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Professor Dr.

Flavio Bortolozzi
Professora Me. Ludhiana Bertoncello
ORGANIZADORAS:
Professora Esp. Fabiane Carniel
Professora Esp. Lílian Maia Borges

METODOLOGIA DE PESQUISA

GRADUAÇÃO

MARINGÁ-PR
2012
Reitor: Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor: Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração: Wilson de Matos Silva Filho
Presidente da Mantenedora: Cláudio Ferdinandi

NEAD - Núcleo de Educação a Distância

Diretoria do NEAD: Willian Victor Kendrick de Matos Silva


Coordenação Pedagógica: Gislene Miotto Catolino Raymundo
Coordenação de Marketing: Bruno Do Val Giovanini Jorge
Coordenação Comercial: Helder Machado
Coordenação de Tecnologia: Fabrício Ricardo Lazilha
Professoras Responsáveis pela Disciplina: Cristina Constantino Harold e Fabiane Carniel
Supervisora do Núcleo de Produção de Materiais: Nalva Aparecida da Rosa Moura
Capa e Editoração: Daniel Fuverki Hey, Fernando Henrique Mendes, Luiz Fernando Rokubuiti e Renata Sguissardi
Supervisão de Materiais: Nádila de Almeida Toledo
Revisão Textual e Normas: Cristiane de Oliveira Alves, Gabriela Fonseca Tofanelo, Janaína Bicudo Kikuchi, Jaquelina
Kutsunugi e Maria Fernanda Canova Vasconcelos.

Av. Guedner, 1610 - Jd. Aclimação - (44) 3027-6360 - CEP 87050-390 - Maringá - Paraná - www.cesumar.br
NEAD - Núcleo de Educação a Distância - bl. 4 sl. 1 e 2 - (44) 3027-6363 - ead@cesumar.br - www.ead.cesumar.br

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - CESUMAR

“As imagens utilizadas nessa apostila foram obtidas a partir do site PHOTOS.COM”.
METODOLOGIA DE PESQUISA
Professor Dr. Flavio Bortolozzi
Professora Me. Ludhiana Bertoncello
ORGANIZADORAS:
Professora Esp. Fabiane Carniel
Professora Esp. Lílian Maia Borges
APRESENTAÇÃO
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para
todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de
qualidade, novas habilidades para liderança e solução de problemas com
eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho.

Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: as escolhas que


fizermos por nós e pelos nossos fará grande diferença no futuro.

Com essa visão, o Cesumar – Centro Universitário de Maringá – assume o compromisso


de democratizar o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos
brasileiros.

No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas


do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária” –, o Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa-
extensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que
contribua para o desenvolvimento da consciência social e política e, por fim, a democratização
do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade.

Diante disso, o Cesumar almeja ser reconhecido como uma instituição universitária de
referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição
de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação
da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-
estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrativa;
compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do
trabalho, como também pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos,
incentivando a educação continuada.

Prof. Wilson de Matos Silva


Reitor

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Caro aluno, “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua
produção ou a sua construção” (FREIRE, 1996, p. 25). Tenho a certeza de que no Núcleo de
Educação a Distância do Cesumar, você terá à sua disposição todas as condições para se
fazer um competente profissional e, assim, colaborar efetivamente para o desenvolvimento da
realidade social em que está inserido.

Todas as atividades de estudo presentes neste material foram desenvolvidas para atender o
seu processo de formação e contemplam as diretrizes curriculares dos cursos de graduação,
determinadas pelo Ministério da Educação (MEC). Desta forma, buscando atender essas
necessidades, dispomos de uma equipe de profissionais multidisciplinares para que,
independente da distância geográfica que você esteja, possamos interagir e, assim, fazer-se
presentes no seu processo de ensino-aprendizagem-conhecimento.

Neste sentido, por meio de um modelo pedagógico interativo, possibilitamos que, efetivamente,
você construa e amplie a sua rede de conhecimentos. Essa interatividade será vivenciada
especialmente no ambiente virtual de aprendizagem – AVA – no qual disponibilizamos, além do
material produzido em linguagem dialógica, aulas sobre os conteúdos abordados, atividades de
estudo, enfim, um mundo de linguagens diferenciadas e ricas de possibilidades efetivas para
a sua aprendizagem. Assim sendo, todas as atividades de ensino, disponibilizadas para o seu
processo de formação, têm por intuito possibilitar o desenvolvimento de novas competências
necessárias para que você se aproprie do conhecimento de forma colaborativa.

