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AO ILMO (A). SR (A).

GERENTE EXECUTIVO DA AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL DE

NB ${informacao_generica}

${cliente_nomecompleto}, ${cliente_qualificacao}, residente e


domiciliado em , vem, por meio de seus procuradores, apresentar pedido
de revisão do ato de indeferimento do benefício, com fulcro no art.
561 da IN nº 77/2015.

O Requerente, no dia ${data_generica}, elaborou requerimento de aposentadoria por


tempo de contribuição, com averbação de tempo de serviço rural e conversão de tempo de
serviço especial em comum (períodos de ${data_generica} a ${data_generica}).

Entretanto, o benefício foi indeferido, haja vista que o INSS não reconheceu a
especialidade dos períodos requeridos e, além disso, sem qualquer justificativa, não
reconheceu para fins de carência e tempo de contribuição os períodos de ${data_generica} a
${data_generica} em que o Requerente verteu contribuições na qualidade de contribuinte
individual.

Não obstante, é manifesto o direito do Requerente ao benefício ora pleiteado. É o que


passa a expor.

DAS ATIVIDADES ESPECIAIS – PERÍODOS DE ${data_generica}


A ${data_generica}

Nos períodos em questão, o Requerente laborou na empresa ${informacao_generica}.


exposto a agentes químicos devido à permanência em locais onde eram estocados
combustíveis e realizado o abastecimento de veículos, sendo esta uma de suas
atividades.

Nesse contexto, frisa-se que os formulários PPP’s emitidos pela empresa registram a
exposição a agentes químicos (hidrocarbonetos). Veja-se:

(DOCUMENTOS PERTINENTES)

Vale registrar ainda que o Requerente sempre percebeu adicional de


periculosidade nos contratos de trabalho com a empresa:

(DOCUMENTO PERTINENTE)

No entanto, o INSS deixou de reconhecer a especialidade dos períodos em


análise sob o fundamento de que a exposição aos agentes nocivos não ocorreu de
forma permanente.
Ocorre que tal análise é equivocada. Primeiro porque a exposição a agentes nocivos
de forma permanente somente passou a ser exigível a partir da entrada em vigor
da Lei 9.032, de 28 de abril de 1995, que incluiu o § 3º ao art. 57 da lei 8.213/91.
Veja-se:
Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei,
ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a
integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a
lei.
(...)
3º A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante
o Instituto Nacional do Seguro Social–INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional
nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física,
durante o período mínimo fixado. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)

Portanto, não se pode exigir o requisito da permanência da exposição aos


agentes nocivos para os períodos anteriores à vigência da Lei 9.032, de 28 de abril
de 1995. Nesse sentido, destaca-se que a matéria já foi pacificada pela Turma Nacional de
Uniformização por meio do enunciado n. 49 (grifos acrescidos):
Súmula 49: Para reconhecimento de condição especial de trabalho antes de 29/4/1995, a
exposição a agentes nocivos à saúde ou à integridade física não precisa ocorrer
de forma permanente.

De qualquer forma, pela análise da descrição das atividades constante no PPP,


percebe-se que a exposição do Requerente aos agentes nocivos e a
periculosidade era indissociável do labor, eis que realizava o abastecimento de
veículos diuturnamente e, no restante das atividades, permanecia em local com
exposição a agentes nocivos e ao risco de acidente devido à estocagem de
combustíveis.

Sendo assim, a exposição do Requerente aos agentes nocivos e a periculosidade está


em perfeita consonância com o conceito de permanência previsto no art. 65, do Decreto
3.048/99 (grifos acrescidos):
Art. 65. Considera-se tempo de trabalho permanente aquele que é exercido de forma não
ocasional nem intermitente, no qual a exposição do empregado, do trabalhador avulso ou
do cooperado ao agente nocivo seja indissociável da produção do bem ou da
prestação do serviço. (Redação dada pelo Decreto nº 8.123, de 2013)

Conceito este também previsto na IN n. 77/2015, veja-se:


Art. 278. Para fins da análise de caracterização da atividade exercida em condições especiais
por exposição à agente nocivo, consideram- se:
I - nocividade: situação combinada ou não de substâncias, energias e demais fatores de riscos
reconhecidos, presentes no ambiente de trabalho, capazes de trazer ou ocasionar danos à
saúde ou à integridade física do trabalhador; e
II - permanência: trabalho não ocasional nem intermitente no qual a exposição do
empregado, do trabalhador avulso ou do contribuinte individual cooperado ao
agente nocivo seja indissociável da produção do bem ou da prestação do serviço,
em decorrência da subordinação jurídica a qual se submete.

