Você está na página 1de 23

REVISTA Portus Cale Nº 4 – ANO III Junho 2016

Academia, se imbuiu na Defesa de uma


nova perspectiva social para um projecto
global, que contemple uma pátria universal
para a Língua Portuguesa que na sua mais
viva expressão será, a Lusofonia!

Corpo Editorial

Jacinto Alves
Joaquim Paulo
Pedro Jorge Pereira
Miguel Tato
EDITORIAL Henrique Doria

Academia do Conhecimento Portus Cale,


quanto à sua missão, será no seio da
sociedade, a partir da Cidade Invicta , criar Neste Número:
um movimento cívico de investigação,
conhecimento e intervenção social, que
aponte para a criação de um novo tipo de - Jacinto João
sociedade – uma sociedade que dê valor ao
social, às pessoas, ao humanismo integral, - Joaquim Paulo Silva
tendo por base um escopo de
conhecimentos que passa pela visão - David Rocha
espiritualista e por uma filosofia
cooperativista, nelas concentrando-se
princípios científicos, espiritualistas, sociais,
políticos e económicos, frutos originais do
pensamento cultural luso que se tem vindo
a projectar ao longo dos últimos nove
séculos!

Não tememos o futuro, porque ele se


determina na persistência, que a presente
REVISTA Portus Cale Nº 4 – ANO III Junho 2016

Um Pensamento Filosoficamente matemático e astronómico dos Maias e por


Científico e Interventivo volta de 1927, foi concluída a
chamada "correlação Goodeman-Martinez e
Hernandez-Thompson " entre a cronologia
A ENTIDADE PORTUGUESA E O Maia e Cristã. Isto significava que o
PORTUGAL DO FUTURO "começo" do "Grande Ciclo Maia" tinha sido
1ª. Parte localizado entre 6 a 13 de Agosto de 3113
a.C. no Calendário Cristão.
Na cronologia Maia a data é escrita:
13.0.0.0.0. Essa mesma data - 13.0.0.0.0.,
se repetirá novamente em 21 de
Dezembro de 2012 d.C. De facto, o que vai
exatamente suceder? Eis a grande
incógnita! Alinhamento do nosso Sistema
Solar com o Centro da
nossa Galáxia? Segundo, os Maias,
presentemente já estamos "atravessando a
radiação galáctica" provindo do Centro da
Via Láctea. O "alinhamento" em referência
irá ou já está a perturbar os campos
magnéticos do Sol e de todos os planetas
que formam o nosso Sistema? Penso que
sim!
A alteração dos "campos magnéticos da
Terra, certamente que vão alterar os
movimentos de rotação, translação e
oscilação do eixo terrestre e assim os
Há cerca de 23 anos, adquiri uma obra climas (degelo nos Polos) e
intitulada - "O FATOR MAIA - Um Caminho consequentemente a subida dos níveis dos
Além da Tecnologia", publicada pela Editora mares, cobrindo partes baixas e
Cultrix – S. Paulo, Brasil - do escritor e importantes das zonas costeiras de
investigador José Arguelles, nascido em diferentes países.
1939 em Rochester, - Estados Unidos. O
tema do livro em referência é dedicado ao Com a mudança das correntes marítimas
estudo e análise do Povo Maia e da sua influenciadas por perturbações das
cultura relativamente ao Estudo do circulações atmosféricas sem dúvida que já
posicionamento da Terra e do Sistema Solar estão ocorrendo importantes fenómenos no
em relação ao CENTRO DA GALÁXIA - a mundo e maiores ocorrências se irão sentir
nossa Via Láctea! a médio e longo prazo que naturalmente
Trata-se de um trabalho sério e digno de irão"mexer" com a flora e a fauna e
estudo. No final do Século XIX, arqueólogos finalmente com os próprios seres humanos.
e pensadores mais "científicos", como Alfred
P. Maudslay, Ernest Willem e outros, Todos estaremos atentos às mudanças que
tinham-se debruçado sobre o sistema se estão operando no mundo
REVISTA Portus Cale Nº 4 – ANO III Junho 2016

Certamente que todos nós estaremos que diz respeito à faculdade "telepática"?!
atentos a todos os fenómenos que estão Imaginem só!
ocorrendo e que vão ocorrer. Concluindo: Que implicações extraordinárias virão a
Estamos já numa fase avançada existir se as pessoas conseguissem captar
de "mudança" para pior e provavelmente os pensamentos dumas e doutras? O
para algumas outras coisas para melhor! mundo seria radicalmente virado às
"avessas"! Igualmente pela via
Nós, seres humanos teremos de começar a mental/espiritual o ser humano poderá vir a
rever as nossas posições perante nós ter acesso anovas formas de energias
próprios! Conceitos de religião, de filosofia, universais que certamente serão diferentes
política, economia, ecologia estendendo-se e superiores às energias tradicionais, tais
igualmente a outros diferentes campos! como a eletricidade; a energia nuclear e as
energias fósseis!
É interessante notar de que com
as "mudanças" que estão a ocorrer, estas, A origem do povo português representada
eventualmente, poderão exercer alguma nas raízes herdadas dos Lusitanos é muito
influência sobre a nossa formação antiga, estando os Portugueses marcados
psicossomática – alguns investigadores com dois genes muito específicos e únicos.
adiantam (a médica brasileira - Glaci Nós, Portugueses somos os últimos
Ribeiro da Silva, autora do livro “O sobreviventes de uma antiguíssima raça
Racionalismo Cristão e a Ciência ibérica pré-mediterrânica. Segundo a
Experimental – edição Centro Redentor – narrativa de Paul Le Cour – 1871/1954,
Brasil – Rio de Janeiro nos seus diversos escritor, esotérico e astrólogo francês –
trabalhos de investigação e quando se “Cadernos de Tradição – Ecos Portugueses
refere ao estudo da "Glândula da Atlântida, História e Cultura Portuguesa
Pineal" classificada pela Ciência Médica e da Lusofonia, publicação de Manuel J.
como um órgão residual, contudo e Gandra – Ano de 2004”, dizia-nos que
atualmente e por via científica estão segundo Platão no Timeu num relato de um
surgindo novas perspetivas sobre o sacerdote egípcio que uma potência militar
funcionamento e finalidade daquele órgão! se tinha lançado sobre a Europa e a Ásia e
que nesse tempo, podia-se atravessar o
O Dr. Sérgio Filipe de Oliveira, médico, mar e que havia uma ilha, em frente das
pesquisador do Instituto de Ciências Colunas de Hércules, maior que a Líbia e a
Biomédicas da Universidade de S. Paulo – Ásia reunidas.
Brasil,em seus estudos sobre
a "pineal", chega à seguinte conclusão: - Desta ilha podia-se passar para outras ilhas
A "pineal" é um "sensor" capaz de “ver” o e daí alcançar o continente oposto.
mundo espiritual, associando-o à estrutura Convenhamos que há aqui bastantes
biológica, sendo uma glândula, portanto, alusões que permitem atribuir às ilhas dos
que VIVE o dualismo espírito/matéria. Açores (ou antes, àquilo que elas
representam que são as ruínas da Atlântida!
O cérebro capta o magnetismo externo
através daquele órgão. É a glândula O povo português não é ingovernável e
Pineal que gere a capacidade intuitiva do muito menos vive além dos seus recursos
ser humano – possivelmente servindo de (conforme certos políticos nos tentam
suporte à atividade mental dos humanos no convencer) e muito menos aceitar a
REVISTA Portus Cale Nº 4 – ANO III Junho 2016

