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ESCOLA DE MÚSICA
Natal/RN
2014
Djair Pessoa Leão
Natal/RN
2014
Djair Pessoa Leão
Banca examinadora:
___________________________________
___________________________________
___________________________________
Profº Jean Joubert Freitas Mendes, D.Sc. Examinador. Universidade Federal do Rio
Grande do Norte.
Dedico este trabalho especialmente aos
meus pais, Lídio Pessoa Leão e Aldenize
Borges de Paiva Leão, aos meus
familiares e amigos que me
acompanharam nessa trajetória e ao
professor Manoca Barreto (in memorian)
por toda dedicação ao ensino da guitarra
elétrica no estado do RN.
AGRADECIMENTOS
Rubens Alves
LEÃO, Djair Pessoa. Um panorama do ensino particular da guitarra elétrica na
cidade de Natal-RN. 2014. p. 54. Monografia (Graduação em Música) -
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN.
RESUMO
ABSTRACT
The present study aimed to expose an overview of private teaching electric guitar in
Natal-RN, whose results were achieved through the use of a questionnaire
administered to a sample of 16 private teachers of electric guitar of the city through
the work by these private professionals. Thus, it became possible to identify aspects
related to age, musical training, the professional performance and long experience as
a teacher of guitar these respondents. . In addition, it became possible to
demonstrate the spaces intended for informal teaching these classes, profile,
interests and the large number of students seeking the guitar lessons with these
particular teachers and seeking to study the instrument in a dynamic and flexible
way. The collected material makes us take note of how these classes are taught and
what methodologies are used by these workers, their musical experiences and the
challenges encountered, as well as update these professionals as musicians and
teachers and the income from these classes. The paper also presents a brief history
of the evolution of electric guitar over the years until his arrival in Brazil and the
difficulties of finding methodological materials and specific teachers for teaching the
instrument in the first decades of its inception in the country.
1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 12
1.1 Problemática................................................................................................. 12
1.2 Justificativa................................................................................................... 13
1.3 Objetivos........................................................................................................ 14
1.3.1 Objetivo geral.................................................................................... 14
1.3.2 Objetivos específicos........................................................................ 14
2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS.......................................................................... 15
2.1 Surgimento e desenvolvimento da guitarra elétrica................................. 15
2.2 A inclusão da guitarra elétrica na música brasileira................................. 19
2.3 O ensino da guitarra no Brasil..................................................................... 20
2.4 Aulas particulares de guitarra elétrica........................................................ 27
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.......................................................... 30
3.1 Caracterização do estudo............................................................................ 30
3.2 População e amostra.................................................................................... 31
3.3 Instrumentos de pesquisa............................................................................ 31
3.4 Coleta de dados............................................................................................ 33
3.5 Análise dos dados........................................................................................ 33
4 RESULTADOS DA PESQUISA......................................................................... 34
4.1 Pefil dos membros da pesquisa.................................................................. 34
4.1.1 Formação musical dos entrevistados................................................ 35
4.1.2 Atuação dos entrevistados na área da música................................. 36
4.1.3 Experiência dos entrevistados como professores de guitarra........... 37
4.2 Características encontradas no ensino particular da guitarra elétrica
em Natal-RN......................................................................................................... 38
4.3 Visão geral sobre as aulas guitarra na cidade de Natal-RN..................... 48
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 50
Referências.......................................................................................................... 52
APÊNDICE: Questionário da pesquisa de campo................................................ 54
1 INTRODUÇÃO
1.1 Problemática
12
Posteriormente, nos anos 70, com o período pós-tropicalista, de intensa
repressão política, verifica-se uma grande fragmentação do mercado e a forte
entrada da fonografia norte-americana no Brasil. E nos anos 80, onde através das
novas tecnologias de gravação e o consequente barateamento da produção,
verifica-se o surgimento de uma fonografia independente no Brasil e uma produção
voltada para a música instrumental e para o rock, que se afirma como produto
nacional, o chamado "Rock-Brasil", que leva dezenas de grupos às paradas de
sucesso, atuando assim como incentivadores para uma nova geração de vorazes
aprendizes.
Desta forma, surgem diversas questões a respeito do contínuo
surgimento de pessoas interessadas em fazer aulas de guitarra com professores
particulares. Com isso, é necessário saber de que forma essas aulas acontecem,
quais são os materiais de suporte às aulas teóricas e práticas, qual o perfil dos
professores e de seus alunos, seus desafios, preocupações e a relação professor-
aluno, nesse âmbito de ensino musical.
