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anticrise | 7 passos para não deixar o medo te paralisar!

SUMÁRIO
Sobre a autora.............................................................. 7
Introdução.................................................................... 9
Capítulo 1 - O medo constrói realidades........................11
1.1 O que é o medo para você?............................................11
1.2 O Como é o olhar da ciência sobre o medo......................13
1.3 Mas o que acontece no cérebro humano
diante do medo?..........................................................14
1.4 A pandemia da Covid-19 e o medo..................................17
1.5 Existe antídoto para o medo?.......................................18
1.6 Onde o medo encontra a realidade? .............................19
1.7 Crise interna ou externa .............................................24
Ferramenta - 30 características “Eu Sou”.........................25
Capítulo 2 - Contexto de crise:
desafios e oportunidades.............................................27
2.2 Cases: as empresas, onde estão nisso tudo? ................32
2.3 Como se desenvolver em meio à crise?.........................35
Ferramenta - Seis leis para a conquista
da autorresponsabilidade.................................................37

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7 passos para não deixar o medo te paralisar! | anticrise

Capítulo 3 - O fator superação......................................39


3.1 Mentalidade positiva...................................................43
3.2 Tomada de decisão e sistemas cerebrais......................48
3.3 O poder da interrogação..............................................50
Ferramenta - Auto-coaching..............................................54
Capítulo 4 - Revolução pessoal.....................................57
4.1 Hábitos ruins..............................................................58
4.2 Pensamento, foco e propósito......................................62
4.3 Criando rotinas...........................................................64
4.4 Mudança de hábitos (O Poder do hábito)........................67
Ferramenta - Mudança de Comportamento.........................70
Capítulo 5 - Construindo redes de sucesso....................73
5.1 O papel do coletivo na vida de uma pessoa....................73
5.2 Contágio Social, o que é?.............................................76
5.4 Criando conexões no mundo contemporâneo.................80
5.4 Como fazer conexões de sucesso..................................81
Ferramenta - Mapa de Modelagem......................................84

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Capítulo 6 - Viver o sucesso: felicidade é o caminho para


a prosperidade ............................................................85
6.1 Ser feliz é ser bem sucedido?.......................................85
6.2 Pirâmide do sucesso....................................................88
6.3 Metáfora: a flecha que acerta o alvo...........................92
O poder das metáforas .....................................................93
6.4 Valores inegociáveis...................................................95
Ferramenta - Ordenação de Valores...................................98
Capítulo 7 - Aprendizado sem ação não traz resultado:
como impedir que a crise te paralise!...........................99
7.1 O poder da ação...........................................................99
7.2 Alta Performance...................................................... 102
7.3 Gerenciamento de tempo............................................105
7.4 Construa suas próprias histórias..............................108
Ferramenta - Agenda Extraordinária...............................111
Folha da Produtividade...................................................112

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anticrise | 7 passos para não deixar o medo te paralisar!

Sobre a autora

Lílian Carmo
Diretora e proprietária da unidade de Campinas da Febracis, a maior institui-
ção de Coaching do mundo, e atua também como palestrante nas áreas de
liderança, gestão, carreira e desenvolvimento pessoal, além de ser mentora e
coach de empresários e executivos C-level.

É mestranda em Neurociência pela Florida Christian University (FCU), master


trainer do curso Business High Performance e pós-graduada em gestão de
pessoas, com extensão em finanças, pela FGV.

Com mais de 18 anos de experiência, principalmente em posições de gestão


e vendas, atuou como executiva na Johnson & Johnson, AstraZeneca, Sanofi
Aventis, Banco Itaú e Banco do Brasil.

Lilian participou do board da Johnson & Johnson por ter atuado como res-
ponsável pela implementação da metodologia Growth Accelerator, criada pela
INSEAD, em unidades de negócio da empresa considerados estratégicos e
que necessitava alavancagem.

Além disso, já foi fundadora de outras empresas e de consultorias empre-


sariais com foco em estruturação de planejamento estratégico e projetos de
reestruturação corporativa.

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Introdução
Refletindo sobre a crise atual, alinhada com o impacto econômico e social que
ela está causando no mundo, percebi que a vida é dinâmica e a crise pode
alcançar qualquer pessoa.

Se há um preparo e uma consciência de que é preciso inteligência emocional


para superá-la podemos passar bem por esse momento. Caso contrário, po-
deremos agravar ainda mais o quadro. Afinal, somos influenciados o tempo
todo por estímulos que geram insegurança e medo.

Quem é especializado em liderar pensamentos pode alterar seu mindset e, ter


uma visão mais positiva sobre o futuro. É isso que proponho neste livro.

Mas antes queria compartilhar uma vaga lembrança: mais precisamente ao


iniciar o ano de 2020.

Quanta alegria, confiança e esperança o mundo estava depositando neste


novo ciclo.

Eu mesma costumava dizer “o ano de 2019 me fez forte e 2020 me fará ven-
cedora”, porém, desde 31 de dezembro de 2019, quando a China alertou a
Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre uma pneumonia de origem des-
conhecida, a vida no planeta não é a mesma!

Afinal de contas, o cenário em que vivíamos foi alterado. A partir do momento


que a “quarentena” se tornou vigente, fomos obrigados a nos adaptar a uma
nova rotina, a de isolamento social, que além de ser estressante vem acompa-
nhada de perdas financeiras, tédio, incertezas quanto ao futuro e, no topo da
lista vem o medo em suas diferentes faces.

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“MEDO” uma palavra um tanto quanto assustadora, não é? Entretanto saiba


que ele é essencial em muitos momentos de nossas vidas, mas pode ser des-
truidor quando nos paralisa.

Porém deixa eu te falar: o mundo já passou por diversas crises, e está passan-
do e ainda vai passar por muitas.

Se não fosse o Coronavírus (COVID-19), seria por outro motivo: a quebra de


um grande banco, a bolha dos títulos americanos, o sistema financeiro. A gran-
de lição que temos que tirar de uma crise é: COMO EU SAIO DELA SENDO
VITORIOSO?

Momentos bons e ruins estão aí, o que diferencia é como lidar com as dificul-
dades, as encarando como oportunidades de superá-las.

E se você quer superar crises internas e externas, eu tenho um convite espe-


cial: leia este livro e os 7 capítulos que irão lhe ensinar maneiras de vencer a
paralisia ocasionada pelo MEDO.

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Capítulo 1

O medo constrói realidades


Independente das circunstâncias o medo pode construir sua realidade, eu lhe
garanto. Ao senti-lo suas supostas convicções são alteradas e consequente-
mente a sua perspectiva pessoal da realidade.

E para que o medo não te domine, precisamos nos aprofundar conceitualmen-


te sobre o tema. Vou te explicar mais detalhadamente.

1.1 O que é o medo para você?


O medo é uma constante em nosso planeta. Ele se resume um estado afetivo
na falta de confiança em nós mesmos, pois ficamos cegos causado pela consciência
diante de tal situação. Não reconhecendo os recursos que diante de uma situação
estão a nossa disposição para que possamos nos livrar dele. de grande risco

Além disso, é responsável por aumentar o nível de adrenalina no sangue que


prepara o organismo para fugir de situações de perigo, portanto ele é essencial
em diversos momentos. Entretanto, é fatal quando você se deixa paralisar por
ele, chegando a um terrorismo psicológico.

Gostaria de te explicar de uma forma mais simples. Por isso, vale ressaltar que a
palavra medo tem origem do Latim “METUS” e, para a psicologia ele se trata de um
estado afetivo causado pela consciência diante de uma situação de grande risco.

É por isso que ao sentir medo é normal sentir aquele desconforto, frio na bar-
riga, e, logo após UM ESTADO DE PARALISIA.

Talvez você esteja se perguntando: mas como sei quando o medo é real ou
imaginário?

A nossa mente, às vezes, pode ser o nosso pior inimigo ao dar vida, como
uma imagem real, a esses perigos imaginários com os quais todos já sofremos
alguma vez.

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Quando a sensação de medo nos invade, nosso corpo ativa um circuito para
nos proteger e preparar para a fuga.

Por exemplo, o coração bombeia mais rápido para o caso de ser necessário
correr, se produz mais suor, a respiração acelera, o sistema digestivo e o imu-
nológico deixam de gastar energia para o caso de ser necessário lutar ou fugir,
e uma grande quantidade de sangue fica concentrada nos membros inferiores
para o caso de precisarmos sair correndo.

Todas essas reações ocorrem graças a nosso instinto de sobrevivência, um


sistema preparado para reagir de maneira rápida frente ao perigo. É por causa
dele que o medo nos põe em alerta e nos mantém ativos.

O problema do medo na sociedade atual é que a maioria das respostas de


enfrentamento que precisamos dar para neutralizar uma ameaça percebida
não são respostas físicas.

Um bom exemplo de medo real é você não pular de um carro em movimento


pois sabe que isso pode te ferir gravemente. No imaginário, a criatividade toma
conta e abraça possibilidades infinitas de evolução do medo.

Vamos agora a um exemplo prático: pular de um carro em movimento, você


sabe que não deve pois isso pode te ferir gravemente. No imaginário, a cria-
tividade toma conta e abraça possibilidades infinitas de evolução do medo
– criando muitas vezes uma nova realidade.

Saindo da Caverna, para entender e superar o medo


Você se lembra do Mito da Caverna de Platão? Recorremos ao livro VII de “A Re-
pública”, em que é relatada a famosa “alegoria da caverna” Pessoas estão acor-
rentadas desde a infância em uma caverna, de tal modo que enxergam sobras,
que eles pensam ser a realidade. Trata-se, entretanto, da sombra das marionetes
empunhadas por pessoas atrás de um muro, que também esconde uma fogueira.
Se um dos indivíduos conseguisse se soltar das correntes para contemplar à luz

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do dia os verdadeiros objetos, ao regressar à caverna seus antigos companheiros


o tomariam por louco e não acreditariam em suas palavras.

E foi exatamente o que aconteceu: certo dia, um dos presos é liberto e, ao


explorar o interior da caverna, descobre que as sombras eram controladas
por pessoas atrás da fogueira. Ele encontra uma saída do local e, para sua
surpresa, há um mundo muito mais amplo do que ele conhecia. Mesmo com
o incômodo da luz, após um tempo, consegue observar com clareza as cores,
formas, cheiros e toda a vida de fora da caverna. Ali, conclui que o mundo que
conhecia era apenas uma parcela da realidade.

Por fim, põe-se o dilema de retornar para a caverna e libertar seus companhei-
ros, mesmo podendo ser taxado como louco. Ou viver a sua própria liberdade
neste “novo mundo”.

Eu te contei toda essa história para que você entenda qual era a intenção de Platão:
ele evidencia os graus de conhecimento, sendo que o mais limitado está associado
ao imaginário, uma vez que o mais amplo permite conhecer novas realidades.

1.2 Como é o olhar da ciência sobre o medo


Muitos cientistas já desenvolveram e continuam suas diversas pesquisas para
entender o que se para em nosso cérebro diante do medo.

O que sabemos é que em situações de perigo, real ou imaginário, o corpo


reage rapidamente: as pupilas se dilatam, os pelos eriçam, os pensamentos
e os movimentos congelam e há um aumento da frequência dos batimentos
do coração e do fluxo do sangue. Para alguns, o ar torna-se rarefeito e a
respiração, ofegante.

Segundo os cientistas do Laboratório de Psicobiologia O medo é considerado um


da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Pre-
dos sentimentos mais
to, o medo é considerado um dos sentimentos mais
primitivos do homem.
primitivos do homem.

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Ele acontece em cadeia, começando com um estímulo de estresse até chegar


à liberação de compostos neuroquímicos e diversos hormônios.

Por essa pesquisa foram identificadas evidências de que três estruturas ex-
tremamente primitivas na escala evolutiva do cérebro, presentes em espécies
animais desde a época dos dinossauros, desempenham tarefas fundamentais
em situações de risco antes mesmo de ser acionada a amígdala cerebral –
estrutura surgida posteriormente, com os primeiros mamíferos, e diretamente
associada nas respostas de defesa do organismo a situações de perigo.

O estudo levou em consideração o medo em suas manifestações mais primi-


tivas, como o temor instantâneo que uma pessoa sente diante de situações
interpretadas pelo cérebro como ameaçadoras. Os cientistas dizem que esse
reflexo condicionado, não racionalizado, trabalha a favor da sobrevivência hu-
mana, pois provoca reações diante do perigo.

Ou seja, numa savana ao e deparar com um Leão feroz, toda esta descarga
“adrenal” de hormônios, irá com certeza fazer você agir para se salvar. Correr
e buscar uma rota de fuga, com velocidade e destreza de quem luta pela so-
brevivência. E isso é bom. Isso é muito bom!

O problema é quando o Leão mora no quarto ao lado, ou quando a ameaça faz


parte do seu dia a dia, e de maneira crônica, faz você adoecer ou até mesmo
paralisar diante da vida. Construindo uma crise interna que pode lhe causar
doenças e levá-lo à morte.

Que antagônico isso, não! O mesmo estímulo cerebral que salva, também pode
prejudicar e matar. É a dose que distingue, o antídoto, do veneno.

1.3 Mas o que acontece no cérebro humano


diante do medo?
Entre as inúmeras constatações científicas feitas até hoje, sabe-se que algu-
mas partes do cérebro estão envolvidas com a reação de medo. Inicialmen-

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te, o tálamo capta as informações sensoriais, o córtex O medo pode ser


pré-frontal processa a interpretação dessas captações, considerado essencial
o hipocampo armazena e busca memórias conscientes, para preservação e
a amígdala decodifica e armazena memórias de medo e o desenvolvimento
o hipotálamo ativa uma das duas reações: lutar ou fugir. da espécie humana.
Não somos neurocientistas, mas essa ciência hoje vem para ajudar a todos,
para que possamos dar um choque de lucidez e equilíbrio canalizando esse
medo para uma reação de enfrentamento e coragem.

Gostaria de levar você a refletir com mais um exemplo: uma pessoa que está
sozinha em casa, já deitada e se preparando para dormir. De repente, ouve um
barulho vindo de outro ambiente da casa onde ela sabe que não tem ninguém.

Imediatamente o tálamo recebe a informação, mas não identifica se esta é uma


situação de perigo ou não, então, manda para a amígdala que passa o dado para
frente, até o hipotálamo que determina a reação. Neste caso, o medo é gerado
apenas pela incerteza do momento, por ser uma situação fora do comum.

Outra possibilidade, considerada do mesmo exemplo, é o tálamo enviar a informa-


ção para o córtex que identifica que existem possibilidades e o hipocampo avalia
quais são a partir de memórias armazenadas. Mais uma vez, a amígdala informa
o hipotálamo e ele avalia se há necessidade de ativar a reação de luta e/ou fuga.

Isso porque, o hipocampo é a parte racional do processo, apesar de nem sem-


pre reagir rapidamente ao processo, provocando a sensação de medo.

O neurocientista Dean Mobbs, do California Institute of Technology, divide o


medo como sendo de dois tipos. O primeiro, é reativo a ameaças contra a vida e
o segundo cognitivo, ou seja, que depende que o cérebro tenha tempo para ra-
cionalizar a situação e identificar a ameaça considerando experiências individuais.

De qualquer forma, lidar com o medo é fator essencial para o ser humano,
pois a incapacidade de superá-lo pode levar a casos mais graves de doen-
ças, como síndrome do pânico. Há níveis de intensidade deste sentimento que
podem ir desde o sentimento de prudência e concentração, que provocam

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desconfiança; o alarme e angústia, que resultam em ansiedade, até chegar ao


pânico e ao terror.

O seu corpo pode manifestar reações ao medo, como:

» Aumento da pressão arterial;


» Aumento da frequência cardíaca;
» Dilatação das pupilas;
» Contração das artérias da pele para enviar mais sangue para os grupos
musculares, ou seja, a sensação de calafrios;
» Diminuição de glicose no sangue;
» Enrijecimento dos músculos provocado pela liberação de adrenalina e
glicose, ou seja, sentimos arrepios;
» Sistemas imunológicos e digestivos são desligados para guardar ener-
gia para funções essenciais;
» Diminuição da atenção, pois o cérebro está concentrado na possível ameaça.

E você pode estar se perguntando, qual o lado bom disso?

Se, por um lado, representa o receio diante de uma situação de perigo e pode
levar a desenvolver doenças, também pode ser considerado essencial para
preservação e o desenvolvimento da espécie humana. Afinal, ao enfrentar o
perigo uma pessoa elabora uma estratégia para superar desafios.

Alguns empresários, por exemplo amam superar desafios para obter sucesso
no mundo dos negócios. Sente-se estimulados a agir diante da dificuldade.

Outra prova disso, são os montanhistas que enfrentam seus medos escalando
rochas ou ainda as pessoas que gostam de filmes de terror, apesar do medo
que sentem. Em todos estes casos, elas optam em vivenciar as consequências
químicas provocadas pelo sentimento.

Quando o sinal de alerta é disparado no cérebro, a dúvida entre lutar e fugir


surgem e a decisão de lutar promove alívio cognitivo interno. E isso dá prazer.

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1.4 A pandemia da Covid-19 e o medo


O medo não se resume a uma sensação restrita a apenas uma pessoa. Em
algumas situações, ele ultrapassa fronteiras de países e atinge cidadãos de
diferentes personalidades e culturas. É o que ocorre durante a pandemia pro-
vocada pelo coronavírus no Brasil e no mundo.

De acordo com a uma pesquisa realizada pela área de Inteligência de Mercado


do Grupo Abril, em parceria com o instituto de pesquisas digitais MindMi-
ners, a palavra medo compõe a tríade de angústias que afligem os brasileiros.
Medo, preocupação e insegurança. Isso porque existe um grande temor aos
impactos sociais e econômicos da doença.

Para o estudo, divulgado em abril de 2020, foram entrevistadas 4.693 pessoas


de todas as regiões do país, com idade a partir dos 18 anos e de todas as
classes sociais. Deste universo, mais da metade revelou estar extremamente
preocupada com a doença, sendo que 62% das mulheres estão mais tensas
com a situação, enquanto a fatia de homens mais preocupados é de 45%.

Superlotação de hospitais, aumento do desemprego e segurança de familiares


e amigos foram as preocupações mais apontadas pelos entrevistados. Eles
identificam tanto o risco da doença quanto seus efeitos na econômica como
uma ameaça preocupante.

Mas foi a palavra medo a mais citada como sentimento para denominar o
estado mental da pessoa diante da pandemia. Talvez porque essa palavra seja
a personificação de tudo que nos atemorize. Em um artigo publicado na re-
vista Debates em Psiquiatria, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
pesquisadores afirmam que “em uma pandemia, o medo aumenta os níveis
de ansiedade e estresse em indivíduos saudáveis e intensifica os sintomas
daqueles com transtornos psiquiátricos preexistentes”.

Além disso, durante as epidemias, o número de pessoas cuja saúde mental é afe-
tada tende a ser maior que o número de pessoas afetadas pela infecção. Apesar

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do dado ser assustador, à primeira vista, os autores desta pesquisa fazem algumas
recomendações para garantir saúde mental neste período, entre elas estão cuidar
de si e dos outros, prestar atenção às suas próprias necessidades, sentimentos e
pensamentos e comunicar a alguém quando sentir tristeza ou ansiedade.

Isso reforça a recomendação de um renomado cientificista, Daniel Goleman,


um psicólogo norte-americano que obteve fama mundial a partir da publicação
de seu livro Inteligência Emocional em 1995. Que descreve este conceito como
a capacidade de reconhecer e avaliar os seus próprios sentimentos e os dos
outros, assim como a capacidade de lidar com eles. Goleman aponta também
que o famoso Quociente intelectual (QI) contribui com apenas 20% do sucesso
dos indivíduos e que os outros 80% resultam da inteligência emocional (QE),
reunindo fatores como a habilidade de se auto motivar, a regulação do humor,
o controle dos impulsos, empatia e esperança.

É a partir daqui que a consciência sobre a realidade, as atitudes e motivações


se torna a ferramenta para uma transformação concreta dos seus medos.

1.5 Existe antídoto para o medo?


Posso afirmar que sim e, se chama: INTELIGÊNCIA EMOCIONAL!

Mas, como conquistar inteligência emocional?

De acordo com uma estatística de Harvard, Stanford e da Car-


O antídoto para o
negie Foundation, cerca de 85 a 87% da nossa qualidade de
medo tem nome:
vida – sucesso em todas as áreas, provém da inteligência emo-
Inteligência Emocional. cional. Mas infelizmente, poucos de nós tem consciência disso.

A melhor maneira de ser mais emocionalmente inteligente é parar e questionar


seus sentimentos antes de agir.

Conseguir identificar quais são as emoções que estão surgindo e quais gati-
lhos elas estão acionando é importante para que você possa controlar os seus
sentimentos, e impedir que tudo isso se transforme em um quadro mais grave!

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Posso ficar aqui fazendo inclusive várias citações que embasam esta minha
conclusão, mas quero citar apenas mais uma última referência e não menos
importante, na minha opinião:

No amor não há medo; ao contrário, ele o reprime, porque o medo supõe


castigo. Aquele que tem medo não está aperfeiçoado no amor. (1 João 4:18)

E respondeu Jesus: “...Ame o seu próximo, como a si mesmo. (Matheus 22:39)

Com isso, podemos concluir que a solução para acabar com o medo é o amor.

