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CENTRO UNIVERSITÁRIO BARÃO DE MAUÁ

GUSTAVO AVEIRO DELLA MOTTA

IMPACTOS DA REVOLUÇÃO DE 1930 NA POLÍTICA DE RIBEIRÃO PRETO

RIBEIRÃO PRETO – SP
2020
GUSTAVO AVEIRO DELLA MOTTA

IMPACTOS DA REVOLUÇÃO DE 1930 NA POLÍTICA DE RIBEIRÃO


PRETO

Trabalho de conclusão de curso de


História do Centro Universitário Barão
de Mauá para obtenção do título de
licenciado.

Orientador: Prof. Me. José Faustino de


Almeida Santos.

Ribeirão Preto
2020
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio
convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

M874i
Motta, Gustavo Aveiro Della
Impactos da Revolução de 1930 na política de Ribeirão Preto/
Gustavo Aveiro Della Motta - Ribeirão Preto, 2020.

41p.

Trabalho de conclusão do curso de Licenciatura Plena - História do


Centro Universitário Barão de Mauá

Orientador: José Faustino de Almeida Santos

1. Primeira República 2. Coronelismo 3. Ribeirão Preto I. Santos, José


Faustino de Almeida II. Título

CDU 94(815.6)

Bibliotecária Responsável: Iandra M. H. Fernandes CRB8 9878


GUSTAVO AVEIRO DELLA MOTTA

IMPACTOS DA REVOLUÇÃO DE 1930 NA POLÍTICA DE RIBEIRÃO


PRETO

Trabalho de conclusão de curso de


História do Centro Universitário Barão
de Mauá para obtenção do título de
licenciado.

Data de aprovação: ____/____/____

BANCA EXAMINADORA

___________________________________
Me. José Faustino de Almeida Santos
Centro Universitário Barão de Mauá – Ribeirão Preto

___________________________________
Me. Rodrigo de Andrade Calsani
Centro Universitário Barão de Mauá – Ribeirão Preto

___________________________________
Dr. Felipe Ziotti Narita
Centro Universitário Barão de Mauá – Ribeirão Preto

Ribeirão Preto
2020
Dedico este trabalho a meus
pais Maria José e Inácio.
AGRADECIMENTO
Agradeço a todo o corpo docente do curso de História do Centro Universitário
Barão de Mauá, em especial ao meu orientador professor José Faustino de Almeida
Santos.

Agradeço também a todos os colegas de turma, especialmente Ivan, Luciana


Martins e Luciana Mendonça pelo companheirismo e cooperação nos diversos trabalhos
que enfrentamos nesse ciclo universitário.
“O mais competente não discute, domina a sua ciência e cala-se.”
(Voltaire)
RESUMO
A Revolução de 1930 marca o fim do sistema político coronelista da Primeira República.
Ribeirão Preto foi um importante centro da economia cafeeira nesse período, e esteve
sujeita à ação dos coronéis do café, que lutavam por seus interesses pessoais. Daí a
intenção de se investigar como se deu o fim desse sistema em Ribeirão Preto, em outubro
de 1930, e quais foram as rupturas ou permanências no cenário político local.

Palavras-chave: Primeira República. Coronelismo. Ribeirão Preto.


ABSTRACT
The 1930 Revolution marks the end of the coronelist political system of the First
Republic. Ribeirão Preto was an important center of the coffee economy in that period
and was subject to the action of the coffee colonels who fought for their personal interests.
Hence this work intends to investigate the intention of investigating how this system
ended in Ribeirão Preto, in October 1930, and what were the ruptures or permanences
that followed in the local political scenario.

Keywords: First Republic. Colonelism. Ribeirão Preto.


LISTA DE SIGLAS

PRP Partido Republicano Paulista


PD Partido Democrático
PCB Partido Comunista Brasileiro
CMRP Câmara Municipal de Ribeirão Preto
UGT União Geral dos Trabalhadores
CNC Conselho Nacional do Café
DNC Departamento Nacional do Café
DAM Departamento de Assistência aos Municípios
PC Partido Constitucionalista
AIB Ação Integralista Brasileira
ANL Aliança Nacional Libertadora
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................10

1 CORONELISMO E POLÍTICA NA PRIMEIRA REPÚBLICA (1889-1930).....12

1.1 O Coronelismo: uma pequena discussão teórica..................................................12

1.2 Primeira República e suas relações políticas........................................................14

1.3 Política ribeirão-pretana na Primeira República.................................................17

2 O DESGASTE DO CORONELISMO E A REVOLUÇÃO DE 1930....................21

2.1 O Tenentismo...........................................................................................................21

2.2 Movimentações no jogo político nos anos 1920 e a eleição de 1930....................23

2.3 A Revolução de 1930...............................................................................................26

3 A NOVA ORDEM POLÍTICA DO PERÍODO VARGUISTA.............................30

3.1 O Governo Provisório (1930-1934)........................................................................30

3.2 O Governo Constitucional (1934-1937).................................................................33

3.3 Balanço da Revolução de 1930 em Ribeirão Preto: permanências e rupturas..34

CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................38

REFERÊNCIAS.............................................................................................................40
10

INTRODUÇÃO

O período histórico “Primeira República” que abarca os anos entre 1889 e 1930,
é constantemente referido como um momento em que houve intensa fraude nas eleições
ocorridas sobre a sombra do coronelismo. Termos como voto de cabresto, clientelismo e
mandonismo são frequentes em obras que abordam o período destacado. O fim dessa
realidade é creditada à Revolução de 1930, que depôs Washington Luís e deu o poder a
Getúlio Vargas, dando início à chamada “Era Vargas”.

Durante a Primeira República, Ribeirão Preto esteve sob a influência de dois


conhecidos chefes políticos cafeicultores que eram tratados como coronéis: Francisco
Schmidt, imigrante alemão e Joaquim da Cunha Diniz Junqueira, popularmente
conhecido como Quinzinho, referência da tradicional família Junqueira. Buscamos
investigar como se deu esse momento de transição da Primeira República para Era Vargas
estudando o impacto da Revolução de 1930 no cenário político da cidade. Até as vésperas
da instituição do Estado Novo em 1937.

A metodologia utilizada baseia-se em revisão bibliográfica. Entre os livros


destacam-se “Dos Coronéis à Metrópole” do brasilianista Thomas Walker, e “História
do Brasil” de Boris Fausto; entre trabalhos acadêmicos como as dissertações, destacam-
se as pesquisas de Alexandre Mattioli, Rodrigo Ribeiro Paziani e Rafael Cardoso de
Mello, respectivamente “A Teia de Poder”, “Um Baiano nas ‘Terras do Café’” e “Um
‘Coronel de Saias’ no Interior Paulista”. De grande importância foi o livro “Memória”,
criado pela Câmara Municipal de Ribeirão Preto contendo registros de suas legislaturas
de 1874 até 2016.

Durante a escrita do trabalho, optou-se pela nomenclatura “Primeira República”


ao invés de “República Velha” para se referir ao período histórico entre 1889 a 1930, bem
como o uso do termo “Revolução” para se referir aos acontecimentos de outubro de 1930,
salvo citações diretas dos autores utilizados. Para evitar qualquer estranhamento,
esclarecemos também que foi usado o termo “presidente” para se referir ao cargo
atualmente conhecido como governador do estado conforme nomenclatura da época.
Essas escolhas se devem pelo fato de esses termos serem frequentes em trabalhos
acadêmicos mais recentes, não significando nenhum juízo de valor sobre os eventos
abordados.
11

No primeiro capítulo, propusemos uma breve discussão sobre o coronelismo e as


percepções de autores que tratam sobre o tema. Em seguida, buscamos a formação do
pacto federativo da Primeira República com a chamada “Política dos Governadores” com
o presidente Campos Salles que, dessa forma, estabilizou o sistema após os anos
conturbados que se seguiram à Proclamação da República em 1889. Focando no caso de
Ribeirão Preto, estudamos a dinâmica coronelista na cidade, a atuação dos grupos
políticos, em especial, o liderado pelo Coronel Francisco Schmidt e a família Junqueira
cujo maior expoente foi o Coronel Quinzinho da Cunha.

O segundo capítulo apresentou os sinais de desgaste do sistema coronelista, a


ascensão do movimento tenentista com a Revolta dos 18 do forte em 1922 e a
movimentação revolucionária em São Paulo em 1924 bem como a má relação entre os
militares e o presidente Arthur Bernardes. Também no ano de 1924 veio a falecer o
Coronel Francisco Schmidt, um dos “reis do café” de Ribeirão Preto. Às vésperas das
eleições presidenciais de 1930 intensifica a oposição ao governo das elites paulistas e a
vitória de Júlio Prestes dá inícios às movimentações que culminaram na Revolução de
1930.

