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AULAS ESQUEMATIZADAS
DIREITO CONSTITUCIONAL
É um ramo do Direito Público, destacado por ser fundamental à organização e funcionamento do
Estado, à articulação dos elementos primários deste e ao estabelecimento das bases da estrutura política.
Pode ser estudado de forma:
1. Geral: Estuda os elementos do Estado (Teoria Geral do Estado) e a parte comum do Direito Consti-
tucional para todos os Estados;
2. Comparada: Verificar as diferentes disposições constitucionais em diferentes estados;
3. Particular: Estudar as normas constitucionais de um determinado Estado.
OUTROS CONCEITOS:
Sentido Geral: Todo Estado tem constituição, pois é o seu modo de ser. Exemplo: No absolutismo havia a
idéia de que o poder é do soberano que o recebe de Deus.
Sentido Jurídico (formal): Lei fundamental e suprema de um Estado. Para Kelsen era uma norma de
DEVER SER lógico-jurídico (normal fundamental hipotética à “Obedeça a tudo que está na Constituição”)
e do jurídico-positivo (norma positiva suprema)
Sentido Sociológico (material): É a soma dos fatores reais de poder (Ferdinand Lassalle) – ver a dife-
rença entre constituição semântica, nominalista e normativa na classificação das Constituições; Para ele a
Constituição não passaria de uma folha de papel se não estivesse refletindo os reais interesses das clas-
ses dominantes.
Sentido Político (material): Carl Shmitt entende que a Constituição é um instrumento de realização das
decisões políticas do Estado – é uma decisão política anterior (FORMAL x MATERIAL).
Loewenstein: Entende que a CF é um instrumento de dominação;
Hesse: Realidade histórica;
menda Constitucional n° 32/2001 traçou as linhas básicas do procedimento e das limitações impostas à
medida provisória.
Decretos legislativos: São os atos normativos internos produzidos pelo Legislativo, mas que repercutem
externamente e decorrem da competência exclusiva do Congresso Nacional prevista no art. 49.
Resoluções. Atos normativos internos produzidos pelas Casas Legislativas no tratamento de matérias in-
terna corporis. Também utilizados para delegação legislativa nos termos do Art. 68 §2º.
ORIGINÁRIO, INICIAL OU INAUGURAL: Formaliza o Estado por meio de uma nova Constituição. Juridi-
camente, se formaliza a cada nova Constituição. Geograficamente e historicamente pode ser o mesmo Es-
tado, porém, juridicamente o novo Estado é formalizado na Constituição. Cria um novo ordenamento jurídi-
co.
• Titular: é o povo (evolução do conceito de Sieyès), mesmo que haja usurpação – O exercício poderá
ser direto ou indireto. Art. 1o Parágrafo único. Representação. A diferença é a permanência com o po-
der, quando o próprio titular faz a nova constituição ele permanece com o Poder Constituinte de forma
latente, já quando há um agente este esgota o Poder Constituinte em sua manifestação e o povo reto-
ma, mesmo que de forma latente a titularidade do Poder Constituinte.
• Processos de manifestação:
o Consensual: Transição pacífica, não há uma ruptura formal do ordenamento anterior – ocorre
por meio de Assembléias Constituintes.
o Não consensual (não pacífico): Ocorre rompimento absoluto, inclusive de forma, o veículo
passa a ser revolução. Porém deve ser legítimo (diferença entre revolução e golpe de Estado).
CARACTERÍSTICAS:
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• Autônomo ou Incondicionado: Não se submete a qualquer forma de poder, ou seja, está desvincula-
do da ordem jurídica anterior – não é um poder jurídico, criado por lei; A nossa constituição foi prevista
como uma Emenda EC no 26 à Constituição anterior. Manoel Gonçalves Ferreira Filho entende que a
nossa Constituição não seria fruto do Poder Constituinte Originário, porém o que caracteriza o Poder
Constituinte Originário é o rompimento de conteúdo e não o rompimento de forma.
o Descontinuidade formal: É o rompimento da forma. É não respeitar nenhum condicionamento
no ordenamento jurídico.
o Descontinuidade material: É o rompimento em relação à matéria, à substância. Normalmente
o PCO rompe com a forma e com a matéria (revolução). Porém, é possível o processo consen-
sual para o estabelecimento de uma nova Constituição, processo de transição que passa de um
ordenamento para outro. Como houve esta descontinuidade material considera-se que a Consti-
tuição é fruto do PCO.
