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RESUMO
ABSTRACT
The present study is centred on the reflection over the determinism of the
Assistance-giving Brazilian State as a typical social interventionist model of
the neoliberal policies in force. Thus, the study points out the state is chiefly
concerned with adjustment policies. Its ideology for social inclusion of more
vulnerable and marginal social segments and the precariousness of public
social policies are also revealed. The study discloses, too, the real
significance of the Assistance-giving Brazilian State, interpreting it as a post-
modern challenge-facing strategy against the critical “social issues” afflicting
the country today, and their ontological limitations with regards to the social
transformation process.
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho possui como temática central a política social no Brasil pós-
Constituinte. No âmbito dessa área específica de estudo, buscou-se a caracterização do
objeto de pesquisa, o qual consiste no Estado Assistencialista, no que se refere à sua
gênese, função e contradições.
Nessa direção, tem por objetivo geral analisar as recentes transformações
vigentes no padrão do sistema de proteção social brasileiro, ocorridas em decorrência da
implementação dos processos macroeconômicos — configurado pela mundialização do
capital, pela reestruturação produtiva e pelo neoliberalismo — impulsionados pela
*
Professora de Política Social da Universidade Federal de Pernambuco.
Doutora em Serviço Social pela Universidade Federal de Pernambuco.
denominada reação burguesa com vistas a recuperar a economia capitalista mundial. Diante
de tais transformações, parte-se do princípio de que a tencionada reestruturação culminou
com a completa reformulação da relação Estado/sociedade, sendo estabelecidas,
conseqüentemente, as condições objetivas à deflagração do processo de consolidação do
Estado Assistencialista, entendido particularmente no contexto dessa análise como a
modalidade de intervenção social predominante no Brasil atual.
2 DESENVOLVIMENTO
Woods. Nesses termos, o Estado Assistencialista pode ser considerado, numa acepção
preliminar, como o modo de regulação social integrante do modelo de acumulação flexível e
neoliberal em vigor, de forma abrangente, no contexto dos países latino-americanos.
Quanto ao ideário do Estado Assistencialista, este consiste na inclusão marginal
dos segmentos sociais mais vulneráveis. Dessa maneira, a intenção constitucional de
promover a inclusão social dos segmentos sociais submetidos à condição de pauperização,
apresentada originalmente na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) por intermédio de
uma diversidade de programas, projetos, benefícios e serviços de dimensão assistencial que
tinham como horizonte a redução das desigualdades sociais, acabou sendo inteiramente
subjugada pelo ideário neoliberal em vigor. Essa situação de fracasso vivenciada pela
política de assistência social fez com que ela permanecesse, segundo Carvalho (2000, p.
145), “confinada a realizar pequenos e obscuros programas compensatórios, reduzida a
operar mínimos de sobrevivência processados num retrocesso seletivo que beira a
barbárie.” Respaldando tal ideário, destaca-se a presença indelével do projeto neoliberal, o
qual vem progressivamente se consolidando por meio da destruição dos pactos sociais,
ancorados em propostas efetivamente coletivas e emancipatórias, contribuindo, dessa
forma, para o acirramento das desigualdades e da pobreza.
No que se refere ao produto do Estado Assistencialista, este se assenta no
processo de precarização das políticas sociais. A plena consecução dessa estratégia
neoliberal vem proporcionando o sumário agravamento das condições de vida da maioria da
população dos países periféricos, culminando na completa destituição do cariz universal que
vinha orientando até então o processo de implementação das políticas sociais públicas,
tornando-as focalizadas, descentralizadas e privatizadas. No interior do processo da contra-
reforma do Estado, estas últimas constituem-se nas principais características imprimidas às
referidas políticas, sendo, por isso, usualmente denominadas, pelos especialistas da
temática, de “trinômio neoliberal”.
Nesse sentido, tem-se que o princípio concernente à focalização adquire
destaque central no contexto das reformas neoliberais, implementadas nos programas
sociais da América Latina a partir dos anos 80. Particularmente no Brasil, tais programas
são acionados na década de 90, em que a dimensão relativa à focalização das políticas
sociais implica o fato de que os gastos e os investimentos em termos de ações públicas
devem privilegiar, fundamentalmente, as populações submetidas à condição de extrema
pobreza ou pobreza absoluta.
De maneira abrangente, a temática relativa à descentralização das políticas
sociais, vislumbrada na contemporaneidade recente, vincula-se aos processos de mudanças
no mundo do trabalho e na esfera estatal, os quais têm condicionado a emergência de
novas modalidades de práticas sociopolíticas. No contexto dessas transformações, adquire
destaque a crise da proteção social, ocorrida no limiar dos anos 70, em que a concepção de
descentralização passa a ser concebida como uma alternativa aos problemas relacionados,
simultaneamente, à contenção das despesas sociais e ao aumento da eficiência dos
equipamentos coletivos. Apesar de manter fortes aproximações com a lógica da
democracia, estando, por essa razão, contemplada com destaque na Constituição federal
brasileira de 1988 como um instrumento imprescindível à revalorização do poder local e da
participação popular, aliando-se ainda o aspecto de ser entendida como precondição da
prática democrática recuperada, após longos anos de vigência da dimensão relativa à
centralização política e administrativa, a descentralização vem sendo, sobretudo, nos
últimos anos, apropriada pelas instituições internacionais de financiamento, visando ao
saneamento fiscal e social das sociedades periféricas.
Na dinâmica do denominado “trinômio neoliberal”, a privatização afigura-se,
conforme Laurel (2002), na condição de elemento articulador do processo mais amplo de
precarização das políticas sociais públicas, na medida em
3 CONCLUSÃO
[...] uma modalidade de regulação estatal onde a política social regride à condição
de dever moral de prestar socorro às populações empobrecidas, não se realizando
como direito social e, por isso, abdicando sumariamente de seu estatuto político
plenamente conquistado por meio da institucionalização da política de seguridade
social. (PORTO, 2005, p. 198).
REFERÊNCIAS
BEHRING, Elaine R. Política social no capitalismo tardio. São Paulo: Cortez, 1998.
SERRA, Rose M. S. A questão social hoje. Ser Social. Brasília, UnB, n. 06, p. 169-184, jan.
/ jun. 2000.