Diante de tudo isso, esse trabalho busca responder a seguinte pergunta:
Qual o panorama do ensino particular da guitarra elétrica na cidade de Natal-
RN?
1.2 Justificativa
13
entre professores e alunos, proporcionando aos professores um novo olhar sobre o
ensino de guitarra, aflorando em cada um novas ideias e maneiras de como
trabalhar suas aulas.
Do ponto de vista acadêmico, o trabalho traz uma reflexão sobre o ensino
e aprendizagem da guitarra elétrica no contexto informal das aulas particulares, os
métodos de ensino e suas aplicações.
A escassez de pesquisas científicas relacionadas ao tema também foi um
fator a ser considerado devido a necessidade que os grupos de estudos musicais
(acadêmicos ou não) apresentam em abordar esse aspecto sem expor dados
bibliográficos que justifiquem suas análises sobre o ensino da guitarra em âmbito
local.
1.3 Objetivos
14
2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
1
O termo ordem refere-se a um grupo de cordas sendo tocadas como se fossem uma, ou seja, ao se
tocar com um dedo da mão direita uma ordem, as cordas relacionadas são tocadas ao mesmo tempo.
As ordens são constituídas por três, duas ou uma corda apenas (cf. ROCHA, 2005, p.2).
15
Este instrumento pode ser considerado um elo entre o violão e a guitarra
elétrica, como é conhecida no Brasil a guitarra acústica, acoustic guitar em língua
inglesa ou guitarra espanhola spanish guitar em língua inglesa. A guitarra archtop2 é
descendente direta do violão e com ele compartilha características mútuas, tais
como: ser acústica, possuir corpo oco, ser afinada da mesma maneira que o violão e
ter sua construção mantida na linha de tradição da família de instrumentos
relacionados a ele, mesmo possuindo características que a diferem do violão
(ROCHA, 2005, p. 4).
A antiga guitarra da Idade Média sofreu algumas mutações em sua
construção como também no número de cordas, diante dessas modificações o
instrumento passou a ter seis cordas, resultando no que hoje chamamos de violão,
termo popularmente utilizado no Brasil.
Por ser um instrumento de grande versatilidade capaz de se adequar a
vários estilos musicais gerando diferentes texturas, a guitarra elétrica trás consigo
possibilidades de um instrumento que pode tanto ser utilizado harmonicamente,
acompanhando um solista, bem como melodicamente, podendo ser um instrumento
improvisador como um saxofone, por exemplo.
Para Garcia (2011) a guitarra elétrica se tornou mais que apenas um
instrumento musical dentre outros tantos (re)inventados durante o século XX. A
guitarra se consolidou dentre inúmeros músicos, seja na sua utilização nos diversos
gêneros musicais em que se enquadra, e até mesmo em materiais publicitários.
Embora a definição de “guitarra” possa ser aplicada a diversos
instrumentos de cordas existentes desde a Idade Média, de uma forma etimológica,
é necessário frisar que para este trabalho, o termo guitarra se aplica à guitarra
elétrica, nas suas duas mais importantes variantes: o surgimento das guitarras semi-
acústicas e em seguida as guitarras de corpo sólido.
O primeiro período surge da necessidade dos músicos de jazz
americanos de competir com as enormes bandas nas quais tocavam, devido a
massa sonora dos instrumentos ser muito maior do que a sonoridade da guitarra
acústica. Para isso foram colocados captadores no corpo da guitarra buscando
2
Archtop, em inglês, refere-se a uma abreviação do termo Arched top (tampo arqueado). Nas
guitarras construídas neste estilo, a madeira que forma o tampo do instrumento é arqueada (cf.
ROCHA, 2005, p.3).
16
dessa maneira resolver este problema, criando a primeira guitarra eletroacústica, a
precursora das guitarras elétricas e um modelo largamente utilizado por músicos de
diversos estilos musicais. Entretanto, a guitarra semi-acústica, ou eletroacústica,
produzia um incômodo ruído quando tocada em volumes muito altos, ruídos esses
designados de microfonia (feedback).
Para resolver esse problema surge o segundo momento de criação da
guitarra elétrica: a guitarra de corpo sólido, que, ao contrário do violão e da guitarra
eletroacústica, não possui caixa de ressonância, eliminando desta maneira o
incômodo de feedbacks indesejáveis, podendo ser tocada a volumes muito maiores
que os de sua antecessora.
