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A ÉTICA NO DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS

Enon Laércio Nunes


Doutorando em Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Santa
Catarina, enon@itaipu.gov.br

Resumo:
Este artigo tem o objetivo de examinar as principais relações existentes
entre a ética e o desenvolvimento de produtos. Para tanto, apresenta-se uma
base conceitual sobre as origens e as definições da ética. A seguir,
desenvolve-se uma breve fundamentação sobre a ética empresarial, com foco
para duas das teorias éticas mais citadas no campo das organizações, assim
como sobre os códigos de ética. Portanto, é um trabalho de análise onde se
discorre sobre os aspectos referentes às dimensões da ética e a sua interação
com a metodologia de desenvolvimento de produtos.

Palavras-chaves: desenvolvimento de produtos; ética empresarial; ética


profissional.

1. Introdução
Com o aumento da concorrência e os impactos advindos da evolução
tecnológica, as empresas têm priorizado a formulação de estratégias com foco
nas questões relacionadas à qualidade e à produtividade. Na busca por um
posicionamento estratégico competitivo, a ética se apresenta como um
elemento diferencial, que certamente agrega valor aos processos de
desenvolvimento de produtos.

As preocupações com as questões éticas nas organizações encontram


respaldo no aumento das exigências dos clientes e, porque não dizer, da
sociedade em geral. Clientes e consumidores, reais e potenciais, têm
expectativas em adquirir produtos, que, em todo o ciclo de seu
desenvolvimento e concepção, tenham se apropriado de valores éticos, seja
por um posicionamento ecologicamente correto na relação com o meio
ambiente, seja por uma postura empresarial sustentada por ações voltadas
para a qualidade de vida no trabalho e a responsabilidade social.
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Constata-se, perante esses referenciais, que a consideração da ética,


empresarial e profissional, tem sido corroborada pela postura crítica, da
sociedade, associada ao tema. Portanto, pode-se inferir que não há como
desenvolver e lançar um produto no mercado, sem se considerar a atualidade e
a importância dessa questão.

O objetivo deste artigo é examinar algumas das principais relações


existentes entre a ética (uma disciplina teórica, que tem como foco e objeto de
estudo as morais e os costumes historicamente observáveis do comportamento
humano) e o desenvolvimento de produtos. Pretende-se, assim, analisar e
inferir sobre as potencialidades da inclusão dos princípios e valores éticos na
aplicação de uma metodologia que enfoca, de maneira abrangente, todo o ciclo
de desenvolvimento do produto, englobando o planejamento para sua
produção, distribuição, vendas, utilização e descarte.

2. Base Conceitual
A ética tem origem na Grécia Antiga, mais especificamente nos
trabalhos de Sócrates, Platão e Aristóteles. Ao buscar explicações para um
melhor entendimento sobre a sociedade em que viviam, caracterizada pela
desagregação interna e pela decadência dos modos de vida, esses filósofos
desenvolveram os primeiros argumentos e concepções sobre a ética. A
dissociação da identidade perfeita entre o bem comum e o bem individual,
nesse período, foi que conduziu a necessidade de se criar alguma teoria
científica.

A concepção de ética de Sócrates, denominado o ‘pai da ética’,


considerava o entendimento de que bastava saber o que é bondade para poder
ser bom. De fato, embora bastante ingênuo para os dias de hoje, esse
pensamento prevaleceu na sociedade grega, mesmo com pouca prática.
Conforme Gomes (2001), antes de Sócrates não existiu qualquer outra reflexão
estruturada sobre a ética e a moralidade do homem.

Para reforçar o sentido da ética, da justiça e da moral, Platão pregou o


retorno de uma sociedade mais simples. Na época, esse filósofo desejou a
construção do que chamou de ‘sociedade perfeita’, onde os governantes
seriam os melhores dentre os homens, no que se refere ao conhecimento e a
sabedoria. Platão chegou a ir mais além, ao propor a extinção das unidades
familiares, a fim de garantir que todos se sentissem como em uma grande
família, uma vez que seriam criados pelo Estado. As idéias de Platão
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pressupunham uma grande reforma social, política e econômica, dissociada


dos valores materiais.

