Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Avaliao Dos Efeitos Do 33-Diindolilmetano No Corpo Cavernoso Isolado de Rato
Avaliao Dos Efeitos Do 33-Diindolilmetano No Corpo Cavernoso Isolado de Rato
DE PESQUISA
COORDENAÇÃO GERAL DE PROGRAMAS ACADÊMICOS E DE
INICIAÇÃO CIENTÍFICA
PIBIC/PIBITI/PIBIC-AF/PIVIC/PIVITI
Título do projeto:
Título do plano:
1. RESUMO
Este estudo teve como objetivo avaliar o efeito relaxante do metabólito secundário
3,3’- diindolilmetano (DIM) na função erétil de ratos, através de metodologias in vitro. Foram
utilizados segmentos de corpos cavernosos previamente retirados de ratos Wistar e que foram
montados verticalmente através de hastes metálicas e colocados em cubas para órgãos isolados
mantidos em solução de Krebs-Ringer, 37ºC, com mistura carbogênica (95% O2 e 5% CO2) e
uma tensão de repouso de 0,50 g. Foi observado nos experimentos, que após contração induzida
por fenilefrina (FEN) (10 µM), o DIM (1 pM – 1 mM) induziu relaxamento dependente de
concentração em corpos cavernosos isolados de rato (Emax = 78,8 ± 6,8%), sugerindo que o DIM
pode promover benefícios na função erétil. Além disso, foi investigada a participação da enzima
óxido nítrico sintase (NOS), onde foi utilizado o L-NAME, um inibidor não específico da
enzima. O tratamento prévio do corpo cavernoso com L-NAME (300 µM) atenuou a resposta
relaxante do DIM (1 pM – 1 mM), com redução do seu efeito máximo (Emax = 35,40 ± 4,11%,).
Esse resultado sugere que o DIM produz o seu efeito relaxante, em parte, por ativação da NOS.
A ativação desta enzima leva a produção de óxido nítrico (NO) que atua ativando a ciclase de
guanilil sóluvel (CGs) e leva a ativação de eventos intracelulares no músculo liso das artérias
dos corpos cavernosos, promovendo o seu relaxamento. Também foi investigado o papel da
CGs no efeito relaxante induzido pelo DIM, onde foi usado um inibidor irreversível da enzima,
o ODQ. Foi observado que na presença de ODQ, a resposta relaxante induzida pelo DIM foi
significativamente atenuada com redução do efeito máximo (42,93 ± 4,04 %), sugerindo a
participação da CGs no efeito relaxante induzido pelo DIM. Desta forma, os resultados
demonstram, pelo menos em parte, que o DIM induz efeito relaxante em corpo cavernoso,
podendo apresentar benefícios sobre a disfunção erétil.
3. Title:
EVALUATION OF THE EFFECTS OF 3,3'-DIINDOLYLMETHANE IN CORPUS
CAVERNOSUM ISOLATED OF RATS
4. Abstract:
This study aimed to evaluate the relaxing effect of the secondary metabolite 3,3'-
diindolylmethane (DIM) on the erectile function of rats, through in vitro methodologies.
Cavernous corpus segments previously removed from Wistar rats were used, which were
assembled vertically through metal rods and placed in vats for isolated organs kept in Krebs-
Ringer's solution, 37ºC, with a carbogenic mixture (95% O2 and 5% CO2) and a resting tension
of 0.50 g. It was observed in the experiments, that after phenylephrine-induced contraction
(FEN) (10 µM), the DIM (1 pM - 1 mM) induced concentration-dependent relaxation in isolated
rat cavernous corpus (Emax = 78.8 ± 6.8%), suggesting that DIM may promote benefits in
erectile function. In addition, the participation of the enzyme nitric oxide synthase (NOS) was
investigated, where L-NAME was used, a non-specific inhibitor of the enzym. The previous
treatment of the corpora cavernosa with L-NAME (300 µM) attenuated the relaxing response of
the DIM (1 pM - 1 mM), with a reduction in its maximum effect (Emax = 35.40 ± 4.11%,). This
result suggests that DIM produces its relaxing effect, in part, by activating NOS. The activation
of this enzyme leads to the production of nitric oxide (NO) that acts by activating the soluble
guanylil cyclase (GCs), and leads to the activation of intracellular events in the smooth muscle
of the arteries of the corpora cavernosa, promoting its relaxation. The role of CGs in the
relaxing effect induced by DIM was also investigated, using an irreversible enzyme inhibitor,
ODQ. It was observed that in the presence of ODQ, the relaxing response induced by DIM was
significantly attenuated with a reduction in the maximum effect (42.93 ± 4.04%), suggesting the
participation of CGs in the relaxing effect induced by DIM. In this way, the results demonstrate,
at least in part, that DIM induces a relaxing effect in the corpora cavernosa and may have
benefits on erectile dysfunction.
