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08-CAPELANIA ESCOLAR

Capelania escolar é a ação da escola no exercício do ministério espiritual. É o


esforço para ganhar almas no universo da educação. Capelania escolar é obra
missionária entre estudantes e educadores. Os que integram o serviço de
Capelania, a diversos títulos, precisam ter vocação ministerial específica. Não
basta boa vontade. É imprescindível uma visão missionária.

Capelania escolar é a operação de cura da alma (aconselhamento) através do


perdão mostrado pela pregação do Evangelho de Cristo que leva à descoberta
do perdão e da nova Vida em Cristo. A capelania escolar é um tema pouco
pesquisado no Brasil.

Apesar de ser uma área vasta e com muito potencial de abrangência, contudo
a literatura escrita a respeito é bastante escassa.

As bibliografias encontradas atualmente acabam focando duas áreas mais


exploradas, como a capelania militar e a capelania hospitalar.

Já a capelania escolar quase não é pesquisada em nosso país, apesar da


existência de instituições de ensino centenárias que desde sua fundação têm
utilizado essa ferramenta ainda que informalmente.

CAPÍTULO 1

AÇÃO PASTORAL

A Capelania tem a finalidade de proclamar a fé em nosso Senhor Jesus Cristo


a todos os alunos e seus responsáveis, bem como professores, funcionários e
respectivos familiares.

Para tanto, cada membro da equipe encarna a ação pastoral e educativa e se


dedica a demonstrar o amor de Deus aos pequeninos das classes menores até
aos maiores.

Assim sendo, a missão da Capelania é estar à escuta de todos os que desejam


dialogar, bem como levar cada um a sentir necessidade de diálogo com Deus.
MISSÃO DA CAPELANIA

A missão específica da capelania é atuar na área do aconselhamento pastoral


e no ministério da consolação. Nunca se necessitou tanto de ação pastoral nas
escolas, via capelania, como nos dias de hoje. Todo o tempo disponível é
pouco para atender os que carecem de apoio espiritual. Tanto por causa das
vicissitudes da vida moderna que abalaram os princípios da moral, da família e
consequentemente da sociedade, como devido à complexidade da
adolescência e da própria escola.

O Capelão é o pastor da grande grei que envolve seres de vários credos e até
mesmo os que negam qualquer fé. Compete-lhe ser o conselheiro, o
orientador, o pastor de alunos, professores, funcionários e seus familiares.

No Regimento Interno da ONCC – Ordem Nacional de Capelania Cristã tem um


código de ética que atende em geral a todas as Capelania. A Capelania Cristã
Hospitalar tem um código mais especifico que tem aspectos muito especiais,
diferentes das demais Capelania.

Aqui, temos o Código específico para a Capelania Escolar.

CAPÍTULO 2

SEGREDO DO SUCESSO DA CAPELANIA ESCOLAR

Ser pontual;

Esclarecer as próprias dúvidas antes de falar aos alunos;

Auto avaliar-se;

Usar linguagem acessível aos juvenis;

Pensar bem antes de prometer algo;

Conhecer a fundo os programas e objetivos da escola;

Dialogar particularmente com cada aluno e sempre que possível orar com ele;
Demonstrar cortesia para com todos;

Ter domínio próprio firmeza e bondade;

Cuidar com tonalidade da voz: agradável e positiva;

Ter posição definida e coerente (sim, sim; não, não);

Respeitar as diferenças e limitações dos alunos e não esperar deles o


impossível;

Planejar tudo o que vai fazer;

Usar a motivação adequada;

Orar com os alunos;

Ter alvos definidos e alcançá-los;

Dar sempre atenção aos alunos;

Pedir a direção divina para seu trabalho;

Sorri com os que se alegram e chorar com os que choram.

CAPÍTULO 3

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

A Capelania Escolar é uma atividade religiosa de cunho espiritual que lida com
indivíduos em formação física, mental e espiritual, que frequentam escolas
públicas e particulares, procurando dar-lhes orientação religiosa e espiritual,
dentro do respeito à liberdade religiosa de cada pessoa e de cada família. O
Capelão deve inteirar-se do regimento interno da escola em que atua e das
normas disciplinares dos alunos, professores e funcionários, respeitando-os
plenamente.

A atuação do capelão não deve contrariar o trabalho de professores,


pedagogos, psicólogos e diretores, nem lhes embaraçar os programas, mas
sim, cooperar para o bom desempenho dos alunos. Os programas do capelão
devem ser elaborados dentro de uma visão integrada aos programas
educacionais da escola para que possa contribuir para o aproveitamento dos
estudantes.