Por fim, no último capítulo, buscamos avaliar o que a Revolução de 1930


representou para o contexto político de Ribeirão Preto. A era dos coronéis passou com o
início da Era Vargas, isso é inegável, porém, os lugares de poder foram ocupados por
agentes da antiga ordem. Mais precisamente, o PRP com mais cadeiras na Câmara
Municipal em seu curto período de funcionamento e Fábio de Sá Barreto como prefeito.
12

CAPÍTULO I

CORONELISMO E POLÍTICA NA PRIMEIRA REPÚBLICA (1889-1930)

Este capítulo tem como objetivo abordar a dinâmica das relações políticas no
período da Primeira República em âmbito nacional e, também, observando o contexto
local de Ribeirão Preto, utilizando como baliza temporal a Proclamação da República em
1889 até o princípio dos anos 1920. Para tal, a bibliografia utilizada consiste
principalmente nos autores Boris Fausto, Alexandre Ferreira Mattioli, Rafael Cardoso de
Mello e Rodrigo Ribeiro Paziani.
Antes, porém, fez-se necessário expor diferentes interpretações sobre o conceito
de coronelismo, prática constante durante o período histórico pesquisado. De fundamental
importância foram as obras realizadas por Victor Nunes Leal e Ricardo Alexandre
Botelho.
1.1 – O Coronelismo: uma pequena discussão teórica

O fenômeno denominado de “coronelismo” ganha força com a instituição da


eletividade para cargos legislativos e executivos. O título de “coronel” vem da formação
da Guarda Nacional em 1831 durante o período regencial, dando força armada aos que
detém poder, principalmente no interior rural. A Guarda só foi desmobilizada em 1922.
A figura do coronel era importante por sua posição, já que na maioria das vezes era um
fazendeiro, em um contexto em que a maior parte da população brasileira se encontrava
na zona rural. Desse modo, o coronel possuía poder para orquestrar o processo eleitoral,
por meio da prática do voto de cabresto, da maneira que melhor lhe fosse conveniente.
Diante dessa situação, os governantes estaduais e até mesmo da União buscavam o apoio
local do coronel por conta de sua influência no período eleitoral (BOTELHO, 2006).
A força do coronel no espaço rural se deve, principalmente, pelo estado de
carência e necessidades pelos quais passava o homem do campo. Nessa conjuntura a
figura do coronel surge como uma espécie de provedor em um meio muitas vezes
miserável e de ausência estatal. Pelo fato de as eleições ocorrerem nas cidades, o coronel
cuidava do transporte das populações rurais para o espaço urbano em que se encontravam
as áreas eleitorais e instruía – por meio de coerção, se necessário – que os trabalhadores
do campo votassem de acordo com o combinado com as esferas mais altas da hierarquia
do poder.
13

Para Maria Isaura Pereira de Queiroz, é possível traçar a proeminência do coronel


no meio rural desde o período colonial do Brasil. Segundo a autora, a Coroa portuguesa
não possuía meios e contingente populacional suficiente para realizar a colonização de
um território denso como o brasileiro. Desse modo aqueles senhores que se estabeleciam
no interior e exerciam controle sobre alguma atividade econômica gozariam de prestígio
e capacidade de influenciar os rumos políticos de sua região, a despeito da Câmara
regional. Deve-se ressaltar que nesse período de colonização portuguesa, as Câmaras
acumulavam funções que na contemporaneidade são divididas entre os poderes
legislativo e executivo, além de sofrerem com falta de recursos financeiros. Nasce nesse
contexto, a sobreposição do poder privado sobre o poder público já que a vontade e os
interesses do coronel são impostos para toda uma localidade, junto com os recursos
necessários providos pelo próprio coronel para construções e melhorias das vilas
(BOTELHO, 2006).
Durante o período da Primeira República as relações políticas consistiam em um
grande sistema de alianças e interesses entre as esferas federal, estadual e municipal. A
base regional desse sistema encontrava-se sob a influência dos “coronéis” que, segundo
o jurista Victor Nunes Leal:
Qualquer que seja, entretanto, o chefe municipal, o elemento primário desse
tipo de liderança é o “coronel”, que comanda discricionariamente um lote
considerável de votos de cabresto. A força eleitoral empresta-lhe prestígio
político, natural coroamento de sua privilegiada situação econômica e social
de dono de terras. (LEAL, 2012, n.p)

Ainda de acordo com o estudo de Botelho (2006), Edgard Carone enxerga uma
busca pelo federalismo no Brasil, o que seria provado por conta das diversas revoltas
regionais ao longo da História nacional e mesmo durante a centralização política do
Segundo Reinado com a criação de vários partidos regionalizados. As regiões teriam uma
tendência a um alto grau de autonomia.

Com relação à atuação dos coronéis, Carone aponta que cada Estado possui
elementos e características próprios. Outra questão salientada por Carone são os
constantes enfrentamentos entre os coronéis, evidenciando que a Primeira República “foi
marcada pelo derramamento de sangue, consequência dos abusos de poder por parte
destes personagens e da conivência criminosa do Estado, que era totalmente parcial e que
agia somente quando lhe interessava” (BOTELHO, 2006).
14

Outra autora pesquisada por Ricardo Alexandre Botelho (2006) a abordar o tema
do coronelismo, Maria de Lourdes Mônaco Janotti, também aponta para suas origens no
período colonial por conta da herança econômica dos coronéis. A ausência de um Estado
presente, principalmente em regiões mais interioranas, contribuiu para uma concentração
de poder nas mãos desses proprietários rurais posteriormente atribuídos como coronéis.
Dessa forma, foi-se constituindo durante os séculos a prática da privatização da vida
pública de modo que sua permanência pode ser constatada ainda nos dias de hoje,
principalmente em localizações mais isoladas pelo interior do país.

Devido à situação de penúria em municípios interioranos, o coronel, além de atuar


nas eleições, responsabiliza-se por manter a funcionalidade da cidade e seus serviços e,
dessa forma, ter ampla influência sobre o eleitorado.

Em se tratando da política em Ribeirão Preto durante a Primeira República, foi


preciso dedicar algum espaço para uma conceituação do coronelismo, palavra muito
usada, algumas vezes, de forma indevida. Será possível encontrar vários elementos do
que foi discutido neste subcapítulo enquanto revisitamos a História de Ribeirão.
Importante pesquisador da História local, o norte americano Thomas Walker resume tudo
na afirmação “se existe uma única palavra capaz de sintetizar a política de Ribeirão Preto
na República Velha, essa palavra é coronelismo” (WALKER; BARBOSA, 2000, p. 55).

1.2 – Primeira República e suas Relações Políticas

O período histórico brasileiro conhecido como “Primeira República” ou


“República Velha”, de 1889 até 1930, pode ser classificado em duas fases. A primeira,
de 1889 a 1894 como “República da Espada”, por conta dos dois primeiros presidentes –
Marechal Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto – serem militares. A segunda fase,
durante todo o período até 1930, de “República Oligárquica” devido à disposição política
criada de modo que cada oligarquia estadual possuía certa autonomia em relação ao
governo federal. Dessa forma, as elites locais de cada estado da federação tinham
liberdade para governar a sua região, de acordo com seus interesses.

Entre o período da Proclamação da República até a criação da “Política dos


Governadores” por Campos Sales, o novo regime apresentou sérias dificuldades para se
estabelecer. A cúpula do Governo Provisório, na elaboração da Constituição em 1891,
optou pela institucionalização de um sistema federalista, em contraponto ao centralismo
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do Império, acabou com o voto censitário, mas manteve a proibição de voto de


analfabetos. Com a restrição imposta pela Lei Saraiva em 1881, a República aumenta a
quantidade de eleitores aptos a votar de 1% para apenas 2% da população total (LESSA,
1988).

Algo que foi uma constante nesse momento nascente da República é a extrema
politização dos quadros militares que se enxergavam como “pais” do novo regime, se
opondo à classe política tradicional. A situação desse período pode ser resumida da
seguinte maneira:
[...] opção federalista, com presidencialismo; atribuições dilatadas do
legislativo, imprecisões nas relações políticas entre União e estados; maior
concentração de tributos nos estados e asfixia política dos municípios. As
Forças Armadas foram declaradas obedientes, “dentro dos limites da lei”,
dotadas, portanto, da prerrogativa de interpretar e decidir a respeito da eventual
legalidade da desobediência. (LESSA, 1988 p. 6)

Além do caso administrativo da transição republicana, o governo deveria lidar


ainda com a Revolta da Armada e a Revolução Federalista no sul do país. O primeiro
presidente civil do Brasil, Prudente de Morais, não teve êxito em solucionar essas
questões. Outro grupo de interesse no governo, os militares, encontrava-se com sua
imagem desgastada após a campanha de Canudos no estado da Bahia em 1897.
Nesse momento conturbado é que entra em cena o sucessor de Prudente de
Morais, Campos Sales. De acordo com Renato Lessa (1988), o ex-presidente de São Paulo
tomou consciência de uma “distribuição natural do poder” na sociedade brasileira. Esse
“poder” surge espontaneamente nas diversas regiões brasileiras, daí a ideia do sistema
informal da “Política dos Governadores”, em que para cada oligarquia estadual será
reconhecida, pelo executivo federal, sua liberdade de gerir seu estado de origem, em troca
do apoio desse estado nos assuntos do governo nacional. Desse modo, não haveria
intervenção federal em conflitos internos dos estados.
As oligarquias estaduais se fundamentaram através dos partidos republicanos de
cada estado. Em São Paulo a elite política defendeu os interesses dominantes que, nesse
período, eram os dos cafeicultores. Para tanto, políticos, cafeicultores e coronéis se
organizaram em torno do Partido Republicano Paulista – PRP – criado ainda durante a
Convenção de Itu em 1873. Os políticos paulistas buscavam defender políticas de
valorização do café pelo governo federal, o que ocorreu com o chamado Convênio de
Taubaté em 1906 assinado pelos presidentes de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
16

Outra prática adotada para o setor cafeeiro consistia na socialização de suas perdas
que seriam divididas entre toda a sociedade.
A base desse sistema era o coronel, o chefe político local numa troca de favores
entre este e o governo estadual. O coronel influenciava o processo eleitoral na sua região
por meio das práticas de favores pessoais simples, até indicações para cargos públicos,
além da utilização da coerção, se necessário. Deve ser ressaltado que neste período o voto
era permitido apenas para homens maiores de 21 anos, alfabetizados, e não era
obrigatório, o que favorecia o voto ser objeto de barganha entre o eleitorado e candidatos.
O presidente do estado entrava com apoio dos interesses do coronel, sanando por
exemplo, as dificuldades financeiras que os municípios enfrentavam para obras e
melhorias públicas prometidas pelo coronel e a elite política local ao eleitorado.
Dependendo da força econômica do coronel esse apoio financeiro por parte do estado não
teria poder de convencimento.

