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ESTUDOS ALEMAES ‘Série coordenada por EDUARDO PORTELLA EMMANUEL CARNEIRO LEAO ‘MUNIZ SODRE, GUSTAVO BAYER Ficha catslogrifica elaborada pela Equipe de Pesquisa da ORDECC Habermas, Jurgen HLA Pensamentopssetafisico: estos filossicos Jurgen Haber ras. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 190, 271 p. Biblioteca Tempo Universiti: 2°90. Série Estudos lenses) ‘Traduzido do orginal slemo: Nachmetaphyssches Denken, Philosophie Aufsite I. filosofia~ critica da razdo 2. metafsca 3. Subjetvidade teora 4. Tinguager ~filosofi pu 16s JURGEN HABERMAS PENSAMENTO POS-METAFISICO Estudos Filoséficos tempo brasileiro ISBN — 85-282-0006-4 Bid de Janeiro - RI — 1950 BIBLIOTECA TEMPO UNIVERSITARIO -90 ‘Colegio dirigida por EDUARDO PORTELLA ‘Trad. do original alemio: Nachmetaphysisches Denken, Pilosophische ‘Aufsce. ® ed, Frankfur am Main, Ed. Subrkamp, 1988, 286 p Copyright © Suhrkamp Verlag Frankfurt am Main 1988 ‘Todos os iteitos reservados. ‘Tradugio: Flévio Beno Siebeneichler Capa de: AntGnio Dias e Elizabeth Lafayete Foto de: Wiliam Santos Programagio Editorial: Katia de Carvalho Programagio Textual: Daniel Camarinha da Silva Direitos reservados as EDICOES TEMPO BRASILEIRO LTDA. Rua Gago Coutinho, 61 ~ Telefax: (0**21) 205-5949 Caixa Postal 16.099 ~CEP 22.221-070 Rio de Janeiro — RI - Brasil SUMARIO 1 RETORNO A METAFISICA? 1. O horizonte da modernidade etd se destocando sone MT 2. Metafisica apés Kant. 19 3. Motivos de pensamento pds-metafisico 7 I. GUINADA PRAGMATICA, 4. Ades, atos de fala, interagdes mediadas pela linguagem e ‘mundo da vida 6s T-1. Falar versus agir 66 2. Agir comunicativo versus agir estratégica 70 H~1.A guinada pragmdtica na teoria do significado... 77, 2. Do agir social a ordem social 2 MII. A concepcao pragmatico-formal do mundo da vid 88 2. A sociedade do mundo da vida simbolicamente estruturad 9s 5. Sobre a critica da teoria do significado 1-Trés principio na teoria do significado, 105 1 Limiter da seméntica eda teoria da ado de fala... 113 MI ~ Agdo de fla, agir comunicativo e interagdo estate ica. 3 6, Notas sabre John Searle: “Meaning, Communication and Representation” (Sigificado, comunicagao e representagao) 135, I ENTRE A METAFISICA FA CRITICA DA RAZAO 7. unidade da razio na multplicidade de suas vores. 151 8 Individuagio através de socalizagito, Sobre a eoria da subj tividade de George Herbert Mead. 183 9. Filosofia e cincia como literatura? 235 ANEXO ~ 10, Retomo & metafsica ~ Uma recensdo 259 REFERENCIAS. 271 Opresente volume contém estudos flosoficos dos dios dois anos, apresentados em ordem cronoldgica. Eniretano, esta seqiéncia forwita revela um nexo objetivo As primeiras res contribuigies so ragDes dsnovas entatvas de re- tomo formas metafisicas de pensamento, Ela defende um conceto oé- tco,porém, nao derroista, de raz. Os tr enaiosSeguatesseguem um ‘outro esl, focalizando wna guinada pragmdtica no ambito da anise da Tinguagem, Neles eu desenvolvo 0 conceta de rao comunicatva no con: ‘exo de eoras atuas do significado eda agao; neste pontoresltaramal- uns erizamentos que no eliminel, apesar das redundéncias. A sétima ‘contribu trata do mesmo tema, porém, numa distinc maior, a saber, no dmbito da conirovérsia com as varianescontexualistas de uma critica da rao que predomina atualmente. Nos dois itimos artigos sto isolados € abordados dois fios desse tecido de arguentacdo: o problema da Indzbildade do individual ea questo: porque ser que os exosfiosiicas, ‘apesar de seu cardter nitidamente retérco, ndo se transformam em literanaa? J. Frankfurs,fovereiro de 1988. 