Logo, não se pode interpretar que a diversidade de tarefas realizadas excluem


automaticamente o requisito da permanência, haja vista que, conforme já exposto, o conceito
em tela não pressupõe a exposição aos agentes nocivos durante todos os momentos da
prática laboral, exigência que, diga-se de passagem, inviabilizaria o reconhecimento de
atividades especiais. O que se exige, de fato, é que a exposição ocorra
diuturnamente e que seja indissociável da prestação do serviço, como ocorreu no
presente caso.

Ademais, há que se atentar que o Requerente esteve exposto a diversos


agentes químicos provenientes da exposição a combustíveis (óleo diesel). Nesse
contexto, segue em anexo a Ficha de Informação de Segurança de Produto
Químico – FISPQ de um fabricante de óleo diesel, na qual são reconhecidos os
danos à saúde causados pelo contato com o produto.

Assim, conforme o formulário PPP e a FIPSQ anexos, resta comprovado que o


Requerente esteve sujeito a hidrocabonetos (óleos mineiras e benezeno).

Destarte, é indispensável registrar a edição do Decreto 8.123, de 16/10/2013, o qual


alterou diversos dispositivos do Decreto 3.048/99, com a seguinte inovação que merece
destaque:
Art. 68. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes
prejudiciais à saúde ou à integridade física, considerados para fins de concessão de
aposentadoria especial, consta do Anexo IV.
(...)
4o A presença no ambiente de trabalho, com possibilidade de exposição a ser apurada na forma
dos §§ 2o e 3o, de agentes nocivos reconhecidamente cancerígenos em humanos,
listados pelo Ministério do Trabalho e Emprego, será suficiente para a
comprovação de efetiva exposição do trabalhador. (Redação dada pelo Decreto nº
8.123, de 2013)

Ocorre que a referida lista de agentes cancerígenos foi recentemente editada pelo
Ministério do Trabalho (Portaria Interministerial MTE/MS/MPS n. 9, de 07 de outubro de 2014 -
DOU 08/10/2014), na qual consta que os óleos minerais e o benzeno são
reconhecidamente cancerígenos.

Outrossim, de acordo com parecer técnico da FUNDACENTRO, os equipamentos de


proteção coletiva e individual não são suficientes para elidir a exposição a esses agentes,
conforme consta inclusive na mais recente instrução normativa do INSS, sendo exigida
apenas a análise qualitativa (INSTRUÇÃO NORMATIVA INSS/PRES Nº 77, DE 21 DE
JANEIRO DE 2015):
Art. 284. Para caracterização de período especial por exposição ocupacional a agentes
químicos e a poeiras minerais constantes do Anexo IV do RPS, a análise deverá ser realizada:
Parágrafo único. Para caracterização de períodos com exposição aos agentes nocivos
reconhecidamente cancerígenos em humanos, listados na Portaria Interministerial n° 9 de
07 de outubro de 2014, Grupo 1 que possuem CAS e que estejam listados no Anexo IV do
Decreto nº 3.048, de 1999, será adotado o critério qualitativo, não sendo
considerados na avaliação os equipamentos de proteção coletiva e ou individual,
uma vez que os mesmos não são suficientes para elidir a exposição a esses
agentes, conforme parecer técnico da FUNDACENTRO, de 13 de julho de 2010 e
alteração do § 4° do art. 68 do Decreto nº 3.048, de 1999.

Em resumo, no caso em tela, ao se analisar a exposição do Requerente a


óleos minerais e ao benzeno, descabe a análise da utilização de equipamentos de
proteção individual, e o critério utilizado para caracterização da exposição habitual
e permanente ao agente nocivo cancerígeno merece considerável temperamento.

Por fim, é indispensável destacar que, não obstante ao fato de o Requerente ter
desenvolvido suas atividades em local onde há estocagem de combustíveis,
estando permanentemente exposto ao risco de acidentes, não há qualquer
menção no formulário PPP acerca da periculosidade inerente ao labor. Dessa forma,
torna-se indispensável a inspeção na empresa para a confirmação da exposição aos agentes
químicos e para a análise da periculosidade da atividade, conforme a resolução
INSS/PRES nº485/2015, in verbis :

Considerando...
c) o § 7º do art. 68 do Decreto nº 3.048, de 1999, que dispõe sobre a inspeção, se
necessário, no local de trabalho do segurado visando a confirmar as informações
contidas no Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP e Laudo Técnico de Condições
Ambientais do Trabalho - LTCAT, para fins de Aposentadoria Especial;
Art. 4º A inspeção no ambiente de trabalho terá por finalidade:
V - verificar se as informações contidas no PPP estão em concordância com o
LTCAT utilizado como base para sua fundamentação, com fins à aposentadoria
especial;
VI - confirmar se as informações contidas LTCAT estão em concordância com o ambiente de
trabalho inspecionado, com fins à aposentadoria especial; e (...)

Sendo assim, resta demonstrado que o Requerente esteve exposto a agentes químicos
e a periculosidade de forma habitual e permanente, sendo imperioso o reconhecimento das
atividades especiais desenvolvidas nos períodos de ${data_generica} a ${data_generica}.

