Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
2
Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Coordenação do Curso de Engenharia Civil
ANÁLISE DA CONSIDERAÇÃO DA AÇÃO DO VENTO EM UMA COBERTURA COM
ESTRUTURA DE MADEIRA
Resumo: O uso da madeira na construção civil pode desempenhar desde funções estéticas
até estruturais, como em móveis e coberturas de edificações respectivamente. A respeito
desta última, a estrutura em forma das treliças do tipo Howe, Pratt e Belga são as mais
utilizadas, sendo que suas principais atribuições são receber e descarregar as cargas
atuantes nos apoios. O presente estudo apresenta uma análise da consideração da ação do
vento no dimensionamento de uma cobertura de madeira, para um galpão industrial, que
será implantado na cidade de Toledo-PR. Adotada treliça do tipo Howe com vãos variando
entre 5, 10 e 20 metros, considerou-se como variável a velocidade básica do vento atuante
na edificação, iguais a 0, 24 e 48 m/s. Com o intuito de comparar o volume demandado
pelas barras que compõem a tesoura, foram considerados dois casos de dimensionamento:
um calculando-se as menores seções transversais possíveis e outro considerando as
dimensões mínimas recomendadas pela norma NBR 7190 (ABNT, 1997). Os resultados
obtidos demonstraram que ao se adotar as recomendações da norma, a variação do volume
demandado entre as velocidades básicas do vento extremas (isto é, 0 e 48 m/s) é maior
quanto maior o vão da cobertura, sendo que para o vão de 5 m, essa variação é nula. Logo,
concluiu-se que deve-se seguir as orientações da norma a fim de garantir a segurança da
edificação e evitar desastres causados pela ação do vento.
Abstract: The use of wood in construction can perform from aesthetic to structural functions,
such as furniture and building roofs respectively. Regarding the latter, structure in the form of
Howe, Pratt, and Belgian type trusses are the most used, and their main attributions are to
receive and to unload the acting loads. The present study refers to the analysis of the
consideration of the wind action in the design of a wood roof for an industrial shed that will be
implanted in Toledo-PR. Using a Howe type truss with spans varying between 5, 10 and 20
meters, the basic wind speed in the building was considered as variable, being equal to 0, 24
and 48 m/s. In order to compare the required volume by the bars of the truss, two cases of
design were considered: one calculating the smaller transversal dimensions and another
considering the minimum transversal dimensions recommended by the Brazilian Code NBR
7190 (ABNT, 1997). The results obtained showed that when adopted the recommendations
of the code, the variation of the volume required between the extreme wind speeds (0 and 48
m/s) is greater the larger the span of the roof, and to the span with 5 meters, this variation is
null. Therefore, it was concluded that it should be followed the guidelines of the code in order
to guarantee the safety of the building and to avoid disasters caused by the action of the
wind.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O telhado foi formado por duas águas com inclinação de 15° e beiral de 15 cm,
sendo utilizada telha ondulada de fibrocimento, com espessura de 5 mm e vão livre máximo
de 1,15 m.
Nota-se na Figura 2 que a velocidade básica do vento para a região em estudo está
entre 45 e 50 m/s, logo, adotou-se o valor de 48 m/s. Como variáveis da pesquisa, também
foi analisado o efeito do vento considerando uma velocidade básica de 0 m/s e uma
intermediária de 24 m/s. Todo o procedimento para obtenção das forças do vento atuantes
sobre a estrutura foi realizado por meio da norma NBR 6123 (ABNT, 1988).
Posto que as terças recebem as cargas de vento, das telhas e acidental, foi
necessário verificar se suas dimensões atendiam às condições de segurança de flexão
oblíqua, cisalhamento e flecha. Para isso, utilizou-se como referência a NBR 7190 (ABNT,
1997) e Moliterno (2010).