Somos nossos próprios amigos e inimigos: quando existe “Quem ama não teme,
medo você é seu próprio inimigo, quando não existe, você é quem ama confia”.
seu próprio amigo.

1.6 Onde o medo encontra a realidade?


E se na psicologia o medo é um estado emocional, no aspecto social, o
medo molda suas atitudes entre o sim e o não, entre o que pode e não
pode, e entre o agir e não agir. É nesta configuração que o medo assume
um status prejudicial para sua tomada de decisões, pois ele influencia no
campo das incertezas e da desconfiança e impedem uma visão mais clara
sobre qualquer aspecto das nossas vidas.

O medo real faz parte da biologia humana e decorre de um processo natural,


químico e biológico do corpo, como já vimos. Já o medo imaginário que para-
lisa, decorre do aprendizado ao longo da vida, tudo aquilo que vivemos e que
baseamos as nossas convicções. Por exemplo, existem muitas circunstâncias
de medo que surgiram a partir de ensinamentos populares e que percorrem
gerações. Lembra-se da manga com leite? São essas percepções, que são
passadas, muitas vezes, de pais para filhos, que criam um ambiente hostil para
promover mudanças.

Segundo o escritor e PhD, Paulo Vieira; meu mentor e atual CEO da Febracis
(empresa líder no segmento de cursos e treinamento de inteligência emocio-

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nal), todos nós desenvolvemos, a partir experiências vividas, atreladas a, ge-


ralmente, a fortes impactos emocionais, algumas crenças, que nada mais são
do que sinapses neurais decorrentes do aprendizado obtido durante a vida e
que fortalecem comportamentos, atitudes, resultados, conquistas e a qualida-
de de vida. Resumindo, elas moldam a nossa percepção da realidade.

Então, é preciso alterar estas crenças para criar um ambiente mais favorável à
superação de medos imaginários e prejudiciais? Exatamente.

Aquilo que vivemos ao longo de nossas vidas, ou sob forte impacto emocional,
determina como nos posicionamos no mundo e moldam como enxergamos a
nós mesmo e as pessoas ao nosso redor, além de orientarem como devemos
lidar com as situações pelas quais passamos. Essas conexões, especifica-
mente, estão diretamente relacionadas as nossas emoções, e funcionam como
uma lente para a outras situações.

Desta forma, não se trata do ambiente e nem dos eventos das nossas vidas,
mas sim o significado que atribuímos a esta realidade. Ou seja, como nós a
interpretamos, moldamos quem somos e o que nos tornaremos.

Quando falamos do medo que molda a realidade, estamos também afir-


mando que as convicções do passado podem projetar a minha realidade e
o meu futuro.

O nosso cérebro está buscando encurtar o caminho e poupar energia, com


isso ele busca referências já vividas em nossas convicções. Fazendo então
generalizações que pautam a nossa tomada de decisão. Como por exemplo:
Manga com leite faz mau; Dinheiro não traz felicidade; Para ser feliz é preciso
ter sucesso; e muitas outras.

Ao identificar um padrão de comportamento, você gera consciência sobre


ele. Isso te permite a ativamente, criar um novo plano de ação para mudar
esse comportamento. 

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Para se ter uma noção, Pablo Marçal, em seu livro “Antimedo”, explica que
a melhor maneira de combater o medo é a dessensibilização sistemática, ou
seja, o enfrentamento ao medo

Mas de que forma isso pode acontecer?

Originalmente criada pelo psiquiatra Joseph Wolpe, em 1958, a dessensibili-


zação sistemática é um conjunto de técnicas de exposição à experiência trau-
mática. Sendo assim, segundo Marçal, quando alguém se dispõe a enfrentar
algo que lhe causava algum tipo de bloqueio emocional, passa a ter autoridade
e domínio sobre a situação.

Falar sobre medo ainda é tabu para a grande maioria das pessoas – que seguem
preferindo esconder e negligenciar seus traumas e limitações. Por isso, o primeiro
e mais importante passo é adquirir consciência de suas barreiras e medos.

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Pare e pense por um instante sobre os seus reais medos. Tome consciência
deles e anote abaixo:

Medo Descrição

1
2
3
4
5
6
7
Feito? Agora, você está preparado para seguir com a leitura.

Criando consciência dos meus medos e como


eles influenciam a minha realidade
Para o filósofo francês, Sartre, consciência é definida como o conhecimento
que o ser humano tem sobre seus próprios pensamentos, sentimentos e atos.
Segundo a metodologia do Coaching Integral Sistêmico, desenvolvida pela
Febracis, existem três tipos de consciência:

» Plena: trata-se da consciência perfeita, onde existe a per-


Segundo o Coaching cepção e compreensão de si, do mundo e da relação cau-
Integral Sistêmico, sa e efeito.

são três os tipos » Relativa: onde a compreensão de si e do mundo é limitada,


de consciência. situacional, influenciável e precária.
» Ausência de consciência: aqui, a compreensão de si e do
mundo ao redor é debilitada ou distorcida.

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A metodologia CIS, na dualidade entre razão e emoção, há um diálogo interno


de vozes que resgatam as crenças e valores de cada pessoa, diante da toma-
da de decisões. São elas:

» Voz da consciência: que evidencia a lucidez. É cordata, sábia e possi-


bilita boas escolhas.
» Voz negativa: pessimista, mas sob controle.
» Voz destrutiva: compulsiva, negativa, desacreditadora e descontrolada.

Mas como é possível, diante de todos esses subsídios, perceber a realidade?

Com a convicção plena das características e da identidade, e com a clareza


de consciência do que sou bom e do que preciso melhorar, é possível vencer
qualquer crise externa que alimenta minhas próprias crises internas.

E para o fortalecimento das crenças de identidade é possível utilizar algumas


ferramentas que trazem a convicção de nossas potencialidades, como exem-
plo, existe a ferramenta “30 Características Eu Sou”. Nesta ferramenta, você
deve listar 30 características positivas suas, e lê-las ao menos 1 vez ao dia.

Através do método de repetição, o seu cérebro passa por um processo de


assimilação e cria caminhos neurais que fortalecem as suas crenças positivas
de identidade.

Faça um teste! A ferramenta se encontra no final deste capítulo. É possível que


nas primeiras tentativas você tenha uma certa dificuldade de listar 30 carac-
terísticas, mas conforme vai fortalecendo suas crenças, perceberá que a cada
repetição deste exercício, você terá mais facilidade pra completar a lista.

Estou segura que agora o sentimento de autoconfiança toma conta de você.


Imagine você lendo e verbalizando com convicção todos os dias.

Assim você trará ao seu coração afirmações que lhe trazem esperança. Ne-
nhuma crise, interna ou externa, resiste à segurança de quem sabe o seu valor
e a sua contribuição. Pense nisso!

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1.7 Crise interna ou externa


Crises são inesperadas e, por isso, é necessário ter preparo psicológico para
lidar com essas mudanças na rotina. E não transformar uma crise externa em
uma crise interna.

Medo, incertezas, negação também reinavam em todas as famílias. Além dis-


so, deixa eu te contar algo das crises: ELAS SÃO INESPERADAS!

Por isso, é necessário ter preparo psicológico para lidar com essas mudanças
na rotina. E não transformar uma crise externa e uma crise interna.

E se eu te perguntasse hoje: como está o teu pensamento? você está com


medo do futuro?

Obviamente ter medo é normal em tempos de pandemia, mas ele está te pa-
ralisando? Medo de perder o trabalho e assim, torna-se improdutivo, medo de
investir em qualificações profissionais e ficar sem dinheiro, medo de sair na rua
e ser infectado.

A única notícia positiva que podemos tirar das crises é que elas passam. Assim
como a gripe espanhola declinou ao final do ano de 1918 o coronavírus tam-
bém será apenas uma lição de tempos difíceis.

O mundo continuará a crescer (mesmo que demore algum tempo para retomar
suas atividades econômicas).

A crise vem, causa mudanças e nós também devemos ser responsáveis por elas.

Por isso é tão importante instaurar um padrão mental de positividade, de es-


perança e, principalmente, de ação. Este é um momento de você se preparar
para a retomada.

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25

Ferramenta

30 características “Eu Sou”


Nesta ferramenta, você deve listar 30 características positivas suas sempre
começando com a frase “Eu sou (...)”. Leia ao menos uma vez por dia toda a
lista e repita o exercício semanalmente, acrescentando 30 novas característi-
cas a cada 7 dias.

1. Eu sou _________________________________________________________

2. Eu sou _________________________________________________________

3. Eu sou _________________________________________________________

4. Eu sou _________________________________________________________

5. Eu sou _________________________________________________________

6. Eu sou _________________________________________________________

7. Eu sou _________________________________________________________

8. Eu sou _________________________________________________________

9. Eu sou _________________________________________________________

10. Eu sou _________________________________________________________

11. Eu sou _________________________________________________________

12. Eu sou _________________________________________________________

13. Eu sou _________________________________________________________

14. Eu sou _________________________________________________________

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15. Eu sou _________________________________________________________

16. Eu sou _________________________________________________________

17. Eu sou _________________________________________________________

18. Eu sou _________________________________________________________

19. Eu sou _________________________________________________________

20. Eu sou _________________________________________________________

21. Eu sou _________________________________________________________

22. Eu sou _________________________________________________________

23. Eu sou _________________________________________________________

24. Eu sou _________________________________________________________

25. Eu sou _________________________________________________________

26. Eu sou _________________________________________________________

27. Eu sou _________________________________________________________

28. Eu sou _________________________________________________________

29. Eu sou _________________________________________________________

30. Eu sou _________________________________________________________

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Capítulo 2

Contexto de crise: desafios e oportunidades


Não dá para falar de crise e não falarmos do momento
que o Brasil e o mundo estão passando com a pan-
pelo menos 600 mil
demia de um novo tipo de coronavírus que demandou
micro e pequenas
quarentena e isolamento social. As pessoas saíram das
empresas encerrariam
ruas, as lojas baixaram suas portas e os parques foram
suas atividades
fechados. De lá para cá, o que era uma necessidade em
durante a pandemia.
prol da saúde se tornou uma crise econômica e social
Sebrae
e que segue preocupando milhares de empresários e
profissionais como você.

Um levantamento do SEBRAE, realizado em maio, apontou que pelo menos


600 mil micro e pequenas empresas encerrariam suas atividades durante a
pandemia. As vidas por trás desses CNPJ’s não estavam preparadas para uma
mudança tão drástica e tão rápida neste cenário e aí, prevalece o desespero
sobre como será o futuro.

É um campo de incertezas e medo. O país também perdeu sua força de consumo


com mais de 9 milhões de trabalhadores demitidos nesse período, e o Banco
Mundial prevê uma queda de 8% no PIB brasileiro em 2020.

Como você enxerga estes números? E quais as oportunidades que podem ser
observadas para a sua construção pessoal e profissional neste cenário?

Quando nos deparamos com tantos indicadores desfavoráveis, o importante


é enxergar o copo meio cheio, ao invés de meio vazio. Diante do imprevisível,
há um percentual de responsabilidade que precisa ser abraçado para seguir
em frente. Como em uma viagem, onde você precisa retornar o caminho que
já percorreu para rever as orientações na placa e repensar suas rotas.

O ambiente hostil pode ser encarado como uma mola que vai te ajudar a criar
oportunidades e não te paralisar na espera de que elas caiam na sua frente,

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como mágica. Entenda que há solução para cada problema que se instala e tal
solução pode estar bem diante seus olhos, mas disfarçada.

Mesmo que o medo paralisante te lembre da possibilidade do fracasso, as


derrotas também são bem-vindas. É o que Napoleon Hill, no livro “Mais esper-
to que o Diabo”, chama de “benção disfarçada”. Ele explica que, para cada
adversidade causada pelas suas derrotas, há um “benefício correspondente”
que indica um caminho de sucesso.

Às vezes, não dá para enxergar com clareza mas, acredite, está lá!

Solo fértil
É preciso criar um ambiente fértil para que as dificuldades te inspirem
oportunidades, afinal, nenhuma planta cresce sem um bom adubo. Aqui, é
preciso encarar as mudanças que estão acontecendo ao seu redor, como
adubo para fertilizar sua terra.

Mas, sinceramente com você encara mudanças? Nos


É preciso criar um
primeiros dias de um emprego novo, tudo é desconfor-
ambiente fértil para tável e desafiador, mas há um certo desejo de supera-
que as dificuldades te ção que se instala, quase como um desafio que te atrai.
inspirem oportunidades. Então, se entregue às possibilidades e corra riscos!

Atravessar um rio com uma forte correnteza pode ser algo difícil e arriscado,
porém, com a segurança de uma corda, é possível se aventurar e avançar na tra-
vessia. Esse é o conceito de assimetria defendido por Nassim Nicholas Taleb, em
Antifrágil. Na obra, o autor explica que o equilíbrio não está em se arriscar mais
onde se sente seguro e menos onde é inseguro. Pelo contrário, ele diz que é a
assimetria que proporciona equilíbrio, pois aquilo que lhe confere segurança, ser-
virá como âncora para que você possa se arriscar onde tem menos segurança.

É o caso da antiga Blockbuster, se lembra dela? A empresa já esteve na lide-


rança do ramo de aluguéis de DVD’s nos anos 2000. Entretanto, com a explo-

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são da internet e o surgimento das plataformas de streaming, a marca faliu.


Mas a pergunta é: qual foi o risco que a empresa não correu?

Em 2000, a Netflix, que também operava no segmento de aluguel de DVD’s,


foi oferecida à Blockbuster por US$ 50 milhões. A oferta rejeitada pelo CEO da
gigante das locações por “não acreditar no poder da internet”. Hoje, a Netflix
vale mais de US$ 180 bilhões.

Obviamente, ninguém tem bola de cristal, portanto, aqui vale a tentativa e o erro.
Invista naquilo que tira você da sua zona de segurança e, se não der certo, tente
de novo! Nassim Taleb também defende que essa experiência (ou empirismo
como ele chama), se trata de tentativa e erro. Ele afirma que esse processo
precisa acontecer e será fundamental para que as oportunidades surjam.

Não reinvente a roda


Não tem solução mirabolante para a realidade de uma crise. As oportunidades
podem estar muito próximas e, quem sabe, a crise seja a própria solução. Ana-
lise o caso do James Delivery, aplicativo de entregas do Grupo Pão de Açúcar
(GPA), que registrou crescimento de 800% no primeiro trimestre de 2020, em
comparação com 2019. E mais: conseguiu aumentar em 130% o ticket médio
no mesmo período.

Carlos Domingos, em “Oportunidades Disfarçadas”, explica justamente essa


possibilidade, defendendo que os negócios podem prosperar “apesar da cri-
se, e por causa dela”.

Soluções que caminham na contramão do que o mercado tem feito, também


podem ser uma boa alternativa. Com por exemplo em diversos setores da
economia que foram impedidos de seguir com suas atividades, seja para evitar
aglomeração ou por não se enquadrarem como essenciais na pandemia do
Coronavirus (COVID-19). Qual é a oportunidade que brota nesse vazio? Já se
fez essa pergunta?

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Em um exemplo apresentado por Carlos Domingos em seu livro, diz que “ace-
lerar enquanto os outros freiam, pode ser uma boa opção”. Ele cita o caso do
ataque às Torres Gêmeas nos Estados Unidos em 11 de setembro, aconteci-
mento que gerou a maior crise da história no setor de aviação. Sem passagei-
ros, por conta do medo de novos ataques, o setor promoveu demissões em
massa e rapidamente encolheu.

Foi então que a Gol Linhas Aéreas, empresa brasileira, optou por medidas mui-
to diferentes das suas concorrentes: aumentou investimentos, negociou bons
contratos com fabricantes de aeronaves, fez aquisições de equipamentos por
preços mais atrativos e se preparou para o pós-crise. Nos anos seguintes, o
crescimento apresentado pela companhia foi surpreendente.

É em busca desse resultado que seus esforços precisam ser concentrados.

Se você não consegue enxergar as oportunidades que surgem em meio à crise,


é necessário ampliar seu campo de visão, olhar mais distante. Entenda: a gali-
nha cisca tudo que vê pela frente, com a cabeça abaixada e focada apenas no
que está próximo a ela. Enquanto isso, a águia, com olhar frontal, mira sua presa
a 2 quilômetros de distância. Quem é você e o que você quer ser nesse cenário?

2.1 Seu comportamento molda seus resultados


O seu comportamento diante de qualquer crise pode te ajudar a moldar os
resultados pelos quais você tem batalhado. Quando você olha pela janela do
seu quarto, pelo canto direito, o que você vê? Agora, olhe pelo canto esquerdo
e responda: a paisagem de ambos os lados é igual? A paisagem continua ali,
estática, mas sabe o que mudou? Você!

A ideia aqui é te apresentar o entendimento de que não é o ambiente de crise


que define você, mas a maneira com que você encara e se comporta diante
dela. Note que restaurantes e empresas do ramo alimentício precisaram se
moldar para continuar oferecendo refeições via delivery, e sobreviver à crise
da pandemia COVID-19.

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Anthony Robbins, autor do best-seller “Poder sem limites”, aborda essa questão ao
explicar a Programação Neurolínguistica (PNL). Ele explica que, por meio da PNL,
é possível dirigir o cérebro de uma forma favorável para atingir, frequentemente, os
resultados que deseja - alcançando o que o autor chama de “resultado optimum”.

Ou seja, se alguém consegue resultados positivos em reuniões de apresenta-


ções de projetos financeiros, por exemplo, é possível “copiar” esta programa-
ção e conduzir o seu sistema nervoso para se comportar da mesma maneira
em outras situações. Esse processo é chamado de modelagem.

Apesar de tudo isso, seu cérebro não vai funcionar sozinho. Você precisa ter
convicção de que vai conseguir atingir seus objetivos. Pergunta: a sua auto-
confiança é suficiente para continuar enxergando as oportunidades? Mesmo
em meio ao caos? Se você não está adequadamente pronto, dificilmente terá
convicção para percorrer essa estrada. As decisões que você toma ao longo
da sua jornada, também caracterizam um tipo de aprendizado que te ajuda a
ter uma visão mais clara das alternativas e possibilidades mais adequadas.

Veja o caso da Apple, citada por Carlos Domingos como exemplo de convicção e
obstinação. O fundador da marca, Steve Jobs, foi demitido da empresa em 1985,
após desentendimentos com o CEO que ele mesmo havia contratado. Desilu-
dido, Jobs vendeu suas ações (menos uma), se recompôs e voltou ao mercado
com a criação de outra empresa, a NeXT Computers. A nova marca lançou um
dos computadores mais revolucionários do mercado, cresceu, e em 1990 foi ad-
quirida pela Apple - que passava por problemas financeiros. Steve Jobs retornou
à companhia em 1997 e lançou grandes sucessos a partir daí: iPod, iPhone, iPad.

Contudo, é importante lembrar: não deposite suas fichas em uma única


solução!

Tenha várias opções para cenários variados. Muitas em- Na Febracis, desde o
presas estão superando as dificuldades adotando esta começo do isolamento por
estratégia. Em “Antifrágil”, Nassim Taleb alerta que é
COVID-19, o crescimento
preciso abrir seu leque de opções e ter mais “opcionali-
foi de 22% graças aos
dade” diante dos cenários adversos.
cursos à distância que
a empresa já possuía.

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Na Febracis, desde o começo do isolamento por COVID-19, o crescimento foi


de 22% graças à adaptação dos cursos para a modalidade à distância. Isso só
foi possível porque a empresa acreditou em opções além dos cursos presen-
ciais, teve variações de formatos. Saiba que, antes da pandemia, os produtos
digitais representavam apenas 12% da receita. Foi neste mesmo período que
o Google registrou aumento de 130% nas buscas por cursos online. Essa foi a
oportunidade que a Febracis observou para, apesar da crise, seguir alcançando
seus objetivos. Minha pergunta é: você está esperando o que para se reinventar?

2.2 Cases: as empresas, onde estão nisso tudo?


Para superar uma crise, é preciso entendê-la como um momento temporário ou
uma oportunidade disfarçada que lhe servirá para aprimorar sua capacidade
criativa e suas habilidades. Triunfar na adversidade é possível, pois ela surge
para despertar nosso olhar para as oportunidades, mas são poucas pessoas
que conseguem superar estes períodos difíceis.

É necessário ter muita convicção para prosperar, ganhar dinheiro e desen-


volver-se nas crises. É preciso ter em mente que não são as circunstâncias
que nos definem e, sim, a maneira como nos comportamos diante delas. Há
sempre uma oportunidade, mesmo para empresas.

Aliás, muitas companhias de sucesso de hoje foram criadas em momentos


adversos. Um exemplo inspirador é o jogo de tabuleiro Monopoly, mais co-
nhecido no Brasil como “Banco Imobiliário”. Ele nasceu no meio de uma das
maiores crises econômicas que o mundo viveu, a Grande Depressão originada
com a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, ocorrida em 1929.