O trabalho do capelão com os alunos não deve contrariar orientações das


famílias. Quando alguma família não permitir que seu filho participe dos
programas da Capelania, isto deve ser respeitado. A área de educação a ser
trabalhada pelo capelão é apenas a “educação religiosa” e o “aconselhamento
pastoral”.

Não deverá ele entrar na área dos pedagogos nem dos psicólogos da Escola,
mesmo que tenha habilitação profissional na área. Se na sua atividade
surgirem casos desta área, ele deverá encaminhar os alunos para aqueles
profissionais. Assuntos de disciplina não deverão ser acolhidos pelo Capelão, a
menos que seja solicitado pela direção da Escola.

Igualmente, casos de avaliação pedagógica, em que alunos se julguem


injustiçados por professores e educadores, não devem ser acolhidos ou
tratados pelo capelão, especialmente quando exercerem suas atividades em
Escola Pública ou Particular não confessional.

CAPÍTULO 4

ORIENTAÇÕES PARA CASOS ESPECIAIS

No contexto de uma escola surgem problemas de droga, de alcoolismo, de


gravidez de adolescente e outros casos especiais. O capelão pode ser a
primeira pessoa a detectar tais problemas em crianças, adolescentes e jovens.
Ele não deve se omitir em trabalhar esses problemas, buscando a melhor
orientação para a solução de cada caso.

Ao detectar tais casos, o capelão averiguará primeiro, se pertencem a outras


áreas profissionais da Escola, antes de tomar qualquer atitude.

Ao convencer-se de que o caso pertence à sua área, o capelão iniciará seu


trabalho respeitando, evidentemente, o indivíduo e sua família. Igualmente, ao
tratar de problemas especiais com estudantes, o capelão deverá avaliar o
momento certo de comunicar o fato aos pais.
E quando o fizer, deverá ser com bastante cuidado para não criar recuo do
jovem que está sendo ajudado e nem provocar reações extremadas dos pais.

Casos de grande gravidade ocorrida com estudantes maiores de idade, só


serão relatados aos pais, caso eles concordem ou julguem que necessitam
daquela ajuda.

Casos de gravidade ocorridos com estudantes menores de idade deverão ser


relatados aos pais, naturalmente dentro dos cuidados que exige cada questão.

A gravidez de adolescente é um caso especial de grande gravidade, porque


envolve “corrupção de menores”. [1], que exige os seguintes cuidados: Esperar
que o caso lhe venha ao conhecimento, ou pela própria pessoa ou pela direção
da escola, ou, ainda, pelos pais; Averiguar se os pais estão sabendo do fato e
qual a atitude deles; Jamais ser drástico com a adolescente, mas tratá-la como
pessoa e com muito cuidado, sem, contudo, aprovar a sua atitude errada; Uma
vez que o caso aconteceu, jamais incentivar o aborto, em nenhuma hipótese;
Levar a adolescente a valorizar a vida que tem dentro dela e prepará-la para
encarar esse desafio; Não procurar resolver o problema do parceiro, a menos
que seja solicitado e principalmente se for também da escola; Manter o
equilíbrio de tratamento: nem privilegiá-la pelo feito, nem menosprezá-la pelo
erro.

Todo o procedimento que envolver esses problemas especiais com estudantes


deverá ser relatado à direção da escola, a quem de direito, uma vez que a
primeira responsabilidade sobre o aluno é dela.

DO RESPEITO À CONSCIÊNCIA RELIGIOSA INDIVIDUAL

Todo o trabalho de ensino religioso de capelão e sua equipe devem levar em


conta os direitos à consciência religiosa de cada indivíduo. Isto deve ser feito
mesmo em escolas confessionais em que os pais que aceitam ali matricularem
seus filhos já sabem da posição religiosa da instituição.

O capelão fará o seu trabalho religioso e espiritual sem conotação sectária,


mesmo porque numa escola confessional, haverá alunos pertencentes a
diversas linhas de doutrina cristã. Este respeito à consciência religiosa do
indivíduo fica mais exigente quando a escola for pública ou particular não
confessional.

CAPELÃO E AUXILIARES

A Capelania adotará para si uma linha de doutrina e ensinos, bem assim de


procedimentos no atendimento individual de alunos, professores e funcionários
da escola. Os auxiliares não poderão discrepar, em termos de ensino e
doutrina, das linhas adotadas pela Capelania; todos deverão falar uma mesma
“língua”. Capelão e auxiliares, não poderão discordar de doutrina, ensino ou
metodologia perto de alunos e professores.

Casos dessa ordem serão tratados em particular pelo capelão-chefe. Capelães


auxiliares não deverão ser chamados à atenção diante de alunos, professores
e funcionários. Esses casos devem ser tratados em particular, na sala da
Capelania.

