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O texto não acadêmico

Bruno Garcia Reis de Mello

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Sumário

UNIDADE 4 – O texto não acadêmico

Aula 1 - As formas mais comuns dos textos não acadêmicos.......................................5


Aula 2 - As estruturas básicas de um texto não acadêmico.........................................12
Aula 3 - Principais utilizações e contextos.......................................................................20
BIBLIOGRAFIA.................................................................................................................24

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INTRODUÇÃO
Quando falamos em gêneros textuais fora da academia, a tendência natu-
ral é por relaxarmos, afrouxarmos um pouco as regras e termos uma postu-
ra mais informal. Não é nenhum crime, não é mesmo? Afinal, fora do meio aca-
dêmico, podemos ser mais flexíveis e escrever de um jeito menos regrado.

Mas será que isso vale para todos os gêneros não acadêmicos? A resposta é não. Po-
rém, estes gêneros não se esgotam. Então, não é nosso objetivo, aqui, listar todo tipo
de texto que exista fora do meio educacional, até porque isso não faria o menor senti-
do. Nossa função é mostrar que existem alguns formatos, mesmo fora do mundo uni-
versitário, que serão decisivos para a sua carreira e para o seu progresso profissional.

Falaremos, por exemplo, de formatos que são muito exigidos no mundo corpora-
tivo, no ambiente de trabalho e no convívio com colegas de profissão, com seus
superiores e com outros profissionais no mercado (o famoso network). Os textos
construídos nestas esferas, embora não sejam tão rígidos quanto no mundo aca-
dêmico, também não são necessariamente informais. E mesmo quando adotam
um tom mais flexível, se colocam em uma “informalidade formal”. Ou seja, adotam
uma linguagem mais descontraída e próxima, embora, em essência, ainda man-
tenham uma total formalidade no discurso e, muitas vezes, também na forma.

Bons estudos!

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OBJETIVOS
Ao final desta unidade, espera-se que o aluno tenha aprendido a:

» identificar as formas mais comuns de textos não acadêmicos;


» demonstrar a estrutura básica de um texto não acadêmico;
» demonstrar as principais formas de utilização dos textos não acadêmicos e os
contextos onde são utilizados.

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AULA 1 – As formas mais comuns dos textos não acadêmicos
Quando falamos em textos não acadêmicos, é difícil estabelecer parâmetros, pois, na realida-
de, qualquer texto produzido fora do ambiente educacional pode se encaixar nesta categoria. Isso
significa que todos e quaisquer textos produzidos em ambientes “não educacionais” podem en-
trar nesta definição. Falar sobre todos eles, seria impossível, já que a lista não se esgota. Nem é
esse o nosso objetivo nesta última unidade do curso. O que pretendemos é apresentar gêneros
que, apesar de não acadêmicos, são fundamentais para a construção de uma carreira de sucesso.

É curioso o fato de que um dos principais problemas encontrados por recrutadores e gestores de RH nos
processos seletivos não é a ausência de conhecimento técnico dos candidatos ou mesmo a inexperiência.

O grande obstáculo,
muitas vezes, está na
escrita. Ou melhor:
na incapacidade dos
jovens candidatos em
interpretar e desen-
volver textos simples.

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Na maioria das vezes, o candidato já é excluído pelo e-mail que manda, com um texto mal constru-
ído ou, pior, com erros de língua portuguesa. Quem passa desta fase tem o seu currículo ana-
lisado pelos recrutadores (muitas empresas também solicitam uma carta de apresentação, em
especial as multinacionais). E, mais uma vez, os candidatos são filtrados, não necessariamen-
te pelos aspectos técnicos da sua formação ou experiência profissional, mas simplesmente por-
que não souberam construir um currículo ou uma carta de apresentação da maneira adequada.

É imprescindível saber que, mesmo depois que você ingressa no emprego, alguns textos continu-
am sendo vitais para a sua permanência na vaga: relatórios, atas de reuniões, propostas e e-mails
profissionais que você encaminha para clientes, colegas da área profissional, superiores e su-
bordinados podem ser o estopim para grandes problemas, se não houver o cuidado adequado.

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Independentemente da profissão que você esco-
lheu ou do curso que está fazendo, o texto será
sempre uma realidade da qual não se pode esca-
par. Até porque, quando se trata do bom e velho
português, será que existe opção? “Quem não se
comunica se trumbica”, dizia o saudoso apresenta-
dor Chacrinha. A grande questão é: uma comuni-
cação malfeita no ambiente profissional pode ser
bastante prejudicial, chegando até mesmo a invia-
bilizar a sua permanência no cargo ou na empresa.

