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LEITURA DE PORTFÓLIO

PARTE II
Conteudista
Prof. Me. Cesar Luis Mulati
Outro fotografo que jamais pode ser esquecido por alguem que
realmente deseja conhecer linguagem fotografica é o norte-americano Richard
Avedon, nascido em Nova Iorque em 1923 e falecido em 2004, e que teve seu
primeiro contato com fotografia aos 12 anos, e fotografou ate o ultimo dia de
sua vida, quando estava produzindo um ensaio para o The New Yorker e
desenvolvendo um projeto chamado DEMOCRACY, que tinha a eleiçao
presidencial de 2004 nos EUA como foco. Durante toda a sua carreira, Avedon
se dividiu entre a fotografia de moda e o retrato, dois generos dos quais ele se
tornou referência por produzir uma obra riquissima em detalhe e originalidade.

Com um estudio montado em 1945, ele desenvolveu trabalhos para


diversas revistas como Theater Arts, Life, Look Magazines e Harpe’s Bazaar,
sempre com uma abordagem muito original, onde ele incentivava as modelos a
se movimentarem, sorrirem, atuarem, explorando esse movimento como a
base de sua linguagem. Inspirado no fotojornalismo, Avedon saiu do estúdio e
fotografou modelos nas ruas, em casas noturnas, arenas de circo e em outros
lugares até então incomuns. Dorian Leigh Parker, um dos ícones entre as
modelos fotográficas dos anos 40, comenta assim essa proposta de Avedon,
pouco comum para a epoca, por isso de vanguarda: “ Antes dele, as modelos
ficavam paradas como uma estátua. Avedon mudou o ambiente da fotografia
de moda. Ele participava, ele fazia parte da foto. O modo como se
movimentava com sua Rolleiflex era como se ele dançasse com você e aí você
reagia, é claro”.

Alem da moda, Avedon desenvolveu um grande trabalho voltado para o


retrato, que tem alguns momentos preciosos que valem a pena anotar. Um
deles aconteceu em Em 1976, quando Avedon produziu para a revista Rolling
Stone um ensaio chamado The Family, um retrato da “power elite” que
comandava os Estados Unidos na época. Ao todo, 69 banqueiros, políticos,
líderes sindicais e editores foram fotografados sem nenhuma intervenção do
fotografo.

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Outro projeto e talvez um dos mais interessantes da sua carreira, foi os
retratos que Avedon fez de seu pai, Jacob Israel Avedon, durante os ultimos
anos de sua vida. Com dificuldade para aceitar a doença de seu pai, ele utilizou
a fotografia para superar esse momento, dizendo que era como se os
sentimentos saíssem de dentro dele e fossem colocados no papel”. E por
ultimo,vale lembrar o trabalho que Avedon fez no início dos anos 80 e que
culminaria em sua obra prima: In the American West, lançado em 1985, onde
ele retrata os membros da classe trabalhadora norte america; açougueiros,
mineiros, condenados, garçonetes, dentre outros, em frente a um fundo branco.

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http://www.richardavedon.com/

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Usando uma Rolleiflex, a mesma câmera preferida por Richard Avedon,
e buscando no retrato a sua principal forma de olhar e questionar o mundo,
fixando-se especialmente nas pessoas comuns das ruas de Nova Yorque,
Diane Arbus, fotografa norte americana nascida em 1923 e falecida em 1971,
Arbus construí uma obra que valorizava a precisão psicológica acima da
formal, o particular acima do social, aquilo que era permanente acima do
efêmero e do fortuito, a coragem acima da sutileza.
Quase sempre fotografando exclusivamente pessoas, Diane Arbus
estabelecia um forte entrosamento com o seu fotografado, baseado numa
relação de confiança e cumplicidade, o que determinada a intensidade dos
seus retratos e constituiu a sua linguagem. Arbus ao escolher os seus modelos,
não estava preocupada se eram representantes de doutrinas filosóficas, ou de
um estilo de vida ou de um tipo fisiológico. O que lhe chamava a atenção e lhe
motivava fotografar pessoas, eram as qualidades especificas de cada uma,
donas de um mistério único. Graças a essa cumplicidade, seus modelos se
expunham a ela sem reservas, sabendo que não estavam sendo utilizados
para finalidades ocultas.