Também a Capelania não poderá discrepar da disciplina geral adotada pela


escola. Capelania e direção da escola deverão, também, falar a mesma língua.

DOS ASSUNTOS CONFIDENCIAIS

Ao atender pessoas sejam alunos, funcionários ou professores, o capelão e


seus auxiliares manterão absoluto sigilo dos casos tratados. Assuntos tratados
na sala da Capelania ou mesmo no aconchego dos lares de alunos, jamais
serão mencionados de público, nem mesmo a título de ilustração ou exemplo
didático, e nem passados para outras pessoas.

Igualmente se tiver conhecimento de doenças graves de alunos ou familiares,


jamais passar para outros a informação, ou mencionar o fato em público. O
capelão jamais fará qualquer tipo de discriminação ou diferenciação no
tratamento de pessoa que esteja sendo tratada em assunto moral grave.

DA ÉTICA DO CAPELÃO EM ESCOLAS PÚBLICAS

Em escolas públicas, caso haja permissão para a atividade de Capelania, todo


o trabalho do capelão deve ser posto em prévia programação que será
submetida à direção da escola. A metodologia do ensino religioso deverá ser
colocada de modo a não provocar reclamações por parte de alunos, pois isto
significará o fim da oportunidade.

Se tiver de tratar de algum problema especial com algum estudante com os


pais, isto deverá ser feito com expressa permissão da direção da escola,
depois de darlhe pleno conhecimento do problema.

DO RELACIONAMENTO DOS CAPELÃES COM O SEXO OPOSTO

Um capelão deverá agir com cuidado com pessoas do sexo oposto, evitando
aproximação íntima demais que possa provocar suspeitas diversas. O capelão
não deverá sair para programações especiais a sós com estudantes do sexo
oposto, e até mesmo com professores ou funcionários, quando as
circunstâncias possam ser interpretadas para um lado ou sentido negativo.
Capelães solteiros ou divorciados, não deverão entrar em relação de namoro
com pessoas que fazem parte da sua assistência de Capelania, seja aluno,
funcionário ou professor.

Do mesmo modo, capelão não deve entrar em relação de intimidade com


membros da família de estudantes.

DA VIDA PARTICULAR DO CAPELÃO

O capelão não deverá expor sua vida particular diante de alunos, professores
ou funcionários, seja em conversação comum, seja em palestras. O capelão
nunca deverá confessar suas fraquezas ou pecados, nem mesmo a título de
ilustração ou exemplo, em hipótese alguma.

Não deverão também falar de suas dificuldades financeiras a alunos,


professores ou mesmo familiares de estudantes. Igualmente, não deverá
reclamar problemas de salários ou vantagens ou desvantagens empregatícias
diante de alunos, professores ou funcionários da escola.

Se tiver problemas em casa, com esposa, esposo, filhos, o capelão jamais


deverá mencionar este fato a alunos, professores ou funcionários da escola,
nem mesmo a título de ilustração ou exemplo didático.

Se o capelão for também psicólogo e exercer essa atividade fora da escola,


não deverá encaminhar para o seu consultório particular alunos da escola com
problemas da área, para não configurar vantagem econômica auferida através
da sua condição de capelão.

DAS QUESTÕES DE DISCRIMINAÇÃO

O capelão e seus auxiliares jamais tratarão com discriminação racial,


estrangeira, de religiões diferentes, portadoras de deficiências ou praticar
qualquer outro tipo de discriminação. Igualmente, o capelão e seus auxiliares
jamais tratarão com discriminação alunos de classes sociais mais pobres ou
mesmo alunos que tenham bolsa e não podem pagar a mensalidade ou alunos
inadimplentes.

Do mesmo modo, o capelão e seus auxiliares, jamais tratarão com


discriminação alunos menos dotados, menos inteligentes, em relação aos mais
dotados e mais inteligentes.

DO CONSELHO DE ÉTICA DE CAPELANIA E DOS CASOS OMISSOS

O capelão-chefe e todos os seus capelães auxiliares em cada Escola formarão


o “Conselho de Ética de Capelania”, sendo o capelão-chefe o seu relator.
Casos éticos não previstos neste Código que surgirem no contexto das
atividades de Capelania de uma Escola serão discutidos e definidos pelo
“Conselho”. A decisão tomada por um “Conselho” poderá incorporar-se ao
Código de Ética daquela Capelania.

CAPÍTULO 5

A CAPELANIA ESCOLAR: CONSIDERAÇÕES

Entende-se por “capelania escolar” ou “capelania educacional”, o ramo da


capelania voltada para a ação pastoral dentro das escolas ou instituições de
ensino (creches, educação infantil, ensino fundamental, ensino médio,
cursinhos, EJA e universidades).