Na ocasião, a crise fez muitas empresas fecharem as portas, mesmo aque-


las que sobreviveram precisaram reduzir suas operações, levando mais de 12
milhões de norte-americanos a perderem seus empregos. Entre eles estava o
engenheiro Charles Darrow, morador dos arredores da Pensilvânia.

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Sem nada para fazer, ele ficava em casa, tentando distrair os filhos contando
histórias e criando brincadeiras. Certo dia, resolveu ensinar aos pequenos um
jogo que havia conhecido no trabalho e que simulava a negociação de imóveis
por valores fictícios. Charles desenhou na toalha de mesa uma cidadezinha
com casas e prédios parecidos que as construções da vizinhança. Para facili-
tar, ele mesmo estabeleceu as regras e começou a diversão.

Primeiro foram os filhos, depois os vizinhos e amigos. Em efeito cascata, todos


ficaram contagiados pelo jogo. Não demorou para Charles vislumbrar naquele
passatempo para os momentos difíceis, a solução que buscava para resolver
os problemas econômicos da família. O termômetro que ele usou era o interes-
se dos adultos e das crianças diante do jogo.

Foi então que Charles resolveu procurar o principal fabricante de jogos da


região, a Parker Brothers. Ele foi recebido pelos diretores da companhia que
não se animaram em investir no negócio. O motivo era o jogo ser lento e com
regras complicadas e isso poderia não refletir em sucesso de venda.

Convicto de sua invenção, o engenheiro resolveu produzir ele mesmo as pri-


meiras unidades. Para isso, reuniu familiares e amigos desempregados e ini-
ciou a produção. O primeiro lote foi de cinco mil unidades, negociadas para
uma loja de departamentos local.

Os primeiros clientes foram os vizinhos de Charles que conheciam a novidade.


Logo todo o estoque foi consumido, garantindo ao engenheiro a continuidade
da fábrica. Impulsionado pela propaganda de boca em boca. Desta forma, o
Monopoly virou a sensação da região e voltou a chamar a atenção dos execu-
tivos da Parker Brothers.

Em uma nova reunião, os diretores elogiaram o jogo e propuseram a produção


industrial. Em pouco tempo o Monopoly ganhou o mundo e transformou Char-
les no primeiro criador de jogos milionário da história. Provando que mentes
criativas conseguem vencer a adversidade, enxergando, mesmo nos piores
momentos uma grande oportunidade.

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Ao completar 90 anos de existência em 2020, o Monopoly ganhou nova edi-


ção, com a figura do banqueiro sendo substituída por um dispositivo inteli-
gente ativado por voz e que faz todas as transações financeiras do jogo. Isso
mesmo, agora a Inteligência Artificial (IA) está fazendo parte da diversão criada
por Charles em plena crise financeira dos anos de 1930 nos Estados Unidos.

Muitas vezes é a crise impulsiona um negócio ou se transforma na ocasião ideal


para lançamento de um novo empreendimento. Para o editor do The New You-
rker, James Surowiecki, quando o cenário econômico está bom surgem mais
empresas, há mais crédito e o volume de venda é maior. Porém, é mais difícil
manter o crescimento sustentável do negócio, pois a concorrência é acirrada.

Com a economia aquecida o que alguns estudiosos chamam de “efeito mana-


da” e, ao menor sinal de dificuldades, os empresários recuam. Mais uma vez,
todos juntos. No mundo dos negócios, como na nossa vida, ao menor sinal de
adversidade, as empresas congelam ou recuam. A crise gera impotência e se
a empresa ou a pessoa achar que fracassará, acredite, isso irá acontecer.

São poucas as empresas que conseguem tirar proveito de uma crise e crescer.
Mais recentemente, outra crise mundial impactou nos hábitos das pessoas,
fazendo surgir novos negócios. Foi em 2008, quando muitos passaram a re-
pensar o consumo por conta da recessão global. Desta vez, a tecnologia e
as redes sociais deram novo sentido para o termo compartilhar, que deixou o
mundo virtual e se transformou em negócio real e inovador.

Para baratear serviços de hospedagem, Brian Chesky, Joe Gebbia e Nathan


Blecharczyk criaram naquele ano o Airbnb, em São Francisco (Estados Uni-
dos). O negócio começou quando os três jovens estavam sem dinheiro para
pagar o aluguel do apartamento onde moravam e em busca de uma ideia para
iniciar um empreendimento e sair da crise na qual viviam. Como ia acontecer
uma conferência de designers na cidade, lotando os hotéis da região, eles
decidiram alugar espaços do apartamento, inclusive um colchão inflável.

Foi assim que eles desenvolveram a primeira versão do site de hospedagens

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e alugaram os colchões para uma mulher de meia idade, um indiano e um pai


de família. O trio formava o mais improvável público que eles podiam imaginar.
Hoje a startup é avaliada em mais de 31 bilhões de dólares e se tornou a maior
plataforma de economia compartilhada no mundo.

Outra empresa que surgiu no pós-crise de 2008 foi a Uber. Nos Estados Unidos
e em boa parte dos países da Europa a economia enfrentava um estágio lento
de recuperação, fazendo seus cidadãos buscarem alternativas para comple-
mentar a renda. Foi então que Travis Kalanick e Garrett Camp, após terem difi-
culdade para pegar um táxi em Paris, tiveram a ideia de criar o serviço facilitar
o acesso ao transporte.

Inicialmente, contava apenas com carros de luxo, mas o negócio cresceu, am-
pliou a oferta e hoje se tornou uma opção de renda para muitos brasileiros em
meio à crise de empregos. Seu valor de mercado chegou a 82,4 bilhões de
dólares, em 2019.

2.3 Como se desenvolver em meio à crise?


Se uma crise é uma oportunidade para uma empresa ser criada ou melhorar o
desempenho, também pode ser replicada esta análise para uma pessoa: VOCÊ.
Então, a chave para se desenvolver mesmo em meio à crise
é através da autorresponsabilidade. Assim, mesmo diante de assumir o controle
uma situação inesperada como a crise externa, a alternativa e buscar a solução
para a superação e para deixar de ser frágil é assumir o con- de maneira interna
trole e buscar a solução de maneira interna e não externa. e não externa

Ou, segundo o autor libanês Nassim Nicholas Taleb, ser antifrágil, que acredita
que é um engano achar que o oposto de fragilidade é robustez ou resistência,
uma vez que a principal característica de quem é Antifrágil é ser capaz de
suportar situações extremas sem se alterar. Para o autor, ao buscar apenas
essas duas características, uma pessoa não melhora o caos, ao contrário, ela
se mantém no estado.

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Porém, se o indivíduo decide seguir pelo caminho que ele chama de antifrágil,
também encontrará obstáculos, mas eles servirão como ferramenta de apri-
moramento pessoal. Para o escritor deste livro Antifrágil, se alguém realmente
deseja crescer pessoal e profissionalmente, não deve evitar o caos. Afinal fugir
de mudanças ou se proteger de ataques pode parecer seguro, mas não é a
melhor opção para o desenvolvimento.

Assim recomenda ainda que cada um analise suas fraquezas e passe a enfren-
tá-las. Se uma companhia área é antifrágil, ela melhora após cada acidente
aéreo. Parece uma constatação no mínimo estranha, mas depois de acidentes
com aviões os protocolos de segurança são revisados, assim como equipa-
mentos e as aeronaves, tornando a operação ainda mais segura.

Outro exemplo de antifrágil, é a natureza. Afinal, algumas florestas se beneficiam


de pequenas queimadas, pois assim, há redução de material inflamável que pode
causar um incêndio maior e que, muito provavelmente, será mais difícil de controlar.
Diante disso, correr riscos menores é uma maneira de superar o caos.

O enfrentamento de uma situação difícil é a oportunidade, não apenas isso, é


uma maneira de autorreponsabilização que o indivíduo faz de sua própria vida.
Este conceito foi desenvolvido por Paulo Vieira, e ele aponta que a autorres-
ponsabilidade é a capacidade racional e emocional de trazer para si toda a
responsabilidade por tudo o que acontece em sua vida, por mais inexplicável
que seja, por mais que pareça estar fora do seu controle e das suas mãos.

Cada pessoa, mesmo em um cenário de crise, é responsável pela vida que


tem levado, uma vez que está nas suas mãos mudar a sua realidade, mesmo
diante do caos. Sendo assim, com atitudes autorresponsavél, eu assumo que
por ação ou omissão, vou colher os resultados que mereço. E se você busca
o autodesenvolvimento e torna-se empoderado é capaz de mudar o que deve
ser mudado para seguir na direção de seus objetivos conscientes.

Entendendo que todas as suas mudanças que se busca conquistas se iniciam


após assimilar e passar a viver de acordo com o conceito da autorrespon-

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sabilidade. Assim, se uma pessoa acredita ser a única responsável pela vida
que tem levado, cabe a ela então construir seus comportamentos a partir dos
acontecimentos de sua vida.

Esta maneira de pensar é uma das melhores formas de avaliar e desenvolver o


nível de maturidade emocional e, consequentemente, aumentar a capacidade de
realização. Assim, é a certeza de possuir uma crença que valida todas as outras
crenças fortalecedoras que uma pessoa tem. Isso garante que a pessoa não ape-
nas tenha ideia, mas também a força de agir para construir uma vida feliz e plena.

Ferramenta

Seis leis para a conquista da


autorresponsabilidade
São seis práticas que devem ser transformadas em hábitos diários. Elas pro-
movem mudanças perceptíveis para você e os outros. É uma nova pessoa
surgindo, assim como novas oportunidades e possibilidades batendo à porta.

1. Se for criticar as pessoas… cale-se.

2. Se for reclamar das circunstâncias… dê sugestão.

3. Se for buscar culpados… busque a solução.

4. Se for se fazer de vítima… faça-se de vencedor.

5. Se for justificar seus erros… aprenda com eles.

6. Se for julgar alguém… julgue a atitude dessa pessoa.

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Capítulo 3

O fator superação
Existe uma relação direta entre fracasso e sucesso. Na verdade, o mundo tem
esse equilíbrio entre coisas boas e ruins e aceite que isso é bom para o seu de-
senvolvimento. Isso significa que o fracasso precisa fazer
parte da sua jornada. É claro que não há uma defesa para o fracasso precisa
que o fracasso seja uma opção, mas é preciso aprender fazer parte da sua
com o sucesso, mas também, com seus fracassos. Nin- jornada, ele te ensina
guém é só sucesso ou só fracasso! tanto quanto o sucesso.

Certa vez uma de minhas lideradas disse: “Eu acho que eu nunca vou ser tão
boa quanto você na tomada de decisão.” Foi então que eu afirmei: “Sabe o
que me fez chegar até aqui? Os meus erros e fracassos! Foram eles que me
fizeram aprender a fazer melhor. Portanto, a única coisa que nos faz ser dife-
rente hoje, é que eu já errei muito mais que você. Certamente, você fará o seu
caminho, mas apenas se aprender com cada erro”.

Quando alguém te observa na rua e visualiza seu sucesso profissional e pessoal,


ninguém enxerga os trilhos que te levaram até este estágio e nem os fracassos
que compuseram essa versão vitoriosa. Outro ponto: nem sempre aquilo que se
avalia como sucesso em alguém, significa que aquilo é de fato sucesso para ela.

Quando comentam sobre o carro novo do chefe, muitas pessoas nem sempre o que
julgam aquilo como um indicador de sucesso na carreira, mas é sucesso pro
esse pode ser um julgamento equivocado. Analise outras hipóte-
outro, é sucesso
ses: talvez a família tenha aumentado, esteja viajando mais, tenha
para você também!
sido um negócio vantajoso e inúmeras outras possibilidades. O
conceito de sucesso é pessoal e depende do que cada um en-
tende como conquista para a própria vida.

Costumo dizer que os parâmetros de sucesso são tão individuais que cada
um tem os seus e, por isso, digo: questione-se o que é ser bem-sucedido para
você! Tome um tempo para pensar sobre isso e liste a seguir pelo menos 7
pontos de sucesso e de fracasso de acordo com a sua avaliação.

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Sucesso

1
2
3
4
5
6
7

Fracasso

1
2
3
4
5
6
7

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Entender o fracasso como um aprendizado é fundamental para superar seus


medos. É o que Daniel Goleman chama de reaprendizado emocional. Ele ex-
plica que o trauma causado pelas lembranças negativas acaba fixando pontos
no cérebro que interferem na capacidade de resposta a estes traumas. Isso
explica muita coisa, como o medo de uma entrevista de emprego ou mesmo
de aceitar um novo desafio profissional. Esse medo é chamado, na psicologia,
de “medo condicionado” e ele aparece mesmo que a situação não apresen-
te risco algum. Aceitando o fracasso, você aceita ser vulnerável e isso é um
passo difícil, mas importante. Quando você aprende a andar de bicicleta leva
um tombo e outro, se machuca, mas continua assumindo corajosamente a
decisão de persistir.

A escritora Bené Brown diz que se entregar a uma vida


corajosa implica em necessariamente levar tombos e
Vulnerabilidade eleva sua
será neste momento que você vai precisar do apoio das capacidade de aceitação
pessoas que te enxergam como você realmente é e te e, por consequência,
amam mesmo assim. Esse degrau eleva sua capacidade te mostra que é
de aceitação e, por consequência, te mostra que é pos- possível recomeçar.
sível recomeçar.

Aceite sua vulnerabilidade


Homem ou mulher de aço só existem na ficção. Já entendemos que não há
sucesso sem fracasso. Se despir das suas armaduras pode te ajudar a ter uma
melhor consciência de si e dos outros. É comum escolher caminhos errados
para agradar a outros ou para ser aceito em algum grupo. Ser vulnerável vai
pelo sentido oposto e, longe de ser algo negativo, te permite experimentar,
inventar e criar sem essas amarras e com mais amor.

Veja o exemplo de Steve Jobs que mencionamos no capítulo anterior. Ele só


conseguiu criar o computador mais revolucionário do mundo quando saiu da
Apple e abriu uma nova empresa do zero. Porque a inventividade é doce, ela
aguça a imaginação e te permite olhar para os lados sem a repressão do jul-

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gamento do outro. Justamente por isso a vulnerabilidade pode te ajudar a


superar a crise com uma nova oportunidade.

É importante alertar que ser vulnerável não é ser vitimizado. Ficar com pena
de si mesmo, pode despertar a autocomiseração o desejo inconsciente de ter
a piedade das pessoas. O que pode lhe trazer o personagem da vítima sofre-
dora que é o oposto do herói aprendiz. Também é diferente de se acomodar,
apenas reconhecendo a sua vulnerabilidade, sem tentar mudá-la. Assumir as
vulnerabilidades é o primeiro passo para aprender e buscar novos caminhos.

Quando me refiro a novos caminhos e sobre o entendimento que, aquilo que eu


e você percorremos, nos trouxe até aqui. E que são novos aprendizados que
vão nos levar adiante. E por isso, a consciência de que é necessário persistir
para a superação de qualquer crise ou desafio da vida. Contudo, persistência é
diferente de insistência. Persistir, demostra a constância de quem busca novas
formas de realizar e consequentemente novos aprendizados. Insistir é fazer
novamente as mesmas coisas, sem nenhum aprendizado. Por exemplo: se
você vive caindo da bicicleta e continua tentando as mesmas estratégias para
aprender a pedalar, suas oportunidades vão diminuir e o medo vai aumentar.
Tenha consciência de que é preciso perder a segurança, tentando novas pos-
sibilidades, que podem gerar fracassos e consequentemente aprendizados até
que você atinja seus objetivos.

Em “Desperte seu gigante interior”, Anthony Robbins explica que é necessário


ter disposição para perder a segurança, ou seja, sair da zona de conforto exige
ter atitude. Conquistar algo que é valioso para a sua vida (e que te traga aquele
sentido de sucesso) vai exigir que você enfrente a programação básica do seu
sistema nervoso, saindo do conforto e da segurança dos aprendizados atuais,
para conquistar novos aprendizados através dos erros ou dos acertos.

Caso você decida mudar de carreira porque entende que isso é muito impor-
tante para o seu futuro, você vai precisar enfrentar o medo de ficar sem empre-
go, sem dinheiro e de não conseguir pagar as suas contas. Mas veja, o medo
é imaginário e você pode transformar esse medo em poder – quando entender

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que o novo traz novas formas de fazer e para quem tem atitude e não desiste
(persistência), nunca irá fracassar. Irá tentar novos caminhos até alcançar.

Ressignificar o sucesso passa por não alimentar seus medos. O sofrimento por
temer o fracasso não está no fracasso em si, mas na avaliação que você faz
a respeito disso. Quando entende que fracassar é aprender o que não fazer e
descobrir uma nova maneira de agir. Tudo muda, não é mesmo.

Geralmente, a nossa avaliação de fracasso está ligada ao que o outro pensa,


acha e aprova. Então o medo de fracassar não está atrelado a não atingir o
objetivo, mas sim ao que o outro vai pensar de mim. Esta é a maior limitação
do aprendizado, porque o não querer errar e consequentemente assumir a
vulnerabilidade, está ligado a necessidade de ser aceito e amado. Isso afeta a
sua autoestima e reinicia aquele ciclo miserável que limita a capacidade de se
arriscar – gerando medo!

Se o seu ponto de vista é fundamental para reconhecer seu potencial, então é


possível assumir posicionamentos que contribuam para que os seus resultados
sejam bem-sucedidos. Anthony Robbins defende que existem sete crenças
que favorecem esse pensamento:

1. tudo acontece por um razão e fim e isso é útil para você;


2. não há fracasso, mas sim resultados e aprendizados;
3. qualquer coisa que aconteça, assuma sua responsabilidade;
4. não é preciso entender tudo para ser capaz de usar tudo;
5. as pessoas são o seu maior recurso;
6. trabalho é prazer; e por último,
7. não há sucesso permanente sem confiança.

Sendo assim, tudo começa na maneira como você vê os desafios e crises da


sua vida. Aprender com o erro, olhar para o novo e para a crise como uma
oportunidade é um midset de sucesso.

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3.1 Mentalidade positiva


Uma vez que você percebe que é a única pessoa responsável pela vida que
tem, a busca pela transformação começa. Um dos passos mais importantes
nesta jornada é alterar seu padrão de emoção e comportamento. Em uma lin-
guagem popular, é preciso virar a chave e trocar o pessimismo pelo otimismo.

Essa atitude é vital para o sucesso pessoal. Se você foca apenas na crise, irá
mergulhar profundamente nesta situação. A imagem mental, positiva ou nega-
tiva, vista repetidamente ou sobre forte impacto emocional, tende a ser tornar
uma verdade sináptica, ou seja, uma programação mental. Isso quer dizer que
os registros neurais produzidos com o ensaio mental gerarão mudanças con-
cretas dentro e fora da pessoa.

No capítulo anterior, contamos as histórias de empresas de sucesso que sur-


giram em meio a cenários turbulentos da economia. Imagine se seus criadores
tivessem se concentrado apenas na falta de emprego, nas questões financei-
ras que estavam passando? Será que estas empresas teriam existido?

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A questão é que eles ampliaram o olhar, tiraram o foco do problema e bus-


caram soluções. Isso não é fácil, mas a boa notícia, é possível virar a chave.
Para ter uma mentalidade positiva você precisa se dedicar continuamente à
mudança de padrão. Assim, vai mudar não só a si mesmo, mas tudo ao redor. 

Quando se vive em um estado de positividade, a sensação que temos é de


estarmos plenos de recursos e que tudo está ao alcance. Essa energia cer-
tamente irá contagiar a todos. Sabe quando alguém começa a sorrir do seu
lado? Repare que, mesmo sem entender o motivo, as pessoas à sua volta
começam a se alegrar também. 

À primeira vista, isso não é fácil, pois o próprio ambiente ao redor da pessoa
desmotiva. Inclusive, não faltarão sugestões externas de que a mudança que
você escolheu fazer não será possível. Ou até mesmo seus pensamentos cria-
rão diálogos internos, estabelecendo barreiras para a instalação de uma men-
talidade positiva. Isso mesmo. Nosso cérebro é poderoso e vai tentar blindar as
mudanças que geram mais trabalho para ele. Afinal, ele já tem um programa, o
que você está fazendo é mudar o programa do seu computador. O que exige
muita energia no início.

Novamente é preciso lembrar da responsabilidade que cada um tem em rela-


ção a própria vida. Reconhecer a autossabotagem é o primeiro passo, e o mais
eficaz, para construir um novo padrão de pensamento. Recursos não faltam
para trabalhar os pensamentos e conquistar uma mente positiva: 

1. Identifique as fontes de pessimismo: veja as origens de ideias negativas


e compreenda se são convenientes experiências negativas de aprendiza-
dos, ou crenças limitantes herdadas dos seus pais, medo de perdas etc.
2. Combata os pensamentos ruins: toda vez que aparecer um pensamento
ruim, substitua por três pensamentos bons acerca da mesma circuns-
tância e coloque no lugar.
3. Seja uma pessoa positiva: procure sempre ver o lado bom das coisas
e sempre voltado para a solução do problema e para o futuro positivo.