afirmação de que “não se pode esperar e o mensageiro de uma nova ideia, de uma
muito dele”. nova ideologia para o mundo! Realidade
que agora no Século XXI, a Lusofonia
Quando o povo português se torna pretende dar continuidade!
ingovernável e contrário às políticas
vigentes, significa que em Portugal e no No plano biológico a maioria dos
presente a qualquer momento poderá Portugueses (nomeadamente os de
eclodir uma forte reação social, cujas descendência lusitana, são portadores de
consequências serão sempre imprevisíveis dois genes que marcam a diferença em
(e a nossa História o tem vindo a confirmar) relação a outros povos de que não dispõem
e nessas circunstâncias de daqueles mesmos genes e são eles: - A25-
ingovernabilidade terá de emergir BIS-DR2, este gene só foi encontrado nos
naturalmente princípios paradigmáticos de portugueses de origem étnica lusitana,
auto-preservação e de autorregulação, apesar de também existir no Brasil e na
sendo subjacentes a uma sabedoria América do Norte, sendo que esta
ancestral gregária que funciona como um propagação se deve, obviamente à
corpo só através do subconsciente coletivo tendência dos Portugueses em emigrarem!
dos Portugueses!
O outro gene e o mais particular que prova
Os Portugueses são descendentes dos sermos a população mais antiga na Europa
Fenícios e filhos originais da casta Lusitana, tem o nome de – A26-B38-DR13,
mas também dos Celtas, tendo ligações (Universidade de Coimbra). Sobre este
Árabes, judaicas e Cristãs. mesmo gene só se sabe que terá existido
nos primeiros ibéricos ocidentais e dai
Na sua globalização os Portugueses poder-se concluir de eventualmente
cruzaram-se com os Africanos, com os poderem existir ligações com os
Índios Americanos, com os Asiáticos e com sobreviventes da Atlântida que quando do
os Indianos. Criaram ou ajudaram a criar afundamento desta chegaram à Península
países com características muito próprias e Ibérica há cerca de 11.500 anos.
de certo modo ligadas à nossa CAUSA que
na verdade foi e é igualmente a deles! A A palavra SAUDADE é efetivamente uma
globalização portuguesa, o “Porto do Graal” palavra com uma profunda e muito antiga
emergiu de pequenas e grandes colónias e significação mítica e naturalmente subjaz de
feitorias tornadas mais tarde em províncias forma inequívoca no inconsciente coletivo
ultramarinas espalhadas por todo o mundo, do povo português e a recordação oculta do
o que se poderá concluir que a partir do “Paraíso Perdido” que foi a Atlântida e essa
Conde D. Henrique, pai do Primeiro Rei de recordação foi-se cristalizando ao longo de
Portugal, D. Afonso Henriques havia um milhares de anos na mente dos
Projeto Global de tornar Portugal não numa Portugueses e daí a causa ou a razão
metrópole contida num pequeno retângulo desse misterioso sentimento que se chama:
geográfico, mas sim satisfazer uma SAUDADE!
necessidade imperiosa ao mesmo tempo
material e espiritual de libertação e O Sentimento da SAUDADE está
expansão e daí a pretensão histórica de intimamente ligado ao conceito
“dilatar a Fé, o Império e as Terras Viciosas” de LUSOFONIA e daí ter havido a
tornando Portugal no Mítico Porto do Graal necessidade da criação de um PROJETO
REVISTA Portus Cale Nº 4 – ANO III Junho 2016

UNIVERSALISTA (que nasce com os Real, no livro de sua autoria – Nova Teoria
Templários em Portugal) que os primeiros Sobre o Sebastianismo – – 1ª. Edição – D.
portugueses pretenderam desenvolver e Quixote, faz uma extensa análise na base
esse mesmo PROJETO UNIVESALISTA da Historiografia Portuguesa sobre o Mito
tem vindo a ser traduzido por portugueses, do Sebastianismo/Quinto Império em que
tais como: Padre António Vieira; Fernando duas correntes de opinião se dividiram entre
Pessoa e Agostinho da Silva. Infelizmente os investigadores e historiadores
esse mesmo Projeto corporizado nos portugueses.
LUSÍADAS do nosso épico Luís de Camões
e em MENSAGEM do poeta iniciático Diremos que ambas as partes têm a sua
Fernando Pessoa e na “História do Futuro” razão, sendo perfeitamente válidas as
de Vieira tem vindo sistematicamente ser respetivas teses que defendem, contudo, na
deturpado por maus políticos que em nossa opinião e na realidade configura-se
Portugal pretendem transmitir uma falsa uma terceira via a qual dá pleno
democracia que em nada serve o Povo fundamento ao Mito do Sebastianismo, uma
Português e apenas serve os interesses vez que historicamente a introdução da
das elites formadas por falsos portugueses Inquisição em Portugal por D. João III; as
que apenas visam a defesa dos seus Invasões Francesas, no início do Século
interesses pessoais e de classe em XIX, dizimaram cerca de 10% da população
completa oposição às necessidades reais portuguesa e a Ditadura de mais de 40
de um povo simples, honesto e trabalhador anos em Portugal durante o Século XX,
que são os Portugueses! pesaram profundamente no espírito coletivo
do Povo Português.
No que diz respeito especificamente na
Historiografia Portuguesa à origem e Na Historiografia Portuguesa quanto à
desenvolvimento do Mito do Quinto Império verdade sobre a consistência, natureza e
Português divide-se por aqueles que o razão válida que defendem tal mito, agora
defendem e aqueles que o consideram pós transformado em teoria e essa teoria
25 de Abril de 1974, como meio e fim convertida em doutrina – a Doutrina da
esgotados e segundo Oliveira Martins, Cidadania Social versus Doutrina do Quinto
considera que com as liberdades cívicas, o Império ou seja: a Doutrina da Verdade,
avanço dos costumes e o progresso técnico cuja apresentação e desenvolvimento é
realizados pelo Liberalismo deram-no como feito no meu segundo livro – “Ensaio Sobre
findo, considerando-o uma relíquia do a Doutrina do Quinto Império- Uma Nova
passado ou ainda uma espécie de marca Perspetiva Social “publicado em 2013 pela
cultural, mítica e mitológica do pretérito Chiado Editora.
histórico de Portugal!
Dando a devida razão a ambas as partes
Igualmente nas perspetivas de Lúcio de defensoras e não defensoras do Mito do
Oliveira e António Sérgio que com as Quinto Império, procurámos desenvolver
ocorrências do republicanismo; o uma terceira via que efetivamente passa
positivismo e o racionalismo, esgotaram e pelo desenvolvimento da espiritualidade do
mataram o Mito do Quinto Império e com ser humano que apoiado plenamente pela
ele, naturalmente o Sebastianismo! investigação científica procura-se a
descoberta e conhecimento do mecanismo
O nosso ilustre escritor e historiador Miguel das leis universais, as mesmas leis naturais
REVISTA Portus Cale Nº 4 – ANO III Junho 2016

que regem o nosso próprio mundo e do organização universal, o que numa


Universo na sua imensidão cósmica, perspetiva maçónica tornou-se por direito
contendo em si um número incontável de próprio num Arquiteto do Universo!
mundos e sistemas estelares, os quais e
em conformidade com essas mesmas leis Este tema foi inspirado na base da narrativa
assistem numa escala própria um número, contida no meu terceiro livro – o romance
diremos quase infinito de vidas inteligentes. iniciático “ Num Dia do Amanhã” a publicar
A transformação e a Evolução, são os brevemente. Seria interessante verificar que
elementos básicos que dão sustentabilidade o grande projeto do Quinto Império
à Força Criadora ou Inteligência Universal Português, sonhado pelo nosso Rei D.
ou ainda a ação desencadeada pelo Sebastião que na histórica batalha de
Grande Arquiteto do Universo, (Deus) a Alcácer Quibir para a conquista do Norte de
suprema Causa de tudo quanto existe! África – Marrocos, sofreu uma derrota no
dia 4 de Agosto de 1578 na Batalha dos
O ser humano ao longo de muitos milhares Três Reis que foi travada numa região entre
de anos esteve sempre sujeito a uma Tânger e Fez. Vejamos então o que iremos
constante transformação do seu corpo encontrar em termos de previsões
somático e a uma progressiva evolução do desenvolvidas no meu já referido novo
seu espírito passou por uma longa e romance e relativamente ao ano de 2040
dolorosa fase de animalidade compreendida sobre Portugal. Portugal passará a dispor
pelo instinto e volvidos esses mesmos de uma superfície marítima e terrestre
milhares de anos veio a conquistar um novo correspondente à sua antiga ZEE – Zona
atributo espiritual conhecido pelo “livre Económica exclusiva ampliada pela
arbítrio”, portanto, passando a ser detentor Plataforma Marítima Portuguesa de mais de
da capacidade do raciocínio e de ter a 3.877.408 kms2, área correspondente à
liberdade de tomar decisões por si próprio, superfície da Índia, tornando-se num dos
ultrapassando assim as barreiras naturais maiores países a nível planetário!
de um universo tridimensional, conseguindo
cognitivamente alcançar uma nova No que se refere à Plataforma Continental
dimensão não já física, mas sim Portuguesa, a maior do mundo segundo
pertencente a outras e superiores afirmações do Ilustre Professor Adriano
dimensões do Universo! Moreira que no seu livro intitulado
– “Memórias do Outono Ocidental – Um
Em face da constante evolução espiritual do Século Sem Bússola”, publicado pela
ser humano, este já está, agora em pleno editora Almedina, em Novembro de 2013, a
Século XXI, próximo de se libertar da páginas 212, diz-nos:
condição do “livre arbítrio” não precisando
deste e deixando de se debater entre o ser “ … O seu reconhecimento pela ONU
e o não ser; o certo e o errado, pois em estava anunciado para 2013, mas como
termos de natureza cósmica o espírito vimos já foi transferido para 2015. Acontece
humano atingiu um estado de grande que o Presidente da Comissão Europeia
desenvolvimento moral e intelectual que lhe anunciou, como disse, em discurso
vai permitir pela via da intuição alcançar um proferido em Portugal, o projeto em
conhecimento de si mesmo e do próprio definição de um mar europeu. No caso de
Universo, sabendo perfeitamente qual a sua este projeto se concretizar antes da
responsabilidade e função na própria aprovação da Plataforma Continental, logo
REVISTA Portus Cale Nº 4 – ANO III Junho 2016

vem à memória 1890, com todos os países


da União Europeia a exigirem participação
no património então comum …”