Sobre a relação entre o estado de São Paulo e a União, Boris Fausto demonstra
que nem sempre havia um entendimento por parte do governo federal com os paulistas
sobre a proteção e valorização do café:

Os paulistas tiveram meios de garantir sua autonomia e, até certo


ponto, levar seus planos econômicos adiante, mesmo sem contar com
apoio do governo federal. Mas a política cambial da União repercutia
em sentido desfavorável na cafeicultura paulista, quando eram
tomadas medidas de valorização do câmbio. Além disso, a garantia
do governo federal podia ser imprescindível ou, pelo menos, podia
facilitar a obtenção de empréstimos no exterior. (FAUSTO, 2006, p.
268)

É comum a caracterização desse período com a chamada política do “café com


leite” em que as oligarquias dos estados de São Paulo (café) e Minas Gerais (leite) tinham
um acordo e se revezavam na escolha da sucessão presidencial. Essa denominação vem
da atividade econômica predominante em cada estado, São Paulo com a cafeicultura e
Minas Gerais com suas fazendas e criação de gado. Porém, as relações políticas são mais
complexas. De 1894 a 1902 o país teve três presidentes paulistas em sequência – Prudente
de Morais, Campos Sales e Rodrigues Alves – sequência essa que não se repetiu. Na
campanha para a eleição de 1910, Minas Gerais apoiou a candidatura do marechal Hermes
da Fonseca, enquanto São Paulo apoiou Rui Barbosa lançando para tal, inclusive a
Campanha Civilista em prol do civil Rui Barbosa. Além desses dois estados, o Rio Grande
17

do Sul consistia em uma espécie de “terceira força” no cenário nacional que cresceu no
final da Primeira República (FAUSTO, 2006).
A partir dos anos 1920, o sistema político constituído na Primeira República
começou a apresentar sinais de desgaste. O apoio de São Paulo e Minas Gerais para a
eleição de Arthur Bernardes em 1922 gerou descontentamento em outros estados,
particularmente o Rio Grande do Sul, por conta da exclusividade paulista dos esquemas
de valorização do café, em contraste com outros setores.

Dessa questão eleitoral surgiu o movimento tenentista, que também se opunha ao


presidente Arthur Bernardes, impopular dentro das Forças Armadas por supostamente ser
“antimilitar”. O nome deriva da insatisfação dos militares de média e baixa patentes,
como tenentes e capitães, contra o sistema das oligarquias que segundo os tenentes
fragmentava o Brasil e visava a uma solução autoritária para o país. Ocorreram revoltas
armadas como a do Forte de Copacabana no Rio de Janeiro em 1922, e a Revolução de
1924 em São Paulo, essa com apoio da Força Pública estadual. Do tenentismo surgirá a
Coluna Prestes, idealizada pelo capitão Luiz Carlos Prestes - posteriormente chamado de
“Cavaleiro da Esperança” - que percorreu o interior do país em busca de apoio popular
até 1927 quando o movimento se desmantelou.
Em São Paulo os dissidentes do PRP começaram a se organizar em torno do
Partido Democrático – PD – criado em 1926. Esse movimento defendia um programa
liberal, reformas eleitorais, incluindo o voto secreto e obrigatório e a independência entre
os três poderes (executivo, legislativo e judiciário). Possuíam apoio de profissionais
liberais, mas também de alguns cafeicultores e setores de classe média urbana. O PD não
chegava ao extremismo de total rejeição ao sistema político como o movimento tenentista,
mesmo tendo apoiado a Revolução de 1930, com posterior arrependimento de seus
membros, como será abordado mais à frente.

1.3 – Política ribeirão-pretana na Primeira República

Desde o fim do século XIX, Ribeirão Preto já despontava como importante centro
da economia cafeeira, portanto, sujeita à influência dos coronéis do café. Com matérias
publicadas por Luís Pereira Barreto e Martinho Prado Júnior sobre a qualidade das terras
da região, e por conta do esgotamento das terras na região pioneira da monocultura do
18

café, o Vale do Paraíba, vários fazendeiros vieram à região para explorar o negócio do
café.

Durante a Primeira República, a política local ficou sujeita à disputa e controle de


duas facções que também disputavam o comando regional do PRP do 10º distrito
(Ribeirão Preto): o grupo do coronel Francisco Schmidt, imigrante alemão que ascendeu
socialmente comprando terras, e o grupo liderado pela família Junqueira, donos de terras
desde o século XVIII em Minas Gerais.

A presença política da família Junqueira em Ribeirão Preto pode ser traçada desde
os tempos imperiais. Em pesquisa realizada por José Benedito dos Santos na ocasião do
centenário da Câmara Municipal de Ribeirão Preto, podemos constatar a presença de
membros da família já na segunda legislatura, com a presença de Luis Herculano de Souza
Junqueira e Luis Antonio da Cunha Junqueira, nos anos 1870 e 1880.

Em Ribeirão Preto o principal líder da família era o coronel Joaquim da Cunha


Diniz Junqueira, popularmente conhecido como “Quinzinho”. Quinzinho foi vereador da
primeira legislatura republicana da Câmara Municipal entre 1890 a 1892. Posteriormente,
Schmidt e seu sócio Arthur Diederichsen ganharam espaço na administração local com
este último ocupando o cargo de intendente até 1896. Durante a última década do século
XIX, o grupo de Schmidt teve maior influência na política de Ribeirão Preto. Sua força
pode ser percebida na construção do Teatro Carlos Gomes em 1897, financiado, em
grande parte, pelo “rei do café” Francisco Schmidt.

Segundo Thomas Walker, no período de 1902 a 1909 não houve embates entre os
coronéis, aliás houve certa cooperação como em 1907. Neste ano, os dois se esforçaram
para recepcionar o presidente do estado Jorge Tibiriçá em visita oficial a Ribeirão Preto
(WALKER; BARBOSA, 2000).

Anos mais tarde, no entanto, o clã Junqueira daria uma demonstração de força.
Nas eleições presidenciais de 1910, o PRP apoiou massivamente o candidato Rui Barbosa
em oposição a Hermes da Fonseca, em um episódio que ficou conhecido como Campanha
Civilista. Seguindo determinação do PRP, o grupo de Schmidt aderiu à campanha.
Contrariando a posição de todo o estado de São Paulo, o coronel Joaquim Junqueira
anunciou apoio a Hermes da Fonseca, muito por conta de sua amizade com Francisco
Glicério, o que gerou repercussão e descontentamento entre os grupos políticos locais
19

como a renúncia do prefeito João Pedro da Veiga Miranda em protesto à decisão do


coronel. No final, Ribeirão Preto foi o único distrito eleitoral paulista em que Hermes da
Fonseca obteve maioria dos votos, evidenciando a capacidade de Quinzinho de
arregimentar o processo eleitoral de acordo com seus interesses de momento.

Nesse momento as duas facções encontram-se em posições opostas, inclusive na


imprensa local. Em 1911 a família Junqueira passou a controlar o jornal A Cidade,
enquanto Francisco Schmidt e seus apoiadores Renato Jardim e João Pedro da Veiga
Miranda, controlavam o Diário da Manhã.

Dentro do jogo político, importante figura a ser ressaltada é a do doutor Joaquim


Macedo Bittencourt, que teve sua história pesquisada por Rodrigo Ribeiro Paziani.
Oriundo da Bahia, Macedo Bittencourt ganhou espaço no cenário político por conta de
sua atuação durante epidemia de febre amarela entre 1902 e 1903. Suas relações o
aproximaram do clã Junqueira e permitiu certa independência de suas ações frente aos
chefes políticos. Se tornou prefeito de Ribeirão Preto entre 1911 e 1920, período em que
ocorrem transformações urbanas na cidade, sendo a mais notável a construção do Palácio
do Rio Branco, inaugurado em 1917 (PAZIANI, 2004).

Apesar da oposição constante, havia momentos em que os dois líderes criavam


uma aliança para defender interesses em comum, como durante a administração de
Hermes da Fonseca que dava indícios de uma possível intervenção federal em São Paulo
como vinha acontecendo em estados do norte e nordeste. Outra ocasião que proporcionou
uma aliança entre Schmidt e Quinzinho foi durante as greves ocorridas em suas fazendas
de café, feitas por parte dos trabalhadores rurais imigrantes, em sua maioria, italianos.

Com a ocorrência da Primeira Guerra Mundial em 1914, o coronel Francisco


Schmidt começou a perder força por conta de sua nacionalidade alemã em um momento
de antigermanismo crescente, embora o Brasil entrasse no conflito apenas em 1917. A
capacidade de mobilização do chefe político fica afetada. Nas eleições para presidente do
estado em 1920, o candidato Álvaro de Castro, apoiado por Schmidt foi derrotado e
obteve pouco apoio em Ribeirão Preto. Washington Luís apoiado por Quinzinho tornou-
se presidente do estado (MATTIOLI, 2014).

A guerra trouxe prejuízos aos negócios de Schmidt que não conseguiu recuperar-
se. Se retirou de Ribeirão Preto e faleceu em 1924. A partir desse momento, Quinzinho
20

tornou-se o chefe político soberano da localidade até a desestruturação do sistema político


coronelista.