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4. Tenha momentos de descontração: estar sempre com o pensamento


que algo pode não dar certo nos deixam tensos e mexem bastante com
nossas emoções, não sofra por coisas que ainda não aconteceram.
5. Todos nós vivemos momentos bons e ruins na vida, mas, quando ultra-
passar a normalidade procure a ajuda de um especialista. Pedir ajuda é
sinal de humildade para aprender.
6. Quando olhar para um problema, veja como oportunidade: afinal, toda
solução partiu de um problema.
7. Use sua criatividade para criar mentalmente as possibilidades de su-
cesso: quando você canaliza a criatividade para sair do labirinto, fica
mais fácil não desistir.

Já pensou que os problemas não podem


ser tão ruins quanto parecem?
No livro “Desperte seu Gigante Interior”, Anthony Robbins explica que a vida é uma
balança e que as pessoas não podem se recusar a enxergar os problemas que
encontram pelo caminho, pois se assim o fizerem, vão criar ilusões que também
podem destruir. É preciso reconhecer a situação, focar uma solução e, prontamen-
te, fazer o que for necessário para eliminar a influência deste problema na sua vida.

Desta forma, ao começar a sentir um padrão negativo, você tem que deixar de lado
o desespero para começar a romper com este estado. É o que eu chamo visão de
helicóptero! Uma visão de fora e do alto, que tira a miopia da decisão a ser tomada.

É preciso observar a questão sem entrar em um estado emocional de extrema


aridez, para evitar o risco de ficar frustrado ou com medo. Uma das dicas de
Anthony é mudar as palavras que usa para determinar o problema. 

Assim, se o indivíduo se sente “preocupado”, deve-se dizer “eu estou um pouco


apreensivo”, ou o que está achando “difícil” passa a ser “desafiador”. Observe

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como o problema deixa de ter peso na vida da pessoa. Não é preciso ignorá-lo,
mas sim alterar o estado mental e emocional diante da situação para não apenas
conseguir encontrar a solução, mas também agir com base nelas. Costumamos
falar, na Febracis, que é preciso adequar as lentes através das quais você enxerga
o mundo! Ele pode ser cinza ou multicolorido, depende da lente que você utiliza.

A mudança de padrão é tão poderosa que, ao voltar a observar a situação, ele


se tornará menor. Sem a opressão do medo, é mais fácil partir para a ação e
encontrará soluções, tornando-se uma pessoa mais determinada e alegre. 

Para que a mudança do estado emocional ocorrer de modo eficaz, também


não é preciso focar apenas na solução e passar horas no esforço de alterar seu
modo de pensar. A transformação acontece de maneira rápida, quando você
muda o foco para algo aleatoriamente positivo – isso quebra o estado mental do
problema. Anthony recomenda dois minutos como tempo suficiente para criar
a mudança, quando quebramos o estado de negatividade com algo aleatório e
positivo. Por exemplo: percebo que minhas emoções estão negativas quando as
pessoas começam a falar das mortes por COVID-19 e das taxas de desemprego
e fome. Isso pode gerar medo e matar os meus objetivos, por isso ao invés de
buscar a solução de coisas que não estão no meu controle, quebro o estado
por dois minutos criando a imagem mental de que depois de toda crise o país
volta a crescer absurdamente (retomada) e crio a imagem mental deste cenário
conduzindo as pessoas a enxergarem comigo este futuro. São ferramentas que
o autor nos ensina para conduzir nossas emoções para o alvo positivo.

Qualquer mudança a que você se proponha precisa estar


ancorada em alvos/objetivos que te auxiliem nesse processo
Onde você foca, expande.
de tomada de decisão. Retornando ao exemplo da bicicleta,
Sabendo disso, o que
a motivação engaja a ação. Mas precisa ficar claro que o ob-
deseja dar foco:
jeto desta ação não é a bicicleta, é você. É neste campo que
problema ou solução?
as mudanças se tornam verdadeiras e consistentes, desde
que motivadas pelos seus valores mais impulsionadores.

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Neste sentido, toda a tomada de decisão se resume a uma definição do que acre-
ditamos e do que buscamos como motor propulsor do nosso desenvoldimento.

3.2 Tomada de decisão e sistemas cerebrais


Ao mudar nosso padrão mental para positivo, estamos diretamente influen-
ciando nossa tomada de decisão. É sabido que, sob a ótica da neurociência,
o comportamento humano é guiado por características
95% das decisões biológicas. Diante disso, alguns autores estimam que
diárias são tomadas de 95% das decisões diárias de uma pessoa são tomadas de
maneira inconsciente e maneira inconsciente e, é bem provável, que obedecem
obedecem a estímulos a estímulos instintivos e emocionais, ou seja, surgem em
instintivos e emocionais. áreas primitivas e não conscientes do cérebro.

De acordo com Daniel Kahneman o cérebro humano conta com duas formas de
pensamento: o Sistema 1, mais rápido e automático; e Sistema 2, que se concen-
tra e toma decisões mais trabalhosas. Assim, quando uma decisão é tomada pelo
Sistema 1, ela se dá sem esforço e rapidamente, pois se baseia nas impressões
que a pessoa carrega, ou seja, seus conhecimentos e experiências acumulados. 

Enquanto no Sistema 2 esta operação ocorre de maneira mais lenta, pois é


acionado quando as situações demandam por maior atenção e consome mais
energia do cérebro. De maneira prática, o Sistema um é acionado quando uma
pessoa quer entender o que é um barulho que ouviu de maneira repentina.
Rapidamente, o cérebro traz a explicação. 

No caso do Sistema 2, ele entra em ação quando, por exemplo a pessoa


precisa prestar atenção no que uma pessoa está dizendo em uma sala cheia
de gente ou com barulho ou, ainda, quando é preciso fazer a declaração do
imposto de renda. Em ambos os casos, a pessoa entra em um estado de
atenção para a tomada de decisão. 

Porém, para que o processo decisório ocorra, a pessoa precisa escolher entre
possibilidades ou caminhos diante de muitas possibilidades. Como vivemos

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em um mundo complexo e com muitas possibilidades de escolhas, chegar a


uma decisão é algo complexo e depende de empenho e análise. Mas como
o córtex pré-frontal do cérebro o torna uma ferramenta poderosa, a pessoa
consegue planejar, analisar, organizar e, enfim, chegar à tomada de decisão. 

Por que é preciso entender os sistemas cerebrais? Alguns parágrafos antes,


foi dito que pessoas com mentalidade positiva conquistam mais sucesso e
transforma sua vida. Logo, neste processo de decisão orientado pelo cérebro,
se ela carrega uma bagagem formada por personalidade positiva, competên-
cias desenvolvidas, visão de mundo, todo o processo de tomada de decisão
rápida 1 passa a ser mais exitosa.

Vale lembrar que autoconhecimento é necessário para a pessoa mudar sua forma
de agir e conquistar autonomia e segurança na tomada de decisão. Ao aprender
algo, é normal repetir muitas vezes até aquilo fazer parte da nossa lógica.  

Em uma série de artigos intitulada “A Teoria da Mente”, revisado por Tania Mara
Sperb e Graciela Inchausti de Jou, é proposta uma relação entre casualidade e
tomada de decisão. Elas defendem que as decisões que tomamos que, por vezes,
parecem aleatórias, são baseadas em memórias anteriores. Se ainda não possuí-
mos uma memória idêntica à da situação que estamos vivenciando, iremos utilizar
memórias similares para optar pela resposta mais próxima da ideal para tal situação.

O estudo do cérebro comprova que a integração entre emoções e tomada de


decisão se conectam por meio de sentimentos gerados no cérebro primitivo
ou sistema límbico, onde fica o pensamento consciente. Isso explica por que
as pessoas assumem posturas e movimentos diferentes em situações de es-
tresse ou diante de problemas.

Diante de cenários complexos, se você não tiver assumido uma mentalidade


positiva, certamente, irá trilhar pelo caminho mais difícil ou sequer dará um
passo. Se mudar sua maneira de pensar, seu cérebro receberá a mensagem e
tomará a melhor decisão para sua vida. Neste momento, o que você deve fazer

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é celebrar, pois quando manda essa mensagem para o cérebro ele entenderá
que algo bom aconteceu, mesmo quando as coisas estavam difíceis.

Tudo vai depender da lente que você vai usar para olhar as circunstâncias.
Como crise? Ou como oportunidade?

3.3 O poder da interrogação


Ao longo da vida, muitas verdades se apresentam e se instalam como forma
de conhecimento e noção de vida. Por quantas experiências positivas e nega-
tivas você já passou? O processo de desenvolvimento humano depende, em
grande parte, das habilidades que você aprende ao longo das fases da sua
vida, tal qual ilustra o famoso ditado “vivendo e aprendendo”.

Apesar do processo de aprendizagem estar no campo cognitivo, ou seja, den-


tro da racionalidade humana, encontrar respostas claras é uma tarefa muito
complexa. Quando você se questiona sobre algo, seu repertório de informa-
ções e de conhecimento já te apresenta uma série de possibilidades, cenários
e resultados. Isso é um risco, pois, com o bombardeio diário de conteúdo, o
grande volume de “dados” do seu cérebro pode te apresentar alternativas que
não condizem com o que você realmente precisa.

Até mesmo na tecnologia esse problema se instala. Veja o exemplo do aplicati-


vo Waze que, por mais de uma vez, conduziu usuários por rotas perigosas que
terminaram em violência. Não que o software tenha apenas aquela rota para
seguir, porém, ele a ofereceu como a mais adequada. Um equívoco que pode
e deve ser corrigido.

O mundo é muito plural e mutante para que você crie verdades absolutas. No
“Poder da Ação”, Paulo Vieira chama essas verdades absolutas de “muralhas”,
pois se tornam obstáculos na sua jornada para o sucesso. Isso significa que,
em meio a tantas opções de respostas o que importa é o outro lado: a pergunta.

Existe uma estratégia muito eficiente (e muito simples) para te ajudar a filtrar
tudo isso. Se as respostas são as variáveis, saiba fazer perguntas. São as

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perguntas corretas que possuem o poder de te apresentar as respostas mais


coerentes com os objetivos que você quer conquistar. O Paulo reafirma isso
quando diz que as perguntas são ilimitadas e atemporais, enquanto as respos-
tas são limitadas e passageiras.

Como questionar?
Fazer perguntas não é algo tão simples e demanda o entendimento de que as
pessoas se encaixam em níveis, de acordo com o seu poder de questionamen-
to. Na Febracis acreditamos que existem quatro tipos de questionadores:

1. os que não questionam,


2. os que questionam mal,
3. os bons questionadores,
4. os super questionadores.

No primeiro, se você não ocupa um espaço, alguém vai ocupá-lo por você.
Deixar de questionar sobre as suas verdades te conduz por um caminho de
aceitação da verdade de outros. Num cenário de crise, se você não é questio-
nador, aceita verdades do tipo: “a saída para sua empresa é demitir os colabo-
radores e fechar as portas como todo mundo está fazendo”. Veja, essa pode
ser uma opção a se considerar, porém, é a mais adequada para o momento?
E a melhor para você e o seu negócio?

Neste sentido, defendemos que você precisa decidir baseado em três pon-
tos: aceitar a ideia integralmente, recusá-la integralmente ou aceitar uma parte
dessa ideia e recusar outra. Antes disso, questione-se novamente: É o melhor
para mim? Isso condiz com meus valores e crenças? Serei feliz fazendo isso?
É o melhor momento?

No segundo nível, dos que questionam mal, há uma escassez de perguntas.


São as pessoas que fazem as perguntas erradas e de maneira que elas vão
causar mais prejuízo do que solução. Perguntas como “por que isso aconteceu
comigo?” ou “será que eu merecia isso?”, são exemplos claros de questiona-
mentos que não contribuem para a tomada de decisão. Trazem o foco para o
problema e para a vitimização.

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Já o nível três, reúne os bons questionadores. As boas perguntas apresentam


respostas mais eficientes para essas pessoas, que conseguem se destacar num
momento de crise. São perguntas que induzem à ação: “Qual o próximo passo”,
“Qual o caminho a seguir”, “De que recursos preciso para chegar ao meu objeti-
vo”. Elas ajudam na construção de estratégias para as dificuldades apresentadas.

Por fim, estão os super questionadores. São aqueles indivíduos que superam
as perguntas sobre onde e como chegar, e questionam o porquê deste cami-
nho. “Qual o propósito em continuar atuando neste segmento” ou “Quais as
razões que me mantém nesse emprego”, são exemplos do quanto este tipo de
pergunta pode trazer à tona os valores pessoais de cada um. Essas pessoas
que deixam um legado na Terra.

Agora, se faça alguns questionamentos e avalie onde exatamente está você


nessa pirâmide. Se provoque ainda mais e responda: qual é o nível de sucesso
em que você está, de acordo com seu poder de questionamento?

Outro ponto importante para fechar este capítulo é a construção do que aqui
na Febracis chamamos de PPS’s - Perguntas Poderosas de Sabedoria. Essas
são as perguntas tipicamente realizadas pelos super questionadores e que
aprofundam questões como limites, origens e medos. Este é um recurso que
não pretende apresentar respostas rápidas ou fáceis, mas sim respostas que
expliquem mais do que você quer saber. Elas contribuem para a sua evolução.
Mas, observe que as perguntas comuns devem ser diferentes das PPS’s e
precisam seguir cinco critérios de orientação: para o futuro, para ação e a re-
flexão, para a solução, para metas e objetivos e para a autorresponsabilidade.

Além disso, você pode verificar a qualidade dessas perguntas analisando se


elas te fazem pensar e repensar, se produzem de fato boas respostas, se te
propõe um ação real, se te inspiram novas possibilidades, se criam espaço
para que haja flexibilidade e se as soluções apresentadas são poderosas.

Observe que este é o caminho para atingir uma plenitude muito diferente de
não se questiona.

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FERRAMENTA

Auto-coaching
Avalie as orientações acima e se proponha a construir as suas perguntas po-
derosas de sabedoria.

Pergunta 1: com o olhar para o estado atual (cenário hoje):


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Pergunta 2: com o olhar para o estado desejado (meta e o futuro):


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Pergunta 3: com o olhar da reflexão (propósito):


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Pergunta 4: com o olhar da ação (o que, e como):


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Pergunta 5: com o olhar da autorresponsabilidade


(está no seu controle):
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Pergunta 6: com o olhar da vulnerabilidade (o que não tenho):


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Pergunta 7: com o olhar para o aprendizado (o que preciso):


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Capítulo 4

Revolução pessoal
Refletindo sobre este tema, busquei entender como foram as
minhas maiores transformações, e concluí que aconteceram As maiores
nos momentos mais desafiadores. Acredito eu que fui “for- transformações
jada” com fogo a 700 graus, uma prensa e marteladas. Isso ocorrem nos momentos
mesmo, o ambiente de caos e desafios me transformou em mais desafiadores.
uma profissional e pessoa muito melhor.

Poderia relatar aqui vários períodos de caos e crise que aconteceram comigo,
mas prefiro me atentar ao mais recente.

Com a pandemia e o isolamento social, a holding Febracis (empresa de desenvol-


vimento humano e faculdade), e a minha unidade, esteve impossibilitada de en-
tregar os cursos presencialmente. E pensando em honrar os alunos, rapidamente
adequamos a entrega para o on-line. Isso abriu portas de negócios que nunca
imaginamos, lançamos vários produtos novos de entrega on-line e reinventamos
o nosso modelo de negócios. Estamos crescendo em faturamento apesar da
crise, e o melhor: estamos transformando os nossos desafios em oportunidades.

Também vivi neste período um desafio pessoal. Eu e toda a minha família posi-
tivamos em COVID-19 e vivemos além dos sintomas, a dúvida do tratamento,
o pré-conceito das pessoas e até o medo, já que a minha mãe de 71 anos,
cardiopata e politraumatizada após uma fratura de cervical e fêmur, teve com-
plicações no quadro com pneumonia, herpes zoster e trombose por causa do
vírus. Ela foi a primeira a se contaminar, ainda no hospital, por causa do período
de internação para as cirurgias de cervical e fêmur após uma queda de própria
altura no banheiro da nossa casa. Depois, em função da proximidade para
cuidarmos dela, veio o meu contágio, do meu irmão, marido, filho e cunhada.
Neste período, minha fé me sustentou e o meu conhecimento aplicado de in-
teligência emocional e todas as suas ferramentas me fizeram ter iniciativa para
planejar e buscar o melhor tratamento.

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Poderia contar em detalhes para você como foi toda esta fase crítica e a sua
superação, porém o meu maior objetivo aqui é mostrar que FUNCIONA. Cada
maneira de vencer o medo foi estudada com muita profundidade para passar
para vocês muitas referências científicas, e esse conhecimento de inteligência
emocional aplicado é algo que já vivemos no Método CIS há muitos anos.

Nesse período também tive a oportunidade de reavaliar a minha rotina e os


meus hábitos, reintroduzindo momentos de meditação, oração e momentos
especiais dedicados única e exclusivamente à família. Hábitos que tinham se
perdido em função da rotina de trabalho e estudo.

Por isso quero me aprofundar nesta temática e no estudo sobre hábitos.


Vamos comigo?

4.1 Hábitos ruins


Diante de uma crise, realizar uma revolução pessoal, profunda e verdadeira, é
uma tarefa que te faz olhar para dentro. O nome disso é transformação.

Ao propor uma mudança necessária para a sua vida, você está agindo no
campo interno dessas mudanças, naquilo que é mais consciente. Então eu lhe
pergunto: quantos hábitos ruins (improdutivos) você executa durante um único
dia? Você consegue ter consciência destas práticas?

Quando falo de hábitos ruins, me refiro a tarefas diárias que mais lhe afastam
dos seus objetivos e metas. São distrações, ou tarefas improdutivas.

A transformação convoca uma ruptura com os hábitos ruins


transformação convoca que já fazem parte da sua vida e do seu dia a dia, desde o
uma ruptura com os seu nascimento. Quantos deles você tem cultivado e carre-
hábitos ruins que já gado em sua carreira sem perceber? Vejamos: quantos livros
fazem parte da sua vida. você leu nos últimos meses? Revisite a sua lista de objetivos
criada no Ano Novo e analise quantos foram concretizados.

Além disso, coisas do seu dia a dia passam despercebidas em meio a sua roti-
na, como um exame médico que você vive adiando ou uma atividade física que

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você nunca consegue começar. E tudo isso tem construído um emaranhado de


hábitos prejudiciais ao seu progresso, que certamente lhe afastam do seu alvo.

Os hábitos que você estabeleceu ao longo da sua vida estão


presentes de maneira muito forte nas suas ações. Eles são Hábitos são alimentados
alimentados desde a hora que você acorda até a hora em que desde a hora que você
vai dormir - e isso se torna um ciclo, que pode ser virtuoso, acorda até a hora
ou seja, que lhe traz benefícios, ou vicioso, que resultam em em que vai dormir.
afastamentos dos seus objetivos e metdas. Você escolhe!

Gandhi disse que “suas crenças se tornam seus pensamentos, seus pensamen-
tos se tornam suas palavras, suas palavras se tornam suas ações, suas ações
se tornam seus hábitos, seus hábitos se tornam seus valores e seus valores se
tornam seu destino”. É uma clara explicação do quanto os hábitos ruins são
cegamente utilizados pelas pessoas e o alto potencial de dano que eles têm.

Contudo, os hábitos estão tão conectados à sua vida


que acabam influenciando na tomada de decisões es- crenças se tornam
tratégicas sem que você perceba. Isso se dá porque pensamentos, pensamentos
eles vêm de dentro, foram herdados dos seus pais e/ou se tornam palavras,
aprendidos com suas experiências de vida, se construin- palavras se tornam ações,
do por anos como uma grande muralha. Como falamos ações se tornam hábito
no capítulo anterior, são processos neurais que já habi-
tam o Sistema 1 do cérebro, e não necessitam de um grande aporte de energia
ativado. Portanto, carecem de uma verdadeira transformação para serem supe-
rados, e que vai exigir empenho, tempo, treino e persistência.

À medida que as experiências de vida se repetem, o cérebro passa a reprodu-


zi-las como hábitos neurais ativados em momentos de provação, frustração e
dor. É o que Daniel Goleman chama de “aprendizado emocional”.

Mas entenda algo muito importante: se os hábitos foram aprendidos, também


podem ser desaprendidos. Este livro já te mostrou o quanto é possível criar
mecanismos para que o ele realize sinapses focando aquilo que realmente
importa. E acredite, há muito a ser desaprendido!

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Zona de conforto
Os hábitos são rotinas que se repetem e, pela própria etimologia da palavra,
habitam em algum lugar. E sabe onde os hábitos ruins habitam? Na sua zona
de conforto! É exatamente por isso que são tão difíceis de serem identificados.
Quem é que não gosta de dormir até tarde, não é mesmo? Mas, quando esse
hábito ocorre repetidamente, ele se torna prejudicial. O ser humano deveria des-
pertar com o nascer do sol e adormecer com o surgimento da noite – o chamado
de relógio biológico. Mesmo ciente de que a sua disposição é melhor com esta
rotina, a zona de conforto fala mais alto e você continua dormindo até tarde.