Agora em 2016 temos conhecimento de que


ainda nada foi feito pela Comissão Europeia
quanto ao reconhecimento da soberania
portuguesa sobre a Plataforma Continental.
O Professor Adriano Moreira refere-se ao
ano de 1890 quando a Inglaterra nos impôs
um “ultimato triste e vergonhoso na célebre
conferência de Berlim onde a Inglaterra; a
Bélgica; a Alemanha e a França disputaram
e dividiram então aquele vasto território
africano que ligava o Atlântico ao Índico,
saindo Portugal vergonhosamente
derrotado com a disputa do “mapa cor-de-
rosa”!

Nós acompanhamos o pensamento


do Professor Adriano Moreira! Será que
vamos ter um segundo “mapa- cor -de rosa”
com a nossa Plataforma Continental? E
virmos mais uma vez a sermos esbulhados
no nosso “espaço marítimo” pelos países
poderosos e gananciosos? É esta a grande
questão que vos deixamos! Pensamos ser
necessário e oportuno a partir da cidade do
Porto criarmos uma Frente Unida Patriótica
mobilizando os Portugueses numa ação
nacional no sentido de serem defendidos os
superiores interesses da Nação e neste
caso muito particular o povo português
exigir ao Governo de Portugal que assuma
uma postura firme, esclarecida e
determinada na defesa da "Plataforna
Continental Portuguesa"

Jacinto Alves – Escritor e ensaísta e


membro fundador da ACPC
REVISTA Portus Cale Nº 4 – ANO III Junho 2016

I O Paradigma Eco- Ético-Social

A Construção do Paradigma
Eco-Ético e Social
Nas Relações Humanas do Século XXI Abertura

Tenho desenvolvido uma ideia central e chave


relativamente à evolução humana que passa pela
concretização de um Novo Paradigma, que
venho a designar por Eco- Ético e Social.

Eco, porque implica uma nova e urgente relação


com a natureza. Ético porque nos impõe uma
centralidade dos valores na ação humana, com
um outro rigor e vigor. Social porque não há
possibilidade de salvação ecologógica e ética, na
fase de risco total da humanidade, sem uma
reorganização social real, baseada na economia
suficiente e na abolição da exclusão social.

O século XXI tem de se balizar por estes três


pontos centrais, sob pena da própria existência
Valores Fundamentais: humana.
Ética – Humanismo – Espiritualidade –
Filosofia Eco-Social - Cultura
- A Bifurcação

“ Procurei saber se Erasmus de Roterdão era Um novo Modelo, um outro Pensamento e


deste ou daquele partido. Mas alguém paradigma diferente, urge desenvolver
respondeu: «Erasmus est homo pro se» “ como alternativa à destruição dos laços,
das relações, das economias, das culturas;
a reformulação pela preservação do
essencial da organização ecológico-social,
transformando no entanto o caráter
destrutivo que a competição económica e
financeira nos lega como molde desta vaga,
numa caraterística cooperativa, partilhada,
suficiente, de base económica-social, ou de
economia social em escala alargada,
controlando a erosão dos nichos
ecológicos, e a ditadura da tecnologia.

Chegamos à situação mundo atual, que


REVISTA Portus Cale Nº 4 – ANO III Junho 2016

Lazlo (….) define exatamente como de dimensão mundial em função do processo


Bifurcação (ponto de escolha entre de globalização ou de compressão. Na
caminhos), de bifurcação económica e economia, na demografia,
social. Porque a origem da bifurcação é a desenvolvimento/versus/ecologia, nos
escolha. recursos energéticos tudo está em crise, ou
Escolha entre dois caminhos: coloca a humanidade em crise.
- Alterações Climáticas/Do ecosistema bio
planetário/ Fim das Espécies – Grupo
Humano em risco ➢ A desregulação económica mundial
• Transformações, em
consequência: Na dinâmica O mercado mundial pode ser considerado
Populacional/Eco-Social/ como um sistema auto-eco-organizador
Tecnologização do Mundo: (Morin, 1993). Ou seja, produz as sua
✔ - Crise demográfica própria organizações e interage com outros
✔ - Crise ecológica sistemas. O problema é que o mercado,
✔ - Estado de Carência Recursos como saber económico, se fechou na sua
(Organização Social) própria bolha, ignorando as demais
✔ - Disparidades Económicas dimensões antropológicas, sociais,
✔ - Crise Social, Cultural e de Valores psicológicas e políticas, pelo contrário pela
de Civilização força atratora impõe-se ás outras
✔ - Os quatro mundos ( Desigualdade dimensões, desregulando as mesmas.
Globalizada) Numa dialógica mundial a economia
mundialização, por entre forças de
- Ou se agrupa, reorganiza, transforma os integração e desintegração, culturais,
valores, difunde a cultura e a civilização/ou psiquicas, sociais, políticas, derivadas do
o caos, a desigualdade de uma nova próprio sistema neo liberal, ou seja desde
esclavatura/ os Estufianos e os Habitantes 1973, da crise petrolifera que prenunciou
do mundo Tecnologizado contaminado, tudo este nova era mundializada, de economias
se tornará num processo gradual de interdependentes, aonde o poder das
barbárie e fim da civilização. nações transita para os grandes centros
Esse é o momento em que se situa, esta financeiros, criando, simultâneamente
bifurcação. Qual dos caminhos, será o ideal igualdades e desigualdades, mas
para evitar o Caos e potenciar o fim do sobretudo as desigualdades de larga escala
Grupo Humano? mundial entre países e zonas do globo,
cavando um fosso enorme entre 10% da
população mundial e os outros 90%. Sem
regulação é uma espécie de “cavalo doido”
que destrói vidas à toa, culturas, economias
II. PROBLEMAS DECISIVOS PARA O nacionais e o próprio Estado Social...
SÉCULO XXI: Na verdade o crescimento económico,
melhor dos mercados financeiros mundiais,
- Agonia Planetária provoca novos desregulamentos financeiros
pela aumento da imprevisibilidade e do
Ao longo do século XX desenvolveram-se caos, pelo aumento da ganância e do lucro.
os problemas fundamentais que se Criando um processo multiforme de
tornaram, , de um modo, eco-ética crises de degradação da psicoesfera (das nossas
REVISTA Portus Cale Nº 4 – ANO III Junho 2016

