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A Habitual Batalha Contra a Amargura

É inevitável. As pessoas vão nos machucar. Até mesmo aquelas próximas a


você. Na verdade, talvez especialmente aquelas próximas a você.

Com cada ferida, há o potencial para despertar o monstro da amargura. Ele


tem um sono leve. E ele é mais inteligente do que pensamos. Até uma
pequena briga no relacionamento é suficiente para despertá-lo para a ação.
Não devemos subestimá-lo.

Amargura: ferida causada tanto por ofensa real ou apenas aparente, que passa
sem ser checada, e é permitida a continuar devido à falha de aplicação dos
princípios bíblicos e meditação sobre a ofensa, resultando em ódio e
ressentimento.

Amargura é a cura rápida da carne. Lidar biblicamente com o conflito e com as


feridas se torna muito trabalhoso. Então, como um traficante espiritual,
amargura oferece uma rápida sensação de “estar alto”. Mas, apesar de ela
oferecer isso por um momento, ela te destroi com o tempo.

Com certeza, feridas reais ocorrem muito mais do que frequentemente por
meio de atrocidades como abuso e atos criminosos. Nesses casos, a luta
contra a amargura pode ser torturante. Até mesmo e especialmente nesses
casos, Deus estende sua confortante e transformadora graça para a maior
ferida da vida. (Gn 50:20)

Mas frequentemente, amargura se desliza e é semeada em milhares de


momentos menores e em lutas na nossa vida habitual. Por essa razão,
devemos estar em guarda. Cristão, temos que resistir a isso. E nos arrepender.
A amargura é uma assassina.

Aqui estão algumas poucas maneiras que me ajudaram em minhas próprias


batalhas contra a amargura:

1. Não subestime o poder da amargura

Me assusta quão facilmente a amargura invade o meu coração. E igualmente


assustador é a quantidade de pessoas que em suas lutas da vida diária dizem:
“Ah, eu não estou amargurado, eu só estou tendo um pouco de dificuldade”.
Nenhum de nós está acima disso.

E eu acho que nós pastores estamos especialmente sujeitos a isso, porque nós
estamos, por chamado e mandamento, muito envolvidos em relacionamentos.
Ah, e assim como  todo mundo, somos pecadores.

Se você é parecido comigo em algumas situações, nós vamos dizer, “Eu não
estou amargurado, só estou tendo um pouco de dificuldade”. Talvez. No
entanto, “um pouco de dificuldade” no surgimento de um conflito relacional é
geralmente amargura residual. E, mesmo se tivermos aceitado um pedido de
desculpas ou tivessemos prometido perdão, é possível que a amargura ainda
esteja em nosso meio.
Sinais óbvios da amargura incluem odiar alguém em nossos corações,
difamações, vingança, e injustamente cortar alguém de seus
relacionamentos. Considere  diagnosticar a possibilidade de menos amargura.
Você continua insistindo com a pessoa/incidente de um jeito desfavorável?
Você usou a pessoa ou incidente contra ela? Você levantou o assunto sobre a
pessoa/incidente para outros que não precisavam saber dos detalhes? Você,
de forma quieta, teve prazer em como as pessoas tomaram o seu lado da
questão contra o outro? Você está permitindo desnecessariamente que esse
incidente continue entre o seu relacionamento com a pessoa? Você está
considerando abandonar essa pessoa? Se sim, a amargura deve ter começado
a infiltrar seu coração.

E fique atento àqueles ringues mentais que gostamos de criar. Apesar do


prazer rápido e fácil que eles podem fornecer, a prática de corajosamente
vencer discussões com as pessoas em nossas próprias mentes alimenta o
nosso fariseu interior e o monstro da auto-justiça. Por que estamos fazendo
isso? Essa é uma maneira pela qual nós podemos, verbalmente, colocar o
pescoço do nosso inimigo sob os nossos pés. Estamos com amargura.

Nós fazemos bem em orar como Davi, “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu
coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum
caminho mau e guia-me pelo caminho eterno.” (Salmo 139.23-24)

2. Mantenha aquela hora silenciosa da manhã

Eu digo “da manhã” porque quando estamos em batalha contra a amargura, a


luta pelo pensamento bíblico pode começar mesmo antes do nosso pé tocar o
chão.

E, já que a amargura é largamente uma batalha para o coração, bombardeá-lo


com bondade, graça e glória de Deus no começar de cada dia ser mostrará
uma técnica efetiva na batalha. “Grande paz têm os que amam a tua lei; para
eles não há tropeço” (Salmo 119.165)

E nessa hora silenciosa, nós podemos substituir a amargura contra uma


pessoa por amor em oração bíblica por ela.