Anos antes, a família Junqueira sofreu um abalo por conta do episódio que ficou
conhecido como o “Crime de Cravinhos”. Iria Alves Ferreira conquistou ascensão social
ao casar-se com Luiz da Cunha Diniz Junqueira, irmão mais velho de Quinzinho
Junqueira, adentrando, assim, o poderoso clã Junqueira. Após a morte de seu marido ainda
no final do século XIX, Iria foi coroada com o título de “Rainha do Café”. Acumulou
poder e influência – mesmo sendo mulher num meio majoritariamente masculino – que
foi astutamente chamada de “coronel de saias” por Mello (2009).

O “Crime de Cravinhos” aconteceu em maio de 1920. Um corpo foi encontrado


entre os municípios de Ribeirão Preto e Cravinhos. A identidade do morto seria o francês
Alphonse Defforge e a motivação do crime seria por conta de este ter ido à fazenda de
dona Iria requisitar parte de herança pela morte de sua esposa, filha de Iria, esta que teria
sida a mandante do crime. O casamento teria se consumado na França.

A repercussão na imprensa foi grande chegando até à capital São Paulo. Em


Ribeirão Preto, o grupo político ligado aos Junqueira fez uso do jornal A Cidade para
publicar matérias defendendo a reputação dos Junqueira eximindo a família de qualquer
participação no assassinato. O periódico paulistano O Parafuso era enfático em suas
matérias acusando a “Rainha do Café” que foi transformada em “Rainha dos Bandidos”
(MELLO, 2009).

Talvez o caso do “Crime de Cravinhos” tenha sido um prenúncio, não só para o


grupo político liderado pelos Junqueira, mas também para todo o sistema coronelista do
que estava por vir ao fim da década de 1920.
21

CAPÍTULO II

O DESGASTE DO CORONELISMO E A REVOLUÇÃO DE 1930

Nos anos 1920, o sistema estabelecido começa a apresentar sinais de decadência


no campo político e no campo econômico que foi agravada de forma decisiva pela da
Crise de 1929. Após a crise o caminho fica aberto para a Revolução de 1930 sepultar o
sistema coronelista em definitivo.
Este capítulo busca analisar os fatores que levaram ao desmantelamento do
coronelismo com o surgimento de novos movimentos, novas ideias e novos partidos
culminando na deposição de Washington Luís em 1930.
Os tempos estavam mudando. Na esfera cultural a Semana de Arte Moderna de
1922 trouxe novas correntes artísticas nos mais diversos gêneros como literatura, pintura,
música etc. As cidades se transformavam também com um crescente aumento
populacional e de classe dos operários por conta do surto industrial no Brasil durante a
Primeira Guerra Mundial.
Na década de 1920 importantes figuras da política ribeirão-pretana saíram de cena
definitivamente. Em São Paulo faleceram Luiz Pereira Barreto em 1923, Francisco
Schmidt em 1924 e o ex-prefeito Joaquim Macedo Bittencourt em 1927. Restou como
símbolo da política coronelista da Primeira República apenas o coronel Joaquim da Cunha
Diniz Junqueira, que faleceu apenas em setembro de 1932.

2.1. O Tenentismo

De fundamental importância no processo de desgaste do sistema político da


Primeira República é o movimento Tenentista, ocorrido a partir dos anos 1920. Sua
nomenclatura deriva do fato de que eram figuras de tenentes e capitães que constituíam
os integrantes do movimento, sem a participação das altas patentes.
O embrião do que posteriormente se caracterizou como movimento Tenentista
pode ser traçado durante o governo do militar Hermes da Fonseca. Nesse período, o
presidente se viu pressionado por um grupo de militares e civis chamados de
“salvacionistas”. Esse grupo visava a salvação das instituições republicanas por meio do
combate ao poder das oligarquias estaduais, especialmente em estados do Norte e
Nordeste nos quais a desigualdade social era mais evidente.
22

Nas eleições presidenciais de 1922 foi eleito o candidato da situação Artur


Bernardes. Sua eleição desagradou os tenentes por conta de rumores e cartas falsas em
que Artur demonstrava certa repulsa pelo ex-presidente Hermes da Fonseca, então líder
do Clube Militar. Hermes se encontrava preso mesmo durante o governo anterior de
Epitácio Pessoa temendo um levante militar. A oposição a Artur Bernardes e a
desconfiança dos políticos civis tidos como corruptos e egoístas sem amor à pátria serviu
de combustível para as ações perpetradas pelos tenentes durante a década de 1920.
Outra explicação para a eclosão do Tenentismo dada por Boris Fausto (2006) diz
respeito à formação dos militares. Com influências da organização militar alemã e, após
a Primeira Guerra, de influências francesas, passou-se a formar soldados profissionais
que apresentam concepções sobre a sociedade e o sistema político vigente. Sua ânsia de
transformar o sistema de acordo com seus ideais levou ao surgimento dos
“salvacionistas”, que tiveram seu legado recuperado pelos tenentes que se enxergavam
como seus herdeiros nos anos 1920 (FAUSTO, 2006, p. 314).
Além da oposição às oligarquias, é complicada a tarefa de compreender o
programa político defendido pelos tenentes já que “agiram muito e falaram pouco”
(FAUSTO, 2006). Segundo Boris Fausto:
Embora não chegassem nessa época a formular um programa antiliberal,
os “tenentes” não acreditavam que o “liberalismo autêntico” fosse o
caminho para a recuperação do país. Faziam restrições às eleições diretas,
ao sufrágio universal, insinuando a crença em uma via autoritária para a
reforma do Estado e da sociedade. (FAUSTO, 2006, p. 314)

Entre as ações perpetradas por esse movimento, a primeira foi a revolta do Forte
de Copacabana no Rio de Janeiro em 5 de julho de 1922, em que dezessete militares e um
civil se revoltaram. A ação foi contida pelas forças de segurança e dezesseis foram mortos
durante troca de tiros. Outra revolta, esta sim de grande intensidade, foi a Revolução de
1924 em São Paulo – também conhecida como a Revolução Esquecida – deflagrada em
5 de julho em homenagem ao primeiro movimento no Rio. Provocou a fuga de moradores
e do próprio presidente do estado Carlos de Campos devido ao intenso bombardeio da
capital paulista. Tinha como maior objetivo derrubar o governo de Artur Bernardes tido
como “antimilitar” pelos oficiais.
Os revoltosos enfrentaram as forças legalistas até o final do mês quando
debandaram em retirada para o interior e Sul do país onde se juntaram ao tenente João
Alberto e ao capitão Luís Carlos Prestes que promoviam revoltas no Rio Grande do Sul
23

e Paraná. A junção desses movimentos formou a Coluna Prestes que percorreu 25 mil
quilômetros pelo interior do Brasil em busca de apoio popular até 1927 quando seus
componentes se exilaram na Bolívia e no Paraguai. Entre os líderes da revolta em São
Paulo destacam-se os irmãos Juarez e Joaquim Távora, Isidoro Dias Lopes e o oficial da
Força Pública paulista Miguel Costa. Esses nomes tiveram importante participação na
Revolução de 1930.
Pelo interior paulista os confrontos armados foram escassos, muito por conta do
apoio das forças policiais militares interioranas ao governo federal. Mattioli (2014) e
Walker (2000) apontam que a revolta iniciada na capital não causou distúrbios em
Ribeirão Preto, embora tenha sido formada uma milícia para defender a ordem, mas foram
apoiadores de destaque apenas diretores do jornal A Tarde. A atuação de Quinzinho na
ocasião da revolta foi detalhada por Mattioli (2014):
O governo federal, caçando os revoltados, enviou um representante até o
município. Naquele contexto, ocorre uma reunião na residência do coronel
Quinzinho. Em busca de uma lista de adversários e indesejáveis para serem
punidos, o chefe de polícia apresenta ao coronel a lista com o nome de todos
que mereciam punição. Mas, segundo relatos, depois de analisar
demoradamente a lista o Joaquim da Cunha Diniz Junqueira a queimou, para
espanto de todos, e respondeu: “Eu não tenho inimigos”. (MATTIOLI, 2014,
p. 130)

O ápice do Tenentismo se deu de fato em 1930 com a deposição de Washington


Luís. O ano é um marco para o movimento destacado da seguinte forma por Fausto:
Há uma história do tenentismo antes e depois de 1930. Os dois períodos
dividem-se por uma diferença essencial. Antes de 1930, o tenentismo foi um
movimento de rebeldia contra o governo da República; depois de 1930, os
“tenentes” entraram no governo e procuraram lhe dar um rumo que
promovesse seus objetivos. (FAUSTO, 2006, p. 307)

Deve ser ressaltado que o movimento Tenentista é predominante no Exército. Na


Marinha, por exemplo, o único episódio de rebeldia por parte de seus integrantes foi o
ocorrido no encouraçado São Paulo em novembro de 1924. Não teve o mesmo impacto
que a Revolta da Chibata em 1910 sob a liderança do marinheiro João Cândido.

