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Colonial: Consolidação
e Tensões Sociais
Material Teórico
Alguns Aspectos sobre os Clássicos – Sérgio Buarque de Holanda
Revisão Textual:
Profa. Ms. Selma Aparecida Cesarin
Alguns Aspectos sobre os Clássicos –
Sérgio Buarque de Holanda
Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar
as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.
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Unidade: Alguns Aspectos sobre os Clássicos – Sérgio Buarque de Holanda
Contextualização
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Sérgio Buarque de Holanda
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Unidade: Alguns Aspectos sobre os Clássicos – Sérgio Buarque de Holanda
Após a formatura, por intermédio de amigos, passou a escrever para jornais e trabalhar na
redação de revistas, como, por exemplo, a Revista do Brasil e Rio-Jornal.
Segundo relatos da época, coletados pela professora Nogueira, Sérgio Buarque passava as
manhãs em livrarias, lendo pencas de livros de diversos idiomas diferentes.
Outras vezes participou de longas palestras no Bar Nacional e no Brahma
ao lado de Manuel Bandeira, Di Cavalcante, Aparício Torelli, Gastão Crulls,
Gilberto Amado, Graça Aranha e outros. As discussões giravam em torno de
política, arte e literatura (NOGUEIRA, 1988, p. 20).
De acordo com Nogueira, a vida intelectual de Sérgio Buarque de Holanda se inicia quando
ele é convidado para ser o representante da revista Klaxon, no Rio de Janeiro. Ele seria o
chefe de personalidades como Oswald de Andrade e Mário de Andrade. A revista não vingou,
tendo funcionado durante nove meses, entre 1922 e 1923 (NOGUEIRA, 1988, p.20).
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Logo que retornou ao Rio de Janeiro, passou a escrever para a United Press e para o
Jornal do Brasil.
Assis Chateaubriand convidou Sérgio Buarque de Holanda, em 1929, para uma viagem,
visitando Alemanha, Rússia e Polônia, sendo aceito de imediato. Os jornais da época
mencionavam a viagem de Sérgio Buarque com seu vasto conhecimento, não só sobre a
política dos locais escolhidos, mas pela capacitação de compreensão que Sérgio possuía sobre
os movimentos revolucionários acontecidos anos antes (NOGUEIRA, 1988, p. 21).
1 DIAS, Maria Odila Leite da Silva. Palestra proferida na noite de lançamento do livro: Tentativas de Mitologia. São Paulo, 6 dez. 1979.
(mimeog.). In: NOGUEIRA, A. R.; PACHECO, F. M.; PILNIK, M.; HORCH E. (orgs). Sérgio Buarque de Holanda: vida e obra. São Paulo:
Secretaria de Estado da Cultura: Arquivo do Estado: Universidade de São Paulo: Instituto de Estudos Brasileiros, 1988, p. 19.
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Pode-se dizer que outro ano marcante na vida do historiador Sérgio Buarque foi 1945. Ele foi um
dos fundadores da Esquerda Democrática, participando do Congresso de Escritores, realizado em
São Paulo. Além disso, também foi um dos idealizadores da Declaração de Princípios, manifestação
contra a ditadura, lida nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo (NOGUEIRA, 1988, p. 22).
Outra grande homenagem que recebeu ainda vivo foi sua nomeação para Diretor do Museu
Paulista, em 1946, substituindo Afonso de Taunay. Sérgio Buarque ficou no cargo até 1956.
A Esquerda Democrática transformou-se no Partido Socialista e convidou Sérgio Buarque para
sair como candidato a vereador.
Em 1947, passou a lecionar na Escola de Sociologia e Política, onde permaneceu até 1955
(NOGUEIRA, 1988, p.23). Ao final da década de 1940, Sérgio Buarque voltou a trabalhar como
crítico literário para o Diário de Notícias.
Além de seu retorno às criticas, ele também retornou algumas vezes à Europa para proferir
palestras e seminários sobre civilizações e culturas, entre outros temas.
De acordo com Nogueira, em 1950, ele integrou a delegação brasileira ao I Colloquium de
Estudos Luso-Brasileiros, reunidos em Washington para comemorar o centésimo quinquagésimo
aniversário da Biblioteca do Congresso (NOGUEIRA, 1988, p.23).
Em seu retorno, foi eleito presidente da secção paulista da Associação Brasileira de Escritores.