Mas é possível identificar qual(is) hábito(s) improdutivo(s) já está(ão) em sua


zona de conforto? Qualquer mudança a que você se propõe necessita, em
primeiro lugar, de consciência – e esse assunto já foi abordado aqui também.
O processo de conscientização passa pelo simples ato de parar e refletir sobre
o hábito prejudicial, ou seja, desligar o piloto automático. Aplique o recurso
das perguntas que aprendeu no capítulo anterior e se questione sobre o real
benefício das ações que fazem parte da sua rotina.

Em seguida, consciente destes pontos, é preciso cuidado para não repeti-


-los. Então, contorne tudo que possa te levar ao comportamento nocivo e, por
último, seja vigilante de si mesmo, esteja atento ao menor sinal de que eles
possam ressurgir.

Assim como é possível eliminar um hábito ruim ou improdutivo, você pode - e


deve - substituí-lo por outros que lhe aproximam dos seus objetivos e da sua
visão positiva de futuro.

Por exemplo: se você é muito conectado às redes sociais, e


a consciência sobre sabe que isso atrapalha a sua produtividade, desligue o ce-
estes hábitos ruins lular durante suas tarefas produtivas e se permita momentos
será o grande divisor de intervalo para acessar seus perfis por um tempo determi-
de águas na sua vida. nado. Selecione também seguir e acompanhar pessoas que
já alcançaram os objetivos que você busca para si mesmo.

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Entenda que a consciência sobre estes hábitos ruins será o grande divisor de
águas na sua vida.

O pior dos hábitos ruins é a alienação. Ela impede que sua visão seja clara e
estratégica na busca por oportunidades em meio a uma crise. Existem pessoas
que nem mesmo questionam seus hábitos e, portanto, vivem alienadas em suas
próprias rotinas. O diálogo proposto por Napoleon Hill em “Mais Esperto que o
Diabo” aborda justamente essa alienação como um fator de controle mental. Ele
diz que a mente é, nada mais, nada menos que a soma de todos os seus hábitos.

E os seus hábitos ruins, são conscientes ou não?

Quais são as suas desculpas?


Encarar esses hábitos exige uma postura de responsabilidade - relembrando
que a autorresponsabilidade diz que você é responsável pelas escolhas que
faz. Mas, diante de uma transformação que mexe diretamente com o seu “eu”,
é comum dar novas desculpas para justificar velhos (e maus) hábitos.

Elas são criadas para que você possa justificar as suas falhas e insucessos, sem
se responsabilizar neste contexto. Essas historinhas são estruturas linguísticas,
verbais e mentais, que podem surgir de maneira disfarçada ou escancarada.
Enquanto houver historinhas e justificativas, ninguém muda ou aprende.

Um exemplo: ao analisar um profissional que se atrasa constantemente, sofre


perdas salariais por causa disso e ainda perde uma promoção. Ao invés de as-
sumir sua responsabilidade e consciência sobre o fato, esse profissional culpa
o despertador, a distância para o trabalho, o trânsito ou o seu próprio chefe. A
verdade é que ele é o grande protagonista do seu próprio fracasso.

Mas é fato que ninguém gosta de assumir fragilidades. Falamos sobre assumir as
vulnerabilidades, mas é sabido que, para muitas pessoas, ainda se trata de algo
desafiador. Mas faça um esforço: reconhecer onde você está sendo negligente
consigo mesmo é libertador! Porque este é o primeiro passo para a mudança.

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4.2 Pensamento, foco e propósito


Quando você realmente decide parar e refletir sobre algo, está automatica-
mente provocando um estímulo ao pensamento. O pensamento é livre e não
se pode controlar se é positivo ou negativo, mas é possível escolher em qual
desses pensamentos você vai se concentrar.

Em “Poder sem Limites”, Anthony Robbins explica que as pessoas organizam


os pensamentos de maneira sequenciada, chamada de sintaxe mental. É como
um código, que possui elementos e sequência, onde a combinação correta te
permite uma ação específica.

O grande dilema é a escolha da combinação errada. Veja, ao analisar um rela-


tório ruim, comumente o profissional fica buscando qual é o problema daquele
reporte. O foco das ações se dá no campo negativo, do problema em si. O
oposto seria pensar na solução para aquele problema, nas alternativas, na
saída mais eficiente.

Para que essa programação (sintaxe mental) seja modificada de modo a prio-
rizar a solução, é preciso mudar o foco que você tem aplicado às situações
da vida. Olhar por outro prisma ajuda diretamente na aquisição de uma nova
consciência e de novas alternativas para as dificuldades que surgem à sua
frente. Aqui, lembra-se do exemplo da janela e das laterais por onde se obser-
va a mesma paisagem em diferentes ângulos. Novamente temos a conclusão
de que o problema não está na situação em si, mas na maneira com que você
interpreta ele.

Focar em algo é, deliberadamente, se concentrar sobre determinada situação. A


inteligência emocional é a grande ponte para conquistar essa habilidade. Focar em
algo pressupõe aceitar realizar uma atividade com plena atenção, certo? Errado!

A grande sacada para conseguir focar em determinada situação é dizer não


para tudo aquilo que te distrai. Steve Jobs reforçou essa ideia dizendo que
“algumas pessoas acham que foco significa dizer sim para o objeto do seu

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foco. Mas não é nada disso. Significa dizer não às centenas de outras boas
ideias que existem. Você precisa selecionar cuidadosamente”.

Para isso é preciso ter maturidade emocional na definição dos seus objetivos,
mirando sempre aquilo que realmente importa. Pessoas imaturas começam
algo, mas logo se distanciam do que é importante realizar. Isso explica, por
exemplo, a realização de uma tarefa que deveria ser realizada em 2 horas e
termina por demorar o dia todo. Aqui, o imaturo encararia como foco a entrega
da tarefa, enquanto aquele que tem inteligência emocional, como a sua contri-
buição para o resultado que todo o time precisa conquistar.

Este ponto se conecta com o seu propósito. Lembra-se das PPS’s, as Pergun-
tas Poderosas de Sabedoria? São elas que direcionam o seu entendimento
para o que, de fato, é o seu propósito. A lógica defendida aqui é focar nas
coisas que contribuam para este propósito.

Com esta programação definida, será possível avaliar com clareza os resul-
tados da sua mudança de atitude. Ao final, olhando para trás, você vai se
surpreender ao notar que esse caminho te apresentou uma nova realidade e
uma nova rotina. Contudo, isso não significa que você precisa assumir essa
nova rotina para sempre.

Se o resultado não é o que deseja, anote-os, como medida de consciência, e


mude seu comportamento.

Segundo Anthony Robbins, é dessa maneira que você desenvolve a habilidade


de flexibilidade. Contar com essa habilidade será fundamental para avaliar as
ações tomadas em busca da superação dos seus medos e para agarrar as
oportunidades que se apresentarem por consequência disso.

4.3 Criando rotinas


Muitas pessoas entendem por rotina como horários determinados para reali-
zação de determinadas ações. Ledo engano. Rotina é sequência e repetição,

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e isso tem relação direta com a mudança de hábitos que estamos discutindo.
Se uma empresa não adota uma rotina com seus colaboradores, e estes não
adotam uma rotina com suas tarefas, o resultado final será no mínimo desas-
troso: fornecedores sem pagamento, clientes sem respaldo, obrigações fiscais
atrasadas e nenhum futuro que motive todos a continuar.

Mais do que criar rotinas para subsidiar suas mudanças, é preciso adotar um
estilo de rotina inteligente, que fundamente as ações da maneira mais correta
possível. O Paulo Vieira chama essa abordagem de “rotina de excelência”.
Para ele, acrescentar a palavra excelência à sua rotina te proporciona uma
visão focada no que é mais importante para você, aumentando sua produtivi-
dade de cinco a dez vezes mais do que a média das outras pessoas.

É uma busca por um fator de diferenciação que vai destacar suas habilidades
e permitir que você tenha mais tempo para cuidar de outras áreas da sua vida,
como a sua saúde ou momentos com sua família. Como recurso para atingir
a rotina de excelência, o Paulo propõe uma ferramenta exclusiva do Método
CIS, chamada de Agenda da Vida Extraordinária.

Diferente de qualquer outra agenda que define tarefas e horários, a agenda ex-
traordinária vai além e abraça um estilo de vida – conceito muito mais abrangen-
te – que permite percorrer outras áreas da sua vida e não apenas essa ou aquela
tarefa. Afinal, ninguém vive apenas de tarefas domésticas ou profissionais.

O ser humano possui desejos, aspirações, inspirações, sonhos e propósito de


vida muito mais amplos. Esse entendimento é chamado de vida abundante e,
segundo Vieira, contempla ações e comportamentos produtivos em todos os
pilares da vida humana.

Diante disso, pense: para quantos pilares da sua vida você está direcionando
o seu foco? O Paulo Vieira, que possui milhares de horas como coach profis-
sional, aponta que as pessoas dispensam cerca 80% do seu foco para uma ou
duas áreas de suas vidas, apenas. Com a resposta anterior, você está dentro
ou fora desse percentual?

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Já se perguntou por que tanta gente usa o final de semana para focar em
áreas como família (almoçar com os pais), espiritualidade (ir à igreja), praticar
exercícios físicos ou até mesmo interagir com seus filhos? Mas, e durante a
semana? Elas não precisam focar nessas áreas também?

O grande debate no entorno disso se dá em como essas “deficiências” podem


afetar estes indivíduos como um todo - considerando que o mais adequado
seria que essas áreas também recebessem atenção durante a semana, geran-
do um equilíbrio.

De volta a agenda extraordinária, a ferramenta proposta por Paulo Vieira no


Método CIS deve ser construída de segunda à sexta-feira, permitindo que
você foque em ao menos nove áreas da vida, de um total de onze. São elas:

» Espiritual
» Parentes
» Conjugal
» Filhos
» Social
» Saúde
» Servir
» Intelectual
» Financeiro
» Profissional
» Emocional

Vale lembrar que (você já deve estar se perguntando isso) a agenda não con-
templa o sábado e o domingo pois, com base nas aplicações do CIS, a rotina
de excelência praticada de segunda à sexta-feira é suficiente para que o sá-
bado e o domingo sejam livres de programação, permitindo que a criatividade
flua sem amarras. Inclusive já tratamos sobre isso, demonstrando que a criati-
vidade é essencial para que novas soluções aflorem.

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Essa ferramenta é uma proposta e não uma prisão. Ela não pode se tornar um
símbolo de sofrimento caso você não consiga cumprir suas programações.

4.4 Mudança de hábitos (O Poder do hábito)


Já vimos no início deste capítulo o quanto hábitos ruins prejudicam a capacidade
de focar no propósito de vida. Muitos deles são tão automáticos que você nem
percebe que os possui. Assim como amarrar os sapatos. Você para pra pensar
se vai amarrar o direito ou o esquerdo primeiro? Ou que tipo de nó vai dar?

Isso ocorre pois o cérebro converte a sequência de ações em rotina automá-


tica, um conceito chamado de “chuncking” (agrupamento), segundo Charles
Duhigg em “O Poder do Hábito”. Ele explica que, entre os hábitos mais simples
e os mais complexos, os gânglios basais os identificam e os ativam no cére-
bro, a fim de liberá-lo para outros pensamentos.

Segundo o livro, um hábito possui três fatores que se complementam para que
a ativação cerebral aconteça: gatilho, rotina e recompensa. Os gatilhos são
as estruturas que acionam o “piloto automático”; a rotina trata de executar o
comando que ativou o cérebro; enquanto a recompensa positiva prova para o
cérebro que vale memorizar tal hábito para o futuro.

Um exemplo: quando você vai comer, o gatilho é a fome, a recompensa é


estar saciado e a rotina é o que você vai comer – pode ser uma salada ou uma
lasanha. É um mecanismo que funciona para não sobrecarregar o cérebro e
poupar esforços, como um atalho numa estrada.

Essa explicação é necessária para que você entenda que, quando um hábi-
to surge, o cérebro para de participar integralmente da tomada de decisões,
criando o que Duhigg chama de “loop do hábito”.

Quando a recompensa é muito positiva, causando a sensação de prazer, o


gatilho e a recompensa criam uma conexão tão forte que são capazes de gerar
ansiedade e desejo – como quando você olha para o relógio e faltam poucos
minutos para o fim do expediente.

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A ansiedade gerada pelo loop é tão grande que afeta a racionalidade do que
você precisa fazer. Se estiver em um relatório importante, por exemplo, o es-
forço para se concentrar será ainda maior e mais desgastante. Segundo o
livro, essa programação mental é tão intensa que os hábitos ruins não podem
ser eliminados, mas sim modificados.

Segundo a proposta de mudança de hábito de Charles, você precisa manter


o gatilho, alterar a rotina e preservar a recompensa. Dessa forma, seu cérebro
continua realizando associações de benefícios para que ocorram as mudanças
significativas e duradouras nos seus hábitos.

Mas saiba: este não é um processo mágico, e precisa haver persistência. Re-
tomando o caso de verificar as redes sociais durante o trabalho, se o gatilho
é a vontade de estar por dentro do que acontece, e a recompensa é estar
informado, altere a rotina para acessar o celular durante a ida ao banheiro ou
no intervalo para um café.

Duhigg diz que a chave para o sucesso é ter clareza na recompensa, ou seja,
se você não perceber esse “prêmio”, a estratégia vai fracassar.

Bons hábitos e a força de vontade


Para instalar hábitos mais positivos na sua vida, é preciso que as estruturas
que compõe o hábito sejam entregues prontas ao cérebro. Para isso, é neces-
sário entender corretamente cada um dos três elementos.

Analisando um cenário de trabalho, como reconhecer a recompensa? Se você


julgar como benefício o fato de que seu trabalho te permite pagar as contas, vai
se equivocar. A recompensa do trabalho precisa atingir um propósito que faça
você se sentir realizado, como o sucesso financeiro. Já o segundo elemento, a
rotina, precisa incorporar o quando, onde e o como. Seguindo o nosso exem-
plo, você vai trabalhar de segunda à sexta, entre 9h e 18h, na empresa X. Por
fim, no gatilho, crie referências para ativar o cérebro sobre aquela atividade:

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programar seu celular ou deixar sua roupa à vista quando acordar. Com a
repetição desses passos, o cérebro vai criar um loop, automatizar o processo
e assim você o consolida como um bom hábito.

Além disso, também é possível aproveitar oportunidades para criar hábitos


que se encaixem em um conjunto. Por exemplo, associar a prática de exercí-
cios físicos ao seu gatilho de acordar para o trabalho. Que também pode ser
associado a se informar ouvindo um podcast enquanto se exercita. Um bom
hábito leva a outro, lembre-se disso.

De nada vai adiantar você colocar tudo isso em prática se não tiver força de
vontade para perseverar nessa rotina. Muitas pessoas desejam a mudança
de hábitos, mas não se questionam sobre seus valores pessoais, comporta-
mentos e objetivos. Depois de um tempo, tudo isso perde o sentido de ser
para essas pessoas e elas acabam desistindo destes esforços, abrindo novas
experiências de fracasso.

O Paulo Vieira alerta que a sociedade tem por desejo primário o “ter” antes
do “ser”, e que isso torna todo o seu propósito em algo efêmero, ou seja,
passageiro. Sem essa concretude como principal agente motivador, nenhuma
mudança de hábito será possível.

Os hábitos possuem um papel tão motivador que podem, inclusive, interferir


numa mudança coletiva. Analisando a pandemia de COVID-19, nota-se uma
profunda mudança nos hábitos de pessoas em todo o mundo. Neste caso, o
gatilho é a própria doença, a recompensa é se manter saudável e a rotina se
apresenta no uso de máscaras, ao evitar aglomerações e também no uso de
álcool em gel. Esse exemplo é motivado por um propósito maior, que vai além
da saúde individual e envolve o cuidado com o próximo.

Agora, faça o exercício de listar quais são os hábitos mais prejudiciais que
você gostaria de mudar em si mesmo e isole o gatilho, a rotina e recompensa
que programam eles. Proponha, também, alterações para essas rotinas de
modo que esses hábitos sejam modificados para favorecer os seus objetivos.

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Ferramenta

Mudança de Comportamento
Com essa ferramenta, e por meio de perguntas certeiras, você estará apto a identifi-
car comportamentos e hábitos nocivos para você mesmo além de identificar o gatilho
emocional que inicia esse comportamento no seu dia a dia. Assim, consegue criar
ações para impedir que ele venha à tona.

1. Escreva 01 comportamento que faz mal a você.


2. Agora, detalhe esses comportamentos:

» Quando ocorre?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

» Como você se sente quando age assim?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

» Por que ocorre?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

» O que as pessoas dizem quando você age assim?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

» Por que você o faz?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

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» O que você diz para si mesmo quando age assim?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

» Quais crenças estão por trás dele?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

» O que você ganha quando faz?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

» O que ocorreu na infância para fazer você ter esses comportamentos?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

» Quais circunstâncias os fazem acontecer?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

» Com quem os faz?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

» O que faria você parar de agir assim?

_____________________________________________________________________

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3. O que você perde com cada um deles?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

4. E como será a sua vida se continuar a mantê-lo (dentro de um, dois e


cinco anos)?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

5. Escreva: “eu me arrependo do comportamento tal”. Depois, fale isso em


voz alta, em frente ao espelho.
6. Em voz alta, peça perdão a você e às pessoas a quem você tem causa-
do dor com esse comportamento.
7. Substitua por escrito os comportamentos ruins pelos novos comporta-
mentos descobertos.

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

8. O que você vai fazer para colocar em prática os novos comportamentos?

_____________________________________________________________________

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_____________________________________________________________________

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Capítulo 5

Construindo redes de sucesso


Falar de redes e relacionamento para mim é muito importante. E
se eu tivesse que lhe dar apenas um conselho para uma trajetó- tenha uma rede de
ria de sucesso, seria: tenha uma rede de conexões de sucesso. conexões de sucesso.
E você deve agora estar se perguntando: afinal, o que é isso?

5.1 O papel do coletivo na vida de uma pessoa


Alguns capítulos atrás, mencionei que o apoio da família é fundamental para o
sucesso. Isso ocorre pois precisamos de apoio para ter a confiança necessária
para correr riscos e enfrentar os nossos medos. A forma com que esse apoio
acontece pode ajudar - ou atrapalhar - a evolução da sua transformação em
busca de oportunidades para superar seus desafios.

Além disso, o nosso processo de aprendizado se dá de diversas formas, e uma


delas é através da análise da experiência de outras pessoas, como, por exemplo,
quando um amigo adquire um eletrodoméstico e, por meio da experiência dele
com o produto, concluímos se o produto é bom ou ruim. Situações como essa
ocorrem a todo o momento, em tudo que fazemos.

Vivemos em sociedade há milênios. Outros animais também se organizam de


modo coletivo e essa reunião de indivíduos evoluiu ao longo dos anos. Se antes
esse grupo era necessário para proteção e sobrevivência, hoje ele pressupõe
também uma necessidade emocional de conexão e senso de pertencimento,
seja para estabelecer conexões pessoais ou profissionais.

Aristóteles ensina isso ao explicar que viver de maneira coletiva é a única chance
de sermos humanos. Ele diz que o ser humano é carente de algo que o leva a um
determinado desejo (desafio) e de alguém que o leve a se associar a grupos (co-
nexão). Isso demonstra que somos incompletos e que necessitamos de outros
seres humanos, também incompletos, para alcançar uma vida autossuficiente.

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A construção de uma comunidade da qual você fará parte, servirá como base
para estabelecer relações saudáveis em outras áreas da sua vida. Observe
que um dos pilares que mencionamos no capítulo anterior é o social, e isso
também precisa ser notado. Você pode ter muito sucesso na vida financeira e
ainda assim ser carente de relações de amizades e de conexões que te ajudem
a satisfazer o desejo nata de pertencer a um grupo.

Quantas pessoas você conheceu que possui muito sucesso numa determina-
da e área e não possuí relações de amizade? Acontece.

Considerando esse peso existente sobre as relações sociais, podemos con-


cluir que a coletividade tem grande poder de influência na sua vida. No livro
de Ray Dalio “Princípios”, o autor defende exatamente este ponto de vista, de
que a “cultura da comunidade terá grande influência sobre como os indivíduos
valorizam as relações e como interagem entre si”.

Influências que moldam o comportamento


As características dos grupos dos quais fazemos parte são muito semelhantes
às nossas características. Os amigos que você fez no colégio são um ótimo
exemplo disso. Note quantas semelhanças em preferência e personalidade
vocês têm. Se você vai ao estádio com amigos, a semelhança é o gosto por
futebol. Já no trabalho, se você está em busca de sucesso na carreira, tende
a se aproximar de pessoas que alcançaram esse patamar. Ao aplicar essa
lógica para a escolha de grupos, automaticamente eles exercerão algum tipo
de influência sobre você.

O grande gatilho da influência é a confiança que temos na-


Relacionamento gera
quele grupo de pessoas. Com isso, a opinião delas será
confiança, confiança
muito mais importante para você do que a de pessoas des-
gera influência e
conhecidas. É por essa razão que, ao comprar um carro,
influência muda a sua você consulta a sua família ou amigos para tomar a decisão
forma de tomar decisões. e não apenas a do vendedor. Isso acontece porque você

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pressupõe que o vendedor, com interesse direto na operação, não será tão sin-
cero quanto alguém do seu círculo de confiança.