Três grandes nomes aparecem como criadores das guitarras de corpo
sólido representando assim a fundação da guitarra elétrica mundial. São eles: Les
Paul (Lester William Polfus), Leo Fender e Adolph Rickenbacker.
Figura 02: Um dos criadores da guitarra de corpo sólido, Les Paul (Lester William Polfus).
Fonte:http://guitarfree.com.br/gf/conheca-historia-de-les-paul-um-dos-pais-da-guitarra-eletrica/
Figura 03: Exemplo de guitarra elétrica de corpo sólido, modelo Les Paul.
Fonte: http://www.garysguitars.net/catalog/1952-gibson-les-paul-59-conversion-gie0038
17
Figura 04: Um dos criadores da guitarra de corpo sólido, Leo Fender.
Fonte: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/23319/
Figura 05: Fender Nocaster, uma variante do modelo telecaster, de Leo Fender.
Fonte: http://www.garysguitars.net/catalog/1951-fender-nocaster-butterscotch-blonde-fee0706
18
Figura 07: Adolph Rickenbacker.
Fonte: http://www.allaboutbluesmusic.com/adolph-rickenbacker/
Segundo Mello (2006), por volta dos anos 70, não existia nenhuma
metodologia para o ensino de guitarra elétrica no Brasil. O que acontecia era que os
guitarristas procuravam metodologias empregadas para o estudo de violão popular
ou violão “clássico”.
Paralelamente, com a popularização do seu som, a guitarra desenvolveu
uma linguagem própria, apresentando uma leitura inovadora dos idiomatismos3 de
seus “antepassados”, como o violão e a guitarra havaiana (CAESAR, 1999).
Decorrente dos fatos, surge então um novo modelo de aprendizado, uma nova
“escola” de guitarristas, abordando novos sons e um “novo jeito de ver o violão”,
fundamentada no experimento e voltada ao autodidatismo.
Para que a linguagem musical seja compreendida e compartilhada, há a
necessidade do conhecimento de seus códigos. Esse conhecimento, segundo
3
O termo ‘idiomatismo’ está relacionado às técnicas específicas de determinados instrumentos.
20
Penna (1991), pode ser adquirido não apenas na escola, mas também de maneira
dita “informal”, pela vivência, pelo contato cotidiano, o que leva à sua familiarização
(PENNA, 1991, p. 20-21).
Segundo Caesar, o ensino de guitarra ainda é algo novo e que apesar de
existir uma extensa literatura vinda principalmente dos Estados Unidos, contudo não
se tem métodos especializados no ensino da guitarra elétrica, conceitualmente
reconhecidos. Deve-se levar em consideração que o autor é um dos poucos a
escrever sobre o assunto e que sua obra foi escrita há quinze anos. Caesar (1999)
aponta que no Brasil, “somente a partir dos anos 80 [1980] é que surgiu uma
geração ‘oficial’ de professores realmente pré-dispostos a ensinar guitarra de
maneira convicta e assumida”. Entre os estudantes havia a necessidade de buscar
essas informações fora do país, mais exatamente nos EUA ou estudar com alguém
que tenha ido para lá. Outra realidade era tentar aprender sozinho através de livros
didáticos, revistas especializadas, vídeo-aulas ou “tirando” músicas de ouvido
através de discos (LP ou CD...).
Para Swanwick (2003) o aluno deve ser direcionado a adquirir fluência
musical e para tanto, afirma o autor que a sequência de procedimentos mais efetiva
seria: ouvir, articular, depois ler e escrever. Da mesma forma, Schafer (1991)
identifica o modo “tocar de ouvido” como uma maneira de vivenciar os códigos
musicais que permita ao guitarrista criar situações autônomas que possibilitam uma
fluência musical.
Já Green (2001) afirma que “de longe, a principal prática de
aprendizagem para músicos populares iniciantes, como já se sabe, é a cópia de
gravação de ouvido”. (GREEN, 2001, p. 60).
Diante dessa perspectiva, acredita-se que o aluno autodidata busca seu
conhecimento através de sua própria curiosidade e de seu interesse em descobrir
técnicas dentro de uma abordagem de ensino que dispensa a orientação de um
profissional, de forma isolada e num tempo relativamente curto. Isso acontece com a
maioria dos músicos iniciantes e não os impede de que em algum momento esses
aprendizes autodidatas possam, por consequência, procurar aulas particulares com
o objetivo de estender seu potencial no instrumento e adquirir novas habilidades.
