querendo dar a entender que
Naturalmente, ao assim fazer, Paulo deixava entendido que o Espírito do ele tivesse qualquer «declaração» específica e conhecida de Jesus sobre a
Senhor guia todos os profetas e crentes espirituais, para que cheguem ao questão.
mesmo e uníssono entendimento espiritual. Assim sendo, Paulo deixa 2. Mas a fim de dar a entender que suas instruções estavam de acordo
entendido que se não concordassem com ele, após uma consideração mais com as tradições e a fé conhecidas, ensinadas pelo Senhor Jesus.
cuidadosa, é que não estavam sob a influência do mesmo Espírito que o 3. E também, mais especificamente ainda, que ele tinha «inspiração» em
dirigia. apoio ao que dizia, através do Espírito Santo, o «alter ego» de Cristo, e,
«...mandamento do Senhor...» Mui provavelmente a palavra «...Se­ portanto, do próprio Cristo.

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