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Supremo Tribunal Federal

MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


6.676 DISTRITO FEDERAL

RELATORA : MIN. ROSA WEBER


REQTE.(S) : REDE SUSTENTABILIDADE
ADV.(A/S) : BRUNO LUNARDI GONCALVES
ADV.(A/S) : FILIPE TORRI DA ROSA
ADV.(A/S) : CASSIO DOS SANTOS ARAUJO

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ADV.(A/S) : ANA CRISTINA DE FIGUEIREDO BARROS

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ADV.(A/S) : LEVI BORGES DE OLIVEIRA VERISSIMO

:40 I 6
ADV.(A/S) : FABIANO CONTARATO

:52 AD
ADV.(A/S) : MARCUS VINICIUS BENNETT FERREIRA
INTDO.(A/S) : PRESIDENTE DA REPÚBLICA
PROC.(A/S)(ES) 06 10
: ADVOGADO -GERAL DA UNIÃO
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Vistos etc.
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1. Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade, com pedido de


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medida cautelar, proposta pelo partido político REDE


SUSTENTABILIDADE em face de diversos dispositivos dos Decretos nºs
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10.627, 10.628, 10.629 e 10.630, todos de 12 de fevereiro de 2021, que


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modificam o Regulamento de Produtos Controlados (Decreto nº 10.030/2019)


e regulamentam o Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/2003),
Em por

dispondo sobre a aquisição, o cadastro, o registro, o porte e a


comercialização de armas de fogo e de munição e sobre o Sistema
sso

Nacional de Armas e o Sistema de Gerenciamento Militar de Armas.


2. Segundo o autor, que ostenta a condição de partido político com
pre

representação no Congresso Nacional (CF, art. 103, VIII), os Decretos


Im

presidenciais impugnados, ao flexibilizarem o acesso ao porte, à posse e


também o comércio de armas de fogo, teriam vulnerado os direitos
fundamentais à vida, à saúde, à segurança e à integridade física e
psíquica das pessoas (CF, art. 5º, caput).
3. Afirma-se que “Os Decretos impugnados, a pretexto de
regulamentarem as normas do Estatuto do Desarmamento, desbordaram dos
limites legais e invadiram campo normativo reservado pela Constituição
à disciplina legal. Isso porque os atos executivos inverteram o vetor normativo
legal, direcionado à redução de armamentos à disposição da população brasileira,

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ADI 6676 MC / DF

conforme se depreende do próprio nome conferido ao diploma, ampliando e


facilitando a posse e o porte de armas de fogo e de munição”.
4. Alega-se, ainda, que os atos normativos impugnados revelam
“caráter regressivo do ponto de vista institucional, na medida em que esvaziam
completamente as balizas mínimas esperadas para a tutela da segurança pública
no Brasil”, de modo a caracterizar indevido retrocesso social.
5. Sustenta-se, por fim, que “a política de flexibilização de acesso a armas

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de fogo e munições contraria a Constituição, violando seus objetivos

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fundamentais (art. 3º), o direito fundamental à vida e à segurança dos brasileiros

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e estrangeiros residentes (art. 5º), o direito fundamental à igualdade material,

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consubstanciado no direito de todos terem acesso à segurança (art. 5º, I) e ao
dever de prover a segurança pública pelo Estado Brasileiro (art. 144)”.
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6. O pedido de medida cautelar visa à suspensão dos efeitos dos
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Decretos presidenciais atacados até o julgamento final de mérito desta
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ação, que objetiva a declaração de inconstitucionalidade dos atos


normativos impugnados.
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7. Observo que os atos estatais impugnados nesta ação direta


integram um complexo normativo composto por diversos Decretos
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presidenciais, todos contestados perante esta Suprema Corte, que foram


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editados com o propósito de regulamentar o Estatuto do Desarmamento