21
autoaprendizagem, [...], como sendo a interação do indivíduo com múltiplos
ambientes de aprendizagem, permitindo-lhe o envolvimento ativo no
processo de aquisição de conhecimentos e habilidades. (GARCIA, 2011, p.
55).
22
I) Vídeo-aula
23
Título Orientador Características
Guitarra – Noções Wesley Caesar Método orientado a iniciantes. Aborda
Elementares aspectos teóricos, anatômicos, históricos,
técnicos, postura e acordes.
É uma fusão de ideias, concepções e
Guitarra Fusion Mozart Mello estilos diferentes passando pelo Rock,
Blues, Jazz, Funk, MPB, Bossa Nova,
Country e até a música erudita;
Técnicas e exercícios aplicados à guitarra
Técnica & versatilidade Kiko Loureiro elétrica, utilização de tríades, harmonia em
bloco, levadas e música brasileira;
O vídeo aborda campo harmônico,
Guitarra, Jazz & Tomati acordes, escalas e modos, passando por
Improvisação inside, outside, inside out, outside;
Na primeira parte as abordagens são
voltadas para solos de blues, country, rock
e jazz, técnicas de mão direita e esquerda;
uso de efeitos específicos para cada estilo;
Hot Lines 1 e 2 - Solos Faiska harmonia, etc. Na parte dois, ajuda o
Para Guitarra aprendiz a criar suas próprias linhas
melódicas e aprimorar suas técnicas,
dando ênfase ao Blues e ao Country
Rock.
Improvisação sobre Eduardo Ardanuy Técnica e improvisação
modos
Talvez seja um dos assuntos mais procurados por jovens guitarristas que
buscam no instrumento o virtuosismo. Técnicas como palhetada alternada, sweep
picking4, hammer-on5, pull-off6, entre outras, são trabalhadas em métodos que
4
Sweep picking, é uma técnica utilizada na guitarra em que a palheta move-se como uma vassoura
(do inglês sweep: varrer); combinando o movimento correspondente da mão esquerda (ou mão dos
trastes) produzindo uma série de notas de sonoridade rápida.
5
Hammer-on ('martelar') é quando você toca uma corda segurando uma casa e pressiona outra casa,
sem tocar a corda de novo, apenas aproveitando a vibração.
6
Pull-off ('soltar') é o contrário: você toca a corda segurando uma casa e logo em seguida a solta.
25
buscam dar melhor habilidade motora no desenvolvimento de tocar o instrumento,
sendo indicados como estudos técnicos para uma melhor performance do indivíduo.
É interessante que professores utilizem ou indiquem esses métodos de
técnica em suas aulas, tanto como material principal ou como um estudo auxiliar,
visto que a procura pelo estudo das técnicas na guitarra é um fator comum entre os
estudantes desse instrumento. O Quadro 03 define algumas das principais
características desses métodos.
26
Título Orientador Características
Volume I e II. Aborda questões como
Harmonia e Almir Chediak técnica de improvisação e harmonia
Improvisação funcional;
27
aluno pode gerar um maior incentivo para os estudantes, que além de passarem a
compartilhar materiais de estudo, acabam criando um círculo de amizades que
muitas vezes vai além desses estudos. Isso vem bem a calhar para professores que
trabalham suas aulas de forma coletiva, pois a afinidade e o gosto musical entre os
alunos assim como o convívio entre eles facilitam o processo de aprendizagem.
Normalmente, a principal fonte de conhecimentos e habilidades desses
aprendizes informais é o treinamento auditivo através da prática de ouvir e copiar
(GREEN, 2001). Na prática de se tocar guitarra é comum que o desenvolvimento
auditivo e o tocar por imitação seja mais trabalhado que a leitura musical (partitura),
muito embora seja importante para qualquer estudante de música aprender essas
codificações para que a leitura musical venha somar em seus conhecimentos e na
sua atuação musical, seja ela profissional ou amadora.
Para esses professores, não é cobrada uma formação musical
pedagógica (bacharelado ou licenciatura) específica e os alunos, corriqueiramente,
escolhem como professores os guitarristas sociomusicalmente em destaque na
comunidade que o rodeia (GARCIA, 2010).