Falamos sobre isso já na primeira unidade deste cur-


so: não importa se você está estudando Matemática,
Direito, Engenharia, Educação Física ou Enfermagem.
Ter domínio do texto é algo fundamental para todas
as profissões. Uma das principais dificuldades é adap-
tar o texto altamente informal ao qual estamos acos-
tumados com o tom mais formal, que é necessário no
mundo do trabalho. Quando estamos na internet, nas
redes sociais ou em aplicativos de mensagens instan-
tâneas, é comum adaptarmos, encurtarmos, usarmos
gírias e fazer todo tipo de edição (respeitando ou não
as regras do nosso idioma) com o objetivo de facili-
tar o processo de comunicação. Essas adaptações,
muitas vezes, também são utilizadas para facilitar a
interpretação (e contextualização) da mensagem.

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A questão é que, no mundo profissional, não há espaço para tais recursos, ou pelo menos eles são bem
mais limitados. Embora os gêneros utilizados neste ambiente possam não ter o mesmo rigor que nos tex-
tos acadêmicos, eles também não são tão flexíveis quanto nos textos que utilizamos em esferas pessoais.
Portanto, evite usar a mesma linguagem em ambientes tão diferentes: a maneira que você escreve pelo
WhatsApp não pode ser a mesma utilizada com o seu chefe, por exemplo. O mesmo vale para quem já tem
uma carreira em construção: o profissional que ocupa um cargo de destaque em uma organização deve
tomar muito cuidado com os textos que produz, mesmo que seja no âmbito pessoal. Muitos já perderam o
emprego por conta de textos inadequados que postaram em aplicativos de mensagens ou em redes sociais.

Além da informalidade excessiva,


o texto mal escrito e o desconhe-
cimento de regras elementares da
nossa língua também podem gerar
grandes constrangimentos. Pode-
mos admitir que alguns erros sejam
“menos traumáticos” na internet,
um ambiente onde o uso coloquial é
mais aceito e alguns deslizes podem
ser ignorados ou mesmo perdoa-
dos. O problema acontece quando
esses erros são cometidos dentro
do ambiente de trabalho: e-mails,
memorandos, relatórios, briefin-
gs e outras construções formais.

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Atenção!
Não é pecado desconhecer
algum detalhe ou uma regra,
principalmente quando fala-
mos de uma língua tão com-
plexa quanto o português.
Porém, é um grande erro ter a
consciência disso e não tomar
nenhuma atitude. Se você sen-
te dificuldade em relação a al-
gum aspecto da construção de
textos, que tal buscar este co-
nhecimento? Então, seja pro-
ativo! Busque em livros, com
professores e na própria inter-
net, mas tire as suas dúvidas.
Isso será bem mais valioso e
pode evitar que você enfren-
te algumas situações bastan-
te embaraçosas no futuro.

Mas por que temos tanta dificuldade em escrever?


Quase sempre, a resposta está na falta de prática em duas atividades que deveriam ser cotidianas, prin-
cipalmente para quem está cursando uma universidade: a leitura e a própria escrita. Lemos pouco e
escrevemos menos ainda. O nível de leitura dos brasileiros é um dos mais baixos do mundo. Consequen-
temente, temos pouco apreço pela escrita e, quando o fazemos, em geral, os textos produzidos são de
péssima qualidade.
A comunicação escrita não é uma tarefa fácil: é um processo de encadear ideias para que façam significa-
do no final, respeitando todas as regras de ortografia, gramática, sintaxe entre outros. Ou seja: construir
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um bom texto é uma tarefa bastante complexa. Porém, quanto mais prática você tiver, mais facilmente
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acadêmico será capaz de realizar essas tarefas. E com o tempo, será uma atividade natural, como andar de bicicleta.
É importante compreender que ser capaz de articular bem as ideias não nos dá vantagem apenas
com o texto escrito, mas também nos textos falados. No mundo do trabalho, não serão poucas
Atenção!
as vezes onde você terá que se comunicar bem com os colegas da equipe, com seu chefe, ou ainda
terá que fazer apresentações e defender o seu ponto de vista. Na própria entrevista de empre-
go, isso já será um diferencial: um candidato bem articulado e que seja capaz de se apresentar
da maneira correta terá mais chances que outro, que tenha dificuldade em expor suas ideias.