vidas mentais e afetivas e morais), em deste século uns dramáticos 45 milhões de


simultâneo com a biosesfera. O perigo de cidadãos planetários!
uma Economia desregulada que só pode E mantendo-se o nível de
responder uma regulação Eco-Social.
Nas palavras de Edgar Morin (1993), “pôs
em marcha uma competição infernal e
insensata internacional que visa a procura a
todo o custo de excedentes de
produtividade, que em vez de repartidos ➢ A Crise Ecológica
entre consumidores, trabalhadores e
investidores, são consagrados à A Crise Ecológica interliga-se com o
compressão dos custos para novos paradigma de desenvolvimento humano,
excedentes de produtividade, desregulando que desde o século XIX, através da
os ritmos humanos e os equilíbrios implantação da sociedade industrial e do
civilizacionais. capitalismo acumulativo, gerou uma ideia
de desenvolvimento infinito, num contexto
planetário de recursos finitos.
➢ A Desregulação Como vimos já, desde o século XIX que a
Demográfica Mundial sociedade industrial está organizada de
acordo com o modelo mecano-produtivista
A desregulação demográfica é um dos positivistia: progresso científico=progresso
fatores mais importantes, neste processo técnico= desenvolvimento económico=
civilizacional agonizante. progresso socio cultural.
O crescimento populacional foi de tal ordem A destruição da bioesfera, traduz o aspeto
– em 1800 a humanidade situava-se nos mil meta nacional da destruição do ambiente,
milhões de seres humanos, hoje andará planetário do perigo ecológico. A primeira
pelos 7 mil milhões, em apenas 200 anos denúncia ou alerta surge em 1969 com o
cresceu milhões de vezes mais que toda a relatóro Meadows, pelo clube de Roma em
história humana neste planeta. 1972. A partir daqui as denúncias e
profecias apocaliptícas sucedem-se face á
As possibilidades de subsistência da evidências dos resultados de um
humanidade face aos recursos e exigências desenvolvimento baseado apenas na
tecnológicas começam a escassear, com a Tecnologia e o grau de destruição quer das
previsão de fomes generalizadas, falta de espécies, quer dos recursos, quer dos
recursos potáveis, migrações em massa, equilibrios ecológicos, quer da bioesfera.
convulsões sociais e políticas em As catástofres ecológicas que seguem são
consequência. determinantes para o cimentar da ideia do
Esta situação mais grave é quando a subida caminho para o desastre: Seveso, Bhopal,
demográfica se verifica nos países em Three Miles Island, Chenobyl, seca do Mar
desenvolvimento, ou pouco desenvolvidos e Aral, poluição do Lago Baical, cidades no
portanto “obrigados” a empurrar o mundo limite da asfixia (México, Atenas). Percebe-
para a combustão fóssil, que destrói a se que a ameaça ecológica ultrapassa
nossa bioesfera. fronteiras: p.e. a poluição do Reno diz
Na verdade a dimensão da situação da respeito à Suiça, à Alemanha, Holanda,
explosão demográfica ainda incontrolável França, Mar do Norte. Chernobyl invadiu e
no terceiro mundo, que pode atingir no final ultrapassou o continente europeu, etc...
REVISTA Portus Cale Nº 4 – ANO III Junho 2016

Contaminação das águas, envenamento ideológico/cultural, mas mãos de um


dos solos, chuvas ácidas, depósitos de pensamento obsessivo aquisitivo e
resíduos perigosos, desflorestação, vazio.Porque os dois grandes modelos em
urbanização maçica das zonas costeiras, as que assentou o desenvolvimento partiram
emissões de CO2, intensificando de estufa de dois paradigmas económicos –
e dimuindo a camada de ozono, capitalismo e sociaslismo – diferentes – um
aumentando o buraco de ozono na assente no mercado (capitalismo), outro
antartida, enfim um mundo em completo assente no Estado (socialismo) como os
perigo pela via de uma descontrolada grande motores do desenvolvimento social,
tecnologização e em nome de um tipo de cultural, humano. Partiram de uma premissa
desenvolvimento, de uma via só da variedade que o ser humano é
composta, o desenvolvimento económico,
portanto unidimensional, capaz de mobilizar
um desenvolvimento total. Afirmando-se no
➢ Crise do Desenvolvimento entanto totais, como pretendia a
Modernidade, acabaram por se tornar,
A questão do desenvolvimento, e da crise ainda que demodo diverso totalitárias e
do modelo que tem vigorado, pela policrise portanto colocando definitivamente em
que criou, é fulcral na mudança que causa o desenvolvimento global pretendido.
pretendemos operar na existência do ser De um lado o Mito do Mercado e o outro o
humano atual, com o paradigma Eco-Social. Mito do Estado,ambos como solução para
Esta noção unidimensional de os problemas que a Revolução Francesa e
desenvolvimento está associada à Industrial vieram mostrar ao mundo, como a
aquisição, ao ter, à matéria, ao imensa desigualdade, a injustiça, a pobreza
desenvolvimento da tecnologia, destruindo como causa divina e não social e
séculos de cultura humanística e tradição, económica, a doença grassando também
de crenças e tudo aquilo que construiu a aos designios divinos. Contrapondo a tudo
anima humana e as relações, por uma isto uma nova fé na Ciência nascente e
conceção utilitarista da vida e das relações seus derivados as técnicas e tecnologias.
humanas e sociais. Uma visão não humana A visão Económicista, quinquenal do
e hiper racionalizada da vida e das Socialismo, ou tecnologica/consumista, são
sociedades. ambos bárbaros na sua aplicação, porque
A Crise da Ideia de desenvolvimento existe tendo por ideal primeiro a superioridade do
porque ao invés de a visão unívoca do pensamento positivo e da Ciência sobre os
desenvolvimento conseguir unir a demais conhecimentos, eliminando-os de
humanidade e colocar os seres humanos modo bárbaro, erradicando-os lenta mas
em situação de grande felicidade e gradualmente das universidades. No caso
sustentabilidade para o futuro, aliando a do capitalismo, ou dos países capitalistas, a
ciência à tradição. espiritualidade e o conhecimento folclórico e
Mas nada disto aconteceu, a Modernidade a filosofia, ainda impante nos anos 60 do
separou tudo, cultura e humanidade, século XX, mas acabou derrotada
Tecnologia e história, filosofia e ciência, totalmente pelas tecnologias. No caso do
progresso e espiritualidade, ação Comunismo, a espiritualidade e o
instrumental e ética. conhecimento tradicional foram
Desuniu os seres e colou-os, transformados em meros mitos explicáveis
desamparados sem cimento à luz da razão e do ideário Comunista que,
REVISTA Portus Cale Nº 4 – ANO III Junho 2016

como Niecthe expulsou Deus do universo especializadas, aumenta em proporção o


Humano. A submissão da humanidade a subdesenvolvimento relacional, ético, do
uma razão mutilada e a um pensamento próprio sentido do ser e do amor. E tudo isto
cego - que tinham por base um grande ideal acompanhado pela destruição bárbara do
de fraternidade e de abolir a exploração do eco-sistema, a que não se corresponde
homem pelo homem paradoxalmente - uma emergência fraterna e de
conduziu o Comunismo á sua auto desenvolvimento de uma consciência
destruição por não ter capacidade de “simpática”.
regeneração, não abrindo espaços à Enquanto este subdesenvolvimento
respiração do pensamento; ao estado psiquico - espiritual durar, as nações que
agónico da outra forma de socialismo, a pretendem se desenvolver do mesmo modo
social democracia, porque dependente do que os desenvolvidos cometem os mesmos
capitalismo financeiro e da capacidade da ou piores erros, pois efetuam dum
economia de manter unidos entre si os desenvolvimento desordenado, sem metas
objetivos de redistribuição (através da ideológicas, baseado na exploração e
valorização do trabalho e do Estado Social degradação social e ambiental. Em todo o
de suporte na doença e no desemprego), mundo cresce, por inverosimel na Era
acabando engolida, após o fim do Planetária, um número crescente de
comunismo pela Neo liberalismo que deixa exércitos privados, de retorno dos
para tráz o ideário fraterno, mas continua fanatismos nacionais e religiosos, sem um
com a destruição das sociedades e da centro ou uma organização humanista
natureza. capaz de impor o ideal de Civilização
A grande lição é que tudo o que é versus Barbárie. A miséria material dos
económico e tecnologico é mais bárbaro desenvolvidos contribui para a miséria
que civilizador e portanto deve estar económica dos subdesenvolvidos e tudo
integrado numa política do Homem e do isto contribui para a corrupção geral, o
Planeta, de uma política de Civilização. avanço do crime global, os políticos das
O Desenvolvimento terá de outra forma: o democracias autênticos reféns desta nova
desabrochar das autonomias individuais e, ordem , dos novos senhores do mundo, que
ao mesmo tempo, o aumento das mandando no capital, brincam com a
participações comunitárias, desde as desordem mundial.
participações proxémicas às participações
planetárias. Mais liberdade e mais
comunidade. Mais ego menos egoísmo ➢ A Balcanização do Planeta
(Morin, 1993).
Ao contrário do Desenvolvimento total, nos Ora a desordem mundial gera uma
países ditos desenvolvidos nos planos “balcanização do planeta”, mergulhado em
económico/tecnológicos, o guerras dispersas entre nações, ou novas
subdesenvolvimento é a característica guerras da Religião, genocídios em série,
principal porque ela está no centro do ser, guerras civis, movimentos desordenados e
situa-se no plano moral, psíquico e ou desorganizados, guerras “frias” pelo
intelectual. Penúria afetiva e psíquica, domínio dos recursos energéticos e todos
miséria mental alimentada pelos vorazes os outros.
financeiros, proliferando com as ideias ocas Não existe um centro em concreto. Mas os
e visões sem perspetiva global. O aumento grandes Estados-nação estão confrontados
das qualificações, meramente tecnicas e com problemas que os ultrapassam.
REVISTA Portus Cale Nº 4 – ANO III Junho 2016

