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CODEPENDÊNCIA, INFORMAÇÃO, MOTIVAÇÃO E VIDA, RECUPERAÇÃO, ASSERTIVIDADE.

Histórico: Década de 1940 – esposas de alcoólatras formaram grupos de auto-ajuda e apoio; Co-alcoólicas ou para-
alcólicas; Final da década de 80 – Minessota – EEUU – surge a palavra "codependência" para designar o problema
gerado pelo relacionamento com dependência química; Situações em que a codependência se manifesta entre
familiares e pessoas que se relacionam com: Compulsivos por dinheiro, drogas, compras, comida, sexo, jogo, amor,
etc.; Portadores de distúrbios na alimentação (bulimia e anorexia); Crianças com problemas de comportamento;
Indivíduos com ataques de raiva; Adolescentes rebeldes; Delinquentes; Indivíduos perturbados emocionalmente;
Doentes crônicos; Pai, mãe ou ambos, agressivos, autoritários; Relacionamentos afetivos tumultuados,
problemáticos.

Entendendo a codependência: "Codependência" é o que chamamos a relação de cuidados entre dois seres. Assim
sendo, há uma “codependência natural” e existe na relação entre um recém-nascido e sua mãe; na criança pequena
ou bebê com a pessoa responsável pelos cuidados maternais; do jovem aluno com o professor; do doente enfermo
com o médico/enfermeiro. No início de uma relação isso é normal e até importante, mas com o tempo, cada qual vai
amadurecendo em busca de sua “autonomia” e o outro vai se tornando um “cooperador”. Essa evolução pode ser
chamada de "interdependência". "A diferença entre o remédio e o veneno é a dose"(Paracelsus).

Definições de codependência: 1987 – Johnson Institute of Minneapolis: “Um conjunto de comportamentos


compulsivos e inadaptáveis adquiridos por membros de uma família que passa por estresse e grandes dores
emocionais como forma de sobrevivência...Comportamentos passados de geração em geração, esteja o alcoolismo
presente ou não”. Robert Subby John Friel – artigo do livro Codependency na Emergening Issue: “Originalmente o
termo foi usado para descrever pessoas cujas vidas foram afetadas pelo envolvimento com dependente químico. O
codependente, filho, cônjunge ou amante de um dependente químico, era visto como alguém que desenvolveria um
padrão doente de lidar com a vida, numa reação ao uso do álcool ou drogas praticadas por outra pessoa”. Melody
Beattie – Livro Codependência nunca mais. "O codependente é aquele que deixa se influenciar pelo comportamento
de outra pessoa e que vive obcecado em controlar o comportamento desse outro". " O codependente é aquele que
carrega sua própria nuvem de chuva ".

Copendência é uma doença? A codependência não é vista pela comunidade científica como uma legítima doença,
mas um problema progressivo que pode tornar a pessoa doente; Transtorno de relacionamento caracterizado pelo
fato de uma pessoa ser controlada pelo comportamento de outra pessoa, a qual é ligada emocionalmente; Síndrome
da codependência - conjunto de sintomas como: baixa auto-estima; a dificuldade de colocação de limites;
dificuldades em reconhecer e assumir a própria realidade; dificuldades de tomar conta de suas necessidades adultas;
dificuldade de expressar suas emoções de forma moderada

Sintomas nucleares da codependência:

1) Dificuldade de vivenciar níveis adequados de autoestima:

a) autoestima baixa – pensam que valem menos, que os outros são superiores;

b) arrogância ou mania de grandeza – pensam que são superiores aos outros;

2) Dificuldade de vivenciar limites funcionais:

Limites são cercas invisíveis e simbólicas que têm três objetivos:

a) evitar que as pessoas invadam nossos espaços e abusem de nós;

b) evitar que entremos no ambiente de outros e abusemos deles;

c) oferecer a cada um uma maneira de personificar nosso senso de “quem somos”;


3) Dificuldade de admitir a realidade pessoal:

a) corpo – aparência e funcionamento do corpo;

b) pensamento

c) sentimentos – emoções;

d) comportamento – o que se faz e não se faz.

4) Dificuldade de reconhecer e satisfazer necessidades e desejos:

a) excessivamente dependentes – conhecem seus desejos e necessidades, porém esperam que outras pessoas
tomem conta dele;

b) antidependentes – incapazes de aceitar ajuda e orientação de qualquer pessoa;

c) não têm desejos nem necessidades – embora os tenham, não têm consciência deles;

d) confundem desejos com necessidades.

5) Dificuldade de experimentar e expressar moderadamente a realidade:

a) não sabem agir com moderação:

1-ou estão totalmente envolvidos ou totalmente desligados;

2-completamente felizes ou absolutamente infelizes;

3-acreditam que somente o excesso basta.

b) a essência da codependência resulta na dificuldade que o codependente tem em saber quais são seus
sentimentos e como compartilhá-los.