• Ilimitado: Não encontra limites no ordenamento jurídico anterior. É de se dizer que há quem veja limi-
tes ao Poder Constituinte Originário, limites oriundos do Direito Internacional e também do Direito Natu-
ral, além do princípio da vedação do retrocesso. No entanto não há se falar em direito adquirido, ato ju-
rídico perfeito e coisa julgada frente ao P. C. Originário; Art. 17 do ADCT.
• Extraordinário: Excepcional porque só se manifesta em momentos especiais.
Na idéia clássica a Assembléia Nacional Constituinte deveria ser desfeita após a conclusão dos
trabalhos;
Não há hierarquia entre normas constitucionais do poder constituinte originário; (não se admite
que normas constitucionais originárias sejam declaradas inconstitucionais), ou seja, não se ad-
mite a tese da existência de normas suprapositivas. ;
DE REFORMA ESTADUAL
• Poder de modificação da Constituição Estadual (não há possibilidade de revisão no
plano estadual – STF não aceitou revisão nos Estados). Deve observar os princípios
da CF;
o Limitado: Ver limitações ao poder constituinte derivado decorrente;
o Relativo;
o Condicionado e vinculado;
Corrente minoritária: Entende que pode modificar para menor, desde que seja mantida a ri-
gidez.
4. Não se admite a teoria da dupla revisão para poder retirar direitos individuais;
Retirar uma cláusula pétrea numa emenda constitucional e posteriormente outra emenda
diminuindo os direitos que eram protegidos por cláusula pétrea.
5. Retirar a temporariedade dos mandatos; Há quem entenda que a República e o Presidencia-
lismo também seriam limitações implícitas já que foram escolhidos pelo povo durante plebiscito,
ou seja, forma de manifestação direta do poder.
2. CIRCUNSTANCIAIS (SÍNCOPES CONSTITUCIONAIS): Quando estabelece certas circunstâncias
de anormalidade, conturbação, instabilidade ou gravidade no Estado que impedem a modificação
do texto constitucional. A Constituição requer consenso, pacificação social e política. Noêmia Porto
e Adércio Leite Sampaio entendem que o Art. 60 §5º são limitações circunstanciais (nos posiciona-
mos na tese de que seriam impedimentos formais – ver adiante).
a. Estado de Defesa; Estado de Sítio e Intervenção Federal (art. 60 §1 o).
i. Não impede a apresentação ou debate, só não pode ter deliberação, votação ou
promulgação.
3. PROCEDIMENTAIS OU FORMAIS: Quando a CF estabelece distinções entre o processo legislati-
vo de sua modificação e o processo legislativo das demais leis (ordinário); Art. 60, I a III (iniciativa
privativa e concorrente – Limitação FORMAL SUBJETIVA) e §2º (votação em dois turnos em
cada casa com quorum de 3/5 para aprovação – Limitação FORMAL OBJETIVA) §3º (inexis-
tência de sanção ou veto presidencial) e §5º (irrepetibilidade absoluta na mesma sessão le-
gislativa ordinária; São divididos em limites formais subjetivos (Fase iniciadora) e objetivos (Pro-
cedimentos a serem seguidos);
Se não respeitados geram inconstitucionalidade formal
4. TEMPORAIS: Quando se estabelece um prazo no qual o texto constitucional não poderá ser mu-
dado. Absoluta imutabilidade. Não tivemos tal limitação na atual CF para o Poder Constituinte deri-
vado reformador (EC 1 a 4), somente para o derivado revisor. Houve limitação temporal para o po-
der de emenda na Constituição do Império de 1824 em seu Art. 174.
A eficácia jurídica não dá à norma a eficácia social, porém, produz efeitos relevantes (efeitos
negativos):
Revogar as leis incompatíveis, proibir o legislador de fazer leis que sejam incompatí-
veis;
Parâmetro de interpretação do texto constitucional, obrigando o juiz a decidir confor-
me o disposto na norma.