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Portanto, não pense que só quem estu-
da Letras ou Comunicação deve se pre-
ocupar com a construção textual. Esta
deve ser uma preocupação de todos!
Mas espere um pouco: você não precisa ser
nenhum gênio da escrita para sobreviver e
construir uma carreira. Ninguém aqui quer
que você seja o próximo Machado de Assis.
Porém, é muito importante que você tenha
uma base sólida, o que vai capacitá-lo a tra-
balhar com estes textos que, normalmente,
são exigidos no ambiente de trabalho. Fala-
remos deles em mais detalhes na próxima
aula, mas, por agora, vamos apenas listá-los.

Você sabia?
Segundo o IBGE, a taxa de analfabetismo en-
tre os brasileiros com 15 anos ou mais é de
8,3% em média. Embora essa taxa esteja re-
duzindo nos últimos anos, o letramento do
brasileiro não avançou. E qual é a diferen-
ça? De acordo com especialistas, um indiví-
duo alfabetizado não é, necessariamente,
um indivíduo letrado; alfabetizado é aquele
indivíduo que sabe ler e escrever; já o indi-
víduo letrado é capaz de ler, escrever, e ain-
da usa socialmente a leitura e a escrita, res-
pondendo adequadamente às demandas
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11 sociais em termos de construção de texto.
Um ponto importante a ressaltar é que o problema na alfabetização de base é algo crônico no Brasil e
pode se estender para a vida acadêmica e terminar na vida profissional. Cabe a você mudar seus há-
bitos e aprimorar na produção de texto. Isso, certamente, vai gerar boas oportunidades futuras.

AULA 2 – As estruturas básicas de um texto não acadêmico


Agora, você conhecerá, detalhadamente, as estruturas básicas de gêneros textuais comumente utilizados no
mundo do trabalho. Começaremos pelo mais básico de todos, que é o currículo. Se você ainda não fez o seu,
é hora de pensar seriamente nisso. Afinal, ele será o primeiro texto que qualquer empresa vai pedir para que
você envie. Então, vamos a ele!

Currículum vitae
O currículo (alguns ainda escre-
vem curriculum vitae, do latim, ou
CV) é um documento que agru-
pa informações pessoais de um
profissional junto à sua forma-
ção acadêmica e à sua trajetória
no mercado de trabalho, visando
demonstrar suas qualificações,
competências e habilidades. Ele
resume toda a sua experiência e
as competências técnicas, bem
como o conhecimento acumu-
lado ao longo da sua trajetória
com o objetivo de mostrar a um
possível empregador o quanto
você é capaz de agregar a empre-
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12 sa deste, caso seja contratado.
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Não há mistério em produzir um bom currículo, mas muitas pessoas acabam tendo dúvidas sobre
quais informações, de fato, devem ser colocadas. Este gênero textual será sempre dividido nas se-
guintes partes:

» informações pessoais;
» objetivos;
» resumo;
» formação acadêmica;
» experiência profissional.

Proceda da seguinte maneira:


• Comece com seus dados pessoais: nome completo, nacionalidade, idade, endereço e formas
de contato. Muitos especialistas defendem que não é preciso detalhar o endereço, mas apenas colocar
o bairro e a cidade. Por outro lado, nas formas de contato, quanto mais detalhes, melhor: telefone fixo,
celular, e-mail e até o link de alguma rede profissional, como o Linkedin, são informações bem-vindas.

• Objetivos: nesta parte, coloque seus objetivos profissionais e a posição que pretende ocupar
ou área de interesse. Por exemplo: “Busco uma vaga de assistente de Marketing”.

• Resumo: deve trazer (como o próprio nome sugere) um breve relato das suas princi-
pais qualificações. No caso de um currículo de um iniciante, que tende a ser mais simples, esta
parte pode ser feita na forma de tópicos: três tópicos serão suficientes para um bom resumo.