Já Aristóteles propôs uma lei, considerando as limitações do ser


humano, respeitando os seus impulsos, suas paixões e seus instintos, para
criar instituições que produzissem o bem. Para Gomes (2001), a atribuição do
homem, para Aristóteles, seria o pensamento racional, o que o distinguiria do
animal. Somente assim, com base nessa racionalidade, o homem chegaria a
harmonia e a felicidade, denominada na época de eudaimonia.

A despeito dessas origens, em termos gerais, a ética envolve a


aprovação ou desaprovação das atitudes dos homens, analisando a vontade e
o desempenho virtuoso da pessoa em relação às suas intenções e atuações
perante si e a comunidade em que vive. Como indica Sá (2001, p.15), a ética
tem sido entendida como “a ciência da conduta humana perante o ser e seus
semelhantes”.

Na literatura especializada, existe uma certa similaridade nas


concepções dos estudiosos. Nalini (2001, p.36) define ética como "a ciência do
comportamento moral dos homens em sociedade". Já Sertillanges citado por
Camargo (1999, p.19) defende a noção de que a ética aborda "o que o homem
deve ser em função daquilo que ele é". Nesse sentido, entende-se que a ética
está pautada em obrigações, deveres ou compromissos, e a sua essência está
na natureza do comportamento humano.

De acordo com Andrade Filho (2001), a ética diz respeito a um processo


social, pois o seu sentido está nas relações entre as pessoas, ou seja, na
convivência humana. Complementando esse posicionamento, Alencastro
(2000, p.2) destaca que a ética:

é uma característica inerente a toda ação humana e, por esta


razão, é um elemento vital na produção da realidade social.
Todo homem possui um senso ético, uma espécie de
'consciência moral', estando constantemente avaliando e
julgando suas ações para saber se são boas ou más, certas
ou erradas, justas ou injustas. Existem sempre
comportamentos humanos classificáveis sob a ótica do certo e
do errado, do bem e do mal. Embora relacionadas com o agir
individual, essas classificações sempre têm relação com as
matrizes culturais que prevalecem em determinadas
sociedades e contextos históricos.
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Para autores como Lima (1999), ser ético significa ter consciência tanto
dos atos permitidos quanto dos atos proibidos em uma dada sociedade, com
exemplo de conduta positiva, zelando para a conservação dos princípios legais
e morais, com base em uma educação continuada. Sendo assim, como um
referencial oriundo em parte da filosofia e da psicologia, a ética é a explicação
teórica do fundamento último do agir humano, na busca da satisfação individual
(felicidade) no contexto da sociedade.

3. Ética empresarial
No mundo das empresas, as questões de natureza ética têm recebido
atenção crescente dos estudiosos, analistas e gestores. Autores como Srour
(1998) reforçam esse posicionamento, ao afirmar que o processo decisório
empresarial não é isento dos efeitos que as escolhas dos decisores podem
gerar ou efetivamente geram. Isso porque nem sempre as pessoas precisam
agir de forma ‘eticamente correta’ para obterem sucesso no trabalho.

Na verdade, embora existam princípios, valores e normas legalmente


estabelecidas, assim como outras implícitas, sobre o que deve ou não deve ser
feito, as decisões organizacionais algumas vezes sofrem ingerências que
restringem um comportamento eticamente correto. No entanto, como comenta
Ferrell et al. (2001, p.6), “se os lucros são obtidos por meio de má conduta,
esse fato significa, muitas vezes, que a empresa terá vida curta”. Neste caso,
cabe aos decisores a responsabilidade de estabelecer políticas e ações ao
mesmo tempo eficazes, duradouras e socialmente responsáveis.

Observam-se, na literatura organizacional, duas teorias éticas


predominantes: a ética da convicção (onde se enfatiza o tratado dos deveres) e
a ética da responsabilidade (onde se enfatiza o estudo dos fins – interesses
das pessoas). Resumidamente, a ética da convicção defende o cumprimento
das obrigações, a obediência irrestrita e ilimitada as leis, sem meio-termo, uma
vez que não considera incertezas. Neste caso, a ética tem como princípio o
atendimento rigoroso às normas e regras morais estabelecidas, a partir da
seguinte noção ‘respeite as regras haja o que houver’.