2.2 Movimentações no jogo político nos anos 1920 e a eleição de 1930

Conforme abordado no primeiro capítulo, em 1926 as dissidências dentro do PRP


aumentam de modo que é criado o Partido Democrático – PD – em São Paulo. A criação
deste partido é consequência do crescimento populacional em todo o estado, mas
24

principalmente na capital, em que diversos interesses não podem mais ser assegurados
por um único partido. Entre seus quadros destacam-se profissionais liberais e filhos de
cafeicultores.
O programa político defendido pelo partido pregava o liberalismo, eleições menos
fraudulentas já prevendo uma justiça eleitoral. Ganhou apoio na classe média urbana e
propagava seus ideais através do jornal Diário Nacional.
Analisando as aspirações políticas do PD, podemos observar que não se tratava
de uma ruptura profunda do sistema, mas sim sua reciclagem. O partido viu no
movimento revolucionário de 1930 uma oportunidade para a desejada transformação do
sistema e por isso apoia o movimento inicialmente, contudo, a partir da concentração do
poder na figura de Vargas, passa para a oposição do projeto getulista.
Com relação ao desempenho eleitoral do partido, Fausto (2006) afirma que:
Em fins de 1926, o PD reuniu 50 mil nomes em listas de apoio publicadas nos
jornais. Apesar das fraudes, elegeu três deputados federais na eleição de 1927
– um êxito que não se repetiu na eleição estadual de 1928. Nessa ocasião foram
eleitos dois deputados, um resultado aquém das expectativas do partido.
(FAUSTO, 2006, p. 318)

Sobre o surgimento do PD em Ribeirão Preto, Mattioli mostra que o partido não


exercia uma oposição de fato ao sistema constituído em torno do PRP. João Rodrigues
Guião, que ocupou o cargo de prefeito por metade anos 1920, aparece como um dos
membros fundadores do partido na cidade ao mesmo tempo que compunha a direção do
PRP local, portanto, sob a influência direta de Quinzinho. Em eleição municipal de 1928,
o PD não elegeu vereadores e recebeu apenas 14,46% dos votos (LAGES, 2016).
O crescimento do operariado em São Paulo e a influência da Revolução Russa de
1917, e a greve geral ocorrida no mesmo ano, trouxe consequências para o campo dos
partidos políticos. Em 1922 é formado o Partido Comunista do Brasil – PCB. Logo após
sua fundação, o partido já entra na ilegalidade, atuando de forma clandestina até 1927
quando participa das eleições legislativas no mesmo ano sob o nome de Bloco Operário
elegendo três parlamentares. Contudo, em agosto de 1927, é aprovada a Lei Aníbal de
Toledo, também chamada de “Lei Celerada”, que promovia restrições a movimentos
contestadores da ordem social vigente.
Movimentos de trabalhadores também marcaram presença em Ribeirão Preto
desde os primórdios do século XX, muitos de caráter anarquista. Mas a maior organização
25

sindical da cidade surgiu em 1925 com o nome de União Geral dos Trabalhadores – UGT
tendo os comunistas tomado a liderança desta em 1928.
A escolha do sucessor de Washington Luís no cargo de presidente da República
provocou uma disputa eleitoral que ruiu de vez o sistema de alianças e conchavos que
caracteriza a política da Primeira República. A indicação de Júlio Prestes, então
presidente de São Paulo, para ser candidato ao cargo de presidente fez a elite mineira
romper totalmente com a elite paulista e se juntar aos gaúchos e outras elites estaduais
descontentes para formar o bloco da Aliança Liberal em 1929. Para concorrer contra Júlio
Prestes e a máquina política do PRP nas eleições de 1930, a Aliança Liberal define a
chapa com Getúlio Vargas do Rio Grande do Sul e João Pessoa da Paraíba.
Getúlio recebeu apoio de integrantes do PD em São Paulo propondo uma
economia mais diversificada, além da produção de café para a exportação, aspiração de
setores da classe média urbana. Mesmo com a crise econômica em outubro de 1929, em
plena campanha eleitoral, e as insatisfações por ela causadas na elite cafeeira, esta não
rompe com o governo e segue apoiando Júlio Prestes.
As eleições ocorreram em 1º de março de 1930 com os dois lados se utilizando
dos métodos clássicos de fraudes eleitorais, uma das críticas do programa político da
Aliança Liberal. A vitória de Júlio Prestes insuflou uma movimentação de jovens
políticos oposicionistas e os tenentes rebeldes. Durante o ano, foi sendo gestado um
espírito revolucionário que viu no assassinato de João Pessoa em 26 de julho de 1930,
por motivos pessoais, a oportunidade de propagandear seu crescimento tornando sua
morte uma ferramenta política. A movimentação revolucionária atingiu seu ápice em
outubro de 1930.
Escrevendo a respeito das eleições presidenciais de março de 1930 em Ribeirão
Preto, Thomas Walker (2000) destaca um importante personagem que teve grande
relevância política local nos anos 1930 e 1940:
[...] no dia da eleição em 1 de março de 1930, a situação local obteve
3.278 votos – ou 84,65% do total – para Prestes. Apesar de o processo
eleitoral em São Paulo, como um todo, ter sido evidentemente marcado
por “fraude, violência e suborno”, não foi possível documentar qualquer
manipulação fora do comum em Ribeirão Preto. No entanto, um
ribeirão-pretano, Fábio de Sá Barreto – na época secretário do Interior
para o Estado de São Paulo – confessou ter-se envolvido em
ilegalidades, desviando grandes somas do dinheiro público estadual
para a campanha de Prestes. (WALKER, 2000, p. 74)
26

O advogado Fábio de Sá Barreto já era integrante do cenário político no início do


século XX, e já nesse período esteve envolvido com fraudes eleitorais. Em 1905, é eleito
para o cargo de vereador municipal, porém, é forçado a renunciar no ano seguinte devido
a acusações de fraudes no processo eleitoral. Amigo íntimo de Quinzinho, este indica
Barreto para o cargo de professor no Ginásio do Estado (atualmente Otoniel Mota).
Fábio Barreto volta ao cenário político na década de 1920. Com apoio do PRP foi
eleito deputado federal em 1924 e no ano seguinte torna-se membro da direção do partido
em Ribeirão. Conforme apontado por Walker (2000), ocupa o cargo de Secretário do
Interior durante o governo estadual de Júlio Prestes (1927-1930).
Mas foi a partir dos anos 1930 que a carreira política de Fábio Barreto atinge o
seu ápice, quando ocupa o cargo de Prefeito Municipal. Talvez não seja exagero afirmar
que Barreto pode ser considerado a figura política de maior proeminência de Ribeirão
Preto durante a Era Vargas.
Importante ressaltar que a relação entre Barreto e Quinzinho ia além da amizade.
Fábio Barreto era advogado pessoal de Quinzinho e atuou na defesa de Iria Alves Ferreira
na ocasião do “Crime de Cravinhos”, já abordado no capítulo anterior.

2.3 A Revolução de 1930

O fator que fez eclodir a Revolução pode ser considerado a união dos tenentes
revoltosos com políticos de uma geração mais recente. Neste grupo encontram-se nomes
como Getúlio Vargas, Osvaldo Aranha – este que chegou a combater o movimento
tenentista no Rio Grande do Sul – Lindolfo Collor entre outros. A chamada “geração de
1907” – referência ao ano de conclusão de suas formações universitárias – estava em uma
ascendência política e possuía mais ímpeto em busca de seus interesses do que os velhos
oligarcas estaduais que se encontravam conformados com a vitória eleitoral de Júlio
Prestes. Entre os tenentes, Luís Carlos Prestes recusou essa aliança por 26ntende-la como
uma união de oligarcas não coligados com a elite cafeeira paulista. Posteriormente se
tronou membro do PCB.
A Revolução teve início em 3 de outubro em Minas Gerais e no Rio Grande do
Sul e no Nordeste. Os revoltosos foram rapidamente vitoriosos nos estados nordestinos.
Após obterem o controle no Sul do país, iniciaram uma invasão à São Paulo em que se
27

pretendia enfrentar forças governistas em Itararé, porém em 24 de outubro Washington


Luís foi deposto no Rio de Janeiro.
Com o início das movimentações militares, Washington Luís e diversos membros
do governo, ministros e amigos do presidente se refugiaram no Palácio do Catete. No Rio
de Janeiro, os militares revoltosos se concentravam no Forte de Copacabana, local de
eclosão do movimento tenentista em 1922. Os revoltosos nutriam a perspectiva de que
deveriam ser tomados todos os meios de convencer o presidente a renunciar antes de se
executar qualquer violência.
Por fim, sem condições de se opor ao movimento revolucionário, o presidente foi
detido bem como o vice-presidente Fernando do Melo Viana, o ministro presidente do
Supremo Tribunal Federal e o presidente da Câmara dos Deputados refugiaram-se em
embaixadas estrangeiras e, desse modo, toda a corrente sucessória estava impedida de
tomar posse em caso de vacância no cargo de Presidente da República.
Diante desse cenário, os militares Tasso Fragoso, Mena Barreto, Firmino Borba,
Leite de Castro entre outros, tomaram a iniciativa de criar uma Junta Governativa já no
dia 24 de outubro. No dia 28 chegaram à capital federal Osvaldo Aranha e Lindolfo Collor
em ocasião em que foi determinado que Getúlio Vargas receberia o poder da Junta
Governativa, o que ocorreu em 3 de novembro de 1930.
Hélio Silva (1998) indica que, com a notícia da deposição de Washington Luís,
houve tumulto nas ruas em que lojas foram saqueadas, jornais tidos como governistas
foram vandalizados, tanto em São Paulo como na capital federal, em um confronto
popular entre cidadãos revolucionários e os leais ao governo deposto. Em São Paulo os
jornais depredados foram o Correio Paulistano, A Gazeta, São Paulo Jornal, Fanfula e
Il Picolo. No Rio de Janeiro foram vítimas de vandalismo os jornais O País, A Notícia, A
Gazeta de Notícias, A Crítica, A Vanguarda e A Noite.
Em Ribeirão Preto a elite local encontrou dificuldades com a eclosão da
Revolução em outubro de 1930 para manter seu status quo. O chefe político Quinzinho
Junqueira chega a afastar-se da liderança do PRP local por questões de saúde, sendo
persuadido a retornar logo depois, já que a disputa pela liderança do partido foi ferrenha
e sem resultados positivos. Assim como nas capitais paulista e federal, Walker (2000)
aponta casos de multidões às ruas e saques ao escritório do jornal A Cidade assim que as
notícias da deposição de Washington Luís chegaram em 25 de outubro.
28

