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Conhecimento vulgar/ Senso Comum

 Resulta da apreensão imediata da realidade a partir dos sentidos (imediato) sem se


preocupar com explicações;
 Fruto da experiência concreta de cada indivíduo;
 Constatam-se regularidades sobre o mundo com o objetivo de encontrar uma solução
prática para os problemas do quotidiano (prático); é com base nele que orientamos a
nossa vida, sendo, portanto, uma ferramenta fundamental do saber viver;
 Exemplos: máximas, provérbios;

Principais características:

 Espontâneo e passivo: constrói-se de forma imediata, precipitada e sem reflexão,


limitando-se a ser aceite;
 Superficial: não há um aprofundamento da apreensão da realidade nem uma análise
rigorosa;
 Reflete crenças, valores e preconceitos: contém ideias preconcebidas e explicações
mitológicas;
 Acrítico: não é questionado nem analisado criticamente;
 Ametódico: não segue um método rigoroso, pelo que é assistemático, sem seguir
regras nem uma ordem concreta (desorganizado);
 Dogmático: as suas verdades são tidas como absolutas e irrefutáveis;
 Empírico, concreto e subjetivo: surge da experiência concreta obtida por cada ser
humano;
 Securizante: dá segurança e permite uma orientação na nossa vida, MAS NÃO É
SEGURO/FUNDAMENTADO;
 Linguagem Ambígua e Comum: utiliza uma linguagem comum/informal que pode
originar ambiguidades na sua interpretação.

Conhecimento Científico
 Neste tipo de conhecimento, dá-se uma leitura atenta ao que nos rodeia através de
uma atitude crítica e ativa para descrever, explicar e prever fenómenos o melhor
possível, estabelecendo-se relações;
 Procura respostas objetivas e universais, leis através de teorias para explicar a
realidade através da experimentação, do teste e de meios formais de prova, utilizando
aparelhos para se tornar o mais seguro possível e desconfiando dos sentidos;
 Comprovam-se hipóteses para fazer predições;
 No entanto, nunca é um conhecimento definitivamente absoluto por estar disponível a
revisões e correções do seu conteúdo;

Principais características:
 Mediato: como as explicações da realidade se baseiam em provas e demonstrações
rigorosas, apenas se consideram conhecimento os dados que foram bastante
analisados através do método científico;
 Aprofundado: as explicações da realidade são aprofundadas minuciosamente para que
o conhecimento científico seja o mais seguro possível;
 Resulta da investigação: faz uma análise rigorosa e imparcial da realidade;
 Crítico: questiona e analisa criticamente, procurando falhas, sendo, também, aberto a
revisões (revisível);
 Possui valor teórico e prático: prevê a ocorrência de certos fenómenos e permite
responder a questões práticas;
 Metódico: analisa o real de forma sistemática, rigorosa e organizada;
 Antidogmático: está sempre a rever e a tentar encontrar falhas no seu conteúdo, não
considerando nada como absolutamente certo sem uma análise minuciosa;
 Linguagem Técnica/Rigorosa/Exata: utiliza uma linguagem objetiva, técnica e rigorosa
que evita ambiguidades na interpretação.

Relação entre os dois tipos de conhecimento

 O conhecimento científico e o conhecimento vulgar são diferentes formas de conhecer


e respondem a objetivos distintos, mas são, de alguma forma, complementares;
 Uns, como Gaston Bachelard, defendem que existe uma rutura/descontinuidade entre
os dois tipos de conhecimento:
o A ciência deve romper/negar o conhecimento vulgar;
o O senso comum é um obstáculo/entrave epistemológico porque:
 É um entrave à aceitação e implantação do método científico;
 Ao crer no conhecimento vulgar, acreditamos já ter conhecimento
sobre determinado assunto e não insistimos na investigação;
 A metodologia dos dois tipos de conhecimento é diferente, pelo que
as conclusões do senso comum nunca serão fiáveis;
 As razões que justificam as teses do conhecimento científico são
totalmente diferentes das do conhecimento vulgar, pois as primeiras
baseiam-se na evidência e as segundas na opinião.
 Outros, como Karl Popper, defendem que existe uma continuidade entre os dois tipos
de conhecimento:
o O senso comum é o ponto de partida do conhecimento científico;
o Ao desprezar o senso comum estamos a desprezar dados empíricos úteis para
o conhecimento científico;
o Mesmo que existam erros no senso comum, a compreensão desses erros
constitui um passo na direção de mais e melhor conhecimento;
o A ciência corrigiria e aprofundaria o senso comum através:
 Da crítica;
 Do método científico, da sistematização e de uma análise minuciosa;
 Aplicação de uma linguagem científica sem espaço para ambiguidades.
o No entanto:
 O senso comum não devia ser considerado o único alicerce em que
assentaria o conhecimento científico.

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