• Formação acadêmica: nesta parte, você vai especificar os cursos que já fez ou que
está fazendo. No caso de cursos que você já fez, especifique o ano em que você começou e o
ano em que terminou. Para cursos que ainda estão em andamento, como é o caso da facul-
dade que está fazendo, coloque o ano de início e dê uma previsão de conclusão. Por exem-
plo: se você começou em fevereiro de 2018, a previsão de conclusão (no caso de um curso de 4
anos) é para 2021. E sempre especifique a instituição onde você estuda ou estudou. O ava-
liador vai querer saber se a instituição de ensino é séria e se possui boa reputação no mercado.
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13 • Experiência profissional: por fim, nesta parte, liste as experiências de trabalho que realmente
agregaram alguma coisa ao profissional que você é hoje. Uma dúvida muito comum neste caso é so-
bre o que colocar em um currículo de uma pessoa iniciante. Mas não se desespere: se você ainda não
tem nenhuma experiência de trabalho formal, talvez você tenha participado de trabalhos voluntários,
ou ainda de projetos interessantes na sua comunidade ou no colégio onde estudou. Se, ainda assim,
não tiver nada para colocar, isso não deve ser visto como um problema. Seja sincero e coloque: “Em
busca da primeira experiência profissional”. A única maneira de começar é dando o primeiro passo.

Cartas de apresentação

Além do currículo, muitas empresas também pedem cartas de apresentação, um texto onde o
candidato se apresenta brevemente. Embora seja um documento bem simples, é natural que te-
nhamos dúvidas quando vamos fazê-lo pela primeira vez.

E devemos estar atentos para redigir uma boa carta. Normalmen-


te, se a empresa pede que os candidatos enviem este documen-
to junto com o CV, é porque pretendem lê-lo primeiro, já filtran-
do por ali quem passará para a próxima etapa. Então, se a sua carta Atenção!
estiver mal redigida, os recrutadores nem chegarão a olhar o seu currículo.

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Na carta, você deve ser formal e objetivo. Fale brevemente das suas qualificações e experiências.
Pense que a pessoa que receber este texto deve conseguir visualizar o profissional que você de fato
é. A seguir, apresentamos um modelo básico de carta de apresentação, que pode ser usado como
parâmetro.

Exemplo:

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15 http://www.dicasdecurriculo.com.br/
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Relatórios

Os relatórios são textos que relatam algo que aconteceu ou que está acontecendo. No mundo pro-
fissional, relatórios são usados o tempo todo para mostrar o resultado de algum trabalho ou o an-
damento do mesmo, ou ainda para apresentar uma situação que mereça a atenção do grupo. Em
termos de tipologias textuais, o que vimos na Unidade 1, o relatório não conta uma história, não ten-
do aspecto narrativo. Porém, ele relata ponto a ponto o que foi observado e pode, em alguns casos,
apresentar também uma breve análise sobre as causas e os efeitos daquilo que é o objeto do relato.
É imprescindível compreendermos que não existe uma regra comum para se escrever um relatório e
estes documentos vão variar dependendo da área de atuação e dos seus objetivos. Mas, em geral, to-
dos eles devem ser objetivos e sistemáticos em relatar fatos que foram vivenciados e/ou observados.
Normalmente, neste tipo de texto, não cabe apresentar sua opinião ou inserir questões subjetivas.

Outro ponto importante é saber que um relatório também pode ser o resultado de alguma in-
vestigação ou pesquisa sobre algum tema. Imagine que o seu chefe pede para fazer um levanta-
mento sobre os principais fornecedores de algum material ou equipamento específico utilizado na
sua empresa. O resultado deste levantamento pode ser apresentado sob a forma de um relatório.

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Briefing

Outro texto muito comum no mundo do trabalho são os famosos briefings. Mas muita gente por aí fala
de briefing sem saber exatamente o que é e qual a função deste tipo de documento. Mas ele é bem
simples! Normalmente, antes de começarmos um projeto, algumas informações são passadas sobre
objetivos e parâmetros de sua execução.
Como as informações do briefing são organizadas? Qual o objetivo deste documento?
Essas informações são passadas pela liderança do projeto, pelo chefe direto ou mesmo
pelo cliente (no caso de um trabalho que está sendo contratado por um cliente externo). En-
tão, o briefing tem por objetivo apresentar, de forma resumida, o que será este projeto, quais
são as orientações em relação a ele e que parâmetros ou limites de atuação devem ser res-
peitados. Embora o uso do termo seja muito forte nas áreas de administração e comunica-
ção, o uso do briefing é útil em qualquer tipo de projeto, em todas as áreas do conhecimento.

Fique atento! Da próxima vez que tiver um projeto para desenvolver (trabalhos em grupo são
uma excelente maneira de treinar o briefing), que tal “brifar” com o seu grupo o que será fei-
to e como as tarefas serão divididas? Isso vai ajudar bastante na hora de executar o trabalho!