Já a ética da responsabilidade defende a idéia de que as pessoas são


responsáveis pelo o que fazem. Por isso, são capazes de identificar e avaliar
as conseqüências previsíveis de uma ação ou decisão, com vistas a obter
ganhos positivos para a coletividade. Neste caso, reforça-se a noção de que
‘dos males, o menor’.
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Essas concepções devem ser compreendidas de forma complementar,


pois não são mutuamente exclusivas, representam, sim, as diferentes
expectativas a respeito do comportamento das pessoas em um dado contexto,
entendido, neste artigo, como o contexto do trabalho.

A Figura apresentada a seguir ilustra os aspectos básicos dessas duas


teorias.

ÉTICA DA CONVICÇÃO ÉTICA DA RESPONSABILIDADE

As decisões decorrem da aplicação de As decisões decorrem da deliberação,


uma tábua de valores estabelecidos em função de uma análise das
circunstâncias

Máxima: ‘faça algo porque é um Máxima: ‘somos responsáveis por


mandamento’ aquilo que nossos atos provocam’

Vertente de princípio: ‘respeite as Vertente de finalidade: ‘alcance os


regras haja o que houver’ objetivos custe o que custar’

Vertente da esperança: ‘o sonho antes Vertente utilitarista: ‘faça o maior bem


de tudo’ para mais gente’

Fonte: Srour (1998, p.55).

Figura: As duas teorias éticas

Com base nesses referenciais, é oportuno considerar a presença de


determinados princípios e valores nas atividades profissionais. A ética
profissional costuma entendida como o conjunto de normas de conduta a
serem postas em prática no exercício de qualquer profissão. Portanto, é parte
integrante do desempenho profissional, ao referir-se ao estudo dos deveres
específicos que orientam a maneira como as pessoas devem agir no seu
campo profissional (CAMARGO, 1999).

Para Alencastro (2000, p.28), a ética é indispensável ao profissional de


qualquer ramo de atuação, ao considerar que:

na ação humana ‘o fazer’ e o ‘agir’ estão interligados. O fazer


diz respeito à competência, à eficiência que todo profissional
deve possuir para exercer bem a sua profissão. O agir se
refere à conduta do profissional, ao conjunto de atitudes que
deve assumir no desempenho de sua profissão.
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Nesses termos, a ética estuda e regula não apenas as práticas, mas


também o relacionamento profissional, na maioria das vezes presentes nos
códigos de ética. Profissões como as dos engenheiros, arquitetos, advogados,
jornalistas e do pessoal das áreas biológicas e da saúde, dentre outros,
possuem códigos de ética. Nestes casos, esses documentos visam fornecer
diretrizes sobre normas de conduta, principalmente em condições de risco de
interpretação associado aos aspectos morais e éticos.

De acordo com o Instituto Ethos (2001), o código de ética compreende


uma série de critérios e convenções formais, muitos deles de caráter proibitivo.
Essas declarações formais sobre o que as instituições consideram relevantes,
como conduta aceitável ou imprópria, precisam também refletir os valores e
interesses da alta administração para serem efetivamente adotadas. Embora
apresentem as expectativas para alcançar resultados positivos, no exercício
profissional, a concepção dos códigos de ética deve envolver a opinião dos
profissionais atuantes, com representatividade e ampla participação.

Cabe comentar, também, que ter apenas um documento desta natureza


não é suficiente para que uma pessoa, no seu ambiente de trabalho, inclua a
dimensão ética nas suas decisões e ações. A conscientização ou convicção
sobre a responsabilidade, assim como sobre as possíveis e prováveis
conseqüências dos seus atos, precisa ser uma busca constante, como uma
premissa que orienta o comportamento no exercício das atividades de trabalho.

Como exemplos de instituições, do campo da engenharia, que


elaboraram e mantém códigos de ética, conforme Harris et al. (1995), podem
ser citadas: American Institute of Chemical Engineers; ASCE – American
Society of Civil Engineers; ASME – American Society of Mechanical Engineers;
IEEE – Institute of Eletronic and Eletric Engineers; e, NSPE – National Society
of Professional Engineers.