Para a definição dos coeficientes de modificação (kmod), considerou-se que: a
madeira é do tipo serrada e estará sujeita a carregamento de longa duração (k mod1 = 0,70),
exposta em um ambiente com umidade relativa entre 70 e 75% (kmod2 = 1,0) de acordo com
Prefeitura Municipal de Toledo (2007) e é de segunda categoria (kmod3 = 0,8).
Fd = ∑m n
i=1 (ɣGi . FGi,k ) + ɣQ . [FQ1,k + ∑j=2 (ψ0j FQj,k )] (1)
Em que:
Fd = valor de cálculo da combinação, em Newton (N);
γGi = coeficiente de ponderação das ações permanentes;
FGi,k = valor característico das ações permanentes, em Newton (N);
γQ = coeficiente de ponderação da ação variável considerada como principal;
FQ1,k = valor característico da ação variável considerada como principal, em Newton
(N);
Ψ0j FQj,k = valores reduzidos de combinação das demais ações variáveis, em Newton
(N).
No total, foram consideradas oito combinações (Ci) envolvendo peso próprio da
tesoura (ptes), peso das terças (pter), peso das telhas (ptel), força do vento de sobrepressão
(v1), força do vento de sucção (v2) e ação vertical do uso e ocupação (u.o.).
a) C1: ptes + pter + ptel;
b) C2: ptes + pter + ptel + v1;
c) C3: ptes + pter + ptel + u.o.;
d) C4: ptes + pter + ptel + v2;
e) C5: ptes + pter + ptel + v1 + u.o.;
f) C6: ptes + pter + ptel + v2 + u.o.;
g) C7: ptes + pter + ptel + u.o. + v1;
h) C8: ptes + pter + ptel + u.o. + v2.
A partir das combinações, foram obtidas as maiores forças de tração (+) e
compressão (-) a que cada barra estava submetida de acordo com a norma NBR 7190
(ABNT,1997).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 2. Pressões do vento (em kN/m²) de acordo com a velocidade básica do vento (V0) e
o vão da cobertura
Vão
Velocidade básica do vento
5m 10 m 20 m
0,024 0,025 0,026
24 m/s
-0,242 -0,248 -0,260
0,097 0,099 0,104
48 m/s
-0,967 -0,993 -1,039
Tabela 3. Seção transversal (em cm) das terças de acordo com o vão da cobertura e a
velocidade básica do vento
Velocidade básica do vento
Vão
0 m/s 24 m/s 48 m/s
5m 7,5 x 10,0 7,5 x 10,0 8,0 x 10,0
10 m 7,5 x 11,0 7,5 x 11,0 7,5 x 12,0
20 m 7,5 x 11,0 7,5 x 11,0 7,5 x 12,5
Observou-se que houve uma diferença de cerca de 6 a 12% na área das seções
transversais das terças considerando as velocidades básicas do vento extremas, ou seja, 0
e 48 m/s.
A Figura 3 apresenta a numeração dos nós das tesouras em estudo de acordo com
os vãos, sendo as dimensões em metro.
(a)
(b)
(c)
Figura 3. Numeração dos nós das tesouras para vão de: (a) 5 m, (b) 10 m e (c) 20 m.
A norma NBR 7190 (ABNT, 1997) considera que a seção mínima para barras
simples de treliça deve ser igual a 5 cm com área não inferior à 50 cm². Desta forma, as
barras que apresentaram valores inferiores à estas dimensões foram redimensionadas,
visando atender a recomendação da norma.
Na Figura 5 são apresentadas as variações dos volumes de madeira para os vãos de
5, 10 e 20 metros nas condições de vento estudadas.
Figura 5. Volume de madeira x velocidade básica do vento para os vãos estudados
considerando dimensões mínimas de norma.
4. CONCLUSÕES
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
______. NBR 6123: Forças devidas ao vento em edificações. 66 p. Rio de Janeiro, 1988.
______. NBR 7190: Projeto de estruturas de madeira. 107 p. Rio de Janeiro, 1997.
CALIL JUNIOR, C. et al. Manual de projeto e construção de pontes de madeira. São Carlos:
Suprema, 2006. 252 p.