Em “O Poder da Influência”, Jonah Berger aborda isso ao citar um experimento


onde, em uma situação repleta de incertezas, os participantes recorreram a
opinião alheia como fonte de informações.

A comunidade onde você cresceu e as normas e regras de cada região afetam


esse contexto de influência. O geladinho, sacolé, bidu, gelinho, dindim, chope,
chopp, ou chup-chup é uma espécie de picolé artesanal preparado em saqui-
nho plásticos, mas, recebe um nome diferente em regiões diferentes do Brasil,
e você carrega essa decodificação por onde você for. Isso explica o porquê
filhos assumem hábitos dos pais ou como você consegue ficar em silêncio
numa biblioteca, onde claramente está sendo influenciado pelas outras pes-
soas que estudam quietas e não pela placa de “não faça barulho”.

Você já está se perguntando o quanto dos seus hábitos têm relação com a
influência das pessoas com quem se relaciona? A ideia é justamente analisar-
mos isso neste capítulo.

Observe que essa tendência é uma espécie de imitação. A imitação é uma


característica muito básica e está presente até nos animais. Nós, seres huma-
nos, também o fazemos, principalmente na infância. Já na fase adulta, isso
acontece de maneira mais involuntária, quando há um
padrão de conformidade dentro dos seus grupos de Existem os neurônios
convívio. Depois que a ciência aprofundou os estudos espelho, estruturas neurais
nessa temática, e entendeu o processo de aprendi- próprias para o aprendizado
zado pela imitação, criou-se uma metodologia que através da imitação.
chamamos de modelagem.

Analise como exemplo o padrão de pessoas que trabalham numa startup, com
ambientes informais, roupas confortáveis e linguagem mais simples. É comum
que, ao entrar neste convívio, um indivíduo passe a se comportar da mesma
maneira ou até mesmo altere a sua visão sobre o modelo tradicional de trabalho

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por causa dessa nova influência. Você se faz valer das experiências deste gru-
po para tomar a decisão de que essas novas práticas são o melhor para você.

Recorrer aos outros para tomar decisões tem justificativa na economia de


energia – lembre-se que o cérebro faz isso o tempo todo. E, também, nos
ajuda a cortar caminho para a tomada de decisões. A grande questão aqui é: o
quanto deste atalho está sendo utilizado com opiniões relevantes para os seus
objetivos de superação de medos?

5.2 Contágio Social, o que é?


O termo Contágio Social foi construído por meio de inúmeras pesquisas cien-
tíficas realizadas ao redor do mundo. Por meio de longos experimentos, estes
estudos confirmaram que seus amigos e os amigos dos seus amigos exercem
forte influência sobre você. Saber como isso funciona pode mudar a sua vida.

Nos anos de 1960, Stanley Milgram conduziu um estudo que mostrou que
as pessoas estão conectadas por, em média, seis graus de separação. Eles
pediram que alguns moradores de Nebraska enviassem uma carta para um
empresário de Boston. Todas tinham de usar como ponte uma pessoa que
conheciam pessoalmente.

O objetivo era medir o número de etapas necessárias para que a carta chegas-
se ao executivo. Em média, o experimento resultou em seis etapas. Tempos
depois, em 2002, o sociólogo Duncan Watts e dois colegas usaram e-mail em
escala global, obtendo os mesmos resultados – seis graus de separação.

Outro estudo que comprovou o quanto estamos conectados foi liderado por
Stanley Milgram, em 1968. Ele investigou a importância do reforço de múltiplas
pessoas sobre o comportamento. Para isso, observou 1.242 pedestres que ca-
minhavam por uma calçada e sua reação quando encontravam atores olhando
fixamente para cima, na direção de uma janela do outro lado da rua. Os pedes-
tres foram filmados para registrar se paravam e se olhavam para cima também.

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Quando havia apenas 1 ator parado, 4% dos pedestres pararam e 42% olharam
para cima; quando havia 15 atores, 40% pararam e 86% olharam para cima.

Por mais de 30 anos, os professores de Harvard e da Universidade da Cali-


fórnia em San Diego, Nicholas A. Christakis e James H. Fowler se dedicaram
a estudar a influência do círculo social na vida de uma pessoa, comprovando
cientificamente o que é e como funciona o contágio social. Parte das conclu-
sões do estudo foram publicados no livro “O Poder das Conexões”.

De acordo com os pesquisadores, é preciso entender os relacionamentos pes-


soais como uma rede social. Ela é composta por todas as conexões e ligações
num conjunto de indivíduos, definido por um atributo comum. Um exemplo de
rede social, e aqui não estamos falando das redes virtuais, tão em evidência no
mundo moderno é, por exemplo, um grupo de advogados que atuam em um
mesmo escritório ou alunos de uma sala de uma faculdade.

Christakis e Fowler descobriram que a influência numa rede social segue a regra
dos 3 graus, ou seja, tudo o que fazemos ou dizemos avança por nossa rede de
relacionamento impactando inicialmente nossos amigos (1º grau), depois os ami-
gos de nossos amigos (2º grau) até achegar aos amigos, dos amigos de nossos
amigos (3º grau). Acima destes níveis, a influem deixa de ser tão significativa.

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E somos, cada um de nós, influenciados pela nossa rede social nestes três
graus. Logo, se nossos relacionamentos são com pessoas felizes, seremos
contagiados por este sentimento.

O poder do contágio social, segundo a pesquisa de Christakis e Fowler, é am-


plo e pode se dar nas esferas física e emocional. Pode ser confirmado desde
o alastramento de um vírus da gripe entre indivíduos; até comportamentos,
como emoções de felicidade e tristeza; ou ainda no estilo de vida que pode
gerar magreza ou obesidade entre as pessoas de determinadas redes.

Basicamente, o contágio social diz respeito a um proces-


so em que os sentimentos, comportamentos, hábitos e
O contágio social é tão
costumes de uma pessoa se transferem para outra, po-
forte que pode influenciar
dendo influenciar, inclusive, aquelas com quem nunca se
pessoas com quem eu nem
teve convívio, mas que estão ligadas a alguém próximo.
mesmo tenho contato. E, como vivemos conectados às pessoas ao nosso redor,
tanto influenciamos como somos influenciados.

Ao refletir mais sobre isso, já pensou na responsabilidade que tem? Seus


comportamentos e atitudes impactam, mesmo não intencionalmente, outras
pessoas com quem convive (distantes até 3 graus, ou seja, os amigos, dos
amigos dos seus amigos). Além disso, neste momento, você está sendo in-
fluenciado pela sua rede social.

O impacto do contágio social nas suas finanças


Como foi dito acima, o contágio social equivale a um processo em que os sen-
timentos, comportamentos, hábitos e costumes de uma pessoa se transferem
para outra, podendo influenciar, inclusive, aquelas com quem nunca se teve
convívio, mas que estão ligadas a alguém próximo. E isso pode acontecer até
na sua vida financeira.

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Você emite influências, negativas ou positivas, em relação ao dinheiro também. Isso


porque tem crenças (programações neurais) financeiras. Elas determinam como
você se sente, o que pensa, e como se comporta quando o assunto é sua vida
financeira e isso alcança também as pessoas que fazem parte da sua rede social.

Por isso, é importante que você saiba escolher as pessoas com quem se re-
laciona de acordo com as metas que busca para sua vida. Se você pretende
ter uma vida financeiramente mais próspera, tem de gerenciar melhor suas
redes de relacionamento. A estratégia efetiva para mudar sua vida é composta
por crenças (aquilo que cada um acredita), programações mentais (padrões
de vida) e, finalmente, chega-se ao contágio emocional. Ao atingir estes três
elementos, certamente, você alcançará o sucesso que busca.

Provavelmente, algumas pessoas acham este tipo de atitude fria e que repre-
senta uma mudança radical, contando até com rupturas com pessoas de con-
dição social diferente daquela que a pessoa escolhe. Não é isso. Há sempre o
que trocar entre as pessoas de uma mesma rede social. Uns podem te trazer
sucesso financeiro, outros, espiritual, por exemplo.

Relacionar-se apenas com pessoas iguais a nós é hipocrisia. A diferença entre


os seres humanos é saudável e importante. Você pode, porém, trilhar por um
caminho com pessoas que tenham o mesmo propósito de crescimento de vida
que os seus. Uma dica é analisar se as pessoas da sua rede social comparti-
lham os mesmos sonhos, ideais e objetivos que você. Na verdade, nem preci-
sam ser os mesmos. Bastam que os princípios e valores sejam semelhantes.

As características em comum os manterão focados na missão. Lembre-se que


pessoas que te motivam também irão te fortalecer e agregar em sua vida. Evite
quem te puxe para trás, não evolui e não têm sonhos. Deixe para ajudá-las no
futuro, quando você conquistar todos os seus ideais. O processo é gradual e,
com o tempo, você irá desenvolver novos sentimentos, pensamentos, hábitos
e mudará suas crenças limitantes.

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5.4 Criando conexões no mundo contemporâneo


Tenha em mente que sua vida está exposta ao sincronismo e ao equilíbrio. Dian-
te disso, suas redes sociais estão sincronizadas a você. Mesmo convivendo com
pessoas de diferentes personalidades, as vibrações emocionais são similares. Por-
tanto, quando olhar para a sua meta de vida, selecione pessoas e redes sociais pa-
recidas com as suas. Assim, você alcançará seus objetivos 10 vezes mais rápido.

Você deve estar se perguntando como fazer isso. A primeira ação é mudar a sua
comunicação. Por exemplo, se alguém vier com atitudes ruins, responda com
silêncio e amor, principalmente se for uma pessoa da família. No caso de um
amigo que reclama muito, afaste-se também. Mas, se for pai, mãe ou cônjuge,
trate a pessoa com amor, temporalidade e espacialidade. Como o meu mentor
Paulo Vieira menciona, temporalidade é a quantidade de tempo suficiente para
comunicar amor e não receber contágio negativo, enquanto espacialidade é o
distanciamento físico em um determinado período que te permite ficar sem ver
e conviver com esta pessoa sem que haja prejuízo para ambos.

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No livro “O Poder da Influência: As Forças Invisíveis que Moldam Nosso Com-


portamento”, o autor Jonah Berger, defende que a influência social é uma ca-
racterística inerente à sociedade e se constitui em uma das principais forças
determinantes das decisões do grupo – e, consequentemente, dos resultados
alcançados -, podendo afetar todos que a ele pertencem.

No mundo contemporâneo, a tecnologia ampliou o conceito de rede social na


vida de cada um, conectando cada um de nós virtualmente e formando uma
única grande comunidade global. Isso resultou em maior alcance do contágio
social, afinal, diariamente estamos mais sujeitos a conexões, informações e
impactos vindos das mais variadas plataformas.

Se, por um lado, as possibilidades de fazeres se tornou maior, a tomada de decisão


é mais difícil por conta da quantidade de ofertas. Prova disso é a simples compra de
um produto. Muito provavelmente você não definirá a compra sem antes consultar
amigos e fazer uma busca na internet para saber a opinião de outras pessoas.

De acordo com Jonah, somos todos animais sociais. Quer percebamos ou


não, os outros exercem impacto sutil e surpreendente em tudo que fazemos.
Quer prova maior dessa influência do que o sucesso do site Reclame Aqui, dos
vídeos de “review” e “unboxing” (que fazem análise de um produto novo) e até
mesmo do mecanismo de pesquisa do Google? Estes são alguns dos milha-
res de canais e contéudos que são procurados para saber opiniões de outras
pessoas - muitas delas até mesmo desconhecidas - sobre um determinado
produto ou serviço que estamos pensando em adquirir. Esta influência acaba
resultando o já conhecido efeito manada. Ao seguir a indicação de alguém,
você faz uma escolha. Portanto, é vital entender o poder da influência dos
outros sobre suas escolhas, só assim saberá se sua decisão foi certa ou não.

5.4 Como fazer conexões de sucesso


As conexões corretas são fundamentais para o seu autodesenvolvimento rumo
ao triunfo pessoal e profissional. Atletas de alta performance, por exemplo,
costumam treinar com outros atletas de mesmo nível e não com iniciantes da

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modalidade. Entender o papel da influência social na sua vida vai te ajudar a


olhar para esse tema de maneira mais consciente e com muito mais cuidado
nas relações que você constrói na sua vida. Essa tarefa também ajuda no
desenvolvimento de habilidades socioemocionais, essenciais para adquirir in-
teligência emocional.

A sua felicidade pode Quando alguém está feliz, aumenta-se em 15% as


aumentar em até 15% a chances de felicidade das pessoas com as quais con-
felicidade dos seus amigos, vive. Isso é o que os pesquisadores Nicholas Chris-
10% dos amigos deles e 6% takis e James Fowler apontam no livro “O Poder das
Conexões”. Os autores ainda pontuam que este esta-
das suas conexões de 3º grau.
do pode continuar influenciando em 10% as chances
de felicidade dos amigos dos seus amigos (conexões de 2º grau) e em 6% as
chances dos amigos dos amigos dos seus amigos (conexões de 3º grau).

Esse “lastro” fica muito claro quando, durante o dia, você se depara com al-
guém muito simpático e cortês. Esse sentimento se propaga nas suas relações
ao longo do dia. Por outro lado, o mesmo ocorre com os sentimentos negati-
vos, como de raiva ou fracasso. Ao se deparar com alguém irritado logo pela
manhã, você pode se contagiar negativamente e reproduzir este padrão.

A importâncias de boas redes sociais


As redes sociais que criamos podem interferir em diversas áreas da sua vida
como saúde, finanças e profissional. As pessoas com as quais você se rela-
ciona, têm contribuído de que forma para seus objetivos? Considere, nesta
avaliação, também as conexões virtuais que você mantém. Isso pois o termo
“mídias sociais” tem origem justamente na construção de redes sociais em um
ambiente digital. Ainda assim, estes contatos dizem muito sobre você e sobre
quem você é ou onde quer chegar.

O LinkedIn, por exemplo, trabalha de maneira em que as conexões sejam pau-


tadas por um lastro de importância semelhante ao que vimos na proposta
de “O Poder das Conexões”. Esse desenho se dá pois criar relacionamentos

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profissionais, chamados de networking empresarial, fomenta o seu repertório


de possibilidades. Quem nunca ouviu falar de alguém que conquistou uma
recolocação profissional por indicação de um colega? São estes tipos de boas
conexões que você precisa ter nas suas redes.

Segundo Christakis & Fowler, existem dois aspectos fundamentais na cons-


trução das suas redes sociais e que precisam ser levadas em consideração. O
primeiro trata efetivamente da conexão que as pessoas ao seu redor possuem
umas com as outras.

Nessa rede, existe um padrão específico de laços que conectam as pessoas


que compõe o grupo – chamado de topologia. Novamente vemos essa cons-
trução no LinkedIn, com a criação destes “mapas” de conexões. Mas, esses
laços são complicados. Os autores explicam que eles podem ser passageiros
ou duradouros, pessoais ou virtuais, intensos ou casuais, e tudo isso depende
do interesse que você possui nesta conexão.

Note que, quando você seleciona um contato no LinkedIn, existe um interesse


por trás dessa ação - pode ser a troca de experiências de trabalho ou a iden-
tificação de oportunidades profissionais por meio deste contato. No mundo
físico, isso se traduz quando você busca por um profissional que vai lhe pres-
tar um serviço em determinada área. Essa conexão passa a fazer parte da sua
rede e vira referência para você.

O segundo aspecto fundamental é o contágio. Ele diz respeito à troca que


ocorre entre você e sua conexão – se é que existe um (afinal, existem cone-
xões com as quais não interagimos). O fluxo estabelecido neste contágio pode
seguir regras próprias e muitas delas têm a ver com aspectos de diversidade
de escolha. O ditado “diga-me com quem andas e te direis quem és” vem
exatamente deste entendimento.

Isso acontece pois, segundo Christakis & Fowler, as conexões tendem, conscien-
te ou inconscientemente, a se associar com pessoas que se pareçam conosco –
como as conexões que ocorrem entre os amantes de café ou de esportes radicais.

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Analise as pessoas que fazem parte das suas redes de relacionamentos e se
pergunte: são boas redes sociais? Você é a média das cinco pessoas com as
quais mais se relaciona, então fica o alerta, principalmente sobre as pessoas
que mais gosta. Elas exercem uma influência muito forte sobre você.

Ninguém está pedindo que você desista de suas amizades que não contribuem
positivamente, mas sim que tenha consciência do contágio prejudicial ao qual
você está suscetível. Com isso em mãos, é possível criar uma blindagem para
não ser afetado e, ao mesmo tempo, contribuir positivamente no contágio de
emoções, sentimentos, pensamentos e atitudes mais positivas.

Ferramenta

Mapa de Modelagem
Essa ferramenta vai te ajudar a identificar pessoas que podem te influenciar
positivamente para que você alcance seus objetivos com mais velocidade.

1. Selecione uma áreas da sua vida que precisa melhorar o contágio social:
⃣ Espiritual ⃣ Servir
⃣ Parentes ⃣ Intelectual
⃣ Conjugal ⃣ Financeiro
⃣ Filhos ⃣ Profissional
⃣ Social ⃣ Emocional
⃣ Saúde
2. Agora liste pelo menos 5 pessoas que você entende que podem lhe
influenciar positivamente nesta área, em função de já terem alcançado
resultados que você também almeja nesta área.
1. _____________________________________
2. _____________________________________
3. _____________________________________
4. _____________________________________
5. _____________________________________

Busque agora se aproximar/conectar com estas pessoas com frequência. E


sempre usar o seu tempo para falar a respeito desta área especificamente.

Obs: você pode repetir este exercício para cada área

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Capítulo 6

Viver o sucesso: felicidade é o caminho para a


prosperidade
Sempre tive a curiosidade de modelar as pessoas de sucesso, seus compor-
tamentos, pensamentos e sentimentos. Ficou muito claro na minha percepção
e vivência empírica, o que vários estudiosos já evidenciaram: a gratidão é a
precursora da felicidade, e esta é a chave do sucesso. Parece até utópico,
principalmente no mundo dos negócios, mas trabalho
para mim nunca foi pesaroso, porque eu sempre vi como Quer ter sucesso na vida?
uma contribuição para o negócio e para outras pessoas. Comece sendo grato.

6.1 Ser feliz é ser bem-sucedido?


Se a sua resposta para a pergunta acima é “sim”, que bom que chegou até este
ponto da leitura. Afinal, preciso te dizer que você precisa reconsiderar alguns
valores na sua vida. Principalmente o conceito de ser feliz e qual a posição des-
te sentimento no seu ranking de realizações. Mas não se preocupe, a maioria
das pessoas pensam como você. Esta é a constatação feita por Shawn Achor,
no livro “O Jeito Harvard de Ser Feliz”.

Para ele, a maior parte das pessoas acredita que, ao se empenhar, terá suces-
so e, logo, será feliz. Entretanto, após mais de uma década de pesquisas nos
campos da Psicologia Positiva e da Neurociência, foi comprovada a relação
entre sucesso e felicidade acontece de maneira inversa: primeiro vem a felici-
dade e ela será o combustível necessário para o sucesso.

Para chegar a esta conclusão, Shawn mergulhou em pesquisas e analisou o


perfil de mais de 1.600 alunos de Harvard e inúmeras empresas da lista Fortune
500 em todo mundo. Como foi aluno de Harvard, e anos depois professor, ele
percebeu que muitos discentes não davam real valor ao privilégio de estudar
na Universidade. Boa parte deles estava mesmo preocupada em obter boas

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notas, completar os estudos e seguir carreira. Desta maneira, viviam em estado


de estresse alimentado pela competição e o volume de trabalho consumia o
tempo necessário para mudar o rumo de suas histórias pessoais.

Prova disso foi um levantamento feito pelo Harvard Crimson que evidenciou
que quatro em cada cinco alunos da universidade sofriam de depressão ao
menos uma vez no ano letivo e, cerca de metade de todos os alunos era aco-
metida por um estado depressivo tão debilitante que não conseguia desempe-
nhar suas atividades.  Esse é um dado alarmante!

Um outro levantamento feito em 2010 pelo instituto de pes-


Segundo o estudo, 80% quisas Conference Board mostrou que, como uma epidemia,
dos alunos de Harvard a infelicidade não era característica presente apenas nos
já tinham tido algum alunos de Harvard, mas atingia também 45% dos trabalha-
episódio depressivo. dores. Mais uma vez, isso é resultado do foco que as pes-
soas dão no lado negativo de suas vidas. 

Faça um recorte da sua vida e perceberá o que realmente tem te motivado


nos últimos anos. Talvez possa estar pensando em conquistar um aumento de
salário após alcançar uma meta de vendas, conseguir um novo emprego ao se
empenhar nas aulas de inglês ou que conquistaria o homem amado se estives-
se mais magra. Há um ponto comum em todas estas afirmações, primeiro vem
o sucesso, depois a felicidade. 