Podemos definir capelania como: “Um serviço de apoio e assistência espiritual


comprometida com a visão da integralidade do ser humano (corpo, emoções,
intelecto, espírito) ” (VIEIRA, 2011, p.13).
Sua função é a de orientar e encorajar nos momentos de crise, reavivando a fé
e a esperança de quem necessite, fazendo-se presente nos momentos de
crises da vida, compartilhadas no aconselhamento pastoral, nas visitas aos
hospitais, consolando e trazendo alento nos velórios.

A capelania escolar possui um público-alvo variado, que parte dos alunos e


seus familiares ou responsáveis diretos até os colaboradores do corpo docente
e administrativo; enfim, todos os que se envolvem ou são envolvidos no
processo educativo e que estejam passando por conflitos nas esferas pessoal
e familiar (VIEIRA, 2011, p. 19-20).

A atuação mais comum no ambiente escolar desempenhada pela capelania é:

1- Cultos com alunos;

2- Aulas de ensino religioso ou educação cristã;

3- Aconselhamento pastoral;

4- Presença nos velórios e sepultamentos;

5- Cultos especiais, devocionais setoriais e nas formaturas;

6- Visitação a enfermos em hospitais e nos lares;

7- Avaliação de material didático;

8- Distribuição de literatura confessional;

9- Palestras que ofereçam assuntos relevantes com orientação bíblica


envolvendo alunos, pais e professores.

10- Incentivo e acompanhamento de grupos de oração e devocionais de alunos


e de funcionários.

11- Assistência social e o incentivo aos trabalhos voluntários e filantrópicos.

A palavra “capela”, surge da expressão do latim “cappella” que significa “capa


pequena”, que tem origem na história de Martinho de Tours, soldado romano
que viveu no século IV d.C. contemporâneo de Constantino.
Segundo a ABIEE (Associação Brasileira de Instituições Educacionais
Evangélicas), cerca de 60% dos alunos matriculados nas escolas confessionais
evangélicas não são evangélicos.

Ao analisar estes dados, Walmir Vieira afirma: As famílias estariam buscando


nas escolas confessionais, conscientemente ou inconscientemente, uma ajuda
para solucionar problemas que estão acima de suas possiblidades no processo
de criação e formação de seus filhos num tempo de tantas complexidades e
crises como este (2011, p. 19).

Para melhor compreensão do que é uma escola de orientação confessional,


temos primeiro que entender o termo “confissão”. Em seu livro, Inez Borges
descreve sobre o que é confissão: O termo “Confissão”, num contexto cristão
tradicional ou mesmo no senso comum, pode remeter à compreensão simples
da admissão de algo ou ao reconhecimento da veracidade de determinado fato
ao qual se confessa. É possível ainda que o termo evoque a noção de
reconhecimento e declaração de culpa, sinal de arrependimento e conversão, e
assim por diante. Os gregos antigos já utilizavam o termo “confissão” como
sinônimo de “compromisso”, “promessa” ou admissão de algo como sendo
verdadeiro, sempre envolvendo um tribunal ou um contrato legal (2008, p. 30).

Assim podemos declarar que “confessionalidade” é a identidade de uma


denominação religiosa, que mostra por meio da fé a sua maneira de ver o
mundo, é a sua “cosmovisão”.

Sendo assim, cabe à capelania a responsabilidade maior pela preservação e


reafirmação da confessionalidade na escola. E mesmo que haja preceitos
legais para que não se faça proselitismo nas escolas confessionais, não se
pode deixar de evangelizar os estudantes e todos que estão envolvidos no
contexto escolar (VIEIRA, 2011, p. 64-65).

No entanto, podemos observar que sua ação estará estritamente interligada


com a proximidade da confessionalidade que a instituição desenvolveu durante
toda sua história.

Quanto mais à escola se aproximava da igreja mais a capelania aparecia; por


outro lado, o contrário também produzia uma capelania apática e em muitos
momentos apenas representativa ou meramente nominal. Procura-se
desenvolver de forma sucinta as definições sobre “capelania” partindo da forma
mais genérica até a enquadrar especificamente na área educacional. Para isso,
foi necessária também uma visão panorâmica da utilização do termo como de
sua abordagem histórica até os tempos atuais.

REFERÊNCIAS

BORGES, Inez Augusto. Confessionalidade e construção ética na


universidade. São Paulo: Editora Mackenzie, 2008.

VIEIRA, Walmir. Capelania Escolar, desafios e oportunidades. São Paulo:


Rádio Trans Mundial, 2011.

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