Problemas de dimensão planetária como da


Economia, do Desenvolvimento, da
Civilização Tecno – Industrial, da
Degradação Ambiental, da Escassez de
Recursos, do Tráfico de Seres Humanos e
da Nova Escravidão, deixam impotentes os III. A Escolha Eco – Ética e Social
governos e os Estados, gerando reações
em cadeia de novos nacionalismos e
fascismos, uma recolha sobre si mesmo Perante esta escolha, expostos, temos de
traz novos perigos de guerras e conceber um novo modelo de relações
antagonismos. E os antagonismos entre as sociais, baseado no paradigma Eco- Ético e
nações reativam o antagonismo das Social. Um modelo que deve basear-se na
religiões, principalmente nas “velhas” zonas reconstrução dos laços sociais, com a
nucleares do mundo, como a Índia e o natureza e de economia suficiente.
Paquistão, ou no Médio Oriente. O
antagonismo entre modernidade e tradição, Como diz Ruffié (1988), daqui para a frente
agrava o antagonismo entre temos de nos guiar não pelos interesses de
modernidade/fundamentalismo, alimenta dinheiro, mas sim pelos interesses do
dois fundamentais : o antagonismo Norte homem.
/Sul e Ocidente/Oriente no Planeta (Morin, Os governos são tentados apenas a gerir as
1993) Crises, mas sem êxito apenas as
Estes antagonismos, constituem-se prolongam porque têm de fazer escolhas de
verdadeiras zonas sísmicas mundiais, fundo e de alteração do padrão de
zonas mescladas organização, e sózinhos sentem-se
etnicamente/culturalmente e ao nível impotentes face à avalanche de poderes
religioso, como a que vai da mais fortes globalizados.
Arménia/Azerbeijão até ao Sudão, com Uma das escolhas essenciais é conseguir
fronteiras arbitrárias, pseudo Estados, que novas formas de cooperação Eco-
exasperações de toda a espécie. Socio-Económicas, baseadas na
Deste modo, e enquanto durante o século cooperação, ou seja conseguir níveis de
XX a globalização económico/tecnológica organização transnacionais, reunindo
criava uma civilização global, a Tecnopolia, Estados/Sociedades, unidos por fatores
também retalhava pela força do Novo sobre geográficos/culturais/económicos e ou
o tradicional, um tecido planetário único em outros, mas que permitam sobretudo, evitar
Nações e Regiões, conduzindo a duas a urgência da disputa, pela emergência de
guerras mundiais, à guerra fria, e no século uma Economia Transnacional, Cooperativa
XXI a uma espécie de guerra planetária e Suficiente. Novas organizações que
generalizada, mas não assumida, pelos partilham, e criam redes internas de
senhores da Tecnopolia. Uma Era Bárbara comunicação rápida, gestão da energia,
se instala e balcaniza o mundo, confrontado água, recursos alimentares. Urge a criação
com a II- Hiper Escolha: Civilizar ou Morrer. pois de um paradigma de estrutura orgânica
organizativa que supere a noção de
identidade nacional, por uma base de
identidade supra nacional ( por exemplo
Europa; ou a Lusofonia em países de língua
portuguesa). Um país, mesmo poderoso,
REVISTA Portus Cale Nº 4 – ANO III Junho 2016

depressa deparará com o malogro total se valores universais e permanentemente


quiser mudar a forma como funciona a válidos.
“máquina mundo sócio-económica e A crise de valores da nossa época é negá-los.
política”, devido ao poder dentro da Os valores absolutos são considerados ideais,
máquina mundo que “a cultura agressiva do abstrações a atingir. Só existem valores
lucro e da ação meramente relativos porque são temporais e próprios da
instrumental/individual”, possui colocando pessoa e ou grupo que os realiza.
os “rebeldes” no plano da exclusão, sejam Na verdade os dois fenómenos de
indivíduos e ou nações. relativização dos valores e a opção por uma
vida sem reflexão sobre a ação, dominada
pela consumo como antivalor decisivo,
O Modelo Eco- Ético e Social colocam sobre a Ética uma pressão grande
- O Caminho Múltiplo para ressurgir, tendo sempre como rival a
moral, ou a visão acultural da ação humana.
1 - Progresso como evolução dos Valores A centralidade dos valores, e portanto de uma
Ética, é uma necessidade imanente e de prova
Toda a conduta humana é manifestação de de vida, face à tecnologização.
um propósito e ou intenção de satisfazer uma
necessidade em contexto e ou situação, sendo
que essa energia deve ser guiada por A ética, pois, esclarece-nos que valores são
caracteres que tornem desejável essa princípios ou ideais que se impõem como
realização. Esses caracteres são chamados categorias que devem conferir sentido aos
valores. comportamentos/condutas do homem na cidade
Os valores expressam a relação que existe (na polis), por exemplo, os valores da dignidade
entre a pessoa e seus juízos de valor e o objeto e da justiça social. O tempo que vivemos é o que
em questão. Relação que pressupõe ação, pois Lipovetski define como do “Efémero” ou do
ao reconhecer esses valores tendemos a “Vazio”. Efémero e vazio implicam um declínio
aproximar-nos deles. dos valores éticos na sociedade, ou no contexto
Os valores são sempre vivenciados das relações sociais.
individualmente, mas no contexto social A centralidade dos valores éticos no campo do
extraem da cultura as formas de Serviço Social (como aliás no campo das
comportamento e as experimentam. Atua na relações sociais), extrai daqui um conflito base, é
sociedade de acordo com os valores que a sua o novo contexto onde o Serviço Social actua e
cultura lhe confere. Por isso os valores são interage com os campos do conhecimento e da
distintos conforme o ambiente social e regulação social . E há um novo contexto,
cultural dominante olham os atos do Homem. derivado da globalização informacional ou da
A Ética poderá ser pois um conjunto de sociedade da informação (Castells), que nas
normas que dirige o homem para um fim. A palavras de Fernandes (2007), reforça a cisão
felicidade por exemplo é um fim em si, mas de (face à tradição e à modernidade), da tríade
perspetiva variável culturalmente. Dá sentido verdade - bem e belo, desvalorizando o ideário
ao comportamento do ser humano. dos valores éticos, pelo declínio da modernidade.
Costuma-se classificar os valores em absolutos
e relativos. Sobre os primeiros pretende-se O Paradigma Eco-Ético e Social é
construir uma moral baseada autoridade assumidamente um projeto de Valores (ético),
absoluta, exterior ao homem, criadora de um projeto que questiona o Ser Humano em
construção, e o mundo (eco) em que se constrói.
REVISTA Portus Cale Nº 4 – ANO III Junho 2016