Essa educação não legitimada por qualquer tipo de órgão ou instituição é
classificada como não formal e é constituída por aquelas atividades que possuem
caráter de intencionalidade, estrutura e sistematização flexível (particular), por meio
das quais ocorrem relações pedagógicas, mas que não estão formalizadas ou
institucionalizadas (WILLIE, 2005). Ou seja, o ambiente para a prática dessas
atividades pode ser considerado como um tipo de “escola alternativa de música”, e o
professor não necessita ser formado ou concursado para atuar nesses espaços,
onde sua competência musical lhe dá legitimidade como docente.
28
Mesmo sem ter uma bagagem metodológica para ensinar, o fato é que
todo instrumentista em determinado momento de sua vida provavelmente terá seu
momento como professor. O conhecimento adquirido em anos de estudo, fatores
financeiros, pedidos de amigos ou conhecidos que enxergam no instrumentista a
possibilidade de aprender música, podem aflorar o desejo de lecionar e de levar
adiante a ideia de ser um professor de música, muito embora ainda não haja uma
compreensão didática adequada, mas que aos poucos vai melhorando com a prática
e as pesquisas.
29
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
30
significados relacionados ao texto e consequentemente como fonte de novas teorias
a partir dos dados coletados.
31
QUESTÕES (Q) FINALIDADES
Q1: Qual é a idade do professor? Estabelecer o perfil dos entrevistados em relação
à sua faixa etária;
Observar o grau de formação do entrevistado e a
Q2: Qual é a sua formação musical? influência ou não de uma formação musical para
o ensino particular da guitarra elétrica na cidade
de Natal-RN;
Verificar se os professores particulares de
Q3: O senhor é um músico atuante? guitarra elétrica da cidade de Natal atuam no
cenário musical local e porquê;
Analisar o tempo de atuação dos entrevistados
Q4: Qual é o seu tempo de experiência como como professores particulares de guitarra, seus
professor? motivos e motivações para atuar nessa área;
Observar os locais onde mais acontecem as
Q5: Onde o senhor atua como professor aulas ministradas pelos entrevistados e o
particular? suporte físico para que essas aulas aconteçam;
Q6: Qual é a quantidade total de alunos que o Verificar a demanda pelas aulas particulares de
senhor leciona? guitarra na cidade de Natal-RN;
Q7: Qual é quantidade de alunos por turma? Observar como os professores administram suas
aulas em relação a cada aluno;
Q8: Quais são os valores cobrados pelo serviço Identificar financeiramente a viabilidade em
prestado? lecionar aulas particulares de guitarra na cidade;
Analisar quais são os principais fatores de
Q9: Qual é o interesse do aluno em procurar influência para que haja o interesse e a busca
aulas particulares de guitarra? das aulas particulares por parte dos alunos;
Observar como os professores baseiam-se e as
Q10: Qual é a metodologia de ensino utilizada técnicas utilizadas para lecionar, além dos
pelo senhor? materiais didáticos usados como suporte às
aulas;
Q11: O método é rígido ou adéqua-se à Verificar o modelo de ensino empregado pelos
realidade do aluno? professores para a execução das aulas
ministradas;
Identificar se os professores buscam fontes
Q12: Como o senhor se atualiza, enquanto contemporâneas que os ajudem a facilitar a
professor? compreensão dos alunos e seu próprio
desenvolvimento como professor e músico.
32
3.4 Coleta de dados
33
4 RESULTADOS DA PESQUISA
34
GRÁFICO 01: Faixa etária dos entrevistados
20-30 anos
6%
6%
31-40 anos
Acima de 50 anos
Além da faixa etária dos entrevistados também foi possível analisar sua
formação musical para atuar como professores, sua atuação no cenário musical da
cidade de Natal-RN e sua experiência como professores de guitarra. Sendo esses
aspectos descritos e analisados a seguir.
16
15
14
13
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Possuem Ensino Cursam Ensino Possuem Curso Sem formação
Superior Superior Técnico
35
cursos livres voltados ao instrumento com professores renomados como Nelson
Faria, Ian Guest, Toninho Horta, Joca Costa e Manoca Barreto.
De acordo com o gráfico 02, tendo o eixo “x” (formação dos entrevistados
– linha horizontal) e o eixo “y” (número de entrevistados – linha vertical), nota-se que
parte dos entrevistados (5 do total de 16) não possui nenhuma formação acadêmica
em música ou em qualquer outra área. Analisa-se, portanto, que entre a população
da pesquisa o fator formação não caracteriza-se como um pré-requisito para a sua
atuação como professor particular de guitarra elétrica na cidade de Natal-RN.