O que Shawn Achor prova pra gente é que é justamente ao contrário: “a fe-
licidade precede o sucesso, e não resulta dele”. Isso porque a felicidade e o
otimismo resultam em desempenho e a realização, dando a você a vantagem
competitiva que o autor chama de Benefício da Felicidade. Para sua surpresa,
enquanto você espera a felicidade chegar, você limita o potencial do seu cére-
bro para o sucesso, enquanto que, ao cultivar a positividade, aumenta a sua
motivação, eficiência, criatividade e outras características necessárias para
melhorar seu desempenho. 

A dica de ouro aqui é praticar o otimismo, sempre, em todos os campos de sua vida.

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Assim, irá encontrar a motivação necessária para superar todos os obstáculos que
encontrar. Em seus estudos em psicologia positiva, Shawn Achor identificou sete
princípios que levam ao sucesso e à realização pessoal em todos os setores da vida. 

Os princípios foram aplicados inicialmente em Harvard e ajudaram os alunos a


livrarem-se de hábitos errados e que os impediam de alcançar metas mais am-
biciosas. Vejamos quais são e como você pode usá-los a seu favor. Mergulhe
neste conhecimento para chegar à felicidade: 

1º princípio: o Benefício da Felicidade 


Passe a treinar seu cérebro para que ele transforme as emoções positivas em
felicidade. Afinal, felicidade é consequência de um estado de espírito positivo
no presente e que leva a uma perspectiva de futuro melhor. As emoções positi-
vas afetam o cérebro e mudam o comportamento de uma pessoa. 

2º princípio: O ponto de apoio e a alavanca


Sua atitude mental influencia a maneira como você vive. Ajuste sua atitude
mental (ponto de apoio) para desenvolver o poder (alavanca) de alcançar a rea-
lização e o sucesso. Se suas atitudes forem positivas, eles irão ser a alavanca
para o cérebro atuar para transformar seus objetivos em metas alcançadas. 

3º princípio: O efeito tétris 


Identifique padrões de possibilidade, assim você pode aproveitar as oportu-
nidades ao longo de seu caminho e que podem contribuir para alcançar suas
metas. Ao treinar o cérebro, vai se tornar mais fácil encontrar estes padrões,
tais como os bloquinhos do jogo Tétris, e formar suas conquistas. 

4º princípio: Encontre oportunidades na adversidade


Sempre que estiver vivendo momentos de estresse e de crise, concentre-se
nas soluções apontadas pelo seu cérebro. Normalmente, ele mapeia caminhos

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alternativos para vencer as adversidades. Assim, além de encontrar a solução


você se tornará menos negativo e mais feliz. 

5º princípio: O círculo do zorro 


Nos momentos mais tensos, retome o controle do seu cérebro concentrando
primeiro nas metas pequenas e possíveis. Depois, amplie o círculo para novos
objetivos até chegar aos mais desafiadores. Considere as quedas como impul-
so para projetar-se mais além nos seus sonhos. 

6º princípio: A regra dos 20 segundos 


Faça pequenos ajustes de energia para não recair em velhos hábitos que
possam comprometer no avanço da sua jornada. Se a sua força de vontade
diminuir, pode ser que você sucumba ao caminho da menor resistência. Man-
tenha o foco em criar hábitos positivos constantemente. Diminua em apenas
20 segundos da barreira à mudança para mudar seu comportamento. 

7º princípio: Investimento social 


Evite se isolar quando estiver frente a frente com o estresse. Lembre-se do
conceito de contágio social para investir nos momentos com família e ami-
gos para manter sua evolução. Sua rede social é seu principal ativo e vital
para seu crescimento. 

6.2 Pirâmide do sucesso


Para tentar entender as causas que levam apenas algumas pessoas a alcan-
çarem o sucesso levou o pesquisador Adam Grant a estudar profundamente
o assunto, até concluir que os indivíduos bem-sucedidos apresentam três
coisas em comum:

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» Motivação
» Capacidade
» Oportunidade

O resultado de seu trabalho está reunido no livro “Dar e Receber”. 

No livro, Adam denomina três tipos de pessoas que estão no espectro da


reciprocidade no trabalho: os tomadores, os doadores e os compensadores.

Agora pare e reflita por um momento: qual posição da pirâmide você ocupa
atualmente?

Que aprendizados você tira dessa análise?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

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E que decisões você toma, a partir dos aprendizados?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

Pessoas do primeiro tipo gostam mais de receber do que dar, costumam co-
locar seus interesses à frente das necessidades alheias e acreditam que o
mundo é um lugar competitivo no qual precisam ser melhores do que os ou-
tros. Este grupo se empenha em exibir seus feitos. Eles não são maldosos, são
defensivos. 

O segundo tipo é o doador. No ambiente de trabalho, segundo o autor, eles


são relativamente raros, pois tendem a fazer a reciprocidade pender na direção
dos outros, preferindo dar mais a receber. Eles também dedicam atenção ao
que podem oferecer.

Ao comparar estes dois tipos, fica evidente que eles são diferentes em atitu-
des e iniciativas. Enquanto os tomadores ajudam outras pessoas para obter
alguma recompensa ou conquistar algo, os doadores fazem isso sem esperar
nada em troca. Mahatma Gandhi, Santa Dulce e madre Teresa de Calcutá são
exemplos de doadores.

Há ainda um terceiro tipo, os compensadores que atuam em ajudar os outros


como também tentam se proteger para garantir reciprocidade. Pessoas deste
tipo praticam o famoso “toma lá, dá cá”, e tudo que fazem é regido por favo-
res. De acordo com os estudos do autor, na pirâmide do sucesso, os doadores
ocupam a base e estão em desvantagem pois normalmente melhoram a vida
dos outros enquanto comprometem seu sucesso. 

Pela lógica um dos dois tipos seguintes seriam fortes candidatos a ocupar
o topo da pirâmide, mas Adam concluiu que isso não acontece. Ao analisar

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os dados, ele descobriu um padrão surpreendente: os doadores ocupariam


também o topo. Isso porque eles invertem a lógica comum para conquistar o
sucesso, primeiro eles doam e consequentemente atingem a realização. 

O autor explica que doadores, tomadores e compensadores têm chances de


se tornarem bem-sucedidos, mas quando os doadores chegam ao topo o su-
cesso se espalha em efeito cascata, contaminando todos. Enquanto os toma-
dores, ao chegarem ao topo, causam a derrota de alguém. Eles não medem
esforço para chegar ao topo, mesmo prejudicando alguém. 

Muito provavelmente você esteja perguntando a razão de os doadores pode-


rem tanto ocupar o topo como a base da pirâmide. Na verdade, os doadores
bem-sucedidos atuam de maneira diferente em cinco área-chave: networking,
colaboração, influência, negociação e liderança. Em suma, em todas elas o
doador bem-sucedido compartilha suas atitudes e contagia seus relaciona-
mentos nestes três níveis. 

O jeito doador de ser


» Preserve seus laços – procure reativar e manter contato com pessoas
que fizeram parte da sua vida. Em relações de confiança, a troca de
ideias é facilitada, assim como é simples pedir ajuda. Por outro lado,
você consegue dar conselhos mais efetivos para pessoas com redes
diferentes e com outros caminhos que o seu. 
» Doe 5 minutos – treine a doação prestando favores de 5 minutos para
pessoas (conhecidas ou novas), mas não espere nada em troca. Este ato
ajudará a consolidar sua intenção de fazer o bem sem esperar retorno. 
» Empatia acima de tudo – para conquistar a simpatia das outras pes-
soas, utilize a comunicação não-autoritária, fazendo, por exemplo,
questionamentos de forma indireta e que transmite transparência e vul-
nerabilidade para conquistar o interlocutor.
» O bem dos outros acima do seu – seja altruísta e ajude os outros sem
objetivos pré-definidos.

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» Ignore o efeito capacho – ser doador não é ser uma pessoa que co-
mumente é passada para trás. Um doador de verdade sabe até onde ir
e valoriza pessoas ou situações que precisam.

6.3 Metáfora: a flecha que acerta o alvo


Durante o decorrer do livro usamos muitos exemplos para trazer mais clareza
sobre as ideias apresentadas pelo livro. Fazer isso permite que você crie co-
nexão com a narrativa e, além de prender sua atenção, transporta seu enten-
dimento para uma realidade mais próxima, mais real.

Quando você diz que está morrendo de fome, não está literalmente morrendo,
mas sim com uma fome muito grande. No trabalho, ao dizer que está carregando
o departamento nas costas, na verdade está dizendo que está sobrecarregado,
com muitas reponsabilidades e tarefas. Estes são exemplos de metáforas!

As metáforas são tipos de figuras de linguagem, utilizadas em momentos em


que uma ideia não pode ser compreendida de maneira literal. Ela serve para,
através de um exemplo, você conseguir relacionar um sentimento ou um mo-
mento de maneira mais fácil para o outro entender (se lembra quando falamos
que o aprendizado se dá, entre outras formas, através de assimilação?). Como
a nossa comunicação segue uma fluidez de criatividade, este recurso pode ser
mais eficiente na compreensão mais ampla de uma mensagem que não é tão
palpável para o pensamento. São três os tipos de figuras: de sintaxe, de fonética
e a que vamos abordar aqui, a de semântica – onde se encontram as metáforas.

A palavra metáfora tem origem no grego metaphora e quer dizer transpor-


te, ou transferência, para outro. Importante analisar isso pois a metáfora faz
exatamente isso: ela transporta o sentido de uma expressão para explicar o
contexto de uma outra, por meio da comparação dos significados. Quando
você diz que tem um balde de paciência, usa o significado do objeto balde
(que reúne grande quantidade de alguma coisa) para evidenciar que você “tem
grande quantidade” de paciência.

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Mas onde as metáforas se aplicam aqui? A todo momento este livro trata de
superar seus medos por meio de uma mudança de mentalidade, de modo
que você consiga enxergar as possibilidades que estão à sua volta. Falamos
que mudar a maneira com que você olha para as adversidades lhe permite
ter o controle sobre o quanto elas exercem poder sobre você e com as pala-
vras acontece a mesma coisa. As metáforas que repetimos cotidianamente se
transformam em hábitos com alta carga emocional, capazes de alterar não só
nossa convicção diante das coisas, mas o nosso corpo.

O poder das metáforas


As metáforas são símbolos que carregamos em nossas vidas. Anthony Rob-
bins, em “Desperte seu Gigante Interior”, explica os símbolos como associa-
ções muito mais fortes do que as palavras. Ele faz um paralelo com a palavra
cristão e a cruz, onde a cruz assume uma carga de influência muito mais sig-
nificativa do que a palavra em si.

Ao longo da nossa história, os símbolos têm sido utiliza-


dos como forma de provocar reações emocionais e mol-
dar a maneira como nos comportamos diante deles. Outro Símbolos podem
exemplo clássico é a Apple, que não confere apenas o carregar tanto quanto,
valor monetário aos que possuem seus produtos. A marca ou mais, significado
também simboliza modernidade, tecnologia e jovialidade que a palavra em si.
e, pelo simples fato de seus clientes utilizarem seus produ-
tos, a marca já transfere estes valores para eles.

Os símbolos podem ter origem em objetos, imagens, sons e nas palavras. Por-
tanto, Robbins diz que as metáforas também exercem esse poder de influência
e, sendo assim, acabam possuindo muito mais intensidade emocional e com
capacidade de promover transformações instantâneas.

Se você acha que esse entendimento é surreal, preste atenção nas frases:

» Desde que que voltamos do almoço o tempo está se arrastando, olha a hora.
» Desde que voltamos do almoço o tempo está voando, olha a hora.

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Note que elas conduzem você por experiências de significado diferentes, onde
a primeira é negativa e a segunda é positiva.

O uso da metáfora para criar associações de significado não é novo e tem


sido adotado por grandes pensadores ao longo da do nosso contexto social.
Buda, Confúcio e Jesus utilizaram destas figuras de linguagem para transferir
conceitos de amor e superação.

As metáforas podem fortalecer a sua experiência de vida ou ajudar a enrai-


zar convicções que limitam seu pensamento sobre poder, conseguir e con-
quistar seus objetivos. E esta lição precisa ser aprendida e compreendida:
metáforas positivas podem amenizar adversidades e as negativas podem
engajar seu medo paralisante.

Novamente, convocamos a sua capacidade de tomar consciência das suas atitu-


des. Avalie quais metáforas você tem usado e a favorabilidade delas na sua vida.
Potencialize as positivas e substitua as negativas. Ao invés de dizer que “não
encontro luz no fim do túnel para seus problemas”, incorpore “vou abrir novas
portas para resolver meus problemas”. No lugar de “estou patinando sem sair do
lugar”, tente “estou escorrendo rumo ao fim da tarefa”. A ação de positivar suas
metáforas, como já dissemos, vai surtir efeito rápido e muito transformador.

É preciso selecionar as metáforas que farão parte do seu dia a dia para que
os outros não as escolha por você. Lembra-se que falamos sobre como somos
influenciados por outras pessoas no capítulo anterior? Segundo Robbins, as nos-
sas metáforas advém das pessoas ao nosso redor como amigos, pais, professo-
res entre outros. Selecione suas metáforas e comece a aplicar já essa mudança.

6.4 Valores inegociáveis


Agora que você está caminhando para que a suas emoções trabalhem em prol
da sua vida, é importante estabelecer alguns limites. Claro, afinal, faz parte do
autodesenvolvimento a aplicação de limites como pontos fundamentais para
apoiar cada passo dado, servindo de base para sua escalada.

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As mudanças que você deseja realizar na sua vida não podem conflitar com o
que você deseja ou necessita. Se esta relação desrespeitar outras coisas que
você acredita, não haverá uma oportunidade plena de sucesso. É aqui onde
entram os seus valores.

Os valores são, basicamente, um conjunto de crenças pessoais e individuais


sobre o que é certo ou errado. Para que você possa produzir um compor-
tamento em prol de seus objetivos, é importante
estabelecer uma hierarquia para eles. A importância
valores são, basicamente,
destas crenças é tamanha que Anthony Robbins diz um conjunto de crenças
que elas funcionam como nosso sistema operacional pessoais e individuais sobre
– fazendo uma metáfora com computadores. o que é certo ou errado.

Com essa hierarquia organizada, é possível determinar quais comportamen-


tos fazem mais sentido com seus objetivos, criando uma compreensão de
sucesso por estar atendendo-os. Eles governam, segundo o autor, qualquer
experiência de vida.

Os valores têm origem na sua criação, quando seus pais diziam o que podia
e não podia fazer e recompensava você pelas ações denominadas corretas.
Algo como o bom comportamento ser premiado com um doce ou suas boas
notas na escola resultarem em um passeio no fim de semana. Do contrário,
sofreria punições – como o castigo por ter desobedecido uma ordem.

Esse sistema de recompensa e punição também se perpetua pela vida adulta,


misturando nossos valores com os valores das pessoas que compõe a nossa
rede de relacionamentos (contágio social, mais uma vez). Neste nível, temos
uma troca onde você aceita os valores de outros por uma recompensa mais
ligada às suas necessidades emocionais. Por exemplo, quando você aceita os
valores de seu chefe como maneira de possibilitar uma promoção. Se o chefe
é um piadista, você adota esta postura como forma de manter essa conexão.

Mirando sua mudança de comportamento diante de seus medos, é possível


rever valores para que eles se comuniquem exatamente com essa nova ima-

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gem que você tem de si mesmo. Essa auto-identificação, termo utilizado por
Robbins, vai estar refletida em seu comportamento, em sua fala, maneira de
se vestir e pessoas com quem se relaciona mais intimamente. Veja, quando
alguém que possui muito dinheiro transita com um automóvel simples, ela co-
munica que o carro não compõe seus valores e que eles podem estar relacio-
nados com economia, por exemplo.

Lembra-se das roupas de Steve Jobs durante as famosas apresentações da


Apple? Jeans e camiseta entregavam para ele um valor que simbolizava algo
que fazia sentido para ele. Às vezes, esses valores são inconscientes e não
sabemos o porquê fazemos determinadas coisas.

Segundo o autor, grande parte dos conflitos que temos durante a vida ocorrem
por um desconforto em relação aos valores diferentes de outras pessoas. Por
isso, é muito importante descobrir o que é importante para você em uma es-
cala de hierarquia. Se nessa escala o trabalho vem antes da família, fatalmente
você vai deixar sua família de lado durante um jantar para atender uma ligação
de trabalho. Analisar essa hierarquia de valores explica muito sobre o seu com-
portamento de outras pessoas também.

Para Robbins, uma pessoa pode ter grande dificuldade em compreender as


motivações ou comportamentos básicos de outras pessoas, a menos que
compreenda a importância dos valores. Investido dessa compreensão, você
poderá prever como essas pessoas irão reagir a determinada situação e evitar
um comportamento conflituoso para sua auto-identificação.

Os valores carregam alta carga emocional e os mais altos da sua lista (hierar-
quia), constituem a melhor ferramenta para conectar pessoas. Veja o exército
como um exemplo de pessoas que se alinham pelos seus valores mais altos de
patriotismo e coragem. Por outro lado, criar comportamentos que coloquem

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valores em conflito é, segundo Robbins, a maneira mais traumática de separar


pessoas. É justamente nesse ponto em que é necessário mais cuidado, afinal,
você não deseja que seus valores conflitem com os valores de quem está
realizando sua entrevista para um emprego, certo?

Robbins é categórico ao dizer que é crucial criar mapas que identifiquem com
máxima correção os seus valores e os valores das outras pessoas. Assim, será
possível não só reordenar suas prioridades para cada uma delas, como tomar
consciência de quais valores você precisa adquirir para se conectar com as
mesmas pessoas. O mundo muda e as pessoas mudam.

Os valores também precisam seguir este fluxo a fim de projetar mais possibili-
dades de superar sua situação de medo.

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Ferramenta

Ordenação de Valores
1. Liste na coluna “Valor” tudo que considera mais importante na sua vida
2. Na coluna “ED” (estado desejado), enumere por ordem de prioridade
(mais importante para o menos importante).
3. Na coluna “EA” (estado atual), enumere por ordem de prioridade que
você da hoje (quanto tempo você está se dedicando a este valor)

Valor Estado Desejado Estado atual

1._______________________________

2._______________________________

3._______________________________

4._______________________________

5._______________________________

4. Agora reflita:

» Você tem clareza dos valores mais importantes da sua vida?


» Hoje você tem priorizado o que é mais importante e tem maior
significado?
» Qual o seu aprendizado desta autoavaliação?
» Que decisão você toma?

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Capítulo 7

Aprendizado sem ação não traz resultado: como


impedir que a crise te paralise!
Chegamos ao final deste livro que tem o objetivo de ajudar a superar seus
medos durante uma crise e, mais do que identificar oportunidades, criar novas.
Desde o começo, apresentamos um conceito central em que qualquer mudan-
ça começa por adquirir consciência sobre o que acontece ao seu redor. É
preciso realizar mudanças internas, para que elas possam ser externalizadas
em ações e, consequentemente, em resultados. E foi isso que esse livro fez. Te
apresentamos recursos diversos e o conhecimento necessário para conduzir
sua vida com foco nos resultados que deseja. Mas o que vem depois?

Todo esse conhecimento adquirido precisa sair da sua cabeça em


forma de ação. É preciso atitude para colocar em prática todos os
Feito é melhor
conceitos aprendidos. Agir é o último passo para o início de qualquer
que perfeito.
mudança real na sua vida. Aqui, o que importa é sair da inércia. Inde-
pendente se será certo ou errado, é preciso se movimentar em direção
aos seus sonhos.

7.1 O poder da ação


Ao acordar, se você não se levanta da cama, seu dia jamais vai começar. Se
deseja entrar em forma, jamais vai conseguir se não começar a se exercitar. No
trabalho, se não começar uma tarefa longa e exaustiva, jamais vai conseguir
superá-la. O que importa não é o tamanho do seu objetivo, mas a sua capaci-
dade de ação em busca dele. Paulo Vieira discute esse conceito em “O Poder
da Ação”, livro referência neste assunto aqui no Brasil. Nele, Paulo explica que
a quantidade e a qualidade das suas ações é que irão determinar em quanto
tempo você vai conseguir atingir suas metas. Independentemente do grau
de dificuldade dos seus objetivos, o que importa são as suas ações.

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Quando está determinado a agir em prol dos seus objetivos, é preciso ter um
entendimento que supere o pensamento cartesiano, defende o autor. Pensa-
mento cartesiano é o pensamento óbvio, simples, e esse nome tem origem no
filósofo e matemático francês que o criou, Descartes. Portanto, seu pensa-
mento precisa ir além e enxergar mais à frente.

Num cenário de procura por emprego, o raciocínio simples


É preciso agir certo, seria responder anúncios de vagas na área em que você bus-
na direção certa, com ca. Por outro lado, você poderia fazer um curso novo para
a velocidade correta. expandir suas habilidades, aumentando a amostragem de
vagas que se encaixam com o seu perfil. Também poderia
fazer novas conexões, criando novas oportunidades com profissionais da área
e se engajar em discussões que demonstrem seu potencial. As possibilidades
são muitas e note que todas elas envolvem muitas ações (quantidade), com
foco e direcionamento correto (qualidade).