almoço em café”, objeto da critica, pela classe


E portanto um processo ao qual não chega média (em queda segundo Elisio Estanque,...).
apenas implicar o Código Deontológico, como O Bem estar, diz respeito á dignidade, que se
vimos anteriormente, isto é tem de se implicar funda na liberdade, que tem centro na equidade e
naquilo que se define como a “promoção do não discriminação, cujo foco é a justiça e seu
bem-estar, o auto conhecimento e a valorazição acesso equânime, e cuja responsabilidade social
dos indivíduos, grupos e comunidades..”, ou dos agentes é fundamental, diremos mais,
seja, eticamente, tem de definir bem melhor o Responsabilidade Eco-Social: com o ser humano
que é o Bem-estar, partindo de uma perspetiva e a natureza.
ecologica, ou seja, que não é sem dúvida mais O projeto éticovincula-o a “uma construção da
mercado, mais consumo, mas mais ser, mais ordem societária que permita o desenvolvimento
dimensão consciente, outra dimensão que não dos seres humanos, salvaguardando o equilíbrio
seja de aquisição, mas de encontrar, no processo ecológico e os direitos das gerações vindouras”.
associativo e cooperativo, para além do interior,
dentro de si próprio, os recursos que a Pelo que a prática ética, dos valores, e a sua
comunidade não consegue já possuir, ou centralidade, é uma prática ecológica, porque
oferecer. Participação consciente na construção parte, hoje da construção de novas sociedades
da vida pessoal e da sociedade. baseadas em recursos escassos, e no risco global
Consciente, ética e ecologicamente envolvidos ecológico. Os valores em construção, implicam a
na participação de uma vida económica cooperação e associação, a economia suficiente
suficiente, espiritual e culturalmente enriquecida, social, a partilha desses recursos.
por uma participação política total e
comprometida. Dignidade e não aumento de capacidade de
consumo que pode presumir, colapso imediato e
insustentabilidade para as gerações futuras.
O referencial ético, ou seja, a construção do
sujeito ético, presume a atualização do conceito Centralidade dos valores e da dimensão eco,
ético, em cada um dos valores que nos implicam global, na prática profissional, e na conceção do
numa nova retórica do Ser, liberto do domínio ethos do serviço social.
do ter, das “coisas”, porque a ética nos convoca Ciência e técnica – com consciência e ética,
para as causas e não por coisas, as coisas tem predominando do centro de uma ação, eco-ética.
preço, o homem dignidade (Fernandes, 2007). Uma nova Ordem ética, cuja centralidade seja
ecocêntrica, visando o equílibrio da comunidade
terrestre. Para isso, o processo de
Ora a construção dessa dignidade, passa pela desenvolvimento ético do serviço social, é
centralidade dos valores, como participação organizar-se de acordo com o paradigma, e ser a
consciente, na vida em sociedade, como ponte para a aliança necessária entre entre as
consciência vital do mundo, que ultrapassa a pessoas e povos, de modo a serem aliados neste
mera conceção do aumento de renda, e o processo de transição dolorosa, para uma
processo limitado ao consumo, como centro de economia suficiente e de rejeição dos
uma economia de “recuperação” da exclusão, depradadores do Mercado, aliados uns dos
que convoca medidas tão imporatantes como o outros, sob o signo da fraternidade, no campo da
RSI (ou Bolsa família no Brasil), para uma justiça social e da visão eco-social (ecologia-
visão, limitadora (de senso comum, mas de economia e sociedade) como uma reconstrução
encontro ao consenso consumista), em torno, dos da solidariedade, a partir de baixo, da
gastos com o consumo de bens, como “pequeno experiência ética com o outro (que é também um
REVISTA Portus Cale Nº 4 – ANO III Junho 2016

coletivo – comunidades e nações), capaz de ilimitado, para uma economia do suficiente,


reorientar o Estado Social, não para a submissão centrada na vida das pessoas, na natureza,
a um Estado Privado e delapidado, mas um portanto não supérflua, que seja ecológica e
Estado Gerido, pela comunidade, subjacendo a portanto se interligue e aproveite os
ética do bem-comum, da redistribuição, do PIF, recursos, de forma não exploradora, mas
como objetivo, do SER como ómega ponto de integradora, na participação de todos na
asserção. sua sobrevivência e meios de vida.
Escolher formas ético-eco-solidárias, mais
A ética é central para a recuperação do Ser, nobres e espirituais, cada satisfação tem
como profissional de valores e do cidadão, como O foco, é como ir mais além face a este quadro
cidadão de partilha, averso ao utilitarismo. Uma reconhecido e conquistado no propósito do
ética, estética. empowerment ecológico, que é sócio-político
das populações. A reconstrução económica é
Sem dúvida que a emergência e a generalização essencial. Vimos em Boff (1996), que um dos
da tecnociência explicam, a necessária movimentos essenciais é contra a economia do
deslocação da ciência, para a centralidade dos ilimitado, mas por uma economia do suficiente,
valores, ou seja uma ciência também moral. num contexto de recursos escassos, mas
Porque a ação substituiu a contemplação, e ilimitadas alianças entre a ciência, a tecnologia,
portanto a inscrição ética é fundamental, é uma a natureza e o ser humano.
marca que terá definir a centralidade da ação, O coletivo toma novamente importância pela
que sucumbiu, num tempo á neutralidade organização de comunidades de “economia
científica. suficiente solidária”, sem desperdicios, avessa á
Como nos diz Prigogine, “uma ação acumulação, á competividade, á exploração
manipuladora, criativa, mas respeitadora da humana. Partilha é a base.
natureza”, ética em suma! Uma ética que será Atacar a solidão, do idoso abandonado, por uma
das coisas, mas também das pessoas. nova política de comunidades, utilizando as
redes tecnológicas de alerta, utilizando uma
Uma epistemologia estética, que permite á ética, espécie de sentinelas permanentes; mas também
demonstrar como a centralidade dos valores é atacar a solidão daqueles que se refugiam por
necessária para evitar que a barbárie se instale na assumirem na psicoesfera dominante que foram
produção do sistema científico, e em particular, os perdedores do mercado; unindo os sobre
na construção das tecnologias sociais, como endividados em grupos de partilha e
“produtos”, ou evangelhos da comunidade comunidades de mercado solidário, assumindo
científica, porque os objetos empiricos se situam em grupo os processos de mudança para uma
fora da comunidade científica e seu uso e ação vida útil, suficiente, não orientada para o
escapam ao próprio controle, Uma epistemologia consumo e de combate aos mercados, aos
estética, porque ética! agentes financeiros á agiotagem. Cooperativas,
associações, mutualidades, todo o tipo de
organizações, cujo escopo e fim é a
reintroidução do principio da crença na bondade,
na comunidade contra a exploração e pelos
principios da não acumulação, da liberdade sem
2 - Principio da economia suficiente e do ter como condição a adesão ao mercado
consumo saudável usurpador da mesma, da solidariedade real na
conquista de processos colectivos identificadores
Contra a economia do crescimento de pertença. Requalificação humana por um
REVISTA Portus Cale Nº 4 – ANO III Junho 2016

ethos consistente que afirme na práxis a no paradigma da complexidade, consumo e


alternativa da participação real, da libertação do progresso não são de modo nenhum, forma e
mercado pela construção de mercados consequência, não se trata de mecanicismo
alternativos, de produção conjunta de energias social (modelo Newtoniano da Física)! Será
renováveis ao serviço de todos e não de élites de mais um pressuposto quântico, aonde convergem
condomínio. os fenómenos mais complexos de auto-eco-
organização, que produz autonomia dos próprios
Diz, Álvaro Santos (2011), “a ética não é um fenómenos (Morin, 2001); daí que os fenómenos
mero código normativo…Ética é o instrumento antropossociais, não poderiam obedecer apenas a
pelo qual a profissão reflete sobre o mundo onde um princípio, aparentemente intelegível de
está inserida”. Nesse sentido e tendo em conta os progresso= + consumo = - pobreza e exclusão.
princípios éticos, e a análise social, que em Tony Por isso, ainda Morin(2001) é necessário
Judt (2011), nos indica que “há algo enfrentar a complexidade e não dissolvê-la ou
profundamente errado na maneira como hoje ocultá-la.
vivemos. Durante trinta anos consideramos ser Sendo verdade, que as definições das finalidades
uma virtude a procura da satisfação material: de do Serviço Social, apontam para uma demanda
facto, essa procura constitui agora o que resta do pelo aumento do rendimento disponível, pelo
nosso sentido de vida coletiva”. aumento da base minima de sobrevivência, pela
educacação e formação universais, buscando o
Mas, se o que nos resta é só isso, é porque desenvolvimento individual e colectivo; esta
perdemos a noção do bom, justo, correto situação não pode ser compaginável com com o
em proveito de um projeto neo liberal que ideário da economia de Mercado, pois, no seu
iniciou a ascensão nos anos 70 do século limite explorativo, não contida pelas barreiras da
passado, e hoje pagamos a longa fatura. mediação dos Estados, é contraditória com maior
Ecologicamente, sociologicamente, inclusão, e assente numa pedra angular, o
politicamente, economicamente, imbricadas Consumo, nas práticas do Serviço Social, no
que estão as áreas, temos o dever de contexto das democracias representativas,
repensar que o que apresentávamos como ocidentais e de Estado Social; as finalidades do
objetivo, o progresso humano tem de ser Serviço Social comprometidas com uma
redefinido, redimensionado, não meramente economia baseada no consumo e uma visão
para uma conceção materialista, mas acima unidimensional da natureza e fenómenos
e sobretudo de realização global do ser humanos.
humano, que no mínimo passará por um
mercado suficiente, controlado por Capacitação para aumentar o consumo, como
comunidades exigentes e solidárias e empowerment e crescimento, sem perceber, que
portanto, refundadas. Antes pois, de numa sociedade que vise o consumo e o lucro, os
propormos, deveremos repensar a níveis de consumo desiguais, fazem crescer
formulação do que significa progresso fossos inultrapassáveis e barreiras, para além das
humano, hoje, á luz de uma narrativa liberal sociais, psíquicas, de descrença e de revolta,
que oferecia felicidade = consumo, contra as formas de democracia, participação e
confundindo-se com progresso. solidariedade apresentadas, porque mais que se
aumente o consumo, este nunca alcança o poder
de quem faz mover o mesmo.
Ora no processo em curso e num modelo E, de outro modo, esquece, os efeitos nefastos
centrado nos pressupostos ecologistas, desta teorização do consumo como processo de
simultâneamente multidimensionais e assentes integração, no meio ambiente e nas relações
REVISTA Portus Cale Nº 4 – ANO III Junho 2016