Figura 4. Sérgio Buarque em sua estadia na Itália.
blogue.sitiodolivro.pt
No ano de seu quinquagésimo aniversário, seguiu para a Itália com a família. O intuito
era lecionar Estudos Brasileiros na Universidade de Roma. Conforme Nogueira comenta,
“sua atividade na Europa foi pontilhada por atividades diversas”. Talvez, a mais importante
tenha sido representar a Embaixada Brasileira no Conselho de Administração da Fundação
Amerigo Rotellini.
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De volta a São Paulo, como dizíamos, após dois anos de Europa, retomou
suas atividades junto à Escola de Sociologia e Política e ao Museu Paulista.
Em 1955, foi eleito para a vice-presidência do Museu de Arte Moderna, posto
no qual permaneceu durante seis anos. Nesse tempo, teve a oportunidade de
participar da organização de várias bienais (NOGUEIRA, 1988, p.24).
Sérgio publicou, em 1957, Caminhos e Fronteiras, ensaio que lhe rendeu o prêmio Edgard
Cavalheiro, instituído pelo Instituto Nacional do Livro (NOGUEIRA, 1988, p.24).
Em 1961, o historiador recebeu outra grande honra, ocupando a cadeira de número 36 da
Academia Paulista de Letras.
No ano seguinte, Sérgio Buarque foi nomeado primeiro Diretor do Instituto de Estudos
Brasileiros da USP. Ele não ficou muito tempo no cargo, indo para o Chile em 1963, para lecionar
na Universidad del Chile.
A década de 1960 foi repleta de prêmios para o historiador; contudo, foi um ano de grandes
viagens; vez que foi convidado para lecionar como professor-convidado, em diversos países das
Américas e da Europa.
Recebeu o prêmio Governador do Estado, em 1976, por seu legado literário.
Em 1978, sob liderança de Oscar Niemeyer, Sérgio Buarque de Holanda participou da criação
do Centro Brasil Democrático
Um ano mais tarde, Sérgio Buarque publicou sua última obra, Tentativas de Mitologia,
pela qual recebeu o prêmio Juca Pato da União Brasileira de Escritores e da Folha da Manhã
(NOGUEIRA, 1988, p.25).
Segundo Nogueira, “ainda em 1979, recebeu o prêmio Jaboti, conferido pela Câmara Brasileira
do Livro, pelo destaque de sua produção no campo da literatura”. (NOGUEIRA, 1988, p.25).
Em 1980, Sérgio Buarque foi um dos membros fundadores do Partido dos Trabalhadores.
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Sérgio Buarque de Holanda produziu muito ao longo de sua vida. Algumas de suas obras se
tornaram ícones para a historiografia brasileira. Um exemplo desta importância é Raízes do
Brasil, de 1936. Boa parte do livro foi escrito na Alemanha e finalizada em solo brasileiro.
De acordo com a professora Maria Odila, o método utilizado por Sérgio Buarque era a
construção de eixos de interpretação amplos sobre conglomerados de sentido do passado
(NOGUEIRA, 1988, p.73).
Sérgio Buarque utiliza esse método como estilo literário. Ele elabora um processo próprio
de interpretação histórica, buscando o concreto como alicerce de suas interpretações.
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Segundo Maria Odila, Sérgio Buarque “identificou-se com a tendência modernista do
pensamento europeu de reinterpretação da cultura e da história humana de uma perspectiva
relativista e libertária” (NOGUEIRA, 1988, p.74).
Como enfoque de seus trabalhos, Sérgio Buarque buscava as palavras que melhor traduzissem
os pensamentos humanos de acordo com a época em que eram elaborados:
A perspectiva do historiador situado no tempo obriga-o a captar a alteridade
do pensamento dos homens do passado e a procurar palavras adequadas a
transmitir matizes da mudança do linguajar através do tempo. (NOGUEIRA,
1988, p.74)
Figura 8. Monções, livro A imaginação do real era algo fundamental para o historiador,
publicado em 1945. segundo o próprio Sérgio Buarque, pois “esta postura não
o impedia de reconhecer como necessárias as qualidades
literárias para o bom historiador” (1988, p.74).
Outra perspectiva literária sobre a Escrita Histórica era a
capacidade que o pesquisador deveria possuir de recriar o
movimento observado, a capacidade de reconstruir a realidade
tal como era. Por isso Sérgio Buarque de Holanda se esforçou,
arduamente, na busca de um estilo que abrangesse estas
necessidades.