Nos retratos de Diane Arbus, sempre em preto e branco, pode-se


perceber pessoas posando de forma extática, olhar fixo na câmera. O que se
vê são pessoas cruamente expostas em sua precária condição humana,
fortemente marcadas por um traço, ou vários, que as insere num grupo
específico, uma comunidade ou o que hoje modernamente chamamos de uma
“tribo”: imigrantes, travestis, velhos, nudistas, mascarados, atores, “freeks”, etc.

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http://diane-arbus-photography.com/

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Antes da fotografia se tornar tecnicamente o que é hoje, um processo
digital executado com os mais variados recursos que as novas tecnologias
oferecem ao fotografo, o fazer fotográfico era na verdade uma união de
diversos processos que produziam imagens através das energias naturais,
onde a luz sensibilizava, por exemplo, uma emulsão a base de sais prata e ali
gravava suas reações. Quando esse processo não era intermediado por uma
maquina fotográfica, ou seja, as imagens eram criadas por contato direto de um
objeto ou material com uma superfície fotossensível exposta a uma fonte de
luz, dava-se o nome de fotograma a essa técnica, que teve seu inicio nos
primórdios da fotografia. Já na primeira metade do século XX, ao lado das
colagens, fotomontagens e demais técnicas, o uso do fotograma permitiu
definitivamente que a fotografia fosse incorporada a arte moderna, se
distanciando nesse momento radicalmente da representação figurativa.

Um dos expoentes do modernismo do começo do século XX foi Man


Ray, um norte americano nascido em 1890 e morto em 1976, e que como todo
vanguardista se tornou um artista múltiplo, sendo além de fotógrafo, também
pintor, cineasta, desenhista e ilustrador. Em 1915 Man Ray, em contato com a
vanguarda de Nova York, Man Ray inicia suas experiências fotográficas que
acabam se consolidam a partir de 1921, quando em Paris se integra ao grupo
dos dadaístas e passa a se dedicar mais seriamente a fotografia, que
considera um meio mais simples e mais rápido para a revitalização das artes
visuais, por oferecer um vasto campo para as experiências estéticas. Man Ray
consegue isso realizando fotogramas onde os objetos se misturam e perdem
sua especificidade, transformando-se em signos.

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http://www.manray-photo.com/catalog/index.php

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Para ‘revelar’ o mundo é preciso sentir-se implicado no que se enquadra
através do visor. Essa atitude exige disciplina de espírito, sensibilidade e senso
de geometria. É através de uma grande economia de meios que chegamos à
sensibilidade de expressão. Deve-se sempre fotografar com o maior respeito
ao sujeito e a si próprio. Fotografar é segurar o fôlego quando todas as nossas
faculdades se conjugam diante da realidade fugidia; é quando a captura da
imagem representa uma grande alegria física e intelectual.
Fotografar é colocar, na mesma linha de mira, a cabeça, o olho e o coração.

Henri Cartier-Bresson
Ninguém melhor do que o próprio Henri Cartier-Bresson para falar de
como ele pensava e vivia a fotografia. Nascido em 1908, na França, e morto
em 2004, Bresson é considerado por muitos como o pai do Fotojornalismo,
apesar de suas fotos extrapolarem qualquer definição de gênero. Muito
possivelmente em função de ter sido provavelmente o único repórter fotográfico
que estudou com o mestre do cubismo, André Lothe, suas fotos vão muito além
das coberturas fotojornalísticas, sendo na realidade, verdadeiras obras de arte
que reúnem graça, equilíbrio, surpresas, economia, tensão e inteligência visual.
Com o seguinte pensamento: A gente olha e pensa: Quando aperto? Agora?
Agora? Agora?Entende? A emoção vai subindo e, de repente, pronto. É como
um orgasmo, tem uma hora que explode. Ou temos o instante certo, ou o
perdemos…e não podemos recomeçar…, Bresson criou uma forma de
fotografar que chamou de “Momento Decisivo”, onde a imagem acontece em
uma fração de segundo, mesmo que para isso tenha sido preciso esperar por
um dia todo.

Com sua inseparável Leica, Bresson documentou momentos históricos


que jamais serão esquecidos, como o fim da opressão imperialista na Índia, o
assassinato do líder pacifista Gandhi, os primeiros meses de Mao Tsé-Tung, na
China comunista, entre tantos outros acontecimentos decisivos que marcaram

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o século XX. Sua forma de fotografar e sua poética influenciaram e continuam
influenciando fotógrafos do mundo todo até hoje.