humanas baseadas no hedonismo, na democracia política, reforçando a democracia


desvinculação e no interesse, na desumanização, participativa (decisória), pela democracia
na teconologização das relações e dos económica.
fenómenos antropossociais. A democracia económica e a economia
suficiente são dois elos, deste mesmo processo.
Antítese da capacitação, envolvimento, Por um lado, democratizar a economia significa
participação, solidariedade, auto- construção retirá-la do domínio dos Grandes grupos
decisória no desenvolvimento bio psico-socio Multinacionais que a dominam.
espiritual, porque dependente por essa via
apenas da estreita saída, O Consumo, de uma Para isso é necessário é necessário um aumento
estrutura não só dominante, como alienante, de consciência da mudança de estilo e padrões
desviante, eco destruidora, cujas finalidades não de vida, tomando, simultaneamente consciência
são as mesmas que as identificadas com as do do vazio e possibilidade de radical
Serviço Social. empobrecimento que o consumismo doentio
É o que dizíamos, os interesses dos diversos conduz cada ser humano nesta sociedade
actores, numa eco-sociedade dominada pelo (Fromm).
mercado, são tão divergentes, que não permitem
manter o facto do Estado Social, no contexto da Esta tomada de consciência está a ser dolorosa,
terra planagem, nas palavras de Polany (2011..), pela via da pauperização de quem antes tinha
ou da sociedade de Mercado. Daí que, ao invés acesso a todo o objecto de consumo. A
de um caminho irreversível para o fim dos brutalidade acumulativa, está a criar o axioma
fenómenos da pobreza e da exclusão e um fundamental, uma economia suficiente- uma
caminho aberto para a participação pró activa economia saudável, uma economia livre do
para a democracia decisória (governança consumo doentio. Esta mudança não ocorre por
participada/ substituindo a democracia decreto, mas no quadro de um movimento,
representativa), e claro para o Ethos fundamental inspirado nesta nova consciência, movimento
da solidariedade, temos uma população de que na prática possa se apropriar dos meios de
rendimentos baixos e outros níveis ou camadas produção, ou que possa definir, como
sociais, ditas da classe média, também em Movimento, influenciar, o que não é mais
descenso na escala social, caminhando na necessário como consumo de massas, princípio
irrelevância de um mundo que vai prescindindo aliás também a abolir.
de milhões de seres humanos, como também da
própria natureza vai prescindindo, como deuses
omniscientes. Estes fenómenos criam
estupefação, desespero e descrença nos 3 - A Tecnologia socialmente apropriada
profissionais de Serviço Social, envolvidos nos
anos de formação, pelo manto da mudança e
transformação social, pelo carácter contraditório, A democratização e solidariedade social só pode
mas directamente ligados com a Complexidade funcionar hoje a partir do controle fundamental e
Antropossocial e dos fenómenos que produz. apropriado pelos cidadãos das tecnologias, cuja
A base, falando do Ethos, que temos de partir é posse está concentrada em poucos setores
outra, e remete mundiais, em conjunto com o financeiro, que
tem construido um mundo do consumo e do
Como observamos atrás, mudar a economia, no aprofundamento da exclusão social. A
campo de uma economia suficiente, é uma Tecnologia domina o mundo e com ela dominam
escolha política, democrática, terá ir além da aqueles que controlam de modo não democrático
REVISTA Portus Cale Nº 4 – ANO III Junho 2016

o mundo deste e num processo quotidiano. escravidão, como atualmente se apresenta.


A Tecnologia tornou-se de per si não só o A apropriação tecnológica passa pelo controle
desígnio mais importante ao nível social, como pelos cidadãos, organizados de modo
passou a definir a vida cultural das sociedades, associativo/cooperativo e partilhado, dos
que fatalmente, por falta de alma e ser, se torna conteúdos e dos proveitos, entre todos.
num processo alienante, que desfoca as relações Só deste modo é possível uma Tecnologia
humanas e sociais. Passando a ser o centro das socialmente apropriada e eco-social, sem
trocas, em detrimento da verdade e da ética, degradação humano/social e da biosfera.
fragilizando as trocas emocionais e as Tecnologia Humanista e Eco-Social, inclusiva e
organizações coletivas. controlada socialmente por organizações de
A grande questão que se coloca é se a tecnologia cidadãos e pelos Estados, de modo democrático,
está socialmente apropriada ou não. Ou seja se a associativo e cooperativo.
difusão pelo consumo e pela facilidade de
contato em rede significou socialmente uma Em suma a tecnologia deve ser socialmente
forma clara de democratização das tecnologias? apropriada na medida em que deve produzir bens
Na verdade, podemos ir além mais, se a para todos e não apenas para minorias; ao
tecnologia conseguiu mais integração social, mesmo tempo que deve propiciar formas de
menos exclusão social. participação e controle que escapem da
Ora a Tecnologia, considerando com particular alienação; sendo também ecológicamente
ênfase as atuais de informação de acesso apropriadas, no sentido em que não podem
individual, planetário e a qualquer nano segundo, destruir os ecossistemas regionais e garantir o
se espalhou a informação e possibilitou partilha seu futuro no amor às gerações futuras (Boff,
do conhecimento, no entanto, e porque gerida 1996).
por detentores do poder Tecno/financeiro, ela é
sobretudo, uma forma de controle e amorfização
so ser humano, que vendo facilitado ao acesso ao
conhecimento, produz menos esforço e entrega
em troco dessa sublime facilitação, a sua vida
toda a um novo mundo cibernético dominado
por redes complexas tecno-industrais cujo
objetivo último é o domínio financeiro, 4 - Reconstruir Comunidades através das redes
controlando psicologicamente/socialmente e solidárias
culturalmente os povos pela uniformização das
necessidades criadas pelos próprios poderes, As novas comunidades não podem se basilar
com consequente aumento da exclusão social, apenas numa perspetiva nacional, tem
entre os que detém o domínio tecnológico e forçosamente de se construir a partir do processo
aqueles que estão excluídos do próprio acesso, de globalização, mas numa perspetiva global. Ou
que hoje é de um abismo atroz. seja não se podem confinar a bases estruturais
A Tecnologia é pois um fator eco-social de nacionalistas, mas de comunidades de partilha
descontrole e produtor de exclusão. internacionais. Ou seja por um lado formam-se
Só a a apropriação da Tecnologia pela sociedade, comunidades mais pequenas de base
pelo social, de um modo eco-social, ou seja que cooperativa, por outro se obrigam a partilhar
não produza danos na natureza e na bioesfera, e recursos, a partir de um centro Mundial,
não produza mais exclusão, poderá servir de Governo Mundial Democrático, que estipula os
libertação ou motor de liberdade e expansão limites de exploração de recursos e as
espiritual, e não de nova forma forma de necessidades em conjunção com todas as
REVISTA Portus Cale Nº 4 – ANO III Junho 2016