Dos três entrevistados que possuem Ensino Superior, apenas 1 (um) é
Bacharel em guitarra, pelo Instituto de Guitarra e Tecnologia (IG&T), do Estado de
São Paulo, já que foi citado anteriormente que o Estado do Rio Grande do Norte não
possui curso de bacharelado em guitarra.
Em relação aos outros dois entrevistados que possuem nível superior, 1
(um) é licenciado em música, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN), possuindo também o diploma de curso básico de música (teoria e guitarra
elétrica) pela Fundação José Augusto no instituto Waldemar de Almeida na cidade
de Natal-RN e o outro entrevistado é formado em Pedagogia, com especialização
em música, também pela mesma instituição de Ensino Superior citada
anteriormente, (UFRN).
Dos dezesseis entrevistados, 5 (cinco) estão cursando Licenciatura em
Música, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2 (dois) possuem o
Curso Técnico em Guitarra, e 1 (um) o técnico de violão, pela mesma universidade.
36
Durante a coleta de dados foi perguntado aos entrevistados em relação à
sua atuação como músicos. Do total dos 16 professores que colaboraram com a
pesquisa 13 (o equivalente a 81% do total) revelaram serem músicos atuantes
desempenhando diversas funções, (gravando, acompanhando bandas e cantores,
tocando em seus próprios projetos musicais, produzindo artistas de dentro e fora do
estado e/ou atuando como compositores).
O que deve ser levado em consideração nesta pesquisa é o fato de que
alguns dos entrevistados citam que a renda obtida através das aulas particulares
não caracteriza-se como sua única fonte de renda.
Parte dos entrevistados declara que ministram aulas particulares devido o
fato de seu trabalho com música ser insuficiente para suprir suas necessidades
financeiras. Logo, continuam atuando no cenário musical complementando essa
renda com as aulas particulares.
Para alguns professores, o fator atuação é sua realização como músico e
profissional, para outros é a necessidade de sobreviver, a soma da renda familiar ou
é a própria renda principal somada às aulas particulares.
Eu quero só dar aulas, para eu poder tocar o som que eu gosto, para não
ter que precisar tocar as coisas que eu não curto [...] eu quero chegar num
nível de mercado que me dê tranquilidade, que se eu tiver 30 alunos
estudando, que tenha 30 pra entrar. (Professor “B”, 2014).
Portanto, nota-se que de uma forma geral as aulas particulares não são
consideradas como única ou, até mesmo, a principal fonte de renda desses
professores, fazendo com que a maior parte deles busque outros meios de trabalho.
37
GRÁFICO 04: Experiência profissional dos entrevistados
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Até 5 anos De 6 a 10 anos De 11 a 15 De 16 a 20
anos anos
Fonte: Dados da pesquisa, (2014).
Através do questionário foi possível descobrir que muito dos casos, a atuação
como professor particular de guitarra surge em sua maioria de pedidos de amigos
próximos, vizinhos, ou de uma pequena comunidade onde vivem esses guitarristas.
Essas aulas surgiam sem muitas pretensões pelos professores, era uma forma de se
ganhar um dinheiro extra, onde a taxa cobrada era um valor simbólico. As aulas
eram colocadas como segundo plano, pois a ideia principal desses músicos a priori
era a de atuar como músicos performáticos.
Vê-se que a grande maioria dos professores possui certa experiência na
área do ensino particular de guitarra. De certa forma, ao analisar-se o gráfico 04
nota-se que apesar do surgimento do ensino particular da guitarra elétrica na cidade
de Natal-RN ser algo relativamente recente, essa área tem se mantido presente e a
busca por essas aulas mantem-se constante.
39
Para alguns professores, trabalhar com aulas de forma coletiva traz
alguns problemas na aplicação da metodologia. Existem casos em que o
desenvolvimento de um é a frustração do outro, como citado pelos professores a
seguir.
Às vezes um aluno desenvolve mais que o outro, aí fica assim, meio chato
de um ver o outro desenvolvendo [...] acaba ficando envergonhado na hora
que ele ver o outro estudando e evoluindo. Isso acaba criando uma barreira
nele, achando que ele é o problema... (Professor “F”, 2014).
Eu faço com que o aluno que sabe mais tente persuadir o que sabe menos
ajudando no estudo dele durante a aula [...] e tento frear o que sabe mais e
adiantar o que sabe menos. Mas em algum momento da aula eu já “dou um
gás” nesse que sabe mais coisas. (Professor “I”, 2014).