No livro “A Revolução de 1930: historiografia e história”, Boris Fausto (2010)


busca refutar a ideia de que a Revolução de 1930 tenha alçado ao poder uma burguesia
industrial e causado a ascensão de uma classe média urbana em oposição ao meio rural
latifundiário. Segundo essa visão, os integrantes do movimento tenentista representariam
a classe média urbana em suas visões de mundo e de projeto para o país, ao passo que,
após a Revolução, o Brasil passa por um momento de crescente industrialização graças à
burguesia industrial nacional que conquistara o poder.
Segundo Fausto, essa interpretação da Revolução de 1930
[...] deriva de uma leitura simplista da história do Ocidente europeu
transplantada para o contexto brasileiro. Refiro-me a uma historiografia
vinculada principalmente ao marxismo, mas não restrita a este, que
vislumbrou nas revoluções francesa e russa o triunfo, respectivamente,
da burguesia e do proletariado, tidos como protagonistas destas
revoluções. Tal versão tinha forte instrumentalidade política, na medida
em que estabelecia um antecedente, associando a vitória da burguesia a
um corte revolucionário, ao qual deveria suceder, necessariamente, o
ascenso ao poder da classe operária, também pela via da revolução.
(FAUSTO, 2010, p. 16)

Para rebater essa tese, o autor argumenta que, na ocasião da eleição presidencial
de março de 1930, os industriais paulistas eram ligados ao PRP e apoiaram o candidato
da situação Júlio Prestes. O PD, partido simpático ao movimento revolucionário, em seu
jornal Diário Nacional, publicava artigos contra a industrialização, valorizando a lavoura
como meio ideal de desenvolvimento econômico para o país e ainda se apoiava em ideias
xenófobas contra industrialistas estrangeiros.
Outro argumento utilizado no livro é o fato de que, após a Revolução e durante a
Era Vargas, o governo federal continuou exercendo políticas de valorização do café,
como, por exemplo, a queima de grandes estoques.
Ao encontro do que foi levantado por Boris Fausto, José Antonio Correia Lages
demonstra, a partir de trabalho realizado por Luciana Galvão Pinto, que já havia indústrias
em Ribeirão Preto nos anos 1910 e 1920, como serrarias, cervejarias e, inclusive, uma
metalúrgica. Com a Crise Econômica de 1929, as iniciativas industriais sofreram um forte
impacto, forçando o seu fechamento e, após a Revolução de 1930, ao invés de uma
crescente industrialização, a cidade se firmou como um polo comercial e de serviços,
tendo como símbolo maior a construção do Edifício Diederichsen nos anos 1930 no local
em que se encontrava uma casa de Quinzinho Junqueira. Outra transformação relevante
é o advento da policultura no meio rural.
29

A deposição de Washington Luís causou transformações nas estruturas de poder


em nível federal, estadual e municipal. Em 25 de outubro, com a formação da Junta
Governativa, as Câmaras Municipais foram dissolvidas. A Câmara de Ribeirão Preto
encontrava-se em sua 19ª legislatura iniciada em 1929. O presidente da casa de leis na
ocasião era Joaquim Camilo de Moraes Mattos que deixou o cargo para assumir o posto
de prefeito no lugar de José Martimiano da Silva.
Diante do vácuo de poder causado pela dissolução da Câmara, um grupo de
cidadãos assumiu o controle formando uma comissão para administrar a cidade. O cargo
de prefeito municipal também ficou vago, sucedendo-se no posto no final de 1930
Fernando de Castella Simões, Albino Camargo Neto, Teófilo Siqueira, e Antônio
Engracia Garcia.
Um forte abalo atingiu a política da época, o velho sistema não resistiu às
articulações que tornaram possível os acontecimentos de outubro e novembro de 1930.
Eram claros os sinais do início de uma nova era na política brasileira.
30

CAPÍTULO III

A NOVA ORDEM POLÍTICA DO PERÍODO VARGUISTA

A partir de novembro de 1930, teve início o governo daquele que talvez seja a
figura política de maior envergadura da história moderna do Brasil, Getúlio Vargas. O
extenso período de seu governo, chamado de “Era Vargas”, é dividido em três momentos:
Governo Provisório (1930-1934), Governo Constitucional (1934-1937) e o Estado Novo
(1937-1945).

Conforme observado no final do segundo capítulo, a Revolução significou um


forte abalo nas estruturas de poder da República. Os legislativos foram dissolvidos em
todas as esferas. Como exemplo do impacto da nova ordem, temos o caso de Ribeirão
Preto que, durante a década de 1930, praticamente inexistiu a Câmara Municipal.

3.1 O Governo Provisório (1930-1934)

As primeiras ações efetuadas do início do Governo Provisório já indicam o anseio


centralizador de Vargas em oposição à autonomia dos Estados na Primeira República.
Além da dissolução do Congresso Nacional e câmaras estaduais e municipais, os
governadores foram destituídos de seus cargos e interventores federais foram nomeados
em seus lugares conforme o Código dos Interventores de agosto de 1931 (FAUSTO,
2006).

Apesar da interferência federal no campo político, as políticas de benefício do


setor cafeeiro continuaram quase que inalteradas. Em maio de 1931 foi criado o Conselho
Nacional do Café – CNC – que em 1933 foi alterado para Departamento Nacional do
Café – DNC (FAUSTO, 2006). Por meio dessa institucionalidade, o governo federal
comprou estoques de café e, em alguns casos, chegou a destruir o produto com vistas a
sustentar os preços. O novo governo previa também uma reforma eleitoral, em que seria
instituído o voto secreto e sua obrigatoriedade aos cidadãos.

Nesse período inicial da Era Vargas, os “tenentes” foram um importante pilar de


sustentação do governo. Muitos dos interventores federais fizeram parte do movimento
tenentista, como no caso de São Paulo com a nomeação do pernambucano João Alberto
Lins de Barros.
31

A interventoria de João Alberto, por si, evidencia o descontentamento das elites


paulistas e boa parte da população em relação ao Governo Federal. O fato de pessoas
“estranhas” estarem ocupando cargos de governo no Estado e na capital trouxe um
sentimento de submissão e inferioridade. Na concepção dos descontentes era
inconcebível que São Paulo, a “locomotiva do Brasil”, ficasse à mercê de mandos e
desmandos de um governo inconstitucional. As consequências desse descontentamento
serão ainda mais evidentes a partir de julho de 1932.

Os municípios tiveram sua autonomia tolhida pelo Governo Provisório. Estavam


sujeitos a intervenções do Departamento Estadual de Administração Municipal,
futuramente renomeado como Departamento de Assistência aos Municípios – DAM. Se
durante a Primeira República, Ribeirão Preto possuía representantes em diferentes esferas
de poder, essa situação foi radicalmente alterada pela Revolução de 1930. O Governo
Provisório instituído tratou de sepultar o pacto federalista cultivado pelas velhas
oligarquias estaduais.
Com a dissolução da Câmara Municipal e o cargo de prefeito sendo de
responsabilidade de nomeação pelo interventor estadual, a entidade mais próxima de um
poder legislativo em Ribeirão Preto foi a formação dos Conselhos Consultivos em 1932
e 1933. Seus integrantes formavam uma espécie de grupo de conselheiros para o prefeito
sem atribuições oficiais.
As alterações na estrutura política dos municípios aliada à certa vulnerabilidade
da elite cafeeira tiveram reflexo na articulação dos grupos políticos que regiam o
cotidiano político ribeirão-pretano da Primeira República. De acordo com Walker (2000):
Essas mudanças não foram apenas produto das políticas emanadas dos
governos federal e estadual, mas também reflexos do impacto da crise
e das crescentes urbanização e diversificação econômica do Município.
A relação entre os grupos de interesse não mais se dava em uma ordem
hierárquica clara que colocava o café acima de todos os outros
interesses. (WALKER; BARBOSA, 2000, p. 87)

As lideranças locais do PD, entusiastas da revolução esperavam que seus membros


assumissem o comando político da cidade. Defendiam a nomeação de Albino de Camargo
como prefeito, porém, o interventor João Alberto nomeou Eduardo Leite Ribeiro, antigo
apoiador do grupo político de Francisco Schmidt. Começava, dessa forma, o processo de
desencantamento do PD com a nova ordem varguista. Até 1936 ocuparam o cargo de
prefeito João Dias de Arruda, André Veríssimo Rebouças e Ricardo Guimarães Sobrinho.
32