1 RETORNO A METAFISICA? 1.0 HORIZONTE DA MODERNIDADE ESTA SE DESLOCANDO -Até que ponto a flosfia do scale XX € moderna? Esta pergunta parece ingénua a primeira vt. No entanto,€ preciso pergunta: ser que 0 desenvolvimento do pensamento flesiico tr, no Inéo de now século, ruptures sethantes sda pintura em seu caminho rum 4 absragto, guide da misca em sua pssger dt oitara pan 0 s- tema dodecafSnico,e idéntin de da Meraturs 0 momento em que rompe com a estruturstadicionis da narrative? E menno que flowofia — ‘mprendimento profndanentevolado & mnighidede « 20 su reise. mento — vee aberto realmente sus ports 20 epéitoinconstante da modernidade, voltdo dinomgto, so experimeato ed scslersfo,podeia: mos colocar uma outa questfo, capex de nos levar mais além: ef que também cl ¢vitima do envelhecimento da modemidade, come € 0 cao, or exemplo, da arguiterun? Haverésemethancas com uma arquitetua. o-moderas, qual volts nommente, de modo pouce provocativo, 20 ‘xlornohitrico e208 omamentoeprosriton? Existem pelo menor paallosterminolics. Os fi6sofoscoatem- poriaeos também celebram as suas deepedidas. Enquanto uns se aut-inti- ‘alam pés-analfcos, outros se coniderim ps-esrutualistas ou pés-mar- ists. O fato de 0 fenomenGlogo sind nfo teem enjendindo 0 seu pts” os toma qua supeito! Quatro movimentosflos6ticos © platonismo e 0 aisttelismo, o perio rcionalismo e 0 empii- ‘mo, conseguiram sobrevier durante sfculos. Hoje a cose andem mais epresia.Os movimentos Mosificos nso pasam de fendmenosprodrion ‘pela histra. les ncobrem oandamento continuo dailooGa aadémica, qual, com ses stmos longo, opte-se& mudanga msi febi do temas ds cacolts. Em nowo séulo a filosofia we aliments de femeslevantadoe por ‘quatro andes movimento ataés dos quus ela coneguefaer-seouvi em cteulos mais amples. Apr de todas as erengas, perceptive £0 Jogo algoém se aproxina den, exsem quatro complexos com fionomia edpria, qu se destacam na corente de pentmenton a flovofn antics, 2 fenomenologa, 0 marximo ocidetal eo estrrumlismo, Hep! chegous falar em “figures do esprto”. Eta expresso imppe-se. Pos, no instante fem que uma figura do espitito €nomeada ereconbecia em sua inconfun- biiade, jf colocadn 4 disténcia « condensda 20 desaparecimento. [Nesta medida, os que se decaram “pés” no sto apenas oportunisas de faro tao; temos que lvls a stio como sandgrafos do expito de uma ép0ea, ‘Eases movimentos de pensamento diferencia se considervelmente quanto a sua composio, quanto a ma forma de desenvolvimento e quan- to 20 seu peso. A fenomencloga¢,prncgalment,aflvoia anita, una ds suns condi es constitativas, que he so So orpindis, como 2 forma da proposio dotada de myjéto v prediado” (Heavch, 10% tse), Parece que io di 2 ‘tenders equialéncia de ambor or paradigms quesecistazam respect vamente em torno da sutoreferncia do sujet falante€ em toro da forma da exyresio lngutica Porém, tal compromin romper seis primeira prova 2 que fosse submetido. Ao construinnos a tera da lingua- ‘em teramos que nos decidir, por exemple, aribuiramos a primazin imtencdo dstcuida de corp, come elemento esvoarante da consciéncia, ou se esa primuia caberia 20 significado incorpondo no medium dos simboloslinghstios. Se toméssemos como conceito bisio 0 sigsifcado partido intenubjetvamente numa comanidade lings cheariamos, ‘um tipo de slugfo se infertsemos a compreenso intesubjetiva de ‘uma expresso com sgificado identico partir das intengSes de diferentes sxjltor que se espelham wns noe outros numa interaeo