16
15
14
13
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
50 a 100 reais 101 a 150 reais 151 a 200 reais Acima de 200
reais
Fonte: Dados da pesquisa, (2014).
40
Em relação aos valores cobrados pelos professores, pode-se identificar
que em sua maioria (9 profissionais), cobram um valor de até 100 reais por mês,
tendo em média 1 (uma) aula por semana. Considerando também os valores
apresentados por cada professor notou-se que a média de preço de cada aula
particular de guitarra na cidade de Natal-RN gira em torno de 25 a 30 reais por
hora/aula, podendo alcançar o valor de até 62,5 reais hora/aula.
Deve-se considerar, ainda, que em alguns casos o valor da aula que o
professor ministra em sua casa é inferior ao que este cobra caso haja a necessidade
de deslocar-se para casa do aluno. Outro ponto a ser citado é que em alguns casos
existe uma diferença de valor de uma hora/aula caso essa aula seja extra e haja
uma procura como relata o professor abaixo.
Tem gente que já toca, aí vai me ver tocar e pergunta seu eu dou aula e
quanto é, e eu pergunto se o “cara” quer um acompanhamento semanal ou
se o “cara” quer tirar somente algumas dúvidas. Porque se for pra tirar
dúvidas o valor é 50 “contos”, mas se for mensal é 120. (Professor “L”,
2014).
Tudo tem na internet, ao mesmo tempo não tem nada. Se quer tocar tem
que ter um professor, por que você vai ganhar muito mais tempo. (Professor
“B”, 2014).
42
Figura 09: Relação entre a propaganda boca a boca e a procura por aulas particulares.
Fonte: Elaboração própria, (2014).
É muito comum encontrar um aluno que já fez aula e ele dizer, “ah, eu tinha
um professor que eu pagava e ele não vinha”, isso é uma realidade dentro
do sistema de ensino particular de Natal [...]. É muito bom manter um bom
relacionamento com a família, hoje estou com aluno no qual dei aula a um
tio dele quando adolescente [...]. A partir do momento que você pega em
dinheiro você tem um compromisso. O pai enxerga o trato com o dinheiro
com seu filho aprendendo, o filho enxerga com prazer. (Professor “H”,
2014).
43
III) Metodologia de ensino apresentada pelos professores
• Aquecimento
• Acordes
• Estudo de sincronia das mãos direita e esquerda
• Repertório
• Estudos de diferentes ritmos
• Escalas
• Estudos de sincronia e padrões dos dedos da mão esquerda, 1,2,3,4...
(no caso de pessoas destras)
• Estudos de palhetadas
• Técnicas específicas (Sweep, two hands, pull-off, hammer-on, slide…)
• Harmonia funcional
• Improvisação
• Leitura
A grande parte dos professores alegou que seus métodos são elaborados
a partir da junção de vários materiais existentes em outros métodos. Essa mescla de
informações acaba gerando uma particularidade para cada professor, e que por
mais que os assuntos sejam os mesmos, as maneira de como são abordados esses
assuntos acabam se tornando diferentes.
Entre os métodos citados estão: Métodos do curso básico do instituto
Waldemar de Almeida e da Casa Talento como também pesquisados em internet,
44
Métodos do curso técnico de guitarra da UFRN de Manoca Barreto, métodos de
Nelson faria, Almir Chediak, Berklee – A modern method for guitar - vol 1, 2, 3,
Jamey Aebersold jazz: Read, Aim, Improvise!
Além dos métodos tradicionais, alguns professores buscam recursos
tecnológicos para somar a sua didática. Deste modo, utilizam o computador para
demonstrações de vídeos-aulas, shows e para criar seções interativas do aluno com
playbacks através CDs e de software de gravações.
O repertório é outro ponto bastante importante que se fez presente em
todas as metodologias apresentadas, tanto para professores flexíveis, quanto para
os mais rígidos. Segundo os entrevistados, a utilização do repertório para alunos
iniciantes surge da necessidade de se tocar uma música de gosto pessoal. Já para
músicos avançados, servem como forma de análise para se entender melhor um
trecho musical.
45
Para o professor “I”, a leitura é um complemento importante para
formação musical do indivíduo. Dessa maneira, o músico estará mais seguro para
enfrentar outras situações que venham necessitar dessa leitura como pré-requisito
para um trabalho ou para ingressar na academia, caso haja essas pretensões.