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Memorandos

Memorandos são documentos oficiais de uma empresa que transmitem alguma informação, orien-
tação ou regra para todos os funcionários. Por sua própria natureza, o memorando precisa ser um
documento claro, objetivo e preciso, bem como estruturado em uma linguagem regida pelo padrão
formal e em um formato que traduz uniformidade, isto é, preestabelecido, padronizado. Este tipo de
texto possui as seguintes características:

Tem por objetivo dar agilidade à comunicação interna da empresa.

Atualmente, é muito utilizado no formato digital.

E-mails e aplicativos de mensagens

Não tem jeito, a tecnologia veio para ficar! E como ela facilita muito o processo de comunicação, é
natural que também seja utilizada no âmbito profissional.

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Não tem jeito, a tecnologia veio para ficar! E como ela facilita muito o processo de comunicação,
é natural que também seja utilizada no âmbito profissional. A tecnologia gera benefícios e rapi-
dez por um lado; por outro, também aumenta a carga de estresse e acaba forçando as pessoas a
se manterem conectadas ao trabalho, mesmo quando já estão em casa ou curtindo o final de se-
mana. Hoje, carregamos senso de muitas pessoas e temos um verdadeiro campo minado disfar-
çado de contas de e-mail, grupos de trabalho no WhatsApp e perfis corporativos em redes sociais.

É importante ressaltar que todas essas tecnologias no bolso, em nossos smartphones, tor-
na-se quase impossível se “desconectar” e separar a vida pessoal da profissional. Soman-
do isso à falta de bom senso, a tecnologia, que deveria servir a um propósito maior de apro-
ximar, pode acabar substituindo o processo de comunicação tradicional por mensagens
saturadas de coloquialismo, emojis, imagens e vídeos que, muitas vezes, podem parecer até mes-
mo falta de respeito com o receptor ou ignorância por parte daquele que emite a mensagem.

Só este tópico seria suficiente para montarmos um curso inteiro, mas vamos resumir aqui alguns pon-
tos fundamentais:

Procure ter contas pessoais e profissionais separadas. Jamais misture os dois ambientes.

Adote sempre o tom formal e a língua culta, caso o grupo ou assunto seja sobre trabalho. Não é
um bate-papo com os seus amigos do colégio, então nada de gírias, expressões engraçadinhas
e muito menos erros de português.

Tenha em mente que todas essas tecnologias são ótimas, porém elas te expõem. Portanto,
muito cuidado com o que você escreve ou com as imagens e os vídeos que publica.

Bom senso nunca é demais! Ao elaborar um texto, é importante estruturá-lo de forma corre-
ta. Certifique-se, antes de enviar de que está sendo claro em suas colocações, principalmente
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se o texto envolve de forma direta o seu trabalho.
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Agora que vimos as principais estruturas textuais usadas no mundo do trabalho, vere-
mos os seus principais contextos de uso. Este será o assunto da nossa próxima aula.

AULA 3 – Principais utilizações


e contextos
Dedicamos esta unidade inteira a textos não
acadêmicos, porém relevantes para o seu pro-
gresso profissional. Para finalizar, nesta última
aula, você verá algumas utilizações comuns e
contextos onde estes textos são demandados.

Vale lembrar que o tema não se esgota apenas


nesta aula. Apenas damos, aqui, o primeiro pas-
so para direcionar você para esta temática, mas,
daqui por diante, a responsabilidade será sua
em buscar mais informações e se aperfeiçoar.

Abordamos, no começo do nosso curso, que o


contexto pode mudar por completo o sentido
de uma mensagem (ou seja, do texto). No âm-
bito profissional, isso é ainda mais importante,
pois o contexto, muitas vezes, dá o tom da men-
sagem e não o contrário. Significa que respon-
der a uma mensagem — seja por e-mail, seja
por um aplicativo de mensagens, para um cole-
ga de trabalho, para o seu chefe direto, para o
diretor ou para o dono da empresa — deman-
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dará abordagens diferenciadas, mesmo que o
20 conteúdo da mensagem em si, seja o mesmo.
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Entenda que essa abordagem diferente é uma exigência, porque o contexto muda na medida em que você
responde a alguém hierarquicamente superior dentro da organização.