comunidades e suas culturas que são património 5 - Princípio da não Competição


humano.
São primeiro Comunidades ecológicas, que O princípio da não competição é o princípio
percebem que todo o sistema “Gaia”, Planeta, essencial ou fundamental que norteia este
está estruturalmente interligado e não pode haver Paradigma, pois é a partir de um novo
rupturas locais que não sejam globais. instrumento organizativo, oposto ao atual, o
princípio da competição no seu limite – a
Por isso os Estados Nacionais, embora exploração -, que se reorganizam todos os outros
funcionem, serão eles próprios apenas uma instrumentos de intervenção que são aqui ora
estrutura organizativa intermédia, que assegura o explanados.
bem comum, a redistribuição, a justiça próxima O principio da não competição organiza-se, no
e uma segurança e serviços de saúde contexto societal a partir da formação de
comunitários, de acesso geral e global, geridos comunidades alternativas ás do mercado, a
localmente, a partir de uma estrutura Estatal que comunidade dos indivíduos em relação, em
garante os direitos de cidadania e os deveres do relação de comutação comunicacional. Substitui-
cidadão das comunidades. se a compressão, pela mediação associativa
compreensiva. O modo associativo como contra
Na verdade temos de criar alternativas ao poder do modo lucrativo em que mergulhou toda
modelo social vigente face à tendência de a sociedade. O modo associativo como forma de
apocalipse social eco-social vigente. As religação social, face à decomposição crescente
alternativas passam como vimos atrás, pelas do tecido social.
comunidades, como moléculas que se impõe Mercados paralelos não lucrativos terão de
como atores sociais e se organizam em grupos nascer, buscando oferecer justiça e ética na
criando um outro espaço pós-urbano, não relação económica. Ciência e técnicas espirituais
fragmentado, que quebre e destrua os espaços aparecem juntas como terapia combinada para o
estanques eco-sociais, criando espaços vitais de bem estar individual e grupal.
comunicação, ou seja redes entre os “bairros” A revolução informática e da net ao serviço deste
como vasos aonde o “sangue” humano possa encontro associativo, aonde toda a informação
circular com grande fluídez, através da circula, desvendando a forma como o lucro
solidariedade. corrompe o ser. As verdades mais inconvenientes
Retirando do centro os valores do consumo, da saem á luz do dia, salta para fora do mundo da
acumulução financeira e tecnológica, do lucro e corrupção, do tráfico, dos paraísos financeiros
da alienação, comunidades verdadeiras de aonde se esconde a ganância que suga 90 % do
partilha e solidariedade podem ser construídas. mundo e impõe a grave doença planetária da
Comunidades baseadas no Ser e nas dimensões exclusão social.
eco-sociais-culturais e espirituais da
humanidade.
As dimensões da felicidade total, em comunhão
e em modo de realização indívidual. Por isso
capazes de serem solidárias ente si, mantendo a
maior riqueza: as capacidades de criação humana
exponenciadas e valorizadas até ao limite.
6- Prática política com base na democracia em
Rede, e na defesa das relações saudáveis com a
natureza e a sociedade, fim do domínio das elites
económicas.
REVISTA Portus Cale Nº 4 – ANO III Junho 2016

E na ligação á democracia, uma das Finalidades


essenciais do Serviço Social, A Participação,
Sendo de base cooperativa terá de ser profundamente correlacionada. Estes saõ outros
democrática avançada. Deve basear-se dois campos do Ethos que a complexidade da
também na reorganização do mundo, em mudança alterou completamente a estrutura da
torno da edificação de uma civilização do realidade social, e por consequência, as
homem, cultura-política e espiritualidade finalidades do próprio Ethos, que não os valores
comuns, uma resposta de união perante o em si.
drama da descivilização.
Outro do Ethos fundamental é pois o político,
Porque os problemas fundamentais são ou seja a democracia enquanto valor, e
planetários, conforme Lazlo (1994) nos também enquanto regime político, nas
transmite, a resposta aos mesmos tem de palavras de... “não sendo perfeito, o melhor
ser articulada planetariamente, numa vasta que a civilização conheceu”. Sim, o serviço
rede de organizações supra nacionais. social se implica socialmente de modo político
apostando na democracia como valor decisivo
A disseminação das tecnologias modernas para a realização integral do ser humano.
perturba, completamente, o equilíbrio Mas que democracia, pretendemos?
demográfico das sociedades tradicionais Eco-democracia, democracia económica,
(Lazlo, 1994). O aumento da esperança de democracia decisória, ou directa por via do
vida, provocou na zona Asiática do Globo, ciber mundo.
assim como em África, um aumento Há um consenso, ao nível dos diversos
demográfico tão significativo (India e China estudos, quer de opinião, quer da investigação
2 biliões de habitantes!!), que os recursos sociológica e politologa, das insuficiências da
de géneros essenciais escasseiem, e democracia reprsentativa actual (Tony Judt).
dificultem a capacidade de o próprio As instituições parlamentares da “segunda
Planeta continuar a ser capaz de alimentar vaga” (Alvin Tofler), foram criadas quer
esta imensa “espécie”, O Humano. Os como democracia representativa, que
problemas dos recursos alimentares é uma permitia não anular o conflito mas que ele
das questões que a Bifurcação de caráter também ocorrese em sede de partidos
económico e social no Planeta Global, institiucionalizados que representariam
coloca, com o dramatismo tão intenso, sectores significativos da sociedade, do
quando associada a outras como, por sistema produtivo (patrões/operários),
exemplo o da energia. cultural e ideológico (conservadores/sociais
democratas/marxistas), centrando o conflito
A Dignidade Humana, Auto Determinação e a na disputa representativa, mas cujas decisões
Segurança ficaram ligadas em definitivo no começaram a ficar aquém do que a evolução
século ao consenso sobre o bem comum e a social, técnica, ecológica, económica
democracia, enquanto espaço ético-político de necessitava.
liberdade e participação cívica e de protecção O aparecimento da internet, mundo
social – ligando a aqui com a solidariedade, é alternativo, sem representatividade e
portanto a qualidade e capacidade de orientação ideológica, depois do
regeneração da democracia fundamental para os desaparecimento lento, das ditas classes que
restantes valores do Serviço Social na descrição, cada área partidária representava foi a
global de de falcão (…). machadada no sistema democrático, que não
sendo maioritário mundial, era de aspiração
REVISTA Portus Cale Nº 4 – ANO III Junho 2016

dos diversos povos. Incapaz de acompanhar a Democracia Decisória, Participativa em


mudança fica refém no seu casulo, com os formas diversas, de redes e campos, de
deputados transformados em meros jogadores afinidades, mas ultrapassando a retórica
de parca importância, simultaneamente com a simples da representatividade.
queda da concepção do bem comum, e dos - A democracia terá de ser um campo de eco-
Estados enquanto garantísticos desse bem decisão, na medida do que dissemos
comum, as populações sentem que a anteriormente, em que introduz uma
democracia representativa pouco as democracia económica ou suficiente.
representa e que as decisões que afectam as Portanto um projeto de progresso
suas vidas diretamente não passam pelos democrático holístico, complexo, global,
parlamentos nacionais, e no caso da União assumindo não só as decisões polítcas, mas
Europeia, muitas vezes nem aí. Formas claro, que tudo toca no todo, não há desições
diversas, coma base no ciber mundo parecem políticas, há eco-democráticas decisões, que
estar a ser tentadas para substituir, mas os afectam todo o universo da tecnologia á
riscos de queda e caos, de retorno ás sociedade, da biologia, á poesia e cultura.
experiencias traumáticas do século XX são Democracia diversa, decisória, não
enormes. representativa, mas participativa, através dos
“ Se não respeitarmos os bens públicos; se Novos Movimentos das Redes Sociais, que se
permitirmos ou encorajarmos a privatização transformam em eco-ciber-socio-movimentos,
passando de papel menor a papel decisivo nas
do espaço, recursos e serviços públicos; se
decisões políticas pela consulta ao quotidiano
apoiarmos entusiasticamente a propensão das sobre as formas de governança Mundo, e
gerações mais novas para cuidar Governança Comunidades= Ciber
exclusivamente das suas próprias Comunidades= Comunidades reais= Seres em
necessidades (...) então não nos devemos evolução consciente.
surpreender com a diluição progressiva do
empenho cívico nas decisões públicas” (judt,
2011).
O déficit democrático, é uma consequência
deste desleixo (propositado nas hostes mais
conservadoras), e da relação com as
transformações tecnológicas, financeiras, que
se interligam com o maior afastamento dos
orgãos de decisão, por outro lado, com a as
novas redes sociais mobilizadoras das novas
gerações.
A insuficiência da democracia representativa
manifesta-se neste déficit, que também é um
déficit de representação! O declínio constante
da participação da população nas diversas
eleições no Ocidente democrático, mas
também noutras paragens, revela,
indiferença e muitas vezes uma crise de
empatia em entre os candidatos e eleitores.

- A democracia terá de ser um combate do


serviço social pela sua mudança – uma
REVISTA Portus Cale Nº 4 – ANO III Junho 2016

POEMAS:

Poemas Universais
Como um pássaro
perdido

a voz do mar
liberta as suas Narciso e biombo
algas omnipotentes Um o outro ilumina
Branco no branco
crescendo em
direção ao céu.
Num atalho da montanha
sorrindo
David Rocha uma violeta

Matsuo Bashô

Você também pode gostar