DOS PERÍODOS CONTRIBUTIVOS de ${data_generica} a ${data_generica}.

Durante os interregnos em análise, o Requerente verteu contribuições à Previdência na


qualidade de contribuinte individual. No entanto, o INSS, sem qualquer justificativa, não
reconheceu os períodos para fins de carência e tempo de contribuição.

Ocorre que, conforme se depreende da análise do CNIS, não há qualquer


irregularidade com as contribuições vertidas.

De fato, somente para a competência referente a ${data_generica} há


indicativo de extemporaneidade no CNIS.

De qualquer modo, cumpre ressaltar que nos termos do art. 146 da instrução
normativa nº 77 INSS/PRES, o período de carência será considerado em relação ao
contribuinte individual a partir da data da 1ª contribuição sem atraso.

O §2º do, art. 146, da instrução normativa nº 77 INSS/PRES, ainda refere


expressamente que o período de carência será considerado “§ 2º Para o segurado
contribuinte individual, observado o disposto no § 1º deste artigo, o empregado doméstico,
o facultativo, e o segurado especial que esteja contribuindo facultativamente da data do
efetivo recolhimento da primeira contribuição sem atraso, não sendo consideradas
para esse fim as contribuições recolhidas com atraso referentes a competências
anteriores.

No que se refere ao computo das contribuições em questão para fins de tempo de


contribuição, há que se atentar que a normatização exposta apenas aplica vedação ao
cômputo da contribuição recolhida em atraso pelo segurado contribuinte individual para fins
d e carência. Portanto, independentemente do indicativo de extemporaneidade, é
plenamente possível considerar a contribuições de ${data_generica} para fins de
tempo de contribuição.

Diante do exposto, tendo em vista que as contribuições constam registradas


regularmente no CNIS, é imperioso o reconhecimento dos períodos de
${data_generica} a ${data_generica}, para fins de carência e tempo de
contribuição.

DA REAFIRMAÇÃO DA DER PARA DATA POSTERIOR AO


REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO EM CASO DE NECESSIDADE

Na remota eventualidade de não serem reconhecidos todos os períodos postulados,


desde já requer seja reafirmada a DER para o momento em que a Requerente adquirir direito a
aposentadoria por tempo de contribuição, concedendo-se o benefício a partir da data da
aquisição do direito, nos termos do art. 690 da IN 77/2015:
Art. 690. Se durante a análise do requerimento for verificado que na DER o segurado não
satisfazia os requisitos para o reconhecimento do direito, mas que os implementou em
momento posterior, deverá o servidor informar ao interessado sobre a possibilidade de
reafirmação da DER, exigindo-se para sua efetivação a expressa concordância por escrito.
Parágrafo único. O disposto no caput aplica-se a todas as situações que resultem em benefício
mais vantajoso ao interessado.

Por fim, cumpridos todos os requisitos exigidos em lei, tempo de contribuição e


carência, o Requerente adquiriu o direito à aposentadoria por tempo de contribuição,
tornando-se imperiosa a sua concessão, devendo o INSS CONCEDER O MELHOR BENEFÍCIO A
QUE FIZER JUS, com fulcro na IN 77/2015:
Art. 687. O INSS deve conceder o melhor benefício a que o segurado fizer jus,
cabendo ao servidor orientar nesse sentido.

ISSO POSTO, requer:

1. A reabertura do processo administrativo n° 42/${informacao_generica} e a sua devida


revisão, conforme fundamentação retro;

2. A avaliação do ambiente de trabalho do Requerente, por meio de inspeção na empresa


Planalto Transportes Ltda., a fim de confirmar as informações contidas nos PPP’s
emitidos e avaliar a exposição a periculosidade nos períodos de ${data_generica} a
${data_generica}, com fulcro na resolução INSS/PRES nº485/2015;

3. O reconhecimento, para fins de carência e tempo de contribuição, das competências de


${data_generica} a ${data_generica};

4. O reconhecimento do tempo de serviço especial desenvolvido nos seguintes períodos


contributivos: ${data_generica} a ${data_generica};
5. A concessão do benefício de APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO, a
partir do requerimento administrativo realizado em ${data_generica};

6. O requerente opta desde já, pela não incidência do fator previdenciário, caso sejam
computados noventa e cinco ou mais pontos, conforme previsão do art. 29-C, inciso I,
da Lei 8.213/91, incluído pela MP 676/2015;

7. Caso não seja apurado tempo de contribuição suficiente até a data do agendamento,
requer a reafirmação da DER para a data em que a segurada preencheu os requisitos do
benefício, com fulcro no art. 690 da INSTRUÇÃO NORMATIVA INSS/PRES Nº 77;

Nestes termos,
pede deferimento.

, 08 de dezembro de 2020.

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