Ao longo de 1931 e 1932, o descontentamento de políticos, fazendeiros e


população civil, no âmbito estadual, não cessou mesmo com a troca do interventor João
Alberto pelo paulista e civil Pedro de Toledo. O PD se juntou ao PRP, que lentamente se
reabilitava após o movimento de 1930, para formar a “Frente Única” em oposição ao
governo. Denunciavam o caráter autoritário do governo de Vargas e almejavam a volta à
“democracia liberal” da Primeira República e a reconstitucionalização do país.
O estopim para a revolta paulista ocorreu quando, em um protesto em São Paulo,
quatro jovens foram mortos com tiros vindos de dentro da sede de um jornal tenentista.
Seus nomes – Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo – se tornaram a sigla do movimento
contra o governo, o MMDC. Estourou em 9 de julho de 1932 a Revolução
Constitucionalista.
Em Ribeirão Preto, assim como em todo o estado, o movimento constitucionalista
foi recebido com entusiasmo. Foi formado o “Centro Paulista Pró-Constituinte” por
Albino de Camargo Netto, Camilo de Moraes Mattos, João Pedro da Veiga Miranda, entre
outros. Na obra “Contribuição para a História da Revolução Constitucionalista de 1932”,
o participante do movimento, Euclydes Figueiredo cita como líderes do 10º distrito –
região de Ribeirão Preto – justamente Albino de Camargo e Fábio Barreto.
Apesar de não estar no centro das operações militares, a cidade forneceu apoio da
população civil bem como voluntários para combate nas frentes em Mococa e Limeira.
Conforme indica Euclydes Figueiredo, os confrontos entre a Força Pública paulista e as
tropas federais se deu no Vale do Paraíba e entre a fronteira com Minas Gerais. A família
Junqueira capitaneou o esforço de guerra empreendido na cidade em que ocorreram
doações de dinheiro, joias, alimento, tecidos, armas e munições.
A desigualdade de forças entre as tropas paulistas e o governo federal eram
consideráveis. Com o porto de Santos bloqueado pela Marinha, com mantimentos
escassos e sem o apoio de outros estados, o movimento caminhava para a derrota do ponto
de vista militar.
Foi nesse clima de derrota iminente que faleceu em 14 de setembro de 1932
Joaquim da Cunha Diniz Junqueira, Quinzinho Junqueira. De grande comoção e
repercussão na cidade, sua morte simboliza o fim de uma era. O sistema coronelista típico
da Primeira República chegava ao fim, sintetizado assim por Mattioli (2014):
Assim faleceu o coronel Joaquim da Cunha Diniz Junqueira, o maior
chefe político da história de Ribeirão Preto e região, talvez por
33

coincidência, com ele morre a Primeira República, e os coronéis não


seriam mais os incontestáveis donos do poder. Seu fim e o fim de uma
era na história do Brasil. (MATTIOLI, 2014, p. 143)

Em 1º de outubro os líderes da Força Pública paulista anunciam sua rendição e o


fim das atividades militares do movimento em prol da Constituinte. Ao fim do conflito,
as velhas elites paulistas percebem que não há mais como voltar à antiga organização
política pré 1930. Eram novos tempos política e economicamente. Por sua vez, mesmo
com a vitória militar, Vargas entende que não poderia governar sem levar em conta os
interesses de São Paulo (FAUSTO, 2006). Apesar de vencido, o movimento pela
Constituição consegue o que almejava, afinal, no ano seguinte, iniciou-se os preparativos
para a eleição dos membros da Assembleia Nacional Constituinte.

3.2 O Governo Constitucional (1934-1937)

Com a iminência da promulgação da Constituição em 1934, surgiram novos


movimentos políticos. Foi formado o Partido Constitucionalista – PC – em 1934, além da
Ação Integralista Brasileira – AIB – de inspiração fascista. Os comunistas continuavam
na ilegalidade, formando, em 1935, junto com alguns tenentes como Luís Carlos Prestes,
a Aliança Nacional Libertadora – ANL – aglutinando forças de esquerda.
Nos anos 1930, a democracia liberal, bem como o sistema capitalista, encontrava-
se em descrédito no mundo com a ascensão do fascismo na Europa, principalmente na
Itália, Alemanha e Espanha. Nesse cenário, projetos políticos radicais, tanto à esquerda
quanto à direita, floresceram. No Brasil, foi constante o choque entre a AIB e a ANL. O
intenso confronto político e a tentativa de um levante comunista em 1935 foram
elementos usados por Vargas para justificar a proclamação do Estado Novo em 1937.
Em Ribeirão Preto houve considerável movimentação da AIB que contou
inclusive com a presença in loco do líder nacional do movimento, Plínio Salgado que veio
à cidade para discursar no Teatro Carlos Gomes. O PRP buscava se reorganizar sem a
liderança do falecido Quinzinho Junqueira. O PC foi formado por dissidentes do PRP e
membros do PD, apostando nas figuras do ex-prefeito João Rodrigues Guião e João Alves
Meira Júnior, ex-deputado federal. Com a fusão dos seus integrantes, o PD foi
oficialmente extinto.
Com a volta do jogo democrático, ocorre o efêmero período de funcionamento da
Câmara Municipal com a eleição de seus representantes a partir de 1936 para o mandato
34

até 1939. Ao final da eleição, o legislativo municipal foi composto por sete representantes
do PRP, cinco do PC e um da AIB. Entre os integrantes do PRP destacam-se os nomes
do ex-prefeito Joaquim Camilo de Moraes Mattos e Thomaz Alberto Whately, figura
emergente importante no cenário político local.
Com a definição dos cargos de vereadores restava a Câmara eleger o prefeito. A
escolha de quem deveria ocupar o cargo gerou conflito dentro do PRP. Enquanto a “ala
jovem” do partido defendia a indicação de Alcides de Araújo Sampaio, a “velha guarda”
preferia o ex-prefeito Camilo de Mattos. Para se chegar a um consenso o indicado foi
Thomaz Alberto Whately. Porém, Whately exerceu o mandato por apenas alguns meses,
renunciando por motivos de saúde. As disputas internas fizeram com que vereadores
eleitos desistissem do seu cargo, o que deve ter sido o caso de Albino Camargo Neto e
Francisco da Cunha Junqueira. Sua renúncia trouxe à tona o conflito novamente. Desta
vez, a “velha guarda” apontou para a prefeitura o antigo aliado do clã Junqueira, Fábio de
Sá Barreto. Fábio Barreto exerceu o cargo de prefeito de 1936, passando pelo período do
Estado Novo, até sua renúncia em 1944.

3.3 Balanço da Revolução de 1930 em Ribeirão Preto: rupturas e permanências

A Revolução de 1930 representou um processo de ruptura política no contexto de


Ribeirão Preto? Ou houve permanências da era anterior? Quais atores políticos ocuparam
o espaço deixado pela ausência do chefe político típico do sistema coronelista? Essas são
questões que este subcapítulo se propõe a elucidar.
É inegável o abalo da Revolução na estrutura de poder municipal. O cargo de
prefeito passou a ser nomeado pelo interventor federal no estado, a Câmara Municipal,
em funcionamento desde 1874, foi dissolvida em 1930 e praticamente inexistiu durante
os quinze anos da Era Vargas.
Durante o Governo Provisório é difícil avaliar como se desenvolvia a política
municipal, devido à ausência do legislativo local e a intensa centralização federal. Com a
constitucionalização em 1934, e a volta das eleições, percebe-se que o partido de maior
envergadura continua a ser o PRP, que obtém maior número de assentos no curto espaço
de tempo de funcionamento da Câmara Municipal de 4 de maio de 1936 até 10 de
novembro de 1937. Sobre as eleições municipais Thomas Walker (2000) aponta:
[...] os eleitores de Ribeirão Preto elegeram 13 homens cujos perfis
sociais eram, de modo geral, tão tradicionais e homogêneos quanto os
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dos vereadores da República Velha. [...] a maioria desses homens eram


fazendeiros ou profissionais liberais, filhos de fazendeiros, que
possuíam curso superior. Todos eram “brancos” e, dos 13, 11 tinham
sobrenome português. Portanto, por alguma razão e apesar de haver
outras alternativas, o eleitorado optou, em 1936, por líderes de tipo
tradicional. (WALKER; BARBOSA, 2000, p. 87)

Vale ressaltar que esta eleição foi realizada no contexto após as reformas eleitorais
que garantiam maior lisura do processo e a inclusão de novos grupos de eleitores. Walker
(2000) calcula a participação popular nas eleições sendo de 5% da população em 1930 e
mais de 10% em 1936.
Voltando-se para a esfera do executivo, a nomeação de Fábio Barreto para ocupar
o cargo de prefeito da cidade é reveladora. Segundo Walker (2000, p. 84), Fábio de Sá
Barreto era “[...] um político local talhado nos moldes políticos tradicionais da República
Velha”, antigo aliado de Quinzinho. Com o vácuo de poder causado pela ausência do
chefe político na cidade, Barreto tornou-se a figura de maior envergadura política.
Mattioli (2014) mostra a proximidade entre Barreto e Quinzinho em carta escrita por este
na ocasião dos eventos do Crime de Cravinhos:
Prezado amigo Dr. Fábio. Afetuosas saudações. Acabo de receber uma
carta de 25 do corrente que me tranquilizou bastante em relação ao caso
do espraiado. Pelas atenções que o Dr. Washington tem dispensado ao
nosso Ribeirão Preto, entendo que uma zelação á sucessão presidencial
que já estão movimentando em São Paulo o nosso dever é acompanhar
a qualquer que seja o caminho que ele tomar, é esse um meio de
corresponder as tais atenções e provas de amizade, se eu neste caso
errar, pelo menos darei a um amigo, provas de gratidão. Abraços do
amigo velho Joaquim da Cunha D. Junqueira. (MATTIOLI, 2014, p.
128)