(Lei nº 10.826/2003).
Em por

Cabe rememorar que a controvérsia constitucional envolvendo


referidos Decretos presidenciais – que promoveram a chamada
sso

flexibilização do porte, da posse e do comércio de armas de fogo – foi instaurada,


pre

pela primeira vez, nesta Suprema Corte, no âmbito da ADI 6.119/DF,


da relatoria do Ministro Edson Fachin, ajuizada contra o Decreto nº 9.685,
Im

de 15 de janeiro de 2019, que dispunha, entre outros temas, “sobre


registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição”.
Esse ato estatal, no entanto, veio a ser revogado menos de quatro
(04) meses após a sua publicação, pelo Decreto nº 9.785, de 7 de maio de
2019, que disciplinava a mesma matéria, fazendo-o, todavia, de forma
mais abrangente. Contra esse último ato normativo foram ajuizadas a
ADI 6.134/DF e a ADPF 581/DF, ambas sob minha relatoria, e a ADI

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ADI 6676 MC / DF

6.139/DF, distribuída por prevenção ao Ministro Edson Fachin.


Poucos dias depois, a regulamentação questionada sofreu nova
modificação, por meio do Decreto nº 9.797, de 21 maio de 2019, o que deu
ensejo ao ajuizamento da ADPF 586/DF, a mim distribuída por
prevenção, bem assim ao pedido de aditamento formulado na ADI
6.134/DF, que foi por mim deferido.
Em vista da pretensão liminar deduzida nas ações de minha

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relatoria (ADI 6.134/DF, ADPF 581/DF e ADPF 586/DF), requisitei

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informações prévias, em caráter emergencial, ao Presidente da República

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e ao Ministro de Estado da Justiça, bem assim esclarecimentos adicionais

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às Casas Legislativas do Congresso Nacional. Ato contínuo, concedi vista
ao Advogado-Geral da União e ao Procurador-Geral da República.
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Diante da inequívoca relevância e da excepcional urgência da
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matéria, em 14/06/2019, vinte e cinco dias (úteis) após a distribuição da
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ADI 6.134/DF, solicitei a inclusão do feito em pauta para julgamento da


postulação cautelar, em conjunto com a pretensão liminar formulada na
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ADPF 581/DF e na ADPF 586/DF, todas de minha relatoria. Idêntica


medida foi adotada pelo Ministro Edson Fachin, que também pediu
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inclusão em pauta da ADI 6.119/DF e da ADI 6.139/DF, para que todas


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fossem apreciadas na mesma sessão de julgamento plenária.


Tais processos foram incluídos em pauta pela Presidência da Corte
Em por

para julgamento conjunto na sessão plenária do dia 26 de junho de 2019.


Precisamente na véspera do julgamento, no dia 25/06/2019,
sso

contudo, mediante edição extra do DOU, foram publicados os Decretos


pre

nºs 9.844, 9.845 e 9.846, que, dentre outras medidas, revogaram os


Decretos nºs 9.785/2019 e 9.797/2019, objeto das ações de controle
Im

concentrado que seriam apreciadas na sessão plenária do dia seguinte.


A nova modificação no quadro normativo levou a Presidência da
Casa, na linha de manifestação formulada pelo Advogado-Geral da
União, a retirar da pauta os feitos referidos e agora sobreveio a edição dos
Decretos nºs 10.627, 10.628, 10.629 e 10.630, todos de 12 de fevereiro de
2021, objeto da presente ação direta, que modificam os Decretos nºs
9.844, 9.845 e 9.846 anteriormente mencionados.

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8. Presente esse contexto, entendo que se impõe a apreciação


imediata do pedido de medida cautelar, de modo a conferir segurança
jurídica às relações disciplinadas pelo Estatuto do Desarmamento e
reguladas pelos Decretos presidenciais ora questionados, consideradas a
relevância da matéria e as repercussões sociais decorrentes da
implementação executiva de todo o complexo normativo. Por isso,
submeto a tramitação da presente ação direta de inconstitucionalidade ao

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disposto no art. 10 da Lei nº 9.868/1999.

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9. Requisitem-se informações ao PRESIDENTE DA REPÚBLICA, a serem

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prestadas, no prazo de cinco (05) dias.

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10. Após, dê-se vista ao ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO e ao
PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA, sucessivamente, no prazo de três (03)
dias. 06 10
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À Secretaria Judiciária.
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Brasília, 23 de fevereiro de 2021.


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Ministra Rosa Weber


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Relatora
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