6. Introdução
O pênis é formado pelos corpos cavernosos e pelo corpo esponjoso, sendo circundados
pela túnica albugínea que é formada por uma bainha fibrosa (KIRKHAM, 2012). O orgão tem
inervação autonômica e somática partindo dos neurônios da medula espinhal e dos gânglios
periféricos, os nervos simpático e parassimpático se juntam para formar os nervos cavernosos,
que entram nos corpos cavernosos e no corpo esponjoso, ocasionando os eventos
neurovasculares durante a etumescência (ereção) e a detumescência (flacidez) (DEAN & LUE,
2005).
A ereção peniana é descrita como a capacidade do homem de manter o pênis
rígido de forma suficiente com o objetivo de alcançar uma relação sexual satisfatória (JUNG et
al., 2014). Esse processo é iniciado através do sistema nervoso parassimpático, onde sua
ativação leva a diminuição de noradrenalina dos nervos adrenérgicos do pênis. Dessa forma, a
excitação está associada à redução desse neurotransmissor, além da liberação de óxido nítrico
(NO) e a redução do tônus muscular (ANDERSSON & STIEF, 2000).
Mecanismos neurogênicos, psicogênicos e hormonais estão envolvidos na
ereção peniana, onde NO é considerado o fator mais importante para o relaxamento do músculo
liso nos corpos cavernosos. Esse gás é liberado pelo endotélio e neurônios no tecido peniano
onde se liga ao grupo heme da GCs aumentando a produção de monofosfato de guanosina
cíclico (cGMP), que por sua vez ativa a proteína cinase G. O cGMP junto com a proteína G
regula a sinalização intracelular, levando o relaxamento do músculo liso nos corpos cavernosos
e a ereção peniana (MUSICKI et al., 2016).
Na função erétil normal os fatores contratantes e relaxantes estão em equilíbrio,
porém, na disfunção erétil (DE) pode haver mudanças na neurotransmissão, na propagação de
impulsos nervosos e transdução intracelular, etapas importantes para a ocorrência da ereção
peninana (ANDERSSON, 2011). A DE é definida como a incapacidade de alcançar uma ereção
para uma relação sexual satisfatória (NIH, 1993). Além disso, o estresse oxidativo é um fator
contribuinte para o desenvolvimento da DE, observando-se a formação de espécies reativas de
oxigênio, reduzindo a disponibilidade de NO para os processos de relaxamento e contribuindo
para o dano oxidativo em biomoléculas (TREBATICKÝ et al., 2019). A DE é uma desordem
clínica multifatorial que tem maior prevalência em homens com mais de 40 anos. Além das
principais causas da disfunção erétil, como a diabetes mellitus e a hipertensão, vários outros
fatores comuns do estilo de vida como obesidade e a carência de exercício físico e problemas no
trato urinário inferior, podem levar ao desenvolvimento da DE (SHAMLOUL & GHANEM,
2013).
O tratamento para DE é baseado em terapias medicamentosas e não medicamentosas.
No tratamento medicamentoso, destacam-se os inibidores da fosfodiosterase tipo 5 (iPDE),
considerados tratamento de primeira linha, como a sildenafila, tadalafila e vardenalifa. Eles
atuam aumentando o fluxo sanguíneo para a região dos corpos cavernosos e, dessa forma,
melhorando a etumescência (MOBLEY et al; 2016). Porém, essa classe medicamentosa
desencadeia efeitos adversos graves como dor de cabeça, rubor e disepsia (REW &
HEIDELBAUGH, 2016).