A professora Maria Odila comenta que “tudo no ofício do
historiador dependia de certa capacidade de empatia ou da
sensibilidade do historiador em discernir as forças atenuantes ou
princípios de aglutinação de uma época passada (NOGUEIRA,
1988, p.75).
"Monções", Companhia das Letras; 2014
Suas obras são construídas ao redor do conceito “de tempo,
continuidade e mudança no processo de vir a ser” (NOGUEIRA, 1988, p. 75) A preocupação
do historiador era exprimir o evento observado em todos os seus aspectos possíveis de
interpretação e de forma mais justa.
Em Monções, publicado em 1945, Sérgio Buarque de Holanda “indicava a interpenetração
e interação ativa das forças da natureza e da cultura” (1988, p.75). O livro retrata as incursões
portuguesas pelo território americano através dos rios.
Sérgio Buarque procurava adaptar métodos das Ciências Sociais, Antropologia e até da
Filosofia para construir suas ideias e suas interpretações históricas.
Maria Odila argumenta que “o trabalho do historiador exigia métodos fluidos para temas
movediços e, sobretudo a arte de jogar com penumbras de sentido e de equivalência entre as
palavras apreendidas no tempo” (NOGUEIRA, 1988, p.75).
Para não afundar em terreno movediço, Sérgio Buarque busca “paciente e descritivamente”
os detalhes em seu método de significação no tempo (1988, p.75).
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2 Texto retirado de http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=12895,no qual consta uma breve descrição dos tópicos
abordados no livro. Site visitado em 15 de fevereiro de 2015, às 2h54m.
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Material Complementar
Vídeos:
• Raízes do Brasil – Sérgio Buarque de Holanda – parte I. https://www.youtube.com/
watch?v=2LjYRwJJqAg;
• Raízes do Brasil – Sérgio Buarque de Holanda – parte II. https://www.youtube.com/
watch?v=5E8qD9mAxOE. Produzido pela Regina Filmes / Vídeo Filmes / Riofilme,
o vídeo conta a vida e as obras do historiador brasileiro;
• Brasil das Letras – Raízes do Brasil – Sérgio Buarque de Holanda. https://www.
youtube.com/watch?v=IDI8ngIdyAM. O Vídeo conta como Sérgio Buarque de
Holanda construiu os argumentos para o livro, abordando a questão do Homem
Cordial e a ligação intrínseca, segundo o autor, com Portugal.
Livros:
• BLOCH, Marc. Apologia da história: ou o ofício de historiador. Rio de Janeiro:
Zahar, 2001. O livro foi publicado em 1949, por Lucien Febvre, uma vez que seu
autor, Marc Block, havia sido fuzilado pelos nazistas. No livro, Bloch procura orientar
os interessados nos estudos históricos, definindo práticas, objetivos e transformando
estes estudos em um ofício;
• CALDEIRA, Jorge (org). Brasil: a história contada por quem viu. São Paulo:
Mameluco, 2008. O autor reúne diversos textos (oficiais, oficiosos e populares) que
narram eventos e fatos importantes da história brasileira. O curioso do livro, e talvez
seu principal diferencial, é que estes textos são escritos por pessoas que vivenciaram
o fato ou o evento narrado. O autor contextualiza os eventos, os textos intermediando
as narrações para o leitor.
Filme:
• A missão. Produzido em 1986 e distribuído por Warner Bros. Direção de Roland
Joffé, estrelado por Robert De Niro, Jeremy Irons e Liam Neeson. O filme retrata
a vida de um mercador de escravos e sua relação com as missões e os Jesuítas na
fronteira da América Espanhola com a América Portuguesa. Podemos perceber no
filme, as permanências citadas por Sérgio Buarque, que ainda vivem em nossas
mentalidades.
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Referências
FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala: formação da família brasileira sob o regime
da economia patriarcal. 50.ed. São Paulo: Global, 2005.
IGLÉSIAS, Francisco (org.). Caio Prado Júnior: História. São Paulo: Ática, 1982.
NOGUEIRA, A. R.; PACHECO, F. M.; PILNIK, M.; HORCH E. (orgs.). Sérgio Buarque
de Holanda: vida e obra. São Paulo: Secretaria de Estado da Cultura: Arquivo do Estado:
Universidade de São Paulo: Instituto de Estudos Brasileiros, 1988.
REIS, José Carlos. As identidades do Brasil: de Varnhagen à FHC. 3.ed. Rio de Janeiro:
FGV, 2000.
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Anotações
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