3. Lute por uma visão precisa e elevada de Deus

Nossa amargura pessoal está muito mais relacionada a Deus do que às


pessoas. Certamente, pecados cometidos contra nós são reais e incômodos.
No entanto, Deus nos equipou com todas as coisas necessárias para vida e
piedade, inclusive aquelas necessárias contra o pecado da amargura. A maior
destas coisas é, com certeza, Ele mesmo.

Confiando na soberania de Deus quando tentado pela amargura, temos


esperança nEle. Relembrando da bondade de Deus, nós descansamos nEle.
Abraçando a disciplina de Deus, nós crescemos nEle. Lembrando da santidade
de Deus, nos conformamos a Ele. Visando a glória de Deus, nos alinhamos
com Ele. Especialmente na batalha contra a amargura, quando nós lutamos
para ter uma visão mais correta e exaltada de Deus, teremos menos espaço
para ficar ofendidos com o que “fulaninho” fez ou disse.

4. Negue-se a se separar do corpo de Cristo

É sempre muito mais fácil apertar o botão de ejetar nas discussões sobre
relacionamento. Você não tem que lidar com isso. Sem mais preocupações
sobre “O que eu vou falar quando eu encontrar com eles?”. O fator de
“bizarrice” se foi. “Vou achar uma igreja diferente ou grupo familiar ou cidade”.
Isso tudo é simplesmente tão fácil. E esse é o problema.

Porém, se separar desses irmãos e irmãs em Cristo é provavelmente o que


Satanás e sua carne estão tentando fazer. Dividir e conquistar.

Mas é por isso que existem não menos do que 40 “uns aos outros”. Deus
deseja que nós fiquemos juntos, encaremos o sentimento de estranheza e
verdadeiramente conversemos com as pessoas diretamente, provavelmente
quebrando os nossos egos mais algumas vezes e lidando com isso. E Ele
deseja isso porque Ele nos ama. A amargura irá nos matar. Ela tira glória de
Deus e abre a porta para milhares de outros pecados e miséria. “O solitário
busca o seu próprio interesse e insurge-se contra a verdadeira sabedoria.” (Pv.
18.1)

Ir pelo caminho de continuar na igreja local como Deus ordena é a coisa mais
difícil. É por isso que é a melhor coisa. Se nós formos obedientes e
continuarmos conectados de forma sincera, isso será tanto o hospital para
curar nosso ensimesmamento quanto para provarmos a base para o amor real.

5. Lute para acreditar no melhor sobre os outros

Isso parece tão simples, quase que trivial. Mas essa é uma das maiores áreas
de pecado durante problemas relacionais. Um lado incorre em dor por causa do
pecado de outro. Ao invés de perguntar, entender a história completa, e lutar
para dar aos outros tanta graça quanto damos a nós mesmo, nós nos
fechamos, tiramos conclusões míopes e ponto final. O outro lado,
consequentemente, reage de forma semelhante. Visões são formadas. A
amargura se enraíza em corações e mentes. Nós perguntamos, “Como que é
possível que tenhamos chegado nesse ponto?!”

Porém, temos que lutar contra isso, pisando no freio rapidamente. Temos que
perguntar, mesmo parecendo certos sobre um ponto. Inundando nossa carne
com passagens como 1 Coríntios 13.4-7, Provérbios 18.13 e 18.17, uma coisa
espetacular começará a acontecer. Amor. Verdade. Reconciliação.

Falhar em acreditar no melhor e em perguntar geralmente é um sintoma de


uma visão altiva e pecaminosa de alguém sobre sua própria sabedoria. É uma
adoração à sua própria habilidade de discernir e enxergar as coisas de forma
piedosa. Se eu posso enxergar acuradamente cada situação, mas não tenho
amor, eu sou nada.

6. Restrinja o desejo de transmitir seus sentimentos feridos


Agora, especialmente em situações como abuso ou atividade criminal, o
indivíduo violado pode ser ajudado compartilhando sua dor. Eles devem fazer
isso por propósitos construtivos.

No entanto, temos que ser cuidadosos. Na maioria das situações, compatilhar


como nos sentimos pode muitas vezes mascarar um desejo por continuar
fervendo nosso ressentimento. Isso nos faz sentir bem, quando outros chegam,
partilham da nossa festa de autopiedade, são hipnotizados por isso e tomam o
nosso lado. Todo mundo fica do lado do desfavorecido. É exatamente por isso
que temos que realmente lutar contra essa tática manipuladora.

Um dos maiores perigos que enfrentamos em brigas de relacionamento é


acreditar em nossos sentimentos feridos. Eles são poderosos contra aquele
cuja mente é sem discernimento e que possui fortes apelos carnais. Minha dor
se torna o padrão pelo qual as conclusões são feitas. “Você me feriu, então
você deve [insira uma exigência egoísta]. Eu estou machucado, portanto, eu
não posso confiar [o que quer dizer “amar”] você”. Não estamos regojizantes
porque Jesus não nos abordou dessa forma ao descer dos céus, obedecendo a
lei, e assumindo ele mesmo a ira de Deus por nós na cruz?