4. A ética e o desenvolvimento de produtos


O desenvolvimento do produto engloba todo o seu ciclo de vida, desde o
planejamento, até o seu descarte ou retirada do mercado. Esse processo de
desenvolvimento envolve sete fases, quais sejam: desdobramento da
estratégia de mercado; planejamento de portfólio de produtos; planejamento do
produto; projeto do produto e do processo; preparação da produção e do
lançamento do produto; acompanhamento/melhoria do produto; e, retirada do
produto.
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Como parte do processo de desenvolvimento do produto, o ‘projeto do


produto e do processo’ compreende uma atividade que envolve todo o
processo de concepção do produto, considerando-se os mais variados
aspectos. Essa avaliação se inicia na identificação de uma necessidade e se
encerra na definição do produto final. Entende-se produto como um conjunto
integrado e sinérgico composto por diferentes partes ou peças, fabricadas por
diferentes materiais e em variados processos, para o cumprimento de
determinada função (BACK, 1983).

Para suporte das atividades de desenvolvimento do projeto do produto e


do processo utiliza-se a ‘metodologia de projeto’. Essa metodologia é o ramo
da ciência que estuda os procedimentos e fornece aos projetistas o
conhecimento e as ferramentas necessários para a sistematização e a
orientação para o desenvolvimento do projeto de forma eficiente e efetiva. Ao
integrar e otimizar os diferentes aspectos do projeto essa metodologia busca
garantir a qualidade e competitividade do produto.

Entende-se que as questões éticas devem permear as decisões e


definições adotadas desde o início do processo de desenvolvimento do
produto. Contudo, é na etapa de ‘projeto do produto e do processo’,
principalmente, que essa dimensão necessita ser avaliada com maior
profundidade. Essa afirmação se deve ao fato de que na etapa de projeto se
definem a tecnologia a ser aplicada à concepção do produto, os materiais que
comporão o produto, as condições de uso do produto, e outras características
associadas ao produto.

Assim, o comportamento ético do projetista deve permear todas as


atividades profissionais envolvidas, em função das conseqüências resultantes
das definições adotadas no desenvolvimento do projeto do produto. Portanto,
as ações referentes à concepção do produto pressupõem uma atuação
profissional responsável, onde a atenção aos aspectos éticos torna-se ainda
mais relevante. Isso porque, nessa etapa, o profissional estabelece às relações
desse produto com os potenciais clientes e a sociedade de maneira geral.

A relação da concepção dos produtos com a inovação e com a utilização


de novas tecnologias faz com que os projetistas estejam constantemente
envolvidos com o risco vinculado ao desenvolvimento dos projetos. Pode-se
identificar o risco na aplicação de diferentes materiais, na modernização de
produtos existentes, na repotencialização de processos industriais, para citar
algumas situações, por vezes sem que o projetista tenha pleno domínio dos
efeitos dessas ações de longo prazo para as pessoas e o meio ambiente.
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Lowrance citado por Harris et al. (1995, p.230) define risco como “uma
combinação medida pela probabilidade e magnitude de um efeito adverso”.
Portanto, o risco aceitável é a questão.

Os métodos comumente utilizados para o desenvolvimento dos projetos,


como suporte para o processo de avaliação do risco e identificação das falhas
potenciais são: a Árvore de Falhas, a Árvore de Eventos e a FMECA (Failure
Analisys Mode, Effects and Criticality). Mesmo esses métodos de análise de
risco sendo consagrados, os especialistas no assunto reconhecem existir um
grau de subjetividade na valoração do risco envolvido na utilização dos
produtos.

A Árvore de Falhas, segundo Blanchard et al. (1995), é um método


dedutivo, que envolve representação gráfica e análise das diferentes formas
que a falha pode se manifestar em um determinado sistema e a probabilidade
de ocorrência dessa falha.