A administração de Fábio Barreto ficou marcada por obras de embelezamento do


espaço urbano, bem como a reforma das praças públicas, sendo o marco dessas obras a
formação do Bosque Municipal que leva o seu nome. Iniciativas para a preservação
existiam desde a virada do século XIX para o XX, por parte do Coronel Francisco
Schmidt que era vereador nesse período. Mas apenas por ação de Fábio Barreto em 1937
que a prefeitura passou a administrar o espaço chamado na época de Chácara Olympia e
implantou o Bosque Municipal.
Ao passar dos anos, as hostilidades de São Paulo com o governo federal foram se
atenuando e, após os acontecimentos de 1932, a elite paulista percebe que não possuía
forças suficientes para enfrentar o governo e Vargas reconhece que deveria ter um trato
36

especial com o estado se quisesse uma administração sem turbulências. Como exemplo
dessas posições temos a visita de Vargas à Ribeirão Preto já no período do Estado Novo:

Uma relação muito amigável parecia existir entre Vargas e Barreto. Em


julho de 1938, o prefeito e uma multidão de 30 mil habitantes receberam
o presidente em visita oficial ao Município. Dona Amélia Junqueira foi
persuadida a oferecer sua casa para a estada de Vargas, e a fotografia
do presidente foi afixada na prefeitura. Vargas por sua vez, respondeu
a essa hospitalidade passando, por escrito, instruções especiais ao
interventor federal concedendo a Barreto carta branca para conduzir a
administração municipal. (WALKER; BARBOSA, 2000, p. 96)

Em sua pesquisa, Romero y Galvaniz (2016) aborda a forma como a imprensa


local retratou Getúlio Vargas durante toda a Era Vargas. Analisando os jornas A Cidade,
Diário da Manhã, e A Tarde, encontramos Vargas sendo adjetivado como ambicioso,
imoral, maquiavélico e um constante apelo ao retorno da ordem política anterior aos
acontecimentos de outubro de 1930, principalmente nas publicações entre 1930 a 1936,
mas, em alguns momentos, o presidente ganha uma representação positiva.
Romero y Galvaniz (2016) discute esse maniqueísmo dos jornais locais ao se
referirem a Vargas:

Foi possível perceber que os jornais mantiveram, durante os quinze


anos pesquisados, certa animosidade contra Getúlio Vargas, e que as
imagens publicadas (positiva ou negativas) acompanhavam a oscilação
do panorama político da época. As representações em que à figura de
Vargas foram atribuídas características negativas eram mais constantes
quando este punha em xeque algum interesse defendido pelos jornais e
quando estes dispunham de alguma liberdade [...] Quando, entretanto,
o panorama não era favorável às críticas, quando a liberdade era menor
ou quando Vargas defendia interesses que os jornais tinham em comum,
a imagem construída e veiculada do presidente era diametralmente
oposta, sendo retratado como detentor dos mais profundos sentimentos
cristãos, como ocorreu durante o período em que a censura se fez
presente [...] ou quando Vargas combateu os comunistas. (ROMERO Y
GALVANIZ, 2016, p. 127)

Após a Revolução de 1930, mesmo com a derrota militar do movimento de 1932


e a morte de Quinzinho Junqueira, e com a Constituição de 1934, é evidente que a
estrutura política da Primeira República ainda tinha presença nos anseios políticos em
Ribeirão Preto. A população, quando pôde ir às urnas na eleição para a Câmara Municipal
em 1936 – eleição essa num momento em que havia uma espécie de Justiça Eleitoral, com
menos fraudes – deu a maioria de votos ao PRP, instituição sustentadora do coronelismo
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paulista. O escolhido por essa Câmara para o posto de prefeito foi justamente, um político
alinhado ao clã Junqueira, que ocupou cargos no governo estadual nos anos 1920.
Percebemos as permanências da antiga ordem e a ausência de uma transformação
social. Não surgiu uma nova classe política a tomar o controle da cidade. Os políticos
representantes da antiga ordem política coronelista souberam adaptar-se à nova ordem,
bem como contaram com o reconhecimento, por parte de Vargas, da auto governabilidade
dos paulistas, principalmente após a Revolução Constitucionalista.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A transição da década de 1920 para os anos 1930 foi de intensa movimentação na


política brasileira. A Revolução de 1930, com a ascensão da Aliança Liberal, derrotada
na eleição presidencial do mesmo ano – marcada por acusações de fraudes – representou
uma ruptura política no Brasil. A elite oligárquica paulista que exercia forte influência na
Primeira República (ou República Velha) é deixada de lado por conta da intervenção
presidencial direta de Getúlio Vargas nos governos estaduais, marcando o início da “Era
Vargas”, de 1930 a 1945. Essa elite paulista também sentiu os impactos da crise
econômica de 1929, com reflexos nas exportações de café no Brasil. Os primeiros anos
do Governo Provisório de Vargas geram uma profunda insatisfação nessa elite, que terá
sua manifestação maior na ocorrência da Revolução Constitucionalista em 1932
(FAUSTO, 2010).

Em Ribeirão Preto, cidade que no contexto salientado foi importante centro da


economia cafeeira nacional, essa ruptura política foi sentida, de modo que o café perdeu
certa força com a emergência de uma economia de aspecto empresarial e comercial no
setor de serviços. De acordo com Thomas Walker (1978):

Enquanto a cultura cafeeira sofreu um declínio, a agricultura em geral entrou num


processo notável de diversificação, e os setores industriais, comerciais e de serviços
expandiram-se ainda mais. Em meados do século, o município tinha uma poderosa
economia baseada no comércio, na indústria, na agricultura e nos serviços médicos e
educacionais (WALKER, 1978, p. 77).

Nasceu desta articulação entre os contextos nacional e local a motivação para esta
pesquisa: analisar a movimentação e os rumos da estrutura política ribeirão-pretana nesse
momento histórico. Principalmente, avaliar o quanto a Revolução de 1930 repercutiu na
política de Ribeirão Preto como ruptura. O jogo político no estado de São Paulo sofreu
alterações em relação à ordem vigente da Primeira República, com suas manifestações do
coronelismo e de práticas como o voto de cabresto, o clientelismo e todos os hábitos
típicos do período cafeeiro.

Analisar o cenário político de Ribeirão Preto no período da década de 1920 para


1930 é de suma importância para compreender um relevante momento da História Política
da cidade. Há indícios de possíveis transformações a partir da Revolução de 1930 em
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monumentos e construções características de Ribeirão Preto como, por exemplo, a


construção do Teatro Pedro II pela Cia. Cervejaria Paulista e a posterior demolição do
Teatro Carlos Gomes, cuja construção foi idealizada pela elite cafeeira. Mais um exemplo
é a demolição da casa do coronel do café Joaquim da Cunha Diniz Junqueira, para a
construção do Edifício Diederichsen pelo empresário Antônio Diederichsen. Tanto o
Teatro Pedro II como o Edifício Diederichsen tiveram suas construções iniciadas em um
cenário de transformações no período em que ocorre a Revolução, indicando que outro
grupo econômico não relacionado ao café exercia sua influência sobre o município. Resta
verificar se o mesmo ocorreu no cenário político local.

Este trabalho se propõe a investigar o quanto a Revolução de 1930 representou


um movimento de ruptura na política institucional da cidade. Para tal, foi adotado um
movimento pendular para a narrativa, abordando ora o contexto nacional, ora o contexto
local seguindo uma ordem cronológica dos eventos.

Por mais que a História Política tenha entrado em certo declínio nos últimos
tempos, vista como ultrapassada, consideramos sua importância no sentido de que a esfera
política é a área de gestão do espaço social além da economia (RÉMOND, 2003).

Coincidentemente, no ano de execução do presente trabalho, ocorrem eleições


municipais, em que o povo ribeirão-pretano é conclamado a participar do jogo
democrático e escolher seus representantes, que ocuparão o cargo de prefeito no Palácio
do Rio Branco e os vereadores que preencherão as cadeiras da Câmara Municipal.
Eleições constituem um tema frequentemente abordado nesta pesquisa, já que consistiam
um aspecto fundamental do sistema coronelista da Primeira República, marcadas por
fraudes e adulterações no seu processo. Um cenário bem diferente do que encontramos
atualmente com urnas eletrônicas e a instituição da biometria para identificar a identidade
do eleitor.
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REFERÊNCIAS

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“Clássicos” e a produção regional. 2006. 66 f. TCC (Graduação) - Curso de História,
Centro Universitário Barão de Mauá, Ribeirão Preto, 2006.
CAMARGO, José Benedito dos Santos. Aspectos Históricos da Câmara Municipal.
Ribeirão Preto, 1974.
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FAUSTO, Boris. A Revolução de 1930: historiografia e história. 16. ed. São Paulo:
Companhia das Letras, 2010.

FAUSTO, Boris. História do Brasil. 12. ed. São Paulo: Edusp, 2006.
FIGUEIREDO, Euclydes. Contribuição para a História da Revolução
Constitucionalista de 1932. 2. ed. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1977.

GALVANIZ, Lucas Dario Romero y. Pecador ou predestinado? Bandeirante ou ditador?


Moderno ou atrasado? Marcas da Belle Époque em representações políticas de Getúlio
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PAZIANI, Rodrigo Ribeiro; MELLO, Rafael Cardoso de. Nas Páginas das Cidades:
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Enfim Gráfica e Editora, 2016.

LEAL, Victor Nunes. Coronelismo, Enxada e Voto: O município e o regime


representativo no Brasil. 7. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
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Primeira República Brasileira. São Paulo: Edições Vértice, 1988.
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Bittencourt, poder e urbanização em Ribeirão Preto/SP (1892-1920). Curitiba: Editora
Crv, 2016.
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Metrópole. Ribeirão Preto: Palavra Mágica, 2000. Tradução de Mariana Carla Magri.

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