Muitos produtos naturais têm mostrado benefícios para o tratamento de doenças
(XIE, 2015). Tal como os vegetais, que são uma fonte valiosa de diversos metabolitos
secundários, e dentro da diversidade de vegetais, destacam-se os do gênero crucíferos
(ABELLAN et al, 2019). O DIM é um metabolito obtido a partir do indol-3-carbinol (I3C),
encontrado em vegetais crucíferos (LEE et al., 2017). O DIM demonstra atividades
antioxidantes e antineoplásicas (WU et al., 2011; LUO et al., 2018). Desta maneira, devido a
sua atividade antioxidante, o estudo teve como objetivo pesquisar o potencial terapêutico do
DIM para tratamento da DE, avaliando o efeito relaxante do mesmo em corpo cavernoso isolado
de rato e o mecanismo envolvido.
7. Procedimentos metodológicos
7.1 Animais
7.7 Avaliação do efeito relaxante do DIM em corpo cavernoso isolado de rato pré-
contraído com FEN
Os corpos cavernosos foram preparados como descrito anteriormente no item 2.5. Após
passado o período de estabilização do tecido, foi realizada a contração do tecido utilizando FEN
(10 μM). Foram adicionadas ao banho de órgãos concentrações do DIM (10-12 - 10-3) de maneira
crescente e cumulativa, e observado o seu possível efeito relaxante.
7.8 Avaliação da participação da via NOS no efeito relaxante do DIM em corpo cavernoso
isolado de rato pré-contraído com FEN
Como as principais vias de relaxamento do corpo cavernoso depende da ação do NO, foi
investigada a participação da via NOS-CGS. Após o período de estabilização, as preparações
foram expostas a L-NAME (300 µM), um inibidor não seletivo da enzima NOS (Óxido Nítrico
Sintade) (WOODE et al., 2013) ou ODQ (10 µM), um inibidor da GCs (FRIEBE et al., 2003;
GARTHWAITE, et al., 1995). Os inibidores foram adicionados 30 minutos antes da aplicação
de FEN (10 μM). No platô de contração, curvas concentração-resposta foram realizadas
adicionando de maneira cumulativa o DIM (1 pM – 1 mM) aos orgãos até que fosse observada
uma resposta máxima do platô.
Os dados foram representados como média ± erro padrão da média (e.p.m.). As curvas
de concentração-resposta foram consideradas em valores de pD2, calculados a partir da
regressão não linear das respostas adquiridas. As diferenças estatisticas foram determinadas pelo
teste t de student. Os resultados foram avaliados utilizando o programa Graph Pad Prism®
versão 7.00. Para todos os experimentos, valores de p<0,05 foram considerados estatisticamente
significativo.
8. Resultados e discussões
9. Conclusões
Foi demonstrado pelo presente estudo que o DIM induziu relaxamento em corpo
cavernoso isolado de rato, evidenciando o seu efeito pró erétil in vitro. Contudo, na presença
dos inibidores L-NAME e ODQ o efeito relaxante do DIM foi inibido, mostrando-se que,
possivelmente, o mecanismo de ação do composto envolve, pelo menos em parte, a ativação da
via NOS/GCs. Desta forma, o estudo demonstra que o DIM induz efeito relaxante podendo
apresentar benefícios sobre a disfunção erétil. Este estudo demonstra pela primeira vez na
literatura o efeito do DIM sobre corpo cavernoso isolado de rato.
AKSU, E. H.; AKMAN, O.; OMUR, A. D.; KARAKUS, E.; CAN, I.; KANDEMIR, F. M.;
UÇAR, Ö. 3, 3 diindolylmethane leads to apoptosis, decreases sperm quality, affects blood
estradiol 17 β and testosterone, oestrogen (α and β) and androgen receptor levels in the
reproductive system in male rats. Andrologia, v. 48, n. 10, p. 1155-1165, 2016.
ANDERSSON, K.E.; STIEF,C. Penile erection and cardiac risk: pathophysiologic and
pharmacologic mechanisms. The American journal of cardiology, v. 86, n. 2, p. 23-26, 2000.
ANDERSSON, K.E. Mechanisms of penile erection and basis for pharmacological treatment of
erectile dysfunction. Pharmacological reviews, v. 63, n. 4, p. 811-859, 2011.
ALDERTON, W.K.; COOPER, C.E.; KNOWLES, R.G. Nitric oxide synthases: structure,
function and inhibition. Biochemical journal, v. 357, n. 3, p. 593-615, 2001.