A Árvore de eventos, por sua vez, “é o método de análise da falha que


parte de um evento indesejável inicial e determina o estado do sistema que
cada falha pode levar” (HARRIS et al., 1995, p.233). Nesse método é
apresentada graficamente a relação lógica entre a probabilidade de
determinada falha de um componente ocorrer, associado a como a falha pode
afetar o desempenho do sistema no qual o componente está inserido.

Já a FMECA é um método qualitativo que estuda os modos de falha dos


componentes do sistema, seus respectivos efeitos e determina a criticidade de
ocorrência dessa falha. Por criticidade entende-se a probabilidade da falha
ocorrer, relacionada a sua severidade, ou seja, a gravidade do efeito da falha.

A despeito de sua contribuição para análise do risco associado ao


projeto dos produtos, os métodos aqui citados apresentam severas limitações,
conforme observa Harris et al. (1995). Esses autores justificam sua afirmação
observando não ser possível se antecipar a todos os problemas mecânicos,
físicos, elétricos e químicos, que podem levar a falha. Comentam ainda que
não é possível identificar-se antecipadamente todos os fatores relacionados ao
erro humano, que pode contribuir para a ocorrência da falha. Além disso,
ponderam que a mensuração da probabilidade de determinado evento ocorrer
é bastante discutível e, na maioria dos casos, a análise não pode ser
confirmada por testes experimentais.

Os projetistas compromissados em manter um comportamento ético


devem ter consciência das incertezas relacionadas à definição e valoração dos
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riscos inerentes ao desenvolvimento do projeto dos produtos. Esses


profissionais também devem compreender que a análise do custo/benefício,
não deve ser um preceito adequado e mandatório na concepção de produtos,
uma vez que os produtos interagem com as pessoas, podendo sua utilização
trazer conseqüências para a saúde dos usuários dos produtos, além de poder
envolvê-los em acidentes, e, até mesmo em casos extremos, causar-lhes a sua
morte.

Os projetistas ‘eticamente corretos’ devem ser ainda responsáveis por


liberar e discutir as premissas básicas adotadas no projeto. Em resumo, devem
socializar as informações acerca do desenvolvimento e aplicação dos produtos
a serem disponibilizados aos clientes, muito embora essa tarefa não seja fácil
de ser realizada.

Em suma, os projetistas devem se manter permanentemente vigilantes,


pensar e incorporar a questão ética a todo o processo de desenvolvimento dos
produtos, analisando o risco associado a sua implementação. A ética deve,
portanto, sempre estar presente nas atividades desses profissionais, pois a
segurança e a integridade dos clientes e da própria comunidade envolvida
serão influenciadas pelas características, tecnologia adotada e aplicação a
serem dadas ao produto desenvolvido.

5. Comentários Finais
Uma revisão preliminar da literatura especializada sobre o tema já
permite observar que a ética empresarial pretende orientar as ações dos
indivíduos no mundo dos negócios, à luz de princípios e padrões de
comportamento que sejam congruentes com as regras socialmente aceitas,
como corretas e adequadas. Ao estudar a conduta humana, por meio das
ações observáveis, a ética pressupõe a existência de um outro modelo de
comportamento individual, organizacional e da sociedade, que considere e
privilegie vantagens competitivas para as organizações, sem prejuízo para a
humanidade tanto a curto como a médio e longo prazo.

O profissional responsável pelo desenvolvimento dos produtos deve


permanentemente considerar aspectos éticos, desde a concepção do produto
até a sua plena utilização pelos usuários, avaliando as conseqüências dos
eventuais riscos para os usuários, como também para toda a comunidade e o
meio ambiente.
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O comportamento ético dos projetistas deve, portanto, permear suas


ações, valendo-se de métodos de análise de risco disponíveis, embora devam
estar conscientes que esses métodos apresentam sérias limitações. Além
disso, devem estar atentos ao considerar a análise de custo/benefício em um
projeto, sabedores que os produtos irão interagir com pessoas, afetando vidas
e o bem-estar das pessoas, podendo potencialmente causar-lhes danos muitas
vezes irreparáveis.

6. Referências
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humanos, Curitiba, PR, 1991, 70 p. Disponível em:
http://pessoal.onda.com.br/. Acesso em: 13 ago. 2000.
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