Alguns traços do codependente: Controlador, preocupa-se em descobrir uma forma para controlar o outro;
Manipulador; Hostil; Ausência total de limites ou limites mal demarcados; Quase sempre não tem consciência da
realidade pessoal; Confuso, dificulta o estabelecimento da comunicação; Quase sempre desagradável; Odioso,
algumas vezes; Produz culpa, sente culpa e culpa o outro; Cria obstáculos à compulsão do outro; Compulsivo para
ajudar o outro; O tempo todo se dá ao outro; Sempre perto e pronto para proteger; Especialista em cuidar e
controlar tudo e todos; Carrega o fardo do outro e sente orgulho por isso; Incapaz de assumir o controle de sua
própria vida e vivê-la; Não sabe o que fazer para solucionar os próprios problemas; Deixa de sentir emoções
positivas; Para de pensar em si, só pensa no outro; Incapaz de dizer não; Sofre, reclama, agride; Sente raiva, medo
amargura, depressão, desespero, impotência; Reacionário – reage excessivamente; Inseguro para agir – precisa
desesperadamente da aprovação dos demais;; Sente-se vitimizado, pois o outro não reconhece seu esforço e
cuidado; Oscila entre a onipotência e a impotência, negação e fuga; Dores de cabeça e das costas crônicas que
aparecem como somatização da ansiedade; Gastrite e diarréia crônicas, como envolvimento psicossomático da
angústia e conflito. Depressão. Resultado final.

A codependência provoca disfunção familiar - O impacto na família pode ser descrito através de quatro estágios
progressivos:

1) Na primeira etapa, é preponderantemente o Mecanismo de Negação. Ocorre tensão e desentendimento e as


pessoas deixam de falar sobre o que realmente pensam e sentem. É mais fácil justificar e encobrir a conduta do
dependente do que discuti-la;
2) Em um segundo momento, a família demonstra muita preocupação com essa questão, tenta controlar o uso da
droga, bem como as suas conseqüências físicas, emocionais, no campo do trabalho e no convívio social. Mentiras e
cumplicidades relativas ao uso abusivo de álcool e drogas instauram um clima de segredo familiar. A regra é não
falar do assunto, mantendo a ilusão de que as drogas e álcool não estão causando problemas na família. Tentam a
barganha mostrando que são os melhores pais do mundo.

3) Na terceira fase, a desorganização da família é enorme. Seus membros assumem papéis rígidos e previsíveis,
servindo de facilitadores. As famílias assumem responsabilidades de atos que não são seus, e assim o dependente
químico perde a oportunidade de perceber as conseqüências do abuso de álcool e drogas. É comum ocorrer uma
inversão de papéis e funções, como por exemplo, a esposa que passa a assumir todas as responsabilidades de casa
em decorrência o alcoolismo do marido, ou a filha mais velha que passa a cuidar dos irmãos em consequência do uso
de drogas da mãe.

4) O quarto estágio é caracterizado pela exaustão emocional, podendo surgir graves distúrbios de comportamento e
de saúde em todos os membros. A situação fica insustentável, levando ao afastamento entre os membros gerando
desestruturação familiar.

Recuperação: Processo difícil e doloroso que leva algum tempo, é um momento de reorganização pessoal e familiar,
representa uma mudança do estilo de vida. A recuperação do dependente químico, por si só, não garante a
recuperação do codependente. O tratamento da codependência pode consistir de psicoterapia, grupos de auto
ajuda, terapia familiar e em alguns casos, antidepressivos e ansiolíticos. Os grupos de auto ajuda para familiares de
dependentes, tais como, Alanom, Naranon, Codependentes Anônimos, Amor Exigente, Pastoral da Sobriedade são
de grande utilidade no processo de recuperação familiar da codependência.

Caminhos para a recuperação Conscientização e aceitação – é preciso perceber e reconhecer os sintomas da


codependência, aceitar que não é onipotente, que não pode controlar muitas das situações, que aceite a realida
como ela é, que aceite seus limites; Recuperação começa com dor – a aceitação da realidade desperta sentimentos
dolorosos, desperta a dor da restauração de relacionamentos afetivos. Importantes; Batalha interior – percepção de
conflito emocional interno – sentimento de culpa por odiar a pessoa a quem ama, mas quando percebe que é
normal odiar a quem dedicou tempo e esforço emocional para quem só devolve hostilidade, indiferença, desprezo, é
sinal que está no caminho da recuperação;

Mudança de atitudes durante a caminhada para a Recuperação: O codependente tem dificuldades para mudar,
resiste às mudanças, prefere o ruim conhecido ao bom desconhecido. É preciso que perceba que pode exercer sua
vontade para mudar as coisas, pois muito tempo sua vontade ficou presa ao outro;

Sugestões de atitudes: Amar a si próprio; Deixar de tolerar a vida; vivê-la; Deixar de controlar o outro: desligar-se
Deixar de permitir ser magoado: estabelecer limites; Deixar de reagir: aprender a relaxar; Deixar a preocupação e a
negação: resolver os problemas; Deixar de punir-se a si mesmo pelos problemas e insanidade do outro;

Caminhos para a recuperação: Deixar de tomar conta compulsivamente dos outros, para cuidar de si mesmo; Deixar
de exigir perfeição de si mesmo e dos outros; Aprender a sentir e a exprimir emoções; Aprender a valorizar o que
deseja e necessita; Aprender a se divertir, sentir prazer em viver, em ser bom para si mesmo; Observar o que está
certo, deixando de se concentrar no que está, ou acha, que está errado; Deixar de ser vítima, de se envolver em
loucuras; Desenvolver sua espiritualidade; Em codependência, “curar” significa viver a vida, descobrir o seu sentido e
amá-la.

Referências
Luiz Carlos Rossini. Fonte: Apostila Dra. Rozinez A. Lourenço. Mais 24 Hrs de Paz e Serenidade. Disponível em:
http://mais24hrs.blogspot.com/2012/09/codependencia_25.html. Acesso em: 14/08/2020.

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