Para nós, da Febracis, “ter sucesso é fácil, o difícil é se preparar


O preparo para ele”, frase do Paulo Vieira. Mas este livro te trouxe muito
pressupõe ação. preparo e condicionamento intelectual para atingir o sucesso
verdadeiro. Todavia, muitas pessoas se agarram nesta etapa
de preparo e não caminham. São aquelas que entram em uma espiral de busca
por conhecimentos que nunca são aplicados e que vamos chamar de “obesos
cerebrais”. Não conseguem agir, pois ocupam suas vidas com fases preparató-
rias que nunca terminam. Note que atletas treinam com foco em uma competi-
ção e é nesse sentido que você tem que caminhar. O preparo pressupõe ação.

Agir com um direcionamento correto, e na maior velocidade possível, requer


que suas ações e comportamentos tenham esforço e dedicação. Lembra-se
do piloto automático? Não podemos agir de qualquer maneira sem nos preo-
cupar com os resultados das nossas ações. Se elas estiverem erradas e ne-
cessitarem de uma correção de percurso, só poderá saber disso ao colocar
o planejamento em ação. Em um concurso público, por exemplo, você só vai
saber se errou ou acertou determinada questão, se respondê-la.

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Assim, você terá clareza sobre o que dá certo e adquirirá experiência e enten-
dimento do que precisa ser melhorado. Você transfere o poder do seu medo
para as suas atitudes, como um antídoto.

Para que seus comportamentos e ações te levem rumo a direção correta, é


necessário conhecimento. Pois bem, se você leu todos estes capítulos, já deu
este primeiro passo e já agiu de maneira correta. Então, quais serão seus pró-
ximos passos?

Para te ajudar a definir suas próximas ações, é possível utilizar uma ferramenta
bastante conhecida no mundo empresarial, a 5W2H. Essa ferramenta de ges-
tão surgiu no Japão, criada por profissionais da indústria de automóveis que
buscavam aprimorar a qualidade de produção. A ferramenta ganhou amplitude
e tem sido utilizada na elaboração de planos estratégicos com muita eficácia.

Composta por 5 perguntas dispostas em uma tabela, a ferramenta permite


detalhar uma ideia em etapas: What (o que será feito); Who (quem fará); When
(quando será feito); Where (onde será feito); Why (por que será feito) How
(como será feito); e How Much (quanto custará). Assim, ao destrinchar a sua
ação nesses 5 verticais, você consegue ter uma visão clara do que (ou quem)
precisa mobilizar para que aquela determinada etapa do seu planejamento.
Quebrar ações complexas em pequenos passos é um método extremamente
eficaz de te aproximar do seu objetivo.

A ideia principal desta ferramenta é te dar visibilidade de ter tudo o que precisa
nas suas mãos para que uma determinada ação seja executada sem percalços.

Caso você perceba que algum desses pontos não tem uma resposta, não tem
problema, você pode deixar em branco.

Ação O que? Quem? Quando? Onde? Por que? Como?


Até quando Tem um local Qual o principal O que precisa ser
Descreva a Quem vai
Ação 1 precisa estar determinado para objetivo a ser feito para alcançar o
ação executá-la?
pronta? ser realizada? alcançado? objetivo desta ação?
Ação 2 ... ... ... ... ... ...

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7.2 Alta Performance


Ciente que agir na direção correta depende do conhecimento e saberes dos
quais você já adquiriu consciência aqui, é preciso entender que a razão em si
não cria valor. Neste sentido, falamos de acrescentar emoções de maneira fo-
cada e inteligente, oferecendo subsídios para aquela transformação profunda
que falamos no primeiro capítulo. As emoções fluem

a razão em si não cria valor, nos seres humanos a todo momento e já falamos so-
bre o quanto isso afeta nossas decisões. O que nós
é preciso acrescentar
sentimos define nosso estado emocional: triste, ale-
emoções de maneira
gre, feliz, com raiva e, consequentemente, acabam
focada e inteligente.
por definir nossos comportamentos.

Pense num dia de muita alegria onde se sentiu invencível, capaz de grandes feitos.
Uma positividade tão forte que repercute em outras coisas da sua vida e você aca-
ba concluindo que seu dia está sendo ótimo! Por outro lado, existem momentos
em que o sentimento de derrota é tão forte que você não consegue tomar um café
sem derrubar sobre sua própria roupa e concluir, rapidamente, que está tendo um
dia péssimo. Estes são os estados neurofisiológicos e são eles que ditam o sobe
e desce das nossas emoções. Anthony Robbins explica, em Poder sem Limites, o
quanto estes estados interferem na busca por nossos objetivos.

Compreender estes estados faz sentido para que as mudanças necessárias


em sua vida sejam realizadas em um nível de excelência. Por isso, é de fun-
damental importância assumir o controle destes estados. Numa apresentação
de projetos, por exemplo, seu desempenho pode ser facilmente afetado pelo
nervosismo e ansiedade.

Segundo Tonny Robbins, um estado é composto de milhões de processos neu-


rológicos adquiridos com nossas experiências de vida. Alguns são conscientes
e a grande maioria inconscientes. O ponto em questão, para uma performance
de excelência, é a capacidade de se colocar num estado mais adequado ao
comportamento que você precisa ter – e o autor afirma que quase todos os
nossos desejos possuem um estado possível de ser alcançado.

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Conquistar diferentes estados é factível e depende de dois fatores que o com-


põem. A explicação do autor é bem simples, veja: o primeiro é a nossa repre-
sentação interna, que diz respeito a como interpretamos as situações e isso
se acontece de acordo com nossas crenças, valores e experiências de vida. O
segundo fator, a fisiologia, tem relação com o que comemos, a maneira como
respiramos, postura em que sentamos e todo o equilíbrio bioquímico do corpo.
Isso faz sentido ao notar uma pessoa irritada por estar com fome e sua queda
de produtividade no trabalho.

Essas estruturas atuam de maneira conjunta e reproduzem as condições de


estado em que você está. Retomando o exemplo da apresentação de projetos,
com ansiedade e nervosismo, a sua representação interna antecipa situações
de que pode falhar durante a apresentação e seu corpo responde com respi-
ração ofegante, arritmia e náuseas.

O que Robbins pretende demonstrar com este entendimento é que precisa-


mos condicionar estes fatores de maneira positiva. Seguindo nosso exemplo,
você poderia internalizar uma representação de sucesso com todos satisfeitos
e você orgulhoso de seu excelente desempenho. Em seguida o corpo respon-
deria com respiração mais calma, maior oxigenação cerebral e a apresentação
fluiria com mais clareza.

Quando falamos de fisiologia, e o quanto ela interfe-


re no alcance do seu estado desejado, destacamos estar saudável é fundamental
que a saúde é algo importante para obter seus re- para impulsionar as
sultados desejados. Ainda em Poder sem Limites, mudanças de comportamento
Anthony Robbins diz que “quanto mais alto seu nível que você precisa.
de energia, mais eficiente é o seu corpo”. Portanto,
estar saudável é possuir uma fonte importante de energia para impulsionar as
mudanças de comportamento que você precisa. Mas como atingir um nível de
energia que possa servir de mola propulsora para suas mudanças?

A fisiologia é parte fundamental de qualquer processo de transformação, e isso


depende do quanto seu corpo está “limpo” de impurezas. Se um rio poluído

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não conserva vida dentro da água, nosso corpo também não. É um conceito
que ele chama de “higiene natural”. Sobre isso, Robbins apresenta seis fato-
res que contribuem para que seu corpo armazene a energia necessária para
impactar nas suas emoções, no seu físico e no seu intelecto.

O primeiro, a respiração, impacta em sistemas muito importantes do corpo,


como o linfático, que é responsável pela limpeza de toxinas. Além disso, a res-
piração também “alimenta” as células com oxigênio necessário para absolu-
tamente tudo, especialmente o raciocínio. A recomendação é realizar sessões
de respiração profunda por dez vezes, em três momentos do dia, na seguinte
contagem: inspire e conte um, segure o ar em quatro e expire contando dois.

O segundo é consumir alimentos ricos em água. O corpo é composto por


80% de água, e por isso ela é essencial para o perfeito funcionamento do nosso
corpo. Na sua dieta diária, os alimentos ricos em água devem representar 70%
de tudo o que você consome. No terceiro fator, é que precisa haver combina-
ção efetiva de alimentos, ou seja, o consumo deve seguir combinações que
auxiliem o corpo na digestão e não oposto. A dica é uma base com alimentos
ricos em água, além de uma proteína ou de um carboidrato bom.

No quarto, o consumo controlado, por meio da redução nas porções de ali-


mentos consumidos e alerta: evite o consumo de alimentos imediatamente
antes de dormir. No quinto fator, o consumo de frutas deve ser adotado por
caracterizarem o melhor alimento para evitar doenças do coração, segundo
o Dr. William Castillo, chefe de uma clínica de cardiologia em Massachusetts,
nos Estados Unidos, citado como referência por Robbins que também destaca
o poder desintoxicante deste grupo de alimentos.

Por fim, o sexto fator que contribui para a saúde é a proteína animal, ou
melhor, a diminuição dele. O consumo exagerado deste nutriente tem efeitos
nocivos à saúde, bem como o consumo de produtos lácteos. O autor não
sugere parar de comer carnes, mas recomenda uma redução considerável na
sua dieta diária.

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Observar estes fatores no seu contexto de novas percepções é estratégico.


A construção de uma dieta funcional tem a intenção de criar um ambiente
adequado para ajudar no seu processo de mudança que é mental, emocional,
intelectual e, também, físico.

7.3 Gerenciamento de tempo


Se a sua rotina é tão puxada que, ao fim do dia, percebe que não deu conta
da metade das coisas que tinha se proposto fazer, é bem provável que esteja
vivendo uma escassez de tempo que os cientistas denominam de “tunnelling”,
ou em tradução livre, “viver em túnel”. Quando isso acontece, sua atenção e
cognição se estreitam de maneira a parecer que está em um túnel. 

O problema é que a falta de tempo aumenta o seu estresse, pois seu foco é
direcionado apenas a questões urgentes e que nem sempre são as mais im-
portantes. Sim, você pode desperdiçar ainda mais um dos itens mais valiosos
da vida moderna, o tempo! E a falta de tempo pode estar fazendo com que
você tome decisões erradas. Já pensou nisso? Então vamos entender como
os cientistas comprovam isso. 

O conceito de escassez de tempo teve suas primeiras citações em pesquisas


realizadas pela professora de economia comportamental na Escola Blavatnik
de Governo de Oxford, Anandi Mani e seus colegas acadêmicos. Eles estuda-
ram o motivo que levava coletores de cana de açúcar na Índia a não consegui-
rem gerenciar o dinheiro ganho com o trabalho e, consequentemente, tinham
de pegar empréstimos com altas taxas de juros. 

O grupo estudado participou de exames cognitivos em dois


momentos, quando recebiam o pagamento, depois da co- O stress te impede de
lheita, e quando já não tinham trabalho e faltava dinheiro. tomar boas decisões.
E justamente, quando a renda era menor, o QI (quociente Mais uma vez, inteligência
de inteligência) dos agricultores caía 13 pontos. Ou seja, a emocional é o atídoto.
ação do estresse os impedia de tomar boas decisões. 

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A mesma lógica pode ser aplicada para a falta de tempo. Sem ele, você não
prioriza as questões que são realmente essenciais e termina o dia muito can-
sado, mas com poucas tarefas executadas. Isso porque você não abre espaço
na sua vida para pensar em coisas que podem ter maior significado, como
passar mais tempo com sua família ou amigos. 

A professora de Oxford, Mani, recomenda que é preciso ter consciência do


problema, depois você deve tentar reduzir sua carga de trabalho ou distribuí-la
ao longo do tempo. Mas atenção, precisa combinar suas decisões com as
pessoas com as quais convivem, sem informar sua rede, eles podem prejudi-
car seus planos e você voltar ao padrão anterior. 

Um dos grandes equívocos que as pessoas cometem na


É preciso viver também de gestão de tempo é deixar de lado sua vida pessoal em
segunda a sexta feira, não prol da profissional. Por isso, alguns cansam muito nos
só aos finais de semana. finais de semana tentando viver tudo que não conseguiu
ao longo dos dias de trabalho. Essa equação está errada
e só vai sobrecarregá-lo ainda mais. Você precisa planejar seus afazeres, as-
sim, manterá foco nos seus compromissos e terá o tempo necessário para o
convívio social e familiar. 

Para criar um planejamento eficiente, crie uma agenda de tarefas, defina pra-
zos e defina a prioridade de cada coisa, destinando sua atenção para cada
uma delas, no momento certo. Monte um checklist para poder acompanhar
em qual sequência cada coisa tem de ser feita. 

Ao adotar essas ações simples, certamente aumentará sua produtividade e terá


mais tempo para fazer outras coisas na sua vida. Quando você se torna senhor
do seu tempo, ou melhor, deixa de lado a procrastinação, aprende a fazer boas
escolhas, não desperdiça sua vida e a torna mais completa e realizada.  Ao final
deste capítulo, disponibilizo duas ferramentas que vão te ajudar neste processo
de definição e priorização de tarefas.

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Acabe com o plano B: tenha foco


A procrastinação pode produzir efeitos negativos à sua vida. Além de desper-
diçar tempo com tarefas sem valor, você pode se tornar insatisfeito, ansioso,
triste e deprimido. Como já vimos, este estado de espírito impede as pessoas
de conquistarem a plenitude, o sucesso. A boa notícia é que é possível com-
bater este vício (por que não?) de procrastinar. 

Você precisa saber o que realmente quer e precisa. Uma


das primeiras ações a tomar é estabelecer seu foco. Tomar decisões muda o
Normalmente, as respostas estão dentro de você, então padrão neural e te auxilia
procure entender o que busca para sua vida, defina o alcançar seus objetivos.
seu propósito e parta para a construção de seus ideais.
Quando você toma as decisões, manda para o cérebro mensagens tão claras
que ele começa a reconhecer quais mudanças são necessárias. 

Ter foco é ser capaz de aproveitar a sua própria força natural e direcioná-la
para suas metas. As pessoas bem-sucedidas posicionaram seu foco no senti-
do de seus planos. Quando a energia é direcionada para um único ponto, leva
à mudança. Concentre toda a sua energia naquilo que deseja, no seu futuro.

Para que esta prática seja eficiente, você precisa aprender o conceito de foco.
Quando você tem a visão futura de onde quer chegar, estabelece o Foco Vi-
sionário. Com ele é possível traçar metas e objetivos, mas é necessário con-
tar também com o Foco Comportamental. Este segundo tipo diz respeito à
quando você tem coerência nos seus comportamentos. Ou seja, você tem um
objetivo e começa a atuar, com toda sua energia, por ele.

Por fim, precisa ter Foco Consistente, ou seja, dedicar o tempo necessário
para mudar seus hábitos a fim de que eles tragam resultados. Para atingir
suas metas, siga a ordem do Foco Múltiplo: primeiro o visionário, depois o
comportamental e finalmente o consistente. 

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Não permita distrações que possam comprometer seu foco. Elimine-as o quan-
to antes. Nada de mudar o rumo dos seus sonhos vendo TV, ficar na Internet
ou conversando nos aplicativos de mensagem instantânea. Mude seus hábitos
agora. Claro que pode continuar fazendo tudo isso, mas no tempo disponível
para estas ações. Se o seu foco é ser o melhor aluno da turma, não tem como
fugir, você precisa ter foco em estudar. Se perder tempo com distrações, muito
provavelmente não vai atingir sua meta.

7.4 Construa suas próprias histórias


Se você chegou até este ponto da leitura é porque provavelmente está moti-
vado a mudar de vez por todas a sua vida. Acredite, você tem o combustível
necessário para tornar seus sonhos em realidade. O poder é seu e apenas
você poderá construir sua história. O autoconhecimento vai te ajudar neste
processo de entender o que realmente pretende na sua vida. 

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No livro, Desperte o Gigante Interior, Anthony Robbins conta que passou a trans-
formar seus sonhos em realidade ao aprender a utilizar o princípio que chama de
concentração do poder. Ele explica que boa parte das pessoas não tem ideia da
capacidade que têm se determinasse toda sua energia para dominar uma área
de suas vidas. E, se fizessem isso, conseguiriam mudar tudo que quisessem. Isso
porque elas se especializam em coisas secundárias. Ou seja, perdem o foco. 

No livro, Anthony recomenda a adoção de três passos eficazes para mudar


sua vida. O melhor é que são ações simples, mas poderosas – quando bem
aplicados. Aliás, estas alterações também podem ser utilizadas no mundo cor-
porativo, pois podem contribuem para uma retomada nos negócios. 

O primeiro passo é elevar os padrões. Ou seja, deixe de lado tudo que não
queira que faça mais parte de sua vida e busque o que gostaria de acrescentar.
Faça uma lista, com as coisas que pretende cortar e outra com o que deseja.
Não se limite à criação da lista, passe a agir de maneira coerente com o que
sonha, o que quer. Se busca conseguir um novo emprego, comece a fazer
contatos e deixe de lado o desemprego. 

Faça isso com convicção, esse é o segundo passo. Esta é a determinação


que vai atuar como uma espécie de ordem e modelar sua ação, seu pensa-
mentoo e seus sentimentos. Assim você vai criar padrões e eles serão alinha-
dos aos seus desejos. Pode parecer estranho, mas se não acreditar fielmente
nas coisas que deseja, quem mais poderá agir para torná-las realidade? 

O último passo é mudar a estratégia que costuma ado-


tar para conseguir alcançar os resultados que deseja. Isso O que você sabe te
acontece porque, segundo Anthony, quando você estabe- trouxe até aqui. O que
lece padrões mais altos, começa a acreditar no que deseja, você ainda não sabé é
passa a definir estratégias para chegar lá.  que vai te levar adiante!

Se o seu sonho é fazer uma viagem de cinco meses pela Europa, por exemplo,
vai criar a estratégia necessária para ganhar mais dinheiro, comprar as passa-
gens e pagar o roteiro. Se toda sua energia estará direcionada para a viagem

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dos seus sonhos, certamente ela acontecerá, no prazo que você definir. Lem-
bre-se sempre, a única pessoa responsável pelo seu sucesso é você!

A sua vida é resultado de suas próprias escolhas. Como já dissemos anterior-


mente, a autorresponsabilidade tem que ser praticada sempre. Ela elimina a
crença de dependência que as pessoas têm umas das outras. Ninguém vai
cuidar de você tão bem quanto você mesmo. 

Construa sua história da maneira como quiser. Não há tempo para começar,
há sempre um novo capítulo para escrever. Seja qual for a sua ação, imprimirá
uma reação na sua vida. De acordo com Paulo Vieira, todos os seus atos são
como uma plantação, em algum momento, você colherá o que plantou. Se
começar agora a semear a mudança, em breve vai colher o que deseja. 

Eu também entendo que nunca é tarde para recomeçar, que a cada minuto que
se passa agora, estamos tendo a oportunidade de recomeçar, de decidir e de
agir. Com o conhecimento e as ferramentas certas, estou segura de que você
vai ser quem você quiser ser.

Dê um passo para trás e observe sua vida até aqui. Seja profundamente since-
ro com você, assim, poderá perceber que construiu sozinho esta estrada. Quer
tomar outro rumo? Use as ferramentas que encontrou até aqui e comece a agir. 
Quando você assume a responsabilidade sobre sua vida, se torna protagonista
de sua história. 

Grandes coisas estão por vir!

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Ferramenta

Agenda Extraordinária
Domingo
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Sábado
Hora
Sexta-feira
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Quinta-feira
Hora
Quarta-feira
Hora
Terça-feira
Hora
Segunda-feira
Hora

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Folha da Produtividade
Como usar:

1. RASTREIE SUAS ATIVIDADES

Preencha o campo “Atividade” com a descrição das tarefas que você realiza ao longo
do seu dia em uma semana normal. Seja muito atencioso e detalhista nesse momento. É
preciso identificar quais são os ladrões do seu tempo.

2. USE O “CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO DE ATIVIDADES”

Marque a atividade segundo uma das seguintes categorias: Desnecessária, Delegável,


Importante ou Urgente. Nessa etapa é necessária muita sinceridade e honestidade. Clas-
sificar a atividade na qual você está dedicando tempo é fazer o diagnóstico de como você
tem empregado sua atenção e energia.

3. FAÇA A SOMATÓRIA DAS CATEGORIAS DE AVALIAÇÃO

Ao final do dia some as pontuações de cada uma das categorias de avaliação. É nesse
momento que você vai descobrir onde você está utilizando seu tempo. Esse processo
também vai revelar quais são as atividades que estão roubando seu precioso tempo.

4. PLANEJE SUA NOVA SEMANA EXTRAORDINÁRIA

Reflita sobre as atividades que você realizou e planeje sua próxima semana com base nas
suas reflexões. O ideal é que você faça apenas as atividades que são “Importantes”. Plane-
je sua nova semana para garantir que seu tempo vai ser empregado de forma estratégica.

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Semana Extraordinária
Atividade
Hora
DL
DN
I
Dia:
U

Total:
Atividade
Semana normal
Hora

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