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ÚNICO – Identidades: Territórios Fluidos

Categoria Pesquisa em Criação

Re(há)ver o Vale
Morgana Caroline Lima Araujo Santos (UNIVASF)

Apresentação

O processo de criação em todas as suas vertentes é antes de tudo uma pesquisa.


Nas Artes, isso se afigura de maneira mais intensa levando em consideração a exaustiva
produção artística e a busca exigida pela contemporaneidade da inovação constante.
Para o artista visual, essa busca reflete em inúmeros estudos da forma, desde a
expressão de uma ideia até o processo final de sua produção.
No pesquisa artística da contemporaneidade, busca-se a inovação relacionando-
se Arte e Ciência. Desta forma, não vejo algo mais contemporâneo para o artista visual
do que investigar o seu próprio processo criativo e a partir daí dialogar com outros
contextos.
Destarte, entendo que é necessário ressignificar o processo criativo por meio de
uma pesquisa em que utilizo o Desenho como espaço de partida com o Diário Gráfico
(Sketchbook) como também suporte e ferramenta primordial na reavaliação do
território, do cotidiano e do habitual.

Justificativa

O Vale do São Francisco é conhecido nacionalmente por suas paisagens


ribeirinhas, é retratado assim por diversos artistas visuais e, de certo modo, é
estereotipado a uma visão padrozinada. Ao fazer uso do Diário Gráfico como registro
desses espaços, busco trazer à tona uma nova forma de ver o Vale.
O uso do Diário de Gráfico parte do princípio de que cada artista visual pode
desenvolver sua identidade artística por intermédio do contexto em que vive, que o
território é de suma importância para a criação no contemporâneo. Com isso, procuro
quebrar o preconceito que limita a criação artística a suportes tradicionais (a tela de
pintura, por exemplo) e a técnicas fechadas e paradas no tempo.
Objetivo

Re(há)ver o espaço através de um olhar de pertencimento do local. Trazer à luz


olhares poéticos sobre processo de criação desde o uso do Diário Gráfico, com a
perspectiva do território, do cotidiano e do habitual. Objetivo por meio desse trabalho,
trazer uma forma poética, até mesmo lúdica, no esforço de se identificar o território e
seus espaços de identidade, tendo como relação a perspectiva de BAUMAN (2005, p.
22), quando diz que
“a ‘identidade’ só nos é revelada como algo a ser inventado, e não
descoberto; como alvo de um esforço, ‘um objetivo’; como uma coisa que
ainda se precisa construir a partir do zero ou escolher entre alternativas e
então lutar por ele e protegê-la lutando ainda mais – mesmo que, para que
essa luta seja vitoriosa, a verdade sobre a condição precária e eternamente
inconclusa da identidade deva ser, e tentar ser, suprimida e laboriosamente
oculta.”.

Metodologia

Essa pesquisa se organiza mediante vivências contextualizantes e polissêmicas


com o território do Vale, nas quais buscarei registrar no Diário Gráfico, interpretações
do território, do cotidiano e do habitual. Porém identifico, antes que o risco venha à
tona ou seja, que o processo criativo se inicie, há o risco plasmado no espaço.
Sobre o chão do local escolhido, criarei uma poça d’água, fazendo com que as
marcas deixadas pelo tempo se misturem e transpassarei essa mistura paras as páginas
do Diário Gráfico, para que só então, possa grafar o registro do lugar sobre essa
aquarela palpável do território.
Deslocar-me-ei por territórios do Vale, coletando diferentes cores e lugares,
para possibilitar ou estimular, o uso do Diário Gráfico. Após a transfiguração poética
das marcas do chão para as folhas do suporte artístico. Assim, observarei o cotidano
daqueles que, assim como eu, transitam pelo local. Por fim, a grafia será composta dessa
observação, da junção de espaço e transeuntes, imiscuindo um registro do território, do
cotidiano e do habitual e de tudo que os compõem em sua efemeridade complexa.

Referências
BAUMAN, Zygmunt. Identidade: entrevista a Benedetto Vecchi. Trad. Carlos Alberto
Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005.

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