inf, cepa ‘moss outro tipo desolusfo, completamente diferente. “Tanto mais vantjom se aprexata uma tereirnslusso. Ua tora a linguagem pode leat em conta a auto-referéncia € foma da propos- fo © considert-ln equinlentr, « partir do momento em que ea no ‘ orientar mais semanticamente ela compeensfo de proposigtes, ms prapmaticmente, pelos proferimentos através das quais os alates se entendem mutuamente sobre ayo, A fim de entenderse sobre ago, 0s participantes nfo necenstam xpenascomprender ts proposes uilizadas ‘on proferimentor: les tem de ser capaes dese comprar uns em ago 408 outror,asumindo © papel de falantes e ouvints — a0 cirulo de membros nfo partcipantes de sua (ou de wns) comunidade ling tics, ‘As telagden refprocas © interpessais, determinadas pelos paptis do falante, toma pomivel ume auto-eagfo, que no precia mais press or a reflexto salitria do euito agente ou copnocente sobre si mesmo fenquante concénca privia, A auto-referéaca sue de um contexto Num enfoque performativo, um falante pode enderearse 2 um ‘ouvine, mas somente sob a condicgo de que ele — ante 0 pano de fundo de poteniisepectdores ~ cosa ver-see compreender-se a perspect- P rl 2,9 186 fabio p. 205 va de seu iatrocutor, aa mesma mids em que este assume, por seu amo, a prspectiva do fate Ets autorelto, renutnte da esungfo de peespectras do ape comunicatve, pode er naiads através dose dos és pronomes peso, interigados através de nexo transforntconsis, ediferencada de aordo com orespectivo modo de comunicasfo [Neste conterto desaparece a ficuldae inerente, desde inicio, aoe concritos“subjtvidade” «“auto-referdnia" da flsofa da elexdo.O ‘sujto, que se reere asi mesmo de modo comnosente, decobre si mesmo /Sebst), que cle apeende como sendo um objeto ¢, sob ext categoria, como algo jf derivado, portanto nfo na orgnalidade do suor 4a ato-refeéncnespontinea. Kierkepardtomou exe problem ds ros de Fchte, que o herdara pr sua vex do veho Scheling 0 transforma, ro ponto de paride de uma reflexso que langa aque que rfl exten inlmente sobre si mesmo na “doenga que leva & morte”. Recordemos os {rts pasos que caracteizam 0 ini do capitulo A dew text. Primi 0 Selbst 56 € scessrel ma auto-consinca. Como, porém, ex auto: -teeréncia fo pode ser traponta na refers, 0 Sebst ds subjetividade apenas a referdnciarefeida asi mesma, Segundo: Tal eferénia, referida 151 mesma, ou ea, que se reer ao Selbs7 m0 sentido hf pouco ventiado, deve ter sido colocads por si mesma ou coloada através de um oato, ‘ierkegard consider ieaiivel a primeira alterativa (¢ da doutrina 4a cidncia, de Fichte)€ © incina, por iso, para a segunda, 0 Selst do ‘homer existente consti umm referach dedusid, colocada €, deste modo, algo que, 2 referivse asi mesmo, refer-se 8 um outro. E ese “Outro”, que precede 0 Seller da sto-concitnc, , para Kiekegnard, © Deus slviico do crtiansmo; para Henrich 0 elemento Anénimo, réreftexivamente fail, de uma vida concent, que se furta 2 iterpretapdesplatnicas ou budstas."* Aras as interpretaptesapontam, ‘ira uma dimensdo religions e, destarte, pars uma lingugemn que ter ‘ej ada vetha metasca,a qual, porém, ulrapas& pxigfo que a mode. idee ateibu eomscénca, 15. D, Hench: ceo « creas (Dunes und Vergrieean) (ei): Aine. Comore sm pmamanio no Ore ene Ooo (A hat, Mg ines Ceduna Wen Str 1989. Eu nfo sinto a menor vontade de cir nos brags de Hearich, 20 rmamento em que ele dé ass ese pensameato. Henrich fala de “dese comjamento”. A fora retrca da fala eligoss continua exercendo ose

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