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http://www.henricartierbresson.org/

Durante toda a história da fotografia, o nome do fotografo Robert Capa


é, sem duvida, sinônimo de cobertura de guerras, por ter durante toda a sua
vida, participado com fotografo de cinco dessas guerras. Nascido em 1913, na
Hungria e morto em 1954, Capa esteve pela primeira vez no front em 1936,
durante a Guerra Civil Espanhola, onde fez uma das suas mais conhecidas e
renomadas fotos, a morte de um Realista Espanhol. Apesar de ter se tornado
um especialista dos campos de batalha, Robert Capa compreendeu que a
guerra significava mais que batalhas e por isso, algumas de suas imagens mais
interessantes foram tiradas na periferia dos eventos históricos. Outra imagem
memorável na obra de Capa aconteceu durante a segunda guerra mundial, em
1944, quando fotografando de costas para o fogo inimigo, o fotografo registra o
desembarque das tropas aliadas no mar gelado da Normandia, que ficou
chamado de “O dia D”.

No dia 25 de Maio de 1954, Robert Capa foi fatalmente ferido em Thai-


Binh, no Vietnam, pisando em uma mina terrestre. A sua morte foi a
consequência trágica do seu próprio lema: Se as fotografias não são
suficientemente boas, é porque não se está suficientemente perto.

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http://www.magnumphotos.com

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Com as fotos de Robert Capa e principalmente com o seu lema que
propõe que devemos chegar mais perto para talvez enxergarmos melhor as
imagens e aí sim fotografarmos, encerramos essa disciplina que não tinha,
como foi dito em seu inicio, nenhuma intenção de aprofundar-se na obra de
qualquer fotografo, e sim, desperta-los para a importância de conhecer os
diferentes olhares que compõem essa historia que em breve deve completar
duzentos anos de uma rica contribuição para formação da identidade visual do
homem contemporâneo. Impossível aprender fotografia sem pesquisar e
conhecer o que fizeram nomes como os que acabamos de citar, aprendendo
com eles suas técnicas, seus conceitos, suas maneiras de olhar e registrar o
mundo em fotografias.

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Bibliografia
 PAIVA, Joaquim. Olhares Refletidos – Dialogo com 25 fotógrafos
brasileiros. Dazibao/Ágil, vol. 1, 1989.

 SALGADO, Sebastião. Trabalhadores: Uma arqueologia da era


industrial. São Paulo: Cia. Das Letras, 1996.

 SALGADO, Sebastião. Êxodos. São Paulo: Cia. Das Letras, 2000.

 SALGADO, Sebastião. Outras Américas. SP: Cia das Letras, 1999.

 SALGADO, Sebastião. Portfolio. Photo Poche, 1993.

 SALGADO, Sebastião. Retratos de Crianças do Êxodos. São Paulo: Cia.


Das Letras, 2000.

 SALGADO, Sebastião. Terra. SP: Cia das Letras.

 PERSICHETI, Simoneta. Imagens da Fotografia Brasileira – vls. 1 e 2.


SP: Editora Senac/Estação Liberdade.

 SZARKOWSKI, John. MODOS DE OLHAR - 100 fotografias do Acervo


Do Museum of Modern Art, New York: publicado para o Museu de Arte
Moderna de São Paulo, São Paulo, 1999.

 PERSICHETI, Simoneta. Imagens da Fotografia Brasileira – vls. 1 e 2.


SP: Editora Senac/Estação Liberdade.

 BRIL, Stefania. Notas, 1987

 FABRIS, Annateresa. FOTOGRAFIA -Usos e Funções no seculo XIX.


Edusp, 1991.

 Great Photographers: Time Life, 1971

 HEDGECOE, John. O Novo Livro da Fotografia: Ed. Livros e Livros.

 NEWHALL, Beaumont. Historia de la fotografia: Gustavo Gilli,


Barcelona,1983

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 TURAZZI, Maria Inez. Poses e Trejeitos – A fotografia e as exposiçoes
na era do espetaculo: Funarte/MC/Rocco, 1995

 PHOTOFILE - coleção de livros sobre os principais fotógrafos:


THAMES AND UDSON

 Fotógrafos:
o - Brassai
o - Eugene Atge
o -W. Eugene Smith
o - Jacques Henri Lartigue
o - Helmut Newton
o - Duane Michals
o - Bruce Davidson
o - Man Ray
o - Sebastião Salgado

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