CHRIST, G. J.; SCHWARTZ, C. B.; STONE, B. A.; PARKER, M.; JANIS, M.; GONDRE, M.;
VALCIC, M.; MELMAN, A. Kinetic characteristics of alpha 1-adrenergic contractions in
human corpus cavernosum smooth muscle. American Journal of Physiology-Heart and
Circulatory Physiology, v. 263, n. 1, p. H15-H19, 1992.
DEAN, R.C.; LUE, T.F. Physiology of penile erection and pathophysiology of erectile
dysfunction. The Urologic clinics of North America, v. 32, n. 4, p. 379-395, 2005.
GARTHWAITE, J.; SOUTHAM, E.; BOULTON, C.L.; NIELSEN, E.B.; SCHMIDT, K.;
MAYER, B. Potent and selective inhibition of nitric oxide-sensitive guanylyl cyclase by 1H-[1,
2, 4] oxadiazolo [4, 3-a] quinoxalin-1-one. Molecular pharmacology, v. 48, n. 2, p. 184-188,
1995.
ITALIANO, G.; CALABRO, A.; PAGANO, F. A simplified in vitro preparation of the corpus
cavernosum as a tool for investigating erectile pharmacology in the rat. Pharmacological
research, v. 30, n. 4, p. 325-334, 1994.
JUNG, J.; JO, H. W.; KWON, H.; JEONG, N. Y. Clinical Neuroanatomy and Neurotransmitter-
Mediated Regulation of Penile Erection. International neurourology journal, v. 18, n. 2, p.
58-62, 2014.
KESSELER, A.; SOLLIE, S.; CHALLACOMBE, B.; BRIGGS, K.; VAN HEMELRIJCK, M.
The global prevalence of erectile dysfunction: a review. BJU international. v. 124, n. 4, p. 587-
599, 2019.
KIRKHAM. MRI of the penis. The British journal of radiology, v. 85, n 1, p. 86-93, 2012.
LEE, J.; YUE, Y.; PARK, Y.; LEE S. H.; 3,3'-Diindolylmethane Suppresses Adipogenesis
Using AMPKα-Dependent Mechanism in 3T3-L1 Adipocytes and Caenorhabditis
elegans. Journal of Medicinal Food. v. 20, n.7, p. 646‐652, 2017.
LEITE L. N.; VALE G. T.; SIMPLICIO J.; A, MARTINIS B. S.; CARNEIRO F. S.;
TIRAPELLI C. R. Ethanol-induced erectile dysfunction and increased expression of pro-
inflammatory proteins in the rat cavernosal smooth muscle are mediated by NADPH oxidase-
derived reactive oxygen species. European Journal Pharmacology, v.804 p. 82‐93, 2017.
LUE, T. F. Erectile dysfunction. New England journal of medicine, v. 342, n. 24, p. 1802- 1813,
2000.
YAFI, F. A., JENKINS, L., ALBERSEN, M., CORONA, G., ISIDORI, A. M., GOLDFARB,
S., MAGGI, M., NELSON, C. J., PARISH, S., SALONIA, A., TAN, R., Mulhall, J. P.,
HELLSTROM, W. J., Erectile dysfunction. Nature reviews Disease primers, v. 2, n. 1, p. 1-
20, 2016.
WU, T.Y.; SAW, C.L.; KHOR, T.O.; PUNG, D.; BOYANAPALLI, S.S.; KONG, A.N. In vivo
pharmacodynamics of indole-3-carbinol in the inhibition of prostate cancer in transgenic 9
adenocarcinoma of mouse prostate (TRAMP) mice: involvement of Nrf2 and cell
cycle/apoptosis signaling pathways. MolCarcinog, v.51, n.10, p.761-70, 2011.
WOODE, E.; AMISSAH, F.; AGYAPONG, G.; AINOOSON, G. K. Myorelaxant Effect ofan
Alcoholic Extract of Sphenocentrum jollyanun Roots in Rabbit Aortic Strip and Corpus
Cavernosum. Pharmacologia, v. 4, n. 5, p.371-382, 2013.
XIE, T.; SONG, S.; LI, S.; OUYANG, L.; XIA, L.; HUANG, J. Review of natural product
databases. Cell proliferation. v.48, n.4, p. 398-404, 2015.