Nós podemos levar nossa dor a Jesus (Hb. 4.14-16). Mas, mesmo assim,
lembre-se que Jesus não é nosso recipiente de vômito verbal ou nosso
psicólogo cósmico. Certamente podemos compartilhar com ele nossas lutas,
enquanto lembramos que a sua agenda é, assim como deveria ser a nossa,
nossa santificação progressiva. Com exceção do nosso Senhor, não
deveríamos sair transmitindo nossos sentimentos sobre a o problema.
Sentimentos feridos não são uma questão para repetição, mas para
arrependimento.

Além disso, devemos ser cuidadosos em permanecer muito com a ideia de que
nossos sentimentos feridos são obra de alguém. A presença de nossos
sentimentos feridos não significa automaticamente que alguém cometeu um
erro. Nós podemos estar machucados e ofendidos porque temos uma visão
inflada de nós mesmos, e nosso orgulho foi atingido. Nós podemos estar
feridos por ter já formulado uma visão negativa de alguém, e então ter
pecaminosamente filtrado o que nos foi dito, apesar de ter sido algo
biblicamente permitido. Ou então podemos estar feridos por sermos
demasiadamente orgulhosos para conseguir receber conselhos e críticas.

Se não formos cautelosos, nossos sentimentos feridos podem começar a


formar nossa identidade. O que pode acontecer é, mesmo que só por um
período da vida: ouvirmos tanto a nossa carne que começamos a acreditar
nela. Ao chegar nesse ponto, quando “fulano de tal” parece estar nos ferindo
mais e mais, pode ser que, na verdade, os nossos sentimentos feridos estão
nos ferindo: nosso hiper foco sentimental combinado com uma postura de
acreditar no pior em relação aos outros combinado com a interpretação de
todas as coisas como “eles me machucam”. Na realidade, no entanto, nosso
próprio orgulho é o que continua a nos ferir.

7. Olhe para o exemplo de Cristo


Se alguém já encarou compreensíveis tentações em relação à amargura esse
é o Senhor Jesus Cristo. Ninguém na história foi mais injustamente
bombardeado com pecado do que ele. Ele é a perfeição constante e foi
bombardeado com a imperfeição constante. As pessoas regularmente
acreditavam no pior em relação a ele, suspeitavam dele, julgavam-lhe mal,
mentiam sobre ele, traíam-lhe e odiavam-lhe. E, por fim, eles o mataram. Em
meio a isso tudo, ele nunca pecou.

Nós entenderíamos se nosso Senhor pensasse coisas como: “Vocês humanos


não sabem o que fiz por vocês?! Eu criei vocês. Eu estou sustentando a sua
respiração, seus pulmões, coração, processos bioquímicos do corpo, sua
família, e eu estou prestes a morrer na cruz!”. Mesmo assim, de forma
imaginável, Jesus obedeceu a Deus o Pai evitando a amargura. “Pois que
glória há, se, pecando e sendo esbofeteados por isso, o suportais com
paciência? Se, entretanto, quando praticais o bem, sois igualmente afligidos e o
suportais com paciência, isto é grato a Deus. Porquanto para isto mesmo
fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos
exemplo para seguirdes os seus passos.” (1 Pedro 2.20-21)

8. Estenda o perdão que Deus estendeu a você

Especialmente em casos de extrema violação, esse pode ser o ponto mais


difícil. Mas o amor de Deus estendido a nós por meio de Cristo não é uma
mera questão de teoria e papéis. Nós nem somos capazes de contar as vezes
em que falhamos em cumprir o bom padrão moral de Deus (Mt. 5.48). Nunca
iremos sobreestimar a seriedade do nosso pecado contra Deus. Para todas as
questões práticas, Cristo compara nossa dívida com Deus como infinita (Mt.
25.21-35). “Se observares, SENHOR, iniqüidades, quem, Senhor, subsistirá?
Contigo, porém, está o perdão, para que te temam.” (Sl 130.3-4)

E então, chega-se a isso: o perdoado perdoa (Ef. 4.32). Tendo sido liberto de
uma dívida incalculável e da eternidade no inferno, Deus nos chama a imitá-lo
na natureza de sua ação, porém não em quantidade.

Uma palavra de contrapartida é necessária: se nós pecamos contra alguém, é


melhor nós não exigirmos que eles apenas superem a amargura. Enquanto
eles devem se arrepender disso, nós também devemos esperar que fazer algo
pode levar tempo. Nossos maiores esforços começam com nossas próprias
responsabilidades bíblicas. Enquanto isso, nós podemos orar por outros. E, ao
fazer isso, Deus, por meio de seu Espírito e sua Palavra, irá nos fortalecer a
enfrentar com sucesso a habitual batalha contra a amargura.

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