Dever de ser implementada pelo Estado;
Normas preceptivas: são as destinadas ao juiz e ao cidadão;
DIVISÃO ENTRE NORMAS AUTO-APLICÁVEIS E NÃO-AUTO-APLICÁVEIS
(Maria Helena Diniz) Eficácia Absoluta ou supereficazes (possuem aplicabilidade imediata direta e
integral – não dependem de lei posterior): Além da eficácia plena, não podem ser emendadas; Art. 34,
VII “a” e “b” e art. 60§4 o.
(Maria Helena Diniz e José Afonso da Silva) Eficácia Plena (possuem aplicabilidade imediata direta
e integral – não dependem de lei posterior): Produzem efeitos desde a entrada em vigor. Não necessita
de regulamentação. Art. 1o Parágrafo único, Art. 2o, 14§2o, 17§4o, 19 a 22, 24, 28 caput, 30, 37 III, 44 Pa-
rágrafo único, 45 caput, 46§1 o, 51, 52, 60 §3o, 69, 70, 76.
(Maria Helena Diniz e José Afonso da Silva) Eficácia Contida, redutível, prospectiva ou plena res-
tringível (possuem aplicabilidade imediata direta e integral – não dependem de lei posterior): Legis-
lador constituinte regulou parcialmente, ou seja, é possível exercer o direito, porém, este pode ser restrin-
gido pelo poder público. Art. 5o VII, VIII, XI a XVII, XIX, XXXIIII, LX, LXI 15 IV, 37 I, 84 XXVI.
(Maria Helena Diniz e José Afonso da Silva) Eficácia Limitada, mediata, reduzida, mínima diferida ou
relativa complementável: Dependem de lei posterior para regular o direito. Cabendo lembrar que possu-
em eficácia jurídica e estabelecem uma forma de atuação positiva do legislador. Dividem-se em:
a) Princípios institutivos: A lei cria um instituto e ele precisa ser regulamentado; Exemplo: Terro-
rismo – não se combater o terrorismo enquanto não houver a lei específica de tratar o que é o
terrorismo. Também o termo “coisa julgada” que deve ser implementada (mas já houve recep-
ção do CPC e da Lei de Introdução ao CC); A Constituição fala em termos genéricos;
b) orgânicos ou organizativos: Contém esquemas gerais de estrutura de instituições, órgãos, ou
entidades. Exemplo: Tribunal do Júri, a Constituição dá as idéias básicas, mas a lei posterior
deverá dar aplicabilidade.
Art. 18§2o, 22 Parágrafo único, 25§3o, 33, 37 XI, 88, 90 §2o, 91§2o, 98§1o, 102§1o, 107§1o; 109 VI e
§3o, 113, 121, 125§3o, 128§5o, 131 e 205.
c) Princípios programáticos: As normas constitucionais programáticas não produzem seus ple-
nos efeitos com a entrada em vigor da CF (são normas de eficácia limitada). Além da eficácia
jurídica e a previsão de legislação ordinária posterior, estabelecem um programa a ser imple-
mentado pelo Estado, normalmente visam fins sociais – São protegidas por ADI por omissão
(Art. 103§2o); Exemplo: Proteção e defesa do consumidor – há necessidade de ser implementa-
do um programa do Estado; Outros: Art. 7oXI (já há lei posterior), 7 o XXVII, Juros legais de 12%
(revogado) e, por último, Art. 37 XI que é teto do funcionalismo público (dependia de lei conjunta
dos Presidentes da República, Senado, Câmara e STF – foi modificado pela reforma da previ-
dência que acabou com a “iniciativa conjunta”, entretanto cabe iniciativa do STF para o teto ge-
ral); Art.196, 215, 218;
(Celso Ribeiro Bastos e Carlos Ayres Britto): Normas de aplicação: São as auto-aplicáveis;
(Celso Ribeiro Bastos e Carlos Ayres Britto): Normas de integração: Podem ser completáveis (equiva-
le à limitada) ou restringíveis (equivale à contida).
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(Uadi Lâmego Bulos): Normas de eficácia exaurida: As do ADCT que não produzirão mais efeitos;
APLICABILIDADE MÁXIMA AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS: O Art. 5o §1o diz que os direitos funda-
mentais têm aplicabilidade imediata, porém, várias são as normas do Art. 5o que são de eficácia limitada.