Sendo assim, os contextos de trabalho também mudam de acordo com a sua formação e a área de
atuação. Um relatório, por exemplo, pode assumir formatos bem diferentes se estamos falando da
área do Direito, da Biomedicina ou da Engenharia, isso porque cada campo do conhecimento terá as
suas especificidades e necessidades práticas que deverão ser contempladas na construção do texto.

Por isso, é tão importante entender corretamente os contextos para depois produzir os textos adequados a
cada realidade e situação.

É fundamental, também, perceber que o ambiente de trabalho é sempre muito formal, mesmo quando se
traveste de absoluta informalidade. Para entender melhor essa questão, um bom exemplo são os escritórios
de grandes empresas onde são instaladas máquinas de refrigerante, mesas de pingue-pongue e até uma
rede para você esticar as pernas e tirar uma pestana. Não se engane! Essas estruturas são montadas para
que as pessoas se sintam bem, acolhidas, possam relaxar e, assim, produzir mais e melhor. Porém, as rela-
ções entre as partes continuam formais (e é bem melhor que seja dessa maneira!) até porque existem pon-
tos cruciais do mundo do trabalho que acabam sendo opostos a todo o senso de informalidade desejado.
Por exemplo:

Existe um contrato em vigor no mundo do trabalho: você assume um determinado posto, cumpre determi-
nadas tarefas e recebe no final de 30 dias. Esse contrato denota certa formalidade. As pessoas não estão ali
juntas porque desejam ou porque são amigas.

Há uma relação de dependência: as pessoas trabalham porque dependem do dinheiro. Raramente en-
contramos uma pessoa que não precisa daquele dinheiro e trabalha unicamente pela crença no traba-
lho em si, sem que exista uma relação de dependência.

Constrói-se, nesse ambiente, uma relação de autoridade e poder exercido por uns sobre outros. Essa de-
licada relação de poder, de certa forma, garante que as coisas funcionem na medida em que as pessoas
somente executam determinadas tarefas porque querem (e dependem) da contrapartida oferecida pela
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21 empresa (ou seja, o salário).
Por essas questões, fica evidente que, em determinados contextos, profissionais tendem a ser muito mais
formais do que em outros. Neste caso, alguns pontos — como objetividade, imparcialidade, respeito e clare-
za — costumam permear qualquer texto que seja construído para esses contextos.

Vamos ver alguns exemplos?


Em uma entrevista de emprego, você
vai falar apenas sobre o que for per-
guntado. E vai tentar responder sempre
de forma objetiva e clara, dando pou-
co espaço para subjetividades e outras
interpretações. O mesmo pode valer
no caso de você estar produzindo al-
gum tipo de relatório ou apresentação
profissional. Seja objetivo e claro nos
pontos que pretende abordar e evi-
te entrar em questões que sejam pes-
soais, abstratas em excesso. Olhando
por este ângulo, os textos construídos
e utilizados em contextos profissio-
nais possuem muita semelhança com
os textos acadêmicos, porque não são
espaços para você expor sua opinião
ou visão de mundo, e sim para que
apresente o resultado do seu traba-
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lho ou dados que foram levantadas.
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Por fim, com estas pequenas dicas, esperamos que você esteja mais preparado para encarar tanto o mundo aca-
dêmico como o universo profissional. Lembre-se sempre de que ter um bom texto não depende deste módulo,
mas sim do seu esforço diário em ler mais, escrever sempre que possível e buscar um aprimoramento constante.

Você concluiu a leitura do livro da Unidade 4, última etapa correspondente à disciplina Leitura e Produ-
ção de Textos. Com os estudos apresentados, esperamos ter contribuído de forma significativa para a
sua formação profissional. Os conhecimentos apresentados estão articulados para que novas informa-
ções sejam agregadas paulatinamente, possibilitando, desta forma, a melhor absorção dos conteúdos.
Conte com os professores da UCB sempre que precisar!

Até breve!

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARNEIRO, Agostinho Dias. Texto em Construção: interpretação de texto, redação. Rio de Janeiro: Ac-
cess, 1991.

______. Da interpretação à redação. São Paulo: Moderna, 1995.

FIORIN, Jose Luiz, SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto: leitura e redação. 11. ed. São Paulo:
Ática, 1995.

KOCH, Ingedore Villaca; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual. 8. ed. São Paulo: Contexto, 1998.

KOCH, Ingedore Villaca. A coesão textual. 9. ed. São Paulo: Contexto, 1999.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. 2. ed. São Paulo: Cor-
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