Portanto, recomendo que durante a realização de seu curso, você procure interagir com os
textos, fazer anotações, responder às atividades de autoestudo, participar ativamente dos
fóruns, ver as indicações de leitura e realizar novas pesquisas sobre os assuntos tratados,
pois tais atividades lhe possibilitarão organizar o seu processo educativo e, assim, superar os
desafios na construção de conhecimentos. Para finalizar essa mensagem de boas-vindas, lhe
estendo o convite para que caminhe conosco na Comunidade do Conhecimento e vivencie
a oportunidade de constituir-se sujeito do seu processo de aprendizagem e membro de uma
comunidade mais universal e igualitária.

Um grande abraço e ótimos momentos de construção de aprendizagem!

Professora Gislene Miotto Catolino Raymundo

Coordenadora Pedagógica do NEAD- CESUMAR

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A PESQUISA NO BRASIL E AS CARACTERÍSTICAS
DE UM PESQUISADOR
Professora Me. Ludhiana Bertoncello

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• Contexto da Pesquisa Científica no Brasil


• Características do Pesquisador
O CONTEXTO DA PESQUISA CIENTÍFICA NO BRASIL

Ao nos depararmos com o termo pesquisa, devemos


considerar o seu conceito, isto é, a pesquisa consiste em
um ato dinâmico de questionamento e aprofundamento na
busca de uma resposta ou solução a uma dúvida ou
problema. Visa ao conhecimento de uma parcela da
realidade, em contínua ampliação e renovação, resultado
Fonte: PHOTOS.COM

da aplicação de uma metodologia especial: metodologia da


pesquisa (JULIATTO; BORTOLOZZI, 2005).

Na pesquisa científica, primeiramente, os pesquisadores


definem proposições lógicas ou suposições (hipóteses)
para explicar certos fenômenos e observações, e então
desenvolvem experimentos que testam essas hipóteses.

Se confirmadas, as hipóteses podem gerar leis e teorias. Integrando-se hipóteses de certa


área em uma estrutura coerente de conhecimento, contribui-se, dessa forma, na formulação
de novas hipóteses, bem como coloca as hipóteses em um conjunto de conhecimento maior
que são as leis e teorias reconhecidas consensualmente pela comunidade científica e/ou o
paradigma de seu tempo.

Outro ponto importante está relacionado à condução do método(s) científico(s), pois o processo
de investigação precisa ser objetivo, e o cientista deve ser imparcial na interpretação dos
resultados. Sobre a objetividade, significa dar atenção às propriedades do objeto e não do
sujeito (subjetividade). Vale a pena lembrar a afirmação de Hans Selye: “Quem não sabe o que
procura não entende o que encontra”, referindo-se à necessidade de formulação de definições
precisas (a essência dos conceitos) e que possam ser respondidas com o simples sim ou não.
Neste sentido, tanto a imparcialidade (evidência) como a objetividade foram incluídas por René

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Descartes (1596 – 1649) nas regras lógicas que caracterizam o método científico.

Dessa forma, o cientista, para realizar uma pesquisa e torná-la científica, deve seguir
determinados passos. Em primeiro lugar, o pesquisador deve estar motivado a resolver uma
determinada situação-problema que, normalmente, é seguida por algumas hipóteses. Usando
sua criatividade, o pesquisador deve observar os fatos, coletar dados e então testar suas
hipóteses, que poderão se transformar em leis e, posteriormente, ser incorporadas às teorias
que possam explicar e prever os fenômenos.

A pesquisa científica objetiva, fundamentalmente, contribui para a evolução do conhecimento


humano em todos os setores, sendo sistematicamente planejada e executada segundo
rigorosos critérios de processamento das informações. Será chamada pesquisa científica se
sua realização for objeto de investigação planejada, desenvolvida e redigida conforme normas
metodológicas consagradas pela ciência. Alguns pesquisadores conceituam pesquisa da
seguinte forma:

“Conjunto de procedimentos sistemáticos, baseado no raciocínio lógico, que tem por objetivo
encontrar soluções para problemas propostos, mediante a utilização de métodos científicos”
(ANDRADE, 2001, p. 121).

“Procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos
problemas propostos” (GIL, 2002, p. 19).

“Atividade voltada para a solução de problemas por meio do emprego de processos científicos
(CERVO; BERVIAN, 1983, p. 50)”.

A Ciência hoje tem como objetivo a melhoria da qualidade de vida intelectual e material. Por
outro lado, sabemos que o objetivo da ciência não é responder a todas as questões. Além
disso, temos consciência de que são as perguntas que movem o mundo e não as respostas,
de modo que para responder a essas perguntas, com certo grau de certeza, necessitamos do

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conhecimento científico. As funções principais da ciência são as novas descobertas, os novos
produtos e a melhoria da qualidade de vida.

A ciência tem, então, como princípios básicos:

- Um dos princípios marcantes do conhecimento científico é nunca pensá-lo como absoluto ou


final, pois a Ciência pode ser sempre modificada ou substituída.

- Temos que considerar que o conhecimento é válido até que novas observações e
experimentações o substituam.

Costumávamos dizer, até muito pouco tempo atrás, que o conhecimento fornecido pela Ciência
é irrefutável, por isso sempre foi colocada em grau de certeza alto. Por meio da Ciência, o
homem fez grandes descobertas.

Descobriu a cura e tratamento para muitas doenças; fez hibridações nas plantas, nas frutas...

Porém, com a mesma Ciência, o homem criou doenças, vírus, guerra...

Segundo o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa: “Ciência é o conjunto de


conhecimentos relativos a um determinado objeto, especialmente os obtidos mediante a
observação, a experiência dos fatos e um método próprio”.

Podemos dizer que a qualidade do conhecimento científico é dependente da forma de aquisição


que é utilizada.

Utilizam-se três formas no processo de pesquisa:

Intuição + empirismo + racionalismo


- Intuição: criatividade e ideias sobre um novo produto ou processo.

- Experimentação: projetar, experimentar, montar, testar, construir.

- Racionalização: descrever matematicamente, explicar porque funciona fisicamente.

METODOLOGIA DE PESQUISA | Educação a Distância 13


É comum considerar alguns dos mais importantes avanços da ciência, tais como as descobertas
da radioatividade, por Henri Becquerel, ou da penicilina, por Alexander Fleming, como tendo
ocorrido por acidente. No entanto, o que é possível afirmar, à luz da observação científica, é
que terão sido parcialmente acidentais, uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido
a “pensar cientificamente”, estando, portanto, conscientes de que observavam algo novo e
interessante.

Sendo assim, o nível de desenvolvimento científico dos povos é fator preponderante também
para que esse seja uma nação dominante. Aqueles que não apresentam um desenvolvimento
científico considerável acabam sempre por depender das descobertas que os primeiros fazem,
ou seja, as grandes potências científicas, que também acabam coincidindo com as grandes
potências econômicas, ditam as regras e os menos favorecidos, seguem à margem desse
desenvolvimento se contentando com o que é possível chamar de “sobras”.

Nessa perspectiva, é válido salientar ainda, que a ciência não sobrevive somente de grandes
cientistas e de grandes laboratórios. Antes de todos esses aparatos, que são importantes é
claro, uma nação precisa ter uma ideologia pesquisadora e compreender que a ciência é fator
decisivo para o desenvolvimento. Essa compreensão deve acontecer em todos os âmbitos,
desde as escalas mais altas como a política até o acadêmico de graduação. Engajar os jovens
na pesquisa e despertar neles a consciência pela busca de novos saberes é uma tarefa não
muito simples, porém, que precisa ser cumprida.

Com certeza, é na instituição escolar que se produz ciência e é nesse momento que toda essa
curiosidade trazida pelos alunos deve ser explorada dando as devidas oportunidades de fazer
ciência em todas as áreas do saber.

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ALGUNS DADOS DA PESQUISA DO BRASIL

De acordo com o censo do CNPq1 (2009), a pesquisa científica no Brasil também cresce
expressivamente.

Os dados foram analisados com base no Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil que
se constitui no inventário dos grupos de pesquisa em atividade no país. Suas bases de
dados contêm informações sobre os recursos humanos constituintes dos grupos, as linhas
de pesquisa em andamento, as especialidades do conhecimento, os setores de atividade
envolvidos, a produção científica, tecnológica e artística dos pesquisadores e estudantes que
integram os grupos, e aos padrões de interação com o setor produtivo.