Para dar eficácia, então, há a previsão:
MI: Art. 5o LXXI que deverá regulamentar uma norma que depende de regulamentação;
ADI por omissão: Para situações em abstrato;
ADPF (Regulamentada na Lei 9882): Tem dois objetos, no primeiro objeto poderá ser usada (a
doutrina não é pacífica) para obrigar órgão a agir.
O princípio programático depende tanto da lei quanto da ação dos governantes e, em alguns casos,
da sociedade civil. A simples regulamentação da norma não é suficiente para tornar a medida efi-
caz. Se a norma precisa somente da lei posterior, admite-se o uso do MI e da ADI (alguns defendem tam-
bém a ADPF). Se o programa demandar ações concretas do Estado não há como se forçar a implementa-
ção por meios judiciais.
Exemplo: A defesa do consumidor foi satisfeita com a edição da lei;
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO (Vetores para soluções interpretativas) Princípio jurídico: É norma
de dedução lógica inerente à historicidade e à sistematicidade do fenômeno jurídico genérica ou especifi-
camente considerado, podendo ser identificada de forma expressa (está na própria norma) ou implícita (princípio
da proporcionalidade e o da limitação da reserva do possível – ADPF 45) numa dada ordem jurídica positiva, composta
por diretrizes/premissas jusfilosóficas, axiológicas (valorativas), científicas e ou técnicas que incide sobre o
processo de criação (função normogenética) sobre o processo de aplicação e sobre o processo de controle
(funções integrativas e conformadora) de outras normas jurídicas (as regras), e cuja observância, pelos
seus destinatários imediatos, beneficia por conseqüência, os indivíduos e a sociedade. Exemplo: Princípio
da irretroatividade e princípio da boa-fé (reduzem a potencialidade conflituosa das relações sociais); Se o
princípio é uma norma terá os mesmos atributos dessas.
Princípios são as primeiras verdades, orientações e diretivas de caráter geral e fundamental que se pos-
sam deduzir da conexão sistemática, da coordenação e da íntima racionalidade das normas, que concor-
rem para assim, num dado momento histórico, o tecido do ordenamento jurídico. São normas-chave de
todo o sistema jurídico (são nucleares ou nocionais – seriam indefiníveis). Mandamento nuclear de
um sistema. Os princípios que começam por ser a base de normas jurídicas, podem estar positivamente
incorporados, transformando-se em normas-princípio e constituindo preceitos básicos da organização
constitucional.
Princípio: É uma regra de abrangência máxima e efetividade mínima; É um pilar, é um mandamento nu-
clear de um sistema (pode estar positivado ou implícito);
São abstratos (falta densidade normativa e por isso será instrumentalizado pelas normas ou regras)
– dentro dos princípios há um grau de abrangência (alguns são mais abrangentes que outros); Não
são binários (causa-efeito, norma-sanção, ação-reação...), ou seja, em primeiro momento não se
viola o princípio, viola-se a norma que instrumentaliza o princípio. São compostos por premissas, di-
retrizes (paradigmas de pensamento, uma presunção de raciocínio);
a. Atua na formação das regras: Função normogenética – formação de normas – As regras
são criadas para viabilizar os princípios;
b. Tem função conformadora: A regra deve ser interpretada de acordo com a função do prin-
cípio. O princípio não pode ser “derrogado” por normas em situações excepcionais. Exem-
plo: Decisão judicial que não aplicou a presunção de estupro com menor de 14 anos. A re-
gra deverá ser aplicada de acordo com o princípio. Os princípios conformam a aplicação das
regras.
c. Integração: O princípio serve para suprir lacunas, pois, as regras podem ser lacunosas, já
os princípios serão utilizados para completar o ordenamento jurídico. Exemplo: Rapaz fran-
zino, saudável, que conseguiu ser avaliado no teste físico pelos critérios femininos no con-
curso de delegado.
Atuam então, na criação, na aplicação e controle e na integração do ordenamento jurídico. Além disso,
deverão ser observados pelos destinatários imediatos (os destinatários são diferentes dos executantes)
são destinatários:
• Promotor;
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ASILO POLÍTICO: Acolhimento de estrangeiro por parte de um Estado que não o seu, por motivos políti-
cos ou de opinião. A competência é do Poder Executivo (ato discricionário de soberania);