Para professores mais rígidos e com público selecionado, os métodos
americanos compreendem a necessidade do músico profissional, visto que sem eles
o músico estaria pulando etapas no processo de aprendizagem. Devemos levar em
consideração que seus alunos em sua maioria são músicos profissionais e que
querem se aperfeiçoar no instrumento.
Aprendi com a vida, com a Berklee e com Estados Unidos [...]. Isso é um
padrão quase que universal. Você tem que seguir isso aí, se não você vai
estar pulando os degraus. (Professor “J”, 2014).
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que, antes eles estudavam oito horas diárias, hoje eles têm contas a pagar, mas
mesmo cheios de compromissos diários eles buscam um tempo para si.
Existem também casos específicos de professores que conseguiram
durante uma longa trajetória profissional, emplacar seu nome no cenário musical
devido a técnica apurada com os anos de estudo. Esses profissionais não tem
formação acadêmica, porém esses autodidatas construíram um trabalho sólido e
respeitado através da vivência e de suas próprias pesquisas, tornando-se
referências do instrumento no estado. Para alguns, o fator formação acadêmica se
torna algo distante devido à falta de tempo e a idade.
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ASPECTOS POSITIVOS ASPECTOS NEGATIVOS
QUADRO 06: Aspectos positivos e negativos das aulas particulares de guitarra em Natal-RN
Fonte: Elaboração própria, (2014).
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Os 16 professores entrevistados buscam em sua maioria manter-se
atualizados, onde a reciclagem faz-se necessária, pois o processo de aprendizagem
é algo contínuo e o professor também deve estar aberto a novos conhecimentos.
Isso é visto como fonte positiva porque possibilita que os alunos possam se espelhar
em seus professores, buscando na pesquisa de materiais outros meios de
aprendizagem.
Diante dos fatos, acredita-se que o trabalho que vem sendo desenvolvido
dentro da cidade de Natal-RN através dos profissionais guitarristas tem, sim, gerado
bons frutos. O resultado disso é um número considerável de pessoas interessadas
por essas aulas e que, se “lapidadas” da maneira correta, poderão futuramente gerar
outros profissionais, tanto músicos atuantes como novos professores.
Pode-se recomendar que para um professor particular, uma vez que foi
identificado que o perfil dos alunos varia de níveis básicos a níveis mais avançados,
estes professores possam usar não somente métodos fechados, mas que eles
tenham em mente que as possibilidades de ensino são inesgotáveis, onde muitos
professores já buscam criar e desenvolver seus próprios materiais (apostilas, cd’s).
Gravar performances em aulas e expor os mais variados materiais de
áudio (repertório), também aparecem como novas metodologias de ensino e mesmo
diante das flexibilidades existentes é interessante buscar, desta maneira, apresentar
um curso que possua início, meio e fim. Sendo assim, o profissional professor, seja
ele acadêmico ou não, deve manter-se informado em relação as novas abordagens
metodológicas que venham facilitar o desenvolvimento de seus alunos, assim como
o seu desenvolvimento enquanto professor.
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Referências
ANTÔNIO, Irati & PEREIRA, Regina. Garoto, sinal dos tempos. Rio de Janeiro:
FUNARTE, 1982.
CAESAR, Wesley. Guitar Book: o guia da guitarra. São Paulo: Ed. TKT, 1999.
CERVO, A. L. & BERVIAN, P. A.. Metodologia da pesquisa. 4 ed. São Paulo:
Makron, p. 60- 69, 2007.
GREEN, L. How popular musicians learn: a way ahead for music education.
London: Institute of Education, 2001.
52
MELLO, Mozart. A educação da guitarra no Brasil. Revista Cover Guitarra, edição
144/Dezembro de 2006.
Disponível em:
http://www.coverguitarra.com.br/3_1.asp?PLC_cng_ukey=3904313244167K4T6W
Acessado em 19/09/2014.
MINAYO, M.C. de S. (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 22. ed.
Rio de Janeiro: Vozes, 2003
SINGLENTON, Jr. Royce et alli. Aproches to social research. New York: Oxford
University Press, 1970.
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APÊNDICE – Questionário da pesquisa de campo
Meus cumprimentos. Me chamo Djair Pessoa Leão e venho através desta pesquisa
levantar dados para o meu trabalho de conclusão do curso de Licenciatura em
Música pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, cujo objetivo é identificar
o panorama do ensino particular da guitarra elétrica na cidade de Natal-RN. Desde
já agradeço sua colaboração.
QUESTÕES
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