Esses grupos estão localizados em universidades, instituições isoladas de Ensino


Superior, institutos de pesquisa científica, institutos tecnológicos, laboratórios de pesquisa
e desenvolvimento de empresas estatais ou ex-estatais, e em algumas organizações não
governamentais com atuação em pesquisa. Existente desde 1992, o Diretório que é composto
por 422 instituições, 22.797 grupos de pesquisa e agrupa mais de 104 mil pesquisadores.

O censo, com base nos dados de 2009, afirmou que:

- Em comparação com o ano de 2002, os grupos de pesquisa obtiveram 50% de crescimento.

- Também de 2002 para cá, o número de doutores aumentou em 94%.

- Existem mais de 86 mil linhas de pesquisa.

- As mulheres também estão mais expressivas por lá. De todos os cadastros, 49% são de
mulheres. Em 1993, a cada 100 pesquisadores, apenas 39 eram do sexo feminino.

¹ Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

METODOLOGIA DE PESQUISA | Educação a Distância 15


A seguir, podemos ver o crescimento de grupos de pesquisa no Brasil.

Distribuição dos grupos de pesquisa segundo o ano de formação, 2008.

Ano de formação Grupos % % acumulado

2005 a 2008 8.628 37,8 37,8

2001 a 2004 6.332 27,8 65,6

1997 a 2000 3.439 15,1 80,7

1993 a 1996 1.968 8,6 89,3

1989 a 1992 1.061 4,7 94,0

1985 a 1988 537 2,4 96,4

1981 a 1984 305 1,3 97,7

até 1980 527 2,3 100,0

Total 22.797 100,0

Fonte: CNPq - <http://dgp.cnpq.br/censos/sumula_estat/index_grupo.htm>. Acesso em: 04 abr. 2011.

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CARACTERÍSTICAS DO PESQUISADOR

Segundo Gil (1987), o pesquisador deve apresentar as


seguintes qualidades:
• Conhecimento do assunto a ser pesquisado: é saber
onde pesquisar e onde selecionar as informações para,
a partir delas e da experiência, construir o conhecimento.

• Curiosidade.

• Criatividade: a criatividade na pesquisa significa apren-


dizado, motivação, perspicácia e comunicação. É fun-
damentalmente exploratória e inovadora, porque não só
amplia, mas propõe novos conceitos.

• Integridade intelectual.

• Perseverança: é o que leva a prosseguir, a não desistir.


Este requisito pressupõe um envolvimento real do pesquisador.

• Atitude autocorretiva.

• Imaginação disciplinada.

• Paciência.

• Confiança na experiência.

As chaves do sucesso de um pesquisador


Revista Veja – 03/11/2004.

1- Leia muito e de tudo: (livros técnicos, romances, poesias, ficções,...). Eles ajudam a desenvolver
uma visão plural da vida.
2- Exercite a curiosidade: ela é o primeiro degrau de todas as descobertas.
3- O terceiro idioma: ler, escrever e falar inglês é básico. A diferença começa com o aprendizado de
uma terceira língua.

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4- Tenha base sólida: as ciências básicas, como a física, a química e a matemática, alicerçam todas
as outras carreiras.
5- Escolha bem: a melhor escola nem sempre é a mais conhecida e famosa. Escolha entre as que têm
professores mais atuantes.
6- Pesquise sempre: as bolsas de iniciação científica dão chance de começar a pesquisar ainda na
graduação - APROVEITE-AS
7 – Escolha suas companhias: se quiser ser cientista, conviva com cientistas. Freqüente os labo-
ratórios mais produtivos da IES.
8 – Dedique-se: vale a mais famosa equação de Einstein: Sucesso = 10% Talento + 90% Suor
9 – Tome a iniciativa: não se satisfaça com o que o professor ensina. Busque mais informações. Todo
bom cientista é um autodidata.
10 – Mire no exterior: o isolamento mata a pesquisa. A troca de informações é uma das chaves do
sucesso.
11 – Faça a diferença: escolha a área de atuação em que seu trabalho possa se destacar.
12 – Busque a visão universal: o cientista tende a se especializar cada vez mais cedo. Isso é inevi-
tável, mas é um erro fatal fechar-se a outras áreas da pesquisa.

DESAFIOS DA PESQUISA NO BRASIL: UMA CONTRIBUIÇÃO AO DEBATE.


Fórum de reflexão universitária – UNICAMP

A pesquisa científica no Brasil tem evoluído significativamente. Diversos foram os fatores e atores que
contribuíram para isso. Tal avanço pode ser creditado à consolidação da política de pós-graduação
implantada nos anos 60 nas principais universidades brasileiras.
Esse avanço, relatado no FÓRUM DE REFLEXÃO UNIVERSITÁRIA, na UNICAMP, tomou por base
as perguntas que eram feitas aos pesquisadores em diferentes épocas.
Na década de 60, por exemplo, um professor de uma universidade pública deparava-se com a seguinte
pergunta: “Você faz pesquisa?” Uma simples resposta, positiva ou negativa, deixaria seu interlocutor,
de certa forma, satisfeito. Em caso positivo, conferiria ao professor interrogado um status diferenciado.
Nos anos 70, a pergunta mudou seu enfoque: “Você tem publicado papers?” Nessa década, o status
diferenciado advinha da existência de publicações e, é claro, para aquelas feitas em inglês (mesmo
que em periódico nacional), o diferencial positivo seria ainda bem maior.
Os anos 80 já traziam a questão com alguma especificidade: “Com qual temática você está traba-
lhando? Trata-se de pesquisa básica ou aplicada?” Nessa década, a segunda questão estava no

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bojo das discussões, levando a debates intermináveis em todos os fóruns em que fosse colocada.
Foi um período em que as agências de financiamento, sobretudo as federais, começaram a introduzir
mecanismos indutores.
Várias perguntas, algumas vezes até mesmo aparentemente antagônicas, marcaram os anos 90.
Começou com: “Quantos trabalhos você já publicou?” Rapidamente passou para: “Quantos trabalhos
você publicou este ano?” E, com velocidade ainda maior, começou-se a indagar:
“Qual o fator de impacto das revistas nas quais você publica?”, deslanchando daí para: “Objetivamen-
te, sua pesquisa serve para quê? Você tem alguma interação com o setor produtivo?”

VOCÊ SABIA!
UNIVERSITÁRIOS COMPRAM MONOGRAFIAS E COMETEM FRAUDE PARA OBTER DIPLOMA.
FONTE: Diário de S. Paulo, 13/10/2008.

Universitários estão recorrendo a uma alternativa ilegal para colocar o diploma na parede da sala.
Eles compram uma monografia pronta e cometem crime de falsidade ideológica, que pode resultar
em pena de até cinco anos de prisão, de acordo com o artigo 299 do Código Penal Brasileiro. Fraude
descoberta, a punição vai da reprovação do aluno até a expulsão. Dezenas de sites são encontrados
com facilidade pela rede, anunciando serviços de venda de monografias, trabalhos escolares, disser-
tações e teses de mestrado.
Por meio do anonimato da internet um repórter do “Diário de S.Paulo” se passou por um universitário.
Fez os contatos telefônicos - todos gravados. Que foram entregues ao Grupo de Atuação Especial de
Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público.
O repórter do Diário acertou a compra de monografias com duas empresas. Em uma, ficou combinado
o pagamento de R$ 200, referente à metade do trabalho. Mas após o depósito ser efetuado, em um
novo contato telefônico, a atendente se desesperou ao ser questionada se a prática constituía crime
de falsidade ideológica e decidiu desfazer o negócio. Ela pediu os dados da conta do cliente e devol-
veu o dinheiro. (...)
Os sites ainda fazem campanha contra o plágio para transmitir a idéia de que seus trabalhos são
exclusivos e inéditos. É uma isca para atrair clientes, com a promessa de que o texto será feito por
mestres especializados no assunto da pesquisa. Identificados como “elaboradores”, eles são recru-
tados com anúncios no próprio site. Se para alguns alunos é uma pechincha, em troca da “garantia”
de erguer o canudo sem ter escrito uma linha, representa um prejuízo incalculável para a educação
no país.

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REFERÊNCIAS

ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico:


elaboração de trabalhos na graduação. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

CERVO, A.L.; BERVIAN, P.A. Metodologia científica. 3. ed. São Paulo: McGraw-Hill do
Brasil, 1983.

GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

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